ARTIGOS TÉCNICOS

DESENVOLVIMENTO DE MICRO TURBINA BULBO EM

ABS PARA MICRO APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS

PCHNotícias&SHPNews
Publisher: Acta Editora/CERPCH
DOI:10.14268/pchn.2017.00071
DESENVOLVIMENTO DE MICRO TURBINA BULBO EM
ISSN: 1676-0220 ABS PARA MICRO APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS
Subject Collection: Engineering
Subject: Engineering, hydro power
plants; dam 1
Rafael Barbosa Carreira, 2Antonio Carlos Barkett Botan

RESUMO

A importância da geração elétrica distribuída vem sendo discutida desde a crise energética em 2001, inserindo novos agentes e abrindo
concorrência no setor elétrico nacional. Observando que a fonte hídrica compõe 67% da matriz energética nacional (PEREIRA, 2015) e
que há uma tendência em menores aproveitamentos devido aos impactos ambientais presentes na construção de barragens (FLÓREZ,
2014), esta pesquisa apresenta o desenvolvimento da modelagem de componentes de uma micro-turbina bulbo e sua produção em
ABS por uma impressora tridimensional, com metodologia para adaptações de diferentes geradores e rotores presentes no mercado
para esta tipologia de turbina. Seus elementos componentes desenvolvidos foram divididos e discutidos separadamente, sendo esses a
carcaça, mancal, rotor, eixo rotativo, gerador, conexão da turbina com o sistema e análise teórica de aplicação da turbina. Os arquivos
desenvolvidos foram disponibilizados em uma plataforma open source com o intuito de propagar a utilização da energia hidráulica, e o
produto final da turbina foi impresso e testado com cargas parciais da capacidade total, com finalidade da garantia do funcionamento
mecânico das peças produzidas, como teste de vedação, rotação, vibração e as dificuldades presentes na montagem e na instalação. A
disponibilidade dos arquivos produzidos em uma plataforma open source viabiliza tanto os micro aproveitamentos como os novos testes
em laboratórios, reduzindo gastos devido à ausência de turbinas que atendem a pequenas faixas de geração.

PALAVRA-CHAVE: Turbina bulbo, Impressão tridimensional, Geração distribuída, micro aproveitamento energético.

DEVELOPMENT OF BULB MICROTURBINE IN

ABS FOR HYDROELECTRIC MICRO PROJECTS

ABSTRACT
The importance of distributed electric generation has been discussed since the energy crisis of 2001, inserting new agents and
opening competition in the national electricity sector. Noting that the water source composes 67% of the national energy matrix
(PEREIRA, 2015) and that there is a trend towards lower utilization due to environmental impacts presents in barrage construction
(FLÓREZ, 2014), this research present the development of the component modeling of a bulb microturbine and its production in ABS by
a three-dimensional printer, with methods for adaption to different generators and rotors presents in the market for this type of turbine.
The elements present in its components its been divided and discussed separately, such as the casing, bearing, rotor, rotary axis,
generator, turbine connection with the system and theoretical analysis of turbine application. The developed files were made available
on an open source platform to propagate the use of hydraulic power, and the final product of the turbine was printed and tested with
partial loads of the total capacity, in order to guarantee the mechanical operation of the produced parts, such as Sealing test, rotation,
vibration and the difficulties in assembly and installation. The availability of the files produced in an open source platform enables both
micro-exploits and new laboratory tests, reducing costs due to the absence of turbines that serve small generation ranges.

Keywords: Bulb turbine, thirTurbina bulbo, Three-dimensional printing, Distributed generation, micro energy use.

