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DE VETERINÁRIO

PARA VETERINÁRIO
FUNDADOR
Osvaldo Ciasulli
DIRETOR
Diogo Ciasulli
DIRETOR ADMINISTRATIVO
Diego Turri

Em terra de fake
news, quem tem
DIRETORA TÉCNICA E COMERCIAL
Marcia Faccioli
marcia@ciasullieditores.com.br
EDITORA CHEFE

credibilidade é rei
Sthefany Lara (MTb. 81.112)
sthefany@ciasullieditores.com.br
REPÓRTER
Catarina Mosquete
catarina@ciasullieditores.com.br

E
EDITORA WEB
Cláudia Guimarães (MTb. 81.558) m fase de hiperconectividade, tivemos um boom de produtores de con-
claudia@ciasullieditores.com.br
teúdo. As redes sociais e o acesso a um grande número de pessoas sem
WEB REPÓRTER
Wellington Torres a necessidade de um veículo de comunicação em massa fizeram com
wellington@ciasullieditores.com.br
que qualquer um possa ser ouvido. Assistimos o borbulhar de uma nova ten-
EDITOR DE ARTE
Daniel Guedes (MTb 33.657) dência, o surgimento dos influenciadores digitais. A descentralização da infor-
daniel@ciasullieditores.com.br
DIAGRAMAÇÃO
mação é definitivamente algo muito positivo, possibilita que mais pessoas pos-
Rafael Leite sam ser ouvidas, outros pontos de vista possam ser discutidos. Porém, junto a
rafael@ciasullieditores.com.br
ADMINISTRATIVO
esse movimento, percebemos, também, uma grande perda. Com tanta oferta
Diego Turri de conteúdo, fica muito difícil saber quem é quem.
diego@ciasullieditores.com.br
COORDENADORA Uma enxurrada de fake news, desinformações e simpatias nos bombardeiam to-
DE PUBLICIDADE
Tatiane Amor
dos os dias. É muito difícil ter certeza se uma informação é verdadeira. Por vezes, nos
tatiane@ciasullieditores.com.br deparamos com pessoas idôneas compartilhando mitos como fatos por pura falta
PLANEJAMENTO, de informação, quando palpitam em outras áreas que não a sua de conhecimento.
CONTROLE E OPERAÇÕES
Monique Leite Por isso, nesse momento, a importância do nosso trabalho fica ainda
monique@ciasullieditores.com.br
mais evidente. Por aqui, todas as notícias são confirmadas antes de se-
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO
Ana Purchio, Camila Baptista da Silva, rem publicadas. Todas as reportagens são de produção própria, com fon-
CRMV-SP, Diego Silva Mendes, Drielle Lopes,
Eduardo Fernandes Bondan, José Luiz Tejon,
tes qualificadas para cada assunto. Tudo feito com um único propósito:
Júlia Boldrini Tinel, Luciana Domingues de levar a você, médico-veterinário, atualização e informação.
Oliveira, Natalia Bianchi Lopes, Samantha Melo,
Time de Inovação da Mars Petcare, Tudo que há de novo no universo da Medicina Veterinária você encontra
Yan Luca Alencar Ferreira
aqui, e, se está na Revista Cães&Gatos VET FOOD, você pode confiar.
Administração, Redação e Publicidade
Rua Paulo Antônio do Nascimento, 145,
Edifício Planeta Office - 13º andar - Sorocaba/SP Ótima leitura, te espero em 2020.
18047-400 - Fone: 55 (15) 3219-2540
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www.caesegatos.com.br

CIRCULAÇÃO DIRIGIDA

A Revista Cães&Gatos (ISSN 0103-278X) é uma publicação


brasileira e mensal. Seu conteúdo editorial é focado na
profissionalização do mercado pet. Os artigos assinados não
expressam necessariamente a opinião dos editores. Não é
permitida a reprodução parcial ou total dessa publicação, por
qualquer meio, sem prévia autorização da editora, sob as penas
de Lei registrada no Regime Especial DRT-1 nº 011391/90.
Periodicidade: Mensal

Márcia Faccioli
Diretora Técnica e Comercial
NO MIOLO

14
VETERIANÊS
30 › CAPA
A imunoterapia no tratamento
de doenças atópicas
36 › IMUNOTERAPIA
ZOOM
Aquele que doa é o que
mais recebe: a importância
do voluntariado para
veterinários e ONGs

IN LOCO
56 › CONHECER,
ATUALIZAR
E APLICAR
CBDV reúne cerca de
OUTROS
AUTORES
64 › TRAUMA
RAQUIMEDULAR
EM COELHO
ANTINEOPLÁSICA 700 profissionais em DOMÉSTICO
Inibidor de receptores de tirosina-quinase Campos de Jordão (SP) Trauma de alto
no tratamento do câncer impacto mais comum
40 › PROTAGONISTA PARA 58 › 3º FÓRUM de lesão medular
UMA PELE SAUDÁVEL INTERNACIONAL aguda nesta espécie
A terapia tópica pode ser a primeira ROYAL CANIN
escolha do veterinário no tratamento Obesidade e outros
42 › QUEM É QUEM? assuntos são debatidos PETBUSINESS
Neuropatias, miopatias e juncionopatias: nesse encontro
como diferenciá-las no dia a dia da clínica 10 › TECNCOLOGIA
46 › PREVENÇÃO QUE SALVA VIDAS 60 › HILL’S QUE APROXIMA Fotos: banco de imagens e C&G VF
Doenças que causam abortamento 80 ANOS Boehringer Ingelheim
em gatas: é necessário prevenir Empresa comemora lança B-Connect, plataforma
50 › ALIMENTAÇÃO DE FELINOS data e anuncia diversas de comunicação
Qual é tempo e frequência ideal? novidades para 2020 11 › PETS DE FASES
52 › COMBINAÇÃO PERFEITA A adolescência dos
Os benefícios do alimento úmido animais de companhia
e as características dos cães pequenos 12 › HEXA CAMPEÃ
SEÇÕES MSD Saúde Animal é eleita
54 › ALIMENTAÇÃO GRAIN FREE
É ou não saudável esse tipo de produto? › Editorial 3 melhor empresa para se
› On-line 6 trabalhar pelo Guia Você S/A
› Cartas 7
MERCADO
› Cursos&Eventos 8
PONTO FINAL
› Boletim Paulista 24
22 › NOVIDADE
› Coluna do Tejon 26
PARA O MERCADO 66 › COMPORTAMENTO
› Cão Cidadão 28
Furolisin: amplo uso e aplicabilidade E-books da Ceva abordam conceitos
na rotina clínica de cães e gatos e práticas em relação a cães e gatos
C&Gon line
Cláudia Guimarães, da redação | claudia@ciasullieditores.com.br

#NOVEMBROAZUL
A CAMPANHA Novembro Azul mobiliza os
homens em relação à prevenção do cân-
cer de próstata pelo mundo afora, mas
a Revista Cães&Gatos VET FOOD
também estende essa preocupação ao
mundo dos animais de companhia.
O cão é um dos únicos animais que,
assim como o homem, desenvolve
aumento prostático benigno e câncer
prostático de forma espontânea, por
conta da desregulação hormonal. Nossa
equipe web conversou com a professora
e coordenadora do curso de Medicina
Veterinária, da Univer-
sidade Positivo (UP),
Thaís Andrade Costa A equipe da Ciasulli Editores, editora
Casagrande, que ex- responsável pela C&G VF, também deu
plicou os principais uma pausa na redação para apoiar a causa:
tópicos do tema. A todos os nossos colaboradores, da adminis-
reportagem está dis- tração ao jornalismo, se vestiram de azul
ponível no QR code. para destacar a atenção à enfermidade.

RETROS
ENTRE uma reportagem aqui e um evento aco- claudia@ciasullieditores.com.br reve-
lá, em um piscar de olhos, o ano chegou em lando qual das edições te agradou mais e
seu último mês. Esse é o momento para rever- o porquê. Somente sabendo o que nos-
mos o que fizemos e o que desejamos melho- sos leitores gostam e procuram conheci-
rar para o próximo ano. Em 2020, a C&G VF mentos extras é que alcançaremos o que

PECTIVA
deseja ainda mais proximidade com você, lei- mais esperamos: a satisfação a cada lei-
tor. Então, começando por agora, você se tura, seja em nossa revista impressa, on
lembra de todas as nossas capas do ano? -line ou em nosso portal de notícias.
Relembre as imagens e os assuntos No mais, boas festas e te aguardamos

2019
abordados e envie um e-mail para com uma edição especial em janeiro! Fotos: C&GVF e banco de imagens C&GVF

6 • caesegatos.com.br
CARTAS/ON
WWW.CAESEGATOS.COM.BR
facebook.com/RevistaCaesGatos | twitter.com/caesgatos

Adorei a matéria, Cláudia Guimarães. Eu aprovo e indico! Seresto é tudo de


Vou compartilhar. bom, porque protege nossos filhos de
Tatiana Pavan, todas essas pragas indesejáveis.
consultora Técnica da Bayer Saúde Jonara Bicca, na reportagem
Animal, sobre a reportagem de de Seresto no Brasileish,
Seresto no Brasileish via facebook.com/RevistaCaesGatos

Amei os temas. Muito sucesso.


Elicéia Gomes, Iracema Fechio,
sobre a capa de novembro, na foto da equipe C&G VF
via facebook.com/RevistaCaesGatos de Novembro Azul,
via facebook.com/RevistaCaesGatos
Vocês são bênçãos de Deus para os ani-

}
mais e para quem ama os animais. Linda matéria.
Jô Fernandes, Eliane Oliveira,
na reportagem de Veterinária de Desastres, na reportagem de Veterinária
via facebook.com/RevistaCaesGatos de Desastres,
via instagram.com/RevistaCaesGatos
Minha cachorrinha, Rita Lee, morreu
diabética. Muito triste, doença terrível. Sou fã da revista e recomendo para vários MANDE SUA OPINIÃO,
Zilma Ramos, amigos. É sempre atualizada e didática. SUGESTÕES E CRÍTICAS PARA NOSSA
na reportagem do Dia de Tayane Andrade, SEÇÃO “CARTAS” PELO E-MAIL:
Combate ao Diabetes, na edição de novembro, sthefany@ciasullieditores.com.br
via facebook.com/RevistaCaesGatos via instagram.com/RevistaCaesGatos

caesegatos.com.br • 7
CURSOS&EVENTOS
Por Catarina Mosquete | Envie-nos seu evento: catarina@ciasullieditores.com.br

PEQUENOS
ANIMAIS
Nos dias 7 e 8 de dezembro, a Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp/FCAV),
Campus Jaboticabal (SP), realiza o III Curso de
bandagens, sondas e drenos na rotina de pequenos
animais, das 8h às 18h. Entre os temas que serão
abordados no curso estão: “Manejo de feridas”,
“Aplicação de drenos ativos e passivos”,
“Aplicação de bandagens em membros” e
“Complicações no tratamento de feridas”.
Mais informações pelo QR code

Fotos: banco de imagens C&G VF


CURSO
ULTRASSONOGRAFIA DE ETOLOGIA
O departamento de Reprodução Animal da Universidade Estadual Paulista Jú- A Faculdade de Medicina Veterinária e
lio de Mesquita Filho (Unesp/FCAV), Campus Jaboticabal (SP), recebe, entre Zootecnia, da Universidade de São Paulo
os dias 6 e 10 de janeiro de 2020, o Curso de Ultrassonografia em Pequenos (FMVZ-USP), realiza o I Curso de Etolo-
Animais. Contará com parte teórica, com temas como “Ul- gia de Cães e Gatos, nos dias 7 e 8 de de-
trassonografia do sistema urinário” e “Ultrassonografia he- zembro. Terá palestras como “Fisiologia e
pática e esplênica”; e prática, com “Avaliação renal, da be- manifestações comportamentais do estresse
xiga e uretra” e “Avaliação do sistema urinário, do fígado crônico em cães e gatos”, “Linguagem cor-
e baço”, entre outros. Para saber mais, acesse o QR code. poral e como interagir com o cão”, “Promo-
vendo bem-estar felino por meio da consul-
toria comportamental” e
“Cognição em gatos: o
que sabemos até agora”.
Para informações, acesse
o QR code.

Para conferir mais cursos e eventos que acontecerão


em todo o Brasil em 2020, acesse a agenda completa
da CÃES&GATOS VET FOOD utilizando o QR code ao lado.

8 • caesegatos.com.br
caesegatos.com.br • 9
PETBUSINESS
PETBUSINESS

Catarina Mosquete, da redação | catarina@ciasullieditores.com.br

CONEXÃO na experiência do cliente, eficiência do

Tecnologia
tempo, e abrangência de pessoas, a fim de
atingirmos de maneira mais rápida, inovado-
ra e efetiva os nossos parceiros”, completa.

que aproxima
A FAVOR DO SETOR
Os benefícios do B-Connect não se limitam
à empresa, conforme Addali. “Os nossos
clientes, por exemplo, terão à disposição
uma visita voltada às necessidades especí-
ficas de cada um, em que os profissionais
Com o objetivo de estreitar a relação com juntos, utilizaremos a tecnologia como ferra- poderão levar conhecimento e apontar a
os médicos-veterinários e profissionais do menta mais cômoda, eficiente e inovadora. importância de ter e recomendar os pro-
setor, a Boehringer Ingelheim Saúde Animal Também, será uma forma de poder atingir dutos. Os conteúdos serão adequados a
lança o B-Connect, uma plataforma de co- todas as regiões do Brasil. O foco é aperfeiçoar diversos aspectos como técnico, trade,
municação tecnológica para realização de vi- ainda mais a experiência do cliente e otimizar marketing e insights, que ajudarão no dia a
sitas virtuais adicionalmente às presenciais. o tempo limitado nos dias atuais”, explica. dia a melhorar a eficiência da comunicação
De acordo com o diretor de Animais de e fidelização dos clientes finais”, explana.
Companhia da Boehringer Ingelheim Saúde COMPLEMENTO Segundo o diretor, os clientes serão
Animal no Brasil, Ahmed Addali Alvarez, O B-Connect é simples e conveniente, afir- contatados nos próximos meses e se dará a
esta é uma ação que mostra como a empre- ma Addali, já que para a visita só é necessário opção mais adequada para cada um, sempre
sa vem acompanhando as mudanças em que o cliente tenha um computador, tablet pensando em suas necessidades individuais.
tempos de uma era mais digital, mantendo ou smartphone. Ele irá receber um contato Em caso de dúvidas, podem entrar em con-
o foco na qualidade e propiciando agilidade prévio para agendamento de data e horário tato com o seu distribuidor local da Boeh-
e efetividade aos atendimentos. “Os clientes da visita, que poderá ser realizada por pla- ringer Ingelheim Saúde Animal. ◘
já se dizem receptivos a essa ideia, de acordo taformas virtuais e agregarão muito valor às
com pesquisas realizadas pela empresa”, diz. presenciais, que já ocorrem normalmente.
Segundo ele, por meio do programa, a O diretor comenta que o encontro
Boehringer Ingelheim Saúde Animal quer presencial sempre possibilitará uma co-
melhorar a experiência dos clientes com nexão maior e uma parceria construída
conteúdo e tecnologia que façam com que olho-no-olho que o mundo digital ainda
a troca de informação seja mais eficiente e não é capaz de oferecer. “Porém, as no-
rica. “Complementando os ciclos de visitas, vas ferramentas tecnológicas conseguem
estreitaremos a nossa parceria com o setor e, proporcionar grandes oportunidades

COMPLEMENTANDO OS CICLOS DE VISITAS,


ESTREITAREMOS A NOSSA PARCERIA COM O
SETOR E, JUNTOS, UTILIZAREMOS A TECNOLOGIA
COMO FERRAMENTA MAIS CÔMODA, EFICIENTE E
INOVADORA. TAMBÉM, SERÁ UMA FORMA DE PODER ATINGIR
TODAS AS REGIÕES DO BRASIL. O FOCO É APERFEIÇOAR
AINDA MAIS A EXPERIÊNCIA DO CLIENTE E OTIMIZAR
O TEMPO LIMITADO NOS DIAS ATUAIS
AHMED ADDALI ALVAREZ,
DIRETOR DE ANIMAIS DE
COMPANHIA DA BOEHRINGER
INGELHEIM SAÚDE ANIMAL
NO BRASIL

10 • caesegatos.com.br
COMPORTAMENTO dução maior de hormônios acarreta nas mu-
danças de interesses e podem complicar a
Pets de fases relação dos pets com seus tutores”. Nes- CÃES-GUIAS

