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A VIABILIZAÇÃO TÉCNICA & ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DA

PCH XAVANTINA CONCEITOS BÁSICOS, DESAFIOS E ASPECTOS


GEOLÓGICOS/GEOTÉCNICOS E HIDRÁULICOS DO PROJETO
TECHNICAL ARTICLES
PCHNotícias&SHPNews
Publisher: Acta Editora/CERPCH
DOI:10.14268/pchn.2017.00050
A VIABILIZAÇÃO TÉCNICA & ECONÔMICA
ISSN: 1676-0220 DA IMPLANTAÇÃO DA PCH XAVANTINA CONCEITOS
Subject Collection: Engineering
Subject: Engineering, hydro power BÁSICOS, DESAFIOS E ASPECTOS GEOLÓGICOS/
plants; dam
GEOTÉCNICOS E HIDRÁULICOS DO PROJETO
1
FALLER, Daniel; 2PEREIRA, Rafael Fernandes,

RESUMO

A viabilização de Pequenas Centrais Hidrelétricas tornou-se muito difícil nos últimos anos, principalmente em razão dos entraves
burocráticos e legais, da escassez de bons projetos e de um cenário tarifário pouco atrativo ao investimento nesta fonte. Na situação
de inviabilidade estava a PCH Xavantina, com potência instalada de 6,08MW, localizada no rio Irani no estado de Santa Catariana. O
alto custo de implantação, que era resultado de um volume de obras civis desproporcionais em relação à potência instalada, o risco
associado à construção do túnel de adução e o cenário de tarifas baixas fez com que os investidores decidissem por reavaliar o projeto
de engenharia e buscar alternativas com condições mais atrativas, sendo então avaliada a possibilidade de adoção de um arranjo com
a casa de força ao pé da barragem, com barragem de enrocamento com núcleo de argila e um vertedouro lateral que abrigou também
as estruturas de desvio do rio. Neste artigo pretende-se apresentar os desafios encontrados na elaboração da concepção desse novo
arranjo, que passou pela análise e identificação dos aspectos geológicos/geotécnicos e hidráulicos/hidrológicos, uma vez que o mesmo
contou com a adoção de ensecadeiras galgáveis e vertedouro lateral, caracterizando uma solução pouco usual, porém muito eficiente.
O empreendimento foi implantado com sucesso e em prazo recorde conforme relatado neste artigo.

PALAVRA-CHAVE: PCH XAVANTINA, Aspectos geológicos/geotécnicos e vertedouro lateral.

THE TECHNICAL & ECONOMIC FESEABILITY OF THE DEVELOPMENT OF


XAVANTINA SHP – BASIC CONCEPTS , CHALLENGES AND ASPECTS OF
GEOLOGICAL/GEOTECHNICAL AND HYDRAULIC DESIGN
ABSTRACT

In recent years, to get a Small Hydropower Plant off the drawing board has become very difficult, especially because of bureaucratic
and legal barriers, the lack of good projects and the energy selling price not being attractive to investments. Located in the Irani
River, Santa Catarina State, and having 6,08 MW of installed capacity, SHP Xavantina was a typical example of such situation.
The high cost of implementation, which was the result of an unbalanced ratio between the installed capacity and the civil works
requirements, the risk associated with the construction of the intake tunnel and the energy low price outlook has made the investors
to reassess the engineering design and to seek out alternatives in more attractive conditions. Therefore a new design configuration
study was carried out placing the power house at the bottom of the dam, with earth and rockfill dam and a lateral spillway which
also housed the river diversion structures. This article aims to present the challenges faced in developing the design of this new
configuration, which has undergone through geological / geotechnical and hydraulic / hydrologic analysis and identification aspects,
once it comprised the adoption of fuse cofferdams and lateral spillway, featuring an unusual solution, but a very effective one. At
the end, the project was implemented successfully and in record time as reported in this article.

KEYWORDS: Xavantina SPP, Geological/Geotechinical Aspects, Lateral Spillway.

