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RESUMO
A viabilização de Pequenas Centrais Hidrelétricas tornou-se muito difícil nos últimos anos, principalmente em razão dos entraves
burocráticos e legais, da escassez de bons projetos e de um cenário tarifário pouco atrativo ao investimento nesta fonte. Na situação
de inviabilidade estava a PCH Xavantina, com potência instalada de 6,08MW, localizada no rio Irani no estado de Santa Catariana. O
alto custo de implantação, que era resultado de um volume de obras civis desproporcionais em relação à potência instalada, o risco
associado à construção do túnel de adução e o cenário de tarifas baixas fez com que os investidores decidissem por reavaliar o projeto
de engenharia e buscar alternativas com condições mais atrativas, sendo então avaliada a possibilidade de adoção de um arranjo com
a casa de força ao pé da barragem, com barragem de enrocamento com núcleo de argila e um vertedouro lateral que abrigou também
as estruturas de desvio do rio. Neste artigo pretende-se apresentar os desafios encontrados na elaboração da concepção desse novo
arranjo, que passou pela análise e identificação dos aspectos geológicos/geotécnicos e hidráulicos/hidrológicos, uma vez que o mesmo
contou com a adoção de ensecadeiras galgáveis e vertedouro lateral, caracterizando uma solução pouco usual, porém muito eficiente.
O empreendimento foi implantado com sucesso e em prazo recorde conforme relatado neste artigo.
In recent years, to get a Small Hydropower Plant off the drawing board has become very difficult, especially because of bureaucratic
and legal barriers, the lack of good projects and the energy selling price not being attractive to investments. Located in the Irani
River, Santa Catarina State, and having 6,08 MW of installed capacity, SHP Xavantina was a typical example of such situation.
The high cost of implementation, which was the result of an unbalanced ratio between the installed capacity and the civil works
requirements, the risk associated with the construction of the intake tunnel and the energy low price outlook has made the investors
to reassess the engineering design and to seek out alternatives in more attractive conditions. Therefore a new design configuration
study was carried out placing the power house at the bottom of the dam, with earth and rockfill dam and a lateral spillway which
also housed the river diversion structures. This article aims to present the challenges faced in developing the design of this new
configuration, which has undergone through geological / geotechnical and hydraulic / hydrologic analysis and identification aspects,
once it comprised the adoption of fuse cofferdams and lateral spillway, featuring an unusual solution, but a very effective one. At
the end, the project was implemented successfully and in record time as reported in this article.
Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina. Email: danielfaller@faller.com.br
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Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina. Email: rafael.fernandes@geoenergy.com.br
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A VIABILIZAÇÃO TÉCNICA & ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DA
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ouras fontes nos leilões promovidos no Ambiente de Contratação A região estudada é caracterizada pelo predomínio das rochas
Regulado – ACR – e a venda de energia no Mercado Livre trazia extrusivas da Formação Serra Geral subdividida em termos
limitações na obtenção de financiamentos. básicos (basaltos toleíticos) e ácidos (riodacitos), que estão
Com as limitações impostas pelo mercado, os empreendedores associados a um intenso fenômeno diastrófico, que possibilitou a
optaram por reavaliar o projeto de engenharia, de tal modo emissão de lavas através de vulcanismo fissural desde o final do
que fosse possível ter um valor de investimento atualizado e Jurássico até o Cretáceo inferior.
compatível com a realidade do setor de construção civil, que O arcabouço estrutural da Bacia do Paraná é caracterizado
estava no movimento contrário do setor elétrico, com grande pela presença de grandes alinhamentos transversais ao seu eixo
crescimento, carência de mão de obra e elevação de preços dos maior, aos quais se associam alguns grandes afluentes do rio
insumos. Paraná, como o rio Uruguai ou o rio Iguaçu. Esses alinhamentos
O Projeto Básico Consolidado, desenvolvido pela GeoEnergy se estendem por várias centenas de quilômetros, com direção
Engenharia, baseado nas premissas do Projeto Básico aprovado predominantemente noroeste.
pela Agência Reguladora indicou que o investimento total no A interpretação estrutural da imagem de radar na escala
projeto estava muito acima do previsto na etapa anterior dos 1:250.000 evidencia destacados lineamentos nas direções
estudos e que mesmo com algumas otimizações realizadas, não noroeste e nordeste, com extensão de várias dezenas de quilô-
seria possível viabilizar a construção da usina com as tarifas metros, formando um grosseiro “mosaico”. Secundariamente
praticadas na época. observam-se lineamentos com direção próxima do eixo N-S. Sob
Diante dessa situação buscou-se avaliar arranjos alternativos o enfoque sísmico, a região pode ser considerada como sendo de
que pudessem reduzir o custo de implantação de forma signi- atividade pequena ou nula.
