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AULA 1 – INTRODUÇÃO A ESTATÍSTICA

1. - A ciência estatística e suas técnicas.

A Estatística é uma área da Matemática Aplicada que fornece métodos para a coleta, organização, descrição, análise e
interpretação de dados e para a utilização dos mesmos na tomada de decisões. Além de tornar possível analisar
padrões de comportamento da característica em estudo, conseguindo superar a indeterminação que se manifesta em
casos particulares.

PRINCIPAIS ÁREAS DA ESTATÍSTICA:


- Estatística Descritiva: é uma das etapas que tem por objetivos o planejamento, a coleta, a organização e descrição
de dados. Utiliza números para descrever fatos. (análise exploratória de dados). Ex.: pesquisa sobre a votação (2%
dos votos) num dia de eleição.
- Probabilidade: é o ramo da estatística que proporciona uma base racional para lidar com situações influenciadas
por fatores relacionados ao acaso. Ex.: Jogos de cartas e de dados.
- Inferência Estatística: é a etapa onde os dados amostrais são analisados e interpretados a fim de que seja possível
chegar uma conclusão e até fazer previsões para a população a partir de uma amostra (análise confirmatória de
dados). Ex.: fabricação de um pequeno número de peças antes de lançarem à fabricação em grande escala (através
da análise de uma amostra da população procura medir, inferir, induzir ou estimar as leis de comportamento da
população da qual a amostra foi retirada).

RESUMO HISTÓRICO:
De origem muito antiga, a Estatística teve durante séculos um caráter meramente descritivo e de registro de ocorrências.
As primeiras atividades datam de cerca de 2000 a.C. nas quais os povos já faziam "estatísticas" ao registrar o número de
habitantes, nascimentos, óbitos.
Na Idade Média as informações eram tabuladas com finalidades tributárias e bélicas (guerras, conflitos). No século XVI
surgem as primeiras análises sistemáticas, as primeiras tabelas e os números relativos. No século XVIII a estatística com
feição científica é batizada por GODOFREDO ACHENWALL. As tabelas ficam mais completas, surgem as primeiras
representações gráficas e os cálculos de probabilidades. A estatística deixa de ser uma simples tabulação de dados
numéricos para se tornar "O estudo de como se chegar a conclusão sobre uma população, partindo da observação de
partes dessa população (amostra)".
No início do século XIX, os estudos estatísticos ganharam a contribuição de grandes matemáticos. Nos trabalhos de dois
deles, o francês Simon Laplace e o alemão Carl Friedrich Gauss (1777 – 1855), surge a idéia de “distribuição normal de
freqüência”. Essa idéia levou a uma teoria muito útil para fazer previsões.
A teoria da distribuição normal foi usada pelo astrônomo e matemático belga Adolphe Quételet (1796 – 1874), no estudo
estatístico de diversas características das populações humanas: altura, peso, natalidade, mortalidade, renda mensal, etc.
Fisher (1890 – 1962) – Ronald Aylmer Fisher, geneticista e estatístico britânico, concentrou seus estudos na genética
das populações, campo em que obteve importantes resultados, sendo considerado um dos grandes criadores do
neodarwinismo. Na Estatística trabalhou com ajustes de curvas de freqüências, com coeficientes de correlação, os
chamados coeficientes de Fisher, na análise de variância e nas técnicas de estimação de um parâmetro.

2. - Visão global do processo estatístico.

Fases do método estatístico

1º. Coleta de dados


Após cuidadoso planejamento e a devida determinação das características mensuráveis do fenômeno que se quer
pesquisar, damos início à coleta dos dados numéricos necessários à sua descrição.
A coleta pode ser direta (quando feita sobre elementos informativos de registro obrigatório) ou indireta (quando é inferida
de elementos conhecidos e/ou do conhecimento de outros fenômenos relacionados com o fenômeno estudado).
A coleta direta de dados pode ser classificada relativamente ao fator tempo em:
 contínua: quando feita continuamente;
 periódica: quando feita em intervalos constantes de tempo;
 ocasional: quando feita extemporaneamente, a fim de atender a uma conjuntura ou a uma emergência.

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2º. Crítica dos dados
Obtidos os dados, eles devem ser cuidadosamente criticados, à procura de possíveis falhas e imperfeições.
A crítica é externa quando visa às causas dos erros por parte do informante, por distração ou má interpretação das
perguntas que lhe foram feitas; e é interna quando visa a observar os elementos originais dos dados da coleta.