1. INTRODUÇÃO aproveitamento com a relação custo benefício mais alto entre


os que compunham a partição de quedas aprovada pela ANEEL.
A PCH Xavantina está localizada divisa dos municípios de
Com uma perspectiva de tarifas compatíveis com o custo
Xanxerê e Xavantina no estado de Santa Catarina, no rio Irani
do aproveitamento, a PCH Xavantina passou a ser estudada em
na bacia hidrográfica 7 sub-bacia 73, sob as coordenadas nível de projeto básico em 2006, no entanto o referido projeto
26°58'25.62"S de latitude sul e 52°22'37.05"O de longitude foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL
oeste. O aproveitamento hidrelétrico encontra-se na porção apenas em 22 de outubro de 2008, sendo que em 2010 o
intermediária do rio Irani entre os níveis operacionais das empreendimento teve sua implantação autorizada pela agência
PCH’s Plano Alto e Alto Irani, sendo que estes aproveitamentos reguladora, ficando claro neste aspectos, os entraves burocráticos
encontram-se também em operação. A área de drenagem no e legais vivenciados pelo segmento de aproveitamentos
eixo do aproveitamento conta com cerca de 951 km², podendo hidrelétricos no Brasil.
ser acessado da sede de ambos os municípios pela SC-466 e No espaço de tempo entre a apresentação do projeto para
posteriormente por estradas vicinais em razoáveis condições. ANEEL e sua efetiva autorização, o mercado de energia passou por
A PCH Xavantina foi identificada através dos estudos de diversas mudanças e o cenário de preços de energia apresentou
inventário do rio Irani realizados no ano de 2001, sendo este o sinais de baixa. As PCH’s tiveram dificuldades de concorrer com

Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina. Email: danielfaller@faller.com.br
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Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina. Email: rafael.fernandes@geoenergy.com.br
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ouras fontes nos leilões promovidos no Ambiente de Contratação A região estudada é caracterizada pelo predomínio das rochas
Regulado – ACR – e a venda de energia no Mercado Livre trazia extrusivas da Formação Serra Geral subdividida em termos
limitações na obtenção de financiamentos. básicos (basaltos toleíticos) e ácidos (riodacitos), que estão
Com as limitações impostas pelo mercado, os empreendedores associados a um intenso fenômeno diastrófico, que possibilitou a
optaram por reavaliar o projeto de engenharia, de tal modo emissão de lavas através de vulcanismo fissural desde o final do
que fosse possível ter um valor de investimento atualizado e Jurássico até o Cretáceo inferior.
compatível com a realidade do setor de construção civil, que O arcabouço estrutural da Bacia do Paraná é caracterizado
estava no movimento contrário do setor elétrico, com grande pela presença de grandes alinhamentos transversais ao seu eixo
crescimento, carência de mão de obra e elevação de preços dos maior, aos quais se associam alguns grandes afluentes do rio
insumos. Paraná, como o rio Uruguai ou o rio Iguaçu. Esses alinhamentos
O Projeto Básico Consolidado, desenvolvido pela GeoEnergy se estendem por várias centenas de quilômetros, com direção
Engenharia, baseado nas premissas do Projeto Básico aprovado predominantemente noroeste.
pela Agência Reguladora indicou que o investimento total no A interpretação estrutural da imagem de radar na escala
projeto estava muito acima do previsto na etapa anterior dos 1:250.000 evidencia destacados lineamentos nas direções
estudos e que mesmo com algumas otimizações realizadas, não noroeste e nordeste, com extensão de várias dezenas de quilô-
seria possível viabilizar a construção da usina com as tarifas metros, formando um grosseiro “mosaico”. Secundariamente
praticadas na época. observam-se lineamentos com direção próxima do eixo N-S. Sob
Diante dessa situação buscou-se avaliar arranjos alternativos o enfoque sísmico, a região pode ser considerada como sendo de
que pudessem reduzir o custo de implantação de forma signi- atividade pequena ou nula.
ficativa. O presente artigo apresenta uma síntese do proces- A conformação geológica e a morfologia da bacia do rio Irani,
so de otimização do arranjo da PCH Xavantina, destacando os associadas a distribuição não uniforme de chuvas resultam em
desafios para compatibilizar as soluções de engenharia com as uma característica comum aos rios do sul do Brasil: a ocorrência
condições locais, bem como os processos construtivos utilizados de grandes cheias intercaladas com períodos de vazões muito
para viabilização do empreendimento, destacando-se os sucessos abaixo da média, gerando um hidrograma com elevado desvio
obtidos em termos de prazo, custo e qualidade de projeto. padrão.
Destaca-se que, mesmo sendo um aproveitamento substan- Sob o aspecto de construção e operação de usinas hidro-
cialmente geotécnico, por contar com volumes de escavação elétricas, essa combinação de fatores traz um desafio bastante
significativos e com uma barragem de terra/enrocamento, o
complexo, em especial porque a região não apresenta uma
mesmo foi implantado entre os meses de abril de 2014 e julho de
sazonalidade de chuvas, podendo ocorrer eventos extremos em
2015 perfazendo prazo total 15 meses de obra.
qualquer época do ano.
O Quadro 1 apresenta o histórico de chuvas para a bacia do
2. ASPECTOS GERAIS DO RIO IRANI rio Irani. Observa-se que não há um período úmido bem definido
O rio Irani está localizado na bacia do rio Uruguai, desen- podendo se identificar alguns meses com níveis de precipitação
volvendo seu curso integralmente em território catarinense. mais elevados, como os meses de setembro e outubro e um
Suas nascentes estão próximas a 1.250 metros acima do nível período mais seco de julho a agosto, abrangendo a estação do
do mar e sua foz, no rio Uruguai está próxima de 250 metros, inverno.
caracterizando assim um rio de pequeno porte, porém com grande
Quadro 1: Precipitações totais médias na região do rio Irani.
potencial para implantação de pequenas centrais hidrelétricas. O
curso d´água possui aproximadamente 210 km de extensão e
área de drenagem total é de 1.600 km². Precipitação Média Precipitação Precipitação
Mês
Em sua porção inicial o rio Irani se desenvolve com baixa Mensal (mm) Máxima (mm) Mínima (mm)
declividade e a jusante da ponte da BR-282 aproximadamente a
Jan 181,9 413,1 (1990) 59,9 (1982)
170 km da foz, existem duas quedas concentradas, onde estão
Fev 170,1 356,1 (1998) 24,7 (1978)
implantados aproveitamentos hidrelétricos desde a década de 70.
Mar 143,2 338,9 (1998) 39,5 (1988)
A jusante destes locais são raros os pontos de queda concentrada,
sendo o rio formado por corredeiras intercaladas com trechos de Abr 159,8 361,9 (1971) 45,7 (1975)

