Você está na página 1de 8

Por que as ferramentas gerenciais

podem falhar

Francisco Sérgio Tittanegro*


Mestre em Administração pela PUC-SP
Coordenador do Curso de Administração
da Faculdade Comunitária de Campinas - Unidade 2
e-mail: sergio.tittanegro@unianhanguera.edu.br

Resumo Abstract

A prática de gestão empresarial vem The practice of enterprise management has


determinando, nos últimos tempos, a criação de uma nova determined, lately, the creation of new managerial tools
ferramenta gerencial em função de cada nova necessidade in accordance to each new necessity of the company.
da empresa. Essas ferramentas são criadas These tools are created mainly to make it possible for
principalmente para possibilitar aos gestores uma clara the managers to obtain a clear interpretation of its strategic
interpretação do seu posicionamento estratégico, positioning, aiming to provide for the company the
buscando proporcionar à empresa condições de conditions to perpetuate the profits. In this search, the
perpetuação do lucro. Nessa busca, as ferramentas de managerial tools end up not contemplating intrinsic
gestão acabam por não contemplar variáveis de ordem variables into the organizational environment, the
“emocional ou psicológica” intrínsecas ao ambiente “emotional or psychological” ones. To detect these
organizacional. Para detectar essas variáveis, pode-se variables, a Subconscious reading of the Collective Mind
fazer uma leitura do Inconsciente Coletivo da empresa, of the company can be made, in an attempt to bring up
numa tentativa de se trazer à tona o que a empresa pensa. what the company thinks. Among the most commonly
Dentre as ferramentas de gestão mais utilizadas, o used tools of management, the Strategic Planning and
Planejamento Estratégico e a Missão/Visão são objetos the Mission/Vision of the business are objects of study in
de estudo neste artigo, demonstrando que a falta de uma this article, demonstrating that the lack of a clear
declaração clara sobre os valores, objetivos e propósitos declaration on the values, objectives and intentions of
da empresa, e a forma como isto é “mensurado” pode the company, and how they are “measured” can
comprometer a eficiência e a eficácia dessas ferramentas. compromise the efficiency and the effectiveness of these
tools.
Palavras-chave: Ferramentas Gerenciais,
Planejamento, Missão, Visão, Valores. Key-words: Managerial tools, Planning, Mission,
Vision, Values