1. INTRODUÇÃO relacionadas a própria sobrevivência da humanidade. Nessa época

Com o terceiro maior potencial hidrelétrico no mundo, a história
da hidreletricidade no Brasil começou no final do século XIX com
usinas de baixa geração destinadas ao abastecimento energético
para extração de minérios (PEREIRA, 2015). Em 1905, foi fundada
a primeira empresa voltada para geração e distribuição energética
para a população, sendo responsáveis também pelas primeiras
obras de hidrelétricas no país (PEREIRA, 2015). Segundo o mesmo
autor, após a fundação da Light Energy a geração de energia
elétrica aumentou exponencialmente, devido à novas tecnologias
e maior demanda da população, partindo de aproximadamente 0,4
MW em 1887 para 72.200 MW em 2000.
No início da década de 1970 se iniciaram pesquisas e discussões
sobre os impactos ambientais, como a conferência de Estocolmo,
realizada devido à grande degradação que o meio ambiente vinha
apresentando. Segundo Costa et al (2012), essa conferência teve
grande impacto na política internacional, pois várias das decisões
tomadas nela estão em vigor até hoje e definiram políticas
foram expostos e discutidos os impactos ambientais relativos às
barragens, tornando o processo de aprovação de hidrelétricas mais
complexo, assim como a própria execução das obras, estando
sujeita a reprovação até sua finalização. Todo esse processo trouxe
maiores investimentos na fase de estudos, maior complexidade do
serviço geral, maior tempo para aprovação e incertezas sobre a
viabilidade dos projetos, o que levou o custo-benefício da instalação
de pequenas hidrelétricas ficar mais atraente, sendo impulsionado
por programas de incentivos políticos e econômicos por ter redução
significativa nos impactos comparada aos das grandes hidrelétricas.
Mesmo com as vantagens apresentadas para a instalação
de hidrelétricas de pequeno porte, sua implantação ainda é
dificultada pelo custo elevado do kW instalado em relação às
grandes hidrelétricas, com tendência de maiores custos para
menores aproveitamentos. Isso impede diversos micro e mini
aproveitamentos de pequenos córregos ou mesmo um canal com
fluxo d’água constante por pequenos produtores, sendo esses

Laboratório de Biomateriais e Nanoestruturas- ECOMAS – Universidade do Sagrado Coração, Bauru, SP.

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Instituto de Recursos Naturais – Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI, Itajubá, MG; e-mail: acbotan@yahoo.com.br
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residenciais, comerciais ou industriais. O custo do conjunto da da tipologia de turbina ideal, processo produtivo e gerador
turbina para pequenos aproveitamentos segundo Flórez (2014), disponível, dimensionamento da tubulação, projeção do carcaça,
é estimado em 45% a 52% do custo total da obra, representando projeção do mancal, projeção do extremo do bulbo e análise e
o componente de maior sensibilidade para realizar o orçamento dimensionamento do rotor, indicando as dificuldades presentes
de obras dessa natureza. no projeto e como otimizar sua produção com peças de fácil
A redução do custo e a facilidade de produção dessas turbinas montagem.
alavancaria a geração elétrica para micro e minicentrais hidrelétricas,
colaborando assim para a geração distribuída no país. Analisando 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
essa necessidade, a pesquisa tem como objetivo facilitar a aquisição
dessas turbinas, reduzindo o custo e mantendo a qualidade na Para o dimensionamento de qualquer tipologia de turbina
resistência e na geometria dos componentes mecânicos. hidráulica, é necessário uma análise prévia dos modelos de
Com a difusão de técnicas de impressões tridimensionais turbinas existentes para um estudo bibliográfico da turbina que
como a estereolitografia (SLA), sinterização seletiva a laser (SLS), atende melhor a situação em que essa turbina será exposta. Além
fusão seletiva a laser (SLM), modelagem de deposição fundida dessa pesquisa bibliográfica, é preciso conciliar os materiais,
(FDM) e algumas outras técnicas variantes dessas, a possibilidade métodos produtivos e instrumentação que são necessários para
de prototipagem de formas complexas ficou mais acessível. sua construção com os que existem no mercado, e que são
Dentro dessas possibilidades de impressões, a modelagem de acessíveis ao projetista da turbina.
deposição fundida (FDM) merece destaque por utilizar métodos
mais simples e consequentemente de custo reduzido (TAKAGAKI, 3.1 TIPOLOGIA DE TURBINA
2012), propagando a produção de impressoras com essa técnica
O dimensionamento das turbinas em qualquer projeto
e viabilizando sua aquisição para uso pessoal.
hidroenergético é dado de acordo com o intervalo de vazão que
Observando que a técnica de impressão tridimensional mais
se pretende aproveitar, o intervalo de pressão que o sistema pode
acessível é a FDM, foram desenvolvidos métodos da criação dos
sofrer, o rendimento do conjunto turbina-gerador e as perdas de
arquivos voltados para os materiais PLA e ABS, que são materiais
carga do sistema integrado que antecipa a turbina.
normalmente utilizados por impressoras assim (TAKAGAKI, 2012).
Esse estudo pode ser realizado a partir de gráficos com os
Os arquivos desenvolvidos podem ser impressos nos dois materiais
dimensionamentos de turbinas existentes no mercado, indicando
sem a necessidade de ajustes, porém é indicado a utilização do
o campo de atuação de cada uma e o rendimento de acordo com
ABS para turbinas por apresentar maior resistência mecânica e um
a vazão do sistema hidroenergético.
baixo índice de absorção de água comparado ao PLA.
A figura 1 apresenta um gráfico para dimensionamento de
Os arquivos são produzidos na extensão STL e obtidos a partir
tipologias de turbina de acordo com a situação de instalação, do
de softwares que trabalham com CAD e CAM, fazendo com que
qual se pode observar que as turbinas que se adequam às menores
seja gerado um código para a construção dos arquivos pelas
vazões e pressões para para trabalhar com microturbinas são as
impressoras (VASCONCELOS et al, 2001).
de fluxo cruzado projetado e de fluxo cruzado de fabricação não
Por ser um material de maior dificuldade de impressão,
industrial.
algumas impressoras não imprimem em ABS, e nesse caso é
recomendado a utilização de um acabamento em resina para
aumentar a resistência e impedir que a água infiltre no interior
da estrutura da turbina.
A produção da turbina desenvolvida neste trabalho tem a
finalidade de atender a testes em laboratórios com prototipagem
rápida, viabilizando pesquisas em diferentes escalas para
desenvolvimento de novas técnicas de produção, e também a
impressão da turbina como um produto final para utilização em
pequenas propriedades.
As condições de trabalho da turbina desenvolvida são
apresentadas nos resultados obtidos, indicando os limites
mecânicos de atuação e como utilizar a energia gerada com as
especificações do gerador utilizado.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Para o desenvolvimento da turbina foram realizadas pesquisas

