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- Agosto 2019

HIPERTROFIA DAS
ADENOIDES E
AMÍGDALAS

Ângela Guerra
Médica formada pela Faculdade de Medicina da UFMG (1980)
Residência em Otorrinolaringologia – Hospital das Clínicas - UFMG (1983)
Título de Especialista em Otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e
Cirurgia Cérvico Facial (1983)
Mestre em Ciências da Saúde: Infectologia e Doenças Tropicais pela Universidade Federal de Minas
Gerais (2006)
Médica Otorrinolaringologista no Serviço Único de Saúde/ PBH / (1995-2016)
Médica Otorrinolaringologista na Rede Privada desde 1984
Membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico – Facial (desde 1983)
Membro da Interamerican Association of Pediatric Otorhinolarryngology - IAPO (desde 2001)
Hipertrofia das Adenoides e Amígdalas 1

SUMÁRIO
SUMÁRIO ....................................................................................................................................... 1
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 2
2. QUAL A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DA HIPERTROFIA DAS AMÍGDALAS E ADENOIDES?
3
3. QUANDO SUSPEITAR DA PRESENÇA DE HIPERTROFIA DAS AMÍGDALAS E/OU ADENOIDES? –
SINAIS E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ............................................................................................. 3
4. COMO IDENTIFICAR A HIPERTROFIA DAS AMÍGDALAS E ADENOIDES? ................................... 4
5. QUANDO INDICAR A CIRURGIA DAS AMÍGDALAS OU ADENOIDES? ........................................ 6
6. OBSTRUÇÃO NASAL EM ADULTOS E A HIPERTROFIA DAS AMÍGDALAS EM ADULTOS ............ 6
7. RESUMO ................................................................................................................................... 7
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 8
Hipertrofia das Adenoides e Amígdalas 2

1. INTRODUÇÃO
A Tonsila Faríngea, ou vegetação Adenoide, faz parte do conjunto de estruturas linfáticas
conhecido como anel de Waldeyer. É constituída por um grupo de pequenas massas de
tecido linfoide e nódulos linfáticos. Está localizada na nasofaringe – região superior da
faringe, acima do nível inferior do palato mole.

O tecido adenoideano está presente ao nascimento em todas as crianças


imunologicamente sadias. Segue um padrão definido de crescimento bastante rápido
durante os 3 primeiros anos. Atinge seu maior volume entre os 4 e 5 anos. Em torno dos 7
anos, inicia-se o processo de atrofia, que se completa entre os 10 e 12 anos de idade.

A ausência das adenoides em crianças sugere imunodeficiência.

Tonsilas Palatinas, ou Amígdalas, são estruturas arredondadas presentes na orofaringe,


constituídas por aglomerados de tecido linfoide e, como as adenoides, também fazem
parte do anel de Waldeyer.

São grandes aliadas do sistema imunológico, principalmente na faixa etária dos 5 aos 7
anos.

Como as adenoides, as amígdalas frequentemente sofrem um aumento no seu volume,


ocupando importante área na orofaringe.

Considera-se que o desenvolvimento da hipertrofia das amígdalas em crianças seria


consequência de infecções recorrentes das vias aéreas superiores e, na maioria,
desenvolve-se em paralelo com a mudança no tamanho das Tonsilas Faríngeas.

Muitas vezes, é necessário diferenciar a hipertrofia das tonsilas em crianças de uma


amigdalite crônica. A diferença essencial é que, na hipertrofia nas amígdalas, não há
processo inflamatório, que caracteriza a tonsilite.

A hipertrofia das amígdalas nas crianças e nos adultos acontece de forma bilateral e
simétrica. Quando nos deparamos com uma hipertrofia unilateral, devemos suspeitar da
presença de um processo tumoral em curso, geralmente um linfoma, em sua fase inicial.
Hipertrofia das Adenoides e Amígdalas 3

2. QUAL A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DA


HIPERTROFIA DAS AMÍGDALAS E ADENOIDES?
A hipertrofia das adenoides e/ou amígdalas é considerada motivo importante da desordem
respiratória relacionada ao sono, comprometendo o desenvolvimento físico e cognitivo da
criança. Está envolvida também na fisiopatologia dos quadros de otites médias, sinusites e
nasofaringites.

No entanto, não é a principal causa de obstrução à respiração nasal. Estudo recente


realizado no serviço de otorrinolaringologia pediátrica da rede pública de Belo Horizonte
(MG) sinaliza a Rinite Alérgica (35,3%) como o diagnóstico mais frequente de
encaminhamento da atenção primária como etiologia de quadros de Síndrome do
Respirador Oral, seguido da hipertrofia de adenoides (19,1%) e hipertrofia de amígdalas
(2,4%) e desvio obstrutivo de septo nasal (1,0%).

