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Estudo transversal da associação entre fatores

como sedentarismo, tabagismo e consumo de


bebidas alcoólicas e hipertensão arterial em
funcionários do HUGG

Integrantes: Carolina Cortez, Cindy Martins, Gracielli Martins, Isadora Rodrigues,


Luiza Veloso, Marcos Felipe, Pedro Kaiuca, Victor Batalha, Vitória Freitas, Yago
Melo.

Rio de Janeiro,
11/2019

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Sumário
1 Introdução ................................................................................................................................. 3
2 Objetivos ................................................................................................................................... 4
2.1 Objetivos Primários .........................................................................................................................4
2.2 Objetivos secundários ......................................................................................................................4
3 Justificativa ............................................................................................................................... 4
4 Métodos ..................................................................................................................................... 5
4.1 Desenho do estudo .................................................................................................................. 5
4.2 Amostras do estudo .............................................................................................................................6
4.3 Critérios de seleção .............................................................................................................................7
4.3.1 Exclusão ........................................................................................................................................7
4.3.2 Inclusão .........................................................................................................................................7
4.4 Procedimentos do estudo ....................................................................................................................7
4.5 Técnicas e valores de referência .........................................................................................................8
4.5.1 Pressão arterial (PA) .....................................................................................................................8
4.5.2 Tabagismo .....................................................................................................................................9
4.5.3 Consumo de álcool ........................................................................................................................9
4.5.4 Sedentarismo .............................................................................................................................. 10
4.6 Variáveis de estudo e vieses ............................................................................................................ 10
5 Resultados esperados ............................................................................................................. 10
5.1 Sedentarismo ................................................................................................................................. 11
5.1.1 Durante a jornada de trabalho ............................................................................................... 12
5.1.2 Inerente à jornada de trabalho ............................................................................................... 12
5.2 Tabagismo ..................................................................................................................................... 13
5.3 Etilismo ......................................................................................................................................... 13
6 Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 15
7 Anexos ..................................................................................................................................... 16
7.1 ANEXO I ...................................................................................................................................... 16
7.2 ANEXO II ..................................................................................................................................... 20

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1 Introdução

O dia 17 de maio é celebrado como o Dia Mundial da Hipertensão. Essa data foi estabelecida
em 2006 pela Liga Mundial da Hipertensão (WHL), em parceria com outras organizações, para
reafirmar a importância de conscientizar a população acerca dos riscos dessa doença, bem como
para disseminar as mais diversas formas de preveni-la. Além disso, essa patologia é tão importante
que foi designada como tema do Dia Mundial da Saúde em 2013, e é caracterizada pela pressão
sistólica consistentemente maior que 140 mmHg ou pressão diastólica consistentemente igual ou
maior que 90 mmHg.
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) configura-se como uma doença crônica multifatorial
não transmissível de alta prevalência na população brasileira e mundial: acomete mais de um bilhão
de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A HAS também ocupa o
espaço de principal fator de risco para doenças cardiovasculares (DCV), que, por sua vez, são a
principal causa de morte nos países em desenvolvimento.
O conhecimento dos fatores de risco dessa enfermidade pode ser de grande valia para
orientar o planejamento das políticas de Saúde. Nesse sentido, alguns deles são intrínsecos ao
indivíduo, como o sexo, idade e hereditariedade, porém outros estão atrelados aos hábitos de vida;
dentre estes estão o tabagismo, etilismo e o sedentarismo.
Nesse contexto, a literatura atual indica que a ingestão de bebida alcoólica crônica pode
elevar a pressão arterial (PA) e a mortalidade cardiovascular em geral. Já os indivíduos sedentários
apresentam risco aproximadamente 30% maior de desenvolver hipertensão em comparação aos
ativos. Por fim, o tabagismo tem-se mostrado um forte preditor para o desenvolvimento da
hipertensão arterial no longo prazo, além de dificultar o controle da pressão em pacientes
hipertensos.
Dessa forma, torna-se interessante a análise, tanto da prevalência da HAS, quanto dos hábitos
de vida dos funcionários de um hospital público, visto que a rotina laboral dessa população inclina
esses indivíduos a adotar comportamentos que maximizam o número de casos da doença. Seja o
tabagismo ou etilismo, formas de escape do estresse diário, seja a inatividade física, que pode
decorrer em vigência da alta carga horária do trabalho, ou desses três fatores combinados.