remanso, porém com boa declividade ao longo de todo o curso. Mai 145,7 364,2 (1983) 12,5 (1991)

A área da bacia em sua porção superior é marcada por um Jun 157,6 337,6 (1972) 29,1 (1986)

relevo suave ondulado, com vales pouco profundos e encostas de Jul 140,8 822,1 (1983) 18,9 (2012)

declividade moderada. Porém o trecho que contém grande parte Ago 142,7 447,4 (1972) 2,2 (2012)

dos aproveitamentos hidroenergéticos apresenta relevo mais Set 172,4 387,2 (2009) 47,6 (1987)

acidentado, podendo se observar a formação de degraus nas Out 209,2 446,5 (1979) 30,1 (1972)
encostas que marcam os contatos entre os pacotes basálticos. Nov 160,2 398,9 (1982) 22,3(1970)
Ao longo do leito do rio o maciço rochoso aflora diversas vezes, Dez 171,8 450,2 (2003) 16,3 (1986)
gerando o aparecimento de corredeiras e cachoeiras. As encostas Anual 1962,0 822,1 2,2
podem em certos lugares apresentar uma camada de solo muito
rasa ou inexistente. A Figura 1 apresenta o histograma de vazões médias e
A bacia do Rio Irani está inserida no contexto geológico da máximas para o eixo da PCH Xavantina, sendo que a vazão média
Bacia do Paraná, mais precisamente sobre os extensos derrames mensal para o eixo é de 31,44m³/s. Observa-se que em alguns
basálticos da Formação Serra Geral, na região centro oeste do meses ocorrem vazões de até cerca de 1m³/s, e em contrapartida
estado de Santa Catarina, a qual é constituída por uma seqüência existem registros de vazões da ordem de 1.300m³/s.
basal de rochas sedimentares com idades variando entre o Sob aspecto geológico as condições da bacia são bastante
Paleozóico e o Mesozóico, recobertas por espessa seqüência de favoráveis a construção de estruturas hidráulicas, porém as
derrames de lavas de idade Juro-Cretácea. características hidrológicas impõem representativo risco na etapa

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de construção, requerendo a previsão de estruturas de desvio OPE (Orçamento Padrão Eletrobrás) somaram R$ 47.521.000,00
robustas, associadas preferencialmente a um período curto de trazendo como custo índice de implantação o valor de R$
obra. Os projetos ao longo do rio Irani precisam dispor também 7.920,16/kW instalado, fato este que inviabilizou a implantação
de grandes estruturas estravasoras, dado que as vazões de cheia do empreendimento diante do cenário tarifário que se tinha
são muito elevadas e normalmente ocorrem de forma rápida, naquele momento.
a saber, o vertedouro da PCH Xavantina foi dimensionado para
escoar uma vazão de até 2.400m³/s, ou seja, quase 75 vezes a
vazão média do rio.
Essa grande variação de vazão requer elevada flexibilidade
operacional dos equipamentos de geração, caracterizando-se como
um importante fator na definição do arranjo do projeto da PCH
Xavantina e dos demais empreendimentos instalados no rio Irani.

Fig. 2,3: Detalhe das Estruturas do Barramento e da Casa de Força do


Projeto Básico .

