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Os pais, as telas e os filhos

Novos dispositivos e aparelhos são inseridos em nosso cotidiano e, invariavelmente, estes


equipamentos tecnológicos vêm transformando o mundo à nossa volta e os relacionamentos
entre as pessoas. Jovens, crianças e até mesmo recém-nascidos cada vez mais cedo são
colocados em contato com estes dispositivos e, muitas vezes, o uso desenfreado e sem
parcimônia destes aparelhos pode realmente causar prejuízos ao desenvolvimento destes
seres.

Diversos grupos de pesquisa têm estudado este novo fenômeno social: a exposição excessiva
às tecnologias, especificamente às telas dos tablets, smartphones, entre outros. De acordo
com o Manual de Orientação “Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital”, publicado
pelo Departamento Científico de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em
2016, o tempo de uso da tecnologia digital, também denominado tempo de tela (screen time,
do inglês), deve ser limitado e proporcional às idades e às etapas do desenvolvimento
cerebral-mental-cognitivo-psicossocial das crianças e adolescentes.

Em outras publicações recentes realizadas pela SBP, foi evidenciado que o uso precoce e não
supervisionado das tecnologias pode ocasionar problemas psíquicos, cognitivos e até mesmo
físicos aos jovens. Os principais prejuízos observados foram deficiências visuais, auditivas e
posturais, distúrbios do sono, alterações do humor, isolamento, agressividade, depressão,
redução da capacidade cognitiva e produtiva, déficit de atenção, problemas de linguagem e
transtornos ligados ao sedentarismo como obesidade, dentre outros.

A coordenadora da Tutores da unidade de Santo André, Daniele Vido, diz que a relação
de alunos com dificuldade em se concentrar no estudo da lição de casa com o excesso
de telas é evidente. Muitos desses alunos são considerados “distraídos” em sala de aula
e após o acompanhamento com o tutor e com a família; é possível mudar a rotina desse
aluno em casa, organizando o tempo de estudos e exposição a telas,
consequentemente, há uma melhora nas atividades escolares e convívio familiar.

Frente a isso e segundo a SBP, duas horas por dia é o tempo máximo de uso de tela
recomendado para crianças acima de seis anos e adolescentes. Além disso, crianças entre dois
e cinco anos devem ficar em contato com as telas por, no máximo, uma hora diariamente.
Segundo as recomendações dos pediatras, crianças menores de dois anos não devem ter
contato com estes equipamentos, mesmo que passivamente, principalmente nas horas que
antecedem o sono ou durante as refeições.

Ou seja, a atitude, ou melhor, a não atitude de permitir que seu filho fique horas e horas
frente a um celular pode gerar consequências realmente indesejadas a ele. Portanto, esteja
presente e se esforce para criar circunstâncias que favoreçam o desenvolvimento deste ser,
independente do trabalho que esta conduta pode exigir. Crie tempo para ser pai ou mãe sem o
uso das tecnologias. Planeje as refeições sem qualquer uso de equipamentos à mesa. Planeje
atividades de finais de semana longe do wifi ou de computadores e celulares. Pratique
atividades ao ar livre ou em contato com a natureza para prevenção da saúde física e mental
de todos da família.

Ser pai ou mãe realmente é uma tarefa complicada, mas, com certeza, trata-se de uma função
que tem o poder de transformar a sociedade futura, pois um meio melhor é construído por
seres melhores. Cabe aos pais educarem seus filhos pautados pela criação de seres
independentes e livres. Informem-se e sejam conscientes de seus atos ou omissões. Quem
realmente ama, educa e, acima de tudo, é exemplo. Como ser exemplo para seu filho se você
mesmo não se afasta por um minuto sequer das tão citadas telas? Cabe aqui uma reflexão
Tutor Raphael Bussotti

Msc. Daniele Vido (Coordenadora da Tutores Santo André)

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