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2 Objetivos

2.1 Objetivos Primários

A investigação tem por objetivo analisar de forma qualitativa e quantitativa o impacto


que fatores já consagrados como de risco teriam na saúde do grupo especificado, destacando a
associação desses elementos de forma isolada e/ou conjugada com a Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS) e estabelecer a prevalência desta nos funcionários do Hospital Universitário
Gaffrée e Guinle.

2.2 Objetivos secundários


O estudo visa promover uma pesquisa local acerca de uma patologia de alta prevalência
na população, sendo esta condição relacionada direta e indiretamente a mortes por complicações
cardiovasculares. Nesse sentido, busca-se desenvolver e avaliar dados sobre os fatores de risco
cardiovascular nos funcionários do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, localizado no
Maracanã, bairro do município do Rio de Janeiro, para que, futuramente, possa ocorrer o
desenvolvimento de políticas de saúde direcionadas a esse público.

Um mapeamento desse tipo seria relevante como componente para a uma avaliação
integral da situação em que se encontram esses funcionários, de maneira que se possa avaliar
correlações entre os hábitos de vida, condições de trabalho e a ocorrência de enfermidades,
determinando causas e consequências possíveis.

3 Justificativa

Segundo a 7° Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, realizada pela Sociedade Brasileira de


Cardiologia, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) atinge 32,5% dos adultos e mais de 60% dos
idosos no Brasil, contribuindo para 50% das mortes por doença cardiovascular (DVC). Além disso,
um estudo com servidores públicos de 6 capitais brasileiras mostrou que 35,8% possui HAS, um

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dado alarmante e prejudicial, tendo em vista que as complicações dessa enfermidade impactam na
perda de produtividade do trabalho, da renda familiar e da qualidade de vida da população.
Nesse contexto, o estudo avalia a associação do tabagismo, da ingestão de bebidas alcoólicas e
do sedentarismo com o desenvolvimento de HAS nos funcionários do Hospital Universitário
Gaffrée e Guinle. Tal investigação se faz necessária tendo em vista que o ambiente hospitalar
normalmente tende a ser agitado e estressante, o que pode induzir a comportamentos prejudiciais
por parte de seus funcionários como forma de relaxamento, como o tabagismo e o consumo de
bebidas alcoólicas, ambos fatores de risco para HAS. Ademais, a associação de uma alta carga de
trabalho da maioria dos funcionários com a falta de incentivos a prática de exercícios (fato refletido
no perfil sedentário da população brasileira) impede, em alguns casos, que esses indivíduos façam
atividades físicas regulares.

Diante desse cenário, os funcionários do Hospital Universitário Gaffrée e Guinless (HUGG)


podem estar sujeitos aos fatores de risco cardiovascular definidos, justificando a escolha desses
aspectos para o estudo. Além disso, não existem muitos registros conhecidos sobre o risco
cardiovascular entre os funcionários hospitalares, sendo assim, portanto, mais difícil promover
políticas de saúde direcionadas a indivíduos desse meio.

Com base nos dados e fatos supracitados, fica evidente a pertinência do estudo para determinar
a prevalência de HAS nos funcionários do HUGG e estabelecer uma associação entre os fatores de
risco predeterminados. Dessa forma, a partir das informações apresentadas à sociedade e às
instituições similares ao hospital analisado, a expectativa é que haja maior comprometimento em
minimizar os fatores que agravam o bem-estar desses indivíduos, por meio de medidas de prevenção
e tratamento, tendo em vista que uma boa qualidade de vida influencia na saúde física e mental,
implicando diretamente no desempenho profissional. Por fim, espera-se que novos estudos sejam
realizados em outros ambientes hospitalares, de modo a conferir ou não validade externa ao estudo.