4. O ARRANJO PÉ DE BARRAGEM

Em decorrência do alto custo de implantação do arranjo


derivativo, partiu-se para avaliação de uma nova concepção de
arranjo caracterizado como compacto e com o circuito de geração
localizado no pé da barragem, dado que o barramento previsto
no projeto básico tinha cerca de 15 metros de altura para um
aproveitamento com queda de 20metros. Esse novo conceito
permitiria ainda turbinar a vazão sanitária, além do incremento de
área de drenagem em razão de um pequeno afluente localizado
no trecho de vazão reduzida.
Fig. 1: Histograma de vazões médias e máximas na PCH Xavantina. Primeiramente avaliou-se a possibilidade de construir uma
barragem de concreto exatamente no eixo da casa de força prevista
3. O ARRANJO DO PROJETO BÁSICO no projeto básico, porém o volume de concreto e as limitações de
espaço para o manejo do rio inviabilizavam esse arranjo.
O arranjo do Projeto Básico era do tipo derivativo e composto Foram estudados ainda eixos a jusante, no limite do reser-
por um barramento em concreto com cerca de 15 metros de vatório da PCH Alto Irani, porém o volume de escavação em rocha
altura, associado a um vertedouro de superfície livre no leito ultrapassava a casa de 1.000.000m³, também inviabilizando a
do rio, incorporando ainda uma adufa de desvio posicionada na solução.
margem direita. Um eixo promissor foi identificado logo a montante da casa
O sistema de geração continha tomada d’água, túnel adutor, de força prevista no projeto básico, este local apresentava-se
chaminé de equilíbrio, condutos forçados e casa de força, com a calha do rio mais aberta na margem direita, permitindo
seguindo uma solução tradicionalmente aplicada na região. a construção de um canal de desvio com reduzido volume de
O vertedouro de soleira livre tinha sua crista na El. 462,37m, escavação, que poderia ser associado a um vertedouro lateral,
tendo sido dimensionado para escoar a vazão milenar (1.900m³/s) permitindo o fechamento do leito do rio através de uma barragem
com sobre elevação de 4,00m. de enrocamento com núcleo de argila.
A tomada d’água do túnel adutor foi projetada como uma Os estudos energéticos apontaram que poderia ser mantida
estrutura clássica em torre vertical, com 6,2m de largura e 15,0 a potência instalada de 6,08MW e que a área alagada seria de
m de altura. 0,52km², frente a 0,37 km² previstos no projeto básico.
O túnel adutor com 506 m de extensão até a chaminé de A Figura 4 apresenta um comparativo entre a localização
equilíbrio tinha seção arco-retângulo final de 6m x6m, com uma dos eixos previstos no projeto básico, desenho em branco e o
inclinação longitudinal de 3,35%. Como tratamento obrigatório efetivamente implantado, desenho em vermelho.
estavam sendo considerados 10cm de concreto no piso do mesmo
e 5cm de concreto projetado nas paredes e abobada. A chaminé
de equilíbrio ao final do túnel adutor era escavada em rocha com
diâmetro de 11,0m na seção de oscilação do nível d’água e de
4,5m no trecho sem oscilação. Dois condutos forçados metálicos
com diâmetro de 2,65m e extensão de 25m interligariam o túnel
e as turbinas, estando estes também embutidos no túnel.
A casa de força seria do tipo abrigada com duas mesmas
unidades geradoras do tipo Kaplan “S” Jusante com potência
unitária instalada de 3 MW.
As Figuras 2 e 3 apresentam as estruturas de montante
(barramento) e de jusante (casa de força) do empreendimento e
a Figura 4 apresenta o arranjo geral de implantação do mesmo.
Os custos totais computados nas diversas contas, seguindo a Fig. 4: Localização dos Eixos do Projeto Básico e do Empreendimento
padronização de orçamentação preconizada pela ELETROBRÁS – Implantado.

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O nível normal do reservatório foi mantido na cota 462,37 m e As relações Hd/He para as cheias de 1.000 e 10.000 anos
o NA Normal de jusante foi recalculado com base na curva chave de recorrência resultaram em 0,75 e 0,66 respectivamente. Na
do canal de fuga e estabelecido na cota 442,50m, perfazendo relação entre a altura do vertedouro e sua carga d’água, estimou-
uma queda bruta de 19,87m conforme apresentado no Quadro se um coeficiente de 2,13. A curva de descarga do vertedouro
2. A alteração do eixo da casa de força resultou em uma redução está apresentada graficamente na Figura 6, sendo a capacidade
de 10cm na queda bruta, porém esta perda foi compensada pela limite do mesmo de cerca de 3.500m³/s, ou seja quase 1,5 vezes
diminuição das perdas de carga no circuito adutor, como pode ser a vazão decamilenar.
observado no Quadro 3.

Quadro 2: Precipitações totais médias na região do rio Irani.