Assim como humanos, os animais tam-


sa fase, o treinamento do cachorro requer
mais paciência, consistência e persistência. Inovação
bém têm o período da adolescência. Isso,
segundo a médica-veterinária da Nutrire,
Para os gatos, aprender e brincar são
os lemas de sua adolescência. “Ao mes- a favor de
Luana Sartori. De acordo com ela, pre-
guiça, desobediência e desejo de liberda-
mo tempo, os felinos também costumam
dormir mais do que quando eram filho- quem precisa
de são algumas das características da fase tes”, diz. Ela alerta para os incômodos de
após a infância para as crianças, mas cães móveis estragados. “Se o tutor não de- A IBM e a organização Guiding Eyes
e gatos apresentam os mesmos sintomas. seja ter sofás e poltronas arranhadas, o for the Blind, com a proposta de facili-
Luana explica que, no caso dos cães, além ideal é orientá-lo a investir em um arra- tar a identificação de animais aptos a
das mudanças físicas, alterações comporta- nhador, pois o gatinho adolescente é ex- desempenhar a função de cão-guia,
mentais acontecem. “A adolescência de um tremamente curioso e qualquer ambien- criaram a coleira Smart Collar que,
cão surge no começo dos seis meses de ida- te pode ter móveis interessantes e atrati- por meio de inteligência artificial,
de e vai até os 18 meses, no máximo. A pro- vos para afiar as unhas”, sugere. fará levantamentos sobre frequên-
cia cardíaca, movimentos, reação
a novas situações e temperamento.
Todas as informações reunidas
pela coleira serão analisadas por um
supercomputador da IBM capaz de
fazer associações de dados comple-
xos, podendo prever até mesmo
probabilidade de sucesso do treina-
mento. Atualmente, o treinamento
de cães-guia dura dois anos, custa
em média US$ 50 mil, e a taxa de
sucesso está em torno de 30%.
No atual projeto, os pesqui-
sadores coletarão dados sobre os
animais nos próximos dois anos
e pretendem otimizar recursos e
aumentar a taxa de sucesso dos
treinamentos de novos cães-guia.
Fotos: divulgação e banco de imagens C&GVF

A Smart
Collar coletará
dados para
diminuir o
período de
seleção de
cães-guias

caesegatos.com.br • 11
PETBUSINESS

MSD Saúde Animal


é reconhecida como a
melhor empresa para se
trabalhar na categoria
farmacêutica

PREMIAÇÃO reconhecimento reflete a identificação e o enga- Bolis ainda ressalta que o reconhecimen-

Hexa campeã jamento do time com uma cultura consolidada


por meio de pessoas, inovação e propósito. "So-
to impulsionou uma nova campanha na em-
presa, a "Na MSD Você é TOP". "Queremos
mos uma empresa com duas marcas, que alcan- que as pessoas entendam o seu protagonis-
Pela sexta vez consecutiva, a MSD Saúde çou uma só conquista com muita determina- mo e que consigam explorar seus pontos
Animal foi reconhecida como a melhor ção. E nesse ano mantivemos a boa colocação fortes e alcançar o bem-estar, fazendo dessa
empresa para se trabalhar pelo Guia Você no ranking mesmo com a mudança de lideran- experiência uma ponte para alcançarem os
S/A. Nesse ano, a companhia assumiu o ça. Isso mostra como a força do negócio é de- seus sonhos. Somente dessa forma mante-
primeiro lugar na categoria farmacêutica. terminada pelas pessoas que o compõem, que mos um time que acorda todos os dias dis-
Para o presidente da MSD, Delair Bolis, tal são os verdadeiros responsáveis pela conquista". posto a fazer a diferença", acrescenta.

BEM-ESTAR

Fotos: divulgação e banco de imagens C&GVF


Articulações
em dia
Algumas alterações do sistema loco-
motor, como lesões em articulações, ca-
racterizam o reumatismo, que pode aco-
meter pets em diferentes fases da vida. O
médico-veterinário Ítalo de Oliveira, do
Centro Veterinário Seres, da Petz, expli-
ca que não se deve descartar a possibili-
dade de reumatismo em pets com pouca
idade. "Por predisposição racial, os ani-
mais de pequeno porte tendem a sofrer
mais com inflamações nas articulações,
principalmente os condrodistróficos.
Mas animais grandes também podem
desenvolver quadros de artrite quan-
do jovens e em idade senil. A artrite é
a inflamação da cartilagem, enquanto
a artrose é a degeneração dela", afirma.
Inchaços, tentar morder quando
tocado e claudicação são alguns dos
sinais que o pet apresenta. Entre as
medidas de prevenção, segundo ele,
estão o controle de peso e atividades
físicas regulares que não gerem im-
pacto excessivo sobre as articulações. Prática de atividades físicas é forma de prevenir reumatismo

12 • caesegatos.com.br
ENDOCRINOLOGIA

Doença que
necessita
conscientização
A obesidade foi tema de tese, defendida
no Departamento de Clínica Médica (VCM),
da Faculdade de Medicina Veterinária e Zoo-
258 cães e
tecnia (FMVZ) da Universidade de São Pau- 221 tutores
lo (USP), pela doutoranda Mariana Porsani, foram
a fim de determinar a prevalência da mesma avaliados
em cães da cidade e seus fatores associados – em estudo
sobre a
importante para prevenir suas complicações. obesidade
“Queríamos saber como era a população
real, incluindo os que não tinham acesso
ao veterinário”, diz ela. Assim, foram rea-
lizadas visitas em domicílios de São Pau-
lo (SP). Os cães foram avaliados por meio majoritário acima do peso. “Há muitos tuto-
do Escore de Condição Corporal (ECC). res que não sabem o que é a obesidade cani-
O estudo avaliou 258 cães e 221 tutores, na, mas, também, há muitos que sabem co-
obtendo uma prevalência de obesidade em mo ela é, mas não reconhecem que seu ani-
14,6% e da junção de sobrepeso e obesidade mal está obeso. Focamos muito nos proprie-
em 40,5%. Houve associação de maiores ECC tários, mas é preciso lembrar que boa parte
com excesso de consumo alimentar, presen- dos animais vai ao veterinário desde filhote.
ça de proprietários idosos, sexo e status re- Se este souber informar os tutores, por con-
produtivo – fêmeas castradas eram o grupo sequência, eles terão consciência”, conclui.

caesegatos.com.br • 13
ZOOM / voluntariado

CORRENTE
DO BEM
Oferecer cuidado a quem mais necessita é parte da missão dos que
se dispõem a trabalhar “sem recompensa”. Entre aspas mesmo,
porque as compensações são muitas, segundo eles
› CATARINA MOSQUETE, DA REDAÇÃO
catarina@ciasullieditores.com.br

Se doar. HOJE, TEM- Ela mantém a Green Pet juntamente com


a sócia, médica-veterinária, especializada em
POS EM QUE VEMOS TANTAS COI-
SAS RUINS ACONTECENDO, POR VE- Medicina de Felinos, Carla Spechoto Maria-
no, que iniciou o voluntariado ainda adoles-
ZES, DEIXAMOS DE NOTAR AS BOAS. cente. “Meu primeiro contato com o traba-
E ELAS ACONTECEM. MUITAS PES- lho voluntário foi na época da escola, visi-
SOAS SE DOAM POR OUTROS SE- tando asilos. Na faculdade, ministrei, duran-
RES. Assim é com os médicos-veteriná- te um ano, no período noturno, aulas de al-
rios que se voluntariam para ajudar ani- fabetização para o público adulto, oferecidas
mais de projetos que necessitam. E eles pela igreja. Quando formada e já com a clíni-
deixam claro: isso não faz bem só a quem ca em atividade, migrar o voluntariado para
recebe, não. Acrescenta muito a eles também. área da Medicina Veterinária foi uma con-
A médica-veterinária, sócia-proprietá- sequência”, comenta.
ria da Green Pet Veterinária, especializada As duas iniciaram o
em Medicina de Animais Silvestres e Exó- voluntariado em Me-
ticos, Soraya Kezam Málaga, conta que, ao dicina Veterinária no
ingressar na faculdade, teve a oportunidade Projeto Mucky, que
de estagiar em entidades de proteção ani- abriga diversas espé-
mal e se sensibilizou com o abandono mas- cies de primatas, em
sivo de cães e gatos, que foi o impulso para, 2007, realizando aten-
mais tarde, se dedicar ao voluntariado. “Lo- dimento clínico e ci-
go no início da graduação, visitei o Rancho rúrgico aos animais da
dos Gnomos, que oferecia curso de educa- Organização Não Go-
ção ambiental e abrigava muitas espécies sil- vernamental (ONG).
vestres e selvagens, vítimas de maus tratos. A “Em 2009, fomos cha-
falta de interesse e pouco conhecimento das madas para realizar
pessoas pelos animais silvestres me motiva- atendimento cirúrgico
ram a estudar e prestar o atendimento a essas em uma ave no San-
espécies na clínica, que existe há 25 anos”. tuário Ecológico Rancho dos Gnomos e,
Segundo ela, o trabalho de conscienti- desde então, passamos a fazer parte da equi-
zação é longo e constante e observa-se uma pe técnica fixa do local”, diz Soraya. “Essas
grande carência de informações aliado a cren- duas ONGs representam o respeito a todas
ças e hábitos adquiridos na criação destes ani- as formas de vida; o esforço e disponibilida-
mais. “O número de animais que chegavam de superando as adversidades; o amor en-
com transtornos de comportamento, malnu- frentando a crueldade, o abuso, a violência e
tridos e sequelados era grande, na busca o abandono. Recebemos lições de vida diaria-
de reabilitá-los e oferecer melhores con- mente, o que nos possibilita refletir e nos tor-
dições, surgiram as parcerias”, diz Soraya. nar pessoas melhores”, complementa Carla.

14 • caesegatos.com.br
Foto: banco de imagens C&GVF
DIFICULDADES
E ROTINA CORRIDA
Para Carla, o maior obstáculo é conciliar as
agendas pessoal, profissional e a do volunta-
riado. “Na área da Medicina Veterinária, lida-
mos com situações que requerem atendimen-
tos urgentes ou emergenciais. Mesmo que o
trabalho voluntário não seja obrigatório, cria-
mos vínculos com os pacientes e, sendo assim,
acabamos por sacrificar o tempo livre com a
família, o tempo reservado para o lazer ou até
mesmo nos ausentamos durante o expediente
de trabalho em situações pontuais”, comenta.
Segundo Soraya, lidar com muitas espé-
cies diferentes, cada uma com seu compor-
tamento peculiar, resulta em estar disponível
e respeitar o tempo do animal, sendo, por-
tanto, um trabalho sem muita previsão. “A
rotina do médico-veterinário já é desafiado-
ra rotineiramente. Imagine atender animais
que se comunicam em linguagem própria, li-
dar com uma gama enorme de espécies, com
suas fisiologias, seus hábitos e suas patolo-
gias completamente diferentes, somado ao
fato de muitos pacientes não colaborarem
e até nos atacarem por estarem assustados,
com dor, por não serem dóceis ou simples-
mente não domesticados”, pontua Soraya.
Na clínica que ela e Carla mantêm, situada
na zona oeste da cidade de São Paulo, aten-
dem com maior frequência pequenos ani-
mais, como cães, gatos, aves, roedores, coe-
lhos, répteis e pequenos primatas. “Nos pro-
jetos, estamos envolvidas com pequenos fe-
linos silvestres (gatos do mato), grandes fe-
linos (onças pardas, onças pintadas, leões e
tigres), primatas e ursos. Alguns animais co-
mo lontras, emas, sapos, galos de briga, ga-
viões e veados fazem parte da nossa rotina de
atendimento. Costumamos dizer que os obs-
táculos existem para nos desafiar a sermos ca-
da vez melhores, em todos os sentidos e, des-
ta maneira, enfrentar antigas ou novas situa-
ções com maior habilidade”, afirma Soraya.
“Em relação às dificuldades profissionais,
indubitavelmente, a falta de recursos finan-
ceiros é o principal empecilho para desem-
penharmos plenamente nossa função. Em
muitas ocasiões, buscamos ajuda de cole-
gas da área e outros parceiros para que pos-
samos viabilizar certas medicações ou técni-
cas especializadas de tratamento”, diz Carla.

HÁ AS RECOMPENSAS
Soraya e Carla asseguram que são inúme-
ros os pontos positivos do voluntariado. “É
uma maneira de retribuir por todas as boas
oportunidades que recebemos diaria-

caesegatos.com.br • 15
ZOOM / voluntariado “Sempre tem alguém
com alguma coisa nova para
compartilhar com você e parece
um quebra-cabeça onde tudo
vai se encaixando. Pessoas novas,
mente. Além disso, a sensação indescritível com enorme conhecimento vão

Fotos: divulgação
se aproximando e as peças vão
de ter evitado ou amenizado sofrimentos,
aumentando. Um quebra-cabeças
por ter feito diferença na vida de pessoas do bem”, Roberto de
e animais; a necessidade de estar sempre Melo Júnior
buscando atualizações; o desafio do aten-
dimento a espécies exóticas e selvagens e
a ampliação do network são alguns exem-
plos. Acreditar que podemos conscientizar
e agregar cada vez mais pessoas, em prol da
valorização e respeito à vida, é recompen-
sador. Outro ponto a salientar é o desen-
volvimento e refinamento da comu-
nicação com os animais, com-
preender o olhar e a histó-
ria de vida de cada um. Is-
so nos mantêm conecta-
dos num balanço entre
razão e emoção para
lidar com as diferen-
tes situações cotidia-
nas”, enumeram.

O RETORNO para o bloco cirúrgi- se aproximando e as peças vão aumentando.


É MAIOR co para prestar auxílio Um quebra-cabeças do bem”, garante Júnior.
QUE A ENTREGA à cirurgiã. Senti-me tão
No voluntariado há, apro- bem que voltei no outro DO OUTRO LADO
ximadamente cinco anos, o dia, em pleno domingo, pa- O que o voluntariado representa para as
médico-veterinário Roberto de Me- ra continuar”, compartilha Júnior. ONGs? De acordo com a presidente da As-
lo Júnior comenta que esse trabalho o aju- Ele comenta que a sensação de estar fa- sociação Anjos de Patas, de Alfenas (MG),
dou a tratar um grande problema: a depres- zendo o bem o fez incentivar outros profis- Renata Santinelli, é
são. “Eu conhecia o trabalho da Associa- sionais a se voluntariarem também, parte de- de suma importância
ção Irmãos de Quatro Patas e dos Veteri- les seus alunos do curso de auxiliar de vete- para o bem-estar dos
nários na Estrada, mas nunca tinha ajuda- rinário. “Eu tento mostrar a eles como a Me- animais. “Sem a pre-
do, mesmo sabendo que o trabalho deles dicina Veterinária do coletivo é importante, e sença do médico-ve-
é sério. Quando fui ajudar estava passan- quão grandioso é o que aprendemos em um terinário fica impos-
do por uma depressão e, em um dia de sá- trabalho voluntário, o retorno é maior que sível se fazer prote-
bado, ocorria uma campanha de castração a entrega. Nós aprendemos muito mais do ção animal, pois sua
na minha cidade. Cansado da inércia que que fazemos. É difícil de explicar, mas sem- atuação vai além das consultas, exames e
a doença provocava, resolvi ajudar. Peguei pre tem alguém com alguma coisa nova pa- cirurgias. Eles também nos auxiliam a lidar
meu pijama cirúrgico, gorro e a máscara, ra compartilhar com você e parece um que- com o comportamento dos animais, nos au-
cheguei no local e pedi para ajudar. Co- bra-cabeça onde tudo vai se encaixando. Pes- xiliam na questão nutricional e estão sem-
mo toda ajuda é bem-vinda, entrei direto soas novas, com enorme conhecimento vão pre presentes em nossas rotinas”, analisa.
Renata comenta que, por estar localizada
no interior, a associação tem dificuldades de
receber voluntários. “Com poucos voluntá-
rios e pouca arrecadação, a consequência é
a limitação do nosso trabalho. Poderíamos
DOAR-SE AO TRABALHO fazer muito mais pelos animais com maio-
VOLUNTÁRIO É UM ATO DE res incentivos financeiros e pessoais”, expõe.
Segundo ela, mesmo assim, conta com uma
AMOR E EXTREMAMENTE rede de apoio de médicos-veterinários. “Al-
GRATIFICANTE, QUE guns até de outras cidades, que nos dão apoio
NOS ENRIQUECE, NOS remoto. Atualmente, a Anjos possui, nesta re-
de, em torno de cinco profissionais muito ex-
FORTALECE E NOS FAZ perientes e sempre dispostos a fazer o melhor
ACREDITAR QUE PODEMOS pelos cães e gatos tutelados. Sem eles, não
SER INSTRUMENTOS conseguiríamos manter a qualidade de vida
DE TRANSFORMAÇÃO e saúde dos nossos animais”, ressalta Renata.

SORAYA KEZAM MÁLAGA, A ASSOCIAÇÃO


MÉDICA-VETERINÁRIA ANJOS DE PATAS
ESPECIALIZADA EM A entidade sem fins lucrativos com-
MEDICINA DE ANIMAIS pleta oito anos de existência nesse
SILVESTRES E EXÓTICOS mês de dezembro e tutela animais

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caesegatos.com.br • 17
ZOOM / voluntariado

vítimas de maus tratos severos. “Como são

Fotos: divulgação
animais de difícil ressocialização, atuamos
com poucos (16 cães e dois gatos), para ga-
rantir melhor qualidade de vida para eles até
sua total recuperação – que, em alguns casos,
leva anos - e posterior adoção”, cita Renata.
A presidente menciona que as ONGs
precisam superar muitos obstáculos para se
manterem ativas. “As dificuldades são mui- 1 2 3
tas. Começa pela captação de recursos. No
nosso caso, sobrevivemos apenas de doações
e não recebemos nenhum tipo de dinheiro
público ou de empresas. Isso faz com que te-
nhamos que criar uma rede forte de doadores
comprometidos com o dia a dia da ONG, que
vai muito além do resgate ou recolhimento de
animais. Além das despesas corriqueiras, como
aluguel do local, contas de água e luz, produ-
tos de limpeza, ração de boa qualidade, etc,
precisamos dar dignidade aqueles que já es-
tão acolhidos e têm muitas necessidades tam-
bém, como castração, vermifugação periódi-
ca, vacinação anual, controle de ectoparara- 4 5
sitas e rotinas veterinárias, daí a importância
dos médicos-veterinários voluntários”, diz.
De acordo com ela, a segunda maior difi-
culdade é administrar bem as doações para
que tudo seja realizado e os compromissos se-
jam mantidos. “Um mês com baixa arrecada-
ção pode comprometer o andamento da ONG
por quase um ano. A realização de eventos é
uma boa opção de arrecadação, porém, de-
manda tempo, logística e pessoal que, muitas
vezes, não temos disponíveis”, explica Renata.

