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1 - Estudante: Sinto que preciso de algo adequado para eu conseguir ouvir o

Espírito Santo. Acredite, o "cara" (ego) é tão encardido que achou jeito de
aborrecer com esta ideia: "Você está de férias e não consegue relaxar, porque
o que queria era ficar quieta com o "seu Jesus", e com essa casa cheia de
gente, não vai conseguir... blá-blá-blá... e nem consegue terminar seus
afazeres domésticos, do tipo arrumar as suas coisas pessoais... e as meninas
que trabalham com você também não lhe deixam quieta... Como vai ficar em
quietude se nem tem paciência pra ficar parada você tem...” Eu queria fazer
tantas coisas nessas curtas férias! Ai, ai, ai, ai... Ele não para de falar e não
estou conseguindo ouvi-Lo... E o pior é estar com uma dor de cabeça desse
tamanho... Com primos que não via há oito anos! Ninguém para de falar, de
cozinhar e me pedir onde estão as coisas... E ainda tem a culpa de me sentir
incomodada: "Faz oito anos que você não os vê, são só esses poucos dias..."
Vou te contar... esse coisinho chamado ego acha cada brecha! Bem, penso
que esses minutos aqui, escrevendo, serão suficientes para eu me lembrar da
Verdade, e que o resto o Pai faz, é isso? Eu só precisava entender, não é?

Grupo Mera: O papel do ego é esse mesmo: azucrinar! O seu é escapar dele...
Sabemos que não é fácil.

Mas tentemos ir passo a passo. Primeiro lembre-se de não resistir ao falatório.


Pense, fale, ou escreva “é isso mesmo, fiz uma burrice em tentar reencontrar
essas pessoas estando tão cansada. Sim, eu mesma sabotei minhas férias.
Sim, estava com saudade deles, mas estou cansada. Isso não tem nada a ver
com não amá-los”.

Vá enumerando todos os recados. Mas não se esqueça de incluir o “sim, nesse


estado não consigo ouvir o Jesus, MAS ele está aqui!”

Você está, a cada dia, mais atenta a distinguir a voz do ego, por isso ele se
agita mais também. Não se preocupe. Seja mais gentil consigo mesma, que as
pessoas à sua volta serão “atingidas” por essa mesma gentileza.

Dê-se o direito de um descanso. Seu ego não conta, mas o auto-ódio fica
presente quando não nos damos o direto de descansar. Uma grande maioria
de nós aprendeu assim, mas agora pode aprender a fazer de modo diferente,
sem raiva e sem culpa.

Se você não se esforçar, vai distinguir a Voz do Espírito Santo logo.


Lembrando: Ele sempre sugerirá cuidar de si mesma, o que não será feito em
detrimento de cuidar dos “outros”. Quando somos gentis conosco, somos
gentis com as outras pessoas.

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2 - Estudante: Conheço UCEM há muito tempo, desde 2000. No começo deste
ano comecei a fazer os exercícios, ler o livro e li O Desaparecimento do
Universo que, assim como o UCEM diz que tudo o que percebemos neste
universo é uma criação da mente separada, certo? Uma pessoa de Portugal
fazendo uma introdução ao UCEM, disse que a física quântica "encontrou
Deus" dentro do átomo e que é essa substância dentro do átomo que estamos
"procurando" através de UCEM. Perguntei a um grupo virtual se isso procedia,
se a física quântica havia encontrado Deus dentro do átomo, então Deus era
perceptível pela ciência... Como sempre, este grupo falou, falou, falou e falou,
mas não disse nada, fiquei desanimado e parei de estudar UCEM.

Grupo Mera: Um Curso em Milagres não pode ser "adaptado" aos


conhecimentos que o mundo propõe porque ele justamente reverte toda nossa
maneira de pensar. Isso realmente confunde muitas pessoas que são sinceras
em seu propósito de estudar/aprender ou ensiná-lo.

Não é muito fácil explicar em poucas palavras a sua pergunta, mas vamos
tentar. Deus ESTÁ no átomo, mas não "foi encontrado" lá. A física quântica,
outras partes da ciência e muitas filosofias tentam achar essa explicação desde
sempre. O Curso ensina que "Deus está em tudo o que eu vejo, pois Deus está
em minha mente” (UCEM-LE-pI.30).

Em nosso curso de facilitação demoramos em torno de quatro horas em


nossas aulas no módulo 1 para falar sobre isso. Nossa metodologia pra ensinar
esse Curso tem muitos anos e, pela nossa experiência, é o passo a passo com
a teoria e a prática dele que traz uma compreensão mais segura. No entanto,
vamos tentar ser breves aqui.

O Curso se resume em dizer que a única realidade é Deus (ele diz Deus é e
nada mais é). Diz que Ele tem um filho apenas - extensão de Sua Mente – que
é Amor. Diz que Seu filho único, por causa de uma ideia insana e
completamente impossível (a "diminuta e louca ideia") pensa que está
separado Dele e de seu próprio Ser. Acreditar nessa pequena e ilusória ideia
faz o filho "ver" um mundo de formas e "ver" a si mesmo como muitos - nós
mesmos como corpos e nossos irmãos como outros corpos separados. Mas, se
Deus é e nada mais é, então, tudo o que pensamos ver separado é uma ilusão,
um sonho de separação.

O que importa para o Curso, mais do que entendermos sua metafísica, é nos
ajudar a treinar nossas mentes para entendermos que a separação é

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impossível. E isso PRECISA ser passo a passo. Nossas mentes retornam à
sensação de segurança e paz; e com certeza não estão assim enquanto
pensamos que vivemos neste mundo. A sensação de se estar seguro no dia a
dia é que pode nos fazer "entender" que Deus está em tudo, mas jamais em
algum lugar específico porque Ele é Amor e o Amor sempre pode estar onde é
chamado.

Ainda sobre Deus, o Curso é bastante claro em dizer que o máximo que
conseguiremos falar ou pensar, é sobre Sua Natureza.

3 - Estudante: Olá, amigos. Mais uma vez recorro a vocês para dissipar
minhas dúvidas. No texto do livro capítulo 12, O currículo do Espírito Santo,
seção III, “O investimento na realidade”, parágrafo 4: "Reconhece o que não
importa e se os teus irmãos te pedem algo ‘ultrajante’, faze, precisamente
porque não importa

(...). Contudo, foi apenas tu que fizeste com que o pedido fosse ultrajante e
todo pedido de um irmão é para ti”. Não entendi a utilização da palavra
"ultrajante" e por isso o texto ficou incompreensível para mim. Ajudem-me, por
favor. Obrigada e um grande abraço amoroso.

Grupo Mera: Sempre tenha em mente que o Curso fala conosco em dois
níveis. Em um, ele fala das coisas do mundo e como vamos caminhando com
os milagres aqui. No outro, como no caso da parte que você pergunta, ele fala
sobre a sua metafísica: o mundo é uma ilusão, portanto, não existe.

A palavra “ultrajante” se refere a qualquer coisa que uma pessoa insista que
devamos fazer e nós nos recusamos (interesses opostos). Quando ela insiste,
ela realmente pensa que a realização disso a “salva” de alguma maneira.
Quando nós a contrariamos, é porque acreditamos que o contrário nos salva de
alguma maneira. Jesus está dizendo que fazer ou não fazer, na realidade
(Céu), não importa. Mas que podemos entender essa “dinâmica” entre o pedido
de salvação dessa pessoa e a nossa tentativa de sermos salvos com a recusa
em atendê-la – ambos os casos, ilusórios. O pedido de salvação de algum
irmão é, na verdade, o nosso próprio pedido, mesmo quando as formas são
aparentemente opostas. Pois nós já estamos salvos, então, a necessidade
dessa lembrança é de nós dois – minha e do meu irmão.

Sendo assim, qualquer coisa que façamos atendendo a um pedido de alguém,


não teria qualquer significado ou não deveria nos ferir, caso lembrássemos
exatamente Quem somos.

No entanto, um pouco depois, no capítulo 16 (T-16.I.6:4-5), ele modifica, ou


explica de outra maneira: "Eu disse que se um irmão te pede para fazeres

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alguma coisa tola, que a faças. Mas esteja certo de que isso não significa fazer
alguma coisa que vá ferir a ele ou a ti, pois se ferisse um, feriria o outro".

A forma como fazemos as coisas por aqui realmente não importa para
caminharmos para a Expiação. Mas se estamos agindo com amor (Espírito
Santo) ou com medo (ego) isso faz toda diferença. Quando precisamos
responder a um pedido e examinamos nossa mente em relação a "identificar"
os pensamentos não benignos ou não amorosos sobre a
situação/pessoa/resposta, a ajuda do Céu fará com que encontremos a forma
mais adequada de responder - não machucando ninguém.

4 - Estudante: Como é possível através de um curso, alguém chegar a Deus,


ou mesmo ficar com a mente em paz?

Grupo Mera: O Curso não é um movimento, uma religião, nem tampouco mais
uma igreja. É estritamente um sistema de ensino através do qual indivíduos
podem encontrar o seu caminho para Deus praticando seus princípios. No
entanto, o Curso é bastante claro ao dizer que esse não é o único caminho
para o Céu. No início do Manual de Professores (M-1.4:1-2), há uma passagem
que diz que essa é apenas uma forma do curso universal entre muitas outras:

“Esse é um manual para um currículo especial, voltado para os professores de


uma forma especial do curso universal. Existem milhares de outras formas,
todas com o mesmo resultado.”

Em Um Curso em Milagres, aprendemos que a paz não tem nada a ver com o
externo, o que significa que o mundo externo não nos ameaça, nem nos
vitimiza, nem nos agrada – é isso que aprendemos com o Curso: somos nós
que damos todo poder ao mundo, por isso podemos retomar esse nosso poder.

Todos temos problemas neste mundo. A grande maioria desses problemas


acontece em nossos relacionamentos com as outras pessoas. Somos
ensinados em UCEM a tomar consciência de que nossa percepção aprendida
determina a forma como vivemos e também de que nossas mentes estão
absurdamente confusas e em guerra com o volume imenso de pensamentos
diários.

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Um exame sincero de nossos dias agitados e com alguns conflitos pode ajudar
a perceber que não andamos muito "em paz", e ainda, que muitas coisas
parecem ter o poder de nos deixar irritados, tristes ou com medo... Com o
treinamento persistente da mente proposto por UCEM, rapidamente
entendemos que nada nem ninguém tem qualquer poder sobre nós.

O Curso nos guia e nos ensina, através de sua filosofia e metodologia próprias,
que nós podemos fazer escolhas diferentes das que temos feito. E assim
vamos realmente entendendo que o nosso universo exterior é o reflexo do
interior.

5 - Estudante: Tenho oscilado muito. Meu filme chamado “minha vida” beira o
terror... Muita coisa “pareceu” piorar desde que me insurgi contra o tal ego
(mesmo que de leve): problemas familiares graves. Estou na lição 23 do
UCEM. Ontem me bateu um medo danado da “vingança” do ego. Após muita
“conversa/diálogo interno” retomei um pouco o equilíbrio. Eu sei que o ego é
parte da minha mente e, portanto, procurei perdoá-lo e levar o medo
identificado para o Espírito Santo curar. Muita coisa está emergindo ao mesmo
tempo. É uma luta em busca da paz!

Grupo Mera: O caminho com o Curso fica mais leve quando trocamos ideias e
somos lembrados "por outro" do que já sabemos. É bastante útil conversarmos
com outros estudantes, pelo menos de vez em quando.

Lembrando-nos de uma coisa básica: a paz da mente é realmente um estado


do qual não queremos mais sair, quando alcançado, pelo menos em alguns
momentos. Mas nós temos o direito de não ficarmos em paz enquanto dermos
realidade a este mundo insano.

Eu penso que você está “se obrigando” a ficar em paz, aliás, isso acontece
com a totalidade dos estudantes desse Curso em uma ou outra fase.

Experimente não lutar contra. Experimente pensar: “sim, estou com medo, com
raiva, etc., e daí?” Tente pensar com gentileza e paciência a respeito de si
mesmo, tratar-se gentilmente quando se perceber entrando no jogo do ego.

Ainda será difícil, mas será meio caminho andado perceber seus pensamentos
de autocondenação. Você pode tentar fazer o seguinte exercício: pense em
alguém de quem gosta muito e que esteja passado por uma situação igual à
sua. Imagine que você está conversando com essa pessoa. O que você diria a
ela num momento aflitivo? Faça isso como um “exercício” mesmo: fique quieto
e procure se lembrar de que o que você disser a ela, necessariamente será
válido para você.

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6 - Estudante: Eu tenho Um Curso em Milagres, mas o estudo “meio aos
trancos e barrancos”. As leituras paralelas são muito importantes para mim
porque me ajudam demais no entendimento do Curso, por exemplo, o livro de
vocês, Um guia para o perdão. Aliás, espero que vocês escrevam outro livro, e
logo! (risos) Neste momento, peço uma ajuda para esclarecer uns pontos que
às vezes me parecem contraditórios ao que o Curso ensina. Eu ainda me sinto
com necessidade de pedir certas ajudas espirituais, seja através de passes,
orações ou mentalizações. E vejo que têm efeito. Como devo encarar isso?
Praticar UCEM com afinco realmente vai me trazer a resolução de problemas,
e especificamente, meus problemas com os meus familiares?

Grupo Mera: O Curso não pede para que não façamos nossas práticas
espirituais que gostamos ou pensamos que necessitamos. Pelo contrário, ele
explica que o Espírito Santo vai nos ajudar sempre no nível em que estamos
(ou pensamos estar) do entendimento de Sua mensagem.

Enquanto você faz essas práticas, vai aprendendo a confiar mais e mais Nele
e, então, Ele pode ir ensinando o caminho que vai realmente nos levar de volta
para Casa em Deus. Isso deve significar que você irá deixando sua percepção
de si mesma de ser um ser frágil e vulnerável, passando à lembrança de que é
um Filho de Deus muito amado, completo e forte, que não está à mercê de
perigos, na realidade.

Quanto à outra parte da sua pergunta, a “cura” dos nossos relacionamentos


(familiares, românticos, de trabalho...) é mesmo o caminho, o meio que Um
Curso em Milagres usa para essa volta para Casa. Sua prática com certeza
visa a resolução deles.

7 - Estudante: O que é Um Curso em Milagres?

Grupo Mera: É um curso em forma de livro que compreende 3 livros: texto,


livro de exercícios e manual para professores. Sendo um curso para o
treinamento da mente, tem uma metodologia de ensino própria e também uma
filosofia distinta.

Ele foi escrito através de um “ditado interno” que durou sete anos. Esse
processo é chamado de canalização. Sua escriba Helen Schucman, para quem
foi ditado, e William Thetford, que a ajudou durante todo esse tempo,
publicaram-no pela primeira vez em 1976, nos Estados Unidos. Desde então, o
Curso tem sido publicado em muitas línguas em todo o mundo; as traduções
hoje já alcançaram mais de 90% delas.

Definir Um Curso em Milagres em poucas palavras é uma tarefa quase


impossível por causa das muitas categorias nas quais ele pode ser encaixado.
Por exemplo, podemos dizer que ele é um curso para o autoconhecimento, ou
um sistema filosófico, ou... E muitas outras ainda se encaixariam na tentativa
de defini-lo.

É um curso essencialmente prático que treina nossas mentes a recobrarem o


próprio poder fazendo-nos experimentar a capacidade de escolha para nos

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mantermos em paz, e mais centrados em nossas decisões,
independentemente das situações.

O Curso usa termos cristãos, embora com uma conotação bastante diferente. E
encontramos também, alusões a filósofos, por exemplo, Platão. Podemos ainda
perceber muito conteúdo das filosofias orientais, como a afirmação de que o
mundo é uma ilusão.

8 - Estudante: Se Deus é Onisciente como Ele não sabia que uma pequena
parte de Cristo iria sonhar com a separação criando o sofrimento? Eu sei que é
o ego, mas não consigo deixar de culpar Deus pelo sofrimento. Agradeço muito
sua ajuda.

Grupo Mera: Sempre que essa pergunta aparece, precisamos primeiro nos
“localizar”, e entender alguns aspectos importantes:

- Não é possível entendermos a Unicidade total a partir da nossa perspectiva


“fragmentada” neste mundo.

- Não temos como não acreditar no sonho, estando dentro dele, portanto,
precisamos da ajuda de alguém que esteja fora do sonho para poder nos dizer
o que é real.

- O tão falado “sofrimento” faz parte do sonho, portanto, NÃO é Real.

Seu “ressentimento” contra Deus é muito natural, no estado atual de separação


em que pensamos estar. Mas, se acaso Deus interviesse no sonho, estaria
afirmando sua realidade, o que então tornaria todo o sofrimento que vemos “aí
fora” real. E, nesse caso, não haveria mesmo esperança de alívio ou
escapatória para nós.

Como Deus, sendo Onisciente, poderia não saber que uma parte de Cristo iria
ter esse sonho? Algo fundamental a respeito dessa dúvida é entendermos que
um sonho NÃO tem poder real de causar nenhum sofrimento, portanto, Deus –
falando de forma que possamos entender com nossa mente “fragmentada” –
sabe que Seu Filho não está realmente sofrendo, mas que está apenas
sonhando, perfeitamente capaz de despertar. Para isso, ele nos enviou o
Confortador, o Guia, chamado de Espírito Santo em Um Curso em Milagres,
para que possamos despertar suavemente desse sonho.

E, como acontece com os sonhos noturnos, tão logo despertamos, todo o


“sofrimento” desaparece no nada de que foi feito.

Todos esses “volteios em torno do nada” são sim apenas artimanhas do ego
para nos manter aprisionados e mergulhados ainda mais no sonho. Sugerimos
a você que não se concentre tanto nessa questão agora, mas que se volte
ainda mais efetivamente para a prática do Curso, através da aplicação de seu
ensino no seu dia a dia, em seus relacionamentos, da prática do livro de
exercícios, e, se achar bom, através dos nossos módulos – que realmente têm
ajudado inúmeros estudantes nessa caminhada.

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Vai chegar um momento, em que você vai se sentir completamente livre de
toda essa apreensão, e aí, todo o questionamento perderá definitivamente o
valor que ainda tem para você. Lembramos, ainda, que é realmente impossível
para nós, nesse estado mental atual, entendermos a Realidade da Unicidade
indivisível do Céu.

9 - Estudante: Quais são as semelhanças entre seu livro e o dos


Milagres?

Grupo Mera: Nosso livro, Um guia para o perdão, tenciona ajudar no


entendimento das principais ideias apresentadas no Curso para os que o
estudam, já que muitas pessoas têm dificuldades nesse sentido. Pretende
também mostrar de forma facilitada essas ideias para as pessoas que não
conhecem Um Curso em Milagres.

Esse livro é o resultado de nossas experiências pessoais com o treino dos


conceitos em UCEM e também com o de nossos alunos, ao longo desses anos
com os cursos do Grupo Mera – fundado em 2003. Toda essa experiência tem
nos mostrado o quanto é importante termos um “ponto de partida” mais
acessível para entrarmos em contato com esses conceitos do Curso, para
depois, já mais familiarizados com essa reversão completa de pensamento,
nos dedicarmos ao estudo profundo do livro em si.

Uma vez que o perdão ensinado pelo Curso não é o perdão que conhecemos
aqui no mundo, nosso livro tem a intenção de ser um caminho para o melhor
entendimento da concepção de perdão dentro de UCEM. Com esse intuito, ele
é totalmente baseado em Um Curso em Milagres.

Longe de ser um substituto ao estudo de UCEM, nosso livro se constitui em um


incentivo para seu estudo e prática.

10 - Estudante: Eu entendo quando o Curso diz que somos responsáveis


pelas nossas vidas e experiências, mas quando existe algo que você queira e
que depende de outras pessoas quererem também, isso o impede de
consegui-lo? Quando você quer, mas a outra pessoa que faz parte da sua vida
não quer, o que acontece?

Grupo Mera: Interesses conflitantes são a tônica deste mundo, pois ele foi feito
exatamente por causa disso e para isso.

Todo o nosso treino com Um Curso em Milagres nos leva a procurar ver
interesses compartilhados, em vez de separados, porque interesses separados
é a ferramenta principal do ego - "um ou outro"; se um ganha, o outro
necessariamente precisa perder.