Parâmetro Valor

Nível d'água máximo maximorum de montante(m) 466,91


Nível d'água máximo normal de montante(m) 462,37
Nível d’água máximo normal de jusante (m) 442,50
Queda bruta (m) 19,87
Potência instalada (MW) 6,080
Energia média (MW médios) 3,54
Número de unidades geradoras 2
Vazão MLT (m³/s) 31,44
Vazão turbinada (m³/s) 35,5
Vazão de Projeto do Vertedouro (m³/s) - Q1.000 anos 1.897
Vazão Máxima do Vertedouro (m³/s) – Q 10.000 anos 2.398
Vazão de desvio do rio (m³/s) – Q 20 anos 1.039

Fig. 6: Detalhe das Estruturas da PCH XAVANTINA – Arranjo pé de


A Figura 5 apresenta o arranjo geral de implantação do barragem.
empreendimento.
Um grande desafio foi buscar um equacionamento adequado
para dimensionamento do canal de desvio, que seria usado
posteriormente como canal de restituição do vertedouro. Neste tipo
canal, com fluxo gradualmente variado, uma porção significativa
da perda de energia é devido à mistura turbulenta da água
adicionada ao escoamento que escoa no canal. O cálculo do perfil
da lâmina d’água, nesse trecho do canal, considerou a metodologia
apresentada por Chow (1959), Spatially Varied Flow, with increasing
discharge que pode ser resumida pela seguinte equação:

O primeiro termo da equação abrange a perda por impacto


do fluxo gerada pelo acréscimo de vazão no canal, essa perda é
dada pela equação:

Onde: V é a velocidade média nas seções 1 e 2 (m/s); Q é


a Vazão (m³/s); ∆Q é a variação da vazão; ∆V é a variação da
Fig. 5: Detalhe das Estruturas da PCH XAVANTINA – Arranjo pé de velocidade e (g) a aceleração da gravidade (m/s²);
barragem.
O segundo termo abrange a perda pelo efeito de rugosidade:
Um ponto de destaque do projeto é vertedouro lateral, um
perfil Creager com a crista na El. 462,37 m foi dimensionado
para escoar a vazão milenar de 1.897,2 m³/s elevando-se
o nível do reservatório para a El. 466,37 m. O Vertedouro foi
também verificado para a vazão decamilenar de 2.398,9 m³/s
sobrelevando-se o nível do reservatório na El. 466,91 m. A
dissipação de energia é feita no canal de restituição escavado Onde: dx representa a variação do comprimento no canal; n
lateralmente à barragem e também utilizado como canal de o coeficiente de manning e R o raio hidráulico
desvio do rio. O perfil da lâmina de água, no interior do canal, foi verificado
O dimensionamento do vertedouro seguiu a metodologia para diferentes condições de operação do vertedouro.
tradicional e sua capacidade de descarga foi definida utilizando a As simulações hidráulicas do trecho do canal de restituição
equação de soleira livre, apresenta abaixo: foram realizadas com o auxílio do software HEC-RAS,
desenvolvido pelo Hydrologic Engineering Center do U.S. Army
Corps of Engineers. O software é baseado na metodologia