ATO DE AMOR
QUE GRATIFICA
6 7 8
Quem se voluntaria busca disseminar a im-
portância de oferecer esse trabalho, a fim de 1. Gata da Associação Anjos de Patas em consulta preliminar; 2. Filhotes da Associação Anjos
formar uma corrente do bem cada vez maior. de Patas sendo atendidos no Hospital Veterinário UNIFENAS; 3. Carla com a onça parda
“Doar-se ao trabalho voluntário é um ato de Amalá; 4. Soraya e Carla realizando procedimento pré-cirúrgico no leão Biná, no Rancho dos
amor e extremamente gratificante, que nos Gnomos; 5. Sapo cururu recebendo cuidados por Soraya e estagiária Luana Rivas. O anfíbio
enriquece, nos fortalece e nos faz acreditar foi encontrado em condição de caquexia e processo séptico; 6. Soraya com a bugio Felícia,
que podemos ser instrumentos de transfor- no Projeto Mucky; 7. Soraya com a bugio Leucena, recebendo cuidados e avaliação por ser
mação. A experiência contribui para nossa portadora de deficiência física, no Projeto Mucky; 8. Carla escovando o leão Darshan
evolução como indivíduo dentro do contex-
to mais amplo. Aquele que doa não espera de, comprometimento e respeito. Existem
nada em troca e é o que mais recebe. Todas as infinitas frentes para poder atuar como vo-
pessoas deveriam, ao menos uma vez, viven- luntário, seja presencial ou não. As pessoas
ciar e se engajar em qualquer área que neces- têm diferentes formações, diferentes
site de auxílio voluntário”, garante Soraya. talentos, diferentes habili-
Segundo ela, o voluntariado impulsio- dades, diferentes perfis
na as pessoas a fazerem cada vez mais pelo e são essas diferen-
bem do outro: “É a nossa contribuição para o ças que somam
mundo e, talvez, a nossa missão mais impor- positivamente e
tante, com objetivo de dedicar-se a uma cau- agregam valo-
sa e acreditar nela. Nosso foco, trabalhan- res para a con-
do de forma direta com os animais, é ame- cretização de
nizar a dor, fornecer conforto, acolhimen- um bom re-
to, dignidade e destino adequado, mas lem- sultado final
brar que, de forma indireta, atuamos na so- e fazem os
ciedade, não há como trabalhar com os ani- projetos cres-
mais sem haver envolvimento das pessoas. O cerem”, finali-
voluntariado requer conhecimento, serieda- za Soraya. ◘

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caesegatos.com.br • 19
Não poderia ter um mês mais especial para a
Soma Nutrição Animal inaugurar sua nova
planta de produção: setembro, o mês da
primavera, onde a natureza aflora. Para um
dia tão especial, convidados muito especiais
também. A equipe de funcionários da Soma
recepcionou distribuidores, representantes,
amigos, fornecedores e familiares do fundador.
“Foi com muita alegria que brindamos mais Tudo dentro do compromisso com
essa conquista. O mercado pet food é muito políticas de sustentabilidade ambiental
exigente e precisamos estar sempre nos que a Soma segue e respeita. Além disso, a
atualizando para atenderas expectativas de Soma conta com fornecedores que seguem
nossos consumidores”, disse o proprietário rígidos critérios de responsabilidade social e
da empresa, Helder Bomtempo Martins. ambiental e, também, mantém plantações
Foi logo na primeira semana de setem- de eucaliptos que, quando bem cultivado,
bro, que Rio Pomba (MG), recebeu a Soma ajudam no meio ambiente.
Pet Food, empresa voltada para produção A nova fábrica Soma Pet Food chega
de alimentos para cães, gatos e uma ao mesmo tempo em que a empresa tem
outra estrutura para pássaros, roedores feito toda uma estruturação com seus
e peixes ornamentais. produtos para cães e gatos. Tudo isso
A empresa pensa estrategicamente des- aliado a um planejamento estratégico em
de o seu começo, em 1995, quando escolheu marketing, com mudança nas embala-
a localização em Rio Pomba (MG), por ser gens e um design inovador.
próxima a importantes centros de pesquisa Outra grande novidade, que chega
e ensino, como as Universidades Federais de junto com a nova fábrica Soma Pet Food, é
Viçosa e Juiz de Fora (MG). Prestes a comple- a reestruturação dos produtos para cães e
tar 25 anos, segue conquistando o mercado. gatos. Mudança nas fórmulas para deixar
A Soma aproveitou a inauguração da os produtos cada vez melhores e mais
sua nova planta de produção para lançar ao saudáveis. Mudança na forma de pensar linhas Degustè High Premium, Pétrus, Kynus
mercado pet a EcOriginal, a primeira linha o planejamento estratégico de marketing Dogs, Kynus Cats e Come Quieto. “Ainda tere-
completa para pássaros, roedores e peixes para deixar os produtos melhores posi- mos muitas novidades para este público tão
ornamentais. Com opções super premium, cionados nos distribuidores e pet shop. E, selecionado de pet food”, explica Martins.
premium, standart, farinhadas, sementes para demonstrar estas mudanças, a Soma “Ainda neste ano, iremos concretizar
in natura e outros. Para cada espécie, há mudou o design das embalagens, deixan- nossa primeira exportação e, dentro de
alimentos exclusivos e com particularidades do mais modernas e inovadoras. cinco anos, a marca Soma estará presente
específicas, como calopsitas, canários, Tudo isso só poderia vir de um time nos cinco continentes”, revelou Martins. E
coleiros, papagaios e curiós. técnico forte e comprometido com as para 2020, a marca planeja a conclusão da
2° fase da sua nova planta, prevista para
o mês de julho, desta maneira triplican-
LANÇAMENTO do a capacidade da empresa de produzir
alimentos para cães e gatos.
RADAR PET / diurético

Medicamento
está disponível
em quatro
apresentações

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VETNIL TRAZ
NOVA OPÇÃO PARA
O MERCADO PET
Empresa lança Furolisin, a primeira furosemida veterinária oral disponível para cães e gatos
› CATARINA MOSQUETE, DA REDAÇÃO
catarina@ciasullieditores.com.br

O
Furolisin, lançado pela Vet- já que, até o momento, não existia um diu- sim, atender aos diversos portes e pesos
nil, em novembro de 2019, rético oral à base de furosemida para cães e dos animais: “o que não acontece com o
é um medicamento à base gatos na indústria pet, oferecendo também único medicamento oral similar à base
de furosemida, diurético oral aos médicos-veterinários respaldo e segu- de furosemida que existe e que, além de
que atua na alça de Henle, de rança quanto ao uso em cães e gatos”, diz. ser um medicamento humano, só pos-
aplicabilidade em diversas situações clínicas. O Furolisin surge no mercado trazen- sui uma apresentação disponível. Com
De acordo com a coordenadora de Desenvol- do quatro apresentações em tamanhos di- as quatro apresentações (comprimidos
vimento de Produtos Pet da empresa, Carla Coi- ferentes de comprimidos, permitindo, as- contendo 10, 20, 40 e 80 mg de furose-
ro, a furosemida atua inibindo o co-transporte mida) é possível atender desde as raças
de Na, K e Cl, causando a inibição na reabsor- pequenas e gatos até animais de grande
Fotos: divulgação

ção desses íons na porção ascendente da alça porte, facilitando a prescrição por parte
de Henle, assim como a reabsorção de água, do médico-veterinário e também a admi-
levando à diurese. Além disso, possui proprie- nistração por parte do tutor”, comenta.
dades vasodilatadoras, aumentando a perfu- Carla diz que outro ponto de destaque é
são renal e diminuindo a pré-carga cardíaca. que o Furolisin conta com embalagens finais
“O Furolisin possui indicação como diu- do produto na forma de cartucho com um
rético de alça de aplicabilidade em várias si- blíster contendo dez comprimidos e display
tuações clínicas. A furosemida é um fárma- contendo 12 blísters com dez comprimidos
co com ampla utilização em casos de insu- cada. “Essa segunda opção, conhecida tam-
ficiência cardíaca, com o intuito de auxiliar bém como embalagem hospitalar, é bastante
no controle da formação de edema nesses interessante nos casos em que há a necessi-
pacientes, muito comum e frequente nes- dade do uso crônico da furosemida, como
ses casos, entrando, portanto, como terapia ocorre em animais cardiopatas”, completa.
de primeira linha dentro dos protocolos te- O medicamento deve ser utilizado so-
rapêuticos. Possui aplicabilidade nos casos mente com prescrição e por orientação do
de alterações renais, como na síndrome ne- médico-veterinário. ◘
frótica, de edemas de origem não cardiogê-
nica; e também em alguns casos de insufi-
ciência hepática em que há a presença de A VETNIL PROPORCIONA UMA FERRAMENTA
ascite, devido à hipoalbuminemia decor-
rente da alteração no fígado”, conta Carla.
MUITO IMPORTANTE PARA USO NA ROTINA CLÍNICA,
JÁ QUE, ATÉ O MOMENTO, NÃO EXISTIA UM
RELEVÂNCIA
NO SEGMENTO PET
DIURÉTICO ORAL À BASE DE FUROSEMIDA PARA
Segundo ela, a furosemida é um medica- CÃES E GATOS NA INDÚSTRIA PET,
mento valioso em situações de emergência,
pois tem rápido início de ação e curta dura- OFERECENDO TAMBÉM AOS MÉDICOS-VETERINÁRIOS
ção, com uso amplo dentro de várias pato- RESPALDO E SEGURANÇA QUANTO AO USO EM CÃES E GATOS
logias. “A Vetnil proporciona uma ferramenta
muito importante para uso na rotina clínica, CARLA JANEIRO COIRO, COORDENADORA DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS PET DA VETNIL

caesegatos.com.br • 23
BOLETIM PAULISTA
www.crmvsp.gov.br

ARTIGOS PUBLICAÇÃO

Fotos: divulgação
NOVAS NORMAS SUBMISSÃO DE ARTIGOS
DE PUBLICAÇÃO AGORA É ON-LINE!
A partir de 2020, As submissões de artigos para avaliação
os artigos submeti- e publicação na Revista mv&z passa a ser
dos para publicação feita pelo site da Revista (www.revistam-
na Revista mv&z de- vez-crmvsp.com.br) e não mais por e-mail.
verão ter, entre seus A mudança contempla ações importantes
autores, um pesqui- FISCALIZAÇÃO para a automação da editoração e garante a
sador com registro no
Open Researcher and
EQUIPE PARTICIPA visibilidade das publicações pela internet.
Recomendado pela Coordenação de Aper-
Contributor ID (OR- DE SEMINÁRIO feiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CID), ferramenta di- (Capes), o sistema de editoração de revistas
gital gratuita de iden- Os médicos-veterinários que atuam científicas utilizado pela Revista mv&z permi-
tificação que pode ser utilizada por qualquer como fiscais do CRMV-SP e o vice-presiden- te mais rapidez e segurança no fluxo de infor-
pessoa e que permite ao usuário armazenar e te do Regional, Odemilson Donizete Mosse- mações e, ainda, tor-
gerir informações, como nome, e-mail, forma- ro, participaram do II Seminário Nacional na o processo de revi-
ção, ocupações profissionais, concessões, pa- de Fiscalização do Sistema CFMV/CRMVs, são mais transparente.
tentes e diversos tipos de trabalhos acadêmicos. em Brasília. Organizado pela Comissão Na- Saiba mais e co-
A mudança permite resolver o problema cional de Fiscalização do Conselho Federal nheça as novas nor-
de ambiguidade e das semelhanças entre no- de Medicina Veterinária (CNAF/CFMV), da mas de publicação da
mes de autores, pois substitui as variações qual Mossero faz parte, o evento teve como Revista mv&z! pelo
nominais por um número de identificação objetivo viabilizar a padronização da ativi- QR Code
individual. Outro benefício da ferramenta dade-fim dos conselhos: fiscalizar.
é a possibilidade de O seminário reuniu 80 participantes de
importar trabalhos conselhos de todos os Estados, para discutir
do Google Scholar os manuais de conduta do fiscal e de fiscali-
para o ORCID. Faça zação; os processos de fiscalização dentro do FAUNA
seu registro gratuito
no ORCID - https://
Sistema; e a atividade em estabelecimentos
com manipulação e fracionamento de pro-
CRMV-SP PROMOVE
orcid.org/ ou pelo dutos de origem animal, assim como nos PALESTRAS
QR Code de produtos veterinários e animais vivos.
“O encontro foi de suma importância para O Regional realizará, no dia
alinhamento dos trabalhos em todos os Esta- 07/12, das 8h às 12h, a primei-
dos, pois focou a atualização dos processos, ra parte do “Ciclo de Palestras so-
contando com a troca de experiências entre bre Responsabilidade Técnica em
os fiscais”, argumenta Mossero. Empreendimentos de Fauna”. Serão
abordados assuntos como legislação,
aspectos éticos e boas práticas de mane-
jo. Podem participar médicos-veteriná-
MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO rios, zootecnistas e
estudantes de am-
LIVRO TEM PRODUÇÕES bas as áreas.
HOMENAGEM
DE PROFISSIONAIS A inscrição é
PRESIDENTE ATUANTES NO CRMV-SP
gratuita e serão
emitidos certifi-
EM PUBLICAÇÃO cados. Participe!
Quatro médicas- Saiba mais pelo
O presidente do CRMV-SP, médico-ve- veterinárias que par- QR Code
terinário Mário Eduardo Pulga, é um dos ticipam de comis-
profissionais homenageados no livro “50 anos sões técnicas do Re-
do Conselho Federal de Medicina Veterinária”, gional e de uma con-
lançado em Brasília. “É uma alegria e uma hon- selheira da autarquia mal; Tália Missen Tremori, integrante de CT
ra participar desse momento que vai ficar para tiveram produções de Medicina Veterinária Legal; e Mitika Kuri-
história do Sistema CFMV/CRMVs e ter meu publicadas no livro bayashi Hagiwara, conselheira do CRMV-SP
trabalho lembrado no livro”, ressaltou Pulga. “Medina Veterinária e membro da CT de Educação do Regional.
A obra, que reúne a história de cinquenta do Coletivo - Funda- As 506 páginas do título trazem textos que
médicos-veterinários, foi lançada durante a mentos e Práticas”. abordam as diversas subáreas englobadas pelo
solenidade em comemoração aos 50 anos do As profissionais são: Adriana Maria Lo- tripé: Medicina Veterinária de Abrigos, Saúde
Conselho Federal de Medicina Veterinária pes Vieira, presidente da Comissão Técnica Coletiva e Medicina Veterinária Legal, que, jun-
(CFMV) e da Lei Federal nº 5.517/68, que (CT) de Saúde Pública Veterinária; Mara Rita tas, definem a Medicina Veterinária do Coletivo.
regulamenta o exercício da Medicina Vete- Rodrigues Massad, presidente da CT de Me- Por meio de QR Codes, o livro leva o leitor
rinária e cria o Sistema. A programação foi dicina Veterinária Legal; Rosangela Ribeiro a conteúdos em ambiente digital que com-
realizada na Câmara dos Deputados. Gebara, integrante da CT de Bem-estar Ani- plementam os textos e imagens impressos.

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caesegatos.com.br • 25
TEJON
www.tejon.com.br | tejon@tejon.com.br | twitter.com/luiztejon | facebook.com/joseluiztejon

Cachorro pode falar?