*Bolsista FUNADESP - Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular

128
Por que as ferramentas gerenciais podem falhar

Introdução que o valor da estratégia não está nos planos produzidos,


mas sim no processo e nas ações, portanto, administrar
Nos últimos dez anos as práticas de gestão ou gerir estratégias depende de pontos-chaves como:
empresarial assumiram uma regra que determina a Antecipar, Decidir, Agir , Empreender e Criar.
criação de uma nova ferramenta gerencial, à medida que Todos esses pontos, como verbos de ação,
surge uma nova necessidade na empresa. dependem das pessoas que compõem a organização
Diante desta postura, aumenta consideravelmente para que os operacionalizem a fim de se obter os
o número de ferramentas gerenciais e o seu uso pelas resultados esperados pela estratégia.
organizações, motivadas não só por imposições Quando entramos nesse campo fértil de estudo
mercadológicas e econômicas, como também por que é o ser humano, nos deparamos com variáveis que
modismos, gerando desta forma a denominada gestão normalmente não são contempladas no arcabouço da
espasmódica, que se constitui no ato de se utilizar uma maioria das ferramentas de gestão, e talvez nem possam
nova ferramenta a cada novo espasmo de necessidade ser.
de acompanhamento e mensuração, muitas das vezes Essas variáveis dizem respeito à psique humana e
sem levar em conta a verdadeira eficácia dessa suas neuroses que, indubitavelmente, são levadas à gestão
ferramenta. das empresas e, por vezes, são as determinantes das
A gestão de uma empresa é como um jogo, uma práticas e condutas empresariais.
competição, e diante de um cenário de tantas mudanças É natural que as ferramentas de gestão contemplem
radicais, os lances do passado não são os parâmetros mais o aspecto técnico em detrimento aos aspectos
de comparação, mas tão somente a posição dos demais humanísticos da empresa, da mesma forma acaba sendo
competidores e talvez isto explique a necessidade da natural que, na busca da perpetuação do lucro, o lado
criação de diversos indicadores que possibilitem ao humano da empresa passe desapercebido, pelo menos
gestor a clara interpretação do seu posicionamento no que diz respeito ao acompanhamento e mensuração
estratégico diante do ambiente ao qual a empresa está dos resultados.
inserida. Quando valores e princípios são definidos, de
A essência da formulação de uma estratégia está forma explícita ou implícita, segundo a psique de seus
em se conseguir um relacionamento entre a empresa e gestores - com seus traumas e neuroses - são esses
seu meio ambiente, que tem como principal aspecto as mesmos valores e princípios que irão nortear o caminho
outras organizações com as quais ela compete. das pessoas dentro das organizações. Nesse campo
Porter (1986, p. 23) afirma que a estrutura desse haveria farta clientela para os divãs de psicólogos ou de
ambiente tem uma forte influência na determinação das psiquiatras; a escolha de um outro dependeriam somente
regras competitivas desse jogo, assim como as do grau de neurose dos gestores.
estratégias potencialmente disponíveis para a empresa. Toda empresa quer crescer, sobreviver e
Forças externas, oriundas desse ambiente, afetam perpetuar, para isto basta somente acertar mais vezes
diretamente as empresas e o fator preponderante de do que errar, pois errar é inevitável e faz parte do custo
sucesso está justamente na maneira como as empresas de aprendizagem, porém, acertar é condicionante de
lidam com essas forças, a partir das suas diferentes sucesso.
habilidades e competências. Bornholdt (1997, p. 05) estabelece nove fatores
Sob o ponto de vista prático, a estratégia se guias para empresas vencedoras, conforme a figura a
preocupa com apenas uma variável, buscando uma seguir.
resposta ao questionamento central da gestão
empresarial: como perpetuar o lucro e, sob esse prisma,
quatro fatores devem ser considerados: Mercado,
Produto, Valor e Custo.
Quando se fala de perpetuação, cria-se uma
medida de tempo e nessa métrica pode-se definir
estratégia como um processo de se olhar o futuro,
processo este que não tem início nem fim, demonstrando

