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A1 – CASO PRÁTICO
3. Não merece relevo a discussão sobre ser o Rio Itajaí-Açu estadual ou federal. A conservação
do meio ambiente não se prende a situações geográficas ou referências históricas,
extrapolando os limites impostos pelo homem. A natureza desconhece fronteiras políticas. Os
bens ambientais são transnacionais. A preocupação que motiva a presente causa não é
unicamente o rio, mas, principalmente, o mar territorial afetado. O impacto será considerável
sobre o ecossistema marinho, o qual receberá milhões de toneladas de detritos.
STJ - REsp: 588022 SC 2003/0159754-5, Relator: Ministro JOSÉ DELGADO, Data de Julgamento:
17/02/2004, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 05/04/2004 p. 217LEXSTJ vol.
178 p. 174
2 - E quanto à supressão e manejo da vegetação para a implantação
do empreendimento, localizado em zona urbana conforme o
enunciado, a aprovação competiria ao Estado ou ao Município? E
diante do desmatamento indevido, quem pode fiscalizar e sancionar,
com que fundamento?
Competiria ao Munícipio por possuir competência administrativa originária em matéria
ambiental para atuar naqueles casos de interesse local predominante, tendo em vista os
princípios da predominância do interesse e da subsidiariedade, face o que dispõem os incisos
III, VI e VII do art. 23, o art. 182 e o caput do art. 225 da Constituição da República.
No art9° inciso XIV, da lei 140/11 compete ao município promover o licenciamento ambiental
das atividades ou empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia
definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios
de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de
Proteção Ambiental (APAs);
Para ter o licenciamento é necessário que haja aprovação por parte do Município, e mesmo
naqueles casos em que o Município não tenha instalado ainda o sistema de licenciamento
ambiental, ainda assim o papel do ente local é muito importante, visto que o §1º do artigo 10
da Resolução 237/97 do Conama dispõe:
Isso significa que passa de qualquer maneira pela prefeitura o início dos trâmites do processo
de licenciamento, uma vez que sem a concessão da certidão de uso e ocupação do solo (ou
qualquer documento equivalente) o processo sequer pode começar.
Nesse sentido Nelson Nery e Rosa Maria Andrade Nery, de maneira categórica asseveram que
“não se aplica à pretensão de indenização do dano ambiental o regime da prescrição” e o
fundamento, em regra, estabelece-se que o ambiente não pode ser patrimonalizado como o
são todos os demais direitos sujeitos ao regime prescricional por ser, aliás, de ordem pública
e, portanto, totalmente imprescritíveis.
Ou ainda que, por se tratar de um interesse difuso e coletivo, falta a titularidade do direito
perfeitamente identificada o que leva à conclusão de que não se tratam de direitos
prescritíveis em face de que esse instituto se caracteriza pela inércia do seu titular e, afastada
a titularidade, afasta-se por consequência também a prescrição.
“Trata-se de bem essencial, como denuncia o art. 225, caput, da Constituição Federal, de
modo a ser inconcebível a existência digna de um indivíduo (art. 1°, III, CF) se ele não tiver ao
seu alcance um meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado. Dessarte, dada a natureza
jurídica do meio ambiente, bem como o seu caráter de essencialidade, as ações coletivas
destinadas à sua tutela são imprescritíveis.” (Fiorillo)
A Ministra Eliana Calmon, ao relatar o REsp n. 1.120.117, após de forma brilhante discorrer
sobre a omissão da Lei da Ação Civil Pública para a prescrição, pontualmente sobre esse
instituto, bem como sobre a figura do dano ambiental e a responsabilidade dai decorrente,
estabeleceu seu entendimento no sentido da imprescritibilidade do dano ambiental quando
este for o objeto da Ação Civil Publica, verbis:
Por tais razões, o decurso de prazo em relação a lesões contra o patrimônio cultural brasileiro
- enquanto dimensão do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado - não pode
constituir razão para extinção do direito à busca da correspondente reparação, seja pelos
danos patrimoniais ou extrapatrimoniais, sob pena de ofensa ao princípio da solidariedade
intergeracional, de matiz constitucional em nosso país (artigos 3º, I com correspondência com
225, caput, da Constituição)