ficativa. O presente artigo apresenta uma síntese do proces- A conformação geológica e a morfologia da bacia do rio Irani,
so de otimização do arranjo da PCH Xavantina, destacando os associadas a distribuição não uniforme de chuvas resultam em
desafios para compatibilizar as soluções de engenharia com as uma característica comum aos rios do sul do Brasil: a ocorrência
condições locais, bem como os processos construtivos utilizados de grandes cheias intercaladas com períodos de vazões muito
para viabilização do empreendimento, destacando-se os sucessos abaixo da média, gerando um hidrograma com elevado desvio
obtidos em termos de prazo, custo e qualidade de projeto. padrão.
Destaca-se que, mesmo sendo um aproveitamento substan- Sob o aspecto de construção e operação de usinas hidro-
cialmente geotécnico, por contar com volumes de escavação elétricas, essa combinação de fatores traz um desafio bastante
significativos e com uma barragem de terra/enrocamento, o
complexo, em especial porque a região não apresenta uma
mesmo foi implantado entre os meses de abril de 2014 e julho de
sazonalidade de chuvas, podendo ocorrer eventos extremos em
2015 perfazendo prazo total 15 meses de obra.
qualquer época do ano.
O Quadro 1 apresenta o histórico de chuvas para a bacia do
2. ASPECTOS GERAIS DO RIO IRANI rio Irani. Observa-se que não há um período úmido bem definido
O rio Irani está localizado na bacia do rio Uruguai, desen- podendo se identificar alguns meses com níveis de precipitação
volvendo seu curso integralmente em território catarinense. mais elevados, como os meses de setembro e outubro e um
Suas nascentes estão próximas a 1.250 metros acima do nível período mais seco de julho a agosto, abrangendo a estação do
do mar e sua foz, no rio Uruguai está próxima de 250 metros, inverno.
caracterizando assim um rio de pequeno porte, porém com grande
Quadro 1: Precipitações totais médias na região do rio Irani.
potencial para implantação de pequenas centrais hidrelétricas. O
curso d´água possui aproximadamente 210 km de extensão e
área de drenagem total é de 1.600 km². Precipitação Média Precipitação Precipitação
Mês
Em sua porção inicial o rio Irani se desenvolve com baixa Mensal (mm) Máxima (mm) Mínima (mm)
declividade e a jusante da ponte da BR-282 aproximadamente a
Jan 181,9 413,1 (1990) 59,9 (1982)
170 km da foz, existem duas quedas concentradas, onde estão
Fev 170,1 356,1 (1998) 24,7 (1978)
implantados aproveitamentos hidrelétricos desde a década de 70.
Mar 143,2 338,9 (1998) 39,5 (1988)
A jusante destes locais são raros os pontos de queda concentrada,
sendo o rio formado por corredeiras intercaladas com trechos de Abr 159,8 361,9 (1971) 45,7 (1975)
remanso, porém com boa declividade ao longo de todo o curso. Mai 145,7 364,2 (1983) 12,5 (1991)
A área da bacia em sua porção superior é marcada por um Jun 157,6 337,6 (1972) 29,1 (1986)
relevo suave ondulado, com vales pouco profundos e encostas de Jul 140,8 822,1 (1983) 18,9 (2012)
declividade moderada. Porém o trecho que contém grande parte Ago 142,7 447,4 (1972) 2,2 (2012)
dos aproveitamentos hidroenergéticos apresenta relevo mais Set 172,4 387,2 (2009) 47,6 (1987)
acidentado, podendo se observar a formação de degraus nas Out 209,2 446,5 (1979) 30,1 (1972)
encostas que marcam os contatos entre os pacotes basálticos. Nov 160,2 398,9 (1982) 22,3(1970)
Ao longo do leito do rio o maciço rochoso aflora diversas vezes, Dez 171,8 450,2 (2003) 16,3 (1986)
gerando o aparecimento de corredeiras e cachoeiras. As encostas Anual 1962,0 822,1 2,2
podem em certos lugares apresentar uma camada de solo muito
rasa ou inexistente. A Figura 1 apresenta o histograma de vazões médias e
A bacia do Rio Irani está inserida no contexto geológico da máximas para o eixo da PCH Xavantina, sendo que a vazão média
Bacia do Paraná, mais precisamente sobre os extensos derrames mensal para o eixo é de 31,44m³/s. Observa-se que em alguns
basálticos da Formação Serra Geral, na região centro oeste do meses ocorrem vazões de até cerca de 1m³/s, e em contrapartida
estado de Santa Catarina, a qual é constituída por uma seqüência existem registros de vazões da ordem de 1.300m³/s.