Em uma situação dessas, o melhor a fazer é colocar a situação nas mãos de


Jesus, do Espírito Santo, e pedir que o ajudem a ver tudo isso através dos
olhos Deles. Nosso pedido deveria ser para que nos ajudem a manter a calma

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e a lucidez e não a resolução que pensamos ser a “melhor”. Nós não sabemos
o que é melhor para nós. O Espírito Santo sabe. Ainda, nós não podemos ter a
perspectiva total das situações (as lições de perdão que cada um tem), no
entanto, Ele tem.

Quando conseguimos nos colocar "acima do campo de batalha", ou seja, como


observadores apenas, tudo o que antes nos parecia tão fundamental e
importante, assume uma posição mais “clara”, sem tanta importância, em
nossas vidas.

Esse não é um processo fácil, nunca é. Mas é possível, com treino e


dedicação.

11 - Estudante: Que tipo de atitude é possível adotar com o estudo de


UCEM? Em que os módulos do Grupo Mera podem ajudar?

Grupo Mera: Serenidade seja, talvez, a primeira palavra. A palavra “milagre”,


em UCEM, é a correção do pensamento. Como falamos antes, o universo
exterior é o reflexo do interior, então, nossas interpretações ou percepções é
que fazem as coisas parecerem de forma específica para cada um de nós – por
isso, uma mesma situação pode ser vista de maneiras diferentes por pessoas
diferentes.

Quando entendemos e praticamos o ensino de Um Curso em Milagres, a


serenidade é acompanhada de segurança no resgate da nossa verdadeira
autoestima, porque o perdão é o desmanchar de todos os enganos. E fazemos
isso sem esforço, com um treino sistemático. "Todo dia é dia de treino" é o
nosso slogan.

A base da metafísica apresentada em Um Curso em Milagres, assim como


encontramos em outras filosofias e religiões, é que este mundo é uma ilusão,
um sonho no qual estamos separados uns dos outros e de Deus. Despertar do
sonho (aos poucos) é resgatarmos a memória de sermos um Ser sem limites,
sem necessidades – como uma Criação de um Criador igualmente sem limites
e pleno. Enquanto essa lembrança vai sendo resgatada, nosso autoamor vai
sendo resgatado. Nossa autoestima vai ficando legítima: vamos achando
possível sermos dignos de todo o Amor de Deus.

O resgate da lembrança de que somos dignos de sermos amados, nos deixa


menos rígidos conosco e consequentemente conseguimos ser mais benignos
com as outras pessoas. Em outras palavras, quando estamos em guerra
conosco (autocondenação, culpa), entramos em guerra com os outros. Quando
estamos em paz conosco, estamos em paz com as outras pessoas.

12 - Estudante: Se eu tomar consciência da minha santidade, aceitando o


perdão do Espírito Santo para mim e estendendo-o para tudo e todos, as
pessoas e situações que eu mesmo fiz visando a minha punição perderão seu
“papel” no meu sonho. Como foi com você? Houve mudanças significativas?

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Grupo Mera: Sempre existirá mudanças no mundo das formas enquanto
vamos fazendo nossas lições de perdão, pois a base deste mundo é a
mudança, a inconstância. As pessoas e as situações podem ou não mudar.
Elas não precisam se transformar no que pensamos ser "melhor". O que faz
com que as mudanças sejam “significativas” é a nossa interpretação...

É realmente muito difícil entendermos que as mudanças aqui, no mundo das


formas, não significam nada e, por isso, as coisas podem aparentemente
continuar “na mesma”, no sentido de manter aquilo que nos desagrada.
Novamente, essa consciência vem aos poucos.

Em várias passagens no Curso, especialmente no Manual dos Professores,


vemos um alerta de Jesus dizendo que nós gostaríamos de ter o Céu sem ter
que abrir mão da separação, o que é impossível. Nós queremos, e esse é o
nosso grande problema, que o mundo feliz do Espírito Santo aconteça por
causa das coisas daqui, e então, teríamos um mundo cor de rosa.

Mas nós vamos alcançá-lo (o mundo feliz do Espírito Santo), na verdade, com
as coisas boas e com as coisas ruins acontecendo no mundo das formas. E
então vamos perdoar ambas, uma vez que entenderemos que nenhuma delas
é real, pois nesse estado mental saberemos que apenas o Amor de Deus é
real.

Seria mais útil você não se preocupar com isso agora e ir praticando suas
lições diárias de perdão com todas as situações que “te forem dadas para
responder" - isso está bem explicado no Capítulo 30 de UCEM – O novo
começo.

13 - Estudante: Há algum tempo, escrevi a vocês perguntando sobre


relacionamento santo e especial... A culpa por fazer outra pessoa sofrer
quando acontece uma separação, o medo de estar sendo injusta, de fazer a
escolha errada, tudo isso contribui para que a situação permaneça igual... Em
alguns momentos criam-se boas memórias, para depois começar tudo de
novo... Sei que isso não é um relacionamento santo, e, como ele não acredita
em Deus, duvido que algum dia consiga ter um relacionamento santo com essa
pessoa. Mas, pergunto: o relacionamento santo realmente existe? Ou é apenas
uma ideia utópica? Eu não conheço absolutamente ninguém que tenha um
relacionamento romântico harmônico... Se eu levar adiante o estudo de UCEM,
vou conseguir me sentir melhor em relação a tudo isso?

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Grupo Mera: Os relacionamentos românticos, particularmente falando, em
geral são muito difíceis porque os vemos basicamente da perspectiva do ego,
em que as relações existem apenas para se conseguir "algo em troca". Isso é
comum à maioria de nós neste mundo, e por isso você diz que não conhece
ninguém que tenha um relacionamento harmônico.

Damos o primeiro passo para tornar o relacionamento santo quando


compreendemos que toda essa dinâmica de “interesses separados” só pode
trazer sofrimento constante. Quando entregamos o relacionamento ao Espírito
Santo para que nos ajude, passo a passo, a desfazer todos os conceitos
equivocados e expectativas infundadas, tomamos consciência de que essa
forma de relacionamento não pode levar a outra coisa além de mais sofrimento.

O conceito de relacionamento santo do Curso, em geral mal compreendido,


não quer dizer que vamos viver um relacionamento completamente harmônico,
sem que nada nos perturbe. O Curso explica que são exatamente os conflitos
que trazem à tona toda dor "enterrada" bem fundo em nossa psique para que
possamos, enfim, ser curados.

Mas isso não significa que devamos passar a vida ao lado de uma pessoa com
a qual vivemos em disputas. Não é necessário conviver com uma pessoa para
curar um relacionamento. A cura está na mente. O que deve ser avaliado a
cada momento é: "Posso/quero continuar vivendo dessa forma?"; "Mesmo
sabendo que tudo tem um propósito, consigo lidar com isso nesse momento?";
e outros questionamentos desse tipo, que só a própria pessoa tem condições
de responder.

Esse processo não será isento de dor, pois nossa crença na culpa e na
escassez é muito grande ainda, e quanto mais imersos estamos nos
sentimentos dolorosos que envolvem esses medos e dúvidas, menos clareza
temos para ver tudo de uma perspectiva mais elevada.

Observarmo-nos é o que Jesus nos pede em seu Curso. Não lutar contra esses
sentimentos dolorosos é estar na posição de observador.

Talvez possa ajudá-la a entender um pouco melhor essa dinâmica, a pergunta


3, na página 7 do Manual de Professores: "3. Quais são os níveis de ensino?".
Lá ele fala sobre os diferentes níveis de relacionamentos.

Mas, acima de tudo, procure se recolher um pouco em si mesma, e, em cada


pensamento e sentimento doloroso, entregar ao Espírito Santo, de forma
consistente e contínua.

Essa entrega também pode ser feita a Jesus. Será muito bom você procurar
desenvolver um relacionamento com ele, onde você vai se sentindo cada vez
mais próxima e livre para conversar, contar seus sentimentos e pedir que ele
esteja ao seu lado, segurando sua mão. Como ele próprio diz em um trecho do
livro de exercícios:

11
"Se isso puder ajudar-te, pensa em mim segurando a tua mão e conduzindo-te.
E eu te asseguro que essa não será nenhuma fantasia vã" (UCEM-LE-
pI.70.9:3-4)

14 - Estudante: Como é possível estabelecer algum vínculo com pessoas que


não estão na mesma sintonia, através do seu curso em módulos?

Grupo Mera: A ideia central de UCEM é que somos todos “um” – em mente. A
consciência dessa unicidade vai trazendo leveza em nossos relacionamentos,
mesmo que não a compreendamos perfeitamente porque o estado de nossas
mentes é dualista, ou seja, separado.

Na verdade, a melhora nos relacionamentos com o aumento da consciência da


unicidade é alcançado aos poucos, passo a passo, evidenciando a
necessidade do treino constante e persistente que o Curso propõe.

Nosso mundo é um mundo de diferenças. Mas, no raciocínio não dualista


(somos todos um), vamos aprendendo que as diferenças são aparentes e só
existem no mundo das formas, não na mente, onde somos iguais, a mesma
essência. E o “vínculo” não precisa ser necessariamente na convivência; a
mente curada pode amar todos – o vínculo é amor.

15 - Estudante: Que tipo de atitude é possível adotar com o estudo de UCEM?


Realmente o perdão parece bem mais fácil com estranhos ou apenas
conhecidos. Com os mais próximos é uma projeção de culpa constante. Em
alguns momentos, tenho vontade de desistir. No início dos relacionamentos
especiais de amor, quando se está consciente e se observa o ego, fica claro e
o movimento absolutamente incrível de como projetamos a nossa culpa no
outro e vemos nele as coisas que não aceitamos em nós próprios. De maneira
exaustiva, às vezes quase de minuto a minuto, essa percepção aparece.
Felizmente, depois das quedas, nos levantamos e tentamos não criar
distanciamentos, não nos prendendo às mágoas ou ressentimentos. Acho que
é isso que vamos aprendendo um com o outro.

Felizmente também, neste sonho, nada acontece por acaso: meu marido
decidiu, em ótima ocasião, começar a estudar o UCEM e está determinado a
fazer com que este relacionamento dê certo porque, segundo ele, é uma
excelente oportunidade de crescermos juntos.

Às vezes não é nada fácil sermos constantemente confrontados com o nosso


auto-ódio. O que fazer para facilitar um pouco o processo?

Grupo Mera: Há a bênção de vocês dois estudarem o Curso juntos, certo?


Quando nos juntamos num mesmo interesse, nossas forças ficam imbatíveis.

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Pode ser que o processo seja facilitado se vocês deixarem sempre um "bilhete-
lembrança" para si mesmos para voltarem a algumas coisas básicas que
sempre nos fogem da memória:

1 - Lembrar que essas memórias não estarão sempre claras - e perdoarem-se


por isso...

2 - Lembrar de que o outro nunca pode nos machucar, e de que, quando nos
sentimos assim, agredidos (ofendidos, magoados, desprezados...) é apenas
porque nesse determinado momento estamos identificados com o ego. E se
apenas "constatarmos" isso, resgataremos mais facilmente esta memória: “Eu
sou como Deus me criou. O Filho de Deus nada pode sofrer. E eu sou Seu
Filho” (UCEM-T-31.VIII.5:2-4).

3 - Será sempre interessante quando você ou seu parceiro perceberem que


algo incomodou na ação do outro, explicar/contar que, mesmo que esta não
tenha sido a intenção dele (a), foi assim que vocês "receberam", "perceberam"
o ocorrido, já que cada um tem uma história diferente. (O diálogo pode
começar com algo como “eu creio que sua intenção não tenha sido me
machucar, mas eu recebi/percebi isso que você falou ou fez como uma
agressão – me senti abandonada (o), desprezada (o)...”).

4 – Útil também será lembrar de que quando temos o propósito de abandonar o


ego, a nossa própria resistência (armadilhas do próprio ego) também fica
presente. Se nos lembrarmos disso, deixaremos as respostas automáticas -
reações viciadas - de lado, e escolheremos conscientemente "com quem
responder", com o ego ou com o Espírito Santo.

16 - Estudante: Tem uma parte difícil do texto, para mim: “Traze essa luz
contigo sem medo e bravamente segura-a junto do fundamento do sistema de
pensamento do ego. Tens que estar disposto a julgá-lo com perfeita
honestidade. Abre a escura pedra angular do terror na qual ele se baseia e
traze-a para fora, para a luz. Lá verás que ela se baseava na ausência de
significado e que tudo aquilo que te causava medo baseava-se no nada” (T-
11.in.3:7-10). Eu precisei ler e reler esse trecho algumas vezes. Abrir a escura
pedra angular do terror... Mas, mesmo com essa e outras dificuldades, quero
registrar que tenho folheado o Livro (Curso) e, agora que terminei o módulo 1 e
depois de alguns meses afastada da leitura, ele me pareceu mais fácil, mais
acessível, mais compreensível. Obrigada!

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17 - Estudante: Qual é o papel da metafísica em UCEM? Como é possível
fazer vínculo com o sonho?

Grupo Mera: Um Curso em Milagres apresenta uma metafísica própria. Ele


usa uma linguagem dualista para nos explicar o não dualismo, ao qual dá o
nome de Céu, onde a unicidade é absoluta. No entanto, ele mesmo explica que
essas palavras, para nossas mentes que se sentem separadas, ainda são sem
significado.

O Curso e outras filosofias afirmam que este mundo é uma ilusão, um sonho no
qual nos sentimos separados. Em Um Curso em Milagres encontramos em
muitas passagens a afirmação de que estamos sonhando o “sonho de um
mundo” e esse sonho não é diferente do sonho quando estamos dormindo.

Segundo Um Curso em Milagres, a melhor maneira de vivermos nesse sonho é


fazermos isso com a consciência de que tudo é um sonho porque, então,
conseguimos, aos poucos, executar todas as nossas tarefas com muito menos
estresse e desgaste. Dessa forma, poderemos ficar em paz enquanto
continuamos, aparentemente, vivendo no mundo.

18 - Estudante: Iniciei um novo relacionamento há algum tempo. Agora que


ele parece estar se aprofundando, as minhas dúvidas de codependência
voltaram com grande força. Por um lado, vejo muito bem a projeção, a sala de
aula que tudo isto é e, obviamente, o ego está feliz e está me torturando
imensamente. Também me sinto muito desconfiada em relação à possibilidade
de ele se envolver com outras mulheres porque isso aconteceu com meu ex-
marido. Hoje tive um dia péssimo, muito ruim mesmo. Tentei praticar o Curso e
“ele” (ego) no caminho me importunando e me pondo para baixo, me dizendo –
“você está EXATAMENTE igual”.

Grupo Mera: A “vida” parece sempre nos trazer o melhor para o nosso
currículo, para nos ajudar a liberar tudo aquilo que ainda estamos guardando
dentro de nós.

Lembre-se, o fato de você se dispor a aproveitar a oportunidade e mergulhar


profundamente nessa liberação, independe de você estar nesse
relacionamento ou não.

Procure distanciar-se um pouco da situação, olhar mesmo “acima do campo de


batalha”, para poder levar para a luz todos os pontos escuros dentro de você
(essas memórias) ligados às suas experiências com seu ex-marido e até muito
antes disso. Normalmente esses pontos escuros são padrões que carregamos
conosco vida após vida, até que sejam totalmente curados.

Lembre-se de que você não é responsável pelo que parece estar acontecendo
lá fora, mas sim pelas suas próprias reações a isso. Entretanto isso não quer
dizer que você deva agir de uma forma “magnânima”, dizendo a você mesma
que “uma pessoa espiritualista”, ou “uma estudante do Curso” não agiria assim

14
ou assado. Seja fiel aos seus sentimentos, e procure discernir a oportunidade
que tudo isso está lhe oferecendo agora.

Como sabemos, nenhum de nós tem garantia alguma neste mundo. Este é um
mundo mutável, tem inúmeras situações destinadas a nos tirar do centro e a
nos deixar ansiosos, deprimidos, agitados, etc., para que não olhemos para a
questão central de Quem realmente somos.

Se você seguir em frente com o relacionamento e depois concluir que não quer
nada disso, qual será o problema?

Acima de tudo, procure ter discernimento para perceber que tudo é parte da
mesma ilusão. Se tivermos dentro de nós questões ligadas a sexo, ou seja o
que for, tudo isso vem à tona para que consigamos, aos poucos, generalizar
todos os ensinamentos que temos aprendido e praticado, entendendo que
qualquer coisa, por mais horrível que pareça, também faz parte da mesma
ilusão.

Isso quer dizer que devemos “fazer de conta” que não estamos vendo nada
disso? Claro que não! Só você poderá saber o que é aceitável ou é
compensador para você mesma, a cada passo.

Todas as dificuldades com os nossos parceiros de jornada pedem como


resposta compaixão, a verdadeira empatia. Mas isso não quer dizer,
necessariamente, convivência próxima com nossos “professores” que parecem
estar fora de nós.

Não há uma “fórmula mágica” para esse discernimento para escolher entre
todas as possibilidades. A única “fórmula” à qual podemos sempre insistir é:
não olhe para nada disso sozinha nunca! Peça sempre para Jesus ou o
Espírito Santo estarem ao seu lado a cada momento.

19 - Estudante: Sempre que eu escrevo para vocês fico tentada a apagar tudo
porque acho que nada tem coerência, parece que não escrevo “certo”... Hoje
vou deixar como está, nem vou corrigir. Quando o Curso fala da projeção, eu
fico muito confusa. Se a mente é minha, eu projeto tudo lá fora, certo? Mas eu
não consigo me ver assim... Eu vejo que eu não tenho preconceito com as
outras pessoas, só comigo mesma. Eu consigo perdoar os outros, mas exijo
muito de mim; não acho que mereço o perdão porque eu podia ter feito
melhor... Se eu não projeto, o que é isso?

Grupo Mera: Não apague suas anotações – a aparente desconexão das ideias
pode ser muito útil.

Essa sua confusão é a mesma com que todos, em uma ou outra fase nos
estudos, se deparam.

15
O seu corpo não contém a mente. A mente única está sonhando que é muitas
e projeta corpos para “concretizar/provar a verdade” da separação, desse
sonho. Dessa forma, o seu próprio corpo é uma projeção. É por isso que tanto
faz mantermos a condenação em nós mesmos ou em outra pessoa: a culpa é
mantida.

A mente projeta a culpa, tanto faz que seja em você mesma ou em qualquer
outra pessoa porque, como dito acima, só existe um Filho de Deus sonhando
ser muitos.

O que o Curso nos pede é que olhemos para as formas de culpa dentro das
nossas mentes. Ele não pede nunca que as consertemos ou que as
modifiquemos, mas pede que passemos a ter consciência delas. Elas irão se
desmanchando conforme as percebemos como “criações” nossas. Só a partir
dessa conscientização é que podemos pedir ajuda ao Espírito Santo pra nos
ensinar a ver de outra forma.

Novamente, nosso trabalho é olhar, junto com o Espírito Santo ou Jesus, para
as coisas que temos feito com o ego sem nos condenarmos. Isso é bastante
difícil e exige treino, mas precisamos olhar bem de frente para o fato de que
fomos nós quem as fizemos. O trabalho de desfazer a crença na realidade da
culpa é do Espírito Santo. Por isso podemos ficar mais leves “dentro” do que é
a nossa parte – entregar e confiar.

20 - Estudante: Estou relendo as aulas dos módulos que já fiz e tenho uma
dúvida. Tenho tido esta dúvida sempre que "aquele encardido" interfere no
processo de perdão. Aula 4 - Módulo 1 - Texto isolado sobre Medo - Nº 1
Medo. Penúltima questão: Isso traz à lembrança que nossos erros não
necessitam de correção, tampouco de punição. O que precisa ser corrigido é o
pensamento de culpa. Nossos erros acontecem num mundo que não é real,
portanto não há nada que necessite de "pagamento". Minha dúvida: o
pensamento de culpa é de autoculpa por estar pensando isso e por mais uma
vez me ter identificado com esse ser separado que não existe aos olhos de
Deus? Não tenho que me sentir culpada por nada nesse mundo ilusório, uma
vez que nada existe a não ser para ser usado para praticar o perdão?

Grupo Mera: O pensamento de culpa que precisa ser corrigido é o


pensamento de que atacamos Deus e nos separamos Dele, destruindo a
Unicidade do Céu. Esse é o nível de correção ao qual o Curso quer que
cheguemos. Não há por que nos sentirmos culpados por nada que parece
acontecer neste mundo, porque nada disso é real.