4 Métodos
4.1 Desenho do estudo
O estudo será realizado por meio do método de delineamento de estudo analítico seccional
(transversal). Para tanto, foi escolhida uma amostra abrangente que incluísse todos os funcionários
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do Hospital Universitário Grafrée Guinle (HUGG) que desejassem participar, haja vista que se
objetiva a conferência dos fatores relacionados a hipertensão arterial nesse grupo. A escolha de tal
delineamento relaciona-se ao fato de que a utilização do estudo transversal é eficaz para determinar
a prevalência de uma doença ou condição relacionada à saúde de uma população específica
(funcionários do HUGG), sendo adequado para identificar pessoas e características passíveis de
intervenção e gerar hipóteses de causas de doenças.

4.2 Amostras do estudo


A população contabiliza o total de 900 indivíduos, isto é, número de funcionários de diversos
setores presentes no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, com estimativa de idade entre 20 e 65
anos. A partir disso, com o intuito de gerar uma estimativa confiável, um bom parâmetro estatístico
e, consequentemente, a apresentação de um alto grau de confiança, foi calculado o tamanho mínimo
da amostra para tais fatores. O cálculo de n se dá por:

EQUAÇÃO 1 CÁLCULO DA AMOSTRA


Legenda:
n= Tamanho da amostra
z= Escore z (número de desvios-padrão)
e= Margem de erro
p= Proporção populacional de indivíduos que pertence a categoria que estamos interessados em estudar
N= Tamanho da população

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A equipe de pesquisa decidiu por uma taxa de confiabilidade de 95% e uma margem de erro
mínima de 5% a fim de melhorar os resultados obtidos. Sendo assim, o tamanho da amostra (n) ideal
seria de 270 indivíduos, igualmente divididos pelos setores de trabalho do hospital.

4.3 Critérios de seleção


Para que ocorra a menor presença de variáveis distratoras, alguns fatores de inclusão e
exclusão dos participantes devem ser delimitados para a realização da pesquisa.

4.3.1 Exclusão
i. Negar-se a fornecer alguma informação necessária ao questionário
ii. Possuir diabetes mellitus tipo 1 e 2
iii. Possuir hiperaldosteronismo

O fator de exclusão ii. (diabetes mellitus) justifica-se pelo desenvolvimento da nefrosclerose


diabética, com ativação do sistema renina-angiotensina, além da vasoconstrição, sendo assim uma
predisposição à HAS que independe de outros fatores.

O fator de exclusão iii. (hiperaldosteronismo) é justificado pela condição se caracterizar pela


secreção inapropriada de aldosterona e consequente supressão da renina plasmática, sendo um fator
isolado para o desenvolvimento da HAS.

4.3.2 Inclusão
i. Vínculo empregatício com o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle
ii. Consentimento à concessão de informações

4.4 Procedimentos do estudo


Os participantes do estudo serão submetidos a uma avaliação por meio de um auto relato, a
partir de um questionário constituído por 20 questões cujos componentes principais se dividem nos
seguintes tópicos:

a. Sexo e Idade

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b. Quantificação da jornada de trabalho (horas/dias)
c. Tempo em posição ortostática e sentado
d. Histórico de hipertensão familiar
e. Diagnóstico de hipertensão arterial e se o desenvolvimento se deu enquanto empregado no
HUGG
f. Uso de algum medicamento
g. Hábito de tabagismo e quantidade diária de cigarros
h. Se iniciou/intensificou o hábito de fumar durante o emprego no HUGG
i. Ingestão de bebidas alcoólicas, sua frequência e quantidade de consumo
j. Se iniciou/intensificou a ingestão de bebidas alcoólicas durante o emprego no HUGG
k. Hábito de exercícios físicos e sua frequência

Posteriormente, com a explicação prévia da pesquisa e da leitura e assinatura do Termo de


Compromisso Livre e Esclarecido (TCLE), será realizada a aferição da pressão arterial dos
funcionários participantes, de modo a serem obtidos os valores da pressão arterial sistólica e
diastólica. A pesquisa será realizada no HUGG com um tempo médio de 20 minutos para a dinâmica
analítica para cada indivíduo voluntário da pesquisa.