Coautora: Ana Purchio

E
m San Diego, na Califórnia (EUA), a fonoau- o sistema de botões e Stella a seguiu. Já ali, diante do
dióloga Christina Hunger está ensinando sua equipamento, Stella apertou três botões. Basicamen-
cachorrinha de nome Stella a ‘falar’, com a te, saíram as palavras “quero” “Jake” e “vem”. Jake é o
ajuda de placas de som. Stella é uma mistura namorado de Christina e quando Jake chegou em ca-
das raças catahoula e blue heeler e tem 18 meses. Segun- sa, Stella voltou ao protótipo e apertou o botão “feliz”.
do sua dona, ela já conhece 29 palavras diferentes e com A entrevista de Christina sobre a sua inovação saiu
essa sabedoria já começou a formar frases completas. na revista People, onde ela diz que “está em constan-
Notável inovação e interação entre o humano e o cão! te espanto e choque, pois a cada dia Stella faz algo mais
Mas engana-se quem pensa que a capacidade da cachor- legal do que no dia anterior”. Stella usa palavras como
ra veio do nada. Ela é resultado de muito treinamento da sua “andar”, “venha” e “feliz” para dizer ao dono o que ela
dona dedicada, que usa a terapia da fala Comunicação Au- quer e ainda fica animada quando consegue expressar
mentativa e Alternativa (AAC) aliada à psicologia animal. uma nova palavra. A palavra que ela mais adora? “Praia”.
Christina desenvolveu um aparelho, com um sistema de Christina contou à revista People que observou um
botões, para permitir que sua cadelinha Stella “converse” episódio curioso quando Stella percebeu que um dos
e se “comunique”. Os botões foram criados e apropriados botões das placas estava quebrado. Segundo Christi-
para o tamanho de uma pata e emitem uma voz humana na, “ela imediatamente disse, ‘olha’, então caminhou
quando são pressionados pela cachorra. E o condiciona- até o botão quebrado e mantinha o botão apertado e
mento permite que Stella pise na “palavra” que ela quer me olhava como se me dissesse, olha, está quebrado”.
dizer ao seu dono e que forme pensamentos completos. O episódio aconteceu em agosto e, agora, meses depois,
Um dia, a cadelinha começou a chorar na porta a cadelinha já é capaz de comunicar frases totalmente forma-
da casa de Christina, e andar de lá para cá de maneira das e pode combinar até cinco palavras ao mesmo tempo.
impaciente. Christina, então, pensou que ela queria ir Christina explica que “a maneira como Stella usa as pa-
no quintal, fazer suas necessidades. Para descobrir se lavras para se comunicar e as palavras que combina é seme-
era exatamente isso que Stella queria, Christina foi até lhante a de uma criança de 2 anos”. O treinamento que Ch-
ristina tem feito com Stella está incentivando-a a mostrar mais
Foto: reprodução video Instagram

sobre o que os animais são capazes de fazer para nos enten-


der e se comunicarem conosco. “Penso em como os cães
são importantes para os seres humanos”, fala emocionada.
Christina Hunger faz muito sucesso aos 26 anos e
em seu dia a dia mostra o progresso de Stella em sua
página no Instagram e por meio de seu blog, Hunger
for Words. No vídeo, a cadelinha pede para sua dona ir
passear, ao pressionar os botões “all done”, “look out-
side” e “park outside”. Genial, homem e cão em plena
comunicação por meio de vários botões! ◘

José Luiz Tejon é jornalista, publicitário, mestre em Arte e Cultura com especializações em Harvard,
MIT e Insead e Doutor em Educação pela Universidad de La Empresa/Uruguai. Conselheiro
do CCAS - Conselho Científico Agro Sustentável; Colunista da Rede Jovem Pan, autor e coautor de 34 livros.
Coordenador acadêmico de Master Science em Food & Agribusiness Management pela AUDENCIA
em Nantes/França e Fecap e professor na FGV In Company. Presidente da TCA International e Diretor
da agência Biomarketing. Ex-diretor do Grupo Estadão, da Agroceres e da Jacto S/A.
Ana Purchio é jornalista, pós-graduada em mídias sociais pelo Senac. Trabalhou no jornal O Estado de S. Paulo,
na Agência Estado, na Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG) e atualmente é assessora de imprensa
da TCA Internacional e Assessora de Comunicação da Convergência Comunicação Estratégica.

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CÃO CIDADÃO

Como fazer um

Foto: banco de imagens C&GVF


desmame
tranquilo
Samantha Melo

C
omo sabemos, o desmame dos fi- tório, use a mesma dica e dê alguns passos do a papinha diretamente dos comedouros, é ba-
lhotes de cachorro acontece, nor- em direção a ela, ofereça alguns grãos de cana passar a alimentar a mãe e a ninhada sepa-
malmente, a partir de um mês de ração e recue. Vá fazendo isso várias vezes, radamente, mas de forma gradual para não em-
vida, ainda que a fêmea tenha lei- aumentando a proximidade, até conseguir pedrar o leite. Ou seja, dois filhotes por vez, por
te até a sexta semana pós-parto. Contudo, acariciar os filhotes sem reações da mãe. exemplo, e iniciando com apenas uma refeição
nem sempre os tutores conseguem pas- no dia e assim por diante. Explique também ao
sar por esse processo de forma tranquila e INTRODUÇÃO À PAPINHA tutor sobre o instinto de proteção da mãe, que
sem estressar seus cães, por isso, existem É essencial recomendar ao tutor um local se- certamente se desesperaria ao se ver repentina-
algumas orientações que podem ajudar. guro e silencioso da casa para o início do des- mente sem seus filhotes (isso vale também para
Primeiramente, é importante ensinar a mame. Isso porque será um momento de mu- o momento de separar definitivamente a família).
eles o momento certo do desmame para que dança e devemos evitar que os pets passem Por fim, oriente os tutores sobre a in-
ocorra da forma mais natural possível. Expli- por qualquer tipo de estresse. Uma das conse- trodução da ração seca, sempre reforçando
que de forma didática como a fêmea, incomo- quências de estresse ou medo é a perda de ape- a importância de observar a aceitação dos
dada com os primeiros dentes dos filhotes sur- tite, algo que afetará diretamente o desmame. cãezinhos e de ajudar os filhotes a entender
gindo, passa a sair com mais frequência do ni- No começo dessa introdução, os filhotes essa nova mudança, fazendo do momento
nho e a ficar mais tempo longe. Os pequenos, podem estranhar a consistência da papinha da alimentação algo especial, cheio de cari-
por sua vez, choram no começo, mas logo e ignorá-la ou, ainda, tentar brincar com ela. nho, elogios e brincadeiras. ◘
percebem que não adianta e passam a explo- Dessa forma, oriente que os tutores ofereçam
rar mais o ambiente. Quando o tutor perceber a comida no dedo para que eles lambam. Ou-
que isso está acontecendo, é chegada a hora tra alternativa depois que os filhotes acostu-
do desmame. Não deixe de se colocar à dis-
posição para ajudá-lo a identificar esses sinais.
marem é usar brinquedos em que se possa co-
locar a papinha dentro, como o Kong. Refor-
VOCÊ SABIA?
Nessa fase, a nova mamãe já deve es- ce que não se deve forçar os pequenos a co-
Filhotes podem começar a apren-
tar mais acostumada com a maternidade merem a papinha, apenas oferecê-la de for-
der comandos básicos a partir dos 50
e mais relaxada com a presença de huma- ma divertida, sempre elogiando e acariciando.
dias. Contudo, antes disso, é possí-
nos perto de sua ninhada – uma vez que
vel usar alguns métodos de aprendi-
cadelas no início da amamentação ten- FASE FINAL
zagem para apresentá-los ao mundo
dem a demonstrar alguns sinais de agres- Após a fase de adaptação, é importante que os
de forma segura. Uma delas é a des-
sividade, como proteção aos filhotes. proprietários, além de oferecerem a quantidade
sensibilização citada no texto, que
Essa relação amistosa é essencial para indicada de refeições, deixem um pouco da co-
consiste em expor o cão a um nível
conseguir realizar o desmame com suces- mida à disposição (seja em brinquedos ou co-
baixo do estímulo que poderia cau-
so e até mesmo para conseguir examinar a medouros). Essa providência é essencial, pois,
sar uma reação negativa e ir grada-
família tranquilamente. Por isso, se a pe- nessa fase, a mamãe costuma se recusar algu-
tivamente aumentando essa exposi-
luda ainda estiver nervosa com quem che- mas vezes a amamentar os filhotes, pois o des-
ção. Essa técnica pode ser associada
ga perto dos cãezinhos, está na hora de in- conforto das mordidas nas tetas só vai aumen-
ao reforço positivo, ou seja, a recom-
dicar que o tutor faça a dessensibilização tando. Outra dica valiosa é alimentar a fêmea
pensas valiosas para o animal, como
de aproximações. Para isso, deve-se usar a ao mesmo tempo, pois faz parte do processo de
petiscos, elogios e carinho.
própria comida da fêmea ou petiscos para aprendizagem canino a observação e repetição.
fazer uma associação positiva. No consul- Depois que os pequenos já estiverem comen-

Samantha Melo é jornalista, franqueada e adestradora da Cão Cidadão

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cãesegatos.com.br • 29
CAPA / imunoterapia

IMUNIDADE
COMO
TERAPIA
A IMUNOTERAPIA É UM
TRATAMENTO QUE PODE AUXILIAR
NA TERAPÊUTICA DA ATOPIA.
MAS O SUCESSO DEPENDE DE
UMA BOA AVALIAÇÃO DO CASO.
ENTENDA EM QUAIS EPISÓDIOS
ELA PODE TE AJUDAR
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em:
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30 • caesegatos.com.br
P
› STHEFANY LARA, DA REDAÇÃO
sthefany@ciasullieditores.com.br

profissional liberal na área de Dermatologia vas mais atuais, como oclacitinib e anticor-
e Alergologia Veterinária, Desydere Pereira, pos monoclonais. Em relação à imunotera-
acrescenta que a imunoterapia com alérgenos pia, é uma alternativa totalmente individua-
é um tratamento para dermatite atópica cani- lizada, uma vez que a vacina com os alérge-
na, utilizado em todo o mundo, que consis- nos é produzida a partir dos resultados do tes-
te na aplicação (subcutânea ou sublingual) te alérgico. E tem como principal vantagem
de doses crescentes de um alérgeno (agen- o não uso de fármacos em si, já que a vaci-
te causador da alergia) com a finalidade de na terá a finalidade de “modular” a respos-
aumentar a “resistência” ou criar tolerân- ta inflamatória, ou seja, o organismo do pró-
cia no indivíduo a esse alérgeno específico. prio animal produzirá mecanismos de com-
“Não é um tratamento experimental. bate aos eliciadores da alergia. Tratando-se,
É um tratamento imunomodulador antí- portanto, de uma opção muito interessan-
geno-específico com eficácia comprova- te naqueles pacientes onde o uso de outras
da. Quando realizado adequadamente é classes de fármacos não é indicado, devido
um tratamento seguro”, afirma Desydere. a outras doenças pré-existentes”, comenta.
em Também sobre o que é a imunoterapia, a Agora que sabemos o que é a imunotera-
que ele não apresente melhora. Você já experi- médica-veterinária e doutora em Sanidade pia e que ela também pode ser utilizada em
mentou diversos tipos de terapia, mas sem re- Animal, Ciciane Pereira Marten Fernandes, outras doenças além da atopia, vamos focar
sultado. Neste instante, você começa a pensar conta que esse tipo de tratamento é ampla- neste problema dermatológico e responder
em outras alternativas que podem ajudá-lo, e, mente estudado para doenças oncológicas, se ela pode ser aplicada a todo tipo de atopia.
com certeza, a imunoterapia está entre elas. alérgicas e por infecções por microrganismos. De acordo com Desydere, ela pode ser
Se você ainda tem dúvidas e não se fa- “Frente às doenças alérgicas, a imunoterapia utilizada nos casos em que se sabe o agen-
miliarizou com ela, conversamos com capacita o sistema imunológico a tolerar os te causador, o qual pode ser identificado
profissionais que conhecem muito bem a alérgenos a que o animal é sensível, tornan- por meio de testes cutâneos (intradérmi-
imunoterapia para mostrar quando você do-o alérgico. Os alérgenos que mais comu- co ou de puntura) e/ou teste sorológico.
acerta, ou não, na escolha dessa técnica. mente podem desencadear doenças alérgi- Segundo Ciciane, a dermatite atópica ou
Mas, primeiro, vamos relembrar o que é cas e pruriginosas nos animais são: bactérias, atopia é uma doença alergoinflamatória da
a imunoterapia. Segundo a médica-veteriná- fungos, ácaros, pólens e gramíneas”, detalha. pele desencadeada por diversos fatores, como
ria, membro da Sociedade Brasileira de Der- A médica-veterinária da Clindog Clíni- deficiência de barreira cutânea, alergia a ali-
matologia Veterinária (SBDV), dermatólo- ca Veterinária, mestra em Ciências (Clínica mentos e por alérgenos externos, como ácaros
ga na empresa Pegderme – Dermatologia de Médica/Dermatologia) pela FMVZ/USP e vi- de ambiente e grama. “O primeiro passo para
Cães&Gatos, Haila Chagas Peixoto, a imu- ce-presidente da SBDV, Simoni Maruyama, saber se o paciente pode se beneficiar do uso
noterapia é a prática de administração de ex- afirma que a imunoterapia trata-se de uma da imunoterapia é descobrir quais os fatores
trato de alérgeno, o qual o animal demons- modalidade de tratamento empregada nas que desencadeiam o prurido no paciente”, diz.
trou sensibilidade por meio de exames soro- alergopatias, em especial na dermatite ató- Haila recorda que é importante assinalar
lógicos, testes intradérmicos e prick test, es- pica. “No caso de tal enfermidade, a condu- que, quanto mais jovem for o animal, me-
se último amplamente utilizado atualmente. ta terapêutica mais usual é aquela onde são lhor será a resposta terapêutica. Já para Si-
A médica-veterinária e professora da Fa- empregados produtos, todos que vão redu- moni, cabe ao médico-veterinário decidir
culdade Qualittas, nas turmas de Pós-gradua- zir o prurido, mas com diferentes modos de qual o protocolo mais adequado a ser adota-
ção em Dermatologia em Animas de Com- ação. Em linhas gerais, vai desde o uso do do, o que independe do tipo de tratamento.
panhia e de Clínica Médica e Cirúrgica em conhecido e prosaico corticosteroide, pas- Desde o uso da medicação mais corriquei-
Pequenos Animais, atuante, também, como sando pela ciclosporina e outras alternati- ra até ao método mais inovador, há um

caesegatos.com.br • 31
CAPA / imunoterapia

perfil tanto do tutor como do paciente, que

Fotos: divulgação
deve se enquadrar na escolha. “Para justificar
o uso da imunoterapia para dermatite atópica,
o profissional deve considerar os mais diver-

1
sos critérios, que vão desde aqueles aspectos Vacina Subcutânea: No iní-
relacionados ao tutor como: condição finan- cio do tratamento, o paciente deve
ceira/nível sócio-econômico-cultural, disponi- comparecer semanalmente à clíni-
bilidade para agendamento de retornos e exa- ca veterinária (salvo quando o tutor de-
mes complementares periódicos, tempo e de- cidir que as aplicações sejam realizadas
dicação para a administração do produto, grau fora da clínica, sob sua total responsabi-
de ansiedade/expectativa dele frente aos resul- lidade) e serão aplicadas doses crescentes
tados do tratamento, entre outros”, comenta. do extrato por via injetável (subcutânea).
Em relação ao paciente, Simoni afirma Quando a dose chegar à concentração má-
que é importante avaliar dados inerentes à xima desejada (dose de manutenção), as
doença como: idade de início, intensidade aplicações serão espaçadas para interva-
do prurido, grau de acometimento lesional, los de duas a quatro semanas (de acordo
padrão de resposta em tratamentos pretéri- com a resposta de cada paciente) e, assim,
tos - para enumerar alguns. “Assim, por ex- serão mantidas até o final do tratamento.
periência pessoal, para cada animal ató- Sendo um tratamento contínuo,
Não é um tratamento experimental. É um
pico existe um protocolo terapêutico. Ou tratamento imunomodulador antígeno-específico
seus intervalos devem ser respeitados.
melhor, no meu dia a dia, a imunotera- com eficácia comprovada. Quando realizado Se houver interrupção do esquema, o
pia não se aplica para todos os pacientes adequadamente é um tratamento seguro”, médico-veterinário responsável recal-
atópicos. Bem como não existe nenhum afirma Desydere Pereira culará a dose e espaçamento de forma
produto que eu prescreva, que seja isento individualizada, o que acarretará um
de restrição ou que se aplique a absoluta- cluindo, a interpretação dos resultados e a atraso nos resultados e maior gasto do
mente todos os alergopatas sem exceção”. compatibilidade entre eles, é determinan- volume do frasco adquirido.
te para a escolha e êxito do tratamento.”
HÁ UM MODO DE USAR?