no mercado regional, literatura da área, disponibilidade de
arquivos tridimensionais em plataforma open source e os recursos
necessários no software para a projeção da turbina.
Os dimensionamentos adotados para a projeção dos
componentes da turbina foram detalhados para que a produção
de turbinas por impressoras tridimensionais não se limite apenas
a tipologia do modelo apresentado, indicando metodologias a
serem seguidas para a realização de diferentes esquemas de
turbinas em software CAD com base nos materiais e componentes
disponíveis no mercado regional.
As etapas do projeto são guiadas por ordem cronológica, da
qual é apresentada nos resultados, começando com o estudo
Fig. 1: Gráfico dos campos das turbinas hidrelétricas. Fonte: Chapalaz et
al (1992), adaptado.
Os projetos das turbinas dos gráficos apresentam um resultado
limitado da potência de sua atuação por ter sido estudadas para
grandes aproveitamentos, necessitando de novos estudos com
o passar do tempo devido aos grandes impactos que os grandes
aproveitamentos estavam causando.
Mesmo com a facilidade de fabricação da turbina de fluxo
cruzado referente às outras tipologias de turbinas, que não

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dependem de geometrias complexas que necessitam de técnicas
de CNC para sua formação, a turbina de fluxo cruzado apresenta
menores rendimentos mesmo para baixas quedas e vazões
comparada com as outras tipologias de fabricação mais recente
(MELLO, 2000).
A figura 2 apresenta um gráfico mais atual que indica o
rendimento de algumas tipologias de turbina de acordo com a
situação submetida, mostrando que para utilização da turbina
hidráulica para menores pressões e vazões a turbina com maior
rendimento é a Kaplan.
Observando que a limitação para se obter uma turbina mais
eficiente decorre da disposição de tecnologia de fabricação, a
pesquisa utilizou a técnica de impressão tridimensional FDM,
resultando na produção mais precisa da turbina por um menor
custo, sendo possível apenas pela popularização atual dessas
impressoras.
Com a possibilidade de fabricação de formas complexas em
polímeros com o custo reduzido, a pesquisa foi dimensionada
para a turbina bulbo, composta por um rotor Kaplan com uma
cápsula que abriga o gerador utilizado na turbina.
Fig. 2: Gráfico do rendimento de diferentes turbinas pela vazão do sistema.
Fonte: Mello Júnior (2000)
3.2 GERADOR
Para a escolha do gerador, deve ser considerado seu tamanho,
diâmetro da tubulação disponível para o projeto, potência
desejada no aproveitamento, e a partir disso, uma análise dos
geradores disponíveis no mercado que chegam mais próximos
do gerador ideal, adequando sua potência no desenvolvimento
posterior dos componentes mecânicos.
A definição da potência do gerador é dada pela fórmula
de potência hidráulica, que é o produto da pressão, vazão,
rendimento e perda de carga do sistema, densidade do fluido e
aceleração gravitacional, sendo representada a seguir:
P=Q.H.nt.ng.G
P = potência elétrica gerada (W);
H = pressão da água (mca);
Q = vazão do sistema hidráulico (L/s);
nt = rendimento total da turbina;
ng = rendimento total do gerador;
G = aceleração da gravidade (m/s²).
O gerador utilizado no projeto tem potência nominal de 24
W, tensão de 12 V, corrente contínua, rendimento máximo a
2800 rpm e dimensões de 128 mm x 52 mm de diâmetro. A
escolha de um gerador de baixa potência permite que a pesquisa
tenha resultados com diferentes vazões e pressões para micro
aproveitamentos.
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3.3 CARCAÇA
Para a elaboração do projeto da carcaça, é essencial que já
tenha sido escolhido a tipologia de gerador a ser utilizado no
projeto, pois como o gerador será acoplado em uma cápsula
no interior da turbina, ele definirá todas as outras dimensões
necessárias, guiando até mesmo a tubulação a ser utilizada e o
tipo de encaixe da turbina com o sistema hidráulico existente.
Como a turbina bulbo tem toda sua configuração construtiva
disposta de forma radial, a construção geral dos componentes
da turbina em CAD foi feita com base em um esboço de duas