Claro que isso não significa sairmos por aí fazendo todo tipo de loucura, mas
entendermos que qualquer erro que tenhamos cometido faz parte da mesma
ilusão e, portanto, pode ser usado como uma lição para aprendermos o perdão.
Fazer algo contra nós mesmos ou outras pessoas, mesmo sendo dentro do
mundo ilusório, só serviria para manter e nutrir a culpa inconsciente.

Também é útil lembrarmos sempre de que cada um faz o melhor que pode,
com o nível de consciência que tem no momento, e de que isso

16
necessariamente vale para nós mesmos. No entanto, o Curso não quer dizer
que não devamos fazer as correções necessárias no mundo. Essas correções
serão feitas na forma, mas com o coração em paz enquanto lembramos de que
tudo isso (erro e correção) é parte do sonho, portanto, pode perfeitamente ser
perdoado no nível mental.

21 - Estudante: O que tenho feito é: observo os pensamentos sabendo de


onde vêm, mesmo que não entenda por que os estou tendo (às vezes sinto que
não interessa nada isso, que só interessa saber que eles estão tirando a minha
paz), peço ajuda a Jesus e entrego para o Espírito Santo para Ele fazer o que
achar que deva ser feito, porque realmente o ego é muito louco e eu não
entendo nada quando estou identificada com ele. O que o Curso diz é para
olharmos com Jesus para esse pensamento, mas eu nem sempre faço isso. Às
vezes só penso em Jesus, peço ajuda porque sinto que sozinha (sei que isso
significa “eu mais o ego”) não consigo. O ego me enche sempre a cabeça
falando que estou errada, que devo respeitar todo processo, mas, acho que ele
quer mesmo é que eu entre lá nos confins dos pensamentos para sofrer mais
um pouco. É isso? Ou preciso mesmo analisar cada pensamento e só depois
entregar para o Espírito Santo? Neste caso, como corrijo o pensamento de
culpa?

Grupo Mera: Não há um processo rígido a ser seguido – rigidez também é


armadilha do ego. O que o Curso nos pede é para entregarmos todos os
nossos pensamentos equivocados a Jesus ou ao Espírito Santo. Este, Espírito
Santo, é a ideia abstrata da Voz por Deus em nós. Jesus, a manifestação da
Voz.

No texto Jesus diz que podemos ficar mais próximos dele e que essa
proximidade pode nos trazer mais confiança, que vamos senti-lo nos guiando
como nosso irmão mais velho. A intimidade conquistada com ele, ou com o
termo “Espírito Santo” é de cada um. Cada pessoa se sente mais confortável
com um dos símbolos: Jesus ou o Espírito Santo para praticar a entrega. Com
o treino, vamos distinguindo cada vez melhor essa Voz e a percepção de
quando estamos verdadeiramente entregando a Ele.

22 - Estudante: Tenho sentido medo (Eu não, o ego...) de me "deixar ir".


Quando isso acontece, também peço ajuda a Jesus, entrego-lhe a minha
pequena disponibilidade para deixá-lo desfazer o medo e resolver TUDO com o
Espírito Santo no perdão. É assim?

Grupo Mera: Todos temos medo! Para nós, o Céu e a Verdade são ideias
desconhecidas porque não conseguimos nos lembrar de como era antes de
cairmos nesse “sono pesado”. Temos medo da dissolução, do nada, da perda
da nossa identidade individual, a qual prezamos tanto...

17
Continue pedindo ajuda a Jesus, ao Espírito Santo, sabendo que a sua
pequena disponibilidade para aceitar essa ajuda é tudo o que Eles precisam
para fazê-lo entender que seus medos não possuem fundamento, já que todos
eles representam o medo que temos de Deus.

23 - Estudante: Em uma nota positiva, posso dizer a vocês que já experiencei


os dois níveis distintos - o humano e o Divino. Foi como estar vendo um filme e
o filme era nossa vida aqui. Muito difícil de explicar, a Paz é infinita. Mas NÃO é
fácil .... Aquele texto, "Filho de Deus", que vocês postaram no site, eu imprimi,
plastifiquei e levo comigo para todo lugar. O eguito não gosta NADA, NADA
MESMO, mas eu o leio sempre, algumas vezes com MUITA resistência, mas,
mesmo assim, acho que vale a pena, pelo menos ele fica sabendo que sou
persistente (ha, ha, ha...)

Grupo Mera: Sim, essas experiências são difíceis de explicar, mas vão se
tornando cada vez mais nítidas e presentes em nossas vidas! Isso já é
recompensa suficiente para todos os desafios que enfrentamos. Não é fácil
mesmo não, mas é possível. E, mantendo-nos em linha com esses
ensinamentos, vamos nos libertando cada vez mais – isso é inevitável. Esta
palavra poderosa traz muita serenidade quando conseguimos sentir essa
verdade profundamente dentro de nós.

Fico feliz que a mensagem a ajude. Ela é muito poderosa, no sentido de nos
lembrar de Quem realmente somos. Lembrando da Verdade, o que poderia
“ameaçar-nos”?

24 - Estudante: Amigos do Grupo Mera, quanto mais avanço no UCEM mais


tenho consciência da importância dos módulos de vocês no entendimento do
Curso, “especialmente no especialismo”. Aquela parte que vocês tanto
enfatizaram desde o início sobre o que vemos nos outros temos em nós, é
importantíssima no processo do perdão. E o fato dessa ideia ser introduzida
logo cedo, contribui muito para a sua aceitação - no início cai como uma
bomba, mas depois fica tudo claríssimo. Eu entendo agora que muitas pessoas
que estudam o Curso o intelectualizam demais... Sem julgamento, é o percurso
delas... E entendo que, se estou percebendo isso, tenho também isso em mim,
não é mesmo? Agora estou um pouco confuso: se o mundo não tem
significado, porque ele me transtorna? Penso que é pelo significado que dou a
ele. Até aqui, eu entendo. Então, por que a ideia não é: "Eu estou transtornado

18
porque vejo um mundo com o significado que eu lhe dei"? E por que ficaria
transtornado quando vejo coisas boas no mundo? Ouvi uma voz falando para
mim: tu não entendes nada mesmo! Somente pratica a ideia de hoje sem
duvidar! É o que eu vou fazer, enquanto espero por seus comentários.

Grupo Mera: Ficamos felizes e gratos com seus comentários sobre a


importância dos módulos. Nossa intenção é sempre contribuir para facilitar um
pouco a compreensão dos conceitos de UCEM porque sabemos, por
experiência própria, o impacto imenso que tudo isso vai tendo sobre nós
conforme avançamos.

Sim, o que vemos nos outros, inevitavelmente vimos em nós primeiro, e a


tendência da maioria é intelectualizar o Curso, porque essa é uma manobra
muito inteligente do ego para não absorvermos realmente seu conteúdo.

Por mais difícil que possa ser, devemos sempre voltar à introdução do livro de
exercícios, onde ele diz “Lembra-te apenas disso: não precisas acreditar nas
ideias, não precisas aceitá-las e não precisas nem mesmo acolhê-las bem. A
algumas delas podes resistir ativamente. Nada disso importará ou diminuirá a
sua eficácia. Mas não te permitas fazer exceções ao aplicar as ideias contidas
no livro de exercícios e, quaisquer que sejam as tuas reações às ideias, usa-
as. Nada mais do que isso é requerido”.

Confie em Jesus quando diz que com a prática e o correr das lições, tudo vai
se encaixando perfeitamente nos devidos lugares.

Uma das coisas mais “insultantes” e “ultrajantes” para o nosso ego é quando
Jesus diz “Ainda estás convencido de que a tua compreensão é uma
contribuição poderosa para a verdade e faz dela o que ela é.” (T-18.IV.7:5)

Mas não se preocupe com a necessidade de compreender as minúcias dos


significados das lições. Aprenda a observar suas resistências, apenas isso.

Minha sugestão é que você anote em algum lugar suas impressões sobre as
lições, suas dúvidas e dificuldades, e, claro, também seus insights e vitórias
sobre o autoperdão (estar leve) diante dessas observações sobre si mesmo.
Isso poderá ser muito útil quando você já estiver olhando para o mundo “de
outra forma”.

Ainda, quanto a esta sua indagação “E por que ficaria transtornado quando
vejo coisas boas no mundo?” pensemos juntos: se aceitamos as coisas boas
do mundo como reais, necessariamente aceitamos que as ruins também o são.
Todo o mundo das formas faz parte do sonho – as partes boas e as ruins. Não
podemos separá-las, uma só “existe” se a outra também “existir”. É por isso
que manter pensamentos positivos não nos trará paz, pelo menos não a paz
inabalável que o Curso propõe. Essa paz só pode vir da aceitação (que é
conseguida aos poucos, com treino) sobre o mundo real não ser dualístico, e
sobre a aceitação de que estamos sendo guiados pelo Professor que Deus nos
enviou para que encontremos o caminho de volta ao mundo real e, então, de
volta para Casa, em Deus.

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25 - Estudante: Estava aqui, fazendo o exercício de hoje, e surgiu-me uma
dúvida: o que são mesmo pensamentos de ataque? O livro texto diz que são: -
Autoataque. Isso eu sei bem o que é. - Ataque de algo externo (vitimização).
Será que é quando nos sentimos vítimas porque fomos atacados injustamente
(por suposição, claro)? - Ataque a outro. Neste pode incluir-se crítica e
julgamento? É que ataque propriamente dito, a outros, eu não sinto que faço...
Será que é o ego me iludindo, querendo que eu me faça de boazinha para me
aliar de novo a ele? Acho que aquela resposta do Espírito Santo que você me
enviou hoje é muito boa para exorcizar essa proposta do ego: “eu sou uma
criança de Deus, uma parte inestimável do Seu Reino, que Ele criou como
parte de Si mesmo. Nada mais existe e só isso é real”. Vou copiar isso e
colocar em todo o lugar que puder.

Grupo Mera: Pensamentos de ataque são todos os pensamentos não


benignos ou não amorosos, que são dirigidos aos outros e a nós mesmos – e
aí se incluem o mais leve aborrecimento, contrariedade, crítica, julgamento, etc.
O ego está sempre nos enganando, querendo que pensemos que nossas
críticas e condenações são “opiniões certas”.

Lembrando, para o Curso, pensar ou agir são a mesma coisa. Então, assim
que tomamos consciência de que agimos (ou pensamos) condenando alguém,
será sábio darmos um passo para trás, pedindo ajuda para o Espírito Santo ou
Jesus, entregando os eventos para que Ele os resolva e nos traga a Sua visão
sobre tudo. Sem essa ajuda, corremos o risco de condenarmos e punirmos a
nós mesmos, o que, para o Curso, será o mesmo movimento: condenar a nós
mesmos ou às outras pessoas. Atacar o ego não resultaria em nada além de
torná-lo muito real pra nós... Nossa melhor performance “contra” ele é nos
juntarmos a Jesus ou Espírito Santo e aprendermos o Seu perdão.

Será uma boa estratégia, sempre, colocar algo importante de se lembrar em


vários lugares. A cada vez que nos lembramos de uma ideia coerente, um
ponto de memória para essa ideia é formado.

26 - Estudante: Preciso explicar minhas dificuldades e pedir ajuda para a


execução dos exercícios propostos nas semanas de intervalo no módulo 1.
Tenho a tendência a deixar o exercício de lado e depois sinto raiva por isso.
Noto minha resistência para interromper o automatismo em que andam meus
pensamentos. Quero sempre que as coisas se resolvam rapidamente e me
irrito quando isso não acontece. E cobro de mim mesma e das outras pessoas
as resoluções rápidas. Reconheço que esse é um grande obstáculo para o
meu despertar. Acabei me lembrando mais vezes dos exercícios nessa última
semana, mas não por causa da compreensão de que “todo dia é dia de treino”,
mas pela lembrança de que estou fazendo um curso que exige a execução de
exercícios...

Grupo Mera: Todas essas observações já são um grande passo. Mas, vamos
organizar as ideias para que você aproveite mais ainda esses seus insights:

1- Não existe uma forma perfeita de se executar esses exercícios nem


tampouco os do Curso propriamente dito. O primeiro grande ganho com essa

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prática está em você observar a sua resistência, assim como você fez. O
segundo passo será lembrar-se, com gentileza, de que você age conforme
aprendeu e, aos poucos, com paciência e benignidade, vai treinar de outra
forma. Brigar com sua mente nunca é sábio.

2 - Entenda e aceite que sua mente ainda está no automático e que, a cada
observação (percepção disso) você está necessariamente treinando de outra
forma, mesmo que aparentemente isso não esteja acontecendo.

Cobrar-nos constantemente por qualquer coisa é mais uma das artimanhas do


ego para nos manter aprisionados no mesmo círculo vicioso de pensamentos,
impedindo-nos de nos voltarmos para dentro que é onde o verdadeiro trabalho
de libertação acontece.

27 - Estudante: Tive um sonho incrível esta noite. Começou com cenas em


que eu me sentia perseguida e não tinha para onde ir. Depois, mesmo ainda
com medo, apareceram pessoas gentis que me levaram em segurança para
um lugar desconhecido. Minha interpretação foi que teve o dedo do Espírito
Santo ali para me dizer que estou no caminho certo para sair da prisão tão
concreta e ferrenha do ego, que é como sempre me senti neste mundo. Creio
que tem a ver com os exercícios que estou fazendo nesta semana. Ao acordar
senti algo que posso descrever como um “estado momentâneo (porque não
dura) de união com tudo e com Deus”. Como você interpreta o meu sonho?
Estou ficando louca quando penso que tem o dedo Dele?

Grupo Mera: Não há muito o que "interpretar" em sonhos. O mistério que


sempre impusemos a eles não tem muito sentido porque eles são apenas
representações do conteúdo inconsciente. Mas podem ser guiados pelo
Espírito Santo/Jesus, se não enquanto os estamos sonhando dormindo, pelo
menos quando acordamos e pedimos Sua ajuda. Você sempre poderá "ver",
como você disse, que tem o dedo de Jesus/Espírito Santo em tudo... Você não
está ficando louca (risos). Quando pedimos que Ele nos guie, Ele não interfere
na forma, nas situações, mas reinterpreta todas as coisas para nós.

Lembre-se: nosso estado viciado (automatizado) mental é sempre em relação à


escassez, falta, sacrifício, etc., que são os nomes que damos ao medo do
abandono de Deus. E é assim, exatamente igual, com do resto da humanidade,
mesmo com aqueles que parecem estar em maior abundância (financeira, de
saúde ou qualquer outra coisa).

21
Todos nós, que nos identificamos com o ego (um ser com um corpo mais uma
personalidade) trazemos a sensação de escassez e sacrifício, se não em uma
área, em outra, mas ninguém escapa do sentido de achar-se limitado frente
aos problemas. Limite e impotência têm base na escassez.

O estado "de unicidade" que você descreveu e que dura apenas segundo,
também é igual pra todos... No entanto, a consciência desses estados, que são
um reflexo da Realidade, é que vai fazendo com que eles fiquem mais e mais
frequentes/presentes.

28 - Estudante: Tudo é sempre muito urgente pra mim. Sempre fui assim. Sei
que incomodo as pessoas, mas eu nasci com pressa e nem meus pais
entendem até hoje meu jeito de ser. E, ainda, eu não consigo compreender
nem aceitar as pessoas que são mais lentas. Percebo um conflito em mim, a
pressa duelando com o anseio pela tranquilidade. Um falatório que se repete é
“faça rápido, você não tem tempo, tem mais coisas para fazer, se você acabar
tudo poderá dar mais atenção às pessoas”. Enfim, muitas vezes me vanglorio
de ser tão rápida e “melhor” que todo mundo... e a vergonha por pensar assim
aparece. Estou tentando sentir que tenho direito a me manter calma... Mas
sinto que as situações externas vêm com mais força me cobrando respostas...

Grupo Mera: A pressa/urgência está ligada à ideia que a vida é curta e temos
que cumprir nosso compromisso assumido com um deus déspota que irá, no
julgamento final, nos mandar o castigo merecido.

Essa ideia olhada de frente pode ser muito engraçada e nos dar oportunidades
de boas risadas! Mas ainda não dá pra rirmos direito; ela é uma "verdade bem
escondida" no nosso inconsciente.

Talvez, o que você possa ir fazendo por agora, quando percebe cada um dos
seus pensamentos de urgência, é pensar: "e daí, e se eu não conseguir isso
agora? E se nada der certo hoje? E se eu não conseguir terminar de fazer o
que me propus? O que de pior pode acontecer”?

Aguarde um pouco e veja se sua mente te dá alguma resposta. Pode ser que
você se surpreenda com "o que de pior pode acontecer" e consiga rir na
grande maioria das vezes.

Escrever é uma ótima estratégia para acalmar e organizar os pensamentos


porque você não consegue escrever na velocidade em que os pensa!

29 - Estudante: Comecei bem o dia conseguindo observar os meus


pensamentos sobre todos os problemas familiares atuais. Existe uma cobrança
da parte deles para mim e de mim para mim mesmo. Neste momento me
parece que nunca fui um bom pai, que fiz tudo errado. Mas, estou percebendo
que esse movimento é para me manter na posição de vítima. Encontro uma
paz ao repetir a frase do meu exercício, mas logo volta o tumulto. Estou
determinado a me observar mais, a treinar muito mais. Pedir ao Espírito Santo
que me ajude a manter tudo isso em mente para que no final do dia não me
sinta decepcionado comigo. Você tem alguma dica de como proceder para

22
manter essas ideias quando a pessoa está trabalhando ou em outras
atividades? Sinto que preciso me esforçar mais.

Grupo Mera: Comece (atente-se, o verbo é começar) a perceber o quanto tudo


vira uma obsessão para você. Um alerta: isso não é uma crítica, é uma
observação para que você comece a ver a origem de todos os problemas.

Quando o Curso nos pede pra sermos "observadores de nós mesmos, de


nossas mentes", assim como pedimos nos exercícios que você tem feito
conosco, não é pra virar uma obsessão. Será mais útil que, ao invés de você
ficar preocupado em fazer suas tarefas perfeitamente, você se perdoar quando
se esquecer delas.

Jesus não pede que modifiquemos nossas vidas. Pelo contrário, ele pede pra
que as levemos normalmente, interagindo com as outras pessoas e com as
situações. Então, comece a ver esses impulsos de levar tudo "ao pé da letra" e
a ver que eles são apenas mais uma forma de torturar a si mesmo.

Vou apontar mais algumas coisas para que possamos dar continuidade ao
“raciocínio” a que nos propusemos.

Observar seus sentimentos e pensamentos não é tentar se livrar deles. No


outro e-mail você repetiu várias vezes que não sabe como não ficar com raiva
em determinadas situações. Eu não disse pra você não ficar com raiva ou
tentar substituí-la por qualquer outra coisa. O que conversamos foi que todos
nós temos raiva porque esse é um sentimento que faz parte da natureza
humana. Essa tentativa de não sentir ou substituir algo que “não é bom” de se
sentir faz um tumulto maior nos pensamentos.

Importante: é impossível estar atento a todos os seus pensamentos. Uma hora


dessas, você vai entender que isso realmente não é necessário.

Nossa tarefa é não esconder esses sentimentos de nós mesmos e do Espírito


Santo. Eles serão naturalmente abandonados e substituídos enquanto vamos
concluindo que eles são, na verdade, sem sentido. A substituição é feita pelo
Espírito Santo, sempre.

Não existe uma "dica" para quando estamos trabalhando e queremos manter
as ideias, o treino. Quando pedimos ajuda, somos ajudados sempre. O que
mais acontece é que não “reconhecemos” a ajuda porque nós, normalmente,
determinamos como ela deveria ser... Daí, não a reconhecemos.

Quanto à urgência em resolver seus problemas com seus familiares, pense


comigo. Se você estiver calmo, sem tantos pensamentos de culpa sobre a
necessidade de ajudar, pode tentar achar uma resposta sobre como ajudar.
Para cada problema que aparece com o recado "precisa ser resolvido agora",
você pode pensar: o que de pior pode acontecer se não for resolvido neste
momento? E comece a se lembrar de que eles estão aí desde longa data.

23
Sobre nossa “evolução”, com Um Curso em Milagres nossa maneira de pensar
necessariamente muda para "nós já somos os filhos perfeitos de Deus apenas
esquecidos disso". Com o Curso vamos tirando todas as nuvens que encobrem
essa verdade em nossas mentes.

30 - Estudante: Eu sei que estamos no começo de nossos estudos, mas,


preciso confessar que estou bastante confusa. Já estudei tanta coisa, mas o
que tem me vindo à mente é que estou perdida, posso dizer que parece que
realmente não sei quem sou... Não estou nada confortável. Isso acontece com
outros alunos também?

