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RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL
VERSÃO 1.0
GUIA DE ORIENTADOR SOBRE POLÍTICAS DE
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL (PRSA) PARA
INSTITUIÇÕES DO SISTEMA NACIONAL DE FOMENTO
Índice
1) Sobre o Guia 5
2) Os desa os da Resolução nº 4.327 e o Sistema Nacional de Fomento 8
3) Passo a passo para o desenvolvimento e implementação de uma PRSA 10
Diagnóstico de sensibilidade às questões socioambientais 12
Elaboração da PRSA 17
Sistema de gerenciamento de riscos socioambientais 20
Governança 31
Relacionamento com partes interessadas 35
Plano de ação 40
4) Referências 44
5) Ficha técnica 46
6) Anexos 47
2
Apresentação
Carta BID
A
capacidade dos governos em diretas com as instituições bem como através
acessar assim como executar e de publicações como esta, que busca orientar
coordenar nanciamento inter- as instituições do Sistema Nacional de Fomen-
nacional para as questões socio- to (SNF) a implementarem políticas de res-
ambientais foram identi cados como elemen- ponsabilidade socioambiental à luz das diretri-
tos capazes de melhorar a efetividade dos paí- zes estabelecidas pela Resolução n º 4.327 do
ses na promoção do desenvolvimento susten- Conselho Monetário Nacional. O BID acredita
tável. que, dessa maneira, pode contribuir para pro-
Com essa habilidade de gerenciar e canali- porcionar um processo mais ágil e e ciente de
zar fundos públicos para o setor privado e cumprimento das novas regulamentações e,
empregar de modo e ciente o nanciamento ao mesmo tempo, consolidar uma abordagem
internacional, os Bancos e Agências Nacionais adequada do desenvolvimento sustentável,
e Regionais de Desenvolvimento poderiam ter levando em conta as particularidades do SNF.
um papel crítico na promoção do desenvolvi-
mento sustentável, do nanciamento para miti-
gação da mudança do clima e, em particular, Boa leitura!
da gestão de riscos ambientais e sociais.
O Banco Interamericano de Desenvolvi-
mento (BID) está apoiando Bancos Nacionais
e Regionais de Desenvolvimento a desenvol- Maria Netto,
verem Sistemas de Gestão de Riscos Ambien- Especialista Líder de Mercados de Capital e
tais e Sociais (SARAS) para fortalecer a miti- Instituições Financeiras, BID
gação das mudanças climáticas e promover
benefícios socioambientais. O projeto tem o
intuito de fortalecer as capacidades institucio-
nais de bancos na América Latina e Caribe
com interesse em avaliar os riscos socioambi-
entais nas suas operações e identi car novas
oportunidades de negócios que poderiam sur-
gir de um processo contínuo de entendimento
desses riscos.
Esse apoio acontece tanto em operações
3
Carta ABDE
E
m sintonia com a missão da Associa- zamos com nossos associados. Os resultados
ção Brasileira de Desenvolvimento mostram um longo caminho a trilhar no desen-
(ABDE) de contribuir para o desen- volvimento de sistemas de avaliação de riscos
volvimento sustentável do país, socioambientais, oferta de produtos e servi-
temos a satisfação de ter elaborado, em parce- ços, estruturação de governança, relaciona-
ria com o Banco Interamericano de Desenvol- mento com partes interessadas e capacitação
vimento - BID, a publicação que o (a) leitor (a) institucional. Acreditamos que o presente guia
tem em mãos. Acreditamos que ela seja um ins- signi que, assim, uma ajuda concreta para dar
trumento que ajude as Instituições Financeiras os primeiros passos nessas questões e uma fer-
de Desenvolvimento (IFDs) no processo de ali- ramenta para o aperfeiçoamento técnico das
ar, cada vez mais, os negócios à promoção da instituições nanceiras que compõem o SNF.
qualidade de vida da população e ao uso sus-
tentável dos recursos naturais. Muito obrigado,
A responsabilidade socioambiental é um cri-
tério principal à ação de nanciar e promover o Carlos Horn
desenvolvimento sustentável. Neste contexto, Presidente da ABDE
as IFDs têm um papel fundamental na condu-
ção de programas de nanciamento inovado-
res de autorregulação, gestão de risco e estru-
turantes, que promovam a sustentabilidade
ambiental e social.
Para a construção desse guia, partimos das
diretrizes da Resolução n º 4.327 do Conselho
Monetário Nacional, que determina que todas
as instituições nanceiras deverão desenvol-
ver e implementar políticas de responsabilida-
de socioambiental. Essa obrigatoriedade
representa um desa o, mas é também um fér-
til terreno de oportunidades para as institui-
ções do Sistema Nacional de Fomento - SNF.
Tais desa os e oportunidades são também
re etidos em uma recente pesquisa que reali-
4
Guia
E
ssa publicação busca ser um guia prá- desenvolvimento (IFD) do SNF;
tico para o desenvolvimento de polí- Facilitar o diagnóstico das instituições
PRSA e seus respectivos planos de ação até 31 exemplos e os casos, baseados em boas práti-
de julho de 2015 (ver Anexo I). cas nacionais e internacionais.
O guia foi desenvolvido pela Associação É importante ressaltar que a citação de
Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), com exemplos e casos não signi cam um juízo de
apoio nanceiro do Banco Interamericano de valor do desempenho de qualquer institui-
Desenvolvimento (BID) e parceria técnica da ção apresentada. Adicionalmente, os exem-
SITAWI Finanças do Bem. A construção do plos e casos citados não são exaustivos ou
conteúdo se deu a partir de pesquisa biblio- completos, caracterizando-se apenas como
grá ca, da análise de melhores práticas nacio- referências.
nais e internacionais e dos resultados da pes-
quisa realizada com instituições a liadas da Para quem esse guia é destinado?
ABDE acerca do nível de implementação de
PRSA e desa os correlatos. Esse guia é destinado prioritariamente
para representantes de IFD que estejam em
Quais são seus objetivos? fases iniciais do desenvolvimento de estraté-
gias e diretrizes de gestão socioambiental e
O guia tem como objetivos principais: que têm o desa o de elaborar e implementar
Orientar as instituições nanceiras do políticas de responsabilidade socioambiental
SNF em relação às questões socioambientais (PRSA).