basal de rochas sedimentares com idades variando entre o Sob aspecto geológico as condições da bacia são bastante
Paleozóico e o Mesozóico, recobertas por espessa seqüência de favoráveis a construção de estruturas hidráulicas, porém as
derrames de lavas de idade Juro-Cretácea. características hidrológicas impõem representativo risco na etapa
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de construção, requerendo a previsão de estruturas de desvio OPE (Orçamento Padrão Eletrobrás) somaram R$ 47.521.000,00
robustas, associadas preferencialmente a um período curto de trazendo como custo índice de implantação o valor de R$
obra. Os projetos ao longo do rio Irani precisam dispor também 7.920,16/kW instalado, fato este que inviabilizou a implantação
de grandes estruturas estravasoras, dado que as vazões de cheia do empreendimento diante do cenário tarifário que se tinha
são muito elevadas e normalmente ocorrem de forma rápida, naquele momento.
a saber, o vertedouro da PCH Xavantina foi dimensionado para
escoar uma vazão de até 2.400m³/s, ou seja, quase 75 vezes a
vazão média do rio.
Essa grande variação de vazão requer elevada flexibilidade
operacional dos equipamentos de geração, caracterizando-se como
um importante fator na definição do arranjo do projeto da PCH
Xavantina e dos demais empreendimentos instalados no rio Irani.
4. O ARRANJO PÉ DE BARRAGEM
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O nível normal do reservatório foi mantido na cota 462,37 m e As relações Hd/He para as cheias de 1.000 e 10.000 anos
o NA Normal de jusante foi recalculado com base na curva chave de recorrência resultaram em 0,75 e 0,66 respectivamente. Na
do canal de fuga e estabelecido na cota 442,50m, perfazendo relação entre a altura do vertedouro e sua carga d’água, estimou-
uma queda bruta de 19,87m conforme apresentado no Quadro se um coeficiente de 2,13. A curva de descarga do vertedouro
2. A alteração do eixo da casa de força resultou em uma redução está apresentada graficamente na Figura 6, sendo a capacidade
de 10cm na queda bruta, porém esta perda foi compensada pela limite do mesmo de cerca de 3.500m³/s, ou seja quase 1,5 vezes
diminuição das perdas de carga no circuito adutor, como pode ser a vazão decamilenar.
observado no Quadro 3.
Parâmetro Valor
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apresentada por Chow (1959), conhecida como Standard Step Desde a concepção do projeto sempre foram discutidos os
Method. O procedimento computacional é baseado na solução riscos associados a construção da barragem de terra em função
da equação de energia unidimensional, com o termo de perda de da ocorrência de grandes cheias no rio Irani. Inicialmente
carga contínua, calculado utilizando-se a equação de Manning. As buscou-se planejar a execução da obra de tal modo que a
equações básicas que definem o método são: barragem fosse integralmente executada no verão, pois neste
período o alto nível de insolação facilita a secagem do material
e mesmo com a ocorrência de chuvas, também comuns nessa
época, seria mais fácil executar o aterro do núcleo nessa estação
do ano.
Os resultados dos níveis de água ao longo do canal estão
Apesar de não existir um período cheio definido, é mais
apresentados na Figura 7.
comum a ocorrência de grandes enchentes nos meses de
agosto, setembro e outubro, de tal modo que o planejamento
da obra contemplava o desvio do rio após esse período, assim
teoricamente, seria evitado o período de maiores cheias e a
barragem poderia ser construída de novembro até abril.
A adoção da vazão de desvio de cerca de 1.000m³/s
demandava a construção de uma ensecadeira de cerca de 18
metros de altura, que seria incompatível com uma barragem com
altura máxima de cerca de 26 metros, dessa forma optou-se por
alterar o projeto inicialmente proposto considerando ensecadeiras
incorporadas associadas a estruturas galgáveis, permitindo a
passagem de cerca de 700m³/s através da estrutura de desvio
e eventual galgamento da estrutura permitindo a passagem de
até 300m³/s sem danos as estruturas temporárias e definitivas.