Grupo Mera: quando começamos verdadeiramente a olhar para dentro, as


“primeiras camadas” parecem mesmo escuras, cheias de coisas estranhas e
tenebrosas... Isso está de acordo com algumas crenças reinantes no mundo do
ego: nós traímos Deus e estamos separados Dele e, portanto, somos criaturas
horríveis. Não devemos olhar para dentro porque nos defrontaremos com o
traidor.

Acreditando nisso, caímos no conto do vigário que sustenta a ameaça contada


pelo ego.

Esse medo, na verdade, é um sinal de que estamos começando a questionar o


sistema de pensamento do ego, e uma reação em contrário é natural e
esperada, pois o ego vê esse questionamento como uma ameaça à sua própria
existência. Embora o ego seja apenas uma parte de nossa própria mente, nós
o sentimos como algo à parte e em oposição a nós, com o “poder” de nos
ameaçar ou de nos tirar do equilíbrio.

No entanto, somos filhos do Amor, e as criações de Deus são como Ele


mesmo. É exatamente disso que o ego não quer que nos lembremos. Essa
lembrança precisa vir aos poucos. Ela é o nosso despertar. Não se assuste,
então, com esse momento. Com certeza tudo isso passa mais rápido quando
respeitamos o medo (desconforto) a cada passo e lembramos da base da
metafísica de Um Curso em Milagres: nada que seja diferente de Deus e Sua
Vontade é real.

31 - Estudante: Às vezes tenho umas crises que aparecem “do nada”. Alguns
profissionais diagnosticaram como sendo pânico (porque fico sem vontade de
falar com as pessoas, sem querer fazer absolutamente nada). Nesta última
fiquei fechada com os meus conflitos e muito medo. De vez em quando isso
dura dias. Agora estou morando em Paris e mesmo nesse apartamento
minúsculo fiquei entre quarto e cozinha quatro dias. Foi horrível! Pedi
desesperadamente por um “milagre” e comecei a rezar... Nem sei como
aconteceu, mas eu melhorei e até consegui ir a uma igrejinha que tem ao lado
deste apartamento que estou morando... Eu só queria entender... O que é isso
que me acontece de vez em quando sem motivo algum? Eu começo sentindo
alguma coisa estranha e de repente tudo começa a dar errado: encontro

24
pessoas hostis, esqueço meu telefone em algum lugar numa cidade que nem
conheço direito ainda... O que acontece comigo?

Grupo Mera: Muitas pessoas ultimamente têm passado coisas parecidas com
o que você descreveu. Embora dentro das crises isso pareça intransponível ou
incurável, de maneira alguma você deveria suspeitar do seu poder de
abandonar esses medos e quaisquer surtos.

Segundo Um Curso em Milagres, o processo de “abandono” desses


transtornos começa com o entendimento do processo. Ele diz que isso
acontece porque estamos desconectados do nosso verdadeiro "Ser" – que ele
chama de Filho de Deus.

Quando nos lembramos, por menor que seja o tempo que dure a lembrança, de
que somos sim filhos Dele, uma experiência de união, força e proteção
rapidamente faz com que retomemos a serenidade. Isso não precisa
exatamente passar pela consciência, como foi com você quando se lembrou de
rezar e ir à igrejinha; você não teve uma "análise consciente" sobre o processo,
mas sentiu e aceitou o que você chamou de milagre. O Curso também chama a
isso de milagre - mas explica que foi apenas a correção do seu pensamento.

Quando você diz que essas crises "vieram do nada", eu posso garantir a você
que isso não foi assim. Comece a reparar, a lembrar de pequenos
pensamentos de julgamento e condenação que você teve (sempre teve porque
todos nós temos) especialmente nos dias anteriores, em relação às outras
pessoas e, principalmente, em relação a si mesma. Eles ficam disfarçados,
mas podem ser mais ou menos assim: acho que não consigo, não dou conta,
não fiz isso direito, será que estou certa? Etc.

Esses pensamentos (muitos deles não percebemos porque não temos treino
de estar atentos) fazem com que nos sintamos cada vez mais frágeis porque
nos sentimos separados de Deus, das outras pessoas e da nossa Essência,
nossa verdadeira Identidade. Sem perceber vamos nos sentindo mais frágeis e
sem proteção, parecendo que muitas coisas podem acontecer conosco.
Lembrando novamente, isso acontece com todos, então, de repente, sentimos
umas coisas estranhas, e sempre atribuímos a energias “externas” (alimento,
doença, espíritos, ambiente, pessoas ruins, etc.) e nos sentimos mais frágeis e
vulneráveis ainda.

Essa dinâmica se repete e repete outras vezes, e ficamos presos num círculo
vicioso sem perceber. É assim que funcionam nossas mentes aqui no mundo.
Mas, como as pessoas raramente conversam umas com as outras, muitas
vezes por medo de serem julgadas como loucas, ou por vergonha de se expor,
etc., ninguém fica sabendo que todos, em algum nível, sentem a mesma coisa.

Analisando sob o prisma do Curso, então, a primeira coisa a fazer é começar a


estar atenta aos seus próprios pensamentos. Estar atenta não significa tentar
mudá-los, trocá-los por pensamentos positivos. Não é nada disso. É só estar
atenta e perceber que seus pensamentos de condenação a alguém e os de
autocondenação estão soltos, “fazendo o que querem”. Quando você olha para

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eles e não luta contra eles, eles vão perdendo a força... Mas, isso só vai valer
se você experimentar. E experimentar várias vezes – isso é treino.

Esse é o princípio do treinamento proposto pelo Curso: observação. Quando


você começa a fazer isso, fica ciente de que nada lá fora está lhe fazendo
qualquer coisa - são os seus próprios pensamentos que fazem tudo: suas
percepções boas ou ruins. Embora esse assunto necessite de mais
embasamento teórico, você pode começar com a seguinte análise: uma
mesma situação ou pessoa pode parecer ruim para alguém e para outro
alguém, pode parecer boa. O valor (status de boa ou ruim) de cada coisa ou
situação ou pessoa é diferente para cada um de nós. Sendo assim, olhar "de
frente" para as coisas que nos machucam pode revelar o valor (sempre ilusório
porque pode mudar de pessoa para pessoa) daquela coisa. E, então, você
começa a retomar o seu poder tirando o poder das coisas “lá fora”.

Creio que você entendeu que são várias coisas acontecendo


concomitantemente somente a partir da sua atenção aos seus pensamentos,
que são o princípio de todo nosso mundo de percepção, de formas.

32 - Estudante: Eu não sou exatamente um estudante do Curso porque não


tenho o livro, mas li o livro de vocês e, pensando na vida e na humanidade
cheguei a uma conclusão: Deus nos criou assim, desse jeito, por natureza
volúveis, de vez em quando com raiva, de vez em quando tristes, às vezes
alegres... Um pouco de cada "ingrediente" em cada um nós, então... Se
quisesse um ser humano perfeito, totalmente aptos, seguros, serenos, bem...
Ele teria simplesmente feito assim.

Grupo Mera: Se você já leu nosso livro – Um guia para o perdão -, penso que
posso pedir para lembrarmo-nos juntos: Deus nos criou perfeitos na Realidade,
mas Ele não nos “criou assim”, como corpos, vivendo em um mundo de
dualidade, a dicotomia entre o “bom” e o “ruim”, o “bem” e o “mal”. A perfeição
não pode ser associada aos “seres humanos”. Os seres humanos (todo o
mundo das formas, da matéria) são mesmo cheios de altos e baixos, ora bons
ora ruins, ora alegres ora tristes...

E então, quando nos perdoamos por estarmos sempre nessa gangorra, vamos
lembrando a nós mesmos de que a “obra de Deus” está mesmo acima (ou à
parte) de todos os opostos.

Por isso mesmo não precisamos nos preocupar em buscar a perfeição, mas,
como nos ensina Um Curso em Milagres, vamos buscar retirar as crenças que
encobrem a Verdade em nossas mentes: a crença em que podemos ser algo
diferente Daquilo que Deus criou.

Sabendo que Ele é o único Criador, e que Suas obras são como Ele, podemos
relaxar e ir trilhando nosso caminho de volta para Casa (em Deus),
serenamente, sabendo que já somos “perfeitos” na Realidade.

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33 - Estudante: Eu não consigo olhar para as pessoas, para meu marido por
exemplo, com os olhos do Espírito Santo, sem defeitos... Acho que nunca
conseguirei isso...

Grupo Mera: Isto precisa ficar claro: o Curso não nos pede para vermos as
pessoas sem nenhum “defeito”, mas pede para que olhemos para nossas
mentes e observemos porque determinados defeitos nos incomodam. Esses
incômodos podem ser a chave para liberdade. Eles podem nos mostrar onde
estão nossas necessidades especiais, às quais “a outra pessoa tem de” nos
satisfazer.

Isso não quer dizer que estaremos condescendentes com alguns


comportamentos ou buscando não olhar para as coisas que os outros fazem e
não concordamos. Mas quer dizer que vamos nos lembrar de que elas as
fazem porque acham que está certo e porque aprenderam assim. Ao mesmo
tempo, vamos lembrando que a maneira como interpretamos os
comportamentos é a nossa maneira de ver, a nossa percepção.

Assim, novamente, lembramos que “as coisas me incomodam porque eu as


vejo dessa forma”. Olhar para o incômodo em nós mesmos é a retomada do
nosso poder e o começo da solução do conflito.

Um exercício útil pode ser observar-se com a irritação em relação ao


comportamento de uma pessoa. Mas, sem nenhuma tentativa de “correção” da
visão, da opinião ou julgamento que temos. Pedir ajuda do Espírito Santo para
ver a pessoa, seu comportamento ou a situação de outra forma, é a nossa
função.

No entanto, é importante que nos lembremos de pararmos nesse ponto (pedir


ajuda para ver de outra maneira) porque senão ficaremos envolvidos pela
necessidade de acharmos os "pontos positivos" das pessoas e das situações.
E não é esse o nosso papel. O Espírito Santo tem a visão de Deus sobre tudo
e todos. Ele nos vê além do nosso comportamento. Tem a visão total, à parte
da ilusão de todas as aparências. Nosso papel é entregarmos a Ele todo nosso
julgamento.

34 - Estudante: Professora, eu andei refletindo e escrevi algumas coisas que


eu penso que não “fogem” do que o Curso ensina, você pode verificar se estou

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certo, no caminho certo? Por que perdoar o que nunca aconteceu? A luz está
em mim. Eu sou a luz do mundo que traz paz através do meu perdão. O perdão
que libera o passado que nunca existiu é fundamental para que eu veja a
eternidade do presente, substituindo em minha mente as imagens repetidas
elaboradas a partir das crenças adquiridas. Por isso o perdão é tão importante,
para quebrar a ponte aérea do ego (passado – futuro), liberando a todos,
trazendo paz às mentes aparentemente separadas e possibilitando a visão do
mundo real, como se fosse o recomeço de tudo.

Grupo Mera: Você está bastante “afiado” na metafísica do Curso. Seu texto
está perfeito! Entretanto, todos nós precisamos estar alertas ao “pedido/bronca”
de Jesus em seu Curso: a metafísica serve pra nos orientar para um caminho
reto, ou, em outras palavras, para a decisão da escolha certa: ter o Espírito
Santo como guia. Mas nossa atenção e dedicação devem ser com o nosso dia
a dia, com as situações que se apresentam, porque são as nossas lições
específicas de perdão. Então, embora “saibamos” (uma ideia que aceitamos na
teoria) que o passado não existe, nossa experiência é que somos um ser
inserido no tempo, portanto, devemos começar nossa prática a partir de onde
pensamos estar.

Muitos estudantes do Curso acabam caindo na armadilha comum do ego e


dizem “ah, isso nunca aconteceu mesmo, então deixe para lá”. Tudo o que o
ego quer é que deixemos de olhar para as nossas mágoas (portanto, culpas) e
que nos mantenhamos bem longe da lembrança de que temos mentes. Jesus,
bem ao contrário, nos diz “hei meu irmão, olhe bem de frente para essa sua
dor. Depois de encará-la, junto comigo você verá que ela realmente não é real”.

Enquanto quaisquer mágoas nos parecerem reais, negá-las realmente não fará
com que desapareçam. Na verdade, a negação só faz com que fiquem ocultas,
latentes, escondidas nos cantos mais escuros de nossa mente. E tudo o que
fica escondido acaba por fazer uma pressão cada vez maior para vir à tona,
gerando todo tipo de pensamentos e sentimentos confusos, como
agressividade, depressão, etc. Seria como tentarmos manter uma bola
embaixo da água; vai chegar um momento em que não teremos mais forças
para manter a pressão, e então, tudo virá à tona com uma violência e
velocidade espantosas, causando um estrago ainda maior em nossa percepção
de nós mesmos e nos nossos relacionamentos.

O Curso é um aprendizado com práticas. São as experiências que tornam


concreto o conhecimento através de uma memória “fabricada” conscientemente
e passo a passo. Este trecho de UCEM exemplifica tudo isso:

“Tens que olhar para as tuas ilusões e não mantê-las escondidas, porque elas
não se baseiam em um fundamento próprio. Estando ocultas, parecem fazê-lo
e assim aparentam manter-se por si mesmas. Essa é a ilusão fundamental
sobre a qual repousam as outras. Pois, abaixo delas e permanecendo oculta
enquanto elas estão escondidas, está a mente amorosa que pensou tê-las feito
na raiva. E a dor nessa mente é tão evidente quando é descoberta, que a sua
necessidade de cura não pode ser negada. Nenhum, entre todos os truques e

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jogos que tu lhe ofereces, é capaz de curá-la, pois lá está a real crucificação do
Filho de Deus” (UCEM-T-13.III.6).

35 - Estudante: Minha mãe fez um curso com você e me disse que eu poderia
pedir uma ajuda porque ela não conseguiu achar as palavras. Eu fiz uma coisa
muito errada e envergonhei toda a minha família. Na verdade, não me acho
mais digno de ser um membro dessa família, nem mesmo filho dessa mulher
maravilhosa. Não consigo mais dormir e estou muito atormentado.

Grupo Mera: Entendo perfeitamente e conheço bastante a guerra mental em


que está. Como sua mãe deve ter dito a você, tudo o que posso falar vem dos
ensinamentos de Um Curso em Milagres, livro de treinamento da mente com o
qual trabalho. Esse livro mostra e distingue duas coisas que devem estar
passando pela sua cabeça nesse momento.

Uma delas é o arrependimento. Para o Curso, é útil termos arrependimento de


algo que fizemos ou deixamos de fazer porque o arrependimento nos faz
repensar e lembrar que podemos fazer de outra forma numa próxima vez. No
processo de pensar sobre o arrependimento “cabe” lembrarmos que todo
mundo erra.

A outra coisa é a culpa. Segundo Um Curso em Milagres, ela não serve para
nada a não ser nos manter presos a uma situação ou pessoa sem, na verdade,
ajudar nem um nem outro – nem a nós, nem as outras pessoas, nem a
situação. Para tentarmos entender isso, partimos do último pensamento do
arrependimento: todos erram. Neste mundo não pode haver alguém que não
erre. Se isso é coerente para você, quando essa “voz” na sua cabeça começar
a falar (essa voz que existe na cabeça de todos e que no Curso é chamada de
ego), pare tudo, organize seus pensamentos e ideias. Para isso, você pode
usar a estratégia de “escrever” porque nós não conseguimos escrever na
velocidade em que pensamos e isso faz necessariamente com que o fluxo de
pensamentos diminua. Rezar também pode ajudar, se você gostar, claro.
Respire fundo e, mais calmo, escolha perdoar a você mesmo e a todos os
envolvidos, diretamente ou não, nessa situação – porque todos nós estamos
tentando acertar, mesmo quando erramos.

Nesse momento bastante difícil que você está passando, tente (esse é o treino
que tento ensinar aos meus alunos) ser mais benigno consigo mesmo... Isso
vai ajudar a diminuir o volume dessa voz acusadora na sua mente e pode
ajudá-lo a encontrar soluções mais criativas e serenas pra tudo isso. Você
pode ter certeza de que isso tudo pode ter um final bastante diferente desse
terror que muitas vezes imaginamos ser sem volta ou sem solução.

Quando cometemos algum erro, principalmente quando é algo considerado


grave, temos a tendência a pensar que todo o nosso valor como ser humano se
foi, e assim, nos concentrarmos apenas nesse erro. O erro aconteceu; isso é
fato. Mas nosso valor intrínseco continua intacto, nos mostrando que somos
sempre dignos de Amor. Não somos o erro em si – somos algo muito maior do
que isso. E, quando realmente nos arrependemos, podemos usar todas as

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situações desafiadoras em nossas vidas para nos tornarmos pessoas
melhores, mais maduras e conscientes.

36 - Estudante: Professora, eu estou com um problema com um colega de


trabalho. Na verdade, é antigo, mas agora está agravado. Eu gostaria de saber
a sua opinião sobre o e-mail que escrevi e preciso me decidir se mando ou não
a ele. Esse colega fala de todo mundo e agride a todos, principalmente a mim,
se direcionando aos “pontos fracos”. Como passou dos limites na semana
passada, fiquei transtornado e me vi com muita raiva. O texto que escrevi a ele
está em anexo. Gentileza ler o e-mail e me dar sua opinião. Grato.

Grupo Mera: Você está sendo super polido e educado no seu e-mail, está tudo
certo. Mas, o mais importante de tudo isso é você se questionar e "organizar os
seus pensamentos" sobre o que você quer que resulte disso.

Lembrando: o seu colega também vive aqui nesse mundo sob a culpa
inconsciente e auto-ódio inconsciente, correto? Ele odeia a si mesmo e projeta
isso à sua volta - neste momento, em você. Só que ele não tem a mínima ideia
do que estamos falando, portanto, você necessariamente tem de pensar pelos
dois. O que eu quero dizer é que ele pode entender o seu e-mail da maneira
como ele "consegue", não da maneira como você espera.

Suponhamos que ele distorça tudo que você tentou falar. Você está pronto
para isso?

Enquanto você vai pensando sobre essas questões, eu sugiro que você
escreva um outro e-mail agora. Escreva tudo da maneira como você gostaria
de falar de verdade, talvez xingando e expondo toda sua raiva, indignação e
decepção. Guarde os dois e-mails. Daqui a três dias, não antes, releia-os.
Primeiro esse mais "verdadeiro" e depois o polido.

Não mande nada a ele antes de ter certeza de que se ele distorcer tudo e ainda
fizer mais estardalhaço com essa história sem pé nem cabeça, você ainda
ficará em paz, consciente de que o que ele está fazendo, na verdade, eu, você,
ele e o resto da humanidade também faz - não no mesmo formato, mas
exatamente no mesmo conteúdo.

Quando você estiver em paz independentemente de qualquer resultado, mande


o que quiser a ele, está bem?

Eu sei o quanto isso é difícil para você e isso não é diferente para ninguém.
Mas, como estudante do Curso, nosso caminho nunca mudará: é para dentro.
Por isso, não se esqueça de pedir ajuda ao Espírito Santo ou Jesus nesse
processo. Só não se esqueça de que você não sabe qual seria o melhor
acontecimento nesse assunto nem em qualquer outro. Peça sempre a Eles
para mostrarem as suas lições de perdão e para que lhe ajudem nelas - o
perdão é realizado pelo Espírito Santo - sempre.

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37 - Estudante: Acho que há uma confusão aqui. O Curso nos diz que o
mundo é uma ilusão e depois diz que nos guia para a salvação. Para que a
salvação se o mundo é só uma ilusão?

Grupo Mera: É verdade mesmo que a leitura dessas passagens parece uma
enorme contradição. Mas, precisamos estar atentos ao recado insistente de
Jesus. Ele nos pergunta em várias passagens algo assim: “eu estou afirmando
que este mundo é uma ilusão, um sonho que está acontecendo na mente do
Filho de Deus, mas responda sinceramente: você realmente acredita nisso?”

Se formos sinceros, e nem precisamos de profundos exames mentais, veremos


que não acreditamos que este mundo não seja real. Basta ver como ficamos
nervosos com problemas ou com alguma dor.

Por esse motivo, o Curso fala conosco em dois níveis: no nível da Verdade
absoluta e no nível da dualidade – que é o único que nossa mente
aparentemente dividida consegue entender.