129
Por que as ferramentas gerenciais podem falhar

evolução histórica, da mesma


forma deveríamos esperar
encontrar também, na mente, uma
organização análoga, pois a nossa
mente jamais poderia ser um
produto sem história, em situação
oposta ao corpo, no qual a história
existe. Segundo Jung a mente da
criança já possui uma estrutura que
molda e canaliza todo posterior
desenvolvimento e interação com
o ambiente.
O chamado Inconsciente
Coletivo inclui materiais psíquicos
que não provêm da experiência
pessoal, ao contrário de alguns
autores que assumem
Esses fatores guias, para efeito de administração implicitamente que todo desenvolvimento psicológico vem
estratégica, podem ser desdobrados em outros conjuntos da experiência pessoal.
ou subconjuntos. Olhando os conjuntos no sentido O Inconsciente Coletivo é constituído não por
horizontal, cada um tem três subconjuntos que significam aquisições individuais, mas por um patrimônio coletivo
fatores relevantes para as empresas. da espécie humana e esse conteúdo coletivo é
Nesse sentido Bornholdt destaca no conjunto de essencialmente o mesmo em qualquer lugar e em
Crenças e Diretrizes quatro objetivos que podem ser qualquer época e não varia de pessoa para pessoa.
identificados: Como o ar, este inconsciente é o mesmo em todo
• Fortalecer uma Ideologia; lugar, respirado por todo o mundo e não pertencendo a
• Fortalecer uma Identidade; ninguém. Os conteúdos do Inconsciente Coletivo são
• Buscar maior integração e harmonia; chamados de Arquétipos, condições ou modelos prévios
• Concentrar esforços. da formação psíquica em geral.
Reforçando o velho jargão que só se pode Roberto Adami Tranjan, em artigo denominado
melhorar aquilo que se consegue mensurar, no conjunto “A Era da Verdade”, toma emprestado esse conceito de
Crenças e Diretrizes, o subconjunto Objetivos é passível Jung e faz uma reflexão sobre a coerência nas
de Acompanhamento e Controle de Desempenho. organizações.
Quando ferramentas gerenciais “tentam mensurar” Entre outras indagações, Tranjan evidencia:
questões como ideologia, identidade, integração, “...você conhece o “inconsciente coletivo” de
harmonia e esforços, buscam-se identificar valores que sua empresa? Você sabe o que as pessoas,
estão impregnados no Inconsciente Coletivo das na sua empresa, pensam e sentem? O que de
Organizações. fato os funcionários de sua empresa mais
valorizam? Você reconhece a relação do
“inconsciente coletivo” da sua empresa com
O inconsciente coletivo
o mercado?”
Segundo Tranjan, estamos entrando na era das
Segundo o psiquiatra suíço Carl Jung nós
idéias, do significado e da consciência e tudo leva a crer
nascemos não só com uma herança biológica, mas
que as respostas a essas indagações é “sim”, pois afinal,
também com uma herança psicológica, ambas
na era do conhecimento o capital intelectual está em
determinantes essenciais do comportamento e da
vantagem quando comparado aos outros capitais.
experiência do ser.
Ressalta a importância do ativo humano sobre
Afirma que o corpo humano representa um
todos os outros, como um discurso uníssono dessa era
verdadeiro museu de órgãos, cada qual com sua longa
pós-industrial e pergunta ainda: “será mesmo que o

130
Por que as ferramentas gerenciais podem falhar

Ativo Humano é o mais importante?”. Se for, é bom 14. Paciência e tolerância;


que os gestores tenham interesse pelo que esse Ativo 15. Perdão e compaixão.
pensa e sente. Essa pesquisa foi feita com 287 colaboradores
Partindo dessa premissa, elaborou uma pesquisa dessas empresas e percebeu-se que quanto mais alargava