Essa solução apresentou representativa redução nos quan-
titativos envolvidos nas ensecadeiras, além de permitir uma
rápida liberação para início da construção da barragem. O
Fig. 7: Perfil lâminas de água no interior do canal.
esquema da Figura 8 ilustra de desvio do rio, considerando a
adoção das ensecadeiras galgáveis.
A solução com arranjo compacto apresentou-se promissora,
em especial devido a redução do volume de concreto de cerca
de 25.000m³ para 14.000m³. A otimização do arranjo para o
barramento e a especificação de equipamentos adequados as
características do aproveitamento resultaram em um custo total
de implantação de R$ 35.011.335,97 trazendo como custo índice
de implantação o valor de R$ 5.835,22/kW instalado, frente a R$
7.920,16/kW que foram previstos para o arranjo do projeto básico.
Um parâmetro importante para embasar a tomada de
decisão do projeto à ser efetivamente implantado foi também o
Fig. 8: Croqui do posicionamento das ensecadeiras galgáveis.
desempenho energético dos arranjos analisados. Os resultados
são apresentados na Quadro 3: A solução consiste na adoção de duas ensecadeiras, uma
a montante incorporada na barragem e outra bem a jusante,
Quadro 3: Resultados das simulações energéticas.
protegendo inclusive o recinto da casa de força. No espaldar de
jusante da barragem foi previsto um septo de enrocamento com
PROJETO
Parâmetro PROJETO BÁSICO objetivo de criar um recinto de amortecimento entre as duas
IMPLANTADO
Rendimento das Turbinas 92,50% ensecadeiras. Em caso de galgamento o processo seria iniciado
Rendimento dos Geradores 97,00%
por jusante através de um ponto mais baixo na ensecadeira que
Vazão Sanitária (m³/s) 0,91 0
foi devidamente protegido para garantir o alagamento do recinto
Queda Bruta (m) 19,99 19,87
ensecado antes do início do fluxo por montante.
Em razão da limitação de espaço para construção das
Perdas (mca) 0,81 0,45
estruturas seria necessário aguardar o desvio do rio para permitir
Queda Líquida (m) 19,18 19,42
o início das obras da casa de força, pois esta estaria dentro do
Energia Média (MWmedio) 3,35 3,54
recinto ensecado para construção da barragem. Na fase de
projeto pré-executivo optou-se por lançar uma ensecadeira
O arranjo alternativo apresentou custo de implantação
temporária na região da casa de força, estrangulando o rio na
cerca de 35% a menor do que o arranjo derivativo, também
margem esquerda, no entanto essa ensecadeira seria facilmente
proporcionou um acréscimo de geração da ordem de 5,6%,
galgada, dada a limitação de espaço para construção de uma
parâmetros que foram suficientes para garantir a viabilidade do
empreendimento. estrutura com as dimensões adequadas.
Essa mudança implicou em pequeno aumento do custo da
obra, até porque foi previsto a reconstrução desta ensecadeira
5. ASPECTOS CONSTRUTIVOS
por três vezes, uma vez que esta poderia ser facilmente galgada.
A adoção do arranjo compacto implicou na completa alteração do Em contrapartida com isso seria possível iniciar as escavações da
planejamento da obra, em especial pela concentração de trabalhos casa de força antecipadamente, reduzindo o prazo total de obra
em uma área bastante reduzida e encaixada no leito do rio. de 19 para 14 meses.
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Havia ainda a particularidade de se realizar o enchimento Essas ações foram necessárias em razão do risco da construção
de concreto do vão rebaixado, a ocorrer após a conclusão da da barragem adentrar a estação do inverno, que normalmente é
barragem de terra, pois nesta condição a capacidade de descarga acompanhada de grande umidade. Ao final do mês de abril de
da adufa de desvio seria consideravelmente reduzida. Esta 2015 a barragem já havia atingido a El. 455,50m, 1 metro acima
atividade foi planejada para os meses onde normalmente ocorre da cota ensecadeira de montante, totalizando 57 camadas de
a menor vazão, ou seja, março e abril. aterro.
