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O colapso teórico do populismo

Denaldo Alchorne de Souza


Doutorando em História. PUC-SP.

Resumo: O presente trabalho procura investigar a construção teórica do conceito de


populismo e da conotação negativa do termo. Para isso, foi enfatizada: a influência da tradição
estatista nos teóricos da primeira metade do século XX; a relação entre democracia e
corporativismo; e o silenciamento da tradição trabalhista efetuada entre as décadas de 1960 e
1980.
Palavras-chave: populismo - trabalhismo - estatismo - corporativismo.

Abstract: This work aims to investigate the theoretical construction of the concept of
populism and the negative connotation of the term. For that, it was emphasized: the influence
of the state tradition in the intellectuals of the twentieth century's first half; the relationship
between democracy and corporatism; and the silencing of labor tradition performed between
the 1960s and 1980s.
Keywords: populism - labor tradition - state tradition - corporatism.

A categoria populismo, há muito tempo, já faz parte do senso comum. O termo


é geralmente associado a políticos inescrupulosos que manipulam o povo indefeso e inocente.
Na maioria dos livros didáticos de História, convencionou-se considerar todo o período entre
1930 e 1964 de “Era Populista”. Para esses livros,

Os líderes populistas utilizavam-se de muita demagogia para atrair as


camadas populares urbanas. Fora do poder, esses líderes se apresentam como
autênticos renovadores dispostos a mudar tudo. Seu compromisso é com o
discurso de cada comício, alterando ao gosto do eleitorado. Quando chegam
ao poder, tentam conciliar a imagem demagógica com os compromissos reais
assumidos quanto à preservação da ordem vigente. Afinal, eles precisam
prestar contas aos grupos militares que haviam garantido sua posse, aos
industriais financiadores de suas campanhas e à Igreja, à qual havia
prometido manter a tradição.1

No entanto, ao depararmos com os jornais deste período, chama-nos à atenção


a quase inexistência dos termos populismo ou populista. E, quando usados, tinham um sentido
totalmente diferente do atual. Geralmente, eram utilizados para indicar que este ou aquele
político era popular ou que tinha o apoio dos populares.2 Em dicionários mais antigos, o
vocábulo populista era identificado como “amigo do povo”.3
Então, qual é a origem do sentido pejorativo que atribuímos a categoria
2

populismo?
Para responder a essa pergunta, pretendo desenvolver uma discussão sobre os
produtores deste discurso, chamados genericamente de teóricos do populismo, a partir de três
pontos que, ao meu ver, são essenciais para a compreensão da construção do conceito de
populismo: a influência de uma “matriz estatista” sobre os teóricos do populismo; a relação
entre corporativismo e democracia; a produção do “silêncio” em torno da tradição trabalhista.
Esses e outros pontos serão debatidos neste artigo que tem como principal objetivo colaborar
com o debate em torno da teoria do populista, as suas problemáticas e os possíveis caminhos.

Populismo e neopopulismo
O populismo latino-americano tem sido bastante estudado a partir da década de
1950 especialmente por sociólogos e cientistas políticos. É um tema controverso, complexo,
que recebeu várias interpretações e suscitou muitas polêmicas. De início, convém lembrar que
há inúmeros fenômenos históricos, muito diversos no tempo e no espaço, denominados
populistas. Assim, movimentos sociais e políticos ocorridos na África, Ásia, Rússia e Estados
Unidos receberam essa avaliação. Também na América Latina, a categoria populismo foi
utilizada para as mais diversas situações históricas. Já foram considerados populistas os
governos de Getúlio Vargas, João Goulart e Jânio Quadros no Brasil, o de Juan Domingo
Perón na Argentina, o de Lázaro Cárdenas no México, o aprismo no Peru e outros.
Na década de 1950, os sociólogos argentinos Gino Germani e Torcuato de
Tella pretenderam dar conta da explicação do fenômeno. Para isso, construíram modelos que
partiam do pressuposto de que o populismo ocorria numa situação de “transição” entre a
sociedade tradicional, agrária, pré-capitalista, atrasada para uma sociedade moderna,
capitalista, urbana e industrial. As raízes do populismo estariam, então, no descompasso entre
os processos de transição de uma sociedade para outra. Na Europa, a passagem de uma
democracia com participação limitada para uma democracia com participação ampliada se fez
sem rupturas do ponto de vista político, ocorrendo uma integração através de canais políticos
legalizados pelo sistema vigente. Na América Latina, ao contrário, a mobilização prematura
das massas, gerando pressões sobre o aparelho político, não encontrou amadurecidos os
canais de participação política exigidos. Assim a integração da população não ocorreu como
no modelo europeu, surgindo a possibilidade da manipulação das massas por intermédio das
elites dominantes.
Esses modelos genéricos usados para efetuar a compreensão da sociedade
latino-americana tiveram grandes influências para as primeiras formulações sobre o
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populismo no Brasil. Primeiramente, a partir de 1952, quando influenciaram uma série de