junto a colaboradores de várias empresas com o objetivo a amostra, mais os resultados se consolidavam, com
de identificar quais eram os valores que esses pequenas alterações no ranking, mas com “Verdade e
colaboradores gostariam de ver presentes nos ambientes integridade” sempre se mantendo em primeiro lugar.
organizacionais em que atuavam. Tranjan argumenta ainda que “os valores
Outro objetivo era identificar o quanto os líderes traduzem os pensamentos e sentimentos das pessoas
dessas empresas reconheciam os pensamentos e de uma organização, portanto se somos o que
sentimentos de seus colaboradores, para tanto foi pensamos e sentimos, uma organização é o conjunto
disponibilizados um rol de valores, conforme a lista de valores de suas pessoas, ou de seu Ativo Humano,
abaixo: ou dos portadores do capital intelectual”.
• Dignidade e serviço ao próximo; Enfatiza que “quando se fala de valores,
• Amor e generosidade; vasculha-se a alma da empresa, pois uma empresa
• Verdade e integridade; com valores é uma empresa com dignidade, na qual
• Justiça e igualdade; as pessoas sentem orgulho de lá estar”.
• Otimismo e fé; É dos valores que provêm a genuína motivação e
• Humildade e simplicidade; também promovem o sentimento de que a fonte do poder
• Liberdade e autonomia; e do conhecimento está dentro de cada um na empresa.
• Iniciativa e responsabilidade; É importante ressaltar que na pesquisa nenhum
• Esforço e perseverança; líder conseguiu reconhecer “Verdade e integridade” como
• Cooperação e solidariedade; o valor mais importante e a partir desta constatação
• Paciência e tolerância; Tranjan tira a primeira conclusão: “os líderes sabem
• Perdão e compaixão; muito pouco sobre os pensamentos e sentimentos de
• Interesse pelo conhecimento e espírito de suas equipes de trabalho e, consequentemente,
pesquisa; conversam muito pouco com suas equipes”.
• Atenção e reflexão; Apesar de gastar horas em conversas nas reuniões,
• Auto-aceitação, auto-estima e autoconfiança. fala-se muito de problemas, de gargalos nos processos,
Foi solicitado aos líderes que classificassem do de crises, de planos de ação, de produção e faturamento,
primeiro ao décimo quinto lugar, do mais importante para mas fala-se pouco de relacionamentos, do funcionamento
o menos importante, conforme a importância pessoal da equipe, de sentimentos, de significados, de valores,
dada a cada um dos itens. O resultado da pesquisa de consciência. A maior parte das pessoas apenas
apresentou a seguinte ordenação: trabalham umas com as outras.
1. Verdade e integridade; Outro ponto interessante evidenciado na pesquisa
2. Iniciativa e responsabilidade; de Tranjan, diz respeito à “verdade e integridade” como
3. Justiça e igualdade; o principal valor para os outros colaboradores dessas
4. Amor e generosidade; empresas. Este dado tem demonstrado o teatro que tem
5. Humildade e simplicidade; sido a vida nas organizações e o tanto de inverdades
6. Esforço e perseverança; que as pessoas ainda são obrigadas a escutar.
7. Cooperação e solidariedade; Essas inverdades vão desde o apelo tradicional
8. Auto-aceitação, auto-estima e autoconfiança; “precisamos todos apertar os cintos, estamos em uma
9. Atenção e reflexão; nova crise” até o demagógico “as pessoas são o nosso
10. Otimismo e fé; principal patrimônio” (e isso vale até a primeira queda
11. Dignidade e serviço ao próximo; de faturamento).
12. Interesse pelo conhecimento e espírito de Tranjan argumenta que muitas empresas vivem
pesquisa; uma incoerência e isso talvez seja o seu maior problema,
13. Liberdade e autonomia; pois essa incoerência está justamente na dissociação