dimensões, do qual a partir desse esboço foi realizado um
ressalto por revolução em 360°.
A disposição desse esboço em relação aos componentes
da turbina precisa levar em consideração os componentes que
tendem a entrar com pressão, com folga, rosqueados, espessura
mínima de parede e uma análise prévia do fluxo do fluido que
será utilizado na turbina, sendo que esses dados podem variar de
acordo com a impressora, o material, e o software de fatiamento
do arquivo para a geração dos códigos da impressora que serão
utilizados no projeto.
Para a obtenção dos dados de precisão da impressora, é
indicado que se faça testes antes com pequenas seções de partes
com maiores probabilidades de erro em relação ao encaixe com
outras peças, necessitando assim de um menor desperdício na
fase do projeto para obtenção do resultado mais adequado com o
gerador e todos os outros componentes disponíveis para o projeto.
Como o objetivo é facilitar a instalação das turbinas, os arquivos
foram projetados contendo rosca no próprio material impresso,
dispensando o uso de porcas. Assim diminui a complexidade do
projeto depois de pronto e reduz gastos com material que seria
necessário para fazer suportes se utilizasse porcas.
A cápsula do gerador foi projetada de forma que interferisse
o mínimo possível no fluxo da água, com curvas que seguem nos
dois extremos e possibilita o espaço indicado para a fixação do
mancal à carcaça por parafusos.
Essa fixação ocorre por 14 parafusos divididos igualmente na
entrada da cápsula, dos quais se fixam em roscas projetadas
e ajustadas para parafusos allen M3 x 16 mm. Para a vedação
nessa fixação, foi realizada uma entrada sobressalente da qual
será vedada por um anel de folha de cortiça emborrachada de
espessura de 1 mm, e as medidas mais precisas dessa fixação
devem ser precedidas dos devidos testes com a precisão da
impressora.
O dimensionamento da tubulação se deu a partir do gerador
escolhido, mas não precisa ser assim necessariamente, já que se
pode projetar a conexão nos extremos da turbina e fabricar na
impressora tridimensional. A tubulação utilizada foi de 4” por ser
a mais próxima da distância mínima para não interromper o fluxo
da água, porém reduções em PVC e mesmo impressas podem
fazer a adaptação da turbina neste diâmetro para uma tubulação
de diâmetro menor, se adequando facilmente a diferentes casos.
Para a conexão da turbina, foi utilizado sistema de rosca, por
se adaptar melhor às condições da impressora, visto a dificuldade
de manter a precisão nos encaixes por pressão. Por isso foi
necessário uma continuação de 35 mm em ambos os lados da
turbina para fazer o corte da rosca e adaptar as peças de PVC já
fabricadas em larga escala.
Os testes prévios de encaixe da rosca devem ser realizados
assim como os do gerador, pois a precisão da impressora é
essencial para um bom resultado, e analisando isso, foram
realizados 3 testes até adequar a rosca com a peça de PVC
rosqueada.
O esboço da turbina é finalizado por um arco do tamanho da
rosca nos dois extremos, para facilitar a instalação na hora de
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apertar ou soltar a rosca das juntas. Esse esboço é apresentado Para a pesquisa, o selo utilizado foi da marca Simmerring de
pela figura 3, da qual constam todas as cotas necessárias para dimensões de 28 mm de diâmetro interno, 40 mm de diâmetro
sua construção, e a partir disso fazer uma revolução de 360º, externo e 7 mm de altura, e o rolamento foi da marca NSK de 25 mm
formando o corpo sólido da carcaça. de diâmetro interno, 47 mm de diâmetro externo e 12 mm de altura,
Após a revolução, foram realizados 10 cortes nas abas decorrendo nas dimensões adotadas nas aberturas do mancal.
com mais material para otimização da instalação, assim como
um acréscimo de 16 filetes helicoidais de espessura de 2 mm
cruzados entre si, como demonstra a figura 8 com a foto da
carcaça impressa.
A fixação da cápsula do gerador à carcaça é realizadas por 3
abas que correm o corpo da turbina, fazendo o espaçamento para
fiação do gerador nessas próprias abas de apoio, com filetes de 6
mm de raio em cada aresta dos extremos.