4.5 Técnicas e valores de referência

Os valores encontrados tanto na aferição da pressão arterial quanto nas


quantidades/frequência de ingestão de álcool e prática do tabagismo serão comparados com estudos
pregressos com legitimidade científica. A referência desse estudo será a Revista Nacional de
Hipertensão do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

4.5.1 Pressão arterial (PA)


Os fatores comparativos da pressão arterial respaldam-se em níveis referência de PA,
conforme os dados na tabela abaixo:

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Medida Redução aproximada da PAS/PAD

Atividade física diária 3,6/5,4 mmHg

2,1/1,7 em pré-hipertensos
Exercício aeróbico
8,3/5,2 mmHg em hipertensos
4,0/3,8 mmHg em pré-hipertensos
Exercício resistido dinâmico
Não reduz em hipertensos
TABELA 1 CLASSIFICAÇÃO DA PA DE ACORDO COM A MEDIÇÃO CASUAL A PARTIR DE 18 ANOS DE IDADE.

Os valores que serão obtidos após aferição da pressão arterial dos participantes da pesquisa
serão submetidos à análise comparativa com os valores-referência.

4.5.2 Tabagismo

O fumo causa um aumento agudo da pressão arterial e da frequência cardíaca, mediada pela
nicotina que age como um agonista adrenérgico, promovendo a liberação local e sistêmica de
catecolaminas (dopamina, norepinefrina, vasopressina).

Além disso, potenciais mecanismos subjacentes à exposição crônica do tabagismo gera a


atenuação persistente do barorreflexo inibitório, de modo que ele desempenha um papel permissivo
no aumento da pressão arterial e a ativação dos quimiorreceptores arteriais periféricos, os quais
promovem a vasoconstrição e, consequentemente, a hipertensão arterial.

Dessa forma, não há níveis seguros para a utilização do tabaco, portanto o valor de referência
para o tabaco justifica-se pelo próprio tabagismo.

4.5.3 Consumo de álcool

O consumo habitual de álcool eleva a PA de forma linear e o consumo excessivo associa-se


com aumento na incidência de HAS. Estima-se que um aumento de 10 g/dia na ingestão de álcool
eleve a PA em 1 mmHg. Desta forma, o consumo diário de álcool pelos participantes, atrelado

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substancialmente à quantidade ingerida, será submetido à análise comparativa de menos de 10g/dia
de álcool.

4.5.4 Sedentarismo

A realização de atividades físicas, de modo a caracterizar um indivíduo fisicamente ativo,


gera uma percebida melhora na qualidade de vida em comparação às pessoas sedentárias. Nesse
sentido, a realização destas por no mínimo 150 minutos semanais determinam um indivíduo como
fisicamente ativo e uma prática inferior a tal frequência de tempo ou nula, designa o indivíduo como
sedentário. Sendo assim, a análise comparativa será feita sobre a quantidade de tempo de exercício
físico e sua associação com HAS.

4.6 Variáveis de estudo e vieses


As variáveis como idade e sexo são classificadas como independentes, enquanto as
dependentes caracterizam-se por sedentarismo/prática de exercício físico, tabagismo e consumo de
álcool.

Os vieses a serem encontrados definem-se pela falta de delimitação de idade, haja vista que
o fator etário é expressivo para o desenvolvimento da HAS – a probabilidade de que jovens e
adultos, em um certo intervalo etário estimado (19-39 anos), que tenham o hábito do consumo de
álcool e tabagismo desenvolvam a curto prazo ou já possuam HAS é bem baixa comparado aos
participantes de faixa etária mais avançada (>39-65 anos). Tal viés justifica-se pela utilização de
amostra aleatória simples em detrimento do uso de amostra probabilística – cada indivíduo tem uma
chance igual de ser escolhido e possui uma probabilidade conhecida e não-igual de ser escolhido,
respectivamente. Ademais, há também o risco do viés de informação, que pode ocorrer com a
imprecisão de fatos no fornecimento das respostas ao questionário por parte dos participantes da
pesquisa.