Então, a “salvação” é o nome que Jesus deu para falar sobre o resgate da
consciência de que a separação não pode ser real. Como nossas mentes estão
absolutamente distorcidas e longe dessa verdade, ele propõe um programa de
teoria e prática para revertermos a distorção e nos lembrarmos de que só a
unidade do Amor é real.

38 - Estudante: Depois dessa última aula que falamos sobre perdoar, tem
acontecido de algumas lembranças “saltarem” à minha memória – coisas que
eu nem sabia que ainda estavam lá... Fiquei com vontade de conversar com
algumas pessoas que me magoaram e outras que eu magoei. Às primeiras eu
diria que não se preocupassem porque nada daquilo tem qualquer importância
agora. E às segundas eu pediria sinceramente perdão explicando que
realmente lamento o que fiz. Isso tem vindo como “necessidade” – é assim
mesmo?

Grupo Mera: É bastante comum, quando começamos a nos conscientizar de


nossa escolha pelo perdão verdadeiro, que memórias antigas voltem. Eu penso
que podemos agradecer a essa volta porque é mesmo uma grande
oportunidade de olhar para nossa culpa. Lembre-se de que se nós não
tivéssemos culpa, não estaríamos mais perdidos nesse sonho.

Esse é o movimento que o Curso nos propõe: trazer à tona as formas


inconscientes que representam o conteúdo dessa culpa para que possamos,

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no nível da forma, perdoar e desmanchar essa ilusão que nos prende ao
mundo do sacrifício e da dor.

A vontade de falar com as pessoas sobre o perdão também é comum. Não há


nada de errado em fazer isso. Porém, lembre-se de que você não precisa
“executar a ação” fisicamente porque é na mente que tudo acontece. A
comunicação humana é algo sempre muito falho, porque todos nós
enxergamos através dos “filtros” das nossas percepções. Muitas vezes, o que
para uma pessoa é perfeitamente claro, para outra pessoa, soa de maneira
completamente diversa.

Ainda, todo esse processo pode ser feito também com as pessoas às quais
estamos impossibilitados de nos comunicarmos, às vezes porque perdemos o
contato ou porque já não estão entre nós. Assim que começamos essas
práticas, desmanchando essas lembranças, a nossa percepção (entendimento)
e a das outras pessoas (todos somos um) mudam. Podem ocorrer
circunstâncias reveladoras e diferentes ligando-nos aos envolvidos naquelas
situações, mas, isso realmente não é necessário.

Peça ao Espírito Santo para mostrar a você a paz de ter a visão junto Dele.
Quando vamos entregando com persistência e determinação cada uma dessas
memórias dolorosas a Ele, a paz vai ficando cada vez mais ampla e profunda
dentro de nós. Reveja os passos do perdão lembrando que, no final das
contas, ele é o abandono das memórias que o ego tenta a todo custo manter
“presentes”.

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39 - Estudante: Eu já li o seu livro “Um guia para o perdão”, mas, na
verdade, eu não entendi direito como perdoar. Você pode me explicar
melhor?

Grupo Mera: Essa dúvida é a de todos, mesmo quando estão já entrosados


nos conceitos do Curso. Acreditamos que o que acontece é que nós pensamos
que haja passos determinados e diferenciados para se atingir um determinado
fim; talvez pensemos em algo ritualístico para cada situação. Mas o Curso
ensina que, como o conteúdo é sempre o mesmo, podemos seguir um roteiro
único. Vamos começar pelo fim porque o objetivo, ou a meta, é que vai
determinar esse passo a passo.

Nosso objetivo não é apagar as memórias do que aconteceu porque isso não é
possível e nem é necessário. Nossa meta é tirar a “carga emocional” dessas
lembranças, o que quer dizer tirar a “realidade” dessas emoções que nos
afetam e machucam, fazendo um trabalho que envolve etapas. O perdão é um
processo.

Já discutimos bastante essas etapas ao longo de nosso livro, então, o que


precisa ficar mais claro para você, talvez seja que, a cada vez que olhamos
(analisamos, revemos as situações e pedimos ajuda ao Espírito Santo) para
uma pessoa ou situação que necessita ser perdoada, mesmo que isso tenha
que se repetir inúmeras vezes, criamos um “ponto de memória” diferente para
ela. Quando nossa percepção deixa, mesmo que apenas por um instante,
essas dores de lado e nós compreendemos que este mundo não passa de uma
sala de aula na qual estamos aprendendo nossas lições de perdão, a pessoa
ou a situação vai adquirindo um novo “status”, vai deixando de ser um algoz.
Assim, nós também vamos adquirindo um novo status – deixamos de ser
vítimas indefesas e sem nenhum poder e passamos a ser os criadores das
nossas próprias lições.

Essa dinâmica em geral tem que ser repetida muitas vezes para um
acontecimento traumático, mas uma hora teremos tantos pontos de memória
sem a carga da emoção -e de entrega real ao Amor de Deus para que sejam

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perdoados, que chegaremos a sentir que essa pessoa ou situação não passa
de uma memória antiga, sem importância alguma no sentido de nos causar dor.
Ao contrário, por mais difícil que possa nos parecer a princípio, um dia
sentiremos gratidão a todos que nos ajudaram a aprender nossas lições de
perdão.

40 - Estudante: Você me disse “Não adianta investir em nada neste mundo de


ilusão”. Sendo assim, para que investir no entendimento e compreensão deste
Curso? Ou será que o Curso é uma exceção a essa verdade?

Grupo Mera: O Curso ensina exatamente isso, que o investimento em


qualquer coisa aqui é um investimento no nada, já que tudo é uma ilusão,
inclusive ele próprio que nos dá o caminho para esse entendimento. No
entanto, Jesus explica que, justamente porque nós não acreditamos que o
mundo não seja real, para que essa compreensão aconteça, nós temos que
começar exatamente onde nós pensamos estar: neste mundo, com uma
existência individual e separada "real". Por esse motivo, ele fala conosco
também em uma linguagem dualista, pois, caso contrário, não conseguiríamos
compreender seus conceitos de forma alguma.

UCEM é apenas um instrumento extremamente útil para nos conduzir pelo


caminho que nos levará a lembrarmos da nossa Realidade como o Filho de
Deus. Como qualquer instrumento, será útil enquanto ainda precisarmos dele.
Não há nada de inerentemente “sagrado” ou especial no Curso em si, apenas
na Fonte de onde ele se originou.

É essencial que analisemos as ideias apresentadas no Curso percebendo sua


coerência. Essa “análise” é, numa grande parte do tempo, experienciada mais
que racionalizada. Mas sem esse olhar analítico podemos achar que já
aceitamos ou entendemos tudo e então, sem perceber, seremos convidados
sutil e incessantemente pelo ego a desconfiar desse ensinamento porque o ego
sempre exige provas, embora ele mesmo jamais tenha apresentado qualquer
uma.

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Uma das grandes armadilhas do ego é exatamente nos levar a pensar que já
avançamos nesse caminho muito mais do que efetivamente fizemos porque
assim, passaremos a pensar que já entendemos e sabemos tudo, então, a
possibilidade de realmente nos abrirmos para essas mudanças fica
automaticamente suspensa.

41 - Estudante: Uma pessoa muito próxima a mim, também estudante do


Curso está numa crise muito grande, mas, como as dúvidas dela são as
minhas também, não estou conseguindo ajudar. Espero que você possa nos
dar uma luz neste momento porque ela está mesmo muito abalada. Ela está
com problemas com as pessoas com as quais mora e seu filhinho está doente.
A dúvida (pensamentos de medo) é: Se ela tem criado tantas situações
dolorosas e ainda não confia totalmente em Jesus/Espírito Santo, e
consequentemente não consegue praticar o Curso, isso tudo pode trazer ainda
mais dissabores, especialmente com seu filhinho. Assim como eu já conversei
com você em outra ocasião sobre mim e meus filhos, ela está atribuindo com
os ensinamentos do Curso, a culpa do que acontece com o filho e com as
outras pessoas com as quais convive, a ela mesma, à sua mente que projeta.
Eu sinto que isso tem uma razão, mas também que não tem, conforme o que
conversamos um dia sobre a "culpa ser de todos". Será que você pode me
ajudar a ajudá-la?

Grupo Mera: Eu penso que será mais didático pensarmos organizando em


passos o que está bastante confuso para vocês:

1 - O mundo inteiro é uma projeção de um ÚNICO pensamento de culpa. As


milhares de formas que as historinhas individuais tomam têm o mesmo
conteúdo.

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2 - O "filme já foi filmado", ou seja, a diminuta e louca ideia já acabou - nós
escolhemos as nossas historinhas de culpa e as revivemos. Mas elas já
acabaram - no sentido da Realidade (o que não é Amor, não pode ter sido
criado por Deus, portanto, é ilusório). Mas nós, a parte da mente que decide
reviver essas projeções (filmes) de culpa, as estamos assistindo em câmera
lenta e não temos consciência disso - por isso elas parecem estar acontecendo
agora e, então, parece que nós não temos "controle ou responsabilidade" sobre
nada: o filme está nos filmando e não nós a ele, quando na verdade, só pode
ser o contrário - nós é que estamos sonhando um filme. E precisamos apenas
nos lembrar disso para resgatar o poder para despertar.

3 - Quando nos culpamos pelos acontecimentos e lutamos firmemente para


mudar as coisas aqui no mundo, o que estamos fazendo (do ponto de vista
Real) é tentar mudar o que estamos vendo NA TELA onde está sendo
projetado o filme. Obviamente o Curso não diz que não devemos fazer as
coisas aqui e resolver os problemas. Mas diz que deveríamos pensar sobre
isso e ir desmanchando as loucuras que o ego inventou e nós acreditamos.
Mas, só podemos fazer isso junto do Espírito Santo.

4 - Junto do Espírito Santo - NÃO quer dizer confiar plenamente! Jesus sabe
que nós não confiamos nele ainda. Ele não fica bravo e nem se ofende com
isso. Ele sabe que ele representa uma ameaça grande pra nós que
acreditamos ser um ego. Fizemos de Deus (Amor) um inimigo e ele representa
a presença do Amor em nós. Inconscientemente pensamos que o Amor vai nos
matar porque nós o traímos.

5 - Olhar para tudo isso aos poucos e nas situações menos difíceis (treinar
sistematicamente - TODO DIA É DIA DE TREINO) vai construindo um suporte
(alicerce) sólido para quando o ego vier em revanche (sempre que vamos nos
aprofundando na teoria ele resiste com muita força - são as fantasias de
medo). E creio que este seja o caso de vocês nesse momento. Entenda, esse
alicerce profundo nos faz recobrar a razão mais rápido.

6 - As pessoas que nos rodeiam (TODAS - inclusive os filhos) são "projeções"


nossas no papel que elas representam para nós - algozes ou vítimas. Mas são
tão poderosas quanto nós e "vítimas" de suas próprias criações, também como
nós. Nossa responsabilidade é, sempre junto do Espírito Santo, mesmo que
estejamos com pouca disponibilidade de confiança, ir mudando para a Sua
visão deles, consequentemente para a Sua visão de nós mesmos ("quem sou
eu").

7 - Nesse processo, manter em algum momento (cantinho da mente) a


lembrança de que nada disso é real, que os sonhos de horror e de prazer não
podem mudar a Realidade do que Deus criou e também, a humildade de
lembrar que nós "nós não sabemos nada", que "não sabemos para que servem
as coisas e os acontecimentos" e "não sabemos o significado de nada que
aparentemente nos acontece", tudo isso será imprescindível para que
possamos pedir A PAZ DE DEUS em vez das modificações ou resoluções das
situações, posto que elas são apenas as projeções, cuja causa (projetor) está
na mente.

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8 - Tente fazer essa prática e ensine sua amiga: Uma vez ao dia sente-se e
aquiete sua mente por uns 2 minutos com a seguinte ideia "eu peço a Paz de
Deus agora. Por este instante libero a minha necessidade de resolver esta
situação". E tente se acalmar. Essa pequena prática pode ter resultados muito
positivos para o seu estado mental mais calmo e isso vai ajudá-la a ouvir com
mais confiança a Voz por Deus em você.

42 - Estudante: Eu estive pensando sobre os dois textos que você nos enviou
e registrei algumas coisas. Gostaria que você revisasse para mim as minhas
observações. Entendi que quando penso em perdoar o outro necessariamente
parto do princípio que ele errou, ainda que ele estivesse pensando ter feito
certo. Mas na verdade, o erro foi eu ter dado realidade ao acontecimento.
Algumas coisas ainda são muito reais para mim. Porém, de maneira geral, eu
entendendo esse processo e, revendo essas ideias, tenho me sentido muito
mais leve com as pessoas. No caso do autoperdão, em algumas situações é
difícil até admitir o erro, ou, compreender o que ocorreu de verdade. Por muito
tempo eu desenvolvi uma espécie de síndrome do perfeccionismo. Eu tinha
que fazer tudo perfeito para poder ser amada e aceita. Quando compreendi
que minhas preocupações com perfeição não estavam relacionadas a nenhum
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tipo de sentimento de amor, mas a uma espécie de necessidade de admiração,
fiquei muito decepcionada comigo mesma porque escondi durante muito tempo
o verdadeiro motivo desse investimento. Ainda estou me perdoando por isso,
mas está me parecendo mais difícil que perdoar quem me machucou.

Grupo Mera: Você está certa, nosso “erro” é sempre dar realidade aos
acontecimentos. Mas esse é o último estágio, ou, o ponto final. Antes temos
que olhar de frente, para os acontecimentos como nós os percebemos. Depois
entendemos que construímos juntos com as outras pessoas todos os eventos e
olhamos para nossas “dores reais” para então nos lembrarmos de que nada
que não tenha sido criado por Deus pode ser verdadeiro.

O autoperdão é mais difícil porque não conseguimos nos perdoar por “termos
traído nosso Criador” (a historinha contada pelo ego que nós acreditamos).

Sua síndrome de perfeccionismo, que não é exclusividade sua, foi sim um


pedido de amor porque querer ser admirada também é um pedido de amor.
Nós todos nos sentimos afastados do amor e essa fantasia toma diversas
formas. Você não precisa se decepcionar quando encontra as verdadeiras
intenções das suas ações, elas são apenas mais manobrazinhas do ego para
nos manter culpados, em última instância. Fique, ao contrário, feliz por tê-las
encontrado agora. Perdoe-se por isso também lembrando que o perdão não
pode ser executado por você, mas pela sua permissão para que o Espírito
Santo tome a frente.

43 - Estudante: Eu penso que as fases para perdoar são: reconhecer o que se


sente, desapegar-se desse sentimento e substituí-lo por amor. Para cada
situação, a dificuldade é única. Nesse processo, muitas vezes vejo como é
difícil aceitar o que sinto, às vezes é muito difícil me livrar do sentimento.
Passei muito tempo pensando não ter o direito de sentir algumas coisas.
Depois de tanto tempo trabalhando para assumir o que sentia, foi ainda difícil
em muitas ocasiões deixar partir a raiva. Entendi que isso só irá acontecer com
um trabalho diário, tentando me lembrar de que todos nós erramos e de que
não são nossos acertos que convocam o amor no outro. Percebi que os erros
até podem trazer o amor de uma outra pessoa, mas eu acho que isso seria
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compaixão. Ainda tenho dificuldades em me perdoar, mas já sinto o caminho
mais aberto.

Grupo Mera: Podemos pensar sim nesses passos básicos para o perdão. No
entanto, esteja atenta: somente o primeiro "reconhecer o que se sente" é um
trabalho "nosso", enquanto tomadores de decisão. As outras duas
fases/passos não são nossas responsabilidades, ou competências, melhor
dizendo. Não podemos fazer isso sozinhos porque nós fizemos o mundo e
acreditamos na realidade da nossa obra, portanto, precisamos de Alguém de
fora desse contexto para nos ajudar. É o Espírito Santo, que executa esses
passos por nós, se assim permitirmos. Só Ele pode pensar e ver as coisas
junto com Deus. Lembre-se: o tomador de decisões não faz e não pensa nada
sozinho, sempre com o ego ou com o Espírito Santo. Quando pensamos que
"temos de" nos desapegarmos ou substituirmos sentimentos e ações, estamos
junto do ego e perdidos na sua característica principal: arrogância. Por isso
você pode relaxar e se responsabilizar apenas por estar disponível para o
"primeiro passo" do perdão. Deixe o trabalho dos outros passos para Quem
pode fazê-lo. Esse processo vai ficando cada vez mais fácil e claro conforme
nos aprofundamos no treino com o Curso. A dificuldade com o autoperdão é
sua, minha e de toda humanidade. Mas sentir o caminho mais aberto já é um
grande avanço, tenha certeza!

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44 - Estudante: No meu exercício de hoje a frase é a seguinte: "Eu não me
vejo com limitações nesse momento". Não consigo aceitá-la, por isso nem a
estou repetindo porque profissionalmente tenho me sentido limitado há vários
anos. Como você me ensinou, eu a vejo como uma situação externa mas que
me aflige internamente. Há tempos busco modificar “externamente”, mas em
regra me deparo com limitações circunstanciais e pessoais.O que fazer?

Grupo Mera: Você está no começo do nosso treino, estamos no início do


Módulo 1. Essa frase, especificamente, é uma tentativa de trazê-lo para este
momento. Se você, por uma fração de segundos (mesmo enquanto lê esta
resposta), se lembra de que só este momento existe, já "criou um ponto de
memória" que lhe faz lembrar de que esses sentimentos de limitação só
existem porque nós nos identificamos com o ego, nos esquecemos Quem
somos e filhos de Quem somos.

Às vezes isso parece utópico, sabemos, e nos traz certa raiva porque
queremos as soluções agora para os problemas que percebemos.

Isso é, de novo, uma manipulação "vulgar" do ego para que nos mantenhamos
distantes da origem de todos os problemas - A MENTE QUE SE SENTE
SEPARADA.

Tente se parabenizar por uma minúscula vitória, por alguns segundinhos de


paz e alegria que podem acontecer a qualquer momento: quando você para
tudo o que precisa fazer e brinca com sua filhinha, quando assiste a um filme,
quando namora sua esposa. Tente se lembrar de que você pode estar centrado
em qualquer coisa boa e isso será uma vitória imensa, mesmo que
aparentemente você ainda não sinta assim.

O Dr. Antônio Damázio, neuropsiquiatra português, diz em seu livro “O erro de


Descarte”, que não existe nada mais salutar para uma mente que dar férias a
um problema. Se a ciência, mesmo com limites, já concluiu dessa forma com
pesquisas, você pode imaginar que seu treino, que junta entrega e gratidão ao
Espírito Santo ou Jesus, será o equivalente a duas férias!

Divirta-se um pouco, o quanto puder. Experimente deixar a seriedade de lado,


nem que seja por um pequeno período de tempo. Lembre-se de que, mesmo
que você ainda não consiga acreditar nisso, existe sempre outro modo de ver e
perceber as coisas, os eventos. Se não fosse assim, todos nós sofreríamos
pelas mesmas coisas e veríamos tudo da mesma maneira. Só isso já valeria
para você desconfiar do que seu ego está lhe falando a respeito do seus
"limites reais", não?

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45 - Estudante: Queria agradecer muito por todo apoio que tenho recebido do
Grupo há quase dois anos. E também dizer que o livro do Nesbit (Cure-se
através da Paz) é realmente sensacional, no sentido de nos ajudar a rever
muitas coisas. Ele fala de uma forma muito prática e apropriada! Bem, eu
percebo que ainda preciso de “confirmações externas”, por isso estou
recorrendo a você novamente. Sinto que, com minha prática e a constatação
de que tenho lidado com os meus problemas cada vez mais com a aceitação
da ajuda do Espírito Santo, meu ego, desesperado por isso, aumenta a
intensidade deles a ponto de me fazer esquecer de que não existe nada lá fora,
de que tudo isso é um filme ao qual estou assistindo. Então, entro em
desespero com os meus problemas e tento ansiosamente resolvê-los. Isso
envolveu buscar soluções para os problemas de membros da minha família.
Então fui convidada a participar de uma forma diferente de terapia, que fala de
ancestrais e perdão e amor. Eu me entusiasmei com a ideia, no entanto, ao
mesmo tempo, surgiu um medo de estar “traindo o Curso”. Estou sentido uma
dúvida angustiante pela minha falta de fidelidade ao querer as mágicas,
parecendo que não confio no Curso. Gostaria muito de saber sua opinião
sincera sobre isso.

