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II
MANUTENÇÃO DA PROLONGADA PRISÃO P REVENTIVA
a) Síntese processual
1
Fl s. 1 8 7 3 - 1 8 7 5 d o I P L 7 1 4 /2 0 0 9 .
2
Do c. 0 1 ) Có p i a d o d e cr eto d e p r i são p re v e nt iv a d o Ped id o d e Bu s ca e Ap reen sã o nº
5 0 0 1 4 3 8 -8 5 .2 0 1 4 .4 0 4 .7 0 0 0 .
3
Do c. 0 2 ) Có p ia d o c u mp r i me n to d o ma nd ad o d e p ri são e d o co mu n i cad o d a Au to r id ad e
P o lici al .
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3
Mesmo assim, em 28 de abril de 2014, ao receber a denúncia e
analisar os pedidos de revogação pendentes, o julgador a quo decretou, de
ofício, a custódia cautelar do paciente e do coacusado Ediel, sustentando
existirem fatos pretéritos e não inéditos (o episódio do coacusado Ediel
que apresentou documentos falsos durante a fase inquisitorial) que
atestariam para a necessidad e de resguardar a instrução 4, além de ser
mantida a prisão preventiva anterior (motivada pela ordem pública).
Segundo a decisão, “não se pode agregar fundamentos novos à prisão
cautelar pretérita, sendo necessária nova prisão por fundamentos
diversos”, ou seja, “riscos à instrução criminal e às investigações ainda
pendentes” 5. Leia-se:
4
Do c. 0 3 ) Dec is ão q ue r eceb e u a d e n ú nc ia e d ec reto u a p r i são p re v e nt i v a n a Açã o P en a l nº
5 0 2 6 6 6 3 -1 0 .2 0 1 4 .4 0 4 .7 0 0 0 .
5
Do c. 0 3 – fl s. 0 5 .
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4
preventi vamente, seri a, segundo a denúnci a, responsável por carga de
698 kilos de cocaína.
Além disso, a parte que ainda não foi obj eto da denúncia inclui indícios
de crimes semelhantes e mesmo de lavagem de produto de crime contra
a Administração Pública. Também ger am preocupação, embora
demandem aprofundamento na investi gação, as operações do gr upo de
Carlos Chater com agentes públicos, como Clayton Rinaldi, policial
militar no Distrito Federal, e Júlio Luis Urnau, ex -Secretário de
Transportes do Distrito Federal.
No contexto da prática de crime no âmbito de uma estr utura
empresarial, necessár ia a imposição e a manutenção da prisão
preventi va para interromper o ciclo delitivo, não só do líder do grupo,
mas também de seus principais subordinados, André Catão de Miranda e
Ediel Viana da Sil va, além de André Luis Paula Santos, que prestaria
serviços relevantes para Carlos Chater e para outros operadores do
mercado negr o de câmbio.
Relativamente a Andr é Luis também consi gno, de relevante desde a
decisão anterior, que com ele foi encontrado revól ver com numer ação
raspada durante as buscas e apreensões. Embora o fato não seja
deter minante para a manutenção da preventiva, é certo que el e não
favorece a sua colocação em liberdade no contexto .
Obser vo ainda quanto a Ediel Viana da Silva que, quando de sua oitiva
no inquérito 2006.7000018662 -8, apresentou um contrato de mút uo de
R$ 130.013,50, para justificar a transferência de valor correspondente
pela Angel Ser viços T erceirizados Ltda. para a empresa CSA - Pr oj ect
Finance Ltda. (fls. 1.862 -.864 do inquérito). Ocorre que há indícios
relevantes de que tal documento é falso, tendo sido produzido para
ludibriar a investi gação, j á que, em cognição sumária, a empresa Angel,
em nome de Ediel, seria controlada por Carlos Habib Chater, e a
empresa CSA Proj ect Finance, em nome de Carlos Alberto Pereira da
Costa, seria controlada por Alberto Youssef, tratando a transferência
não de mútuo, mas de operação de lavagem de dinheiro como j á descrito
na decisão datada de 17/02/2014 no processo 5001438 -
85.2014.404.7000 (evento 24), sendo opor tuno registrar que Al berto
Youssef e Carlos Alberto Pereira da Costa seguem presos
preventi vamente em pr ocesso conexo.
Embora o investi gado ou acusado não sej a obrigado a colab orar com a
investi gação, o direito ao silêncio e a ampla defesa não vão ao extremo
de franquear a produção de documentos falsos.