3º. Apuração dos dados


Nada mais é do que a soma e o processamento dos dados obtidos e a disposição mediante critérios de classificação,
podendo ser manual, eletromecânica ou eletrônica.

4º. Exposição ou apresentação dos dados


Por mais diversa que seja a finalidade que se tenha em vista, os dados devem ser apresentados sob a forma adequada
(tabelas ou gráficos), tornando mais fácil o exame daquilo que está sendo objeto de tratamento estatístico e ulterior
obtenção de medidas típicas.

5º. Análise dos resultados


O objetivo principal da Estatística é tirar conclusões sobre o todo (população) a partir de informações fornecidas por
parte representativa do todo (amostra).

Após conclusão das cinco fases apresentadas acima (Estatística Descritiva), emprega a Estatística Inferencial como um
instrumento de tomada de decisões, isto é tomar decisões com base em dados colhidos de uma amostra. Ou ainda,
testar suas hipóteses numa amostra, precisa decidir se é fato acertado generalizar suas descobertas para toda a
população da qual a amostra foi tirada.

3. Motivações e usos da Estatística na Administração.

A utilização da Estatística é cada vez mais acentuada em qualquer atividade profissional da vida moderna. Nos seus
mais diversificados ramos de atuação, as pessoas estão frequentemente expostas à Estatística, utilizando – a com maior
ou menor intensidade. Isto se deve às múltiplas aplicações que o método estatístico proporciona àqueles que dele
necessitam.
Principalmente em Administração, defronta – se com a situação de dispor de tantos dados que se torna difícil de
absorver completamente a informação que está procurando investigar.
É indispensável resumi-las, através do uso de tabelas de distribuições de freqüência (tabelas) e uso de certas
medidas – sínteses, ou seja resumi-las a um número que sozinho descreve uma característica de um capítulo de
dados.
Assim como, a análise e a interpretação dos dados estatísticos tornam possível o diagnóstico de uma empresa (por
exemplo, de uma indústria), o conhecimento de seus problemas (condições de funcionamento, produtividade), a
formulação de soluções apropriadas e um planejamento objetivo de ação.
Por meio de sondagem, de coleta de dados e de recenseamento de opiniões, podemos conhecer a realidade
geográfica e social, os recursos naturais, humanos, financeiros disponíveis, as expectativas da comunidade
sobre a empresa, e estabelecer suas metas, seus objetivos com maior possibilidade de serem alcançados a curto,
médio ou longo prazo.
Resumindo, a direção de uma empresa, de qualquer tipo, incluindo estatais e governamentais, exige de seu
administrador a tarefa de tomar decisões, e o conhecimento e o uso da Estatística facilitarão o trabalho de organizar,
dirigir e controlar a empresa.
Por meio da sondagem, da coleta de dados e de recenseamento de opiniões, podemos conhecer a realidade geográfica
e social da empresa, entre outros, e estabelecer suas metas, seus objetivos de curto, médio e longo prazos.

4. - Populações e Amostras.

Em Estatística ao estudarmos um conjunto de objetos, de indivíduos ou de ocorrências, podemos considerar todo o


conjunto, chamado de população, ou parte deste conjunto, chamado de amostra.

População ou Universo Estatístico são grupos, geralmente numerosos de mesmas características que podem ser
estudados estatisticamente e fazer inferências (inferir = tirar por conclusão, deduzir por raciocínio).
Exemplos:
Todos alunos da Universidade Paulista;
Todos eleitores de São Paulo;

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Amostras são partes de grupos de mesmas características, que geralmente são muito numerosos e que para ser
1
verificado em sua totalidade seria muito dispendioso. Quanto mais representativa for a amostra, mais próximo se está
de um resultado real.
Exemplos:
100 alunos da Universidade Paulista;
2000 paulistanos ouvidos para uma pesquisa de opinião política.

Vejamos mais alguns exemplos:


- Deseja-se conhecer o conteúdo do ferro exportado em um navio. A população é todo o minério contido no navio.
Uma amostra, parte do minério, é selecionada para se fazer a análise do seu teor de ferro. A partir desta parte
selecionada, desta amostra, chegar-se-á a uma conclusão a respeito de todo o minério de ferro exportado no navio,
de toda a população.
- O censo2 demográfico do Brasil, realizado pelo IBGE, é um exemplo de pesquisa de uma POPULAÇÃO
COMPLETA.
- Os resultados de uma pesquisa de intenção de votos é feita sobre uma amostra da população de eleitores.