Grupo Mera: Vamos partir de um dos princípios básicos do Curso que


distingue a mágica do milagre. A mágica é todo recurso para consertar ou
manter as coisas aqui no mundo. O milagre é a correção do pensamento para
deixarmos de perceber as coisas com o ego e passarmos para a percepção do
Espírito Santo.

A mágica é a tentativa de corrigir uma falha ou de sanar alguma necessidade.


O Espírito Santo não conserta as coisas aqui porque Ele apenas nos lembra de
que não existe falta alguma no Filho de Deus. Entretanto, Ele sabe que,
enquanto os percebermos separadamente, teremos muitas necessidades e,
então, Ele respeita essa circunstância e nos guia em relação a aceitarmos
todas as mágicas.

Você já pensou se alguém resolvesse não tomar anestesia para um


procedimento cirúrgico ou mesmo não fazer uma cirurgia necessária, ou ainda
resolvesse não tomar mais água nem comer?

As mágicas parecem necessárias por causa das nossas carências aparentes


aqui. E enquanto nos virmos como um indivíduo separado, sentiremos, em
algum nível, alguma carência.

Você só "trairia" o Curso se tentasse deturpar o que ele ensina (pôr palavras na
boca do Jesus) e, ainda assim, estaria tudo certo. Não há pecado nisso
também. Jesus e o Espírito Santo sabem que nosso estado de confusão é
muito profundo, assim como nosso terror constante, por mais que tentemos

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disfarçar tudo isso, encenando um papel de pessoas "maduras" e "bem
resolvidas".

Nós realmente precisamos de muitas mágicas ainda. O dinheiro, que você


mencionou num outro dia, é um exemplo. Entenda isso, por favor: tudo o que
for útil para o bem-estar está certo! Embora todas as coisas sejam boas e más
apenas por causa do significado que damos a elas, estar bem e em paz nos
deixa mais próximos do estado de oferecermos a “pequena disponibilidade” de
permitirmos que o Espírito Santo nos ajude e oriente em nosso caminho.

Nós vamos, aos poucos, abandonando as carências enquanto nos "livramos"


das necessidades lembrando-nos de que nada aqui pode ser real. E, quando
consideramos tudo como mágica, o perdão é uma “mágica” muito útil - não?
Ele sana a necessidade de correção da percepção, porém, é a solução que
leva à “não necessidade”, por isso, é a “última mágica necessária”. Ele também
é irreal, pois na Verdade, não há nada a ser perdoado, mas é o meio mais
eficaz e direto para nos ajudar a entender isso.

Aproveite todas as mágicas que possam lhe trazer paz e bem-estar para poder
ficar livre (com menos preocupações) e poder treinar ouvir o Espírito Santo!

Aceitar as mágicas com consciência disso não as torna reais e, ainda,


deixamos o ego mais quieto nessas “satisfações” que ele tanto grita serem
imprescindíveis. Como diz Gary Renard em seu livro, "O Amor não esqueceu
ninguém" (traduzido e publicado em português pelo Grupo Mera): "Não há
nada errado em jogar um osso para o ego de vez em quando" - desde que
saibamos que aquilo também não é real.

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46 - Estudante: Estudante: Fiquei um tanto chocado com que o Curso diz:
“Não é necessário buscar o que é verdadeiro, mas é necessário buscar o que é
falso”. Depois, pensando melhor, achei que está certo (pretensão?). Se eu
busco o que é falso, evito o medo e o ataque. É como se cortássemos o mal
pela raiz. Daí, eu entendo melhor a frase: “Eu nunca estou transtornado pela
razão que imagino”. É isso mesmo? Estou certo?

Grupo Mera: Quando busca o que é falso, você “enxerga” que é falso porque
até então acreditava que era verdadeiro. Então, consegue ver a verdade que
está abaixo dessa inverdade.

Nós temos medo daquilo que não sabemos o que é. Imaginamos monstros e
perigos e nos mantemos na defensiva dessas fantasias (ce quer dizer:
defensiva em relação a essas fantasias?). O medo aumenta ou se mantém.
Como diz Um Curso em Milagres:

"Pequena criança, a luz está aqui. Tu estás apenas sonhando e os ídolos são
brinquedos com os quais sonhas que estás brincando. Quem tem necessidade
de brinquedos a não ser as crianças? Elas fingem que governam o mundo e
dão aos seus brinquedos o poder de se locomoverem, de falarem e de
pensarem, de serem e de falarem por elas. Entretanto, tudo aquilo que os seus
brinquedos aparentemente fazem está nas mentes das crianças que com eles
brincam. Mas elas a¬seiam por esquecer que elas próprias inventaram o sonho
no qual os seus brinquedos são reais, e não reconhecem que os desejos que
eles têm são os seus próprios" (UCEM-T-29.IX.4:3-8).

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47 - Estudante: Existem muitas coisas no Curso que são “entendíveis”,
mas muito difíceis de colocar em prática. Uma delas eu retrato da
seguinte maneira:

- Eu não perdoo realmente um “você”, mas em vez disso, perdoo a


projeção do meu autoconceito de culpa que eu coloquei em você.

Reconhecer a culpa já é bastante difícil, aceitar que eu a projetei em


alguém, nada confortável! Ainda acho mais gostoso procurar conseguir
provar que eu estou certa e o outro errado.

Grupo Mera: Isso é complicado para todos nós, estudantes do Curso. Nós
fizemos o mundo todo, todas as pessoas, com o propósito (inconsciente) de
nos livrar da culpa. Portanto, assumir a autoria é, num primeiro momento
enquanto o ego está gritando que isso é muito perigoso, bastante difícil
mesmo. Ele, o ego, precisa nos manter culpados pela própria sobrevivência.
Ele tenta nos enganar, propositalmente, dizendo que podemos provar que o
outro estava errado e nós certos para tentarmos projetar a culpa inconsciente
“para alguém”. Entretanto, pensando estritamente a partir do que o Curso
ensina, de que outro alguém estamos falando? Em última instância, não há
ninguém lá fora. Mas é claro que nós não pensamos/entendemos assim ainda.
Mas também é claro que enquanto vamos analisando calma e racionalmente,
já que já aceitamos a coerência da ideia de que a separação é apenas um
sonho, vamos aos poucos aceitando, sem conflito, que o mundo das formas é a
projeção da mente que quer se “safar” da culpa.

Porém, no final, com treino consistente que envolve parada para reflexões e
verificação da coerência desse ensino, necessariamente nos depararemos com
a verdade: não podemos ser culpados porque nada disso é real. Tudo aqui é
uma invenção, uma “brincadeira de mau gosto” do ego, ou da mente que se
sente separada. Dessa forma, mesmo com dificuldades, a garantia do final feliz
é a nossa motivação para continuar treinando.

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48 – Estudante: Gostei muito do conceito de “dar a outra face”, que diz que
Cristo não Se machuca, quem se machuca é a criança frágil, indefesa, a vítima
da situação. Analisando tudo o que foi dito em aula, tenho conseguido enxergar
que é um pedido de amor daqueles que me atacam e tenho conseguido não
reagir tão prontamente. Mas ainda gostaria de “enxergar melhor” que a raiva e
os conflitos nos meus relacionamentos é uma decisão de me manter culpada,
pois entendo que isso faz sentido.

Grupo Mera: A criança que se machuca é o ego, não se esqueça, é a nossa


identificação com ele.

É mesmo o primeiro passo para o entendimento dessa questão você perceber


que a ideia faz sentido. Ideias não deixam sua fonte, diz o Curso. A projeção da
culpa inconsciente, que gera a raiva, só pode nos manter culpados porque ela
não sai da mente que a projetou. Ao escolhermos manter a raiva e justificá-la,
pensando que realmente não temos responsabilidade sobre o objeto
(pessoa/situação) que estamos sentindo isso, deixamos nosso poder de decidir
perdoar de lado. Quando nos sentimos justificados nos sentimentos de raiva ou
ódio, necessariamente ficamos presos ao vitimismo, ou, à decisão de nos
mantermos culpados, já que apenas o ser separado (frágil e sem mente) pode
ser atingido de alguma forma. Um ser separado é culpado.

No entanto, lembre-se de não cair no conto do ego e permita-se sentir a raiva.


Apenas observe a si mesma no sentido de não justificá-la: as situações (tudo
neste mundo) foram feitas por nós. Nós mesmos e todos os envolvidos nelas
estamos no mesmo barco: com medo, pedindo amor. Todavia, todas elas
podem ser usadas para aprendermos nossas lições de perdão quando
escolhemos nos unir ao Espírito Santo. Ainda, e finalmente, vamos lembrar que
essas situações não são reais, nunca aconteceram realmente. Pensando nisso
muitas e muitas vezes, todos os dias, vamos desmanchando o pensamento
viciado com as mesmices do ego. E, como a experiência de leveza e alegria
que se seguem a esse treino são “viciantes” também, vamos confiando cada
vez mais no Espírito Santo.

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49 - Estudante: No handout da última aula está escrito: “Nós não podemos ser
atingidos por nada que nosso irmão possa ter feito”. Entenda, isso, para mim,
reforça o conceito de separação porque, se penso que tenho um irmão “lá
fora”, estou separando o mundo exterior, que então pode me afetar. Se eu
penso que sou um com o outro, nada pode me abalar. Eu entendo que essa
frase procede da crença na separação.

Grupo Mera: “Nós não podemos ser atingidos por nada que nosso irmão
possa ter feito” está falando que aquilo que é real não pode ser atingido. Nosso
Ser real, o Cristo, não pode se modificar com nada. Enquanto egos e corpos,
alguma coisa aconteceu e parece realmente ter nos atingido. Enquanto Cristo,
nada pode nos abalar. Esta é uma ideia que nos lembra que somos UM em
mente, embora não acreditemos nela ainda, pois nossa experiência é de
sermos pessoas separadas e diferentes uns dos outros.

A nossa dificuldade com esse ensino é a mesma para todos. Nós sempre
partimos da premissa de que o que se aplica a Cristo necessariamente se
aplica ao ser individual (cada pessoa) porque essa é a nossa identificação. A
ideia da unicidade, que desmancharia essa crença, só pode ser aceita aos
poucos, enquanto vamos desconfiando da “verdade” de uma identidade
separada.

O caminho para a aceitação do fato de que nós somos uma mente única e de
que este mundo é uma ilusão, que não poderia ser verdadeiro, é trilhado
unicamente pela prática do perdão.

Perdoar, para Um Curso em Milagres, é a correção do pensamento (crença) de


que somos frágeis porque somos separados e diferentes dos nossos irmãos,

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para a lembrança de que somos um (uma mente sonhando que é muitos
seres).

Você não está “errado” no seu ponto de vista de que não há outra pessoa e
então, o que não existe não pode nos machucar. No entanto, esse é o
pensamento final. Enquanto nós estamos identificados com um ser individual,
nossa prática de lembrança dessas ideias vai fazendo o treino para resgatar a
memória de que somos todos um Filho de Deus.

50 - Estudante: Preciso contar sobre as minhas muitas dificuldades em


praticar os exercícios propostos por você. É pedido um minuto e se possível
fechar os olhos enquanto tenho que repetir a frase. Não consigo ficar de olhos
fechados porque quero marcar o tempo. E a tendência em esquecer a frase é
constante. Fico irritada comigo por não ter escrito em um papel e levar comigo
o lembrete para olhar de vez em quando, mas se faço isso, também não me
sinto à vontade para ler o papel, pois interrompe minhas atividades. Consigo
ver minha resistência para sair do automatismo. Sempre quero que as coisas
se resolvam rapidamente e me cobro quando isso não acontece. Reconheço
que este é um grande obstáculo para o meu despertar.

Grupo Mera: Estou feliz porque você conseguiu ter todas essas observações.
Mas vale a pena organizar melhor essas ideias para que você aproveite mais
ainda esses seus insights. Entenda, não existem formas perfeitas de se
executar esses exercícios, nem os do Curso propriamente dito. A perfeição
está em você observar a sua resistência, e isso você já está fazendo. Depois
de observar-se, tente se lembrar com gentileza de que você aprendeu assim.
Aos poucos, (Todo dia é dia de treino) com mais benignidade ainda, você vai
treinando de outra forma.

Brigar com sua mente equivocada (ego) nunca é sábio. Comece por entender
que seus pensamentos e atitudes ainda estão no automático de um
aprendizado antigo e que, a cada observação dessas, ou a percepção dessa
automatização, você está necessariamente treinando de outra forma. Mesmo

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que aparentemente isso não esteja claro, o treino diário vai provar que isso é
assim.

Será bastante útil se você conseguir também, perceber a resistência, que todos
temos, em sermos gentis conosco. Essa dificuldade está relacionada à culpa
inconsciente por termos acreditado no que o ego disse sobre sermos os
traidores de Deus. Isso vai ficando cada vez mais claro com o tempo com a
prática. Mas, atenção, eu disse “perceba” e não “lute contra”. Observe-se e
lembre-se de entregar suas observações à parte da sua própria mente que
pensa junto com Deus, o Espírito Santo.

51 - Estudante: Gostaria que você me esclarecesse sobre a visão do UCEM a


respeito do suicídio e dos suicidas. Pelo que ele ensina, as pessoas têm o
“direito” de tirar suas próprias vidas?

Grupo Mera: O que chamamos de vida, assim como o mundo todo, o UCEM
chama de sonho de separação. Como ele explica que a separação é
impossível, esse sonho, como os sonhos que temos quando estamos
dormindo, não é real, é ilusão. Para Deus, que não considera nada na ilusão
como verdade, todos somos inocentes, independentemente da aparência que
as coisas ou as situações tenham.

No Curso aprendemos que o "direito", o "pecado" e mesmo as qualidades


"boas" ou "ruins" das situações e das pessoas, são todos baseados na crença
de quem os está percebendo ou, julgando. Dentro do mundo da ilusão, que é o
estado mental de se estar “fora” do Céu, separado de Deus, as percepções são
baseadas nas crenças e nos propósitos de quem as percebe. Sendo assim,
pensamentos ou ações suicidas podem ter o propósito ou a intenção de livrar
alguém de sofrimentos que ele percebe como sendo reais e insuportáveis.

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Assim, ele tem direito a fazer isso. Ou, alguém pode ter uma opinião diferente e
pensar que a pessoa que se suicida não tem o direito de destruir a vida dada
por Deus. No entanto, se olhamos "acima do campo de batalha" (UCEM), o que
quer dizer, se olhamos pelo prisma dos ensinamentos do Curso, podemos
concluir que nunca, ninguém poderia destruir nada do que Deus criou.

Nós não vamos, nem precisamos negar que alguma coisa no nível egoico, ou
seja, no mundo, tenha acontecido, usando esse exemplo, alguém tirou sua
própria vida, mas, na Realidade, no mundo que Deus criou, nada aconteceu
porque o que Ele cria, não pode sofrer danos ou morrer.

Tudo no mundo das formas nasce, se transforma e morre. Mas o Curso ensina
que Deus é Amor, e o amor não pode se modificar nem morrer. O Amor é a
única realidade, segundo Um Curso em Milagres.

Embora muito poucos de nós realmente acreditem nisso, é sempre útil verificar,
em quietude, se essas ideias soam coerentes para nós. Em seguida, como nos
orienta Jesus em seu Curso, pedimos ajuda ao Espírito Santo para que o
conflito na aceitação dessas ideias se desmanche.

52 - Estudante: Quando estou com medo do “predador” tento me lembrar de


que tudo é ilusão, tudo foi criado por mim, e sendo assim, de que posso
descriar e pedir pela Paz. Mas ainda não funciona muito bem. Às vezes passo
a noite acordada pensando em todos os meus problemas insolucionáveis e às
vezes, o próprio pensamento de que fui eu quem criou tudo me deixa pior.

Grupo Mera: Nessa hora em que as coisas parecem não ter controle, seria
mais sábio você não ficar tentando achar soluções ou escapar do “predador” –
seja qual forma ele tome. E se você tentar aceitar o terror? Você poderia

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pensar nessa hora, “ah, está mesmo tudo perdido, então, posso esperar o pior.
O que é o pior?” Aguarde. Normalmente sua mente já tem uma resposta.
Aceitar o medo no sentido literal pode ajudá-la a perceber que ele é somente
uma suposição. A lição 5 no livro de exercícios diz “Eu nunca estou
transtornado pela razão que imagino”. Como tudo no Curso, ela deve ser
analisada e entendida em dois níveis. No que diz respeito ao nível do mundo
que nós fizemos, a razão do nosso sofrimento nunca é sobre o acontecimento
“em si”, mas pelo que pensamos que possa decorrer dele – uma punição. No
caso desse terror que o ego faz com os seus medos, eles só se tornam “reais”
porque você tenta lutar contra eles. Mas não se cobre fazer de forma diferente.
Treine suavemente. Aceite que está com esses medos.

Mas, antes de outra crise, ou mesmo depois de qualquer outro acontecimento


parecido, peça ajuda para “ver da maneira como o Espírito Santo vê”. Ele vai
lhe contar que sua percepção equivocada é apenas o reflexo, a projeção
daquela crença em que a separação realmente aconteceu e você é uma
pecadora, portanto, merecedora dessa tragédia acontecer (castigo). Lembre-se
de que o desfazer do que não é real só pode estar na mudança de percepção.
Isso, traduzindo em miúdos, quer dizer escolher a interpretação do Espírito
Santo para todas as situações de medo, ou seja, abandonar as interpretações
do ego. Não se esqueça, apenas, que tudo isso é um processo e, quanto
menos você se cobrar ter um resultado, mais facilmente você o alcança. Seja
gentil consigo mesma.

50
53 - Estudante: Quero dividir com você uma situação que me confunde para
que possa me ajudar a ver e pensar de outra forma e para eu saber como
posso fazer diferente. Há muito tempo queria montar meu consultório para
atender os pacientes particulares porque os convênios pagam muito pouco.
Consegui neste ano e tenho muito mais liberdade agora, consigo atender
melhor meus pacientes, com mais calma. Por mais incrível que possa parecer,
tenho sido muito procurada por pacientes particulares. Mas, na verdade, eles
não têm permanecido na terapia. A impressão (“minha percepção”) é que eles
não se sentem bem comigo, ou apoiados verdadeiramente por mim. Vejo que
alguns profissionais conseguiram sucesso de uma forma bem mais rápida. Eu
não tenho insegurança técnica, mas acredito que eu esteja me boicotando em
relação ao sucesso financeiro. Isso tem a ver com não me sentir merecedora
porque “traí Deus”?

Grupo Mera: Os encontros não são ao acaso, como tudo e qualquer


acontecimento. Nesse caso específico você pode pensar na possibilidade de
seus pacientes, pelo menos uma parte deles, terem recebido o apoio e a força
que precisavam com apenas poucos encontros. Se isso fosse totalmente
inverdade, muitos outros não procurariam sua ajuda, certo?

Todos nós temos papéis (historinhas) diferentes aqui e a real "evolução" é


irmos descobrindo o que está nos impedindo de estarmos em paz e sentir e
aceitar o Amor de Deus. Essas sensações de fraqueza que o ego sugere a
toda hora podem, como tudo, servir de instrumentos de aprendizagem do
Espírito Santo. Tente parar, quando der, e perceber essa comparação que
você faz com os outros profissionais que “conseguiram sucesso de uma forma
bem mais rápida.”, e ver quais são os recadinhos de mesmices do seu ego. O
ego sempre estará de prontidão para as sugestões de pouco valor, diferenças
e inadequações.

Quando nós pensamos em “como posso fazer diferente”, novamente caímos na


questão de que as mudanças são sempre internas, no pensamento. Esse
conceito não é facilmente aceito ou assimilado, no sentido de ser posto em
prática, por nenhum de nós. Isso vem com o tempo, o treino e principalmente,
com a experiência gratificante desse treino – o que é, então, a motivação para
continuarmos a treinar.

Todas as questões, ou seja, os problemas que nos são apresentados, caem


nessa questão que você apontou no final: “Isso tem a ver com não me sentir
merecedora porque ‘traí Deus’?”. Essa será a conclusão final, mas não no
raciocínio, e sim no insight, na experiência. Ela vem numa compreensão que
vem da consciência da insanidade de que realmente nos sentimos traidores de
Alguém que nunca poderia ser traído. Mas é uma crença muito profunda e
quase totalmente inconsciente. O treino proposto em Um Curso em Milagres
traz esse conteúdo inconsciente para a consciência para que seja perdoado e,
portanto, liberado, pois só o perdão libera.