5
No entanto, a publicação pode ser também Pro ssionais das áreas de risco, crédito,
relevante para os representantes das demais comercial, produtos e compliance;
instituições do Sistema Financeiro Nacional Outros pro ssionais que estejam envolvi-
6
Guia
O
setor nanceiro possui um papel estratégicas em termos de governança e
essencial na promoção de um gerenciamento de risco socioambiental.
modelo de desenvolvimento sus- O estabelecimento e implementação de
tentável que integre ganhos econô- PRSA devem ser baseados nos princípios de
micos, preservação dos recursos naturais e o relevância e proporcionalidade. Por esses ter-
desenvolvimento social. Diferentes instituições mos, entende-se, de acordo com o Banco Cen-
nanceiras no Brasil e no mundo têm avançado tral do Brasil e o texto da Resolução nº 4.327:
na proposição e adoção de protocolos, padrões O grau de exposição ao risco socioambi-
e códigos de conduta voluntários, tais como os ental das atividades e operações da instituição
Princípios do Equador e Protocolo Verde, entre (relevância);
outros. Para além das iniciativas voluntárias, o A natureza da instituição e a complexida-
sistema nanceiro também tem também sido de de suas atividades e seus produtos e servi-
impactado por regulamentações que buscam ços nanceiros (proporcionalidade).
construir padrões mínimos de gestão que con- Além de instituir princípios e diretrizes em
siderem a integração entre as dimensões eco- uma PRSA, a resolução também obriga que as
nômica, ambiental e social dos negócios. IF elaborem um plano de ação para a imple-
Um exemplo de regulamentação é a Reso- mentação de sua política. Esse plano deve con-
lução nº4.327 publicada pelo Conselho Mone- ter as ações requeridas para a adequação da
tário Nacional em 28 de abril de 2014, que esta- estrutura organizacional e operacional da ins-
belece as diretrizes a serem seguidas pelas ins- tituição, além das rotinas e procedimentos a
tituições nanceiras e outras organizações serem seguidos, todos organizados em um cro-
autorizadas a operar no Brasil pelo BCB para o nograma especí co.
estabelecimento e implementação de políti- Os conceitos que devem guiar o estabeleci-
cas de responsabilidade socioambiental mento e implementação da PRSA são resumi-
(PRSA). dos na Figura 1 a seguir.
Em linhas gerais, a resolução estabelece Um maior detalhamento de cada um des-
que uma PRSA deve explicitar os princípios e ses elementos será realizado no passo a passo
procedimentos que norteiem as ações de natu- desse guia.
7
Figura 1 Estruturação de uma PRSA e implementação
Relevância Proporcionalidade
Grau de exposição ao risco Natureza da ins tuição e a
socioambiental das a vidades e complexidade de suas a vidades e seus
operações da ins tuição produtos e serviços financeiros
Plano de ação
Conjunto de ações requeridas para implantação de uma PRSA, que incluem a
definição de obje vos, critérios, adequação da estrutura organizacional e operacional
da ins tuição, além das ro nas e procedimentos a serem seguidos, organizados em
um cronograma específico
8
2.1) A Resolução e o Sistema Nacional lizada com instituições nanceiras a liadas à
de Fomento ABDE mostram muitos desa os a serem ven-
cidos nesse sentido. Os dados mostram que,
Com a capacidade de gerar e canalizar apesar da existência de um número considerá-
recursos públicos para fomentar atividades vel de produtos e serviços nanceiros com
produtivas e por sua função nos mercados de impacto socioambiental positivo, existe ainda
crédito locais, os bancos nacionais e regionais pouca formalização e transparência das práti-
de desenvolvimento e agências de fomento cas e de políticas norteadoras de gestão de ris-
desempenham um papel fundamental na pro- co social e ambiental. Também observou-se
moção do desenvolvimento sustentável. uma estruturação ainda tímida de estratégias
A capacidade de indução desse modelo de de relacionamento com partes interessadas.
desenvolvimento torna-se ainda mais asserti- Esses e outros desa os passam então a ser
va na medida em que essas instituições nan- encarados sob o prisma da resolução do CMN,
ceiras sejam capazes de avaliar os riscos ambi- que impõe para essas instituições a tarefa de
entais e sociais de suas operações assim como contribuir para melhoria da governança, identi-
estabelecer diretrizes para guiar seu modelo car e mitigar riscos socioambientais, reduzir
de governança e de relacionamento com par- falhas de mercado como a assimetria infor-
tes interessadas. macional, melhorar os aspectos concorrenciais
Os resultados de uma recente pesquisa rea- e buscar a integração com políticas públicas.
9
Em cada uma das etapas, o leitor ou leitora
3) Passo a passo para o desen-
encontra também casos reais que ilustram os
volvimento e implementação desa os enfrentados e alguns caminhos já tri-
de uma PRSA lhados.
Para avançar nesse passo a passo, sugeri-
A seguir, você irá encontrar um roteiro com mos o estabelecimento de um grupo de traba-
seis passos para a elaboração e a implemen- lho em sua instituição, que congregue, sempre
tação de uma Política de Responsabilidade que possível, representantes das áreas de ris-
Socioambiental (PRSA). O roteiro remete aos co, crédito, comercial, produtos, regulatórias e
itens essenciais mostrados na Figura 1 do capí- conformidade (compliance).
tulo anterior.
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Figura 2 Passos para construção de uma PRSA
1
Diagnós co de sensibilidade às questões
socioambientais
Iden fique riscos e oportunidades socioambientais e
classifique sua ins tuição em termos de relevância e proporcionalidade
2
Elaboração da PRSA
Construa sua Polí ca de Responsabilidade Socioambiental
3 4 5
Gerenciamento Governança Relações com
de risco Defina a governança partes
socioambiental visando a implementação interessadas
Construa seu sistema de da PRSA
Construa ou adapte seu
gerenciamento de riscos mecanismos de
socioambientais relacionamento com
partes interessadas
6
Plano de ação
Estruture um plano de ação fac vel para integrar as ações definidas em sua PRSA
em seus processos operacionais e decisórios
11
1
Diagnóstico de sensibilidade às questões
socioambientais
classifique sua instituição em termos de relevância e proporcionalidade
Relevância
Proporcionalidade
Natureza da
ins tuição e
complexidade de suas
a vidades, produtos e
serviços financeiros
12
enquadra: alta sensibilidade às questões soci- que um teste simpli cado provê apenas uma
oambientais, média sensibilidade ou baixa sen- resposta aproximada sobre a questão. As IFDs
sibilidade. As demais etapas (3, 4, 5 e 6) serão são encorajadas a re nar este diagnóstico tra-
desenvolvidas de acordo com o grupo ao qual zendo questões especí cas que re itam os
pertence a instituição. É importante ressaltar princípios de proporcionalidade e relevância.