Fig. 4: Esboço da rotor e do mancal. Fonte: Elaborado pelo autor

3.5 ROTOR

Fig. 3: Esboço da carcaça. Fonte: Elaborado pelo autor

3.4 MANCAL

O projeto do mancal foi determinado a partir do tamanho do

gerador e das curvas formadas pelo projeto da carcaça, sendo
resultado da seção de um esboço de uma elipse com o centro no
eixo da turbina, largura do extremo que será apoiado o mancal
na cápsula do gerador e altura de 75 mm, e a seção utilizada
no esboço do mancal é de 30 mm de altura, sendo os 45 mm
restantes da altura do rotor, conforme apresenta o esboço na
figura 4.
Após a revolução do esboço, os 14 furos da cápsula do
gerador são repetidos no mancal, pois um será fixado no outro.
Esses furos do mancal são um pouco maiores, tendo a definição
de porcentagem da margem para adotar no dimensionamento do
projeto de acordo com a precisão da impressora.
A abertura crescente nos diâmetros internos do mancal foi
decorrente do selo de vedação e o rolamento utilizado, para
a fixação ocorrer por pressão, da qual também é indicado a
realização de testes até acertar a pressão exata para a fixação,
obedecendo os parâmetros da impressora que será fabricada a
turbina.
Fig. 5: Proposta de pá do rotor Kaplan para baixa queda. Fonte: Souza (2011).
Para adequar o rotor com o sentido de impressão da
impressora, melhorando assim o acabamento das pás, o projeto
foi dividido em dois, sendo um o corpo sólido do eixo do rotor e o
outro o projeto unitário da pá, sendo impresso uma por uma para
otimização do resultado final.
O corpo do eixo tem o esboço definido conforme apresenta
a figura 4, e após sua revolução, são realizados 6 cortes para
introdução das pás, sendo esses cortes dividido igualmente no
sentido radial, com dimensões de 15 mm de profundidade, 15
mm de altura e 20 mm de largura. No furo central desse corpo
é inserido uma rosca de sentido anti-horário para travamento no
eixo que se conectará ao gerador.
O sentido da rosca e o sentido de construção das pás depende
do sentido que o gerador funciona, por isso é necessário o

