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A situação fronteiriça no Brasil vêm encontrando vários obstáculos nos últimos anos,
resultado de uma bagagem histórica e geográfica que pesa na fiscalização, regulamentação e
melhora do sistema de vigilância nas fronteiras. Além disso, em muitas localizações, a noção
de limite entre um país e outro é muito abstrata, o que dificulta categorizar os indivíduos
atuantes nesse cenário como “contrabandistas” e “traficantes”, visto que, em realidade, esses
sujeitos estão englobados em relações subjetivas e enraizadas cultural e socialmente, com a
venda de mercadorias em áreas fronteiriças como forma de renda familiar, movimentação da
economia local e, em casos específicos, até turismo. Entretanto, é sabido que em regiões
binacionais, por essa natureza de legitimidade do processo de contrabando, índices de
homicídio são maiores, e a vastidão do território brasileiro dificulta a integração policial de
monitoramento. Ainda assim, o excesso de contrabando traz consigo implicações, por um lado,
negativas ao Brasil, pois o aumento de impostos é consequência da ausência de demanda no
mercado legal e afeta a economia brasileira. Por outro lado, a tributação especulada de
impostos é, antes, a causa primária dos consumidores optarem por mercadorias
contrabandeadas. Paralelamente ao contrabando de mercadorias proibidas, o contrabando de
migrantes também é frequente nas fronteiras brasileiras, sendo um dos problemas mais atuais
da questão fronteiriça brasileira e no mundo.
No Brasil, a título de exemplo poderíamos citar ao menos dois grandes polos de venda
de produtos contrabandeados, sendo estes a Uruguaiana, localizada no Rio de Janeiro, e a
Rua 25 de Março em São Paulo. Neste dois locais, e em diversos outros espalhados pelo país,
centenas de ambulantes se reúnem, criando uma espécie de “feira” onde as pessoas
encontram produtos com diversas finalidades, falsificados, e normalmente com um preço muito
abaixo do valor estipulado em lojas legalizadas.
Muito deste comportamento (vício) de mercado é explicado porque a população de fato
consome, e tem demanda dessas mercadorias. Muitos destes produtos, na maioria das vezes
originários da China, nem mesmo estão disponíveis para compra em locais que não sejam
polos de ambulantes. A população por sua vez, pouco está preocupada com a origem desse
material, ou com a forma pela qual ele chegou às prateleiras. O fator definidor, que ajudaria a
explicar porque esta prática é tão bem aceita, e profundamente inserida culturalmente na
sociedade brasileira, é o preço sempre mais em conta encontrado nestes locais.
A incidência de compra e o fluxo de mercadoria é tão significativo no Brasil que de fato
existem impactos na economia provenientes dessa prática. Ao levantar a questão do combate
a vendedores ambulantes, não está se levantando apenas a questão de restringir o alcance de
camadas mais pobres da população à determinados tipos de produtos, mas também fala-se em
matar toda uma classe trabalhadora, que apesar de não regulada, muitas vezes retira 100% de
sua verba da venda de material contrabandeado.
Outro dos fatores que implica a atuação do governo ao combate da prática ambulante é
a ressalva da população em relação a ação, muitas vezes relatada truculenta, das polícias
encabidas de remover esses ambulantes de determinados locais da cidade. Existe um
impasse, não apenas entre a classe trabalhadora e as polícias, mas também em relação à toda
a população que enxerga compassivamente estes ambulantes como trabalhadores tão
legítimos quanto qualquer outro. E muitas vezes saem em defesa deles sobre o governo. À
título de exemplo desta situação, podemos citar o caso de São Paulo e a atuação do atual
prefeito Jorge?? Dória. Com uma série de medidas consideradas demasiado extensivas e
ofensivas contra vendedores ambulantes, o prefeito gerou no último ano um debate profundo
acerca do tema. As ações foram alvos de ataques negativos e impactaram significativamente a
visão política do candidato.