13
Tabela 1 – Setores de atuação
14
6) A IF enfrentou greves de colaboradores em representam mais de 1/3 da sua carteira ativa
um passado recente? (em volume)?
( ) Sim (1 ponto) ( ) Sim (2 pontos)
( ) Não (0 ponto) ( ) Não (0 ponto)
Se marcar a opção sim , pule para a pergunta
TOTAL DE PONTOS NO PRINCÍPIO 12.
RELEVÂNCIA: __ (máximo: 8 pontos)
11) Operações com valor acima de R$ 100 mil
MÓDULO 2 PRINCÍPIO DA representam mais de 1/3 da sua carteira ativa
PROPORCIONALIDADE (questões 7 12) (em volume)?
(ver Tabela 2 na página anterior) ( ) Sim (1 ponto)
( ) Não (0 ponto)
7) Um ou mais Produtos e Serviços de alta
exposição às questões socioambientais (tabe- 12)Qual o prazo médio das operações de sua
la 2) representa pelo menos 10% da carteira de instituição?
sua IF? ( ) 36 meses ou mais (2 pontos)
( ) Sim (2 pontos) ( ) Entre 12 e 36 meses (1 ponto)
( ) Não (0 ponto) ( ) De 0 a 12 meses (0 ponto)
Se marcar a opção sim , pule para a pergunta
9. TOTAL DE PONTOS NO PRINCÍPIO
PROPORCIONALIDADE: __ (máximo:
8) Um ou mais Produtos e Serviços de média 7 pontos)
exposição às questões socioambientais (tabe-
la 2) representa pelo menos 10% da carteira de Após responder as questões anteriores você
sua IF? será capaz de encontrar a classi cação de
( ) Sim (1 ponto) sua organização, usando como referência o
( ) Não (0 ponto) grá co da Figura 3. Essa classi cação será
útil para os passos seguintes desse guia.
9) Operações com valor acima de R$ 10
milhões representam mais de 1/3 da sua cartei- Posicionando sua IF na Matriz
ra ativa (em volume)?
( ) Sim (3 pontos) TOTAL DE PONTOS NO PRINCÍPIO
( ) Não (0 ponto) RELEVÂNCIA
Se marcar a opção sim , pule para a pergunta
12. 0 2 pontos: questões socioambientais
POUCO relevantes
10) Operações com valor acima de R$ 1 milhão
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3 5 pontos: questões socioambientais 0 2 pontos: produtos e serviços de MENOR
RAZOAVELMENTE relevantes volume/complexidade
Acima de 5 pontos: questões socioambienta- 3 5 pontos: produtos e serviços de MÉDIO
is ALTAMENTE relevantes volume/complexidade
Acima de 5 pontos: produtos e serviços de
TOTAL DE PONTOS NO PRINCÍPIO MAIOR volume/complexidade
PROPORCIONALIDADE
Relevância
2 5
Proporcionalidade
( ) Alta sensibilidade
( ) Média sensibilidade
( ) Baixa sensibilidade
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2
Elaboração da PRSA
Construa sua Política de Responsabilidade Socioambiental
O
estabelecimento da PRSA é um D. De nição de diretrizes para operações
passo para a construção de um internas e fornecedores;
padrão mínimo de gestão que con- E. Mapeamento de riscos e oportunidades
sidere, de forma integrada, as relacionadas a temas como mudanças climáti-
dimensões econômica, social e ambiental nos cas, biodiversidade, recursos hídricos, resídu-
negócios e a relação ética e transparente da os e controle de contaminação, ecoe ciência,
instituição com suas partes interessadas. O entre outros;
objetivo é ter maior e ciência sistêmica, apri- F. Construção de mecanismos de gerencia-
morar aspectos concorrenciais e desenvolver mento de riscos socioambientais;
a necessária integração de políticas públicas G. De nição das condições para viabilizar a
na direção do desenvolvimento sustentável. participação e o engajamento das partes inte-
Com base no texto da Resolução nº 4.327, ressadas no processo de construção da políti-
aliado ao entendimento do processo de de ni- ca estabelecida.
ção da mesma, que incluiu o cinas do BCB Todos esses tópicos serão cobertos, trans-
com IF, minutas da resolução bem como diver- versalmente, nas etapas seguintes: Gerencia-
sas apresentações em eventos nos últimos 3 mento de Riscos Socioambientais (Etapa 3);
anos, sugerimos que os itens seguintes façam Governança (Etapa 4) e Relacionamento com
parte do conteúdo da PRSA: Partes Interessadas (Etapa 5). A implementa-
A. De nição das questões principais de ção da PRSA deverá ser realizada através de
interface entre o negócio e a sociedade, inclu- um Plano de Ação (Etapa 6). Os prazos de
indo a relação com políticas públicas; entrega para a PRSA e o respectivo plano de
B. Mapeamento dos impactos socioambi- ação são 28 de fevereiro de 2015 para as insti-
entais de serviços e produtos nanceiros; tuições obrigadas a implementar o Processo
C. De nição de diretrizes de relacionamen- Interno de Avaliação da Adequação de Capital
to com clientes e usuários: critérios socioambi- (Icaap) e 31 de julho de 2015 para as demais ins-
entais de elegibilidade, aprovação e gerencia- tituições (para mais informações, consulte a
mento de produtos e dos impactos de cada Resolução no Anexo 1 desse guia).
operação; Os passos a serem seguidos nas próximas
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etapas dependem da classi cação de sensibi- PRSA pois norteia a atuação da IF, conforme
lidade de sua instituição às questões socioam- item A descrito acima.
bientais, obtida no Diagnóstico (Etapa 1). Em Os cinco itens seguintes (B a F) são ende-
cada uma das etapas serão destacadas as ati- reçados pelas diretrizes de RSA da política
vidades sugeridas às instituições de baixa, do Banco. Conjugadas com os instrumentos
média e alta sensibilidade. Importante desta- operacionais, as diretrizes orientam as ativi-
car que os casos apresentados não indicam dades da IF e permitem a aplicação de seus
endosso às práticas da IF e os exemplos são princípios.
sugestões, a serem adaptadas de acordo com Fortalecer as políticas públicas associa-
ou mais casos relacionados a IFs que já o reali- mente produtos nanceiros, metodologias e
zaram. outros instrumentos que incorporem critérios
socioambientais e contribuam em especial
Estudo de caso: BNDES para o desenvolvimento local e regional sus-
tentáveis;
A PRSA do BNDES possui quatro princípios: Fortalecer o trato da responsabilidade
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Aprimorar permanentemente o conheci- deliberação e acompanhamento da integração
mento e disseminar a cultura da sustentabili- das dimensões social e ambiental em sua
dade e da responsabilidade social e ambiental; estratégia, políticas, práticas e procedimentos.