2
Desydere Pereira completa que há mais de
Haila Peixoto explica que o protocolo é indi- um tipo de tratamento, sendo os mais utiliza- Vacina Sublingual: O trata-
vidualizado, pois cada paciente pode ser sen- dos: vacinas subcutâneos ou sublinguais. mento Sublingual (oral) é com-
sibilizado a um determinado alérgeno. “É váli- posto de frascos inicias (A – B) e
do ressaltar que os principais alérgenos envol- ESTÁ AÍ PARA TODOS? frascos de manutenção (C). Cada frasco
vidos na dermatite atópica canina são ácaros O tratamento com imunoterapia é bastan- tem volume suficiente para 75 dias de tra-
de poeira doméstica e poléns de gramíneas”. te revolucionário, contudo, Haila acredi- tamento. O protocolo de administração
Simoni reforça que também é um trata- ta que a imunoterapia não é considerada não se altera, ou seja, qualquer que se-
mento totalmente individualizado, pois tal acessível, em razão dos custos elevados e o ja o frasco (A, B ou C), devem ser admi-
“personalização” já tem início na fase de tempo de resposta que pode ser demorado. nistradas duas doses, duas vezes por dia.
diagnóstico, uma vez que cabe ao médico- Ciciane Pereira conta que a imunoterapia
veterinário decidir quais componentes alér- se apresenta como um tratamento longo e, tal-
gicos serão testados. “Por consequência, ca- vez, frente aos custos, um pouco oneroso. “Mas pleto (independentemente do tipo de vacina:
da indivíduo reage de um modo, quando comparado com outras formas de terapia que subcutânea ou sublingual) tem a duração de
submetido a um painel de alérgenos e, con- estão no mercado e que apresentam valores si- três anos (a contar da fase de manutenção). A
milares, a imunoterapia acaba sendo acessível melhora clínica poderá levar até um ano pa-
pelo valor e pela resposta imunológica que faz ra ser observada. Um percentual de pacien-
ao organismo, dessensibilizando permanen- tes pode não ter benefício com o tratamento”.
temente o paciente ao que é mais alérgico”. Já para Simoni, ainda não é um tratamen-
Na visão de Desydere, o custo não é eleva- to acessível, por alguns motivos: “O custo
do, quando comparado com outras terapias ainda é um fator limitante para a maioria dos
utilizadas nos pacientes alérgicos. “No entanto, clientes. De início, há que se considerar o
é necessário informar que o tratamento com- valor do teste para diagnóstico e se have-

FRENTE ÀS DOENÇAS ALÉRGICAS, A


IMUNOTERAPIA CAPACITA O SISTEMA
IMUNOLÓGICO A TOLERAR OS ALÉRGENOS
QUE O ANIMAL É SENSÍVEL, TORNANDO-O ALÉRGICO.
OS ALÉRGENOS QUE MAIS COMUMENTE PODEM
DESENCADEAR DOENÇAS ALÉRGICAS E PRURIGINOSAS
NOS ANIMAIS SÃO: BACTÉRIAS, FUNGOS, ÁCAROS,
PÓLENS E GRAMÍNEAS
CICIANE PEREIRA MARTEN FERNANDES, MÉDICA-VETERINÁRIA E DOUTORA EM SANIDADE ANIMAL

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caesegatos.com.br • 33
CAPA / imunoterapia

rá necessidade de sedação do animal, quan-

Fotos: divulgação
do muito inquieto ou irascível, por exem-
plo. Numa próxima etapa, vem o preço das
vacinas, que difere à medida que se acres-
ce mais extratos alergênicos. E, levando em
consideração novamente o tutor, é pruden- A imunoterapia, como vimos, pode
te alertá-lo logo, que não se trata de um mé- ser uma aliada no tratamento de
todo rápido, inclusive pode levar meses para atopia. Mas nem sempre ela é a
uma resposta satisfatória”, afirma e comple- melhor escolha para a terapêutica.
ta que, enquanto isso, os gastos com as vaci- Dessa forma, as médicas-veterinárias
nas continuam, bem como as consultas/re- compartilharam casos em que a
tornos, exames complementares e terapêu- escolha desse método foi eficaz e
tica associada (ectoparasiticidas, rações es- outros em que não foi a melhor opção
pecíficas, banhos e produtos hidratantes etc).
“Outro item fundamental é selecionar › A primeira a partilhar os
o médico-veterinário realmente apto a rea- casos é Ciciane Pereira Marten
lizar o tratamento, pois nem todo profis- Fernandes, que atendeu
“É importante frisar que não existe uma os seguintes casos
sional é capacitado para o uso da técni- padronização dos extratos alergênicos
ca. Somam-se a isso, experiência clínica, utilizados em cães e gatos, o que dificulta Relato 1: paciente canino,
atualização constante, conhecimento, éti- as doses e esquemas de imunoterapia SRD, fêmea, dois anos com
ca e sensatez no emprego da imunotera- alérgeno-específica nestes animais”,
diagnóstico de dermatite atópica.
pia, também para orientar e explicar ao tu- comenta Haila Chagas Peixoto
“Após realização de teste alérgico, foi
tor acerca dos resultados”, afirma Simoni. observado resultado para ácaros de
cessidade de estudos no âmbito da Medici- ambiente. A paciente iniciou o protocolo
UM LONGO CAMINHO na Veterinária sobre o assunto. “Isso por- imunoterápico para os ácaros com
PELA FRENTE que, infelizmente, ainda possuímos muitas melhora do prurido (avaliação utilizando
Embora seja uma terapia que tem ficada bas- informações vindas da Medicina Humana”. escore CADESI), no terceiro mês de
tante conhecida no meio médico veterinário, Essa também é a opinião de Ciciane. De tratamento”, compartilha Ciciane.
Haila afirma que são necessários mais estudos acordo com ela, entender cada vez mais os
complementares, pois a quantidade de traba- mecanismos pró inflamatórios da derma-
lhos existentes é escassa quando comparado tite atópica frente aos alérgenos permitirá › Desydere Pereira também
com à Medicina Humana. “É importante fri- melhores estudos frente a protocolos e for- compartilha um caso em que
sar que não existe uma padronização dos ex- mas de aplicação e absorção do organismo. foi utilizada exclusivamente a
tratos alergênicos utilizados em cães e gatos, A médica-veterinária Simoni salienta que imunoterapia no tratamento e
o que dificulta as doses e esquemas de imu- a imunologia, em si, é um constante apren- que obteve êxito no tratamento
noterapia alérgeno-específica nestes animais”. dizado, dado o seu dinamismo. “Nela resi-
Para Desydere, apesar de ser utilizada há de a compreensão da fisiopatogenia de Relato 2: Canino, macho, lhasa apso
algumas décadas, existe, ainda, grande ne- uma série de doenças e, consequen- com seis anos de idade. Atendido em
2015, com prurido e dermatite por
Malassezia. Realizou teste alérgico
(positivo para ácaro da poeira domiciliar)
e iniciou imunoterapia, juntamente com
tratamento antipruriginoso e malassezicida
(por 60 dias), se mantém até os dias de
hoje somente com imunoterapia e estável.
(fotos da primeira consulta e de
18 meses após o início da imunoterapia).

INEFICÁCIA ÀS VEZES ACONTECE

› Ciciane Pereira Marten


Fernandes compartilha casos
Primeira consulta: CADESI = 42
em que a imunoterapia não
resultou em sucesso

Relato 3: paciente canino, teckel, macho,


oito anos com diagnóstico de dermatite
atópica. Resultado do teste alérgico:
ácaros de ambiente e proteína de frango.
“Paciente iniciou tratamento imunoterápico
para ácaros de ambiente, porém a resposta
foi aquém do esperado. Alguns possíveis
fatores de ineficácia: idade, resposta
alérgica a fatores intrínsecos (alimentar)
18 meses após início da imunoterapia: CADESI = 04 e extrínsecos (ácaros)”.

34 • caesegatos.com.br
temente, a cura de tantas. Acredito que a imu- de medicações poderá ser controlar mais adequa-
noterapia na Medicina Veterinária tenha um diminuído. Desde que se- damente os sintomas da
futuro muito promissor, com vasto uso ain- ja realizada nos padrões alergia e, até mesmo, fa-
da a ser realizado, mas é primordial continuar descritos, a imunoterapia vorecer alteração no cur-
com muito critério, conhecimento e empe- é um tratamento de grande so da doença alérgica”.
nho por parte dos profissionais envolvidos”. valor para cães com dermati- Haila conclui que a imu-
Para ela, não há uma “receita pronta” de te atópica canina, já que induz noterapia é o único tratamen-
tratamento e que seja aplicável a todo animal. tolerância imunológica, ou seja, o to que modifica o curso natural da
“É indiscutível e cada vez mais exigido que o organismo passa a reagir com menos inten- doença, reduz a necessidade de uso de me-
profissional seja capacitado/habilitado ao em- sidade ao alérgeno (substância causadora dicamentos. “Além de ser altamente seguro,
prego de novas técnicas e tratamentos. Em tal da alergia). Com isso, consegue-se redu- é a única terapia capaz de desenvolver uma
contexto, cabe o empenho do médico-veteri- zir ou interromper o uso de medicações, cura e não somente controlar os sintomas”. ◘
nário em buscar aprendizado e atualização, se-
ja em cursos e palestras promovidos por enti-
dades de classe, de pós-graduação e congres-
sos. Somente assim, ele estará familiarizado e
seguro em empregar, tanto as inovações tera-
ASSIM, POR EXPERIÊNCIA PESSOAL, PARA CADA
pêuticas, como aprimorar seus conhecimen- ANIMAL ATÓPICO EXISTE UM PROTOCOLO
tos já consolidados. Pois, somente com senso TERAPÊUTICO. OU MELHOR, NO MEU DIA A
crítico e discernimento aguçados, terá como
avaliar e garantir a conduta profissional mais DIA, A IMUNOTERAPIA NÃO SE APLICA PARA TODOS OS
adequada a cada paciente, e sempre na certeza PACIENTES ATÓPICOS. BEM COMO NÃO EXISTE NENHUM
de oferecer o melhor atendimento possível”.
Por fim, Desydere afirma que a imunote- PRODUTO QUE EU PRESCREVA, QUE SEJA ISENTO DE
rapia é um tratamento de meio, ou seja, não RESTRIÇÃO OU QUE SE APLIQUE A ABSOLUTAMENTE
se promete resultados, pois a resposta é in-
dividualizada. “Ela não substituiu o contro-
TODOS OS ALERGOPATAS SEM EXCEÇÃO
le ambiental e farmacológico. Dependendo SIMONI MARUYAMA, MÉDICA-VETERINÁRIA, MESTRA EM CIÊNCIAS (CLÍNICA MÉDICA/DERMATOLOGIA),
da resposta do paciente ao tratamento, o uso PELA FMVZ/USP E VICE-PRESIDENTE DA SBDV

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CLÍNICA MÉDICA / oncologia

IMUNOTERAPIA
ANTINEOPLÁSICA
Uso do inibidor de receptores de tirosina-quinase (fosfato de toceranib)
no tratamento do câncer em pequenos animais
› DIEGO SILVA MENDES, YAN LUCA ALENCAR FERREIRA,

S
DRIELLE LOPES, EDUARDO FERNANDES BONDAN

abe-se, há muitos anos, que o sis-


tema imunológico desempenha
servando, após o experimento, a citorredu-
ção da massa tumoral. Fehleisen repetiu esse
ESTE SISTEMA DE
um papel fundamental no desen- tratamento em 1882, com a identificação do CONTROLE IMUNOLÓGICO
volvimento e no controle dos pro- Streptococcus pyogenes como o agente causa- APRESENTA TRÊS FASES
cessos neoplásicos em humanos e dor da erisipela. Em 1891, o cirurgião ame-

1
animais. Ao longo da história, exis- ricano William Bradley Coley, do Serviço de fase de eliminação, na qual
tem numerosos registros, desde o Egito anti- Neoplasias Ósseas do Memorial Hospital em o sistema imunológico elimina as
go até o início do século XVIII, na Europa, so- Nova York, observou a remissão de um sar- células neoplásicas antes de qual-
bre a remissão de tumores após um episódio coma infectado por Streptococcus pyogenes, quer apresentação clínica;
infeccioso ou febril. No entanto, os primeiros iniciando um projeto de 43 anos que envol-

2
relatos científicos sobre as tentativas de mo- veu a injeção de bactérias inativadas por ca- fase de equilíbrio, na qual as célu-
dulação do sistema imunológico para com- lor, conhecidas como "toxinas de Coley", em las que evadiram da fase de eliminação
bate ao câncer só ocorreram na segunda me- pacientes com tumores inoperáveis2,4,8,15,17. permanecem de forma controlada
tade do século XVIII, quando a confirmação no organismo, por meio da ação
histológica das características de malignida- SISTEMA IMUNOLÓGICO do sistema imunológico.
de das neoformações tornou-se possível2,3,5,10. E CÂNCER

3
Há mais de 135 anos, os médicos alemães O termo imunovigilância foi proposto pri- fase de escape, na qual existe
Karl David Wilhelm Busch e Friedrich Fehlei- meiramente por Paul Erlich, em 1909, sen- crescimento descontrolado das célu-
sen publicaram, de maneira independente, do retomado e ampliado por Thomas e Bur- las neoplásicas por evasão do sistema
trabalhos sobre a regressão de neoplasias em net, em 1957, designando a capacidade pela imunológico, podendo ser causada por fato-
pacientes com câncer após infecções aciden- qual linfócitos T podem reconhecer antígenos res como resistência à citotoxicidade, perda
tais por erisipela. Em 1868, Busch foi o pri- tumorais quando ligados ao complexo princi- da expressão dos antígenos do MHC, pro-
meiro pesquisador a infectar intencionalmen- pal de histocompatibilidade (MHC) em células blemas na apresentação antigênica e perda
te com erisipela um paciente oncológico, ob- apresentadoras de antígenos (APC). de genes cruciais à resposta imunológica6,18.

36 • caesegatos.com.br
Foto: banco de imagens C&GVF
RECEPTORES atuando especificamente em um ou mais tipos
TIROSINA-QUINASE (RTKs) desses receptores (58 RTKs, divididos em 20
Os fatores de crescimento exercem seus efei- subfamílias, já foram descritos em humanos)12.
tos por meio da ligação a receptores de mem-
brana específicos, desencadeando uma série FOSFATO DE TOCERANIB
de reações químicas no interior das células O fosfato de toceranib faz parte do grupo dos
e que culminam com a expressão de genes inibidores dos RTKs, sendo indicado para o
que irão ativar funções como a proliferação tratamento de mastocitomas. Diversos estu-
celular ou a angiogênese. Para que essas rea- dos, no entanto, têm apresentado resultados
ções ocorram, é essencial a participação dos satisfatórios em relação a sua utilização no
receptores tirosina-quinases. A inibição de tais tratamento de sarcomas, carcinomas e adeno-
receptores evita a transmissão do sinal entre o carcinomas, sendo mais comumente empre-
fator de crescimento e seu receptor, impedindo gado em carcinomas nasais e de tireoide. Ini-
a formação de segundos mensageiros no inte- cialmente desenvolvido como um composto
rior das células e a ativação de diversos genes, antiangiogênico, por inibir o receptor do fator
o que, por fim, determina o aparecimento de de crescimento endotelial vascular (VEGF) e
efeitos antiproliferativos e antiangiogênicos12,20. o receptor β do fator de crescimento derivado
As principais abordagens terapêuticas en- de plaquetas (PDGF), apresenta ainda ação
volvidas com os receptores de tirosina-quinase antineoplásica direta, uma vez que é respon-
(RKTs) são baseadas no uso de anticorpos mo- sável por inibir o receptor KIT (receptor tiro-
noclonais (monoclonal antibodies ou mAbs) e sina-quinase tipo 3, também conhecido co-
de pequenas moléculas inibidoras de tirosina- mo proto-oncogene c-KIT), e imunomodu-
quinase (tyrosine kinase inhibitors ou TKIs), ladora, diminuindo seletivamente o número
ligando-se de forma reversível ou irreversível e de linfócitos T reguladores1,13,14,20.