“Escolha o Reino de Deus e tudo o mais lhe será dado” é uma afirmação do
Curso que aceitamos em teoria, mas a prática ainda é difícil porque quando
pensamos em escolher o Reino de Deus, o que se segue é o pensamento de

51
que teremos de abrir mão deste mundo, ou, mais dentro do conteúdo que
estamos falando agora, do sucesso profissional, do dinheiro e dos prazeres
que temos no mundo.

Porém, Jesus diz também algo assim: “O Espírito Santo não irá lhe tirar o
pouco que você tem”. Em outras palavras, Ele não tirará o que conquistamos
no nosso sonho de separação, mas vai nos mostrando aos poucos que elas
não são nada.

Tente, então, tirar alguns minutinhos dos seus dias para lembrar-se de que o
que você realmente quer é entregar-se a Deus. A confiança Nele vai
aumentando aos poucos e, se o mundo exterior é o reflexo do interior, o que
você vai ver projetado “na tela do mundo” será sua própria confiança em
aceitar e perdoar o que for simbólico do medo e aceitar e agradecer o que for
simbólico da abundância do Céu.

54 - Estudante: Quando a dor interna e a agonia, já muito minha conhecida, se


fazem presentes, eu tenho me recolhido ao silêncio para escutar a Voz do
Espírito Santo e preencher o vazio existencial, como você ensinou, mesmo que
seja por uma fração de minuto. Isso às vezes funciona, mas às vezes não.
Quando não consigo me entregar a essas tentativas de escuta, fico duplamente
angustiado. Você pode me dizer o que estou fazendo de errado? Na verdade,
tenho estado mais ansioso porque penso que o ego está na “espreita”, e vai me
atacar e se vingar pelas vezes em que consigo escutar o Espírito Santo.

Grupo Mera: O medo do ego é citado algumas vezes no Curso. Enquanto


Jesus nos alerta: “(...) estás ameaçando todo o sistema defensivo do ego de
modo por demais grave para que ele se incomode em fingir que é teu amigo.”
(LT-21.IV.3:3), ele também nos ensina que, na verdade, é o ego que tem medo
de nós. E sobre como abandonarmos esse medo do nada que o ego é, o
mecanismo é igual para todos os medos: a consciência de que estamos com
um medo específico e a aceitação disso sem resistência; a organização do
pensamento sobre que nossa cultura e educação nos levaram a concretizar
essa crença que algo ou alguém, nesse caso “o ego”, pode nos atingir e
prejudicar de alguma maneira; trazer à consciência que esse medo é
representativo do medo que sentimos de Deus por acreditarmos que O traímos;
pedir ajuda do Espírito Santo para a lembrança de que isso é apenas uma
crença. Esse processo deve ser repetido quantas vezes forem necessárias, e
não necessariamente em seguida umas das outras, elas podem ter intervalos
longos até – toda sequência desse processo deveria ser repetido quando
qualquer medo específico volta à mente.

Você deve entender que o que “está fazendo de errado” é entrar numa
expectativa de “ter que ouvir” imediatamente e da maneira que você pensa que
Ele vai responder. Muitas vezes as Suas Respostas não aparecem
imediatamente ou das formas que já conhecemos ou esperamos. Fique alerta
52
para os recados do ego de que você não consegue ouvi-Lo. Fique alerta
também para ser mais benigno consigo mesmo, não pensando que está
fazendo tudo errado. Liberte-se dessas cobranças lembrando que você é um
aluno, um aprendiz. Talvez valesse a pena você se distrair com os
divertimentos que o mundo oferece. Faça isso sem medo. Escolha as
pequenas coisas ou atividades que lhe dão prazer e alegria e se entregue a
elas lembrando que, mesmo sendo ilusões, são “reflexos” da alegria de Deus.

55 - Estudante: Eu entendi que deixando de culpar outra pessoa, ou seja,


reconhecendo minha projeção, eu me disponho a retirar o investimento que fiz
na escuridão; as ilusões se vão, e posso abrir o caminho para a luz da verdade,
atingindo a Paz de Deus, substituindo por ela o conflito que a mente até ali
acreditava ser a verdade. Também já entendi que não vai adiantar tirar a culpa
do outro e colocá-la em mim, pois se assim o fizer, estarei repetindo o mesmo
erro. No entanto, enquanto ego, ainda não muito satisfeita, vou aos poucos
compreendendo que minha ligação com Jesus/Espírito Santo não é a garantia
de mudança no mundo das formas. Porém, se conseguir olhar, junto Deles, o
mundo ilusório com perdão, vou realmente aceitar a Paz de Deus
independentemente das mudanças. O que me incomoda é que, mesmo tendo
essa compreensão, ainda sinto que algo está faltando, e percebo que não
estou muito feliz sem os consertos dos problemas da minha vidinha de sonho.

Grupo Mera: Essa insatisfação é normal e não tem problema. Você não deixa
de ser uma estudante dedicada do Curso por causa dela. Por isso Jesus insiste
que nossa aceitação do que ele está ensinando precisa ser aos poucos. É
sempre gradual a visão de que nada no mundo tenha um valor real por si
mesmo, e que todas as coisas têm o valor dado por nós. Mas ter a consciência
disso é muito importante para entendermos que a “desistência” das coisas do
mundo pode ser uma escolha sem dor ou sensação de perda e, ainda, essa
desistência não significa ficar sem elas, significa que elas não serão mais
responsáveis pelo nosso bem-estar ou mal-estar.

Nós devemos nos respeitar muito e sempre: se algo é importante para nós,
vamos fazê-lo ou obtê-lo - sem conflito. Trazer à lembrança que esse “objeto”
(que pode ser qualquer coisa, desde um objeto fútil propriamente dito até um
estudo espiritual) é importante para nós agora, lembrando que ele faz parte do
sonho, é suficiente. Essa atitude-lembrança abre a porta para ouvirmos a
orientação do Espírito Santo. Para Ele, nada é certo ou errado no mundo. É,
então, muito mais útil para Ele, enquanto nos guia pelo caminho de volta para
Casa, que nós nos perdoemos por ainda termos tantos desejos e
necessidades, do que nos condenarmos por isso. Satisfazer esses desejos e
necessidades enquanto vamos nos lembrando de Quem realmente somos, faz
nosso caminhar suave.

53
56 - Estudante: Esse pesar que eu sinto pelos sofrimentos dos outros, já
consigo ver que o foco real é a dor da separação dentro de mim, como
acontece com cada um neste mundo. Hoje faz todo sentido o que você disse:
todas as dores que vemos nas outras pessoas são, ainda, projeções da nossa
própria dor de nos sentirmos separados. No entanto, sinto especialmente com
meus filhos, pois sei que estão sofrendo muito mais do que expressam. Parece
que eles nem sabem disto, e isso me dói ainda mais.

Grupo Mera: Você já entendeu que o que percebe como dor ou alegria nas
outras pessoas é baseado sempre no seu próprio parâmetro de sua própria
percepção. Nós não podemos saber exatamente qual é a dor que o outro está
sentindo, apenas podemos imaginá-la, não é?

Pode ser útil você pensar que sofrer junto com qualquer pessoa, mesmo sendo
seus filhos, não pode ajudar a sair do sofrimento. Mas esteja certa de que isso
não significa que não fique em compaixão e também não significa que você
não possa sentir dor.

O processo de correção do pensamento, o perdão, ensinado pelo Curso é


passo a passo. Esses passos envolvem sempre pensarmos e vermos a
coerência do que envolve esse ensino. Se as nossas preocupações e nossos
os sofrimentos ajudassem as outras pessoas, poderiam ser úteis. Mas
sabemos que não é assim.

O que fazemos quando, mesmo por um minúsculo instante, pensamos que o


Espírito Santo sabe e vê um propósito para todas as coisas feitas pelo ego que
nós não sabemos ou vemos, é dizer aos que amamos: “meu irmão, você é o
Filho amado de Deus, portanto forte e inabalável por qualquer problema
percebido no mundo irreal”.

Pode parecer a alguns que isso seja irresponsável ou descaso. Mas num
próximo momento de entendimento mais profundo do que Jesus nos ensina em
seu Curso, essa atitude vai mostrar que estamos reconhecendo a força da
pessoa em sofrimento – lembrando-a que ela é o Cristo – e, ainda, que

54
estamos tirando a realidade do processo de separação e dor de nossa mente,
o que só pode ajudá-la, posto que somos um – uma mente.

Rezar pedindo que o Espírito Santo faça por nós, não é nada senão atender ao
apelo de Jesus que em Um Curso em Milagres ensina que só “algo de fora” do
sistema de pensamento de ego pode desfazer a realidade dele.

57 - Estudante: Você sempre me deu força para ensinar o Curso, mas, depois
de tanto estudar outras coisas e ter-me “encontrado” no Curso, sinto agora que
estou um pouco insegura, com medos. Na semana que passou, um aluno que
pedia orientação sobre alguns problemas sérios, eu fiquei sem saber o que
dizer. Isso é normal ou eu estou escorregando em algum ponto e não estou
percebendo? Nas reuniões de estudos variados que sempre frequentei, ando
um pouco retraída porque a cada vez que tento falar alguma coisa, todos me
olham com desaprovação.

Grupo Mera: É normal você se sentir perdida em suas respostas porque agora
elas estão tomando uma direção muito reta, o que pode chocar se com as
opiniões formadas por tantas outras teorias que você já estudou e também nas
reuniões espiritualistas que você frequenta.

Claro, muitas ideias que você viu nos estudos ao longo de sua vida poderão
entrar em conflito com as do Curso, por isso insisto que não fale nada se não
estiver em uma hierarquia onde você é a instrutora, porque assim é você quem
dirige as informações. Todavia, tenha sempre o cuidado de dizer que não são
suas as ideias, mas do Curso.

Ainda, se quiser frequentar essas reuniões, será mais seguro que ali você
também sempre fale “Um Curso em Milagres diz”, quando for dar sua
contribuição nos estudos. Não vai adiantar argumentar “isso não é assim, ou, é
assim” porque cairá em uma discussão de pontos de vista – e não é o caso
porque o que você pode falar é o que o Curso está lhe ensinando, não uma
conclusão sua. Além disso, dando a autoria ao Curso, você se protege de
qualquer discussão.

O mais importante, que conversamos há poucos dias em aula, é sobre a única


obrigação do professor de Deus: aceitar os ensinamentos sobre a Expiação
para si mesmo. Usando outras palavras, isso quer dizer que ninguém precisa

55
ensinar o Curso no sentido literal. Nossa necessidade é aprendê-lo. E é tudo o
que o Espírito Santo nos pede.

Inconscientemente isso pode se chocar com aquilo que você acha que lhe dá
valor ou mesmo que seria a sua obrigação: ser uma professora de
espiritualidade, ter sempre todas as respostas e saber responder a todas as
questões. Creio que você já deve ter pensado sobre de onde vêm essas
cobranças. Sabendo que vêm do ego, pense agora se isso tudo poderia ter
algum fundamento.

Quando estiver mais em paz, esqueça o ego por um instante e sinta-se bem,
valorizada por ser uma aluna muito dedicada do Curso. Ser uma professora
dele é uma consequência, que não necessariamente acontece no sentido literal
do conceito de ensino. Você pode ensiná-lo sem usar nenhuma palavra ou
ação específicas, mas com seus pensamentos, quando escolhe pensar junto
com o Espírito Santo. O alcance do seu ensino-aprendizado não pode sequer
ser imaginado por você. Esse processo não requer esforço. Dessa forma você
aceitará, cada vez mais, a ideia de que seu valor já está garantido por Deus,
quer você ensine esse Curso ou não. Com essa maneira de pensar, suas aulas
e seus ensinamentos estarão mais “de acordo” com o que você precisa
aprender, por isso não acarretará estresse.

58 - Estudante: Você disse que Um Curso em Milagres não é sobre ter


pensamentos positivos, mas meu exercício de hoje sobre eu mesmo ter criado
a minha emoção me fez pensar sobre isso. Se eu tiver pensamentos ruins, terei
uma vida ruim; ao passo que terei uma vida boa se tiver pensamentos bons. O
problema é que tenho muitos traumas e lembranças deles. Pensando nisso,
chego à conclusão que minha vida será sempre muito ruim. Até o Deepak
Chopra diz que para sabermos como está nosso corpo hoje é só lembrar-nos
dos pensamentos que tivemos ontem.

Grupo Mera: Um Curso em Milagres fala sobre assumirmos a responsabilidade


pelos nossos pensamentos porque só assim resgatamos o nosso poder para
mudar o que não queremos, já que qualquer mudança só pode ser realizada na
mente.

Para o Curso, tentar a todo custo manter pensamentos positivos é apenas a


tentativa de esconder os negativos, o que só vai levar a encobrir ainda mais
profundamente o que está nos martirizando no inconsciente. Tudo neste
mundo ilusório é "dual", portanto, forçar a barra para não dar valor a uma parte
56
e valorizar outra é dar realidade a ambas. Um avanço na teoria do Curso
mostrará que um e outro, positivo e negativo, só existem para manter a ilusão,
mas, como ilusões, não são nada.

Sim, Deepak Chopra tem razão, mas nós, estudantes do Curso, estamos
falando de uma "oitava acima": corpos são mesmo atingidos pelos
pensamentos, porém nós estamos investigando algo além disso. O Curso nos
propõe que investiguemos sobre o fato de que todos os estados físicos e
emocionais são na verdade percepções, independentemente dos corpos e da
psique estarem saudáveis ou doentes. Isso significa que a mente que se
percebe separada, se percebe em falta, que pode ser falta de saúde ou de
qualquer outra coisa. Então, o Curso vai à causa de qualquer percepção de
falta, ele nos mostra o caminho da volta ao conhecimento de que não
podemos, na realidade, estar separados. Essa lembrança eliminará a
percepção de que algo esteja nos faltando, o que Um Curso em Milagres
chama de “princípio da escassez”.

59 – Estudante: Você me disse muitas vezes que sou eu quem crio as


emoções que eu sinto. Se é assim, o que estou sentindo agora também. Mas
eu não sei o que estou sentindo agora! É um incômodo terrível. Um pouco de
ansiedade, talvez, que eu fico controlando e nem sei de onde vem. Já tentei
muitas vezes, na terapia, ver de onde vem, mas nunca consegui. Como o
Curso fala sobre esse sofrimento que não tem origem, muito menos controle?
Como ele poderia me ajudar?

Grupo Mera: Será particularmente útil você perceber que não pode controlar
esses sentimentos. Tente desistir de lutar contra eles e de tentar controlá-los.
Torne-se um observador. É desta maneira que o Curso nos conduz a agir:
tornando-nos observadores de nós mesmos. Apenas lembre-se de que isso é
um processo.

Por que qualquer pessoa estaria ansiosa se não fosse por medo de que algo
acontecesse ou de que algo não acontecesse? A ansiedade, assim como
muitas outras emoções, é originada no medo. Ansiedade é sempre urgência e

57
urgência é sempre medo de que algo possa acontecer se não estivermos de
maneira diferente do que estamos naquele momento. Observe que há uma
autocobrança por não estar “adequado” em como você está no momento
presente. Talvez devesse estar fazendo algo ou se comportando de outra
forma.

Um Curso em Milagres diz que a crença em que existe qualquer diferença com
outra pessoa, já torna aquela mente culpada porque acreditar que é diferente é,
de fato, a “prova” de que está separada de Deus. Isso se manifesta como
desconfiança em nossos relacionamentos. Desconfiança é medo. Todavia,
lembre-se de que estamos falando sobre algo que está esquecido no
inconsciente. Então, as ameaças que estão escondidas aparecem em formas
de ansiedade, por exemplo.

A necessidade de proteção é inerente ao ser que se sente separado. Ele se


sente diferente dos demais e, portanto, acredita que pode sofrer danos
oriundos daqueles que percebe fora.

O treinamento que o Curso propõe envolve o exame dos motivos para você
estar ansioso. Esse exame vai levá-lo a perceber que existe sempre a
necessidade de atacar ou de se defender de algo, ou alguém para proteger o
seu ser separado (corpo mais personalidade).

É por isso que o Curso insiste em trazer os pensamentos inconscientes à tona,


para que possamos vê-los sob a Luz do Espírito Santo e assim, entendermos
que as ameaças são sempre imaginadas e têm a origem no sentimento de
culpa escondido muito abaixo da superfície.

Depois de trazido à consciência e visto com os olhos do Espírito Santo, o


pensamento de culpa não mais tem o poder que tinha antes. Mas, lembre-se,
esse é um trabalho para toda vida, porque precisa ser feito com cada medo,
pequeno ou grande, que vamos percebendo

60 - Estudante: Depois de ler os livros onde o tema é o Curso, realmente


muita coisa clareou para mim; eu peguei o “fio da meada” e tudo ajudou a
sedimentar as ideias. Mas eu tenho algumas observações, que não estão me
deixando muito “feliz”. Quando revejo o texto com você e faço os exercícios
como estou fazendo nesses dias de volta aos módulos, tudo fica mais fácil.
Durante esses três anos que conheci o Curso, passei por altos
(amor/perdão/paz prevalecendo) e baixos (o ego me dominando
completamente). Sinto que se existisse um grupo de apoio, minha vida seria
mais fácil.Comparo o domínio do ego com um alcoólatra completamente
dependente do vício. Quando frequenta a associação (AAA), consegue ficar
longe da bebida. Mas quando se afasta dos encontros, volta a beber. No meu
caso, o ego vem com toda a força ao sentir minha fraqueza. Nos próximos

58
meses, depois de refazer esse módulo, eu tenho certeza de que será mais fácil
lidar com as situações.Estou trabalhando o perdão com facilidade porque tenho
experimentado que exercitando-o estou fazendo bem para mim e para as
pessoas ao meu redor. Mas, ao mesmo tempo em que estou em paz, tenho
uma certa "melancolia" (talvez a palavra mais certa seja “medo”) por saber que
se não mantiver as ideias do Curso sempre revisadas terei meu opressor, o
ego, tentando me dominar novamente. Parece que o aprendizado desapareceu
ou que não aprendi nada mesmo.

Grupo Mera: Importantíssima essa percepção - embora nem todos os alunos a


tenham. Você não é diferente de mim ou qualquer outro estudante. É assim
mesmo, todos nós vamos caminhando com altos e baixos, mas vamos
percebendo que voltamos para os “altos” cada vez mais rápido com o treino.
Você tem toda razão nessa sua observação. Aulas periódicas, com temas
específicos, leituras e comentários, ou ainda, aulas com exercícios de
introspecção das ideias, são os meios que nós, Grupo Mera, conseguimos
ajudar os estudantes a manterem as ideias “vivas” na memória. Encontros
"livres" para discussões do tipo grupo de estudos, sempre são apoiadas e
incentivadas por nós, embora, como você sabe, não podemos participar
pessoalmente porque, neste momento, não temos estrutura (tempo) para isso.

No entanto, pode estar certo de que isso que você sente acontece com todos
os estudantes, sem exceção. Por isso "Todo dia é dia de treino". Mesmo dando
aulas constantemente e, portanto, me lembrando mais facilmente das ideias,
não estou, de forma alguma, livre de cair nas armadilhas do ego. Aprendi com
o Curso que o problema não é cair nessas armadilhas, mas que sem o treino
diário, nossa volta ao estado de paz é muito mais demorada.

Vamos organizar os pensamentos: enquanto estivermos "vivos", acreditando


que somos esses seres em corpinhos separados, nossa identificação com o
ego (na existência dele) é inevitável. Nossa tarefa aqui não é viver sem o ego,
mas escapar dele (isso está literalmente no Curso quando ele mostra que
nossa percepção junto com o Espírito Santo nos faz escapar das leis das
percepções do ego). Em outras palavras, não somos maus alunos do Curso
por cair nas armadilhas egoicas, mas somos ótimos alunos quando encaramos
os escorregões e, junto do Espírito Santo, dizemos: Ah, tudo bem, aqui estou
eu, de novo, completamente identificado com o ego. Pois assim que você
consegue observar isso, já está na companhia Dele uma vez que o ego não o
deixaria olhar-se, observar-se.

Sua “melancolia”, ou como você mesmo disse, seu medo, acontece por causa
das ameaças dele (ego). E todos, em algum momento passam por isso,
embora “o” Jesus nos alerte sempre em relação a não devermos ter medo do
ego porque ele tem medo de nós.

