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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 9

04/06/2018 PRIMEIRA TURMA

EMB.DECL. NO HABEAS CORPUS 118.770 S ÃO PAULO

RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO


EMBTE.(S) : MARCEL FERREIRA DE OLIVEIRA
EMBDO.(A/S) : RELATORA DO HC Nº 120.241 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
EMBDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMENTA: PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


EM HABEAS CORPUS. DUPLO HOMICÍDIO, AMBOS QUALIFICADOS.
CONDENAÇÃO PELO TRIBUNAL DO JÚRI. INÍCIO DO
CUMPRIMENTO DA PENA. POSSIBILIDADE. PREJUDICIALIDADE.
1. Os embargos declaratórios não devem ser acolhidos, tendo
em vista que o acórdão embargado não incorreu nos vícios a que alude o
art. 619 do CPP.
2. Não viola o princípio da presunção de inocência ou da não
culpabilidade a execução da condenação pelo Tribunal do Júri,
independentemente do julgamento da apelação ou de qualquer outro
recurso. Decisão alinhada com a orientação firmada no julgamento do
ARE 964.246-RG, Rel. Min. Teori Zavascki.
3. Ademais, “encontrando-se o embargante cumprindo pena de
maneira definitiva em virtude do trânsito em julgado da sua condenação,
conclui-se que o pedido do presente writ (“(...), a ratificação da ordem, para que o
paciente aguarde em liberdade o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória – art. 5º, LVII, CF – por ser medida de Igualdade, Direito e
Justiça!” - fls. 11) está prejudicado”. Precedente.
4. Embargos rejeitados.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da


Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Virtual, na
conformidade da ata de julgamento, por unanimidade de votos, em
rejeitar os embargos, nos termos do voto do Relator.

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HC 118770 ED / SP

Brasília, 25 de maio a 1º de junho de 2018.

MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - RELATOR

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Voto Vogal

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EMB.DECL. NO HABEAS CORPUS 118.770 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO


EMBTE.(S) : MARCEL FERREIRA DE OLIVEIRA
EMBDO.(A/S) : RELATORA DO HC Nº 120.241 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
EMBDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

VOTO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Acompanho o Relator.


A Primeira Turma apreciou a matéria atinente à violação do princípio da
não culpabilidade considerada a execução antecipada da pena imposta
por Tribunal de Júri, oportunidade na qual fiquei vencido. Inexistindo, no
acórdão formalizado, qualquer dos vícios que respaldam os embargos
declaratórios – omissão, contradição, obscuridade e erro material –,
impõe-se o desprovimento.

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Relatório

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04/06/2018 PRIMEIRA TURMA

EMB.DECL. NO HABEAS CORPUS 118.770 S ÃO PAULO

RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO


EMBTE.(S) : MARCEL FERREIRA DE OLIVEIRA
EMBDO.(A/S) : RELATORA DO HC Nº 120.241 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
EMBDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (RELATOR):

1. Trata-se de embargos de declaração opostos contra


acórdão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, assim
ementado:

“Direito Constitucional e Penal. Habeas Corpus . Duplo


Homicídio, ambos qualificados. Condenação pelo Tribunal do
Júri. Soberania dos veredictos. Início do cumprimento da pena.
Possibilidade.
1 . A Constituição Federal prevê a competência do
Tribunal do Júri para o julgamento de crimes dolosos contra a
vida (art. 5º, inciso XXXVIII, d). Prevê, ademais, a soberania dos
veredictos (art. 5º, inciso XXXVIII, c), a significar que os
tribunais não podem substituir a decisão proferida pelo júri
popular.
2. Diante disso, não viola o princípio da presunção de
inocência ou da não culpabilidade a execução da condenação
pelo Tribunal do Júri, independentemente do julgamento da
apelação ou de qualquer outro recurso. Essa decisão está em
consonância com a lógica do precedente firmado em
repercussão geral no ARE 964.246-RG, Rel. Min. Teori Zavascki,
já que, também no caso de decisão do Júri, o Tribunal não
poderá reapreciar os fatos e provas, na medida em que a

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Relatório

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HC 118770 ED / SP

responsabilidade penal do réu já foi assentada soberanamente


pelo Júri.
3. Caso haja fortes indícios de nulidade ou de condenação
manifestamente contrária à prova dos autos, hipóteses
incomuns, o Tribunal poderá suspender a execução da decisão
até o julgamento do recurso.
4. Habeas corpus não conhecido, ante a inadequação da via
eleita. Não concessão da ordem de ofício. Tese de julgamento: A
prisão de réu condenado por decisão do Tribunal do Júri, ainda que
sujeita a recurso, não viola o princípio constitucional da presunção de
inocência ou não-culpabilidade.”