Considerando os indí cios de que, durante a investi gação, o acusado
Ediel, a mando do acusado Carlos Habib, pr oduziu documentos fal sos e
os apresentou no inquérito policial, a fim de j ustificar falsamente a
transação com características de lavagem de dinheiro, reputo também
presente, quanto a ambos, risco às investi gações ainda não finalizadas,
bem como i gual ment e para a instrução, outro fundamento, por tanto,
para a prisão cautelar.
Casos de perturbação da colheita da prova durante a investigação
j ustificam a decretação, por si só, da prisão preventi va, cf. seguinte e
relevante precedente do Supremo Tribunal Federal que foi tomado n o
HC 102.732/DF, em caso emblemático envolvendo o ex -Governador do
Distrito Federal (...). Tendo havido falsificação de provas na f ase de
investi gação, quando os ora acusados respondiam soltos, há um risco
concreto de que haj a novas interferências na investi gação ou inst rução
pelos acusados. Não se pode, diante do comportamento pr etérito
verificado, correr novos riscos.
Ante o exposto, diante da persistência do risco à ordem pública e t endo
surgidos elementos probatórios super venient es que apontam, em relaç ão
à Carlos Habib Chater e Ediel Viana da Silva, risco à investi gação e à
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5
instrução, pela produção e apresentação de documentos falsos na
investi gação policial reputo necessário decretar novamente a prisão
preventi va dos referidos acusados, desta feita, para resguardar a
instrução e as invest igações pendentes. Como não se pode agregar
fundamentos novos à prisão cautelar pretérita, necessária nova prisão
por fundamentos di versos. A deter minação presente não prej udica a
anterior prisão decretada com fundame nto principal no risco à ordem
pública. Decreto, portanto, nova prisão preventiva de Carlos Habib
Chater e Ediel Viana da Silva , por risco à instrução criminal e às
investi gações ainda pendentes. Expeçam -se novos mandados de prisão
preventi va, consi gnando a referência a esta decisão e processo, aos
artigos 16 e 22 da Lei n.º 7.492/1986, ao art. 2º Lei nº 12.850/2013, e
ao art. 312 do CPP. Encaminhe -se após para cumpri mento, solicitando
que sej a dado conheci mento aos acusados presos desta decisão.
Indefiro i gual mente os pedidos de revogação das preventi vas, mant endo
as decisões anteriores com base nos próprios fundamentos, com as
considerações ora real izadas ” 6.
6
Do c. 0 3 – fl s. 0 3 – 0 5 .
7
Do c. 0 4 ) E x tr a to d o s a nd a me n to s d a A çã o Pen a l nº 5 0 2 6 6 6 3 -1 0 .2 0 1 4 . 4 0 4 .7 0 0 0 – ev e nt o
55.
8
Do c. 0 4 – e ve n to 6 8 .
9
Do c. 0 4 – e ve n to 2 9 7 .
10
Do c. 0 4 – e ve n to 1 8 4 .
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6
Após terem sido ouvidas as testemunhas arroladas pela
acusação 11, o julgador a quo determinou o desmembramento do feito em
relação aos acusados soltos 12, dando origem aos autos de Ação Penal nº
5059126-05.2014.4.04.7000.
11
Do c. 0 4 – e ve n to s 2 4 9 e 2 8 6 ( tr a ns cri ção ), e e v en to s 3 5 3 e 3 7 6 (tr a ns cr ição ).
12
Do c. 0 4 – e ve n to 3 5 3
13
Do c. 0 4 – e ve n to 2 9 7 .
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7
Assim, em audiência conjunta com as Ações Penais nº s
5025687-03.2014.404.7000 e 5047229-77.2014.404.7000, foram ouvidas
as testemunhas de defesa nos dias 01/09/2014, 03/09/2014, 05/09/2014,
24/09/2014 e 03/11/2014 14.
14
Do c. 0 4 – e ve n to s 3 7 1 , 3 7 5 , 3 7 9 , 4 2 2 e 4 9 9 .
15
Do c. 0 4 – e ve n to 5 3 9 .
16
Do c. 0 4 – e ve n to 5 4 1 .
17
Do c. 0 4 – e ve n to 5 4 2 .
18
Do c. 0 4 – e ve n to 5 5 8 .
19
Do c. 0 4 – e ve n to 5 8 6 .
20
Do c. 0 4 – e ve n to 5 9 2 .
21
Do c. 0 4 – e ve n to s 6 1 0 e 6 1 1 .
22
Do c. 0 4 – e ve n to 6 1 5 .