Desenvolver parcerias e compartilhar
experiências com outras organizações, para a Por meio desse exemplo vemos que pode-
promoção da responsabilidade social e ambi- mos classi car os tópicos necessários em uma
ental e o fortalecimento da transparência, do PRSA em três grupos: princípios, diretrizes e
diálogo entre partes interessadas e da partici- engajamento com as partes interessadas. Essa
pação cidadã na gestão pública; divisão pode ser bastante útil para a redação
Adotar políticas de valorização dos da sua política. Para auxiliar, incluímos um
empregados e promoção de seu desenvolvi- modelo genérico no Anexo II desse guia.
mento pessoal e pro ssional, com ênfase no Por ser uma instituição nanceira de gran-
compromisso social, ambiental e de respeito de porte e complexidade, o BNDES possui dife-
aos direitos humanos; rentes políticas relacionadas às questões soci-
Considerar os mais modernos requisitos ais e ambientais para poder endereçar todas
de sustentabilidade nas suas instalações e ati- as especi cidades de suas operações. Além
vidades administrativas, contribuindo com a disso, também possui guias setoriais para a ori-
preservação do meio ambiente. entar o processo de aprovação de crédito (ve-
ja na seção Para saber mais desse capítulo).
Por m, a política trata da questão da viabi-
lização da participação e o engajamento das Perguntas-chave:
partes interessadas no processo de constru-
ção da política estabelecida, conforme item G. Quais são os princípios da IF em relação à res-
Para garantir a efetiva aplicação desses ção sócio e ambientalmente responsável e qua-
princípios e diretrizes, o BNDES estabelece pla- is diretrizes devem ser seguidas para alcança-
nos com rotinas de revisões e adequações de los?
suas políticas e práticas corporativas, e pro- Quais são os principais grupos de interesse
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3
Sistema de gerenciamento de risco
socioambiental
Desenvolva seu SARAS
A
construção de sistema de gerenci- riscos de perdas relacionadas às questões
amento/administração de riscos socioambientais nas atividades e operações
ambientais e sociais (SARAS) é nanceiras da instituição.
uma etapa primordial do desdo- É importante que o SARAS esteja integrado
bramento de uma PRSA efetiva. ao processo de avaliação de riscos, ainda que
Pode-se dizer que os mecanismos de seja executado por pro ssionais ou áreas
gerenciamento de risco socioambiental são diferentes. Dessa forma, evita-se retrabalho e
sistemas, rotinas e procedimentos que permi- o alongamento do processo de avaliação das
tem identi car, avaliar, monitorar e mitigar operações.
Contratação
Saras
20
Para a construção do SARAS, alguns passos sibilidade das IFDs às questões socioambien-
devem ser seguidos, utilizando a classi cação tais, de maneira cumulativa. Estes instrumen-
obtida na etapa 1, direcionadas aos diferentes tos serão discutidos e detalhados mais adian-
per s de instituição. A gura a seguir sugere te em cada uma das etapas.
os instrumentos do SARAS com base na sen-
Sensibilidade
Baixa Média Alta
Etapa
21
Etapa 1: Triagem acordo com o setor e questões geográ cas, o
que vai in uenciar nas análises e nas suas
A primeira etapa do processo de crédito é o condicionantes para aprovação da operação.
processo de triagem. De acordo com o nível de A lista de exclusão pode ser baseada em
sensibilidade da instituição nanceira às modelos já consagrados, como a seguida pelo
questões socioambientais, pode existir, BID ou IFC para transações ao redor do mun-
simplesmente, uma lista de exclusão de do. Essas condicionantes eliminatórias evitam
setores e/ou práticas não nanciados pela IFD, esforços desnecessários de avaliação na próxi-
como também uma categorização de riscos ma etapa e, em caso de instituições de maior
socioambientais das atividades do cliente, de sensibilidade, até mesmo a avaliação prelimi-
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nar de risco dessa etapa de triagem. Adicional- Etapa 2: Avaliação
mente, salvaguardam a IFD de riscos e emba-
tes de natureza socioambiental derivados das A etapa seguinte do SARAS consiste na
atividades e práticas contidas nessa listagem. Avaliação Socioambiental, que terá sua pro-
Já o sistema de classi cação de riscos fundidade e escopo determinados pelo nível
socioambientais é uma maneira de fazer uma de risco da operação, conforme a Triagem. A
avaliação preliminar dos riscos inerentes a avaliação é, basicamente, uma análise dos ris-
qualquer operação e atribuir um nível de risco cos e impactos socioambientais associados às
(alto, médio ou baixo) que vão de nir o nível atividades operacionais do possível cliente, ou
de intensidade da etapa de avaliação e a seja, uma análise mais detalhada de sua perfor-
n e c e s s i d a d e d e c o n d i c i o n a n t e s p a ra mance socioambiental, histórico, conformida-
desembolso. Para de nir esse nível de risco, de com as regulações ambientais e trabalhis-
deve-se elaborar um processo que considere o tas, práticas de gestão e questões correlatas.
tipo e volume de operação, o setor de atuação Para as IF com menor sensibilidade às ques-
do cliente e questões ligadas à geogra a, tões socioambientais, que não realizam a clas-
como força das instituições de comando e si cação preliminar de risco, é importante
controle, in uência da fragilidade do bioma possuir um processo de identi cação de riscos
local nas atividades, entre outras questões socioambientais gerais, focando nas questões
inerentes à área de atuação da IFD. da conformidade legal, especialmente aspec-
Para esse procedimento, sugerimos a utili- tos trabalhistas e licenças ambientais, e no
zação das classi cações de riscos dos setores, histórico da companhia. É aconselhável possu-
biomas e de segurança jurídica utilizados no ir diretrizes para as formas de nanciamento e
Passo 1 (tabelas 1 e 2). O volume e prazo da setores mais comuns na carteira. Um exemplo
operação também são componentes impor- de questionário é mostrado abaixo, podendo
tantes, pois dimensionam a exposição. Com as ser utilizado como base e aprimorado de acor-
respostas, ca mais fácil a classi cação da do com especi cidades da IF, demandando
operação em A (alto risco), B (médio risco) ou evidências e documentos para corroborar
C (baixo risco). Essa avaliação preliminar aju- cada tema.