3. QUANDO SUSPEITAR DA PRESENÇA DE


HIPERTROFIA DAS AMÍGDALAS E/OU ADENOIDES? –
SINAIS E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Nas crianças com padrão de respiração oral, várias possibilidades devem ser consideradas:
hipertrofia irredutível das adenoides e/ou amígdalas, desvios do septo nasal, rinites,
pólipos, malformações e massas tumorais, manifestando-se de forma isolada ou associada.

Vários sinais clínicos devem ser observados à avaliação clínica de uma criança, mesmo
quando não mencionados pelos pais, tais como:

▪ Respiração oral - Boca aberta;

▪ Lábio superior curto e inferior evertido;

▪ Alongamento do terço inferior da face (fácies adenoideana);

▪ Incompetência labial;
Hipertrofia das Adenoides e Amígdalas 4

▪ Hipotonia lingual;

▪ Alterações da postura de língua em repouso, na deglutição e na fala;

▪ Alterações da mastigação (mastiga de boca aberta) e emissões das vogais (projeta


a língua à emissão de fonemas L, T, TR, CL;

▪ Alterações da fala e da voz (“voz de batata”);

▪ Alterações da postura corporal (ombros e pescoço projetando para gente, aumento


da lordose lombar).

Na hipertrofia obstrutiva crônica, quando a criança assume o padrão oral de respiração,


várias alterações sistêmicas são desencadeadas, acarretando a Síndrome do Respirador
Oral e suas manifestações clínicas, como:

▪ Cansaço frequente;

▪ Roncos noturnos (com ou sem apneia);

▪ Dorme de boca aberta e baba no travesseiro;

▪ Sonolência diurna;

▪ Adinamia;

▪ Baixo apetite;

▪ Enurese noturna;

▪ Déficit de aprendizado;

▪ Cor Pulmonale.

4. COMO IDENTIFICAR A HIPERTROFIA DAS


AMÍGDALAS E ADENOIDES?
Hipertrofia das Adenoides e Amígdalas 5

O exame adequado para avaliar a cavidade nasal é o exame endoscópico das cavidades
nasais (Fibronasofaringoscopia). Por meio deste recurso, podemos avaliar a presença e o
tamanho das adenoides, avaliar o septo nasal e uma possível rinopatia alérgica.

Considera-se uma hipertrofia obstrutiva das adenoides quando seu volume ocupa cerca de
70% ou mais das coanas.

O Rx de Cavum é um exame de baixa sensibilidade e atualmente pouco solicitado.

As amígdalas são facilmente detectáveis ao exame da cavidade oral, de preferência com o


paciente sentado, a língua dentro da boca e o abaixador de língua pressionando o 1/3
anterior da língua, para evitar o reflexo de vômito e uma avaliação equivocada do tamanho
das amígdalas.

Figura 1. Classificação do tamanho das amígdalas pela Escala de Brodsky

Grau I Grau II Grau III Grau IV

As amígdalas de tamanhos grau III e IV pela escala de Brodsky (Fig. 1) são consideradas
hipertrofiadas.

Devemos sempre nos lembrar de que, nos quadros de amigdalite aguda (dor ao engolir,
febre, adinamia, hiperemia e aumento no tamanho das amígdalas), a hipertrofia é
temporária e limitada ao período da infecção.
Hipertrofia das Adenoides e Amígdalas 6

5. QUANDO INDICAR A CIRURGIA DAS AMÍGDALAS


OU ADENOIDES?
A amigdalectomia e a adenoidectomia, realizadas isolada ou simultaneamente, são das
intervenções cirúrgicas mais frequentes na prática clínica ORL.

Deve ser indicada na presença de:

▪ Quadros obstrutivos por hipertrofia das amígdalas e/ou adenoides e suas


repercussões;

▪ Nas faringotonsilites recorrentes com, pelo menos, sete episódios em um ano, ou


cinco episódios por dois anos consecutivos, ou três episódios por ano, por 3 anos
seguidos.

▪ Na presença de hipertrofia unilateral da amígdala, seguida de exame anátomo


patológico da peça removida.

O acompanhamento de cada caso deve ser individualizado, de modo a determinar se o


melhor tratamento é o cirúrgico.