caesegatos.com.br • 37
CLÍNICA MÉDICA / oncologia

A dose recomendada é de 3,25 mg/kg, por


via oral (VO), com administração em dias al- LINHA DO TEMPO DOS PRINCIPAIS EVENTOS NA
ternados. Segundo o consenso do Grupo de
Oncologia Cooperativa Veterinária, quando
IMUNO-ONCOLOGIA E IMUNOTERAPIA MODERNA
administrado dessa forma, nota-se a ocorrên-
cia de diversos efeitos colaterais em alguns
pacientes, incluindo letargia, anorexia, perda WILHELM BUSCH WILLIAM COLEY
de peso, claudicação, manifestações gastroin- Primeiro pesquisador a Injetou Streptococcus
infectar com erisipela um pyogenes em sarcomas
testinais, como êmese, diarreia e úlceras gás- paciente oncológico inoperáveis
tricas, alterações hematológicas, como ane-
mia, neutropenia e trombocitopenia, aumen-
to dos níveis plasmáticos de ureia e creatini-
na, efeitos dermatológicos, como alopecia e 1868 1882 1891
dermatite, podendo todos serem agravados se
não tratados precocemente. Alguns estudos
revelam que a redução das doses para 2,4 a
2,9 mg/kg (VO), administradas em dias alter-
FRIEDRICH FEHLEISEN
nados, mostrou-se suficiente para que ocor- Identificou Streptococcus pyogenes
resse a necessária exposição das neoforma- como o agente causador da erisipela
ções ao fármaco e consequente inibição dos
RTKs. Ao se optar pela redução da dose, a
frequência de administração melhor tolera-
da pelo organismo dos cães é a de três vezes mais utilizado na maioria dos pacientes utili- acabam sendo sensibilizadas à citotoxicida-
por semana, principalmente se combinada za doses que variam entre 2 e 3 mg/kg (VO), de mediada por linfócitos T. Adicionalmen-
com outros fármacos, como anti-inflamató- valores abaixo da dose máxima tolerada, po- te, tais inibidores estão envolvidos no condi-
rios não esteroidais (AINES). Tal abordagem rém dentro do intervalo associado à eficácia cionamento de subpopulações imunes, au-
tem demonstrado menor toxicidade, porém terapêutica e com menor aparecimento de mentando a atividade daquelas efetoras e di-
com a mesma eficácia quando comparada efeitos colaterais. Embora a ocorrência dos minuindo a das células supressoras da res-
à utilização da dose recomendada7,13,14,19,20. efeitos adversos previamente descritos seja posta imunológica, o que acaba contribuin-
Em gatos, um número significativo de baixa após a administração nas doses de 2,4 do para a destruição do tumor via mecanis-
mastocitomas também apresenta mutações a 2,9 mg/kg (VO), é importante ressaltar que mos pró-apoptóticos e imunomediados11. ◘
em KIT, o que os torna passíveis de serem tra- uma parcela dos pacientes ainda pode ma-
tados com o fosfato de toceranib. No entan- nifestá-los em decorrência de fatores indivi-
to, como a maioria dos mastocitomas felinos duais, tais como tipo histológico da neopla- PARA CONHECER
são benignos, a excisão cirúrgica, geralmente, sia, estado geral do animal e fármacos utili- A BIBLIOGRAFIA
é curativa. Todavia, pacientes com mastoci- zados em associação na terapêutica. COMPLETA UTILIZADA
tose ou neoformações com maiores caracte- Os inibidores de RTKs têm demonstrado PELO AUTOR, ACESSE
rísticas de malignidade podem se beneficiar afetar múltiplos componentes do microam- O QR CODE
com a administração de inibidores de RTKs. biente tumoral, representando uma classe de
Alguns estudos demonstraram que o fosfato de agentes capaz de potencializar os efeitos da Diego Silva Mendes é discente do curso
toceranib é seguro e bem tolerado em gatos, po- imunoterapia no tratamento do câncer, além de Medicina Veterinária da Universidade
rém, a administração da dose recomendada pe- de diretamente induzir modulação imunogê- Cruzeiro do Sul - Campus São Miguel
la literatura induzia efeitos adversos, levando à nica, por meio da qual as células cancerosas Paulista, presidente do Grupo de Estudos
interrupção do tratamento. Atualmente, utiliza- de Oncologia Veterinária e do Centro
se a dose reduzida em 33% do valor de referên- Acadêmico de Medicina Veterinária da
cia, chegando a 2,2 mg/kg (VO), reduzindo-se, Universidade Cruzeiro do Sul
assim, os efeitos adversos indesejados9,14,16,20. Yan Luca Alencar Ferreira é discente
do curso de Medicina Veterinária da
CONCLUSÃO Universidade Cruzeiro do Sul - Campus
A incidência de neoplasias em animais de São Miguel Paulista e coordenador
companhia tem instigado os pesquisadores administrativo do Grupo de Estudos de
na busca de novas modalidades terapêuti- Nefrologia e Cardiologia Veterinária da
cas, além das já utilizadas rotineiramente Universidade Cruzeiro do Sul
na prática clínica. Recentemente, o uso dos Drielle Lopes é discente do curso de
Medicina Veterinária da Universidade
inibidores dos RTKs, no tratamento do cân-
Cruzeiro do Sul - Campus São Miguel
cer em animais de companhia, tem crescido Paulista e coordenadora administrativa do
entre os médicos-veterinários oncologistas. Grupo de Estudos de Oncologia Veterinária
Surpreendentemente, o fosfato de toce- da Universidade Cruzeiro do Sul
ranib tem sido mais frequentemente utili- Eduardo Fernandes Bondan é doutor em
zado no tratamento de carcinomas que de Patologia Experimental e Comparada pela
mastocitomas, contradizendo a literatura, Universidade de São Paulo, coordenador e
que postula a indicação terapêutica apenas Artigo do New York Times, de 29 de julho docente do curso de Medicina Veterinária
para o tratamento de mastocitomas. de 1908, destacando a promessa das “toxinas da Universidade Cruzeiro do Sul
Verificou-se que o esquema terapêutico de Coley” como a cura para o câncer - Campus São Miguel Paulista

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caesegatos.com.br • 39
CLÍNICA MÉDICA / pele

OS BENEFÍCIOS
Salua Carolina lista as principais vantagens
do tratamento tópico

1
A terapia tópica age direto no
órgão alvo. No caso de uma disbiose
cutânea, utilizar um antisséptico ou um
bacteriostático diretamente na pele terá um
resultado mais rápido do que administrar uma
medicação sistêmica, que além de demorar
para atingir o órgão alvo, ainda pode gerar
resistência bacteriana em outros órgãos por

PROTAGONISTA
onde passa, além de efeitos adversos.

2
A terapia tópica é uma
excelente ferramenta para
auxiliar no combate à

PARA UMA
resistência bacteriana. Essa é uma luta
não só dentro da Veterinária, mas uma
preocupação mundial! O Conceito Saúde
Única (animais, seres humanos e meio
ambiente) engloba articulações de todas

PELE SAUDÁVEL
as áreas da saúde para preservar todo e
qualquer ser vivo, se valendo de técnicas
que diminuam os efeitos de nossas ações.
Na Veterinária, já encontramos resistência
a diversos antibióticos e isso traz uma
grande preocupação com a saúde pública,
uma vez que essas bactérias resistentes
A terapia tópica pode ser a primeira escolha do veterinário dos pets não estão restritas aos hospitais,
no tratamento, enquanto aguarda o resultado da cultura mas presentes também dentro das casas,
próximas às crianças e idosos.

3
e do antibiograma, contribuindo para que problemas,
como a resistência bacteriana, sejam resolvidos A terapia tópica tem a
vantagem de explorar os

A
› STHEFANY LARA, DA REDAÇÃO sentidos humanos. Ao tratar
sthefany@ciasullieditores.com.br o paciente, o tutor vê a melhora, toca
uma pele mais macia e hidratada, sente
terapia tópica faz parte do dia a tamentos dermatológicos são multimodais. se o cheiro melhorou ou não, enfim, ele
dia do Médico-veterinário. No Salua explica, ainda, que o brasileiro foi pode “participar” do acompanhamento
entanto, a médica-veterinária elencado como a população mais higiênica do paciente, uma vez que ele consegue
dermatóloga e gerente de Produ- do mundo (dois a três banhos, em média, por visualizar se o animal melhorou ou não,
tos Soft Care, Salua Carolina Ca- dia). “E isso se estende a seus pets. Dar banhos baseado em aspectos palpáveis.

4
taneo, explica que, apesar de bem semanais faz parte da rotina dos pacientes. Por-
descrita na Dermatologia Huma- tanto, a terapia tópica por meio dos banhos te- Os banhos terapêuticos podem
na e na Veterinária, ela é pouco explorada pe- rapêuticos é facilmente prescrita, diferente de ser executados pelo Groomer,
los médicos-veterinários. “Se utilizam produ- outros países onde se utiliza muito produtos que hoje é o profissional mais
tos tópicos como coadjuvantes ao tratamento para higiene em casa, como mousses de limpe- qualificado para esse trabalho.
quando, na verdade, poderiam ser utilizados za ou lencinhos umedecidos, afinal os tutores O Groomer é um excelente aliado na
como primeira escolha, uma vez que agem di- não têm o hábito de banhar os animais”, conta. terapia tópica, pois ele pode fornecer ao
reto no órgão alvo e com poucos efeitos adver- “O Brasil é o País com a maior diversidade médico-veterinário o feedback semanal
sos, sem contar com o fato de conseguirmos de produtos dermatológicos de qualidade. Te- de melhora e, como domina a técnica do
visualizar a melhora de maneira mais efeti- mos empresas multinacionais e nacionais que banho, completa o tratamento. A terapia
va do que o tratamento por via oral”, afir- investem em ativos diferenciados e inovado- tópica é formada por três pilares: Prescrição
ma. Ainda segundo ela, os dois deveriam res, seguindo o que se pratica na Dermatolo- individual veterinária + Produto adequado
ser tratados com a mesma importância pa- gia Humana para que o tratamento tópico + Técnica correta do banho.
ra a melhora do paciente, uma vez que tra- seja seguro, prático e eficaz”, afirma Salua.

40 • caesegatos.com.br
Salua afirma que, para pacientes com der- reta dele dentro da técnica do banho”, afirma. de bactérias e fungos na pele e pelagem;
matite atópica, onde há deficiência de lipí- Para ela, os médicos-veterinários devem › Na secagem bem-feita utilizando-se uma
dios intercelulares e aumento da perda tran- conhecer mais sobre a importância do banho toalha macia e exclusiva para aquele ani-
sepidérmica de água, o prurido é um dos terapêutico como tratamento. “Eles prescre- mal e, posteriormente, finalizando a se-
principais sinais clínicos presentes. “Neste vem 100% dos shampoos medicamentosos cagem com o soprador, pois o secador
caso, a terapia tópica é fundamental. É pre- que o paciente utilizará, porém pouco sabem quente piora o quadro inflamatório.
ciso devolver os lipídeos, reconstruir a bar- sobre como dar um banho corretamente. Não
reira, reidratar para que a pele volte a ter a existe a disciplina de cosmetologia ou de téc- TRABALHO CONJUNTO
função de barreira e, assim, prevenir as in- nicas de banho na grade curricular do cur- Salua ainda recorda que a terapia tópica tam-
fecções e a penetração de agentes externos. so de Medicina Veterinária. E, se o banho te- bém pode ser associada com a oral, se houver
O tratamento tópico deve ser realizado por rapêutico é fundamental no prognóstico do necessidade. “A terapia tópica não exclui o uso
meio dos banhos, mas é necessário o cui- paciente, precisamos entender sua importân- de medicamentos, mas pode ser a primeira es-
dado diário dessa pele, pois a desidratação cia e aprender mais sobre como se valer des- colha do médico-veterinário no tratamento en-
acontece o tempo todo. E nesse cenário, a sa técnica, que além de melhorar o paciente quanto aguarda o resultado da cultura e do an-
participação do tutor se torna fundamental”. pode gerar mais serviços dentro da clínica”. tibiograma, e, assim, a prescrição por via oral
será mais precisa, assertiva e, com isso, dimi-
SEUS BENEFÍCIOS MAS O QUE É O nuindo os riscos de resistência bacteriana”.
A dermatóloga lista uma série de benefícios BANHO TERAPÊUTICO? Ainda de acordo com ela, o que a tera-
que devem ser considerados quando o assun- A pergunta é respondida pela própria Salua. pia tópica faz é incluir o tutor no processo
to é banho terapêutico: Segundo ela, o banho terapêutico consiste: da terapêutica do paciente e, dessa forma,
fazer com que ele entenda o esforço que é
› Durante o banho os shampoos irão re- › No uso de produtos para a higiene da face e realizado para manter a pele saudável, pois
tirar a sujeira, debris celulares, ácaros do dos ouvidos que devem ser dermocosméticos toda a manutenção pós tratamento será
ambiente, poeira, bactérias, fungos etc; veterinários de pH fisiológico e hipoalergênicos; por meio de banhos. “A proposta é evitar a
› Os shampoos terapêuticos entram com a fun- › No cuidado com a temperatura da água prescrição antibiótica de amplo espectro e in-
ção antisséptica, queratolítica ou queratoplástica; que deve ser de morna para fria, pois dá discriminada e utilizar ferramentas que irão
› Após o shampoo é necessário o uso de conforto e alívio para a pele inflamada do contribuir não só para o indivíduo, mas pa-
um condicionador ou leave-in que irá de- paciente, diminuindo a coceira e hidratando; ra a sociedade como um todo”, completa.
volver os nutrientes e a hidratação da pe- › Na utilização de um shampoo dermocosmé- “Os dermatologistas e dermatólogos ve-
le, além de fechar as cutículas, evitando tico para higienizar e preparar a pele para re- terinários brasileiros possuem uma grande
a adesão de antígenos na pelagem e pele; ceber o shampoo medicamentoso já que ele vantagem, porque nossos pets tomam ba-
› Deve-se levar em consideração a tempera- não foi feito para limpar a sujeira e seu uso nhos semanais, em sua maioria, e podemos
tura da água ,que deve ser morna para fria; se em uma pele suja é seria um desperdício, po- nos aproveitar desse hábito para utilizar es-
a toalha utilizada foi adequadamente higie- dendo até piorar o quadro do paciente, uma tratégias tópicas mais seguras, não só para o
nizada e esterilizada, e a secagem em tempe- vez que o cliente vai esfregar para limpar; indivíduo, mas para toda a sociedade. Esse é
ratura fria quando usado o secador ou então › Na massagem da pele durante os dez minu- ponto chave da Saúde Única. Sendo assim,
apenas utilizar o soprador. Todos estes cui- tos de ação do shampoo para que se tenha a se valer de terapia tópica, também, é contri-
dados diminuem a inflamação e o prurido. eficácia desejada; no enxágue total do sham- buir para um mundo melhor”. ◘
poo, para remover todos os resíduos;
“Enfim, todo o processo do banho é funda- › Na finalização do banho com um con-
mental para a melhora do paciente. O sucesso do dicionador dermocosmético, pois ele se-

Fotos: divulgação e banco de imagens C&GVF


banho terapêutico não está somente no sham- la as cutículas, devolve nutrientes e dei-
poo medicamentoso e, sim, na utilização cor- xa a pele mais macia, prevenindo a adesão

OS DERMATOLOGISTAS E DERMATÓLOGOS
VETERINÁRIOS BRASILEIROS POSSUEM
UMA GRANDE VANTAGEM, PORQUE
NOSSOS PETS TOMAM BANHOS
SEMANAIS, EM SUA MAIORIA, E PODEMOS
NOS APROVEITAR DESSE HÁBITO PARA UTILIZAR
ESTRATÉGIAS TÓPICAS MAIS SEGURAS,
NÃO SÓ PARA O INDIVÍDUO, MAS PARA TODA A
SOCIEDADE. ESSE É PONTO CHAVE DA SAÚDE ÚNICA
SALUA CAROLINA CATANEO É MÉDICA-VETERINÁRIA DERMATÓLOGA
E GERENTE DE PRODUTOS SOFT CARE

caesegatos.com.br • 41
ESPECIALIDADE / neurologia

QUEM
É QUEM?
Neuropatias, miopatias e juncionopatias:
como diferenciá-las no dia a dia da clínica
› STHEFANY LARA, DA REDAÇÃO
Sthefany@ciasullieditores.com.br

A
clínica veterinária lhe re- sa, dependendo do agente causador, como
serva muitas dúvidas. Não exemplo a paralisia facial idiopática (lesão
é incomum você receber do nervo facial), grupos de nervos de uma
um paciente com sintomas mesma região como lesão do plexo bra-
de doenças neurológicas e quial, ou ainda, vários nervos de toda re-
ter incertezas sobre o diag- gião do corpo do paciente como a polirra-
nóstico. Dessa forma, con- diculoneurite aguda idiopática”, explica.
versamos com o médico-veterinário que atua Segundo ele, as juncionopatias são doen-
na área de Neurologia Veterinária das clínicas ças da junção neuromuscular, ou seja, a re-
Naya Especialidades, EVET, Hospital Pet Ca- gião que faz a conexão do nervo com o mús-
re, Mateus do Amaral Freitas, para diferen- culo. “A junção é formada por um neurônio
ciar as neuropatias, miopatias e juncionopa- pré-sináptico, que por meio do potencial de
tias, problemas que podem surgir na rotina. ação, ativa a vesícula sináptica a liberar o neu-
De acordo com Freitas, as neuropatias, rotransmissor (acetilcolina) na fenda sináp-
miopatias e juncionopatias são doenças do tica que efetuará sua ação ao receptor pós-
sistema nervoso periférico e localizadas em sináptico no órgão efetor. Alguns exemplos
regiões distintas, de diferentes etiologias de doenças pré-sinápticas são o botulismo,
(traumáticas, vasculares, neoplásicas, meta- a paralisia por carrapato e os acidentes ofí-
bólicas, infecciosas, hereditárias, entre ou- dicos. Com relação às doenças pós-sinápti-
tras). “As neuropatias contemplam doenças cas, tem-se como exemplo a miastenia gra-
e/ou problemas do funcionamento dos ner- vis e a intoxicação por organofosforados”.
vos. Os nervos podem ter origem no encé- Freitas explica que as miopatias são afec-
falo (denominados nervos cranianos) ou na ções e lesões nas fibras musculares. “Na prá-
medula espinhal (nervos espinhais). São for- tica clínica, as miopatias podem ser classifi-
mados por raízes nervosas que podem ser di- cadas em três grupos: 1) Miopatias inflama-
vididas: raiz nervosa dorsal (responsável pe- tórias (miosites) como exemplo a miosite de
la sensibilidade) e raiz nervosa ventral (res- etiologia infecciosa protozoária, miosite do
ponsável pela ação motora). As neuropatias músculo mastigatório de origem autoimune;
podem apresentar-se de forma focal ou difu- 2) Miopatias metabólicas (principalmente