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conhecimento do gerador desde o início. Adotando o sentido de giro
anti-horário pelo gerador escolhida na pesquisa, o projeto das pás
seguiram um exemplo de aplicação geométrica proposta por Souza
(2011), conforme apresenta a figura 5, mas que fica adaptável para
diferentes geometrias das pás do rotor Kaplan, obtendo facilidade
para testes de rendimentos em relação à inclinação das pás.
As pás e o corpo do eixo do rotor são conectados por 6
parafusos, dispostos um para cada. O travamento é realizado por
rebaixo para as porcas nos corpos das pás e por rebaixo para a
cabeça do parafuso no corpo do eixo.
3.6 CONEXÕES E INSTALAÇÃO
Fig. 6: Seção do conector do rotor com o gerador. Fonte: Elaborado pelo autor.
Fig. 7: Foto da turbina proposta impressa e montada. Fonte: Elaborado
pelo autor.
A conexão do rotor, do mancal e da carcaça é realizada a
partir de um conector que entra por pressão no rolamento e no
selo e é rosqueado ao rotor, sendo conectado ao gerador por
encaixe de eixos dentados como engrenagens. Esse conector é
resultado de todos os equipamentos já estudado até esta etapa,
sendo que a alteração do rolamento já torna necessária uma
reavaliação desse eixo e do mancal. A figura 6 apresenta uma
seção desse conector.
A conexão roscável na carcaça da turbina se conecta a
conectores roscáveis de PVC produzidos em grande quantidade,
garantindo uma conexão de maior qualidade e mais facilidade
para a instalação, possibilitando a conexão da turbina com
diferentes sistemas de tubulações.
Para a conexão elétrica, é recomendado fazer o uso direto da
energia gerada (em sistemas controlados) para iluminação em
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LED por ser de corrente contínua, deixar uma tomada especial
USB para carregamento de baterias de eletrônicos ou mesmo a
conexão à uma bateria de moto, permitindo mais oscilações no
sistema elétrico do gerador por ter a possibilidade de controle
entre as duas conexões.
A instalação em uma tubulação de PVC é realizada apenas
pelo corte da seção da turbina e inserido por pressão no sistema
existente, adaptando um aparelho separado que abriga os
componentes eletrônicos, podendo ser fixado à parede com
parafusos. Isso faz com que a adaptação nos sistemas já
existentes fique mais fácil e mais acessível.
A figura 7 apresenta o projeto final da turbina, depois de
impresso e montado, com todos os componentes.
4. CONCLUSÃO
A disponibilização do projeto em plataforma open source,
assim como a apresentação da metodologia para aplicação em
projetos com diferentes dimensões de materiais, faz com que o
processo de projeto fique mais fácil e ao mesmo tempo com um
menor custo.
A aquisição das impressoras tridimensionais FDM por
universidades, empresas e pessoas físicas está se tornando cada
vez maior, e o serviço de impressão com isso fica cada vez mais
acessível, podendo ser impresso por empresas especializadas
apenas nisso, que já é de custo mais acessível comparado com
outros métodos de prototipagem.
Isso possibilita a utilização de microturbinas para pequenos
aproveitamentos em áreas rurais ou tubulações urbanas,
reaproveitando uma energia desperdiçada e contribuindo para um
abastecimento energético mais sustentável. Possibilita também
a utilização desse projeto para estudos científicos à um custo
acessível, sendo todo o projeto dividido por módulos que permitem
algumas mudanças para testes de otimização do rendimento,
como inclinação e geometria das pás e tamanho do rotor.
O projeto está em processo de análise para disponibilidade no
site thingiverse.com.
5. REFERÊNCIAS
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Wiesbaden - Alemãnha: Vieweg Verlag, 1992.
• COSTA, L. G. et al. A Conferência de Estocolmo e o pensamento
ambientalista: como tudo começou. Rio Grande: XV, n. 105,
2012. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.
br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12292>.
Acesso em jun 2017.
• FLÓREZ, R. O. Pequenas centrais hidrelétricas. São Paulo:
Oficina de Textos, 2014.
• MELLO JÚNIOR, A. G. A turbina de fluxo cruzado (Michell
- Banki) como opção para centrais hidráulicas de pequeno
porte. 2000. 277 p. Dissertação apresentada ao Programa
Interunidades de Pós Graduação em Energia – FEA, USP, São
Paulo, 2000.
• PEREIRA, G. M. Projeto de usinas hidrelétricas passo a passo.
São Paulo: Oficina de Textos, 2015.
• SOUZA, Z. Projeto de máquinas de fluxo: Turbinas Hidráulicas
com rotores axiais. Itajubá: Interciência, 2011.
• TAKAGAKI, L. K. Revista Inovação Tecnológica (RIT) -
Capítulo 3: Tecnologia de impressão 3D. São Paulo: RIT,
2012. Disponível em: <http://rit.faculdadeflamingo.com.br/
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• VASCONCELOS, et al. O fabrico rápido de ferramentas ao serviço
da engenharia concorrente. Viana do Castelo - Portugal: 2001.