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“Cabe ao espírito brasílico nascido de si mesmo como a idéia que nasce do próprio idealismo,
lapidar esse diamante bíblico, deixando expandir-se dele o fulgor de sua sapiência, a
expressão dos cérebros de um passado longínquo sobre o qual estão pisando os pés hodiernos
do entredevoramento humano”.
Em suas proximidades podem ser avistados diversos maciços rochosos, nos quais podem ser
encontradas algumas grutas e cavernas com estranhas e variadas inscrições rupestres, que
fazem desconcertar os conceitos do mais aguçado pesquisador. Diante disto e de seu
misterioso e milenar acervo mnemônico, nossa pergunta continua ansiando por uma resposta,
que suspeitamos, não possa ser respondida, pelo menos, por enquanto: o que afinal teria
acontecido em Montalvania?
RELATOS PARA A ETERNIDADE - Pareceu-me que seus autores quiseram deixar gravado
para a eternidade um relato de relevante importância, que em face da exigüidade de meios
disponíveis naquele momento, decidiram gravá-los perenemente na pedra para que
perdurassem através dos tempos. Entretanto, no atual momento da vida na Terra, ao nível da
compreensão simbólica que toda esta grande profusão de figuras pretendem expressar,
tememos que ainda não possamos dar-lhes a interpretação que merecem e encerram.
Por mais que as queiramos explicar por intermédio de nossa vã perspicácia acadêmica, os
acontecimentos de Montalvânia, registrados em pedra bruta, qual grandioso livro iniciático,
simbólico e velado, não têm como serem integralmente compreendidos e prontamente
desvelados. E a pergunta permanece: o que teria acontecido ali?
Existe algo bem mais profundo em relação ao que ficou gravado nas pedras de suas grutas e
cavernas, do que apenas rabiscos inconseqüentes de homens primitivos, amendrontados e
incultos. Pode-se perceber a existência de uma idéia central, que tem caráter dramático e
demasiadamenbte forte, alguma coisa que se perdeu por ação de uma força muito grande ou
que teria sido presenciada por este grupo de homens inquietos e que os fez agir como
verdadeiros escribas do tempo.
Percebe-se então que a cidade fundada por Antonio Lopo Montalvão, não foi somente uma
idéia-sonho na cabeça de seu idealizador. Ele quis que ela tivesse contato com a capital da
República e construiu ele mesmo a estrada que passou a ligar o município a Brasília,
convidando, para sua inauguração, na época, o próprio presidente da república. Quanto à sua
estrutura, podemos dizer que foi cuidadosamente planejada, com ruas calçadas e largas
avenidas enfeitadas com palmeiras, que convergem para sua área central, e cujos nomes
homenageiam santos, filósofos e pensadores como, por exemplo: Avenida Confúcio, Avenida
Sócrates, Avenida Madame Curie, Rua Voltaire, Rua Galileu, Rua Plutarco, Rua Zoroastro, Rua
Copérnico, Praça Cristo Rei, Praça Platão, etc.
Sua fundação data de 1.952 e já em 1.962 havia-se tornado cidade, através do idealismo de
Antonio Montalvão, um pesquisador de dotes pouco comuns, que adotou a região exatamente
por causa de seus inumeráveis segredos. Montalvão foi também, além de seu descobridor, um
grande pesquisador, filósofo e cientista, apesar de não concordar com estes títulos,
desenvolvendo um projeto arrojado para aquela região semi-árida do norte de Minas. Através
de seus estudos ficaram conhecidas 8 destas grutas e cavernas com inscrições rupestres,
circundando a cidade. Elas se caracterizam por seu aspecto de origem desconhecida e apesar
do esforço despendido para tentar compreendê-las, deixam sempre um rastro profundo e
desafiador impresso nas mentes especulativas de quem quer que delas se aproxime.
'Quando decidi-me ir a Montalvânia, esperava encontrar-me
VIDA DESENHADA - O que se poderia hoje refletir a respeito das incríveis inscrições de
Montalvânia é que, inexplicavelmente, seu milenar acervo arqueológico se mostra como um
imenso registro de figuras zoomorfas, humanóides e uma complexa simbologia, elementos
perdidos em um meio severamente hostil, apresentando mínimas possibilidades de
compreensão, em face dos métodos e conhecimentos atualmente existentes. Talvez esta farta
“narrativa” gravada em baixo relevo e em pinturas multiformes, tenham sido produzidas para,
em futuro próximo, fazer provas junto a uma humanidade menos premida pelo intelecto, de
que este nosso Brasil tem algo mais a mostrar a respeito de seu passado, encoberto pela
bruma do tempo. Mas esta seria uma outra história a contar, que deixaria, certamente,
atônitos leigos e pesquisadores.
Logo de início nos maravilhamos com seu conteúdo inusitado, envolvidos que ficamos de uma
emoção muito forte. A gruta estava repleta de “caracteres” em baixo relevo, no teto e nas
paredes, espalhados em uma aparente desorganização, e cujo conteúdo se compunha de
formas variadas, pés, mãos, gravados em baixo relevo, humanóides e símbolos diversificados.
Era um espetáculo de enigmas isolados em pleno sertão brasileiro, silencioso, como se
quisesse mostrar para os buscadores que algo de grande importância ocorrera por tais
paragens.
“A displicência acasalada com a negligência, como um par de omissos analfabetos que vêem
nos livros apenas uma caderneta da poupança, vê este acervo histórico como meros rabiscos
selvagens ou como fúteis figuras decorativas, quando constitui ele a verdadeira Bíblia de Pedra
com voz de Pedro que aos Pedros estimulava: Pedro Vaz Bisagudo (1343), Pedro Álvares
Cabral (1500), Pedro I, Pedro II…”.
É estranho que se tenha aglomerado ali tanta diversidade de formas, de animais, de cruzes e
círculos, além de uma extensa representação de elementos estranhos, figuras desconhecidas
que fazem-nos imaginar aquilo que de tão expressivo teria sido presenciado por aqueles
homens de Montalvânia.
É neste sentido que passou a despertar em nós um grande questionamento, como seja o de
compreender o que tais seres humanos quiseram transmitir além de crendices e vivências de
seu quotidiano. Por que teriam eles gasto tanto tempo cavando na rocha para preservar
apenas impressões comuns de suas vidas e figuras que se assemelham a seres mitológicos de
outros povos? Por que foram incluídos registros não identificados, arabescos que mais se
parecem com máquinas, sistemas solares e planetários e outras formas desconhecidas e de
complexos formatos? (Figura 6)
Pelo que depreendemos, nossa pergunta permanecerá ainda por um longo tempo sem uma
resposta convincente, que possa explicar as estranhas figuras que habitaram a mente dos
antigos habitantes daquela região…
* J.A. Fonseca é economista, escritor e pesquisador arqueológico. É consultor de Via Fanzine e UFOVIA. –
jaugusto@terra.com.br
- Fotos: Todas por J. A. Fonseca.
- Produção: Pepe Chaves.