4.1. Formação de amostras


Pode-se escolher informações para uma amostra usando “sorteio”, fórmulas e ferramentas do excel, ou a tabela de
dígitos aleatórios. Esta última foi construída assegurando-se que qualquer dígito apresentado tem a mesma
probabilidade de aparecer.
Numa população finita, composta de uma quantidade limitada de unidades elementares, a amostragem pode ser
realizada de duas maneiras: com ou sem reposição:
- na amostragem com reposição, a unidade selecionada retorna para a população. Portanto em cada seleção a
população mantém a mesma quantidade de unidades elementares.
- na amostragem sem reposição, a unidade selecionada não retorna para a população. Portanto em cada seleção
a população é reduzida em uma unidade elementares.
Deve-se ter em mente que:
- Os cálculos estatísticos são os mesmos para as duas amostragens.
- Em geral, as amostragens são realizadas sem reposição.
- Se o tamanho da população for suficientemente maior que o tamanho da amostra (MAIS DE VINTE VEZES), os
resultados estatísticos das amostras com e sem reposição não são muito diferentes. Deve-se tomar cuidado com
populações pequenas quando comparadas com o tamanho da amostra a ser extraída.

Algumas nomenclaturas importantes em estatística:

- Dados estatísticos são números que descrevem os fatos. Os dados coletados geralmente são organizados em
tabelas. Uma das maneiras mais concisas de interpretar os dados de uma tabela é através da representação gráfica.
- Dados brutos é uma seqüência de valores numéricos não organizados, obtidos diretamente de observação de um
fenômeno coletivo.
- Rol é uma seqüência ordenada (crescente ou decrescente) de Dados Brutos.
- População ou universo é conjunto de todos os elementos (pessoas, coisas, objetos) que interessam ao estudo de
um fenômeno coletivo segundo alguma característica.
- Amostra é qualquer subconjunto não vazio de uma população.

5. Variáveis qualitativas e quantitativas; Contínuas e discretas.

Variável é o conjunto de resultados possíveis de um fenômeno. Cada fenômeno corresponde um número de resultados
possíveis. Veja alguns exemplos:
- para o fenômeno “sexo”, são dois o resultados possíveis: masculino e feminino;
- para o fenômeno “estado civil”, são definidos resultados possíveis: solteiro, casado, divorciado, viúvo, outros.
- para o fenômeno “número de filhos” há um número de resultados possíveis expresso através dos números
naturais: 0, 1, 2, 3, ..., n.
- para o fenômeno “altura” há um número de resultados possíveis expresso através dos números reais.

1
Amostra representativa tem as mesmas características da população de onde foi retirada.
2
Censo = conjunto de dados estatísticos dos habitantes de uma cidade, estado, nação, com todas as suas características.
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CLASSIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS

Variável Sub-tipo Característica Exemplo


os valores representam atributos ou
sexo, região, estado civil, cor dos olhos,
qualidades mas não tem uma relação
Nominal desempenho, religião, raça,
de ordem entre eles. (não existe
nacionalidade.
ordenação)
Qualitativa
os valores representam atributos ou
qualidades mas incluem uma relações
Ordinal grau de instrução, classe social
de ordem. (existe certa ordem nos
possíveis resultados)
valores são medidos numa escala n.º de filhos, n.º de alunos em sala, n.º
métrica e porem só admitem valores de defeitos, n.º de acidentes, n.º de
Discreta
inteiros alunos matriculados, idades em anos
completos
Quantitativa
Números que podem assumir valores
fracionários. Valores são medidos numa peso, altura, idade, comprimento,
Contínua
escala métrica e onde todos os valores espessura, velocidade, temperatura
fraccionários são possíveis.

