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William A. Moler
Montgomery Watson Brasil Ltda
RESUMO
ABSTRACT
This paper presents a case history of the longitudinal joint in the central, roller compacted
concrete (RCC) section of Castanhao dam in the state of Ceará, Brazil. It describes
where and why the joint occurred, and details the joint treatment measures specified to
guarantee bonding of the first and second stage RCC to insure that the structure behaves
monolithically. Finally, planned instrumentation to monitor joint behavior is outlined.
1 - INTRODUÇÃO
O vertedouro adotado é do tipo superficial, situado na margem direita, com uma calha de
descarga de 153 m de largura e um trampolim de arremesso das vazões num poço de
amortecimento escavado em rocha. O vertedouro foi projetado com 12 comportas
segmento, com lâmina máxima de sangria de 11 m e capacidade de escoar uma vazão de
até 12.345 m3/s.
Em junho/2000 o rio Jaguaribe foi fechado com uma seção parcial do maciço e acumulou
um volume de cerca de 100 milhões de m3, aliviando o gerenciamento do abastecimento
da RMF. A partir daí a obra passou a se desenvolver em um ritmo cada vez mais lento,
sofrendo inclusive paralisação total por falta de dotação orçamentária. No final do primeiro
trimestre de 2001 a obra, com recursos financeiros assegurados, reiniciou-se com plena
produção.
O desvio do rio e as etapas construtivas neste projeto básico consistiam numa seqüência
de 3 fases que permitiriam o fechamento do rio em janeiro/2001 (ver Figura 2). Na fase I,
entre outubro/1999 e julho/2000, seriam construídas ensecadeiras entre a tomada d’água
e a calha atual do rio, permitindo a construção do maciço de CCR até a cota 63,0 m.
Nessa fase o rio transcorreria normalmente pela calha atual.
Na fase III, a partir de janeiro/2001, com o desvio sendo feito de forma contínua pela
galeria da tomada d’água, executaria-se o maciço de CCR em toda a extensão projetada.
A seção central do maciço seria construída com um rebaixo para segurança num possível
galgamento durante a estação chuvosa.
Após a entrega do Projeto Básico a situação do sistema de abastecimento da RMF
mostrou-se extremamente crítica devida a pequena recarga recebida no período chuvoso
de 1999, como pode ser vista no Quadro 1, antevendo-se que haveria uma total
dependência da vazão transportada do rio Jaguaribe, via “canal do trabalhador”.
No entanto, para atendimento dessa meta seria necessário produzir e lançar 2.500m3 por
dia e as centrais de britagem (70 t/h) e concreto(600 m3/dia) existentes na obra não
apresentavam capacidades suficientes. A aquisição, instalação e entrada em operação
das novas centrais programadas para a obra demandariam um tempo incompatível com o
cronograma estabelecido. O consórcio projetista foi então solicitado pela SRH-CE e
DNOCS para alterar a concepção das etapas construtivas e do sistema de desvio do rio
estabelecida no projeto básico, considerando as produções das centrais existentes na
obra até abril/2000 e, a partir de maio/2000, a entrada em operação das novas centrais
com produção máxima de 300 t/h de agregados pétreos e 2.500 m3/dia de CCR.
4ª etapa: Prevista para iniciar em maio/2000, quando a vazão de jusante do rio estaria
garantida pela operação da comporta da descarga de fundo. A partir dessa fase a
barragem de CCR seria executada em seção plena em toda a sua extensão, excetuando-
se o trecho entre estacas 24 e 25, que deveria ser alteado no início da estação chuvosa
de 2001, quando a descarga de fundo seria desativada.
Faz-se oportuno salientar que esta seqüência construtiva, explicitada nas fases do projeto
executivo, não foi colocada integralmente em prática face as produções requeridas não
terem sido alcançadas. No entanto, em junho/2000 o rio foi fechado e estabelecido o
estratégico reservatório desejado, com uma seção parcial de CCR funcionando como
seção vertedoura.