5 Resultados esperados
Após o levantamento de dados para o estudo entre os funcionários do Hospital
Universitário Gaffrée e Guinle e tendo como base a literatura prévia sobre o sedentarismo, o

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tabagismo e o consumo de bebidas alcóolicas como fatores de risco para a hipertensão arterial
sistêmica, foi possível delinear os prováveis desfechos. Ressalta-se que foi considerada a distinção
de sexo e idade no estudo, já que tais variáveis estão diretamente relacionadas com a doença, sendo
que essa condição afeta de diferentes formas mulheres e idosos devido às características fisiológicas
desses grupos.

Segundo os dados globais, a prevalência de HAS nos homens é maior do que nas mulheres.
No entanto, essa perspectiva muda conforme a idade devido a fatores hormonais, como o uso de
contraceptivos e a menopausa, que contribuem de forma significativa para o aumento da pressão
arterial no sexo feminino. No que tange a questão dos idosos, indivíduos com mais de 60 anos estão
sujeitos a condições próprias do envelhecimento que resultam no aumento de PA, como o
enrijecimento das artérias e veias, propiciando o desenvolvimento da enfermidade.

5.1 Sedentarismo
O sedentarismo representa um risco à saúde dos indivíduos por ser um fator que contribui
para elevar a pressão arterial por não promover uma boa circulação periférica e também por estar
associado a condições que agravam a hipertensão, como dislipidemia, obesidade e síndrome
metabólica. Estudos demonstram que pessoas inativas possuem 30% mais chances de desenvolver
hipertensão quando comparados aos ativos, pois o exercício físico promove redução da pressão
arterial.

A título de conhecimento, a Sociedade Brasileira de Cardiologia define atividade física como


qualquer movimento corporal que gere gasto energético, incluindo exercícios diários como andar
na rua, subir escada, realizar tarefas domésticas cotidianas e atividades de lazer; e exercício físico
como qualquer movimentação realizada de forma estruturada, programada e organizada, com um
objetivo específico. Nesse contexto, a pesquisa a ser realizada pretende analisar 2 casos:

(i) Durante a jornada de trabalho, que se assemelha mais a atividade física

(ii) Inerente à jornada de trabalho e ao lazer, que se assemelha mais ao exercício físico

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5.1.1 Durante a jornada de trabalho

Estudos já comprovaram que indivíduos que passam 8 horas ou mais sentados todos os dias
possuem maior risco de desenvolver hipertensão em comparação àqueles que passam menos de 3
horas sentados por dia. Assim, os funcionários do HUGG que trabalham predominantemente
sentados, como os do setor administrativo, possuem maior probabilidade de desenvolver HAS
quando comparados àqueles que possuem funções mais dinâmicas, como os das equipes de saúde e
de limpeza.

Nesse caso, entretanto, o efeito cardioprotetor não é tão significativo dado que a
movimentação durante o trabalho se configura como atividade física que não possui grandes
benefícios em relação à diminuição da pressão arterial quando comparado ao exercício físico. A
recomendação da SBC é que a cada 30 minutos sentado, o indivíduo se levante por 5 minutos.

5.1.2 Inerente à jornada de trabalho

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a prática de 150 minutos semanais de


atividade física moderada ou 75 minutos semanais de atividade física de alta intensidade para reduzir
o risco de hipertensão. Isso ocorre porque a atividade física reduz a pressão arterial, caracterizando
um efeito cardioprotetor. Evidências demonstram que a diminuição da PA quando o indivíduo
realiza atividade física diariamente é de 3,6 mmHg para a pressão arterial sistólica (PAS) e 5,4
mmHg para pressão arterial diastólica (PAD) e esses resultados são eficazes não apenas em prevenir
a hipertensão, mas também para tratar pré-hipertensos e hipertensos.

Dessa forma, conclui-se que após classificar os funcionários do hospital, haverá um maior
número de hipertensos entre os que não praticam exercícios físicos regularmente. O prognóstico se
torna ainda mais grave quando o indivíduo permanece muitas horas sentado durante o horário de
trabalho e não os realiza nos períodos de lazer.