6. – Resolução de problemas

1) Identifique em cada alternativa a população e a amostra.


a) Num pomar há 500 pés de laranjas. O dono do pomar vai vendê-las a uma indústria de suco. Suponhamos que
o dono da indústria mande um funcionário examinar as laranjas se elas estão em condições aceitáveis para a
empresa. Esse funcionário examina 80 pés de laranjas.
b) Pretendendo estudar os valores máximos e mínimos das precipitações pluviométricas (quantidades de chuvas)
verificadas em Curitiba, um pesquisador recorreu as documentações arquivadas em uma estação meteorológica
no período de 1960 à 1983.
c) Numa escola de 1º grau, foram sorteadas 100 alunos para responderem um questionário sobre preferência por
refrigerantes.
d) Um administrador fez uma pesquisa para analisar o crescimento da população urbana, de 1960 à 1980. Para
obter os dados recorreu ao anuário do IBGE.
e) A secretaria da Fazenda fez um levantamento em duas empresas da região de Limeira, para se fazer um estudo
sobre o pagamento do ICMS.

2) Especifique: qual é a variável? Essa variável é quantitativa ou qualitativa?


a) Cor dos cabelos dos alunos de uma escola.
b) Número de filhos de casais residentes em uma cidade.
c) Medida dos pés das crianças recém nascidas.
d) Ponto obtido em cada jogada de um dado.
e) Cor das pessoas.
f) Distancia em Km entre duas cidades distantes.
g) Diâmetro externo de peças produzidas por uma máquina.
h) Sexo das crianças recém-nascidas em um hospital.
i) Períodos do ano para planejamento e promoção da roupa jovem fabricada por certa indústria: verão, meia-
estação, outono, férias e primavera.
j) Número de automóveis por residência.
k) Taxa de frete de certa mercadoria, em reais/peso.

3) Classifique as variáveis quantitativas em continua ou discreta. Pode acontecer que a variável não seja
quantitativa.
a) Número de ações negociadas na bolsa de valores em São Paulo.
b) Câncer de mama nível III.
c) Salário dos funcionários de uma empresa.
d) Números de óbitos em uma cidade.
e) Comprimento dos pregos produzidos por uma máquina.
f) Produção de algodão de uma propriedade agrícola do Brasil.
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g) Medida da pressão arterial de uma pessoa.
h) Comprimento de segmento de retas.
i) Números de volumes de uma biblioteca da cidade de Limeira.
j) Numero de defeitos por unidade em aparelhos produzidos em uma linha de montagem.
k) Medida da massa corpórea de uma pessoa.
l) Medida da taxa de glicemia em uma pessoa.

4) Explique como você selecionaria uma amostra representativa de:


a) 50 assinantes do catálogo de Lavras para opinarem sobre o novo catálogo da TELEMING distribuído
recentemente.
b) 140 alunos dos 2800 que fazem graduação e pós-graduação na UFLA, dos quais 560 são pós-graduandos e
2240 são graduandos, para avaliarem o sistema de matricula.
c) 200 estudantes de 2 º grau de uma cidade que conta com 10000 estudantes no 2º grau: sendo 800 estudantes
de colégio municipal, 400 de colégio federal, 3000 de colégio estadual e o restante de rede privada para
realização de um exame simulado.
d) 30 estabelecimentos industriais e comerciais de uma cidade para opinar sobre um programa de Associação
Comercial e Industrial. A cidade conta com 102 indústrias e 354 casas comerciais.
e) 200 fregueses de um restaurante para avaliar a qualidade dos serviços prestados. O restaurante abre todos os
dias e na última semana tabulou seu movimento fornecendo os seguintes resultados:

Dia Dom Seg Ter qua qui sex sab


Fregueses 400 150 160 170 240 300 380

O gerente do restaurante sabe que a freqüência de homens e de mulheres é aproximadamente igual e que o
movimento no almoço é o dobro do jantar.

7. Bibliografia
BRUNI, ADRIANO LEAL. Estatística Aplicada à Gestão Empresarial. São Paulo: Atlas, 2007.
ANDERSON; SWEENEY & WILLIAMS. Estatística aplicada à Administração e Economia. São Paulo: Thonson Learnig, 2007.
MOORE, MCCABE, DUCKWORTH & SCLOVE. A Prática da Estatística Empresarial. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
LARSON & FARBER. Estatística Aplicada. São Paulo: Pearson, 2004.
MORETTIN, L.G. Estatistica Básica. São Paulo: Makron Books, 1999
MAGALHES, MARCOS NASCIMENTO & LIMA, ANTONIO CARLOS PEDROSO. Noções de probabilidade e estatística. EDUSP.2002.

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