42 • caesegatos.com.br
por desequilíbrio hormonal ou eletrolítico) patia periférica, de acordo com ele. “Depen-
como miopatia por diabetes mellitus, e hipo- dendo da suspeita, dosagens séricas de glice-
tireoidismo; e 3) Miopatias hereditárias co- mia, triglicérides e colesterol, eletrólitos (co-
mo distrofia muscular do golden retriever”. mo potássio), sorologias e PCR são mais im-
De acordo com ele, no dia a dia, as portantes para se direcionar o diagnóstico”.
doenças mais comuns são encefálicas ou A radiografia e a tomografia computa-
medulares. “As neuropatias são as doen- dorizada não são métodos sensíveis para se
ças mais habituais, dentre as causas neu- avaliar tecidos moles, mas podem auxiliar
romusculares, como as vestibulopatias indiretamente demonstrando lesões nos te-
perfiféricas e paralisia do nervo facial, cidos adjacentes ao nervo ou para o diag-
ambas de origem idiopática. As miopatias nóstico de megaesôfago. “O ultrassom pode
são raras, e as juncionopatias, mesmo con- ser utilizado para avaliação morfológica de
sideradas não tão frequentes, tem como alguns segmentos do plexo braquial e lom-
o botulismo causa comum dentre estas”. bossacro, mas dependem da experiência do
Freitas recorda que os agentes causadores examinador. A ressonância magnética tem se
de doenças nas três regiões neuroanatômicas mostrado o melhor método de imagem para
podem ser os mesmos ou diferentes, sendo o diagnóstico de doenças compressivas ou
as possíveis causas de base origem infeccio- neoplasias do nervo periférico e nas lesões
sa, vascular, neoplásica, traumática, imuno- de orelha média e interna, mas tem valor li-
mediada, metabólica, dentre outras. “Temos mitado nas demais causas de neuropatia”.
como exemplo a infecção por toxoplasmo- Já a eletroneuromiografia, explica Freitas,
se ou síndrome paraneoplásica, que podem é uma importante ferramenta para diagnósti-
afetar tanto o nervo como o músculo; ou co e prognóstico, pois é o método mais sen-
ainda agentes específicos que causam lesão sível e precoce de se detectar uma alteração
isolada para cada região, como miastenia nos nervos periféricos e nos músculos, pois
gravis (juncionopatias), miosite do mús- ela avalia a velocidade e a condução elé-
culo mastigatório (músculo) ou polirradi- trica do nervo e do músculo. “Na maioria
culoneurite idiopática (raízes nervosas). das vezes, são necessários exames de biop-
sia muscular ou do nervo para estabelecer
O DIAGNÓSTICO o local da lesão e, ocasionalmente, achar
Para Freitas, na teoria, o meio de diagnós- um agente causador e, mesmo assim, mui-
tico vai ser diferente e específico para cada tas vezes não conseguimos saber a causa”.
etiologia e região. “No entanto, na prática, Ele recorda que ainda existem exames mais
como os sinais neurológicos são semelhan- específicos como a mensuração de CK (creati-
tes, muitas vezes, a determinação é realiza- nina kinase) para doença muscular, anticorpo
da de uma forma mais abrangente, procu- antifibra 2M para miosite do músculo masti-
rando as possíveis causas. A abordagem do gatório, anticorpo anti-receptor de acetilcoli-
paciente com suspeita de doença periféri- na para mistenia gravis ou ainda para painel
ca inicia-se com a identificação do pacien- genético para doenças genéticas. “Não exis-
te, uma vez que a incidência de algumas te um protocolo fixo para a abordagem das
doenças são mais comuns em determinada doenças periféricas e, por isso, o seu diagnós-
espécie, raça, sexo e idade”, afirma e com- tico é um desafio para a clínica neurológica”.
pleta que a anamnese e o exame físico ge- A anamnese, o exame físico e o exame
ral devem ser minuciosos e englobar todos neurológico, em geral, devem ser minucio-
os sistemas, pois as doenças periféricas po- sos e englobar todos os sistemas, comen-
Foto: banco de imagens C&GVF

dem ser secundárias às doenças concorren- ta. “Primeiro, para saber se estamos dian-
tes, como infecções, hipotireoidismo, diabe- te de um caso neurológico; segundo, qual
tes mellitus, neoplasia e associadas a medi- o local da lesão: central (encefálo ou me-
camentos, traumas, intoxicações, cirurgias, dular) ou se estamos diante de um quadro
por aplicação intramuscular ou pós-vacinal. periférico. Se for um quadro periférico, de-
Os exames laboratoriais raramente são terminadas doenças são mais comuns em
úteis para se identificar a causa da neuro- algumas espécies, raças, sexo e idade”.

caesegatos.com.br • 43
ESPECIALIDADE / neurologia

Para Freitas, no caso do acometimento de

Foto: divulgação
um nervo craniano, a manifestação se dará
sobre a função do nervo acometido. “Como
exemplo, um animal que apresentou parali-
sia facial com perda da função desse nervo,
pode apresentar as seguintes manifestações
clínicas: queda (ptose) da pálpebra, dos lá-
bios e/ou da orelha. Diante do exame neuro-
lógico e visto a alteração, o próximo passo é
estabelecer a causa, procurando as doenças
mais comuns e realizando os exames com-
plementares. Os diagnósticos diferenciais
são: endocrinopatia, idiopática, infecciosa,
inflamatória ou neoplasia, entre outras. Po-
demos começar com exames menos invasi-
vos, como os laboratoriais (triglicérides, co-
lesterol, hormonais TSH e T4 Livre e sorolo-
gias para toxoplasmose e neosporose. Caso ne-
cessário, ressonância magnética e análise do lí-
quido cérebro espinhal, a fim de procurar cau-
sas inflamatórias ou neoplásicas que possam
causar inflamação ou compressão nervosa.
Descartando essas causas, por exclusão, po-
de-se estar diante de uma causa idiopática”.
Um outro exemplo dado por ele, é de um
animal que apresenta alteração nos quatro
membros. “No histórico e no exame neuroló-
gico podemos observar, muitas vezes, fraque-
za muscular, intolerância ao exercício, os re-
flexos espinhais podem estar diminuídos ou
ausentes, tono muscular mais flácido ou até
DAS DOENÇAS outro lado, o déficit de reações posturais, co-
mo reposicionamento do membro e saltita-
rígido, com atrofia ou até hipertrofia muscu- PERIFÉRICAS, mento, pode ocorrer tanto nas lesões perifé-
lar da região acometida. Frequentemente, de-
pendendo da etiologia e da região acometida,
AS MIOPATIAS ricas, como nas centrais. O comportamento
e o nível de consciência permanecem inal-
as alterações vão aparecer mais tardiamente”. SÃO RARAS, AS terados nos quadros neuromusculares”, co-
Se a lesão no sistema nervoso periférico for
multifocal, Freitas afirma que comumente há
JUNCIONOPATIAS NÃO menta Freitas e completa que, resumindo,
sempre que se atender um animal com dimi-
acometimento dos quatro membros apendi- TÃO FREQUENTES, PORÉM nuição dos reflexos nos quatro membros e/
culares e, até mesmo, dos nervos cranianos.
“Nos casos das neuropatias, normalmente, os
O BOTULISMO É O MAIS ou alguma alteração da função de um nervo
craniano, histórico de intolerância ao exer-
reflexos podem estar diminuídos ou ausentes COMUM DENTRE ESTAS. cício ou ainda fraqueza difusa, deve-se sus-
nos quatro membros, principalmente reflexo
patelar. O teste de reação postural, como da
JÁ AS NEUROPATIAS peitar que possa estar diante de uma afec-
ção do sistema nervoso periférico.
propriocepção, pode também encontrar-se SÃO AS DOENÇAS Sobre o tratamento, Freitas, afirma que
diminuído. Em alguns casos, até mesmo o
reflexo cutâneo do tronco pode estar ausen-
MAIS HABITUAIS, vai depender mais da suspeita do agente cau-
sador do que do local da lesão. “Dentre os
te por toda sua extensão. A atrofia muscular PRINCIPALMENTE DE NERVOS tratamentos, dependendo da possível cau-
neurogênica é comum e rápida em torno de
uma a duas semanas do início dos sintomas”.
CRANIANOS, COMO A sa, muitas vezes, são necessários a utilização
de antimicrobianos, anti-inflamatórios, re-
De acordo com ele, nas miopatias, os refle- VESTIBULOPATIA E PARALISIA posição hormonal, imunossupressores, in-
xos patelares e propriocepção são, geralmen-
te, normais. “Os reflexos flexores podem es-
DO NERVO FACIAL, AMBAS tervenção cirúrgica junto com reabilitação
e o uso de medicina integrativa. Por isso, os
tar diminuídos. A fraqueza generalizada é fre- DE ORIGEM IDIOPÁTICA exames procuram encontrar a etiologia para
quentemente evidente junto com intolerân- realizar o tratamento com maior eficácia”.
cia ao exercício. De regra, existe uma distri- MATEUS DO AMARAL FREITAS, Segundo ele, infelizmente, frequentemen-
buição bilateral simétrica dos sinais encon- MÉDICO-VETERINÁRIO QUE ATUA NA ÁREA te, os exames ajudam a excluir alguns agen-
trados. A dor muscular (mialgia) na palpação DE NEUROLOGIA VETERINÁRIA tes, mas não estabelecem a sua etiologia ou
pode ser encontrada em alguns casos”, diz. ainda, por custo, impossibilitam de serem rea-
“Nas juncionopatias, a fraqueza pode são normais. Existe uma tendência difusa lizados, não fechando o diagnóstico. “Nesses
estar presente (devido à interferência da dos sinais. A intolerância ao exercício po- casos, conversa-se com os tutores e realiza-se
comunicação do nervo e músculo). Os re- de ser observada em alguns casos”, explica. o diagnóstico terapêutico, no qual é instituído
flexos podem ser normais, diminuídos ou Embora a ataxia proprioceptiva pos- o tratamento para a possível causa na tentati-
ausentes dependendo do agente. O refle- sa ocorrer nas lesões periféricas, na grande va de chegar ao diagnóstico pela resposta fa-
xo patelar e propriocepção, geralmente, maioria dos casos é de origem central. “Por vorável ao tratamento realizado”, finaliza. ◘

44 • caesegatos.com.br
caesegatos.com.br • 45
FELINOS / abortamento

PREVENÇÃO
QUE SALVA VIDAS
Diversas doenças podem causar abortamento em gatas. É necessário orientar sobre a
importância de prevenção. E não se trata só de vacinas, mas de cuidados
› CATARINA MOSQUETE, DA REDAÇÃO
catarina@ciasullieditores.com.br

É
sempre falado sobre a impor-
tância da prevenção. E não à
toa. A ideia é que você, médico-
veterinário, seja sempre a fonte
de informação para o tutor. Is-
so porque diversas doenças não
oferecem cura e podem ser transmitidas
ao homem. Além disso, focamos agora
em quem ainda nem nasceu. Há doenças
que podem causar abortamento em gatas.
De acordo com a médica-veterinária e
professora da Pontifícia Universidade Cató-
lica (PUC-MG, campus Poços de Caldas),
Maria Alessandra Martins Del Barrio (Malê),
diversas doenças podem predispor o abor-
tamento em gatas, principalmente as infec-
ciosas. “Destaco as retroviroses, que são a
leucemia viral felina (FeLV) e a imunodefi-
ciência viral felina (FIV). Podemos ter as vi-
rais, como a rinotraqueite, causada pelo her-
pes vírus felino; o vírus da imunodeficiên-
cia felina; o da leucemia viral felina; a pan-
leucopenia felina e, ainda, a toxoplasmose
e a leishmaniose, doenças causadas por pro-
tozoários. Há, também, as causadas por bac-

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téria, como salmonelose e clamidiose”, diz.
Malê explica que pode haver outras causas

CASO TRATADO
que não as infecciosas, mas, normalmente, li-
gadas à administração de drogas, como anti-
progestagenos, e corticoides. E, segundo ela,
vale a pena considerar que vacinar uma fê-
mea durante a gestação, principalmente com GATA de 2 anos de idade, com acesso à são de quatro fetos. Realizada sorolo-
vacinas que contenham partículas vivas - que rua. Predadora. Sempre caça ratos. Tu- gia da mãe e PCR dos fetos. Sorolo-
é a maior parte -, pode causar abortamento. tora percebeu que estava engordando e gia reagente para Toxoplasma gondii tí-
mais sonolenta. Começou a apresentar tulo IgM 1:612 e PCR+ para T.gondii.
COMO OCORRE lambedura compulsiva da região vagi- A gata foi tratada com 12,5mg/
O ABORTAMENTO nal e presença de secreção serossan- kg de Clindamicina, a cada 12 ho-
Segundo a médica-veterinária, a gestante guinolenta, com subsequente expul- ras, durante 28 dias. ◘
entra em contato com o agente que, mi-

Fotos: banco de imagens C&GVF e divulgação


grando pela circulação, chega à placenta e
causa uma inflamação placentária, a pla-
centite. “Ela promove descolamento da
placenta e o abortamento acontece. Alguns
outros agentes, no entanto, como Salmo-
nela spp., Toxoplasma gondii e Parvovírus,
podem infectar os fetos, causando disfun-
ções. Por exemplo, o parvovírus pode cau-
sar uma inflamação cardíaca nos fetos no
terço final da gestação, levando-os a óbito.
Toxoplasma pode causar alterações impor-
tantes em diversos sistemas, então pode-
mos ter fetos com más-formações incompa-
tíveis com a vida, como a anencefalia, que
é quando não forma o encéfalo”, comenta.

É POSSÍVEL IDENTIFICAR
A CAUSA DO ABORTAMENTO?
De acordo com Malê, pode ser difícil. O mé-
dico-veterinário deve estar preparado para
conhecer quais são os riscos epidemiológi-
cos de cada uma dessas doenças e, quando
estiver atendendo o tutor, realizar um ques- Paciente foi diagnostica com toxoplasmose após abortamento de quatro fetos (foto abaixo)
tionamento completo para triar o que vai tes-
tar primeiro. “O que podemos fazer é o teste
rápido de FIV e FeLV, além de sorologia pa-
ra toxoplasmose. As fêmeas que abortaram
por causa de toxoplasmose têm que apresen-
tar um tipo de imunoglobulina que se chama
Imunoglobulina M (IgM). Se a IgM for alta
nas que abortaram, já sabemos que toxoplas-
mose foi a causa do abortamento”, esclarece.
No caso da panleucopenia, normalmen-
te, as fêmeas que abortam por causa dela,
apresentam alterações no exame de sangue,
que são características. Há também um teste
para pesquisa de parvovírus, o causador da
doença. “Temos a possibilidade da pesqui-
sa de todos os agentes infecciosos comenta-
dos, da salmonela, do Parvovírus, do Toxo-
plasma, de FIV, FeLV, Leishmania, se reali-
zarmos a PCR, que é a reação em cadeia de
polimerase do feto que foi abortado. O único
problema é que, geralmente, isso acaba sen-
do descartado pelo tutor ou não é mantido
em condições estéreis. Então, muitas vezes,
a contaminação da amostra pode compro-
meter esse tipo de elucidação”, afirma Malê.
Segundo ela, eventualmente, as secre-
ções, chamadas de ‘lóquios’, que estão

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FELINOS / abortamento

contidas no útero da mãe e são eliminadas sentar outros sintomas de toxoplasmose.

Foto: divulgação
pela vagina, podem servir para pesquisa, Com relação à panleucopenia, Malê ex-
mas, muitas vezes, pode haver falha, pois o plica que o portador irá eliminar o vírus na-
agente infeccioso pode estar restrito apenas turalmente. Já a clamidiose deve ser trata-
à placenta, ao cordão umbilical ou ao feto. da com o antibiótico chamado doxiciclina,
por um período de quatro a oito semanas.
DOENÇAS SILENCIOSAS
De acordo com Malê, por vezes, o único sinal PREVENÇÃO
de que a gata possui uma das doenças é o abor- As doenças podem, na maior parte das ve-
tamento. “Uma fêmea infectada com herpes ví- zes, ser prevenidas com processo de vacina-
rus, clamídia, salmonela, toxoplasma, FIV, FeLV, ção, de acordo com Maria Alessandra. Leu-
leishmania, às vezes tem só a manifestação clí- cemia viral felina, herpesvirose felina, pan-
nica do abortamento, porque, geralmente, é leucopenia e clamidiose podem ser evitadas
infectada no momento em que está gestante. ou atenuadas com os processos de imuni-
A primeira manifestação será essa”, pontua. zação. “Conseguimos um efeito profilático
Segundo ela, não há como fazer identifi- com a imunização. Mas a vacina nunca pro-
cação da doença porque não apresentam di- tege 100%. Para panleucopenia e herpes-
ferenças entre elas. “O que precisamos lem- virose, vale a vacina tríplice. Para as duas,
brar é que animais que costumam ter aces- associado à clamidiose, a vacina quádru-
so ao meio externo e caçam ratos têm uma pla e, se além disso quiser imunizar contra
chance grande de ter toxoplasmose. Ani- leucemia viral felina, a vacina quíntupla. Po-
mais que têm contato com muitos gatos têm rém, só se vacina contra leucemia viral feli-
chances de FIV, FeLV, panleucopenia, her- na os indivíduos que tenham realizado o tes-
pes vírus, clamídia e salmonela. E leishma- te e sejam negativos para a doença”, instrui.
nia está presente pelo Brasil inteiro”, desta- No caso da leishmaniose, não há vacina
ca Malê. Por isso, a importância de enfatizar voltada para felinos, mas o mecanismo pro-
a prevenção, não só em relação às vacinas, filático é uma coleira repelente. “Gatos que
mas aos cuidados que os tutores devem ter moram em regiões endêmicas ou em que ha-
em relação aos gatos domiciliados. ja notificações de leishmaniose, devem ficar
encoleirados. Com relação à salmonelose, é
É POSSÍVEL TRATAR? só tomar cuidado com as fontes de alimen-
Após o diagnóstico, em relação ao aborta- to e, com a toxoplasmose, não permitir que
mento, não há o que possa ser feito, por- o gato coma alimentos cárneos que não te-
que ele já ocorreu. Existem algumas doen- nham sido previamente congelados por um
ças que podem ficar presentes em algumas período de três a cinco dias”, orienta malê.
fêmeas e migrar na circulação por longos Com relação ao prognóstico, Malê desta-
períodos, causando abortamento em suces- ca que depende da apresentação clínica do
sivas gestações, conforme Maria Alessan- O QUE paciente. Os sintomas mais graves podem ter
dra. “Leishmaniose e clamidiose são exem- PRECISAMOS um prognóstico pior e levar à morte. Sinto-
plos. O ideal seria fazer identificação e o mas mais brandos ou, às vezes, só o abor-
tratamento dos pacientes, se possível”, diz. LEMBRAR É tamento, ter um prognóstico mais positivo.
Leucemia viral felina e imunodeficiên- QUE ANIMAIS
cia viral felina não têm tratamento, segun- RESPONSABILIDADE
do Malê. “Os animais podem apresentar de- QUE COSTUMAM TER ACESSO DO PROFISSIONAL
senvolvimento de imunodeficiência, tumo- AO MEIO EXTERNO, QUE “A Medicina Veterinária tem um papel mui-
res, como linfomas ou leucemias. As doen- to importante também na prevenção. Pre-
ças que apresentarem por conta da imunos- CAÇAM RATOS, TÊM UMA venção é vacinar, para deixar os pacientes
supressão ou dos quadros tumorais, tratamos, CHANCE GRANDE DE TER protegidos, mas vai muito além disso. É
mas o tratamento específico para os vírus, necessário orientar o tutor, isso é educação
apesar de existir, é proibido no Brasil”, expõe. TOXOPLASMOSE. ANIMAIS continuada. Eu preciso falar para ele o que
Herpesvirose felina e leishmaniose felina QUE TÊM CONTATO COM é certo e o que é errado, para que tome as
não têm cura. “O que conseguimos, no caso medidas mais adequadas para manter a sa-
do herpes, é diminuir a carga viral do indiví- MUITOS GATOS TÊM CHANCES nidade dos pacientes. Não podemos ser co-
duo, mas um grande número de gatos persis- DE FIV, FELV, PANLEUCOPENIA, niventes com manejos errôneos, que colo-
te como portador a vida inteira. O tratamento quem em risco a vida dos animais, então to-
pode ser realizado com antivirais. Leishma- HERPES VÍRUS, CLAMÍDIA do alerta deve ser dado. Apesar de as pes-
niose conseguimos redução da carga parasitá- E SALMONELA. E LEISHMANIA soas terem uma dificuldade muito grande de
ria do indivíduo e controle clínico”, diz Malê. aceitação com relação a isso, posse respon-
Segundo ela, a toxoplasmose pode ser tra- ESTÁ PRESENTE PELO sável é manter o animal domiciliado. Man-
tada com antibióticos, porém, um indivíduo BRASIL INTEIRO tê-los dentro de casa os protege do acesso
que seja infectado dificilmente terá cura para- a agentes infecciosos que podem ser extre-
sitária, pode formar cistos teciduais e, se tiver MARIA ALESSANDRA MARTINS mamente deletérios para a qualidade de vi-
qualquer causa de imunossupressão, ao lon- DEL BARRIO, MÉDICA-VETERINÁRIA da. Isso faz parte de uma medicina preven-
go da vida pode reativar a infecção e apre- E PROFESSORA DA PUC-MG tiva”, finaliza Maria Alessandra. ◘