Dessa forma, juntos, com as trocas de ideias que fazemos nos encontros e
estudos, vamos nos lembrando (e cada vez mais), de que o ego é apenas
nosso pensamento de resistência à ideia da unicidade. Assim, olhando sempre
de frente para todas as formas de resistência, vamos perdendo esse medo, e,

59
sempre juntos (temos força quando nos juntamos num “mesmo interesse”),
trocamos a melancolia, o desânimo, ou o medo, por risos!

O caminho para escaparmos do ego é este: olharmos para o fato de o termos


escolhido como nosso guia, aceitarmos com calma que ainda cairemos muito
em suas armadilhas, e, com muita gentileza conosco, rirmos disso tudo.

61 - Estudante: Eu preciso confessar a você: eu odeio


processos, de qualquer tipo. Estou certo de que isso não é uma crença, é
apenas um gosto. Tenho pressa, pensar que vou ficar esperando e
planejando caminhos e meios e processos me deixa muito nervoso.
Nessas horas não acredito e não me interesso pelo Curso! Ele não diz
que todo poder está na mente?! Eu me imagino rico e saudável, tenho
pensamentos legais e bons, e minha vida ainda continua uma porcaria.
Como faço com isso? Fico com muita raiva quando você me diz para
fazer apenas um exercício por dia.

Grupo Mera: Entendo perfeitamente esse estado de urgência e a dor


que sentimos quando pensamos que “a vida está passando” e as coisas não
mudam, mesmo com nossos sinceros esforços. No entanto, precisamos
considerar algumas coisas sobre esses esforços. Uma delas, por exemplo, é:
quanto tempo dura sua sensação de "direito" de estar rico e saudável? Embora
seja realmente difícil de acreditar, nós podemos estar felizes e em paz em
qualquer situação. Se puder ser sincero ao examinar sua mente e sua vida,
você pode ver que alguns problemas vêm de longa data e existem mesmo
quando estamos em alguma situação alegre e feliz. Nesses momentos os
problemas crônicos ainda existem, mas não estão no foco de nossa atenção.
Podemos concluir que os pensamentos direcionados aos problemas, que são,
em outras palavras, nossas interpretações de cada situação, é o que nos causa
dor. Porém, não confunda: isso não quer dizer abrir mão de termos todas as
coisas boas que este mundo que inventamos tem! Nós só estamos apenas
tomando consciência de que nada neste mundo pode nos dar plenitude ou
realização, falta ou dor. Nada num mundo ilusório pode nos dar alegria ou
causar tristeza. Eu disse que estamos começando a nos conscientizar disso.
Novamente, para aceitarmos verdadeiramente essa ideia, é preciso bastante
treino, que começa com a análise da coerência dessa linha de pensamento e
segue com a clareza da motivação para treinar: a paz da mente, que é
realmente o que queremos.

60
62 - Estudante: Minha lição de hoje é “Eu não vejo nada tal como é
agora.”. Penso que meu retraimento possa, então, não ser como estou vendo e
pensando que seja. Minhas questões secretas são “o que será que as pessoas
estão pensando de mim?”, “será que estou perdendo a capacidade de entender
a mensagem do Curso?”, “estou com medo de perder o prestígio que tenho,
medo que as pessoas percebam que eu não sou aquilo que elas pensavam
que eu fosse. Mas justo agora que sou uma facilitadora desse Curso? Receio
que as pessoas percam a confiança em mim.” Eu reconheço o enorme volume
de pensamentos que o ego vem trazendo com a intenção de me deixar
confusa, como se algo estivesse me cercando e não me deixando responder as
questões dos alunos adequadamente. Isso me deixa muito irritada e acaba por
complicar ainda mais as coisas. Não consigo me perdoar, embora esteja
tentando exaustivamente. Este período está muito complicado. Como sua
experiência como facilitadora é bem maior, quero saber se você já teve
períodos assim e como eu posso sair desse círculo vicioso de raiva-culpa-
confusão.

Grupo Mera: A primeira questão a pensarmos juntas é exatamente a


mensagem da sua lição de hoje: “Eu não vejo nada tal como é agora.”. O seu
julgamento sobre como as pessoas estão vendo você continua sendo o seu
próprio julgamento, que tem como base seu autoconceito aprendido há muito
tempo. Jesus não quer que ensinemos seu Curso, ele quer que o aprendamos.
Algumas pessoas escolhem ensiná-lo (como eu e você), como um recurso ou
ferramenta para aprendê-lo. Quando um estudante acha que precisa saber
toda mensagem do Curso, corre o risco de estar transformando-o em uma
“arma para concretizar a separação”. Precisamos ficar atentos aos recados
sutis do ego sobre sermos melhores ou estarmos em uma posição de
superioridade em relação a qualquer outra pessoa simplesmente porque a dor
ou o limite que vemos nela é exatamente a nossa própria dor e o nosso próprio
limite, já que somos um. Obviamente o ego não deixaria de aproveitar a chance
de manter-nos em sua confusão com conflitos e medos, principalmente quando
estamos próximos a esse entendimento. Podemos dizer que essas fases
podem ser um recurso do ego para não nos deixar lembrar que podemos
escolher o Espírito Santo em seu lugar. Nesses momentos, será sábio se você
o deixar falar e lembrar-se de ser um observador gentil de si mesmo. A
paciência consigo mesma a levará mais para perto do não julgamento, um
passo importantíssimo no processo do perdão verdadeiro: observarmo-nos
escolhendo o ego sem condenação. A propósito, eu já tive vários períodos
como esse que você está passando e, provavelmente, ainda terei outros. O
problema nunca é termos escolhido o ego, mas nos condenarmos por isso. Só
a gentileza e a paciência com a gente mesma é que consegue reverter o jogo
abrindo o caminho para escolhermos Jesus ou o Espírito Santo.

61
Grupo Mera: Não. Nós podemos dizer que o objetivo do Curso é nos
ensinar o perdão, mas não o perdão que aprendemos no mundo, seu enfoque
é bastante diferente. Quando o perdão verdadeiro for realmente aprendido,
estaremos prontos para “voltar para Casa (Deus)”. No Curso, alguns exercícios
são feitos com repetições constantes, outros não. Eles são apenas estratégias
usadas para que façamos uma interferência nos pensamentos e, então,
percebermos o quanto nossas mentes estão confusas e, seguindo em frente
com o treino proposto em sua metodologia, organizamos a mente de forma a
termos consciência de que podemos escolher outra forma de pensar. Disso,
com treino, o resultado será uma mudança completa na forma como vemos o
mundo. E quanto aos sentimentos que fazemos ou temos, todos nós os temos
ou fazemos, pois todos os sentimentos e as emoções fazem parte da natureza
humana. Nesse momento do seu treinamento, MÓDULO 1, o questionamento
não é importante. Assumir que tudo é uma “criação” sua é importante. Esse é o
processo para resgatarmos o nosso poder e não mais nos sentirmos à mercê
de um destino.

63 - Estudante: Eis me aqui, precisando mais um pouco das suas


respostas, que sempre me ajudam a ter uma percepção diferente. Se nós
temos a experiência de continuação da vida em "outros planos ou dimensões
depois que morremos", não podemos conseguir a iluminação nesses outros
planos, continuando a aplicar o perdão, lembrando sempre que tudo é ilusão?
Ou isso só funciona no "plano físico", onde acreditamos estar? Essa questão
sempre me deixa muito confusa e aflita porque pensar que o aprendizado para
até reencarnarmos de novo e retornarmos os estudos, pode demorar e é
arriscado esquecermos tudo.

Grupo Mera: Nem todos os estudantes do Curso acreditam na


reencarnação. As experiências de morte/pós-morte/reencarnação são
individuais, sempre dependerão da crença de cada um no momento individual
de entendimento.

O Curso diz, seguindo a teoria da reencarnação, que esses outros


planos e dimensões ainda fazem parte do sonho de separação. Mesmo sem o
corpo físico, nossa identificação com um ser único, separado, não é diferente
de quando estamos encarnados, portanto, ainda é a ilusão, está dentro do
sonho de separação. Independentemente das crenças de cada um, pois em
determinados momentos de consciência elas ficam diferentes, o perdão pode
acontecer em qualquer "estado" - de corpo encarnado e em qualquer
planeta/galáxia até no estado de estar sem um corpo físico em quaisquer

62
desses lugares imaginados no sonho de que podemos estar separados de
Deus, certo?

Quando entendermos que só o perdão desmancha a realidade do


sonho, não ficaremos preocupados em qual será o próximo passo ("vida" /
situação). Na aceitação disso (o perdão é o despertador do sonho), estaremos
seguros sobre entregarmos as situações, as vidas, à percepção do Espírito
Santo, Que usa tudo o que fizemos junto com o ego transformando em
oportunidades para aprendermos a perdoar e reverter o sistema de
pensamento do ego. Dessa forma, os lugares/estados/situações (com corpo
físico ou não) serão vistos como salas de aula.

A escolha é sempre pelo professor, em qualquer situação. Até por


isso Jesus recomenda que não deixemos de lado nenhuma situação de
desconforto, por menor que seja, para praticar junto dele essa visão e
compreensão (escolhendo-o, e largando a mão do ego) .

Grupo Mera: Não há nada em Um Curso em Milagres que sugira que


abandonemos nossas vidas e funções cotidianas. Na verdade, Jesus sugere o
contrário, que continuemos nossas vidas normalmente, morando onde e com
quem moramos, trabalhando onde trabalhamos, porque tudo poderá ser usado
para entendermos, por meio da experiência de trocarmos a percepção que
temos junto do ego (de cremos que a realidade é esse mundo de dualidade),
para a percepção do Espírito Santo, que nos mostrará que o mundo das formas
e separação é uma ilusão, um sonho. Treinando nossas mentes com o Curso,
usando seu recurso didático, o perdão, “dentro” do nosso cotidiano, nós vamos,
passo a passo, perdendo o medo e escolhendo a companhia do Espírito Santo,
para nos lembrarmos da unicidade de Deus. Não há necessidade de
buscarmos uma vida monástica, ou abandonarmos o mundo. O mundo e as
coisas nele não têm valor por si só, mas apenas o valor ligado ao propósito que
damos a eles. Segundo Um Curso em Milagres, o mundo tem apenas dois
propósitos: o do ego, de manter a crença na separação, e o do Espírito Santo,
de desfazer essa crença. Somos nós quem escolhemos entre os dois.

64 - Estudante: Eu já tenho algumas dúvidas, mesmo tendo feito só a


primeira aula com você. Estudo o Curso há mais ou menos um ano, mas essas
questões me apareceram agora. Uma delas é sobre o exercício que fiz hoje:

63
“Eu criei a emoção que estou sentindo.”. Eu mantive o foco e repeti como um
mantra porque achei a frase forte e ela me remeteu a um sentimento ruim que
eu sempre tenho por causa de uma situação particular e fiquei me perguntando
sobre o porquê de ter criado essa emoção. Minha pergunta é: o objetivo de Um
Curso em Milagres é fazer com que foquemos em um objeto de atenção, o que
aparece no momento presente, e então repetir a lição mentalmente como um
mantra, até que a ideia mude?

Grupo Mera: Não. Nós podemos dizer que o objetivo do Curso é nos
ensinar o perdão, mas não o perdão que aprendemos no mundo, seu enfoque
é bastante diferente. Quando o perdão verdadeiro for realmente aprendido,
estaremos prontos para “voltar para Casa (Deus)”. No Curso, alguns exercícios
são feitos com repetições constantes, outros não. Eles são apenas estratégias
usadas para que façamos uma interferência nos pensamentos e, então,
percebermos o quanto nossas mentes estão confusas e, seguindo em frente
com o treino proposto em sua metodologia, organizamos a mente de forma a
termos consciência de que podemos escolher outra forma de pensar. Disso,
com treino, o resultado será uma mudança completa na forma como vemos o
mundo. E quanto aos sentimentos que fazemos ou temos, todos nós os temos
ou fazemos, pois todos os sentimentos e as emoções fazem parte da natureza
humana. Nesse momento do seu treinamento, MÓDULO 1, o questionamento
não é importante. Assumir que tudo é uma “criação” sua é importante. Esse é o
processo para resgatarmos o nosso poder e não mais nos sentirmos à mercê
de um destino.

verdade, não apenas com Um Curso em Milagres, mas com outras


escolas espirituais, os seguidores e os estudantes caem sempre na tentação
de querer mudar a forma como ela lhes foi apresentada. A tentativa é adaptar o
que lhes está sendo oferecido à sua própria expectativa ou necessidade, ao
invés de se adaptarem à inspiração original.

No caso do Curso, existe uma razão para o estilo em que ele foi
escrito. Ele foi escrito de forma que seus estudantes prestem muita atenção ao
que estão lendo. Esse Curso não pode ser lido rapidamente. Eu creio que
todos os estudantes já passaram pela experiência de precisar ler muitas vezes
uma mesma sentença antes de entendê-la. Às vezes alguns se torturam por
causa das misturas de pronomes. Aliás, na tradução para o português, a
tradutora foi muito perspicaz usando o pronome “tu” no lugar do “it” que não
temos em nossa língua.

64
Outros estudantes, conheci vários, ficam atrás das passagens em
que Jesus parece se contradizer no Curso, e se perdem no que seria realmente
o propósito dele, Jesus, em sua pedagogia perfeita. Mas, quando um estudante
consegue ser fiel ao propósito do treinamento que Um Curso em Milagres
oferece, ele percebe que o próprio esforço para o entendimento de uma frase
ou passagem é que deixa claro que se não fosse escrito daquela exata
maneira, ele não conseguiria chegar àquele nível de significado ou
entendimento.

É o estilo literário que assegura aos estudantes sérios, que eles


realmente precisam ser cuidadosos e dedicados, como Jesus solicita.

“Uma vez que os estudantes do Curso compreendam seus ensinamentos,


ficarão atônitos com o quanto ele é “simples, claro e direto” – palavras que o
próprio Jesus usa para descrever seu Curso – um verdadeiro Curso em
Milagres.”.

Kenneth Wapnick – um grande professor de Um Curso em Milagres

65 – Estudante: Olá, venho acompanhando o trabalho de vocês e,


não sei se é possível, mas eu gostaria de uma orientação particular. Eu li o livro
O Desaparecimento do Universo, de Gary Renard, e lá diz claramente que a
Verdade só pode de ser bonita e feliz, então, parece que isso sugere que eu
teria que abandonar tudo deste mundo. Parece que tudo o que eu possa fazer
aqui, como ter filhos, continuar com meu relacionamento, ser um pouco feliz,
conforme sou com essas coisas, eu precisaria abandonar. Para eu aprender o
Curso, essas coisas podem existir ainda em meu coração, ou terei que me
desfazer de tudo isso? Estou me sentindo um pouco confusa, talvez possam
me ajudar nessa jornada.

Grupo Mera: Não há nada em Um Curso em Milagres que sugira que


abandonemos nossas vidas e funções cotidianas. Na verdade, Jesus sugere o
contrário, que continuemos nossas vidas normalmente, morando onde e com
quem moramos, trabalhando onde trabalhamos, porque tudo poderá ser usado
para entendermos, por meio da experiência de trocarmos a percepção que
temos junto do ego (de cremos que a realidade é esse mundo de dualidade),
para a percepção do Espírito Santo, que nos mostrará que o mundo das formas

65
e separação é uma ilusão, um sonho. Treinando nossas mentes com o Curso,
usando seu recurso didático, o perdão, “dentro” do nosso cotidiano, nós vamos,
passo a passo, perdendo o medo e escolhendo a companhia do Espírito Santo,
para nos lembrarmos da unicidade de Deus. Não há necessidade de
buscarmos uma vida monástica, ou abandonarmos o mundo. O mundo e as
coisas nele não têm valor por si só, mas apenas o valor ligado ao propósito que
damos a eles. Segundo Um Curso em Milagres, o mundo tem apenas dois
propósitos: o do ego, de manter a crença na separação, e o do Espírito Santo,
de desfazer essa crença. Somos nós quem escolhemos entre os dois.

66 – Estudante: Por que a linguagem em Um Curso em Milagres é


tão difícil de ler e entender? Por que Jesus não poderia tê-lo escrito de forma
mais simples?

Grupo Mera: (Esta resposta está baseada nas palavras de Kenneth


Wapnick para uma pergunta semelhante) Na verdade, não apenas com Um
Curso em Milagres, mas com outras escolas espirituais, os seguidores e os
estudantes caem sempre na tentação de querer mudar a forma como ela lhes
foi apresentada. A tentativa é adaptar o que lhes está sendo oferecido à sua
própria expectativa ou necessidade, ao invés de se adaptarem à inspiração
original.

No caso do Curso, existe uma razão para o estilo em que ele foi
escrito. Ele foi escrito de forma que seus estudantes prestem muita atenção ao
que estão lendo. Esse Curso não pode ser lido rapidamente. Eu creio que
todos os estudantes já passaram pela experiência de precisar ler muitas vezes
uma mesma sentença antes de entendê-la. Às vezes alguns se torturam por
causa das misturas de pronomes. Aliás, na tradução para o português, a
tradutora foi muito perspicaz usando o pronome “tu” no lugar do “it” que não
temos em nossa língua.

Outros estudantes, conheci vários, ficam atrás das passagens em


que Jesus parece se contradizer no Curso, e se perdem no que seria realmente
o propósito dele, Jesus, em sua pedagogia perfeita. Mas, quando um estudante
consegue ser fiel ao propósito do treinamento que Um Curso em Milagres
oferece, ele percebe que o próprio esforço para o entendimento de uma frase
ou passagem é que deixa claro que se não fosse escrito daquela exata

66
maneira, ele não conseguiria chegar àquele nível de significado ou
entendimento.

É o estilo literário que assegura aos estudantes sérios, que eles


realmente precisam ser cuidadosos e dedicados, como Jesus solicita.

“Uma vez que os estudantes do Curso compreendam seus ensinamentos,


ficarão atônitos com o quanto ele é “simples, claro e direto” – palavras que o
próprio Jesus usa para descrever seu Curso – um verdadeiro Curso em
Milagres.”.

Kenneth Wapnick – um grande professor de Um Curso em Milagres

FAQs - Dúvidas e Dicas

67 – Estudante: Sou estudante do Curso há bastante tempo e


gostaria de contar a vocês algo que me ocorreu agora, enquanto ouvia essas
explicações. Eu tenho me vigiado muito em relação a me perdoar pelas
emoções ruins e também nas situações difíceis que me acontecem. Peço ajuda
ao Espírito Santo e, cada vez mais, sinto que estou sendo atendida, sinto que o
perdão tem acontecido mais rápido. No entanto, acabo de perceber que não
tenho pedido ajuda para perdoar as coisas boas que me acontecem, nem as
emoções gostosas que sinto. Penso que isso é uma armadilha do ego, pois
elas são tão ilusórias quanto as ruins. Na verdade, temos que perdoar tudo!

Grupo Mera: Sim, na verdade, temos que perdoar tudo. Porém, um


estado de vigília rigoroso onde “temos de” perdoar tudo, também pode ser uma
armadilha do ego.

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Detectar e tentar não ficar com as emoções ruins, perdoando-as, é
natural, desde que estejamos atentos à origem delas: a culpa inconsciente
(estamos somente relembrando que se não entendermos que a origem é esta,
ficaremos ocupados em procurar os culpados “fora” de nós).

Da mesma forma, ficarmos demasiadamente atentos às emoções


boas porque elas são igualmente ilusórias, pode nos distrair do propósito do
Espírito Santo, que é usar todo arsenal de formas que fizemos junto com o ego
para desfazer a realidade disso tudo. Sendo assim, as coisas boas deste
mundo podem e devem ser "curtidas".

Podemos manter na lembrança, e não precisa ser em 100% do


tempo, que não são elas, as coisas do mundo, que nos dão alegria, mas sim,
que elas podem ser consideradas como representantes de nossa lembrança da
Alegria de Deus, afinal, um Pai amoroso e alegre tem um Filho amoroso e
alegre! Dessa forma, nós não precisamos ficar incansavelmente preocupados
em estarmos atentos a termos que perdoar - o perdão já estará implícito.

Além disso, será verdadeiramente mais útil para o Espírito


Santo/Jesus, se de repente nos percebermos dependentes de situações para
nos sentirmos alegres e felizes e aceitar que nós ainda pensamos ser um corpo
que temos muitas necessidades, do que negarmos isso, tentando repetir
inúmeras vezes “eu não sou um corpo”. Jesus tem nos mostrado que esta
afirmação verdadeira será aceita natural e suavemente. Forçar a aceitação só
pode atrasar nosso progresso nesse processo.

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