estudiosos conhecidos como o “Grupo de Itatiaia”, do qual faziam parte Alberto Guerreiro
Ramos, Hélio Jaguaribe, Cândido Mendes de Almeida, João Paulo de Almeida Magalhães e
outros.4 Posteriormente, os estudos do populismo adentraram à universidade, destacando-se
os trabalhos de Leôncio Martins Rodrigues, Azis Simão e Juarez Brandão Lopez.5 Mas, foi
uma seqüência de ensaios de Francisco Weffort6 que deu uma configuração definitiva aos
estudos sobre o populismo no Brasil. Esses trabalhos, juntamente com a obra de Otávio Ianni
O colapso do populismo no Brasil7, tornaram-se referências obrigatórias nas pesquisas
políticas posteriores e colocaram a categoria populismo definitivamente no vocabulário da
Sociologia, das Ciências Políticas e da História.
Weffort, em seus trabalhos posteriores ao Golpe de 1964, procurou, através do
conceito de populismo, a explicação para a crise política em curso. Neste sentido, ele
caracterizou todo o período entre a Revolução de 1930 e a instauração da ditadura militar em
1964 como uma Era Populista. Neste momento, apareceu um Estado relativamente
independente da sociedade que passou a impor-se como instituição inclusive aos grupos
economicamente dominantes, apoiando-se sempre em algum tipo de autoritarismo, seja o
autoritarismo institucional da ditadura de Getúlio Vargas (1937-1945), seja o autoritarismo
paternalista ou carismático dos líderes de massas da democracia pós-guerra (1945-1964). Esse
Estado foi fruto da crise da oligarquia agrária e do liberalismo durante a República Velha
(1889-1930), das debilidades políticas dos grupos dominantes urbanos quando tentaram
substituir-se à oligarquia nas funções de dominação política de um país tradicionalmente
agrário e, sobretudo, do aparecimento das massas na história política brasileira. Através de
Getúlio, o Estado construiu uma estrutura sindical “controlada”, “doou” uma legislação
trabalhista para as cidades atendendo assim à pressão das massas urbanas que manipulava,
sem molestar os interesses do latifundiário e estendeu, através dos órgãos oficiais de
propaganda, a ideologia do “pai dos pobres”. Para o autor, após a redemocratização em 1945,
o Estado passou a apresentar-se diretamente aos cidadãos. Com efeito, todas as organizações
importantes colocavam-se como mediadoras entre o Estado e os indivíduos. Foi o caso dos
sindicatos que, através da permanência da legislação corporativa e da manipulação das
lideranças “pelegas”, mantinham a vinculação estatal. Assim, ficava claro que a ampliação do
poder estatal e o jogo populista foram os dois condicionantes que vigoraram na frágil
democracia brasileira de 1945 a 1964, onde as freqüentes tentativas golpistas foram superadas
muito mais em função das pressões das massas populares urbanas do que por qualquer
suposto entusiasmo dos donos do poder pelas formas democráticas.
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Para Weffort, as contradições internas do populismo levaram ao seu próprio