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apresentada por Chow (1959), conhecida como Standard Step Desde a concepção do projeto sempre foram discutidos os
Method. O procedimento computacional é baseado na solução riscos associados a construção da barragem de terra em função
da equação de energia unidimensional, com o termo de perda de da ocorrência de grandes cheias no rio Irani. Inicialmente
carga contínua, calculado utilizando-se a equação de Manning. As buscou-se planejar a execução da obra de tal modo que a
equações básicas que definem o método são: barragem fosse integralmente executada no verão, pois neste
período o alto nível de insolação facilita a secagem do material
e mesmo com a ocorrência de chuvas, também comuns nessa
época, seria mais fácil executar o aterro do núcleo nessa estação
do ano.
Os resultados dos níveis de água ao longo do canal estão
Apesar de não existir um período cheio definido, é mais
apresentados na Figura 7.
comum a ocorrência de grandes enchentes nos meses de
agosto, setembro e outubro, de tal modo que o planejamento
da obra contemplava o desvio do rio após esse período, assim
teoricamente, seria evitado o período de maiores cheias e a
barragem poderia ser construída de novembro até abril.
A adoção da vazão de desvio de cerca de 1.000m³/s
demandava a construção de uma ensecadeira de cerca de 18
metros de altura, que seria incompatível com uma barragem com
altura máxima de cerca de 26 metros, dessa forma optou-se por
alterar o projeto inicialmente proposto considerando ensecadeiras
incorporadas associadas a estruturas galgáveis, permitindo a
passagem de cerca de 700m³/s através da estrutura de desvio
e eventual galgamento da estrutura permitindo a passagem de
até 300m³/s sem danos as estruturas temporárias e definitivas.
Essa solução apresentou representativa redução nos quan-
titativos envolvidos nas ensecadeiras, além de permitir uma
rápida liberação para início da construção da barragem. O
Fig. 7: Perfil lâminas de água no interior do canal.
esquema da Figura 8 ilustra de desvio do rio, considerando a
adoção das ensecadeiras galgáveis.
A solução com arranjo compacto apresentou-se promissora,
em especial devido a redução do volume de concreto de cerca
de 25.000m³ para 14.000m³. A otimização do arranjo para o
barramento e a especificação de equipamentos adequados as
características do aproveitamento resultaram em um custo total
de implantação de R$ 35.011.335,97 trazendo como custo índice
de implantação o valor de R$ 5.835,22/kW instalado, frente a R$
7.920,16/kW que foram previstos para o arranjo do projeto básico.
Um parâmetro importante para embasar a tomada de
decisão do projeto à ser efetivamente implantado foi também o
Fig. 8: Croqui do posicionamento das ensecadeiras galgáveis.
desempenho energético dos arranjos analisados. Os resultados
são apresentados na Quadro 3: A solução consiste na adoção de duas ensecadeiras, uma
a montante incorporada na barragem e outra bem a jusante,
Quadro 3: Resultados das simulações energéticas.
protegendo inclusive o recinto da casa de força. No espaldar de
jusante da barragem foi previsto um septo de enrocamento com
PROJETO
Parâmetro PROJETO BÁSICO objetivo de criar um recinto de amortecimento entre as duas
IMPLANTADO
Rendimento das Turbinas 92,50% ensecadeiras. Em caso de galgamento o processo seria iniciado
Rendimento dos Geradores 97,00%
por jusante através de um ponto mais baixo na ensecadeira que
Vazão Sanitária (m³/s) 0,91 0
foi devidamente protegido para garantir o alagamento do recinto
Queda Bruta (m) 19,99 19,87
ensecado antes do início do fluxo por montante.
Em razão da limitação de espaço para construção das
Perdas (mca) 0,81 0,45
estruturas seria necessário aguardar o desvio do rio para permitir
Queda Líquida (m) 19,18 19,42
o início das obras da casa de força, pois esta estaria dentro do
Energia Média (MWmedio) 3,35 3,54
recinto ensecado para construção da barragem. Na fase de
projeto pré-executivo optou-se por lançar uma ensecadeira
O arranjo alternativo apresentou custo de implantação
temporária na região da casa de força, estrangulando o rio na
cerca de 35% a menor do que o arranjo derivativo, também
margem esquerda, no entanto essa ensecadeira seria facilmente
proporcionou um acréscimo de geração da ordem de 5,6%,
galgada, dada a limitação de espaço para construção de uma
parâmetros que foram suficientes para garantir a viabilidade do
empreendimento. estrutura com as dimensões adequadas.
Essa mudança implicou em pequeno aumento do custo da
obra, até porque foi previsto a reconstrução desta ensecadeira
5. ASPECTOS CONSTRUTIVOS
por três vezes, uma vez que esta poderia ser facilmente galgada.
A adoção do arranjo compacto implicou na completa alteração do Em contrapartida com isso seria possível iniciar as escavações da
planejamento da obra, em especial pela concentração de trabalhos casa de força antecipadamente, reduzindo o prazo total de obra
em uma área bastante reduzida e encaixada no leito do rio. de 19 para 14 meses.

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Havia ainda a particularidade de se realizar o enchimento Essas ações foram necessárias em razão do risco da construção
de concreto do vão rebaixado, a ocorrer após a conclusão da da barragem adentrar a estação do inverno, que normalmente é
barragem de terra, pois nesta condição a capacidade de descarga acompanhada de grande umidade. Ao final do mês de abril de
da adufa de desvio seria consideravelmente reduzida. Esta 2015 a barragem já havia atingido a El. 455,50m, 1 metro acima
atividade foi planejada para os meses onde normalmente ocorre da cota ensecadeira de montante, totalizando 57 camadas de
a menor vazão, ou seja, março e abril. aterro.

6. DESEMPENHO DA SOLUÇÃO

Visando adequar as etapas construtivas com os períodos


historicamente mais favoráveis as obras foram iniciadas em 22
de abril de 2014, atacando-se simultaneamente a implantação
do canteiro de obras, acessos e escavação comum na margem
direita do rio Irani.
A fase inicial da obra foi marcada por um período bastante
chuvoso, em especial no mês de junho de 2014 onde foi registrado
665mm de chuva, dos quais 520mm precipitaram em apenas Fig. 9: a) Início do aterro do núcleo b) Vista geral da obra com barragem
uma semana. Esse representativo volume de chuvas resultou em na El. 456,50m e início do fechamento do vão rebaixado, possível ver
uma vazão de aproximadamente 1.000m³/s, impedindo o início também as obras do vertedouro.