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) demonstraram que 46% dos adultos e 62,7%
dos idosos brasileiros são sedentários. Também foi demonstrado que o percentual de mulheres
insuficientemente ativas é maior que dos homens, chegando a 51,5%. Com base nessas informações,
é possível também traçar o perfil de atividade no HUGG por faixa etária, sexo e o seu risco de
hipertensão.

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5.2 Tabagismo

Estudos epidemiológicos mostram que o tabagismo aumenta os riscos de doenças


cardiovasculares e que os efeitos crescem conforme a exposição. Assim, para realizar a pesquisa, é
possível separar a amostra de funcionários do HUGG em 3 grupos: os indivíduos que nunca
fumaram, os ex-fumantes e os fumantes.

Entre os fumantes, os estudos encontraram uma relação de frequência maior entre os homens
(27,1%) do que entre as mulheres (16,4%). Dessa forma, analisando esse fator de risco
isoladamente, espera-se encontrar mais indivíduos do sexo masculino hipertensos do que do sexo
feminino, já que há maior exposição dos homens ao tabagismo.

Em relação aos ex-fumantes, é fato que a cessação do tabagismo trás efeitos benéficos para
os indivíduos, como diminuição do risco de infarto agudo do miocárdio (IAM) e de óbito. Contudo,
estudos demonstram que a prevalência de HAS em ex-fumantes é a maior dentre os 3 grupos, sendo
as porcentagens: ex-fumantes de 51,6%; fumantes 32,4%; não-fumantes 29,8%. Logo, com base
nesses dados, é provável que entre os funcionários do HUGG que já possuem HAS haja um grande
número de ex-fumantes e fumantes.

5.3 Etilismo
A Sociedade Brasileira de Cardiologia estima que a ingestão de álcool por longos períodos
de tempo pode levar ao aumento da pressão arterial e estudos de base populacional comprovam que
10 a 30% dos casos de hipertensão são derivados do consumo excessivo de bebidas alcoólicas. A
medida considerada excessiva é de 5 doses para homens e 4 doses para mulheres em uma única
ocasião. Entretanto, a literatura demonstra que o consumo diário de 2 doses ou menos durante 30
dias já é suficiente para aumentar a PA consideravelmente em relação aos indivíduos abstêmios.

Existem pesquisas que tentam comprovar os efeitos cardioprotetores de pequenas doses de


álcool pela diminuição da pressão arterial. Contudo, as evidências não são suficientemente
convincentes, pois nesses estudos não há definição de uma quantidade segura dessa ingestão para
chegar ao resultado descrito, assim a SBC não considera esses dados. Portanto, o estudo se baseará

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na entidade de cardiologia, considerando que não há níveis benéficos para a PA, apenas consumo e
abstinência.

Na análise dos funcionários do HUGG, espera-se encontrar uma maior porcentagem de


hipertensos entre aqueles que consomem bebidas alcoólicas. Além disso, estudos apontam que o
aumento da pressão é maior em sujeitos acima de 40 anos e é proporcional aos níveis de consumo.
Ademais, relacionar com o sexo também é importante já que se observa na população um maior
número de mulheres abstêmias (43%), proporcionando melhor prognóstico para essa parcela da
amostra.

FIGURA 1 RELAÇÃO ENTRE OS FATORES DE RISCO PARA HAS

Com base nos dados supracitados, é possível observar de forma qualitativa a associação dos
fatores analisados para HAS. Dessa forma, é notório que quanto mais grupos de fatores de risco o
indivíduo fizer parte, maior a probabilidade de desenvolver a enfermidade analisada.

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6 Referências Bibliográficas
1. HYPERTENSION. World Health Organization, 2019. Disponível em:
“https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/hypertension”. Acesso em:
25/11/2019.

2. Mortality GBD, Causes of Death C. Global, regional, and national age-sex specific all-cause
and cause-specific mortality for 240 causes of death, 1990-2013: a systematic analysis for
the Global Burden of Disease Study 2013. Lancet 2015;385:117-71. 10.1016/S0140-
6736(14)61682-2.