fim com o golpe de 1964. No entanto, a categoria permaneceu sendo utilizada para explicar a
sociedade brasileira no pós-1964: “Médice utilizava-se de práticas populistas”; “O populismo
de Brizola foi vitorioso em 1982” e outros. No senso comum, a categoria adquiriu um sentido
pejorativo que se referenciava a qualquer político corrupto que tentasse enganar o povo com
suas promessas.
Até mesmo os intelectuais continuaram utilizando esse termo para explicar a
sociedade corrente. Foi o que fez Marilena Chauí no início da década de 1990.8 A autora,
possivelmente desiludida com a eleição de Fernando Collor de Mello em 1989, um candidato
sem projeção na política nacional, de uma pequena legenda e que possuía um discurso muito
semelhante ao dos antigos líderes “populistas”, identificou esse fenômeno como neopopulista.
Para Chauí, o populismo é um poder que ainda está presente na sociedade brasileira,
procurando realizar-se sem as mediações políticas e afastando as instituições democráticas
como forma de organização da sociedade civil. Este poder é sustentado por uma concepção
teológica da política que atravessa toda a nossa história, reiterada pela estrutura e organização
autoritária da sociedade brasileira. A matriz teológica se expressa, do lado dos dominantes,
numa elaboração jurídico-teocêntrica do governante pela graça de Deus, vinculada à imagem
que constrói o Brasil como o paraíso. No lado dos dominados, expressa-se numa concepção
de história messiânica que produz dois efeitos principais: a visão do governante como
salvador e a sacralização-satanização da política. Para a autora, as conseqüências são
dramáticas: “o autoritarismo social e a divisão econômica sob a forma de carência e de
privilégio bloqueiam a emergência de uma sociedade democrática. Ora, se a democracia é a
condição para suplantar a teologia política, não temos como suplantá-la. Se não temos como
suplantá-la, não podemos senão repetir, sob aparências variadas, o populismo”.9

Estado soberano, povo vitimizado


O que se pode notar entre estes autores, em momentos históricos diferentes, é
uma continuidade na tentativa de identificar as classes populares com um valor negativo,
como massa, sem poder de organização e de representação, como seres que são facilmente
manipulados pelos líderes populistas e enganados por qualquer falsa promessa. A exceção foi
Weffort que, influenciado por Antonio Gramsci, se referiu ao caráter ambíguo do fenômeno
do populismo, constituindo-se a um mesmo tempo em manipulação e satisfação das
aspirações das classes populares. O autor mostrou que o populismo surgiu e desenvolveu-se
como uma alternativa política viável enquanto foi capaz de satisfazer, de maneira real,
5