do lançamento da ensecadeira da casa de força, previsto para a Neste período foi possível iniciar a concretagem gradativa do
última semana de junho.
vão rebaixado, pois a previsão do tempo indicava um período
Como a obra estava em fase inicial não foram danificadas
seco, com baixo risco de enchentes. Dessa forma seguiam em
quaisquer estruturas da obra e os prejuízos ficaram limitados aos
paralelo as obras da barragem, vertedouro e vão rebaixado.
danos causados aos acessos e a baixa produtividade no período
O mês de maio foi marcado como um período mais seco e
inicial da obra.
ao final do período o núcleo já estava na El. 466,50m, restando
Conforme esperado, o mês de setembro foi bastante chuvoso e
apenas 10 camadas para finalização da estrutura, nessa fase já
na última semana do mês a precipitação foi de aproximadamente
não havia risco de galgamento da estrutura, pois a barragem já
310mm, tendo o rio Irani atingido a vazão de cerca de 500m³/s
estava 4 metros acima da crista do vertedouro.
no dia 29 do supracitado mês, vazão suficiente para o galgamento
Desde o desvio do rio até meados de junho a vazão do rio
da ensecadeira provisória da casa de força, que neste momento
Irani sempre esteve abaixo de 350m³/s, portanto em nenhum
estava com a laje de fundo concretada.
momento ocorreu risco de galgamento das ensecadeiras, porém
Conforme previsto a ensecadeira foi reconstruída, permitindo
na segunda quinzena de junho de 2015 ocorreram chuvas mais
a limpeza e retomada das atividades da casa de força, já na
fortes e por estar restrito apenas a adufa do desvio o nível do rio
primeira semana do mês de outubro. Nesta mesma semana
Irani elevou-se significativamente impedindo a passagem através
foram concluídas as atividades de escavação do canal de desvio
da ponte de serviço.
e iniciado o rebaixamento das ensecadeiras desta estrutura,
No ultimo dia do mês de junho um elevado volume de chuvas
atividade que foi associada ao lançamento de pré ensecadeiras
causou o enchimento completo do reservatório, mesmo com a
no leito do rio.
adufa de desvio aberta, porém como as demais estruturas da obra
Com a finalização dos tratamentos do canal de desvio e
já estavam completamente prontas, tal situação não implicou em
conclusão da montagem de guias da comporta da adufa o rio
danos significativos para obra. A vazão através da adufa foi da
Irani foi desviado em 28 de outubro, antecipando essa importante
etapa da obra em cerca de 45 dias. O manejo do rio foi bastante ordem 350m³/s e pelo vertedouro passaram outros 150m³/s.
simples, dado que foi realizado com vazão de aproximadamente O início do enchimento do reservatório se deu em 06 de
15m³/s, permitindo a remoção da ensecadeira de montante do julho de 2015 em uma condição de vazão bastante favorável
canal de desvio em paralelo com o lançamento da ensecadeira a operação, sendo que esta ocorreu sem quaisquer incidentes,
principal no leito do rio. tendo sido concluído em 08 de julho. O início de operação em
Realizado o desvio do rio procedeu-se com a construção das testes das unidades geradoras se deu em 10 de julho.
ensecadeiras galgáveis em paralelo com a limpeza e tratamento No dia 14 de julho de 2015 choveu cerca de 150mm em um
de fundação para construção da barragem. O aterro do núcleo período de 5 horas e as 14:00 horas deste dia o rio Irani estava
foi iniciado apenas em 05 de janeiro de 2015, pois mesmo com com vazão de 700m³/s, representando vertimento de 2,6 metros,
a liberação de fundação ocorrendo em meados de dezembro o sendo uma oportunidade para avaliação do comportamento
grande numero de dias chuvosos impediu o início da atividade. hidráulico do vertedouro e canal de restituição.
As etapas iniciais do aterro do núcleo foram muito prejudicadas
pelas constantes chuvas, uma condição atípica para aquele
período do ano. Até o final do mês de março de 2015 haviam
sido compactas apenas 27 camadas da barragem, sendo que o
previsto para este período era de 65 camadas.
A situação de chuvas atípicas para o período impôs relativo
atraso nas obras da barragem, demandando um plano de
ação específico para essa frente da obra, dado que as demais
Fig. 10: a) Vista geral da obra antes do enchimento do reservatório b)
estruturas seguiam o prazo previsto no cronograma. Para garantir Vertedouro operando com lâmina de 2,5 metros na cheia de julho de 2015.
a recuperação de prazos foram tomadas as seguintes ações:
cobertura da praça de compactação da barragem e jazida com Em razão da ocorrência de grandes vazões foi possível
lonas, além da criação de um estoque intermediário de argila que verificar a remoção de material afetado pelas detonações no
também deveria ser coberto com lonas. fundo do canal, principalmente na região do vertedouro, onde

