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Possibilidade de deduzir o valor

recebido pelo seguro DPVAT nas ações


indenizatórias
Em virtude da Lei 6.194/74, todos aqueles que possuem veículos são obrigados a
contratar o seguro por Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de via
Terrestre, o famoso Seguro DPVAT. O referido seguro tem a finalidade de indenizar
vítimas de acidentes de trânsito causado por veículos motorizados que circulam por
terra ou asfalto.
Ou seja, toda pessoa que sobre um acidente (seja motorista, passageiro do veículo
ou pedestre) tem direito de ser indenizado – independente de quem seja culpa – por
morte, invalidez permanente ou reembolso de despesas médicas e suplementares
(Art. 3º da Lei 6.194/74).
Contudo, uma questão que gera dúvidas e, diga-se de passagem, é pouco divulgada e
conhecida, é sobre a possibilidade de abater os valores recebidos pelo seguro
DPVAT em ações indenizatórias. Explica-se.
Quando são propostas demandas indenizatórias com o intuito de ser ressarcido
pelos danos suportados, é possível deduzir do valor da condenação os valores já
recebidos pelo Autor do Seguro DPVAT.

Por exemplo, o Réu de uma ação indenizatória é condenado a pagar ao Autor, vítima
do acidente, uma indenização no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), contudo, este já
havia recebido do Seguro DPVAT uma importância de R$ 9.000,00 (nove mil reais). Essa
importância pode ser abatida da condenação e o Réu terá que pagar ao Autor apenas
R$ 1.000,00 (um mil reais).

Para que não restem dúvidas ao leitor, é oportuno destacar que a questão já foi
sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça. Veja-se:

Súmula 246 do STJ. O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização
judicialmente fixada.

Se não bastasse, esse também é o entendimento da jurisprudência pátria:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE


DANOS. ACIDENTE EM VEÍCULO DE TRANSPORTE COLETIVO. ABATIMENTO DO
VALOR DO SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT) RECEBIDO. INCIDÊNCIA DOS JUROS
MORATÓRIOS NA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. OMISSÃO VERIFICADA.
RECURSO PROVIDO. O artigo 535, do Código de Processo Civil, enuncia os requisitos
que devem ser atendidos por aquele que intenta obter a declaração de um julgado.
Inexistindo manifestação do julgado embargado sobre os argumentos deduzidos na
apelação da embargante, resta configurada a omissão capaz de ser reparada pela via
dos aclaratórios. O valor recebido a título de indenização por seguro DPVAT deve
ser abatido da condenação por danos morais e materiais, nos termos da Súmula
246 do Superior Tribunal de Justiça. Os juros de mora incidem sobre a indenização
por danos morais decorrente de relação contratual devem incidir a partir da citação
(artigo 405, do Código Civil). (TJDF, Apelação Cível 200701110206371 – Rel. Esdras
Neves, j. 19.08.2015).
Assim, é incontestável a possibilidade de abater o valor recebido a título de
indenização pelo Seguro DPVAT do valor da condenação judicial, contudo, é preciso
deixar claro que, para que a dedução ocorra, o Réu da ação indenizatória
precisa comprovar que o Autor recebeu o Seguro DPVAT, bem qual o valor auferido.

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