aspectos dos interesses das classes populares. Ele, inclusive, sugeriu, de forma inovadora, a
idéia de aliança entre as massas urbanas e alguns grupos representados pelo Estado. No
entanto, por mais ambígua que possa ser a categoria manipulação, havia a noção, no dizer de
Ângela de Castro Gomes, que na relação entre o Estado e a classe trabalhadora “um dos
termos é concebido como forte e ativo e o outro é fraco e passivo, não possuindo capacidade
de impulsão própria por não está organizado como classe”.10
Esta noção de Estado onipresente perpassou toda a trajetória do populismo
como categoria analítica para o entendimento da sociedade brasileira. No entanto, qual é a
origem desta matriz estatista sobre os teóricos do populismo?
Podemos identificá-la no início deste século, em um conjunto de obras no qual
se destacavam as de Alberto Torres, Oliveira Vianna, Azevedo Amaral e Francisco Campos.11
Correndo o risco de simplificação, podemos dizer que esta matriz teórica interpretava a
experiência política da República Velha como um grande divórcio entre nossa realidade física
e cultural e o modelo político de Estado. O liberalismo só via valores quantitativos do mundo
e pretendia construir o progresso sem pensar no homem em sua dimensão subjetiva e
espiritual; não estava atento para as especificidades nacionais, não oferecendo ao homem
brasileiro uma direção própria, um objetivo de luta pela construção nacional. Havia dois
mundos distintos, o do homem e o da natureza, e a política era algo distante de tudo e de
todos.12
Com a Revolução de 1930 e a instauração do Estado Novo, estes mesmos
autores, que antes criticavam o modelo político-institucional da República Velha, passaram a
justificar o regime vigente através de obras pessoais ou por intermédio de publicações
patrocinadas pelo governo, como as revistas Cultura Política e Ciência Política. Para esses
teóricos, o Estado instaurado em 1930 e reafirmado em 1937 tinha o objetivo de libertar o
homem brasileiro de sua tragédia liberal, reconhecendo a prioridade da questão social, da
situação de pobreza em que vivia o povo brasileiro. Para solucionar esses problemas, era
necessário um Estado forte que desse atenção e interviesse nas questões políticas e sociais em
nome do bem público. Portanto, era necessária a constituição de Estado totalmente oposta à
concepção do Estado liberal neutro em face dos interesses em choque no mercado. O novo
Estado brasileiro – intervencionista, antiliberal e promotor da justiça social – seria o
coordenador da distribuição da riqueza nacional. O povo brasileiro não era visto como
passivo, mas também não era visto como independente do Estado. O Homem Novo somente
adquiriria sua plena cidadania a partir da valorização do seu trabalho e de sua plena
participação na comunidade maior, o Estado Nacional. Nesse sentido, o preguiçoso, o
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malandro e o subversivo eram vistos como ameaças que deveriam ser combatidas. Portanto,
esses autores utilizaram, construíram e defenderam uma ideologia “estatista” como o único
caminho para a realização da nação e do cidadão.13
Após 1945, a matriz estatista se manteve, mas sob outra visão. Uma obra da
década de 1950 que mostra a permanência desta matriz é Os donos do poder de Raymundo
Faoro.14 Nela, o autor defendeu a tese de que um regime patrimonialista desenvolvido por
Portugal foi trazido para o Brasil e vinha se adaptando eficazmente a todas as novas situações,
demonstrando, com isso, uma perturbadora capacidade de se perpetuar, mesmo em condições
de capitalismo ou socialismo. O patrimonialismo tinha como conseqüência a criação de
condições nas quais a mobilização das massas populares se tornava muito problemática: ou o
povo era enredado na burocracia ou era posto sob a liderança de tipo paternalista que não lhe
permitia organizar-se por sua conta. A partir das conceituações de Max Weber sobre Estado e
burocracia, Faoro procurava pensar na marca específica da herança ibérica sobre a
organização política brasileira fazendo um histórico da politização do aparato administrativo
no Brasil e da cristalização do que ele definiu como um “estamento burocrático”:
“burocrático” porque monopolizava as técnicas da administração da coisa pública e
“estamento” porque consistia em grupo social particular, com suas regras próprias de
recrutamento, seus dispositivos específicos de exclusão, sua peculiar concepção do mundo.
Nessas circunstâncias, o exercício do poder se combinava com o particularismo de uma
camada social, com conseqüente enrijecimento do Estado e asfixia da sociedade. Dentro dessa
perspectiva, Faoro chegava à conclusão de que, no Brasil, o Estado refazia, de tempos a
tempos, o pacto do patronato político que o utilizava como coisa sua e não como coisa
pública, manipulando as camadas populares. Após a Revolução de 1930, o pacto de poder
existente entre as oligarquias agrárias da República Velha, que considerava a “questão social”
como um simples “caso de polícia”, foi parcialmente desarticulado. No entanto, o conteúdo
do Estado continuou a moldar a fisionomia do chefe de governo, gerado e limitado pelo
quadro que o cercava. Para Faoro, desenhava-se um sistema onde o chefe, como símbolo ou
como realidade, tutelava os interesses particulares, concedia benefícios e incentivos, distribuía
mercês e cargos e fazia justiça sem atenção às normas objetivas e impessoais. No soberano
concentrava-se todas as esperanças, de pobres e ricos, porque o Estado refletia o pólo
condutor da sociedade. Essa era a política de D. João, de D. Pedro, de Getúlio Vargas.
Portanto, para o autor, o Estado brasileiro se caracterizava pelo seu caráter não democrático,
sem acesso real para a sociedade civil.
A matriz estatista também é verificada entre os teóricos do populismo aqui
7