2. A parte embargante alega omissão no acórdão recorrido,


tendo em vista que, “ao proferir voto, o eminente ministro LUIZ FUX- apenas
e tão somente disse: -“NÃO CONHEÇO, PORQUE É SUBSTITUTIVO DE
RECURSO ORDINÁRIO, OBSERVANDO NOSSA JURISPRUDÊNCIA”.
Afirma que “o e. Tribunal Pleno dessa excelsa corte, ao jugar o Hc 84.078-
7/MG afirmou ser INCONSTITUCIONAL A CHAMADA EXECUÇÃO
ANTECIPADA DA PENA-ART 5.LvI. CF/88...”. Aduz, assim, que “NÃO
PODE, APENAS não conhecer do pedido, indo ao contrário do que decidido pelo
pleno, após muitos discursos e teses (etc) sem adentrar no mérito da causa. Viola
não só o que decidido pelo pleno como também o art. 93 IX CF/88”.

3. É o relatório.

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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO

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04/06/2018 PRIMEIRA TURMA

EMB.DECL. NO HABEAS CORPUS 118.770 S ÃO PAULO

VOTO

O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (RELATOR):

1. Os embargos não devem ser acolhidos, tendo em vista que


o acórdão embargado não incorreu nos vícios a que alude o art. 619 do
CPP.

2. Conforme assentado na decisão embargada, não viola o


princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade a execução
da condenação pelo Tribunal do Júri, independentemente do julgamento
da apelação ou de qualquer outro recurso. Essa decisão está alinhada com
a lógica do precedente firmado em repercussão geral no ARE 964.246-RG,
Rel. Min. Teori Zavascki, já que, também no caso de decisão do Júri, o
Tribunal não poderá reapreciar os fatos e provas, na medida em que a
responsabilidade penal do réu já foi assentada soberanamente pelo
Tribunal Popular.

3. Nessas condições, tenho que a pretensão veiculada pela


parte embargante, a pretexto de referir-se genericamente a contradições
no acórdão recorrido, é a renovação do julgamento da causa, providência
incabível na via dos embargos de declaração. Notadamente porque o
inconformismo com o resultado do julgamento não se qualifica como
omissão, contradição ou obscuridade.

4. Ademais, o Ministério Público Federal se manifestou nos


autos sob os seguintes fundamentos:

“[...]
3. Os embargos de declaração não têm como
prosperar em face da perda do objeto, visto que a prisão do

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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO

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HC 118770 ED / SP

embargante não mais se reveste de cautelaridade. É que,


segundo pesquisa efetivada no sítio eletrônico do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo (processo nº 0004626-
52.2008.8.26.0238, Ação Penal de competência do Júri – 1ª Vara –
Foro de Ibiúna/SP), consta despacho do magistrado de primeiro
grau (datado de 25.11.2016) nos seguintes termos, in verbis:

“Vistos - Diante da manifestação retro do M.P., que


acolho, e considerando o trânsito em julgado certificado a
fl. 982, expeça-se mandado de prisão contra o réu
MARCEL FERREIRA DE OLIVEIRA, para cumprimento
da pena privativa de liberdade de 25 (vinte e cinco) anos de
reclusão, em regime inicial fechado, como incurso no artigo 121,
parágrafo 2º, inciso IV e no artigo 121, parágrafo 2º, incisos IV e
V, ambos c.c. o art. 71, parágrafo único, todos do Código Penal”.

4. Dessa forma, encontrando-se o embargante


cumprindo pena de maneira definitiva em virtude do trânsito
em julgado da sua condenação, conclui-se que o pedido do
presente writ (“(...), a ratificação da ordem, para que o paciente
aguarde em liberdade o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória – art. 5º, LVII, CF – por ser medida de Igualdade,
Direito e Justiça!” - fls. 11) está prejudicado (mandamus autuado
no STF em 26.7.2013).

5. No mesmo sentido: “Com o trânsito em julgado


do édito condenatório, a situação prisional não mais se reveste
de cautelaridade, mas decorre de julgamento condenatório
definitivo, inaugurando a fase de execução da pena.” (HC nº
111.733/SP, Rel. p/acórdão Min. Rosa Weber, Primeira Turma,
DJe de 10.10.2014).
[…].”

5. Correto o parecer ministerial que acolho como razões de


decidir. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal entende que “a
técnica da fundamentação per relationem, na qual o magistrado se utiliza de

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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO

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HC 118770 ED / SP

trechos de decisão anterior ou de parecer ministerial como razão de decidir, não


configura ofensa ao disposto no art. 93, IX, da CF” (RHC 116.166, Rel. Min.
Gilmar Mendes).

6. Diante do exposto, inexistindo omissão, obscuridade ou


contradição no acórdão embargado, rejeito os embargos de declaração.

7. É como voto.

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Extrato de Ata - 04/06/2018

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

EMB.DECL. NO HABEAS CORPUS 118.770


PROCED. : SÃO PAULO
RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO
EMBTE.(S) : MARCEL FERREIRA DE OLIVEIRA
EMBDO.(A/S) : RELATORA DO HC Nº 120.241 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA
EMBDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão: A Turma, por unanimidade, rejeitou os embargos, nos


termos do voto do Relator. Primeira Turma, Sessão Virtual de
25.5.2018 a 1.6.2018.

Composição: Ministros Alexandre de Moraes (Presidente), Marco


Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Secretária da Primeira Turma

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