6. OBSTRUÇÃO NASAL EM ADULTOS E A


HIPERTROFIA DAS AMÍGDALAS EM ADULTOS
Na obstrução nasal crônica em adultos, devemos considerar algum tipo de rinite, desvio
do septo nasal ou polipose nasal, manifestando-se de forma isolada ou associada.
Hipertrofia das Adenoides e Amígdalas 7

Apenas em adultos imunodeficientes podemos encontrar uma adenoide hipertrofiada.

Como nas crianças, podemos encontrar adultos com hipertrofia das amígdalas com ou sem
relato de infecções recorrentes, ou amígdalas eutróficas com infeções frequentes.

A cirurgia das amígdalas em adultos está indicada nos casos de:

▪ Amigdalites recorrentes, sob os mesmos critérios adotados para as crianças – pelo


menos sete episódios em um ano, cinco episódios por dois anos consecutivos ou
três episódios por ano, por 3 anos seguidos;

▪ Amigdalite crônica caseosa e halitose por acúmulo de alimentos decompostos no


interior das criptas das amígdalas, gerando desconforto e incômodo para o
paciente;

▪ Abscesso periamigdaliano – pela gravidade do caso e risco de recorrência.

7. RESUMO
A tonsila faríngea, ou vegetação adenoide, está presente ao nascimento em todas as
crianças imunologicamente sadias, até os 12 anos de idade. Seu pico de crescimento
acontece entre os 4 e 5 anos.

A ausência das adenoides em crianças e a presença em adultos sugere imunodeficiência.

O exame adequado para avaliar a cavidade nasal é o exame endoscópico das fossas nasais
e faringe – Fibronasofaringoscopia.

Considera-se uma hipertrofia obstrutiva das adenoides quando seu volume ocupa cerca de
70% ou mais das coanas.

A presença de comorbidades deve sempre ser levada em consideração.

O acompanhamento de cada caso deve ser individualizado, de modo a determinar se o


melhor tratamento é a retirada das amígdalas e/ou adenoides.
Hipertrofia das Adenoides e Amígdalas 8

Na avaliação do respirador oral, a indicação de cirurgia das amígdalas e/ou adenoides não
deve ficar limitada apenas à dinâmica do consultório (anamnese, exame físico e endoscopia
nasal). A Presença de hipertrofia desses tecidos, sem repercussão sistêmica, anatômica
e/ou funcional ou comprometimento da qualidade de vida desses pacientes, não justifica
o procedimento. O acompanhamento de cada caso deve ser individualizado, de modo a
determinar se o melhor tratamento é a retirada das amígdalas palatinas.

Ainda em relação ao respirador oral, existe aquela criança que, depois de identificados e
excluídos os fatores obstrutivos da respiração, continua respirando com a boca aberta e
apresenta evidente deformidade da arcada dentária, distúrbios da fala e da deglutição.

Essas crianças necessitam de um tratamento multiprofissional e interdisciplinar, que


envolva o fonoaudiólogo, o fisioterapeuta e o ortodontista, para corrigir os danos
ocasionados pelo ato de respirar pela boca.

REFERÊNCIAS
1. Ferreira MA. Amígdalas e adenóides - da infecção à obstrução. Revista Portuguesa de
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, 48(1): 25-32, 11.

2. Abreu RR, Rocha RL, Lamounier J, Guerra AFMG. Prevalência de crianças respiradoras
orais. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, Oct. 2008; 84(5): 467-470.

3. Guerra AFM. Capacidade resolutiva em otorrinolaringologia do médico da atenção


primária da rede pública de saúde do município de Belo Horizonte, Brasil. 2006. 168f.
Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde, Infectologia e Medicina Tropical) -
Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Medicina, Belo Horizonte, 2006.
Hipertrofia das Adenoides e Amígdalas 9

4. Godinho R, Britto AT, Carvalho DG, Mocellin M. The Role of Adenotonsillar Hipertrophy
in Mouth Breatting Syndrome. In: IV IAPO (Interamerican Association of Pediatric
Otorhinolaryngology) Manual Of Pediatric Otorhinolaryngologhy. 2006; 15:83-88.

5. Di Franceso RC, Passerotii G, Paulucci B, Miniti A. Respiração oral na criança:


repercussões diferentes de acordo com o diagnóstico. Revista Brasileira de
Otorrinolaringologia. 2004; 70(5):665-70.

6. Abreu RR, Rocha RL, Lamounier JA, Guerra AFM. Prevalência e fatores associados em
crianças de três a nove anos respiradoras orais em Abaeté - MG, Brasil [dissertação].
Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2007.

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