dará a de nir a profundidade da avaliação da Para as instituições de média sensibilida-
Etapa 2 desse passo, bem como os pro ssio- de, é recomendado possuir roteiros de avalia-
nais responsáveis. ção setoriais e/ou temáticos, como formulári-
os e checklists, que vão facilitar a identi ca-
ção dos riscos e a determinação de condicio-
nantes na etapa posterior. Um passo adiante,
a ser seguido pelas IF de alta sensibilidade, é
a quanti cação dos riscos e oportunidades
socioambientais identi cados nessa etapa
23
Exemplo 2 – Avaliação de riscos socioambientais gerais
Informações da operação
Empresa:
Localização:
Área rural / não
Área urbana Próxima a cursos d’água
desenvolvida
Próxima a áreas de proteção Próxima a áreas de comunidades tradicionais
Setor:
Valor do desembolso e po de operação:
Descrição do projeto:
Questões ambientais
Volume de emissões atmosféricas
Alto Médio Baixo
Resíduos
Tipos de resíduos gerados:
Resíduos tóxicos? Sim Não
Des nação dos resíduos tóxicos:
Des nação de águas residuais:
Des nação de combus veis, pes cidas e outros químicos:
Energia
Principalmente fontes renováveis Principalmente fontes não‐renováveis
Água
Principalmente fontes subterrâneas Principalmente fontes superficiais
Água comprada de fornecedores
Questões sociais
Necessidade de desapropriação/deslocamento da população
Impacto em comunidades tradicionais
Impacto em áreas de proteção cultural
Protestos, processos ou representações contra o projeto
Interação com as comunidades no entorno
Sem canais para
Sem interlocutor direto Uso de força
reclamação
Questões trabalhistas
Medidas de saúde e segurança insa sfatórias
Condições de trabalho impróprias
Vínculos emprega cios impróprios
Casos de discriminação
Sem canais de ouvidoria/reclamações
Restrição à atuação dos sindicatos
24
de avaliação a depender do volume da ope- para todas as IF, podem incluir suspensão de
ração, o que pode re etir no rating de crédito desembolso, vencimento antecipado e proibi-
ou spread. Dessa forma, ca mais fácil deter- ção de novas operações, entre outras sanções
minar necessidades de mitigação e planos de contratuais.
ação para questões socioambientais priori-
tárias. O exemplo a seguir mostra um possível
formulário de avaliação de riscos para o setor Exemplo 4 Condicionantes de desembolso
de mineração. da Caixa Econômica Federal
A utilização de uma consultoria externa
pode ser indicada para os projetos de maior
volume nanceiro e alto risco, embora não Em todos os casos deve haver um acompa-
seja obrigatória. nhamento periódico das questões socioambi-
entais identi cadas na operação, com o espa-
Etapa 3: Contratação ço de tempo variando de acordo com o volu-
me e risco das operações. Além disso, uma das
Após identi car e avaliar riscos e oportuni-
dades socioambientais nas operações, é fun-
damental estabelecer condicionantes contra-
A CEF só concederá crédito para a empre-
tuais que incentivem os clientes a gerenciar
seus riscos. Um modo de realizar essa tarefa é sa instalada no Bioma Amazônia mediante
demandando melhores práticas setoriais dos garantias de que as atividades nanciadas
tomadores de crédito o que pode ser parte não contribuem para o desmatamento ilegal
A CEF só concederá crédito para a ativida-
da política de crédito geral, para IF de menor
sensibilidade, ou das diretrizes setoriais ou de ou o empreendimento potencialmente ou
temáticas especí cas mencionadas na etapa efetivamente poluidor mediante a apresen-
anterior para as IF de maior sensibilidade. tação de licenças ambientais
A CEF só concederá crédito para a ativida-
Adicionalmente, para as IF de média sensi-
bilidade, a inclusão de metas quantitativas de ou o empreendimento que utilize recur-
para diferentes questões socioambientais nas sos naturais mediante a apresentação de
cláusulas contratuais torna o processo mais licenças ambientais
A CEF só concederá crédito para o projeto
tangível e de mais fácil acompanhamento. Por
último, para as IF de alta sensibilidade, deve de saneamento/infraestrutura mediante a
haver, além dos indicadores, a elaboração de apresentação das medidas mitigado-
um plano de ação detalhado para aquelas ras/compensatórias levantadas durante a
questões consideradas prioritárias e de alto etapa de avaliação
impacto social e ambiental.
Fonte: Site Sustentabilidade Caixa
Os mecanismos de penalização, comum
25
Exemplo 3 – Avaliação de riscos socioambientais para o setor de mineração
Informações da operação
Empresa:
Setor: Mineração
Valor do desembolso e po de operação:
Descrição do projeto:
Questões ambientais
Água
Nível de estresse hídrico na região de operação
Alto Médio Baixo
Biodiversidade
Nível de fragilidade do bioma da região da operação
Alto (Amazônia) Médio (Cerrado, Pantanal) Baixo (outros)
Possui licenças ambientais? Sim Não
Nível de segurança jurídica na região de operação (validade das licenças ambientais)
Baixo (inseguro) Médio (razoavelmente seguro) Alto (seguro)
Emissões e resíduos
Nível de emissões atmosféricas
Alto Médio Baixo
Possui processos por emissões atmosféricas
Sim Não
elevadas?
Descreva:
Possui processos por contaminação de cursos
Sim Não
d’água?
Descreva:
Possui processos por contaminação do solo? Sim Não
Descreva:
Questões sociais
Necessidade de desapropriação/deslocamento da
Sim Não
população?
Proximidade a áreas de comunidades tradicionais? Sim Não
Proximidade a áreas de proteção cultural? Sim Não
Possui licenças sociais? Sim Não
Nível de segurança jurídica na região de operação (validade das licenças sociais)
Baixo (inseguro) Médio (razoavelmente seguro) Alto (seguro)
Protestos, processos ou representações contra o
Sim Não
projeto?
Descreva:
Possui canais de comunicação com as comunidades do
Sim Não
entorno?
Quais?