23
Do c. 0 5 ) Cer t id ão d a 1 ª co ncl u são d o s a uto s p ar a p ro la ção d a s e nt e nça – ev e nto 6 1 7 .
24
Do c. 0 6 ) De ci são q ue c o n ver te u o fei to e m d i li gê n cia – e ve n to 6 1 9 .
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8
Por conseguinte, foi dado cumprimento à diligência 25. Após o
aditamento do memorial do MPF 26, o paciente 27 e os coacusados 28
apresentaram seus respectivos adendos. Nesta oportunidade, a Defesa
Técnica ainda destacou: “requer-se o prosseguimento do feito, eis que o
peticionário encontra-se preso há mais de um ano ” 29.
25
Do c. 0 4 – e ve n to 6 2 0 .
26
Do c. 0 4 – e ve n to 6 2 3 .
27
Do c. 0 4 – e ve n to 6 3 1 .
28
Do c. 0 4 – e ve n to s 6 3 2 e 6 3 3 .
29
Do c. 0 4 – e ve n to 6 3 1 – f ls . 0 2 .
30
Do c. 0 7 ) Cer t id ão d a 2 ª co ncl u são d o s a uto s p ar a p ro la ção d a s e nt e nça – ev e nto 6 3 4 .
31
Do c. 0 4 – e ve n to 1 8 4 .
32
Do c. 0 4 – e ve n to 2 9 7 .
33
Do c. 0 4 – e ve n to 5 3 5 .
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9
Durante a instrução, foram realizadas diversas audiências
conjuntas, quatro das quais em apenas um único mês , com intervalos de
até mesmo 01 dia entre cada um dos atos 34.
34
Do c. 0 4 – e ve n to s 3 7 1 , 3 7 5 , 3 7 9 , 4 2 2 e 4 9 9 .
35
Do c. 05.
36
Do c. 06.
37
Do c. 0 4 – e ve n to 6 3 1 – f ls . 0 2 .
38
Do c. 07.
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10
Aliás, há 129 dias os autos já se encontravam conclusos ao
julgador para que fosse proferida a decisão final (desde o dia
23/03/2015 39) devidamente instruídos e após a apresentação das
Alegações Finais.
39
Do c. 0 5 .
40
NU C CI, G ui l her me d e So uza . P ri sã o e L ib e rd a d e . 4 ed . S ão P a u lo : Ed i t o ra Fo r e ns e, 2 0 1 4 ,
p. 107.
41
NU C CI, G ui l her me d e So uza . P ri sã o e L ib e rd a d e ...o p .c it . , p . 1 0 7 .
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Para analisar a existência de desarrazoado prolongamento da
prisão cautelar, Luiz Flávio Gomes e Ivan Luís Marques apontam os
seguintes critérios objetivos que permitem identificar o excesso de prazo :
“o excesso de trabalho do órgão jurisdicional, a defeituosa organização
da Administração da Justiça, sua carência material e de pessoal, o
comportamento da autoridade judicial, a conduta processual das partes,
a complexidade do assunto e a duração média dos processo da mesma
espécie” 42.
4242
GOME S, Lu iz Flá v io , M ARQ UE S, I va n Lu ís . Pri sã o e Med id a s Ca u t ela re s . 2 ed . São
P au lo : Ed ito r a Re v is ta d o s T r ib u na is , 2 0 1 1 , p . 6 0 .
43
Do c. 0 8 ) Có p i a d a s Re so l uçõ e s nº s 1 6 4 /2 0 1 4 , 0 8 /2 0 1 5 e 4 1 /2 0 1 5 e d a s P o rta ria s nº s
1 5 1 /2 0 1 5 e 4 2 5 /2 0 1 5 .
44
Do c. 0 4 – E ve n to 6 1 5 .
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12
i) na Ação Penal n.º 5025687-03.2014.4.04.7000, na qual o
paciente também figura como acusado, as Alegações Finais foram
apresentadas no dia 17/10/2014 (sexta -feira) 45, os autos foram conclusos
no dia 20/10/2014 (segunda -feira) 46 e no mesmo dia, foi prolatada
sentença 47, ou seja, o julgador utilizou apenas um dia para proferir a
decisão resolutiva (mais precisamente, 20 minutos!);
45
Do c. 0 9 ) E xtr ato d o s a nd a me n to s d a A çã o Pen a l nº 5 0 2 5 6 8 7 -0 3 .2 0 1 4 . 4 .0 4 .7 0 0 0 – ev e nto s
441, 442, 443 e 444.