131
Por que as ferramentas gerenciais podem falhar

entre pensamentos, sentimentos e comportamentos. que indicava as técnicas gerenciais mais utilizadas pelas
Os objetivos não são claros, as informações não empresas para aumentar a competitividade.
são compartilhadas, as metas não são negociadas, Essa pesquisa foi realizada pela empresa de
causando um desequilíbrio interno que afeta também a consultoria Bain & Company junto a 784 executivos de
relação com o mercado. diversos setores da economia desses países e revelou
Para Tranjan “os líderes com baixa sensibilidade que das 25 ferramentas apresentadas, uma média de 13,4
para reconhecer os valores de suas equipes também é frequentemente aplicada no universo corporativo.
possuem baixa sensibilidade para reconhecer os A Bain & Company está entre as três maiores
valores que os clientes de suas empresas apreciam.” empresas de consultoria de gestão de todo o mundo e
Fazendo uma analogia sobre esta colocação de tem como principal missão auxiliar as empresas a
Tranjan com a análise do subconjunto “Crenças e aumentar seu valor. Dentre os seus projetos estão os de
Diretrizes” de Bornholdt, conclui-se que mensuradores criação de estratégias vencedoras, construção de
de desempenho de objetivos confusos obviamente só organizações eficazes, garantia de excelência operacional
podem gerar informações imprecisas, e aí não há e processos de mudanças corporativas.
ferramenta gerencial que sobreviva, e neste sentido a Das 25 ferramentas apresentadas na pesquisa,
ferramenta gerencial pode ter seus dias contados não somente as duas mais utilizadas, na opinião dos
pela qualidade de sua eficácia, mas pela distorção de executivos, serão objeto de análise neste estudo.
informações geradas por seus atores. Dos executivos ouvidos na pesquisa, 89%
Quando se fala de baixa sensibilidade em afirmaram ter utilizado o Planejamento Estratégico, que
reconhecer valores que os clientes apreciam, fala-se de é definido como um processo global com o objetivo de
posicionamento estratégico, lealdade, competitividade, determinar o que um negócio deve ser e também qual a
lucro e conseqüentemente a perpetuação da empresa. melhor maneira de realizá-lo. Esse processo leva em
Bem enfatiza Tranjan ao argumentar que “a consideração todo o potencial da empresa e relaciona
questão é que não há mais segredos, pois o mercado as metas empresariais às ações e aos recursos
ligado em rede sabe ou pode saber de tudo o que necessários para alcançá-las.
quiser. A incoerência interna afetará a prática com Planejamento pode ser definido como o ato de
o mercado e a notícia correrá a quem possa pensar de forma contínua, tendo um compromisso com
interessar”. o presente, fundamentando-se no passado e com uma
Tranjan finaliza argumentando que “por trás da visão de futuro, prevendo escolha de curso de ação para
escolha da “verdade e integridade” como principal a tomada de decisão, preparando mudanças que podem
valor, existe um grito parado na garganta, um clamor afetar os objetivos da organização no contexto de
do tipo: não queremos mais mentiras, estamos relações com os diversos ambientes, desta forma, o
cansados de mentiras!. Esse clamor não é apenas do Planejamento pode ser ainda definido como um modo
funcionário; é também do cliente. O mercado, nos de vida, ou um modo de encarar a vida.
dias de hoje, quer fazer negócios com a verdade”. O Planejamento pode provocar uma série de
Os principais autores da área de gestão da modificações nas características e atividades da empresa
atualidade são unânimes ao afirmarem que para e tem como premissa básica a maximização dos
sobreviver é preciso ter uma estratégia. Essa certeza está resultados e minimização das deficiências.
levando as empresas buscarem ferramentas gerenciais Essa premissa só ocorre a partir do momento em
adequadas para projetar e implementar uma estratégia que os colaboradores da empresa, principais atores desse
vencedora. Talvez uma “ferramenta” que mensurasse o processo, estão motivados a fazer as coisas com
Inconsciente Coletivo da empresa pudesse garantir o eficiência e eficácia.
sucesso das demais ferramentas de gestão. O Planejamento deve ser participativo envolvendo
todas as áreas da empresa e ao mesmo tempo
Ferramentas para vencer coordenado em face da maioria dos seus aspectos serem
interdependentes. Mesmo sendo os objetivos escolhidos
No início de 1998 a Revista HSM Management pelos escalões superiores, os meios para atingi-los são
publicou uma pesquisa realizada nos EUA, Europa e Ásia fornecidos pelos escalões médios e inferiores e isto