6. DESEMPENHO DA SOLUÇÃO
do lançamento da ensecadeira da casa de força, previsto para a Neste período foi possível iniciar a concretagem gradativa do
última semana de junho.
vão rebaixado, pois a previsão do tempo indicava um período
Como a obra estava em fase inicial não foram danificadas
seco, com baixo risco de enchentes. Dessa forma seguiam em
quaisquer estruturas da obra e os prejuízos ficaram limitados aos
paralelo as obras da barragem, vertedouro e vão rebaixado.
danos causados aos acessos e a baixa produtividade no período
O mês de maio foi marcado como um período mais seco e
inicial da obra.
ao final do período o núcleo já estava na El. 466,50m, restando
Conforme esperado, o mês de setembro foi bastante chuvoso e
apenas 10 camadas para finalização da estrutura, nessa fase já
na última semana do mês a precipitação foi de aproximadamente
não havia risco de galgamento da estrutura, pois a barragem já
310mm, tendo o rio Irani atingido a vazão de cerca de 500m³/s
estava 4 metros acima da crista do vertedouro.
no dia 29 do supracitado mês, vazão suficiente para o galgamento
Desde o desvio do rio até meados de junho a vazão do rio
da ensecadeira provisória da casa de força, que neste momento
Irani sempre esteve abaixo de 350m³/s, portanto em nenhum
estava com a laje de fundo concretada.
momento ocorreu risco de galgamento das ensecadeiras, porém
Conforme previsto a ensecadeira foi reconstruída, permitindo
na segunda quinzena de junho de 2015 ocorreram chuvas mais
a limpeza e retomada das atividades da casa de força, já na
fortes e por estar restrito apenas a adufa do desvio o nível do rio
primeira semana do mês de outubro. Nesta mesma semana
Irani elevou-se significativamente impedindo a passagem através
foram concluídas as atividades de escavação do canal de desvio
da ponte de serviço.
e iniciado o rebaixamento das ensecadeiras desta estrutura,
No ultimo dia do mês de junho um elevado volume de chuvas
atividade que foi associada ao lançamento de pré ensecadeiras
causou o enchimento completo do reservatório, mesmo com a
no leito do rio.
adufa de desvio aberta, porém como as demais estruturas da obra
Com a finalização dos tratamentos do canal de desvio e
já estavam completamente prontas, tal situação não implicou em
conclusão da montagem de guias da comporta da adufa o rio
danos significativos para obra. A vazão através da adufa foi da
Irani foi desviado em 28 de outubro, antecipando essa importante
etapa da obra em cerca de 45 dias. O manejo do rio foi bastante ordem 350m³/s e pelo vertedouro passaram outros 150m³/s.
simples, dado que foi realizado com vazão de aproximadamente O início do enchimento do reservatório se deu em 06 de
15m³/s, permitindo a remoção da ensecadeira de montante do julho de 2015 em uma condição de vazão bastante favorável
canal de desvio em paralelo com o lançamento da ensecadeira a operação, sendo que esta ocorreu sem quaisquer incidentes,
principal no leito do rio. tendo sido concluído em 08 de julho. O início de operação em
Realizado o desvio do rio procedeu-se com a construção das testes das unidades geradoras se deu em 10 de julho.
ensecadeiras galgáveis em paralelo com a limpeza e tratamento No dia 14 de julho de 2015 choveu cerca de 150mm em um
de fundação para construção da barragem. O aterro do núcleo período de 5 horas e as 14:00 horas deste dia o rio Irani estava
foi iniciado apenas em 05 de janeiro de 2015, pois mesmo com com vazão de 700m³/s, representando vertimento de 2,6 metros,
a liberação de fundação ocorrendo em meados de dezembro o sendo uma oportunidade para avaliação do comportamento
grande numero de dias chuvosos impediu o início da atividade. hidráulico do vertedouro e canal de restituição.
As etapas iniciais do aterro do núcleo foram muito prejudicadas
pelas constantes chuvas, uma condição atípica para aquele
período do ano. Até o final do mês de março de 2015 haviam
sido compactas apenas 27 camadas da barragem, sendo que o
previsto para este período era de 65 camadas.
A situação de chuvas atípicas para o período impôs relativo
atraso nas obras da barragem, demandando um plano de
ação específico para essa frente da obra, dado que as demais
Fig. 10: a) Vista geral da obra antes do enchimento do reservatório b)
estruturas seguiam o prazo previsto no cronograma. Para garantir Vertedouro operando com lâmina de 2,5 metros na cheia de julho de 2015.
a recuperação de prazos foram tomadas as seguintes ações:
cobertura da praça de compactação da barragem e jazida com Em razão da ocorrência de grandes vazões foi possível
lonas, além da criação de um estoque intermediário de argila que verificar a remoção de material afetado pelas detonações no
também deveria ser coberto com lonas. fundo do canal, principalmente na região do vertedouro, onde
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