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Verlei Oliveira dos Santos*; Luiz Antônio Bressani**; Camila de Souza Dahm Smirdele***; Ricardo
José Wink de Menezes****
Resumo: A Usina Hidrelétrica Dona Francisca está localizada no Rio Jacuí, na região central do
Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil e possui uma potência instalada de 125 MW. Trata-se de
uma barragem cuja estrutura é em Concreto Compactado com Rolo, possuindo 63 m de altura
máxima e cerca de 660 m de comprimento. O enchimento do reservatório deu-se em novembro de
2000. As condições geológico-geotécnicas da fundação da UHE Dona Francisca remetem às
rochas da Formação Caturrita, constituídas predominantemente por arenitos e níveis de siltito e
argilito intercalados. Devido à preocupação com o comportamento desse tipo de fundação em
relação à estabilidade das estruturas, a UHE Dona Francisca recebeu um bom plano de
instrumentação. Nos 2 primeiros anos após o enchimento do reservatório, essa instrumentação foi
automatizada. Porém, em função da ocorrência de diversas inconsistências nas leituras dos
instrumentos, em 2003 esse processo foi substituído por leituras manuais. Apesar deste problema
inicial, o banco de dados existente, referente aos 16 anos de operação, é bastante completo e
permite uma avaliação minuciosa do comportamento da estrutura ao longo dos anos. O
monitoramento dos deslocamentos que ocorrem no corpo duma barragem é muito importante para
a verificação da segurança da estrutura, principalmente no caso da UHE Dona Francisca pelas
especificidades em sua fundação. Este trabalho apresenta os dados de deslocamentos na crista,
na fundação e diferenciais entre os blocos que compõe o corpo da barragem. O objetivo principal
é analisar a evolução destes deslocamentos ao longo dos anos e compará-los com as previsões
de projeto.
Abstract: The Dona Francisca Hydroelectric Power Plant is located on the Jacuí River, in the
central region of the State of Rio Grande do Sul, in Brazil and has an installed capacity of 125 MW.
Its structure is in Roller Compacted Concrete having 63 m of maximum height and about 660 m of
length. The reservoir has been filled in November 2000. The geological-geotechnical conditions of
the Dona Francisca dam refer to the rocks of the Formação Caturrita, predominantly composed by
sandstones and intercalated siltstone and claystone levels. The Dona Francisca HPP received a
huge instrumentation plan because of the concern with the behavior of this type of foundation in
relation to the structures stability. In the first 2 years after filling the reservoir, this instrumentation
was automated. However, due to the occurrence of several inconsistencies in the instrument
readings, in 2003 this process was replaced by manual readings. Despite this initial problem, the
existing database referring to the 16 years of operation is quite complete and allows a thorough
evaluation of the structure behavior over the years. The monitoring of the displacements that occur
in the dam body is very important to verify the structure safety, especially in the case of the Dona
Francisca HPP for the specificity in its foundation. The main goal of this work is to analyze the
evolution of these displacements over the years and to compare them with the project forecasts.
Figura 1 - Vista Panorâmica Usina Hidrelétrica Dona Francisca. Fonte: (acesso em 20/05/2017)
http://www.smad.rs.gov.br/estacoes/informacaoDaEstacao.php?codigo=85395300.
Este trabalho apresenta, de forma muito sucinta, o empreendimento e suas características
fundamentais em termos de tipo de estrutura, especificidades da fundação e instrumentos
existentes na estrutura para fins de auscultação.
Considerando-se que a avaliação geral dos deslocamentos da barragem é de fundamental
importância para verificação da estabilidade da estrutura, os objetivos principais aqui são a análise
e avaliação de deslocamentos que ocorreram na mesma e compará-los com as premissas de
projeto, tomando-se como referência as variações do Nível do Reservatório (NR) que ocorreram
ao longo deste período de 16 anos de operação.
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Antunes Sobrinho et al. (1999) caracterizou o material de fundação da barragem como sendo
composto, predominantemente, por arenitos arcoseanos de granulação fina a média, coloração
avermelhada a acinzentada, maciços ou com estratificação cruzada, encontrados em diferentes
graus de litificação, devido às variações na natureza e quantidade do material cimentante.