132
Por que as ferramentas gerenciais podem falhar

pressupõe trabalho em equipes. “Quaisquer que sejam as metas pessoais,


Robbins e Finley (1997, p.07) definem equipes precisamos saber quais são para lidar com
como “pessoas fazendo algo juntas” e efatizam que “o elas, ou ao menos reconhecê-las como equipe.
algo que uma equipe faz não é o que a torna uma Quando sabemos o que nossos companheiros
de equipe consigamos e o que nós mesmos
equipe; é o juntos que interessa.”
queremos, forma-se um excelente vínculo
Eles relacionam as vantagens de se trabalhar em
entre os membros.”
equipes, evidenciando as seguintes vantagens:
Quanto mais cedo essas necessidades e
• Equipes aumentam a produtividade;
esperanças pessoais um dos outros se tornam explícitas,
• Equipes melhoram a comunicação;
melhor será para a equipe refletindo diretamente nas
• Equipes realizam tarefas que grupos comuns não
ações de concretização dos objetivos propostos no
podem fazer;
Planejamento Estratégico.
• Equipes fazem melhor uso dos recursos;
O Planejamento Estratégico deve responder a
• Equipes são mais criativas e eficientes na
seguintes questões:
resolução de problemas;
• Quem?
• Equipes significam decisões de alta qualidade;
• O que?
• Equipes significam melhores produtos e serviços;
• Quando?
• Equipes significam processos melhorados;
• Onde?
• Equipes diferenciam enquanto integram.
• Como?
Segundo Robbins e Finley, as equipes não
• Por quanto?
funcionam em função de vários problemas, dentre eles
• Por quê?
cabe aqui citar dois relevantes:
Este último questionamento é o pano de fundo das
• Metas confusas e objetivos embolados, tendo
realizações da empresa, pois oferece a motivação pessoal
como principal sintoma, não saberem o que se
das pessoas envolvidas para que trabalhem no plano e
espera que façam, ou as metas não fazem sentido;
atinjam a meta.
• Conflitos de personalidades onde os membros
Se isto não estiver colocado de forma explícita
da equipe não se entendem.
para que todos na empresa verifiquem qual é o grau de
Valores como afeição, afiliação, reconhecimento
aderência entre os seus valores pessoais e os valores da
e valorização pessoal são necessidades humanas natas
organização, esta ferramenta pode estar fadada ao
em cada indivíduo e nem sempre esses valores coincidem
fracasso.
com os valores da empresa, sejam eles explícitos no
A pesquisa da Bain & Company apontou ainda
Planejamento Estratégico ou implícito na cultura
como ferramenta vencedora Missão/Visão com 87% de
organizacional impregnada no ambiente da empresa.
utilização pelos executivos entrevistados. Missão é um
Desta forma justifica-se a proposta de Tranjan
enunciado que define qual é o negócio da empresa, seus
quanto ao conhecer o Inconsciente Coletivo da empresa,
objetivos e a estratégia a ser adotada para alcançá-los.
principalmente no que diz respeito a suas crenças e
Visão descreve a posição que a empresa deseja
valores.
ter no futuro e provoca o empenho de todos na missão
Segundo Robbins e Finley outros valores como
da organização, através do trabalho realizado com base
sacrifício, lealdade e vontade de passar por um pouco
nos objetivos estratégicos. Muitas vezes alguns elementos
de dificuldades uns pelos outros apenas ocorrem quando
da Missão e da Visão combinam-se para dar à
as cartas estão na mesa e as pessoas podem ser honestas
organização os seus propósitos, objetivos e valores.
acerca de suas necessidades.
Para que o propósito da organização seja
Metas pessoais podem nos impedir de atingir as
consistente e constante ao longo do tempo, é necessário
metas da equipe; umas honrosas como passar mais
um conjunto de valores e estes deverão ser duradouros
tempo com a família, procurar um emprego melhor, voltar
e conhecidos dentro de toda a organização. Esse é o
a estudar, já outras menos edificantes como ficar famoso,
pano de fundo que converte ações bem orientadas em
querer uma equipe que se pode dominar, esconder-se
resultados esperados; sem este conjunto de valores
por trás do apoio do executivo poderoso.
seriam apenas propostas sem objetivos.
Robbins e Finley (1997, p.23) enfatizam que:

133
Por que as ferramentas gerenciais podem falhar

Esta ferramenta, no ambiente interno das Parafraseando Frederick Smith, fundador e