analisados. Weffort percebeu que nenhum dos principais protagonistas da trajetória do regime
democrático entre 1945 e 1964 deixou de atuar através da exaltação política do Estado. Uns
mais, outros menos, todos foram rigorosamente estatistas quanto aos aspectos políticos das
relações entre Estado e sociedade. Mesmo os políticos mais sinceros e comprometidos com a
democracia e com as classes populares, todos cultivavam uma tradição que se achava
convencida da utilidade do Estado como instrumento de democratização da economia e da
sociedade. Exercitavam, em essência, uma concepção instrumental de democracia, onde esta
servia apenas como veículo para a conquista do poder no Estado, para implantar, a partir daí,
seus projetos. Esta visão também é compartilhada por Chauí, acrescentando, a exemplo de
Faoro, um tom excessivamente pessimista: um fatalismo que responsabiliza a tradição ibérica,
o patrimonialismo ou a matriz teológico-política como a razão da existência entre nós de um
Estado soberano e um povo vitimizado.15
Ao fazer a comparação entre diversos autores, pretendeu-se mostrar que as
origens da dicotomia entre Estado poderoso e povo vitimizado não são novas e têm suas
raízes nos pensadores autoritários do início do século. Esses autores viam a maior
interferência do Estado na sociedade como uma solução para os problemas nacionais; como o
“caminho” para o Brasil se tornar uma potência desenvolvida e como um meio dos brasileiros
adquirirem a sua plena cidadania. Contudo, após o Estado Novo, essa herança passou por uma
inversão de valores: manteve-se a visão estatista, não mais como a solução da sociedade
brasileira, mas como a causa de seus problemas. Eles viam no Estado um possível obstáculo
para a execução de seus projetos político-sociais: o empecilho para o desenvolvimento pleno
de uma democracia liberal ou para que as classes trabalhadoras tomassem consciência de si
mesmas e caminhassem para a revolução. Pode-se verificar, nos autores pós-1945, um
conflito entre uma desejada transformação social e uma sociedade civil frágil atrelada à
burocracia do Estado e incapaz de realizar as transformações almejadas. Assim, buscou-se a
explicação para a “apatia” da sociedade brasileira de duas maneiras: ou enfatizando a
persistência das tradições culturais ibéricas, ou enfatizando a fragilidade das classes
populares, facilmente manipuláveis por qualquer líder carismático.

Corporativismo e democracia
Um argumento fundamental a ser ressaltado pelos teóricos do populismo
quanto ao caráter não democrático do período 1945-1964 é a distinção que fazem entre
democracia e corporativismo. Para eles, a democracia somente seria plena se a sociedade
adotasse o modelo pluralista de representação e, se optasse pelo modelo corporativista, seria
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rotulado de fascista. O pluralismo seria uma forma de articulação entre Estado e sociedade
que se caracteriza pela competição de múltiplos interesses organizados, os quais alcançam
expressão na arena política principalmente através das eleições partidárias, logrando a
possibilidade de integração na agenda pública. Em contraste, o corporativismo, associado ao
fascismo, seria caracterizado pelo atrelamento do sindicato ao Estado, retirando-lhe a
autonomia política, tão defendida pelo anarcossindicalismo. Seria a própria negação de luta de
classes e a tentativa de estabelecer uma política colaboracionista. Dessa forma, estava vedado
o acesso político para os operários, a não ser que se definissem pelo apoio ao governo e a
classe dominante. Por outro lado, criava-se o mito de um estado protetor, doador das leis
sociais.
É este o raciocínio que está por trás da interpretação da fragilidade e
instabilidade do regime democrático no Brasil entre 1945 e 1964, como conseqüência da
incapacidade de cada um desses sistemas de canalizar a participação política. Portanto, o
esgotamento do populismo em 1964 deveu-se a inviabilidade de um arranjo que, ao procurar
compatibilizar as ordens autoritárias e liberais, gerou um equilíbrio instável, incapaz de
suportar as pressões por participação política pela via eleitoral ou incorporação pela via da
cooptação corporativa.
No entanto, como diz Daniel Aarão Reis Filho, esta é uma falsa questão: “há
movimentos operários autônomos em sociedades não democráticas (o caso russo antes de
1917 pode ser um exemplo entre muitos) e há democracias sem movimentos operários
autônomos (o caso brasileiro antes de 1965)”.16 Se observarmos a Europa do pós-1945,
veremos que o neocorporativismo representou a resolução do conflito classista, incentivado
precisamente pela força dos partidos social-democratas, com base num acordo coletivo. Essa
solução institucional, em que convivem partidos fortes e interesses organizados
corporativamente, teria viabilizado tanto a consolidação da democracia quanto uma estratégia
de crescimento econômico. Já no caso do Brasil, como admite Ângela Araújo, o projeto
corporativista não operou com a lógica da exclusão dos trabalhadores, já que a produção de
consentimento exigia o atendimento das necessidades e interesses da classe operária,
reconhecendo seus direitos sociais e políticos.17 Portanto, em ambos os casos, na Europa e no
Brasil, o corporativismo não se opôs à democracia.