No Brasil o emprego de CCR para alteamento de barragens de gravidade não tem relato
nos meios técnicos e é do conhecimento dos autores apenas o caso da barragem do
Estreito, situada no rio Boa Esperança no Piauí, projetada pelo DNOCS para uma
acumulação de 11 milhões de m3, que foi iniciada em pedra argamassada até cerca de
5,0 m de altura e prosseguida por mais 2,0 m de altura em CCR com agregado de seixo
rolado, quando foi paralisada por falta de dotação orçamentária. Nos Estados Unidos
tivemos noticias de alteamento e reforço com CCR nas barragens de concreto
convencional de Little Rock e Gibralter e no projeto de elevação em 25 m da barragem de
San Vicente.
Um caso interessante, reportado por Levis, P. ,“et al” (2), foi o ocorrido na usina
hidrelétrica de Salto Caxias, que para antecipação da segunda fase de desvio, com o rio
passando pelas adufas, e para atendimento do cronograma de remanejamento da
população da área do futuro reservatório, foi idealizada a solução de deixar um trecho da
barragem no leito do rio, com 280 m de extensão, paralisado numa cota cerca de 18 m
acima das fundações, possibilitando a descarga de parte das cheias através deste trecho
rebaixado. A seção típica deste trecho é apresentada na Figura 4. Durante os seis meses
que foi mantido este esquema a seção de CCR foi submetida a 4 galgamentos, sendo o
maior com duração de 4 dias, vazão de 5.000 m3/s e lâmina de 3,80 m. O comportamento
da barragem frente aos galgamentos foi excelente, não tendo sido identificado nenhum
efeito erosivo nas superfícies submetidas aos fluxos, que foram executadas com um CCR
com teor de cimento de 150 kg de cimento/ m3 , ou seja 50 % superior ao empregado no
maciço. Os degraus de jusante foram executados em concreto convencional e não
apresentaram desgastes significativos. Os cuidados e o tratamento aplicado na junta
longitudinal não foram citados.
Pimenta, G.V. e Andriolo, F.R. (4) relatam o planejamento adotado nas obras da
barragem Capanda, em Angola, com uma altura máxima de 110 m, comprimento da crista
de 1.200 m e um volume de CCR de 757.000 m3, onde as fases construtivas admitiram a
possibilidade de transbordamento utilizando a própria barragem como barramento de
desvio do rio. As seis fases podem ser observadas na Figura 6, onde nota-se que as
fases 2 e 4 muito se assemelham com o caso da barragem do Castanhão. No artigo
citado os autores não explicitam se o planejamento das fases construtivas foi
efetivamente implantado, quais os galgamentos a que o CCR esteve submetido e qual o
tratamento aplicado na junta longitudinal gerada na interface.
7- CONCLUSÕES
As juntas longitudinais geradas por etapas construtivas em algumas obras de CCR devem
ser objeto de cuidados específicos que assegurem a perfeita continuidade na interface
entre o maciço remanescente e o novo.
8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ANDRIOLO, Francisco Rodrigues. The use of Roller Compacted Concrete. São Paulo:
Oficina de Textos, 1998.
2. LEVIS, Paulo, MAGNAVACA, Ronaldo, MUSSI, Jorge Murad, “et al”. Esquema de
desvio do rio Iguaçu da usina de Salto Caxias e ocorrência de galgamentos
programados da barragem. III Seminário Nacional de Concreto Compactado, Foz do
Iguaçu, p. 35-42, novembro, 1998.
3. LUCENA, Antônio Madeira de, PESSOA, Francisco E. Pinheiro, CARMO, João Bosco
Moreira, “et al”. Avaliação atual e recomendações para a retomada da construção da
barragem Canoas. III Seminário Nacional de Concreto Compactado, Foz do Iguaçu, p.
397-402, novembro, 1998.