3. Williams B. The year in hypertension. J Am Coll Cardiol. 2008;51:1803–17.

4. DIPPE, Tufi. Tabagismo e hipertesão arterial (pressão alta). Portal do coração, 2019.
Disponível em: “http://portaldocoracao.com.br/tabagismo-e-hipertesao-arterial-pressao-
alta/”. Acesso em: 25/11/2019.

5. The World Health Organization Quality of Life assessment (WHOQOL): position paper
from the World Health Organization.

6. Meira LF. Capacidade para o trabalho, fatores de risco para as doenças cardiovasculares e
condições laborativas de trabalhadores de uma indústria metal-mecânica de Curitiba/PR.
[dissertação]. Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná; 2004.

7. Sociedade Brasileira de Cardiologia / Sociedade Brasileira de Hipertensão /


Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras
Cardiol 2010; 95(1 supl.1): 1-51
8. SOUSA, Márcio.
Smoking and High Blood Pressure: how the tobacco raises the pressure, Rev Bras
Hipertens vol. 22(3):78-83, 2015. 5 páginas. Disponível em: <
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-881231>

9. SOUZA, Ana Rita Araújo de et al . A study on systemic arterial hypertension in Campo


Grande, MS, Brazil. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo , v. 88, n. 4, p. 441-446, Apr. 2007 .
Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-
782X2007000400013&lng=en&nrm=iso>. access on 27 Nov. 2019.
http://dx.doi.org/10.1590/S0066-782X2007000400013.

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7 Anexos

7.1 ANEXO I
QUESTIONÁRIO PARA PARTICIPAÇÃO DA PESQUISA

1) QUANTAS HORAS VOCÊ TRABALHA POR DIA?

⃝ 5 OU MENOS HORAS

⃝ DE 6 A 10 HORAS

⃝ 11 OU MAIS HORAS

2) QUANTOS DIAS POR SEMANA VOCÊ TRABALHA?

⃝ NO MÁXIMO 3

⃝ NO MÁXIMO 5

⃝ ATÉ 7 DIAS

3) DURANTE O TRABALHO, VOCÊ PASSA MAIS TEMPO DE PÉ OU SENTADO?

⃝ MAIS TEMPO DE PÉ

⃝ MAIS TEMPO SENTADO

4) VOCÊ CLASSIFICARIA SEU TRABALHO COMO ESTRESSANTE?

⃝ SIM

⃝ NÃO

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5) VOCÊ TEM DIABETES MELLITUS?

⃝ SIM, DE QUALQUER UM DOS TIPOS

⃝ NÃO

6) VOCÊ TEM HIPERALDOSTERONISMO?

⃝ SIM

⃝ NÃO

7) VOCÊ POSSUI HISTÓRICO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL NA FAMÍLIA?

⃝ SIM

⃝ NÃO

8) VOCÊ TEM HIPERTENSÃO ARTERIAL?

⃝ SIM

⃝ NÃO

9) VOCÊ DESENVOLVEU A HIPERTENSÃO ENQUANTO TRABALHAVA AQUI


NO HUGG?

⃝ SIM

⃝ NÃO

⃝ NÃO TENHO HIPERTENSÃO

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10) VOCÊ FAZ USO DE ALGUM MEDICAMENTO CONTÍNUO?

⃝ SIM

⃝ NÃO

 SE SIM, QUAL? ___________________________________


11) VOCÊ FUMA?

⃝ SIM

⃝ NÃO

12) QUANTOS CIGARROS FUMA POR DIA?

⃝ 1-3 CIGARROS

⃝ 4-8 CIGARROS

⃝ 9 OU MAIS CIGARROS

⃝ NÃO FUMO

13) VOCÊ CONSIDERA QUE FUMA, EM PARTE, PELO ESTRESSE NO


TRABALHO?

⃝ SIM

⃝ NÃO

⃝ NÃO FUMO

14) VOCÊ CONSOME BEBIDAS ALCOÓLICAS? SE SIM, CONSOME QUANTOS


DIAS POR SEMANA?