Populismo e trabalhismo
Um outro ponto que merece ser ressaltado ao estudarmos os teóricos do
populismo se refere ao ocultamento da memória de uma forte cultura política entre os
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trabalhadores da época, o trabalhismo, que via no nacionalismo, no estatismo, no


corporativismo e nas lideranças carismáticas elementos fundamentais para o exercício da
democracia. Até que ponto os teóricos do populismo, com a sua visão de povo vitimizado e
Estado onipotente, na sua ânsia de explicar a “apatia das massas” através de uma possível
herança patriarcal e patrimonial ibérica ou na sua ênfase na incompatibilidade entre
corporativismo e democracia, não contribuíram para o ocultamento da memória trabalhista.
Eis a questão que colocamos no momento.
Talvez a maneira de melhor responder a essas questões seja analisando os
interesses políticos dos teóricos do populismo com ênfase em suas respostas aos problemas
colocados pela sociedade em determinados momentos. Daniel Aarão Reis Filho18 mostra
como os trabalhos de Otavio Ianni19 em 1968 e de Francisco Weffort20 no final da década de
1970 exprimiram a cultura política das organizações esquerda que estavam surgindo em seus
respectivos momentos. O livro de Ianni enfatizava a temática da revolução. Suas teses
exprimiam os grupos revolucionários que estavam surgindo antes de 1964 (ampliando-se após
o Golpe) em oposição aos populistas, associados ao PTB, e aos reformistas, associados ao
PCB. Já o artigo de Weffort, inserido em um contexto de luta pela democracia quando se
despontaram greves no ABC e a criação do Partido dos Trabalhadores, irá mostrar os
caminhos para a efetivação de uma democracia plena. Outra vez os adversários a serem
combatidos eram os trabalhistas, associados ao populismo, a heteronomia sindical e ao
corporativismo.
Com os teóricos do populismo, toda uma tradição política foi relegada ao
esquecimento, onde todos os políticos do período eram homogeneizados como populistas
simplesmente. Dessa forma, não existiam diferenças entre Getúlio Vargas e Adhemar de
Barros, ou entre João Goulart e Jânio Quadros. Por outro lado, o trabalhismo era reduzido e
substituído pelo getulismo, janguismo ou pelo brizolismo como se esses líderes não tivessem
uma relação partidária entre eles. Inúmeros personagens que participaram das bases sindicais,
das bases do PTB, simples eleitores e simpatizantes que fizeram parte desse processo
histórico desapareceram completamente. No entanto, quando se iniciou o processo de
redemocratização, em fins da década de 1970, por mais que os teóricos do populismo tenham
relegado ao esquecimento a trajetória do trabalhismo, tenham decretado o seu colapso, um
dos referenciais mais fortes que os trabalhadores ainda tinham eram o antigo PTB e os seus
“líderes carismáticos”.
A tradição trabalhista somente voltou a ser objeto de análise a partir dos anos
1980 em estudos como A invenção do trabalhismo21 de Ângela de Castro Gomes. Para a
10

