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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: A exploração trabalhista na sociedade moderna

Introdução: A contextualização sobre o filme “Tempos Modernos” poderia ser mais aprofundada, uma
vez que não há a exposição das péssimas condições vividas pelos trabalhadores no ambiente de trabalho,
principalmente, porque esses mesmos aspectos são confirmados como ainda presentes na contempora-
neidade. A relação entre o contexto e a exploração trabalhista ficou pouco esclarecedora.

Desenvolvimento I: Há dois pontos positivos: o uso de conectores no primeiro período e a presença


do tópico frasal. Em contrapartida, a ampliação do argumento possui pouco aprofundamento. Qual foi a
intenção da criação da PEC das Domésticas? Quais problemas elas combatem? Essas perguntas devem ser
respondidas. Além disso, o último período ficou “solto”, sem que o candidato explicasse o motivo de inserir
uma nova informação, ainda que dialogue com o que estava sendo apresentado. É preciso atentar-se, ain-
da, à ausência de vírgula no conectivo deslocado “por isso”.

1 No filme “Tempos Modernos”, Charles Chaplin retrata as péssi-


2 mas condições as quais os trabalhadores estavam submetidos durante
3 a Revolução Industrial. Infelizmente, tais características ainda predo-
4 minam na sociedade contemporânea, só que com outras formas de
5 exploração.
6 Em primeiro lugar, o medo de ficarem sem uma fonte de renda
7 faz com que muitas domésticas aceitem certas circunstâncias traba-
8 lhistas. As empregadas costumam ter uma carga intensa de trabalho e
9 recebem um valor que não condiz com a sua atuação e por isso foi cria-
10 da a PEC das Domésticas, aprovada em 2015, para combater diversos
11 problemas. Mesmo com tais melhorias, são inúmeros os casos de patrões
12 que ignoram a nova Lei.
13 As zonas rurais concentram grandes casos de trabalhos análogos
14 à escravidão, parecendo ecoar traços do período escravocrata brasilei-
15 ro. Os meios de comunicação denunciam fazendas e sítios que manti-
16 nham pessoas em condições análogas à escravidão, o que evidencia que
17 a sociedade se prende a influências históricas. É preciso fiscalizar essas
18 áreas, principalmente nas regiões ondem ocorrem a exploração da ca-
19 na-de-açúcar, pois as condições dos trabalhadores são precárias.
20 As domésticas devem ter seus direitos assegurados e cobrar seus
21 benefícios e, se ameaçadas, denunciem ao Sindicato de trabalhadores
22 para que as devidas providências sejam tomadas. Faz-se urgente que
23 o Governo atue na fiscalização de propriedades localizadas nas zonas
24 rurais, punindo os culpados e que o Ministério da Saúde preste auxílio
25 médico e psicológico às vítimas desse abuso. A mídia, com seu poder
26 persuasivo, pode também pode contribuir.
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Desenvolvimento II: Atenção ao primeiro e ao segundo períodos, pois, embora escritos de formas dife-
rentes, apresentam a mesma intenção comunicativa, o que promove a repetição de ideias e explicita a falta
de conhecimento argumentativo do candidato. A ausência de elementos coesivos dificulta a progressão
textual e, além disso, ao abordar sobre a exploração da cana-de-açúcar, esse item poderia ser ampliado
para relacionar-se com a ideia central do argumento.

Conclusão: O parágrafo de conclusão não apresenta um conectivo conclusivo e tampouco a retomada da tese, o que prejudica
a estrutura do texto. Mesmo com a apresentação das propostas interventoras, faltou interligar os períodos por meio de elementos
conclusivos, além disso, a última proposta não foi detalhada e faltou finalizar o parágrafo de conclusão com uma reflexão sobre as
consequências das intervenções apresentadas.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: A exploração trabalhista na sociedade moderna

Sugestão de reescrita:

1 O cair das máscaras


2 No filme “Tempos Modernos”, Charles Chaplin retrata a condição a qual estava
3 submetido o trabalhador durante a Revolução Industrial: jornadas exaustivas, ausência
4 de direitos básicos e a alienação trabalhista. Essas características, infelizmente, também
5 são identificadas na contemporaneidade, uma vez que a exploração trabalhista ganhou
6 novas “roupagens” e formas de delimitar a rotina de muitos funcionários.
7 Em primeiro lugar, o medo de ficarem sem uma fonte de renda faz com que
8 muitas domésticas aceitem certas circunstâncias trabalhistas. Historicamente, as em-
9 pregadas costumam ter uma carga intensa de trabalho e recebem um valor que não
10 condiz com a sua atuação; por conseguinte, tal fato incitou a criação da PEC das Do-
11 mésticas, aprovada em 2015, que visa assegurar os direitos trabalhistas, como o salário
12 mínimo e o direito a férias. Mesmo com tais melhorias, são inúmeros os casos de patrões
13 que ignoram a nova Lei e ameaçam funcionários de uma possível demissão, o que mas-
14 cara uma exploração indireta na modernidade.
15 Além disso, nas zonas rurais do Brasil concentram grandes casos de trabalhos
16 análogos à escravidão. A proposta da Lei Áurea parece ainda ecoar no âmbito social,
17 pois os meios de comunicação continuam denunciando fazendas e sítios que mantinham
18 cidadãos em condições de exploração trabalhista, o que evidencia a falta de fiscalização
19 de empresas que financiam o agronegócio, principalmente no campo da cana-de-açú-
20 car, onde os cortadores atuam abaixo de um sol tórrido e em condições precárias. Nesta
21 perspectiva, nota-se que o abuso trabalhista apresenta diversas facetas que precisam ser
22 extintas.
23 É imprescindível, portanto, a alteração desse cenário preocupante. As domésticas
24 devem ter seus direitos assegurados e cobrar seus benefícios e, se ameaçadas, denunciem
25 ao Sindicato de trabalhadores para que as devidas providências sejam tomadas. Ade-
26 mais, faz-se urgente que o Governo atue na fiscalização de propriedades localizadas nas
27 zonas rurais, punindo os culpados e que o Ministério da Saúde preste auxílio médico e
28 psicológico às vítimas desse abuso. A mídia, com seu poder persuasivo, pode alarmar a
29 população sobre tais casos, pois, só com uma sociedade que preze pela transparência, as
30 máscaras da exploração poderão cair.

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