46
Do c. 0 9 – e ve n to 4 4 6 .
47
Do c. 0 9 – e ve n to 4 4 7 .
48
Do c. 1 0 ) E xtr ato d o s a nd a me n to s d a A çã o Pen a l nº 5 0 4 7 2 2 9 -7 7 .2 0 1 4 .4 .0 4 .7 0 0 0 – ev e nto s
5 3 0 , 5 3 2 , 5 3 3 e 5 3 8 , co mp le me n tad as no s e ve n t o s 5 4 7 , 5 4 8 e 5 5 .
49
Do c. 1 0 – e ve n to 5 5 2 .
50
Do c. 1 0 – e ve n to 5 5 6 .
51
Do c. 1 1 ) E x tr a to d o s a nd a me n to s d a A çã o Pen a l nº 5 0 2 6 2 1 2 -8 2 . 2 0 1 4 . 4 0 4 .7 0 0 0 – e ve n to s
1381, 1378, 1369, 1368, 1367, 1366 e 1352.
52
Do c. 1 1 – e ve n to 1 3 8 2 .
53
Do c. 1 1 – e ve n to 1 3 8 8 .
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Em caso análogo ao do paciente, a Corte Constitucional
reconheceu o constrangimento ilegal de manter o acusado “preso há
aproximadamente 500 (quinhentos dias), sem que tenha sido julgado ”,
pois “a prisão cautelar não pode ser utilizada como instrumento de
54
punição antecipada do indiciado ou do réu ” . Neste mesmo sentido,
confira-se o seguinte precedente do e. STF que reconheceu o excesso de
prazo da prisão decretada há quase dois anos (como àquela imposta ao
paciente):
54
ST F – 2 ª T ur ma – H C n º 9 5 .4 6 4 /SP – Rel . M i n. Ce l so d e Mel lo – DJ e 1 2 .0 3 .2 0 0 9 .
55
ST F – 1 ª T ur ma – H C 8 9 .2 0 2 /B A – R el. Mi n . M arco Au rél io – DJ e 1 3 .1 1 .2 0 0 9 .
56
ST J – 5 ª T ur ma – H C nº 2 9 6 .5 4 0 / SP – R el. M i n. Mo ura R ib ei ro – DJ e 2 7 .0 8 .2 0 1 4 .
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“HABEAS CORPUS. SENTENÇA CONDENATÓRIA ANULADA PELO
TRIBUNAL ESTADUAL. MANUTENÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR.
AUSÊNCIA DE PREVISÃO DE PROLAÇÃO DE NOVO DECISUM.
EXCESSO DE PRAZO CONFIGURADO. FUNDAMENT AÇÃO
INIDÔNEA. EV IDENTE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
1. Anulada a sentença e sendo determinada a prolação de uma outra,
configura constrangi mento ilegal a manutenção da prisão cautelar,
notadamente no caso d e a segregação se prolongar por prazo
desarrazoado (HC n. 150.791/SP, Ministro Og Fernandes, DJe
28/2/2011).
2. Ordem concedida a fim de per mitir que o paciente aguarde em
liberdade a prolação da nova sentença, se, por outro moti vo, não estiver
preso e sem prej uízo de que outra medida cautelar sej a aplicada, desde
que apresentados moti vos concretos para tanto ” 57.
57
ST J – 6 ª T ur ma – H C nº 3 0 1 .6 8 5 /M G – Re l. Mi n . Seb as ti ão Re is J ú n io r – DJ e 0 3 .0 2 .2 0 1 5 .
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4. Os li mites do valor da fiança, estabelecidos no artigo 325 do Código
de Processo Penal, devem ser dosados na f or ma do art. 326 do CPP e
eventual mente alterados em razão de especial condição financeira do
réu (art. 325, § 1º, CPP).
5. Adequada a fixação da fiança no caso em tela, no i mporte de R$
15.000,00, dadas as peculiaridades do caso concreto” 58.
III
LIMINAR
58
T RF4 – 7 ª T ur ma – H C nº 5 0 2 1 6 3 8 -9 8 .2 0 1 3 .4 0 4 .0 0 0 0 – Rel ato r Lu iz Ca rlo s Ca n al li – DJ e
0 3 /1 0 /2 0 1 3 .
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IV
PEDIDOS
Nesses Termos
Pedem Deferimento.
De Curitiba para Porto Alegre,
em 29 de julho de 2015.
HERMÍNIA CARVALHO
OAB/PR N. 70.622
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