autora, as origens do projeto trabalhista podem ser encontradas durante o Estado Novo,
especificamente após 1942, quando ocorreu uma significativa reorientação política
externamente e internamente. Externamente, com os rumos da política internacional da
Segunda Guerra, agora a favor das forças identificadas com o liberalismo e a democracia. E,
internamente, com a busca de uma mudança para um regime liberal democrático que, então,
se mostrava como inevitável, sem perdas políticas para os grupos que estavam no poder.
Buscava-se um projeto de continuidade política em uma ordem democrática. A principal
questão colocada no momento era como efetuar a mudança para uma ordem democrática sem
perder os ganhos políticos efetuados entre a classe trabalhadora desde 1930. Era necessária a
construção de uma ideologia trabalhista. Para isso, várias agências do Estado foram
acionadas, como o Ministério do Trabalho e os mais modernos meios de comunicação de
massa (rádios, jornais, discos etc.). Também foi necessário efetuar um diálogo direto com os
trabalhadores, onde os valores simbólicos dos trabalhadores da República Velha foram
redimensionados em um outro contexto. Foram enfatizados o valor fundamental do trabalho e
a dignidade do trabalhador. A cidadania era efetuada no gozo dos direitos sociais do trabalho.
Foi dentro deste contexto que se construiu o sindicato corporativista – não simplesmente
como uma proposta repressiva ou como um cálculo utilitário por interesses materiais, mas
com o objetivo de mobilizar os trabalhadores, preparar lideranças e seguidores – e o Partido
Trabalhista Brasileiro – voltado especificamente para articular politicamente os trabalhadores
organizados pela nova máquina sindical. Portanto, era sancionado um pacto entre o Estado e
os trabalhadores onde ambos os atores se reconheciam mutuamente.
Atualmente, são inúmeras as pesquisas realizadas e em andamento que estão
preocupadas em resgatar a cultura política de cidadãos comuns que encontraram no getulismo
e no trabalhismo a resposta de suas demandas políticas. Este é o caso da pesquisa de Jorge
Ferreira, Os trabalhadores do Brasil22, onde o autor procura demonstrar que os trabalhadores,
através de cartas remetidas ao governo Vargas entre 1930 e 1945, eram sujeitos históricos
com uma relativa autonomia para realizar escolhas e não meros objetos de um Estado todo-
poderoso. Outro exemplo é o livro Trabalhismo e populismo no Rio Grande do Sul, de
Miguel Bodea23, que mostra, através de um exaustivo estudo do sistema partidário gaúcho,
lideranças como Alberto Pasqualini, João Goulart, Leonel Brizola e até Getúlio Vargas longe
de estarem acima do partido, manipulando todos com seu carisma; foram políticos que
firmaram suas lideranças primeiramente na estrutura partidária local para depois se
projetarem a nível nacional. Já o estudo de Hélio da Costa24 questiona a clivagem existente
entre lideranças e trabalhadores, mostrando que, ao contrário das teses que enfatizam a
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manipulação e ausência de democracia no interior do movimento sindical, a confiança de


vários trabalhadores em dirigentes sindicais de esquerda provinha sobretudo da atividade
destes junto aos problemas cotidianos de diversas categorias profissionais. Outros autores
também se empenharam em pesquisar a tradição e a trajetória do trabalhismo brasileiro.
Podemos citar Lucília de Almeida Neves Delgado25, Maria Celina D’Araújo26 e Argelina
Cheilub Figueiredo27.

Conclusão
Ao tentar responder a questão inicial do porquê do sentido pejorativo do termo
populismo, sempre relacionado a um Estado opressor, um povo vitimizado e um líder
carismático, procurei mostrar como esse conceito foi construído pelos seus produtores: os
teóricos do populismo. Primeiramente, enfatizei a influência e a “inversão” da tradição
estatista dos teóricos da primeira metade do século XX ao caracterizarem o Estado
negativamente; destaquei também a relação entre democracia e corporativismo que, ao
contrário do que diziam, é perfeitamente compatível; e finalmente ressaltei os interesses e as
apostas políticas dos teóricos do populismo que, ao indicarem que o inimigo interno a ser
combatido era o trabalhismo, levaram ao ocultamento toda uma tradição legítima entre os
trabalhadores da época.
Atualmente, devido à construção feita por esses teóricos, é impossível dissociar
a categoria populismo de um sentido vitimizador das classes populares ou isolá-la de outras
categorias como manipulação, demagogia e cooptação. Estas significações já fazem parte do
senso comum. Também é um termo vago e impreciso, geralmente utilizado para abarcar
fenômenos de realidades distintas: épocas diferentes, regiões diferentes, políticos diferentes e
grupos sociais diferentes. Se o termo explica muitas realidades, ele acaba explicando
nenhuma delas.
Não seria o momento de abandonarmos essa categoria?

Notas:

1
CÁRCERES, Florival. História do Brasil. São Paulo: Moderna, 1994, pp. 293-294.
2
FERREIRA, Jorge. “O nome e a coisa: o populismo na política brasileira”. In: FERREIRA,
Jorge (org.). O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2001, p. 59-124.
3
LIMA, Hildebrando de; BARROSO, Gustavo (orgs.). Pequeno dicionário brasileiro da
língua portuguesa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1957, p. 971.
12

