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LECTORIUM ROSICRUCIANUM

ESCOLA INTERNACIONAL DA ROSACRUZ ÁUREA


TRABALHO PÚBLICO · CURSO DE INTRODUÇÃO
MÓDULO 1 · TEMA 1

A BUSCA PELO SENTIDO DA VIDA

Quem conhece os homens é perspicaz,


mas quem conhece a si mesmo é iluminado.
Quem vence outros homens é forte,
mas quem vence a si mesmo é onipotente.

(Tao Te King, cap. 33)

lgo que distingue o ser humano das outras espécies que habitam nosso planeta é
A sua capacidade de fazer perguntas. Para muitos (talvez também para o leitor desta
carta) a vida transcorre em um diálogo permanente, em que a consciência não cessa de
colocar interrogações e de sugerir respostas. Contudo, a verdadeira resposta, a que se
espera encontrar como uma experiência plena, autêntica, parece escorregar das mãos,
como areia fina.

Sim, é muito provável que o leitor já se tenha perguntado em muitas ocasiões: Que
sentido tem uma vida que está predestinada a perecer algum dia? Acaso o ser humano é
apenas um organismo biológico dotado de consciência, cuja existência se desenvolve ao
longo de algumas décadas para acabar dissolvendo-se em nada? Não sente ele, no mais
profundo do ser, algo que parece falar muito além do que a consciência pode abarcar,
algo que o chama a transcender o espaço e o tempo?

Sem dúvida, tudo o que está ao nosso redor leva impresso o selo da decadência. Da
mesma maneira que os maiores impérios se extinguiram com o passar do tempo, e agora
somente é possível contemplar suas ruínas e seus legados culturais, qualquer experiência
na vida se apresenta como fugaz e transitória.

Assim, pode-se compreender que o princípio universal do eterno retorno  pelo qual
tudo parece girar em ciclos sem fim, em um contínuo nascer, florescer e morrer  rege a
ordem deste mundo.

Talvez o leitor já tenha experimentado a insatisfação de nada ter conseguido de autenti­


camente duradouro. Incluem-se aí muitos conhecimentos que devem ser abandonados

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um dia e trocados por outros. Muitas vezes, isso implica reconhecer que os antigos co­
nhecimentos estavam equivocados. Essa insatisfação, essa permanente inquietude, gera
em cada pessoa, vez ou outra, o impulso de buscar algo que realmente atenda a seu
anseio pelo verdadeiro saber.

Muitos são os caminhos que se pode percorrer para satisfazer a essa necessidade. A
Ciência, a Arte, a Religião, por exemplo, oferecem múltiplas respostas e possibilidades,
mas a pessoa que está lendo estas linhas provavelmente percebe em seu interior que falta
algo por descobrir. As respostas que são proporcionadas pela ciência oficial parecem
especulativas e insuficientes; as propostas das religiões tradicionais já não satisfazem;
e os caminhos da arte se mostram estéreis ante o constante acréscimo do sofrimento
mundial. Esse é um estado de consciência que muitos seres humanos compartilham nos
dias atuais: o de considerar-se um humilde buscador da verdade.

Que sentido pode ter uma vida caracterizada por luta contínua? Seguramente o ser
humano aspira por perfeição, por um mundo ideal. Mas onde se pode encontrar essa
perfeição? Ou melhor, como é possível alcançar um estado de ser semelhante ao per­
feito?

Para todo lado onde se olhar serão encontradas luta e morte; não há espécie ou manifes­
tação de vida conhecida que escape de semelhante experiência. Para qualquer ser vivo,
a sobrevivência é quase sempre a preocupação mais importante, até o ponto em que o
ser humano converteu essa questão em um dos maiores e mais frutíferos negócios. Se
uma pessoa refletir a esse respeito, é certo que encontrará numerosos exemplos.

Assim, portanto, devemos reconhecer que muitas coisas que acontecem com cada um
de nós, no desenvolvimento normal da vida, são extremamente desconcertantes. O
mundo oferece a todos uma infinidade de alternativas para satisfazer os desejos mais
variados, e, no entanto, um vazio e uma desesperança profundos perturbam o coração
de inumeráveis seres humanos. Pessoas cuja alma se sente como um pássaro que, por
engano, voou para o interior de uma casa e, na intenção desesperada de recuperar a
liberdade, choca-se contra o vidro das janelas.

Porém, não há nada pior do que cair no desespero. O príncipe Sidharta  que mais
tarde alcançou o estado de Buda  saiu do palácio em que vivia. Deixou a vida cotidiana
ilusória que o envolvia e protegia da turbulenta realidade do mundo. Saiu para descobrir
que somente ao andar se encontra o caminho, que apenas a transformação interior
pode levar a um estado de consciência mais pleno e, portanto, a uma experiência e
um conhecimento superiores da vida. Ele foi confrontado com as doenças, a velhice
e a morte. Apenas após essas descobertas impactantes ele decidiu abandonar a falsa
segurança que o protegia e embarcar na maior empreitada que pode ser realizada por
um ser humano: o autoconhecimento.

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À medida que esse conhecimento se amplia, a consciência vai adquirindo a capaci­


dade de compreender as leis que regem o universo. Desse modo, pouco a pouco, são
finalmente encontradas respostas para as perguntas fundamentais.

É esse conhecimento da verdadeira situação em que cada pessoa se encontra (o «reco­


nhecimento» da realidade que se esconde por detrás do véu da ilusão, denominado o
véu de Ísis) que é o ponto de partida do caminho proposto pela Escola Internacional
da Rosacruz Áurea, pois nada pode ser transformado conscientemente se primeiro não
for conhecido. O ensinamento da Rosacruz Áurea deixa bem claro que o começo é
conhecer a si mesmo, porque aí está a senda que leva a reencontrar as leis que regem o
mundo, e a compreender a vontade de Deus.

Desse modo, sabendo que de nada serve uma verdade que não pode ser aplicada, ou
um conhecimento que não pode ser experimentado, verifica-se a profundidade das
palavras de Buda: A verdade é o útil».

A verdade apenas tornará uma pessoa livre à medida que ela mesma transformar sua cons­
ciência. Graças a essa transformação, o acessório, aquilo de que se pode prescindir, vai
perdendo força em cada um de nós, e uma nova experiência atenderá ao chamado que
pulsa no mais profundo de cada coração que anela pela libertação.

Atenciosamente,
Seus amigos do Trabalho Público do
LECTORIUM ROSICRUCIANUM
Escola Internacional da Rosacruz Áurea

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