Interlocutor direto Ouvidoria
Uso de força contra as comunidades? Sim Não
Questões trabalhistas
Medidas de saúde e segurança insa sfatórias? Sim Não
Condições de trabalho impróprias? Sim Não
Vínculos emprega cios impróprios? Sim Não
Casos de trabalho escravo? Sim Não
Casos de discriminação? Sim Não
Possui canais de ouvidoria/reclamações para trabalhadores? Sim Não
Permite ação dos sindicatos? Sim Não
Possui processos trabalhistas relacionados ao projeto? Sim Não
Descreva:
27
exigências da Resolução nº 4.327 é que toda IF De nição de responsabilidades na constru-
mantenha um banco de dados referente às ção e aplicação do SARAS
perdas decorrentes das questões sociais e
ambientais pelo período mínimo de 5 anos Além de seguir os passos para elaborar um
contados de sua identi cação. sistema de gerenciamento de riscos socioam-
Na prática, isso signi ca que as IF devem bientais, é necessário de nir um responsável
registrar, no mínimo, segundo auto-regulação ou uma equipe dedicada e com responsabili-
da Febraban, o valor estimado da perda prove- dades bem delineadas para que o SARAS seja
niente de causa socioambiental, a natureza da incorporado aos processos e rotinas da IF.
ação ou processo administrativo, o local da Para todas as instituições é necessário
tramitação e o objeto da lide ou seja, a razão que haja, no mínimo, um diretor responsável
do litígio. pela supervisão do SARAS. Este diretor pode
Para as IF de média sensibilidade, dada a também participar de outras instâncias de
existência de metas quantitativas nos contra- governança, como o Comitê de Sustentabili-
tos, é necessário também que haja indicadores dade, o Comitê de Crédito ou a própria Dire-
padrão para comparação, assim como relato toria Executiva, dependendo da estrutura de
periódico pelos clientes. A realização de visi- governança da IF (ver próximo capítulo). É a
tas de monitoramento é vital para um acompa- ele que o coordenador socioambiental,
nhamento efetivo. incumbido de desenvolver e supervisionar o
Para as IF de alta sensibilidade, a transpa- SARAS, deve reportar. Este último pode per-
rência aparece como um componente impor- tencer a um departamento de gerência de
tante. Por lidar com operações de alto volume riscos especí co para as questões socioam-
nanceiro e possuir uma carteira mais exposta bientais ou estar dentro da gerência geral de
aos riscos socioambientais, os clientes devem riscos.
ser incentivados a elaborar relatórios públicos Para instituições maiores, com número e
sobre seu desempenho socioambiental. De volume de operações mais altos, é indicada a
posse destes, a IF pode divulgar informações designação de um pro ssional especializado
agregadas sobre o processo de tomada de nas questões socioambientais voltado para o
decisão e o desempenho socioambiental dos apoio e manutenção das operações,. Esse
clientes. Estando submetidos ao sigilo bancá- coordenador de riscos socioambientais
rio, esse reporte pode se dar através da descri- terá como dever supervisionar a aplicação do
ção de casos emblemáticos e análises consoli- sistema nas operações da IF e apoiar análises
dadas sobre a aplicação das condicionantes em casos complexos ou de alto risco, além de
socioambientais. garantir a capacitação dos pro ssionais não
especializados das áreas comercial e de cré-
dito. É possível que haja um coordenador em
cada uma das diferentes áreas do banco,
26
Exemplo 6 Equipe dedicada em IF de média/alta sensibilidade
Supervisão
Execu vo
(Comitê, diretoria)
Gerenciamento
Gerência de riscos
(Analistas, Comitê de Crédito,
Comitê Socioambiental)
Coordenadoria Coordenadoria
Socioambiental Socioambiental
(Crédito) (Jurídico)
Operação
Crédito Crédito
(suporte – departamento jurídico,
(operadores, gerentes) processamento)
29
reportando para o gerente geral de risco ou processo de originação, avaliação e acompa-
ao Comitê de Crédito. nhamento das operações estejam treinados
Existem diversas formas organizacionais nessas questões e compreendam plenamente
possíveis, e a seguir veremos dois exemplos. o funcionamento do sistema, trabalhando pró-
Mais importante que o modelo organizacional ximo ao coordenador socioambiental da IF ou
é que todos os colaboradores envolvidos no da área responsável.
Supervisão
Execu vo
(Comitê, diretoria)
Gerenciamento
Gerência de riscos
(Analistas, Comitê de Crédito – inclui
Coordenador Socioambiental)
Operação
Crédito
(operadores, gerentes)
28
Estudos de Caso: Itaú e BicBanco Perguntas-chave:
Os casos a seguir são de instituições de dife- Que setores/práticas não são ou não deve-
rentes portes. O Itaú é uma grande IF operações riam ser nanciados pela IF?
diversi cadas no atacado e no varejo, enquanto Quais são os temas/questões socio-
o BicBanco, de médio porte, é mais voltado ambientais que a IF tem de lidar com mais
para operações de middle market e atacado. frequência?
O Itaú possui mais de 20 pro ssionais socio- Quais são os setores com maior participação
ambientais dedicados, alocados diretamente em na carteira e que devem ser priorizados na
áreas de crédito (varejo, middle market, atacado, elaboração de diretrizes e ferramentas?
imobiliário e veículos) e áreas suporte (complian- A IF possui documentos padrão para acom-
ce). Já o BicBanco 2 possui 2 pro ssionais dedi- panhamento de cláusulas especí cas nos
cados, que são responsáveis por todas as análi- contratos?
ses de risco socioambiental do banco. A IF pretende divulgar informação sobre suas
operações de crédito?
Que pro ssionais/áreas serão responsáveis
pela elaboração, implementação e manuten-
ção desse sistema? sistema?
Polí cas setoriais para setores de mais alto Ques onários setoriais específicos
risco Operações acima de R$ 18 milhões e de alto
Avaliação Polí cas temá cas (direitos humanos, meio risco recebem uma avaliação mais profunda
ambiente, biodiversidade) Conformidade com legislação e licenças
Conformidade com legislação e licenças
30
4
Governança
Defina sua estrutura de governança, papéis e responsabilidades
P
ara que haja sucesso no desenho e tes têm suas funções explicadas na tabela a
implementação de uma PRSA, é fun- seguir. Trata-se de um exemplo abrangente,
damental que sejam estabelecidas as cujas partes e suas respectivas atribuições
bases para a governança do proces- podem ser organizadas de diferentes formas.
so, ou seja, quem participa, instâncias de deci- Mais adiante nesse capítulo, veremos como as
são, processos, atribuições e responsabilida- IF, de acordo com seu nível de sensibilidade às
des. A gura abaixo mostra uma estrutura de questões socioambientais, podem de nir sua
governança genérica, cujas partes componen- estrutura de governança a partir dessas peças.