⃝ 1 OU 2 DIAS

⃝ 3 OU 4 DIAS

18
⃝ DE 5 A 7 DIAS

⃝ NÃO CONSUMO BEBIDAS ALCOÓLICAS

15) QUANDO CONSOME BEBIDA ALCOÓLICA, QUAL COSTUMA SER A


QUANTIDADE?

⃝ DE 1 A 3 COPOS

⃝ 4 COPOS OU MAIS

16) VOCÊ CONSIDERA QUE CONSOME BEBIDAS ALCOÓLICAS, EM PARTE,


PELO ESTRESSE NO TRABALHO?

⃝ SIM

⃝ NÃO

⃝ NÃO CONSUMO BEBIDAS ALCOÓLICAS

17) VOCÊ PRATICA EXERCÍCIOS FÍSICOS? SE SIM, QUANTAS VEZES NA


SEMANA?

⃝ 1 OU 2 VEZES

⃝ 3 OU 4 VEZES

⃝ DE 5 A 7 VEZES

⃝ NÃO PRATICO EXERCÍCIOS FÍSICOS

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7.2 ANEXO II
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado(a) senhor(a), você está sendo convidado(a) para participar da pesquisa “Estudo
transversal da associação entre fatores como sedentarismo, tabagismo e consumo de bebidas
alcoólicas e hipertensão arterial em funcionários do HUGG”. Essa pesquisa será realizada com os
funcionários do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, que não tenham diagnóstico de
hiperaldosteronismo ou diabetes, sendo que a pesquisa será realizada na própria instituição.
Sua participação no estudo se baseará em responder a um questionário que se relaciona com
o tema da pesquisa e permitir que a sua pressão seja aferida. Essa dinâmica terá duração de
aproximadamente 20 minutos. Os riscos com essa pesquisa são mínimos, o(a) senhor(a) pode se
sentir desconfortável em responder a algumas perguntas, sendo que o(a) senhor(a) terá total e
inviolável liberdade para não responder ou interromper a pesquisa, se for o caso, sem prejuízo
algum. Além disso, é garantido o sigilo das suas informações. O(a) senhor(a) tem a liberdade de não
participar da pesquisa ou de retirar o seu consentimento a qualquer momento, mesmo após o início
da dinâmica de resposta do questionário.
Caso tenha alguma dúvida sobre a pesquisa, o(a) senhor(a) poderá tirá-la no momento da
dinâmica da pesquisa ou entrar com contato com o coordenador do estudo: Grupo 6 da disciplina
de Metodologia Científica da Turma 143, que pode ser localizado no Anfiteatro da Pediatria do
HUGG às quartas de 8h às 12h, ou por contato através do endereço de e-mail
“medunirio143@gmail.com”, mediante utilização do termo “GRUPO 6 PESQUISA HUGG” no
assunto do e-mail enviado. O CEP/SMS-Rio (Comitê de Ética/Secretaria Municipal de Saúde do
Rio de Janeiro), também poderá ser consultado caso o(a) senhor(a) tenha alguma consideração ou
dúvida sobre a ética da pesquisa realizada. O número da central de atendimento do CEP/SMS-Rio
é 1756.
A sua participação é muito importante e voluntária, podendo gerar informações que serão úteis
para o desfecho do nosso estudo, sendo relevante deixar claro que o(a) senhor(a) não terá nenhuma
despesa para realização dessa pesquisa e não haverá compensação financeira pela sua participação.
Eu, ________________________________________________________________, acredito
ter sido suficientemente informado a respeito do que li ou foi lido para mim, sobre a pesquisa:
“Estudo transversal da associação entre fatores como sedentarismo, tabagismo e consumo de
bebidas alcoólicas e hipertensão arterial em funcionários do HUGG " e concordei em participar
por livre e espontânea vontade.

________________________________ ___/___/______
Assinatura do entrevistado

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Termo de Consentimento Livre e


Esclarecido deste entrevistado para a sua participação neste estudo.

________________________________ ___/___/______
Assinatura do responsável pelo estudo

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