Entremeados aos arenitos ocorrem níveis e camadas sub-horizontais de siltitos, argilitos e
brechas/conglomerados com espessuras variando de centímetros a metros e extensão lateral de
metros a dezenas de metros. Em algumas sondagens foram amostrados siltitos e argilitos
intemperizados, apresentando características de solo, em níveis com espessura de milímetros a
dezenas de centímetros, em geral de 1 a 20 cm.
Devido à preocupação com o comportamento desse tipo de fundação em relação à
estabilidade das estruturas de concreto, a UHE Dona Francisca teve um cuidadoso projeto de
instrumentação. Nos dois primeiros anos após o enchimento do reservatório, essa instrumentação
era automatizada. Porém, em função da ocorrência de diversas inconsistências nas leituras dos
instrumentos, em 2003 o sistema foi substituído por leituras manuais. Apesar deste problema
inicial, o banco de dados existente, referente aos 16 anos de operação, é bastante completo e
permite uma avaliação minuciosa do comportamento da estrutura ao longo dos anos.
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Em todos os gráficos a seguir, foi realizada uma correlação dos deslocamentos com o nível
do reservatório (NR), a fim de se observar o comportamento do corpo da barragem frente à
variação de tal parâmetro quando da ocorrência ou não de chuvas ao longo do ano. No eixo
vertical secundário dos gráficos é fornecida uma escala com os valores de NR.
Figura 3 - Deslocamentos horizontais da crista nos blocos B17 e B21 ao longo dos 16 anos de operação da
barragem Dona Francisca.
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Figura 9 - Recalques diferenciais entre os blocos localizados no vertedouro.
5 – CONCLUSÃO
A conclusão sobre a análise geral dos dados de deslocamentos, obtidos dos 3 instrumentos
em questão, é de que o pêndulo direto está, a partir do processo de leitura manual – fase C,
sendo eficaz para auscultação dos deslocamentos de crista dos blocos B17 e B21. Os valores
estão de acordo com o previsto em projeto, apresentando uma situação dentro de um regime
“elástico” quando se observa o comportamento das amplitudes anuais dos deslocamentos em
função da variação do NR. Os dados obtidos pelos extensômetros múltiplos apresentam
consistências e indicam que o maciço rochoso da fundação ainda está em fase de estabilização,
porém já em processo final. Uma vez que as previsões de projeto para os dados dos
extensômetros estão inconsistentes, faz-se necessário rever a modelagem realizada na época de
projeto utilizando-se de softwares mais completos (pelas especificidades das fundações do local),
de modo a obter novos valores de referência para controle dos deslocamentos/deformações da
fundação. Quanto aos recalques diferenciais entre os blocos, os mesmos encontram-se,
atualmente, todos dentro do previsto em projeto e estão sendo perfeitamente absorvidos pelo
sistema de vedação instalado nas juntas.
A correlação das leituras dos instrumentos com a variação do NR ao longo do tempo se
mostra um artifício que permite a avaliação do comportamento da estrutura em seu período de
operação, evidenciando qualquer alteração que possa pôr em risco a segurança da barragem.
Desta forma, a análise conjunta dos dados dos diferentes instrumentos, em função da variação do
parâmetro NR, trata-se de um procedimento que possibilita melhorar a sistemática de auscultação
e verificação da segurança da barragem. Afinal, tem-se observado que a maioria dos instrumentos
da UHE Dona Francisca são bastante sensíveis à variação deste parâmetro.
AGRADECIMENTOS
À CEEE-RS e à DFESA pela possibilidade de divulgação destes dados sobre os
deslocamentos das estruturas em CCR da Usina Hidrelétrica Dona Francisca.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] ANTUNES SOBRINHO, J., ALBERTONI, S.C., TAJIMA, R. e MORAES, R.B. “Investigação dos
Materiais de Fundação da UHE Dona Francisca”, Anais XXIII Seminário Nacional de Grandes
Barragens, Belo Horizonte. (1999).
[2] PASTORE, E. L; CRUZ, P.T.; FREITAS JR., M.S. “Fundações de Barragens e Estruturas em
Arenito: Natureza dos Maciços e Controle de Fluxo e Erosões”. Anais XXX Seminário Nacional de
Grandes Barragens (XXX SNGB). Foz do Iguaçu. (2015).
[3] SILVEIRA, J. F. A.; MIRANDA, L. W. V. “O Comportamento da Barragem em CCR de Dona
Francisca Após 5 Anos de Operação” Anais XXVI Seminário Nacional de Grandes Barragens.
(2007).
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