Conselheiros externos
Operacional (consultores, especialistas) Suporte
Comitê execu vo
3º nível
Departamento de
auditoria interna
Crédito Crédito
1º nível
(operadores, gerentes) (departamento legal,
processamento de operações)
31
Tabela 3 Funções das entidades componentes da governança
32
Com base na classi cação de sensibilidade às melhores práticas do mercado visando dife-
questões socioambientais de sua instituição, rentes per s de instituições, contudo não
apresentamos a seguir diferentes modelos de representam uma visão exaustiva, ou seja, não
estruturação da governança. Esses possíveis cobrem todas as possibilidades.
formatos de governança são baseados nas
33
Casos: Banco do Brasil e Banco da Amazônia
gerenciamento de riscos.
A responsabilidade nal pela avaliação e monitoramento dos riscos sociais e ambientais
Perguntas-chave
Existe atualmente alguma estrutura interna que trate de temas socioambientais, mesmo
que de forma não exclusiva?
Como funcionam as estruturas atuais de gestão de risco e crédito? A quem essas
34
5
Relacionamento com partes interessadas
Construa ou adapte seus mecanismos de relacionamento com
partes interessadas
U
ma Política de Responsabilidade
Socioambiental deve prever a cons-
trução ou adaptação de processos
de engajamento com as partes
interessadas. Como já mencionado, as partes
interessadas são os indivíduos e organizações
que são impactadas e que impactam a institui-
ção: clientes, colaboradores, comunidades,
fornecedores, poder público, entre outras.
Esse capítulo possui dois focos: o envolvimen-
to das partes interessadas na construção da
PRSA e o engajamento com estas durante o
curso normal das operações das IFD.
Inicialmente, listaremos as recomendações
para a redação de uma PRSA levando em
conta as partes interessadas.
35
Tabela 5 Relacionamento com partes interessadas na construção de uma PRSA
Iden ficação das necessidades Consulta ao Ministério Público Realização de consultas com
Comunidades
da PRSA acompanhamento de
- indicadores, o que pode afetar
os obje vos da PRSA
36
Tabela 6 Engajamento com partes interessadas
Recomendações
Recomendaçõesgerais
gerais Recomendações adicionais
Baixa sensibilidade Média sensibilidade Alta sensibilidade
Possuir canais estruturados de Realização de pesquisas Realização de diálogo
atendimento e escuta (presenciais e que meçam o índice de periódico e atendimento
Clientes
eletrônicos), assim como resolver as sa sfação dos clientes e que tempes vo às solicitações
demandas e reclamações possam iden ficar de órgãos de defesa do
com agilidade e melhoria oportunidades de melhoria consumidor
con nua de processos
Desenvolvimento de
canais e Ombudsman,
garantam a isenção e o
anonimato, para o
recebimento de sugestões,
reclamações e denúncias
dos colaboradores
de gestão de fornecedores
fornecedores com o
‐ obje vo de garan r o
emprego das melhores
prá cas socioambientais
na cadeia produ va
37
C ase: Bradesco e Banco do Nordeste
Adesão ao CDP, Princípios do Equador, PRI entre Signatário do Pacto Global e Protocolo
outros Verde
Geral
38
Perguntas-chave
39
6
Plano de ação
Estruture suas ações para implantação da PRSA
T
ão importante quanto construir sensibilidade. Trata-se de um modelo bem
uma Política de Responsabilidade abrangente, considerando a inexistência de
Socioambiental (PRSA) é ter um ações anteriores.
plano para sua implementação. É importante lembrar que a resolução
Para isso, é preciso de nir ações e responsabi- CMN nº 4.327 indica uma revisão da PRSA a
lidades divididas em uma escala de tempo. cada cinco anos. Portanto, sugerimos que o
A construção de um plano de ação é, por- Plano de Ação dê conta de implementar
tanto, o processo de planejamento do con- todos os aspectos da PRSA nos três primei-
junto de ações requeridas para implantação ros anos, de maneira que a IFD já possa ope-
de uma PRSA, de nidas em todas as etapas rar por, pelo menos, dois anos dentro do ciclo
anteriores desse guia. O plano deve prever em conformidade.
igualmente processos de avaliação, monito- Dada a natureza pública das IFD, a contra-
ramento, revisão e adequação, além de res- tação de programas de capacitação, consul-
ponsáveis e prazos. tores especializados, serviços de informação
A complexidade do plano irá depender da e análise, entre outros itens, pode ensejar pro-
classi cação de cada instituição, decorrente cessos que demandam prazos dilatados. É
do processo estabelecido nas etapas anteri- recomendável que as IFD, além de utilizar
ores, bem como seu ponto de partida, ou este guia, busquem colaborar entre si para
seja, a existência anterior de práticas de res- acelerar o processo.
ponsabilidade socioambiental. O Plano de Ação deve ser entregue em
A seguir apresenta-se um modelo de Pla- conjunto com a PRSA de acordo com as datas
no de Ação genérico com as atividades estabelecidas na Resolução nº 4.327 (ver
designadas nos passos anteriores, a ser adap- Anexo I).
tado para as especi cidades de cada nível de
40
Planejamento da implementação das ações previstas na PRSA
Atividades:
Criação de gerências, coordenações, comitês ou atribuição de responsabilidades em
estruturas já existentes.
Processo de contratação, se necessário.
Revisão dos processos.
Capacitação dos envolvidos.
Atividades:
Elaboração da lista de exclusão e/ou processo de categorização de operações.
Elaboração do processo de avaliação e/ou políticas socioambientais setoriais.
De nição de metas/indicadores padrão para questões socioambientais.
Desenvolvimento do banco de dados de perdas socioambientais.
De nição de condicionantes contratuais e mecanismos de penalização padrão.
De nição de responsabilidades para aplicação e manutenção do SARAS.
Aprovação pelo Comitê Executivo.
41
Instância de aprovação: Comitê Executivo.
² Uma possibilidade é a implementação gradual para de nir prioridades e estabelecer condicionantes socioambientas
para operações acima de R$ 10 milhões (ano 1), acima de R$ 5 milhões (ano 2) e assim por diante.