4
GOMES, Ângela de Castro. “O populismo e as ciências sociais no Brasil: notas sobre a
trajetória de um conceito”. In: FERREIRA, Jorge (org.). O populismo e sua história. op. cit.,
p. 17-57.
5
Ver: VIANNA, Luis Werneck. “Estudos sobre sindicalismo e movimento operário: resenha
de algumas tendências”. BIB - Boletim Informativa e Bibliográfico de Ciências Sociais, Rio
de Janeiro, nº 3, p. 9-24, 1978; VIANNA, Luis Werneck. “Atualizando uma bibliografia:
‘novo sindicalismo’, cidadania e fábrica”. BIB - Boletim Informativa e Bibliográfico de
Ciências Sociais, Rio de Janeiro, nº 17, p. 53-68, 1984.
6
Ver: WEFFORT, Francisco. O populismo na política brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1980.
7
IANNI, Otávio. O colapso do populismo no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1968.
8
CHAUÍ, Marilena. “Raízes teológicas do populismo no Brasil: teocracia dos dominantes,
messianismo dos dominados”. In: DAGNINO, Evelina (org.). Anos 90: política e sociedade
no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 19-30.
9
Idem, p. 28.
10
GOMES, Ângela de Castro. “O populismo e as ciências sociais no Brasil: notas sobre a
trajetória de um conceito”. op. cit., p. 34-35.
11
LAMOUNIER, Bolivar. “Formação de um pensamento autoritário na Primeira República:
uma interpretação”. In: FAUSTO, Fausto (dir.). História da civilização brasileira. O Brasil
republicano: 2. Sociedade e instituições (1889-1930). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997,
p. 345-374.
12
OLIVEIRA, Lúcia Lippi; VELLOSO, Mônica Pimenta; GOMES, Ângela de Castro. Estado
Novo: ideologia e poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
13
LAMOUNIER, Bolivar. “Formação de um pensamento autoritário na Primeira República:
uma interpretação”. op. cit..
14
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. São
Paulo: Globo, 1995.
15
Parece que Faoro e Chauí, ao quererem mudar a sociedade, cada um ao seu modo, entraram
num dilema, um tudo ou nada: ou muda-se radicalmente a sociedade, diminuindo a presença
excessiva do Estado, extirpando o corporativismo e adotando o modelo pluralista ou
estaremos condenados a lideranças populistas, a cidadãos manipulados e a uma tradição
ibérica patrimonial, teocrática e messiânica. No entanto, ao ampliar o pessimismo, não
estariam correndo o risco de um efeito contrário ao desejado: de uma desmobilização?
16
REIS FILHO, Daniel Aarão. “O colapso do colapso do populismo ou a propósito de uma
herança maldita”. In: FERREIRA, Jorge (org). O populismo e sua história. op. cit., p. 366.
17
ARAÚJO, Ângela. A construção do consentimento: corporativismo e trabalhadores nos
anos trinta. São Paulo: Scritta, 1998.
18
REIS FILHO, Daniel Aarão. “O colapso do colapso do populismo ou a propósito de uma
herança maldita”. op. cit, p. 319-377.
19
IANNI, Otávio. O colapso do populismo no Brasil. op. cit.
20
WEFFORT, Francisco. “Democracia e movimento operário: algumas questões para a
história do período 1945-1964 (1ª parte)”. Revista de Cultura Contemporânea, nº 1. São
Paulo, CEDEC, jul. 1978, p. 7-13; WEFFORT, Francisco. “Democracia e movimento
operário: algumas questões para a história do período 1945-1964 (2ª parte)”. Revista de
Cultura Contemporânea, nº 2. São Paulo, CEDEC, jan. 1979, p. 3-11.
21
GOMES, Ângela de Castro. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: Relume-Dumará,
1994.
22
FERREIRA, Jorge. Trabalhadores do Brasil: o imaginário popular. Rio de Janeiro: FGV,
1997.
23
BODEA, Miguel. Trabalhismo e populismo no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS,
1992.
24
COSTA, Hélio da. Em busca da memória: comissão de fábricas, partido e sindicato no pós-
guerra. São Paulo: Scritta, 1995.
13

25
DELGADO, Lucília de Almeida Neves. PTB: do getulismo ao reformismo. 1945-1964. São
Paulo: Marco Zero, 1989.
26
D’ARAÚJO, Maria Celina. Sindicatos, carisma e poder: PTB de 1945-65. Rio de Janeiro:
FGV, 1996.
27
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crise política (1961-1964). São Paulo: Paz e Terra, 1993.

Referências Bibliográficas:

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