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A VIABILIZAÇÃO TÉCNICA & ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DA
PCH XAVANTINA CONCEITOS BÁSICOS, DESAFIOS E ASPECTOS
GEOLÓGICOS/GEOTÉCNICOS E HIDRÁULICOS DO PROJETO
TECHNICAL ARTICLES

ocorre uma parcela significativa da dissipação de energia. Parte 8. REFERÊNCIAS


da rocha removida formou uma barra de material na margem
• ELETROBRÁS – Diretrizes para Estudos e Projetos de Pequenas
direita do rio e foi posteriormente removida para garantir as
Centrais Hidrelétricas (2000).
condições hidráulicas do canal de restituição.
• ELETROBRÁS/ANEEL – Instruções p/Estudos de Viabilidade
Até o presente momento não ocorreram cheias maiores
de Aproveitamentos Hidrelétricos (1997).
que a reportada acima e o monitoramento de erosão do canal
• ELETROBRÁS/ANEEL – Diretrizes p/Elaboração de Projeto
indica uma estabilização da remoção de material, confirmando Básico de Usinas Hidrelétricas (Set/1999).
a hipótese de que a rocha removida havia sido afetada pelas • GULLIVER J. S., ARNDT R. E. A. Hydropower Engineering
detonações do canal. Handbook (University of Minnesota, St. Anthony Falls Hydraulic
Laboratory – 1991.
• USBR - United States Department of the Interior, Bureau of
Reclamation – Design of Small Dams. A Water Resources
Technical Publication. Washington (1974).
• CARVALHO, N. O. – Hidrossedimentologia Prática . CPRM/
ELETROBRÁS (1994).
• LINSLEY R. K., FRANZINI J B. – Engenharia de Recursos
Hídricos. McGraw-Hill Book Company do Brasil/Editora da
Universidade de São Paulo (1978).
• TUCCI C, E. M. – Hidrologia, Ciência e Aplicação. Editora da
Fig. 10: a) Início do aterro do núcleo b) Vista geral da obra com barragem Universidade do Rio Grande do Sul, Editora da Universidade de
na El. 456,50m e início do fechamento do vão rebaixado, possível ver
também as obras do vertedouro. São Paulo, Associação Brasileira de Recursos Hídricos (1993).
• NIMER E. – Climatologia do Brasil – IBGE (1989).
• CHOW V. T. – Open Channel Hydraulics. McGraw-Hill Book
7. CONCLUSÃO Company, Civil Engineering Series (1959).
A viabilização da PCH Xavantina foi possível através de um • CIRIA – Construction Industry Research and Information
detalhado planejamento e a concepção de arranjo otimizado, Association (London). The Hydraulic Design of Stepped
bem adaptado as condições hidrológicas e geológicas do sítio de Spillways, Report 33, 2nd Edition, January/1978.
• ELETROBRÁS – Guia para Cálculo de Cheia de Projeto de
implantação.
Vertedores (março/1987).
A possibilidade de redução do custo de implantação e do
• ICOLD - Comissão Int. de Grandes Barragens – Boletim 48.
prazo para implantação da obra foram os pontos chave para que
River Control During Construction (1985).
o empreendimento se tornasse atrativo financeiramente, mesmo
• IZBASH S. V. – Construction of Dams by Depositing Rock in
em um cenário de tarifas baixas.
Running Water. 2o Congress on Large Dams, Washington, D.
As obras da usina foram implantadas com total sucesso em
C., (1936). Communication No. 3.
um prazo total de 14 meses e 20 dias, sendo que neste período
• IZBASH S. V., LEBEDEV I. V., SLISSKII P. M. – Problemas
foi registrado um volume de chuva quase 50% maior do que a
Hidráulicos do Corte dos Rios. Tradução de Pinto de Campos
média histórica.
– Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa (1966).
Os custos de implantação ficaram bastante próximos do • Hydraulic Design of Spillways – Engineer Manual EM 1110-
previsto no projeto básico consolidado, sendo o desvio inferior a 2-1603, Headquaters, Department of the Army, Office of the
4% do montante total, reflexo de pequeno aumento de volumes Chief of Engineers, 31/03/1965.
em razão de aspectos geológicos e do custo para manutenção • U. S. ARMY ENGINEER – Hydraulic Design Criteria, Waterways
do prazo de geração frente a quantidade expressiva de chuvas Exp. Station, Vicksburg, Mississipi (1977).
na região. • ABGE – Ass. Brasileira de Geologia de Engenharia – Geologia
Todos os pontos críticos do projeto, em especial o desvio do de Engenharia. OLIVEIRA e BRITO (1998).
rio, o vertedouro e a eficiência de produção de energia atenderam • ABGE – Manual de Sondagens, 4a Edição (1999).
às expectativas iniciais e as premissas previstas em projeto. • CRUZ P. T. – 100 Barragens Brasileiras. FAPESP. (1996).

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