42
Instância de aprovação: Comitê Executivo.
Implementação do SARAS
Elaboração dos processos de engajamento
com partes interessadas
Revisão e monitoramento da PRSA
43
4) Referências
EIRIS. Forum on responsible banking and best practice for ESG teams. <
http://www.eiris.org/>. Último acesso em outubro de 2014.
FIRST FOR SUSTAINABILITY. Environmental and social risk by industry sector. <
http:// rstforsustainability.org/risk-management/understanding-environmental-and-social-
risk/risk-by-industry-sector/>. Último acesso em outubro de 2014.
44
WWF. Environmental, social and governance integration for banks: a guide to starting
implementation. <
http://d2ouvy59p0dg6k.cloudfront.net/downloads/wwf_environmental_social_governance_ban
ks_guide_report.pdf>. Último acesso em outubro de 2014.
45
5) Ficha técnica
CONTEÚDO TÉCNICO
REALIZAÇÃO
PATROCÍNIO
46
6)Anexos
O Banco Central do Brasil, na forma do art. 9º da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, torna
público que o Conselho Monetário Nacional, em sessão realizada em 24 de abril de 2014, com base
no disposto nos arts. 4º, incisos VI e VIII, da referida Lei, 2º, inciso VI, e 9º da Lei nº 4.728, de 14 de
julho de 1965, 20, § 1º, da Lei nº 4.864, de 29 de novembro de 1965, 7º da Lei nº 6.099, de 12 de setem-
bro de 1974, 1º, inciso II, da Lei nº 10.194, de 14 de fevereiro de 2001, 1º, § 1º, e 12, inciso V, da Lei Com-
plementar nº 130, de 17 de abril de 2009, e 6º do Decreto-Lei nº 759, de 12 de agosto de 1969,
RESOLVEU:
CAPÍTULO I
DO OBJETO E DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre as diretrizes que, considerados os princípios de relevância e
proporcionalidade, devem ser observadas no estabelecimento e na implementação da Política de
Responsabilidade Socioambiental (PRSA) pelas instituições nanceiras e demais instituições auto-
rizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
47
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Art. 2º A PRSA deve conter princípios e diretrizes que norteiem as ações de natureza socioambi-
ental nos negócios e na relação com as partes interessadas.
§ 1º Para ns do disposto no caput, são partes interessadas os clientes e usuários dos produtos e
serviços oferecidos pela instituição, a comunidade interna à sua organização e as demais pessoas
que, conforme avaliação da instituição, sejam impactadas por suas atividades.
§ 2º A PRSA deve estabelecer diretrizes sobre as ações estratégicas relacionadas à sua gover-
nança, inclusive para ns do gerenciamento do risco socioambiental. Resolução nº 4.327, de 25 de
abril de 2014
I - conglomerado nanceiro; e
§ 5º A PRSA deve ser objeto de avaliação a cada cinco anos por parte da diretoria e, quando hou-
ver, do conselho de administração.
CAPÍTULO III
DA GOVERNANÇA
§ 1º A estrutura de governança mencionada no caput deve prover condições para o exercício das
seguintes atividades:
48
I - implementar as ações no âmbito da PRSA;
§ 3º Na hipótese de constituição do comitê a que se refere o § 2º, a instituição deve divulgar sua
composição, inclusive no caso de ser integrado por parte interessada externa à instituição.
CAPÍTULO IV
DO GERENCIAMENTO DO RISCO SOCIOAMBIENTAL
Art. 4º Para ns desta Resolução, de ne-se risco socioambiental como a possibilidade de ocor-
rência de perdas das instituições mencionadas no art. 1º decorrentes de danos socioambientais.
Resolução nº 4.327, de 25 de abril de 2014
Art. 5º O risco socioambiental deve ser identi cado pelas instituições mencionadas no art. 1º
como um componente das diversas modalidades de risco a que estão expostas.
I - sistemas, rotinas e procedimentos que possibilitem identi car, classi car, avaliar, monitorar,
mitigar e controlar o risco socioambiental presente nas atividades e nas operações da instituição;
49
III - avaliação prévia dos potenciais impactos socioambientais negativos de novas modalidades
de produtos e serviços, inclusive em relação ao risco de reputação; e
Parágrafo único. Independente da exigência prevista no caput, procedimentos para identi ca-
ção, classi cação, avaliação, monitoramento, mitigação e controle do risco socioambiental podem
ser também adotados em outras estruturas de gerenciamento de risco da instituição.
CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 9º As instituições mencionadas no art. 1º devem estabelecer plano de ação visando à imple-
mentação da PRSA.
Parágrafo único. O plano mencionado no caput deve de nir as ações requeridas para a adequa-
ção da estrutura organizacional e operacional da instituição, se necessário, bem como as rotinas e
os procedimentos a serem executados em conformidade com as diretrizes da política, segundo
cronograma especi cado pela instituição.
Art. 10. A PRSA e o respectivo plano de ação mencionado no art. 9º devem ser aprovados pela
diretoria e, quando houver, pelo conselho de administração, assegurando a adequada integração
com as demais políticas da instituição, tais como a de crédito, a de gestão de recursos humanos e a
de gestão de risco. Resolução nº 4.327, de 25 de abril de 2014
Art. 11. As instituições mencionadas no art. 1º devem aprovar a PRSA e o respectivo plano de
ação, na forma prevista no art. 10, e iniciar a execução das ações correspondentes ao plano de ação
segundo o cronograma a seguir:
50
I - até 28 de fevereiro de 2015, por parte das instituições obrigadas a implementar o Processo
Interno de Avaliação da Adequação de Capital (Icaap), conforme regulamentação em vigor; e
Art. 13. O Banco Central do Brasil poderá determinar a adoção de controles e procedimentos
relativos à PRSA, estabelecendo prazo para sua implementação.
Este texto não substitui o publicado no DOU de 28/4/2014, Seção 1, p. 22, e no Sisbacen.
51
Anexo II Modelo de Política de Responsabilidade Social e Ambiental
A seguir, um modelo genérico para uma PRSA, devendo ser adequado à natureza e sen-
sibilidade da IF e suas idiossincrasias.
52
Incentivar e promover o engajamento com todas as partes relacionadas clientes, cola-
boradores, comunidades, fornecedores, poder público e outros para a disseminação e
desenvolvimento de conhecimento, práticas e políticas públicas voltadas para a susten-
tabilidade.
53