empresas, serve para orientar o pensamento dos gestores presidente da FedEx, “quando as pessoas são
para as questões estratégicas, ajudar a definir padrões colocadas em primeiro lugar, prestam o melhor
de desempenho, inspirar os colaboradores a trabalhar serviço possível e em seguida virão os lucros”.
mais produtivamente concentrando-se nas metas, orientar
o processo de tomada de decisões e ajudar a estabelecer Conclusão
um ambiente de comportamento ético.
Em toda empresa, independentemente de se Muitas empresas promovem seus valores
adotar um planejamento formal, a consistência dos publicamente, valores estes que, na maioria das vezes,
propósitos da organização é absolutamente essencial ao não representam nada além do desejo de se manterem
processo de gestão. atualizadas e de aparecerem como empresas
Essa consistência é criada através da Missão/ politicamente corretas.
Visão, responsável por formar idéias que verificam a Os valores podem diferenciar e acabam
energia e as forças distribuídas dentro da organização. diferenciando uma empresa de seus concorrentes quando
São, portanto, o ponto de partida para o planejamento esclarecem sua identidade e servem de referência para
formal e providenciam a energia e o sentido de orientação seus colaboradores.
necessária para garantir o sucesso da gestão. Criar valores sólidos e manter-se fiéis a eles é uma
A Visão refere-se aos objetivos de longo prazo e atitude de coragem dos gestores, que precisam aceitar
mais gerais, descrevendo as aspirações para o futuro o fato de que, quando adequadamente praticados, os
sem especificar os meios para alcançar. As visões com valores podem implicar em sofrimentos, pois podem
mais efeito são aquelas que criam “inspiração” e esta limitar a liberdade estratégica e operacional e expor os
inspiração é normalmente querer mais, maior e melhor. gestores à críticas, portanto, exigem vigilância
A Visão provoca o empenho de todos na Missão permanente.
da organização, através do trabalho realizado com base Esta declaração permite que os colaboradores da
nos objetivos estratégicos. A Missão, apesar de ser empresa procurem, na medida do possível se adequar
especifica em cada organização, na sua definição deve ao “carisma” da empresa e, a partir dos seus valores
conter as respostas as mais variadas questões, dentre individuais, adaptar-se ao ambiente organizacional sem,
elas deve responder quais são os valores, aspirações e obviamente, transgredi-los.
prioridades filosóficas da empresa. Ultrapassada essa barreira e tendo uma declaração
A definição de Missão estabelece os limites que de valores implantada na empresa, vem o segundo passo,
servem de orientação na formulação da estratégia, que é o do acompanhamento e mensuração de
estabelece padrões para o desempenho da organização resultados. Ao se utilizar das mais variadas ferramentas
em múltiplas dimensões e sugere padrões para o de gestão existentes, o gestor precisa ter em mente que
comportamento ético dos indivíduos. elas não podem ser a bússola descalibrada da empresa,
Este é outro campo fértil na discussão sobre a por fatores subjacentes a essa ferramenta.
verificação do Inconsciente Coletivo da empresa, pois a A constante preocupação com o que a empresa
Missão da empresa é a sua vocação e, na maioria das pensa, ou seja, o Inconsciente Coletivo da organização,
vezes, está ligada ao carisma de seus fundadores ou de deve de alguma forma, ser mensurado para calibrar essa
seus gestores. bússola, levando a empresa ao rumo certo; o rumo da
Como os seus gestores desempenham o papel de perpetuação do lucro.
líderes, a escala de valor desses líderes está impregnada
na Missão e na Visão da empresa. Se a Visão inspira e a Referências Bibliográficas
Missão orienta, há necessidade desses valores, objetivos
e propósitos serem comunicados a toda organização de BAIN & COMPANY. Ferramentas para o crescimento
HSM Management, São Paulo, v.43, p. 84-93, 2004.
forma aberta, clara e objetiva, a fim de que se possa
BAIN & COMPANY. Ferramentas para vencer HSM
proporcionar aos seus colaboradores a adaptação
Management, São Paulo, v.06, p. 56-59, 1998.
necessária para buscar os resultados desejados pela BAIN & COMPANY. Quem tem medo das ferramentas
organização. gerenciais? HSM Management, São Paulo, v.19, p. 122-

134
Por que as ferramentas gerenciais podem falhar

130, 2000.
BORNHOLDT, W. Orquestrando Empresas
Vencedoras. 1. ed. Rio de Janeiro. Campus, 1997.
JUNG, C. G. Inconsciente Coletivo. Rio de Janeiro, 2006.
disponível em http://www.sbpa-rj.org.br/c.g.jung.htm
LENCIONI, P. Faça o que eu digo... HSM Management,
São Paulo, v.36, p. 127-132, 2000.
PORTER, M. Estratégia Competitiva. 13. ed. Rio de
Janeiro. Campus, 1986.
REINCKE, M. Da Teoria à Prática HSM Management,
São Paulo, v.04, p. 50-58, 1997.
ROBBINS, H.; FINLEY, M. Por que as Equipes não
Funcionam. 2. ed. Rio de Janeiro. Campus, 1997.
TRANJAN, R. A. A era da verdade. São Paulo, 2001.
Disponível em: http://www.tcaconsultores.net/

135

Você também pode gostar