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A palavra paradigma vem sendo usada frequentemente desde que o filósofo e físico

Thomas S. Khun a empregou em seu livro “The Structure of Scientific Revolutions”,


significando modelo ou padrão a ser seguido para o estudo dos fenômenos e da realidade.
Representa um sistema de aprender a aprender e determina normas para o
desenvolvimento do conhecimento futuro.

Ciência significa o conjunto do conhecimento humano adquirido principalmente a partir da


observação dos fenômenos da natureza, da intuição humana e, mais precisamente, da
pesquisa analítica. Objetiva proporcionar ao ser humano conforto, paz e felicidade.

A ciência evoluiu relativamente pouco e desordenadamente até meados do século XVI,


sem bases bem estabelecidas de estudo e pesquisa, quando passou a ser fortemente
influenciada pelo pensamento dos grandes gênios de então, principalmente Galileu Galilei,
mestre da dedução teórica, Francis Bacon, o criador do empirismo da investigação, René
Descartes, criador da geometria analítica e Isaac Newton, criador dos princípios da
mecânica.

Descartes desenvolveu o método científico racional dedutivo e defendeu o dualismo da


natureza – matéria e pensamento, favoreceu assim o dualismo do ser humano – corpo e
alma. Foi capaz ainda de distinguir duas fontes de conhecimento: a intuição e a dedução.
Porém, para ele todo conhecimento humano dependeria apenas da razão ou do
pensamento e nunca da sensação ou da imaginação. Considerou que todos os corpos
materiais, incluindo o homem, são como máquinas, cujo funcionamento obedece a
princípios mecânicos.

Newton consolidou o método racional e dedutivo de Descartes, e assim surgiu o


Paradigma Newtoniano-Cartesiano, que influenciou e influencia ainda hoje praticamente
todos os campos do conhecimento científico. Esse paradigma simplificadamente parte do
pressuposto de que, para se conhecer o todo, é preciso fragmentá-lo em seus
componentes e estudar cada um deles separadamente. O todo seria o resultado da união
e entrelaçamento dessas partes menores. Por exemplo, para conhecer o funcionamento
de uma máquina, é preciso desmontá-la em suas partes, isto é, dividir para conhecer.

Por meio dos conceitos deste paradigma é que surgiram as diferentes especialidades
médicas, nas quais o médico aprofunda seu conhecimento em determinado órgão ou
sistema, quase sempre relegando a segundo plano a abordagem do ser como um todo.

O método analítico cartesiano foi com certeza um dos pilares da fantástica evolução do
mundo moderno. Mas, igualmente, contribuiu para o descaso dos sentimentos íntimos do
ser humano, em virtude da ênfase na abordagem mecanicista. Serviu, por exemplo, para
criar confusão entre riqueza material e felicidade individual. Isso explica, em partes, os
desequilíbrios sociais e a destruição sistemática do nosso ecossistema, a qual, realizada
em nome do progresso, ameaça a existência da vida na terra, inclusive a humana.

Essas observações levam a uma constatação paradoxal: a ciência, apesar de seu


desenvolvimento fantástico nos últimos 150 anos e criada para oferecer ao homem
conforto, paz e felicidade, não foi capaz de fazer o homem descobrir a paz, a felicidade e
principalmente o amor. Ao contrário, despertou um mundo dominado pelo egoísmo,
crueldade, miséria, fome, opressão, guerras, destruição indiscriminada da natureza e
descaso pelos verdadeiros valores do ser.
Em medicina algo semelhante ocorre. Os médicos modernos e conscientes convivem
simultaneamente com uma euforia e uma perplexidade: euforia por se julgarem donos de
um grande conhecimento, proporcionado pela evolução da ciência médica, e perplexidade
por sentirem que, mesmo com tanto saber, ainda são incapazes de solucionar certas
patologias.

Diante da nossa relativa ineficácia no exercício da medicina, podemos ponderar que ela se
deve, pelo menos em parte, à excessiva ênfase que habitualmente dedicamos à doença e
relativo descaso para com o doente (com o todo). Enquanto procuramos conhecer aquela
em seus mais íntimos mecanismos e detalhes, não nos damos conta de que, por trás do
órgão doente existe um ser de altíssima complexidade, possuidor de cérebro, sentimento e
mente.

Assim, devido a essa tendência, esta necessidade de se conhecer o ser humano de forma
mais abrangível, de uma forma mais global, é que deu surgimento ao Paradigma Holístico.
Paradigma que não surgiu por intervenção de nenhum grande nome e nem com época
definida. Sempre existiu, mas nunca lhe foi dada a devida importância. Com o
renascimento das Terapias Holísticas, por volta de 1970, é que foi observado com maior
frequência.

Esse paradigma é a base das técnicas e terapias complementares ou alternativas, que


veem o ser humano por completo, como o nome já diz, holismo, significa tudo tem a ver
com tudo. Surgiu principalmente das alterações das necessidades das pessoas, uma
necessidade mais natural, mais “limpa”, nasceu da falta de interesse da maioria dos
médicos atuais com os sentimentos do ser humano; da insatisfação dos métodos e
resultados atuais, que mais provocam reações e efeitos colaterais do que efeitos de cura.

Temos então um paradigma (cartesiano) que dá ênfase na doença, que precisa fragmentar
o máximo possível o ser humano para chegar ao local exato da lesão ou doença, e um
paradigma (holístico) que analisa e observa principalmente o doente, não sua doença, que
aborda o ser humano de forma global, corpo físico, mental e emocional.

Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado
http://www.portaleducacao.com.br/medicina-alternativa/artigos/16515/paradigma-
cartesiano-e-paradigma-holistico#ixzz47yzjiK9P

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