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caesegatos.com.br • 49
NUTROLOGIA / dieta

ALIMENTAÇÃO
DE FELINOS:
TEMPO E

Foto: banco de imagens C&GVF


FREQUÊNCIA IDEAL
› TIME DE INOVAÇÃO DA MARS PETCARE

C
onselhos conflitantes sobre a ma- parado para a alimentação que receberá. SE O GATO INGERIR
neira correta de alimentar os feli- Não é recomendável manter a tigela cheia TODO ALIMENTO
nos: seria uma vez por dia, duas a vontade, pois esse manejo pode levar a DA REFEIÇÃO COMO
vezes por dia, apenas manter a alterações metabólicas como a obesidade. DEVERÁ SER REALIZADO
tigela cheia? Qual o melhor horá- O MANEJO ALIMENTAR?
rio para oferecer alimento a eles? A RECUSA DOS HÁBITOS Alguns gatos realmente podem regular
Alimentar gatos corretamente não tem se- ALIMENTARES PODE SER sua ingestão de alimentos de forma pre-
gredo. Ao reconhecer alguns conceitos e atribu- UM SINAL PATOLÓGICO cisa. Mesmo assim é uma boa ideia criar a
tos-chave da espécie, podemos criar um plano Quando os gatos comem regularmente, esse rotina e a expectativa pelas refeições. Isso
de alimentação bastante razoável para eles. hábito se torna forte. É fácil ver rapidamente ajudará a tornar mais fácil se outro animal
se todo o alimento oferecido naquela refeição de estimação for adicionado à família fu-
GATOS SÃO foi consumido. Se restar comida, seja toda turamente. Para quem fornece o alimento
ANIMAIS DE HÁBITOS ou parte do ofertado, é um sinal importante diariamente ao animal, basta medir a
Podemos usar esse fator como vantagem, de que algo está errado e é hora de agendar porção diária de alimento pela manhã e
criando horários regulares para oferecer uma consulta com um médico-veterinário. oferecer a tigela várias vezes ao longo do
alimentos a eles. Alimentar gatos adultos em dia. Importante escolher horários regulares
horários regulares fornece a segurança e a FORNECIMENTO para criar a rotina que é bastante útil. O
previsibilidade de uma rotina. As refeições DE ALIMENTO importante é usar a porção ideal. Com um
se tornam um evento essencial do dia a dia e PARA FILHOTES copo medidor ou uma balança de precisão
torna as outras atividades complementares. Proporcionar alimentação de forma livre, é fácil administrar a quantidade correta.
A rotina alimentar ajuda o animal a li- deixando o filhote comer à vontade, é
dar com as mudanças no ambiente familiar chamado de alimentação 'ad libitum' ou QUANTIDADE
(por exemplo, a chegada de um novo inte- 'escolha livre'. Isso não é recomendado, IDEAL DE ALIMENTO
grante na família, a ausência dos tutores no pois pode resultar na obesidade juvenil, PARA O DIA
período de férias, entre outros benefícios). incentivar a compulsão alimentar e também Outra consideração é o uso de brinquedos
A rotina na alimentação facilita as mudan- preparar o cenário para alguns problemas or- alimentares. Existem muitas opções, desde
ças necessárias. Quando o animal está acos- topédicos, diabetes, entre outras alterações. rolar brinquedos que simplesmente deixam
tumado a comer no mesmo horário todos os Se alimentar acima do necessário em qual- cair uma quantidade do alimento intermi-
dias, o organismo dele se condiciona a receber quer refeição, também pode causar descon- tentemente, até brinquedos estacionários
alimento e metabolizar no horário previsto. forto e inchaço, causando uma digestão mais que exigem que o gato trabalhe pela comida.
Oferecer refeições em horários regu- lenta. É reconhecido que os gatos possuem Os brinquedos alimentares são quase tão di-
lares também facilita a transição para um "ponto de ajuste" geneticamente determina- vertidos para os tutores quanto para os gatos.
novo alimento de forma fácil e direta. do para o tamanho adulto. Um crescimento O médico-veterinário continua sendo
mais lento e controlado de gatinhos otimiza a melhor fonte de orientação nutricional
A ANATOMIA DO ESTÔMAGO a boa condição corporal na idade adulta. para os pets, respondendo a perguntas im-
DOS FELINOS É SIMPLES, portantes, como o tipo de alimento ideal,
ASSIM COMO A DOS HUMANOS QUANTIDADE DE quantidade e qual a frequência alimentar. O
Como os gatos possuem uma estrutura sim- REFEIÇÕES POR DIA tempo de alimentação pode ser um período
ples do estômago, uma vez que o estômago O número de refeições que um gato come importante de ligação. Criar horário regula-
está cheio de comida, ele esvazia dentro de por dia depende completamente da progra- res e rotineiros cria diversão e conexão com
algumas horas à medida que o alimento se mação da família. Os gatos devem comer os pets nas atividades diárias. ◘
move para o intestino delgado. Após oito pelo menos duas refeições por dia, com cerca
a dez horas, o estômago vazio começa a de 12 horas de intervalo. Mas se for possível Referências bibliográficas
enviar sinais ao cérebro, estimulando uma oferecer ao animal a quantidade de alimento Ryan Llera, BSc, DVM; Robin Downing, DVM,
DAAPM, DACVSMR, CVPP, CRPP
resposta à fome. Por esse motivo, pelo me- necessária fracionada cinco vezes ao dia, será © Copyright 2019 LifeLearn Inc. Used and/or
nos duas refeições por dia são necessárias. uma ótima opção. Se transcorrerem mais de modified with permission under license
Os horários regulares de alimentação 12 horas entre as refeições, o estômago pode https://vcahospitals.com/know-your-pet/feeding-
permitem que o corpo do gato esteja pre- se tornar hiperácido, causando náuseas. -times-and-frequency-for-cats

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NUTROLOGIA / porte

Foto: banco de imagens C&GVF


COMBINAÇÃO
chon frisé, lhasa apso e yorkshire terrier
(Houston et al., 2009). O alimento úmido,
por conter de 60-87% de água, contribui pa-
ra a reposição hídrica e, consequentemen-

PERFEITA
te, promove a diluição urinária auxiliando
em prevenir a formação do cálculo urinário.
Os cães pequenos têm tendência ao ganho
de peso e um apetite seletivo ou exigente. Para
esses animais, o fornecimento da alimentação
úmida completa e balanceada é fundamen-
Características dos cães pequenos e benefícios do alimento úmido tal, uma vez que esses alimentos são mais
palatáveis, menos calóricos que os secos
› NATALIA BIANCHI LOPES e contribuem para a saciedade do animal.

C
A alimentação úmida deve ser ofereci-
ães de porte pequeno, que pe- al., 2004; Houston et al., 2009). Essa maior da em combinação com a alimentação seca.
sam até 10 kg quando adultos, predisposição pode ser explicada pelo me- Cães aceitam ambos os tipos de alimentos,
representam mais de 50% da po- nor volume de urina produzida por estes úmido e seco, misturados ou fornecidos se-
pulação canina no Brasil. Esses cães e menor frequência na micção, levan- paradamente. O mais importante é seguir as
animais possuem características do a um maior tempo de retenção uriná- recomendações da tabela de racionamento
anatomofisiológicas peculiares que aumen- ria na bexiga (Ling et al., 1998; Stevenson que informa a quantidade ideal de cada tipo
tam sua predisposição à formação de cál- et al., 2001). A observação de que deter- de alimento a fim de atender às necessida-
culos urinários, possuem apetite exigen- minadas raças de cães estão em risco para des nutricionais diárias dos cães. ◘
te e tendência à obesidade e constipação. a formação de cálculos suporta a hipóte-
O sistema digestório de cães apresenta se de que alguns fatores ligados à urolitía- Referências bibliográficas
variações de acordo com o porte e, até mes- se são herdados. Cálculos de estruvita são HOUSTON, D. et al. Canine and feline urolithiasis:
mo, raça. Cães de pequeno porte possuem frequentemente diagnosticados em fêmeas examination over 50,000 urolith submissions to the
Canadian Veterinary Urolith Centre from 1998 to
um tempo de trânsito colônico (TCC) qua- de raças pequenas (até 10 kg quando adul- 2008. Can Vet J, v. 50, p. 1263 -1268, 2009.
tro vezes menor que cães grandes, o que re- tas) e dentre as raças mais afetadas estão bi- HOUSTON, D. et al. Canine urolithiasis: a look at
duz o processo fermentativo e torna, con- chon frisé, schnauzer miniatura, shih tzu over 16,000 urolith submissions to the Canadian ve-
sequentemente, a consistência fecal mais e pequinês (Low et al., 2010). Cálculos de terinary urolith centre from February 1998 to April
firme ou ressecada. O alimento úmido pa- oxalato de cálcio são muito comuns nas 2003. Can Vet J, v. 45, p. 225 – 230, 2004.
ra cães de porte pequeno, por ser de ele- raças bichon frisé, shih tzu, lhasa apso, LING, G. V. et al. Urolithiasis in dogs II: Breed prevalen-
ce and interrelations of breed sex age and mineral com-
vada digestibilidade ou aproveitamento e yorkshire terrier e schnauzer miniatura position, Am J Vet Res, v. 59, n. 5, p. 630 – 642, 1998.
conter proteínas e fibras de alta qualida- (Houston et al., 2004; Low et al., 2010; STEVENSON, A. E.; MARKWELL, P. J. Compari-
de e em quantidades ideais, contribui para Lekcharoensuk et al., 2000). Em estudo son of urine composition of healthy Labrador Re-
o TCC adequado, evitando a constipação. conduzido no Canadá, 60% dos cálcu- trievers and Miniature Schnauzers. Am J Vet Res,
Cães de raças pequenas tendem a de- los analisados eram de cães de raças pu- v. 62, n. 1, p. 1782 – 1786, 2001.
senvolver urolitíase com maior frequência ras pequenas, e as cinco mais acometidas LOW, W. W. et al. Evaluation of trends in urolith
composition and characteristics of dogs with uro-
do que cães de raças grandes (Houston et foram shih tzu, schnauzer miniatura, bi- lithiasis: 25,499 cases (1985-2006). J Am Vet Med
Assoc, v. 236, n. 2, p. 193-200, 2010.
LEKCHAROENSUK, C.; LULICH, J. P.; OSBORNE,
A OBSERVAÇÃO DE QUE DETERMINADAS RAÇAS DE C. A. et al. Patient and environmental factors associa-
ted with calcium oxalate urolithiasis in dogs. J Am
CÃES ESTÃO EM RISCO PARA A FORMAÇÃO DE Vet Med Assoc, v. 217, p. 515-519, 2000.
CÁLCULOS SUPORTA A HIPÓTESE DE QUE ALGUNS Natalia Bianchi Lopes é Scientific Head
FATORES LIGADOS À UROLITÍASE SÃO HERDADOS da Royal Canin do Brasil

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PET FOOD / comparação

ALIMENTOS
GRAIN FREE:
REALMENTE SÃO
MAIS SAUDÁVEIS?
› LUCIANA DOMINGUES DE OLIVEIRA
E CAMILA BAPTISTA DA SILVA

O
que são alimentos grain pelos tutores como mais “natural” aos pets, geral dos alimentos. Juntos, os ingredientes
free e quais são suas princi- incluindo a ausência de conservantes, co- precisam ser combinados para fornecer um
pais diferenças em relação a rantes, aromatizantes e aditivos sintéticos. perfil completo de nutrientes para o pet, sem
outros tipos de alimentos? excessos ou deficiências que possam causar
Os alimentos grain free, ou Mas essas características dos alimentos doenças ao animal. Certamente é possível
livre de grãos, atualmente, grain free realmente os tornam melhores que dietas sem grãos forneçam esse tipo de
são muito populares no mercado pet e não para cães e gatos? Embora seja verdade nutrição completa. No entanto, essas dietas
levam cereais como arroz, milho, sorgo, que muitos animais de estimação tenham se não são a única opção, ou mesmo necessaria-
soja, trigo ou cevada em sua composição. dado bem com dietas sem grãos, mente a melhor opção, para cada
Como fontes de carboidratos, recebem em também é verdade que essas animal de estimação. Não existe
sua composição batata, batata doce, man- dietas foram desenvolvidas uma dieta ou tipo de dieta que
dioca, ervilha, lentilha, entre outros. No mais em resposta à preferência seja perfeita para todos os pets. Em
entanto, é importante não supor que uma dos tutores (ou seja, humana) outras palavras, nenhum alimento
dieta isenta de grãos seja, necessariamente, do que às reais necessidades é uma solução nutricional única.
uma dieta pobre em carboidratos. De fato, nutricionais dos pets. Nutri-
existem rações grain free nas quais os teores cionalmente, o aspecto mais O alimento grain free é mais
de carboidratos são semelhantes às dietas importante de um alimento “natural” para cães e gatos?
regulares com grãos. Entretanto, indepen- para animais de estimação é se ANOTE Os defensores de dietas sem
dente dos teores de carboidratos das rações ele fornece nutrição completa Juntos, os grãos afirmam que os grãos não
grain free, podemos verificar um aumento e balanceada. Se o alimento ingredientes são uma fonte natural de car-
da quantidade e qualidade de proteínas e contiver excessos ou deficiên- precisam ser boidratos para nossos animais
gorduras, quando comparados aos alimen- cias de nutrientes essenciais, combinados para de estimação. Eles argumentam
tos regulares. Uma atenção especial também o animal terá sua saúde pre- fornecer um perfil que os ancestrais de nossos cães
costuma ser dada à inclusão de frutas, legu- judicada. Este conceito é ver- completo de e gatos não comiam grãos na
mes e ingredientes funcionais, de forma que dadeiro, independentemente nutrientes para o natureza. O que se pode argu-
essas rações tendem a ser, em sua maioria, de o alimento conter grãos ou pet, sem excessos mentar é que, da mesma forma,
alimentos chamados de “Ultrapremium” por não. Cada ingrediente da dieta ou deficiências os ancestrais de nossos cães e
terem um maior apelo pela saudabilidade da fornece um conjunto exclusivo que possam causar gatos também não comiam ba-
alimentação, que tende a ser considerada de nutrientes para a composição doenças ao animal tatas ou outros tubérculos. Na

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Fotos: banco de imagens C&GVF
verdade, os ancestrais selvagens de nossos U.S. Food and Drug Administration (FDA) o importante é recomendar alimentos de
pets comiam presas e os carboidratos que tem reportado muitos casos de CMD em empresas conceituadas, de modo a garantir
consumiam era o conteúdo estomacal delas, cães alimentados com rações grain free, uma alimentação adequada ao pet. Vale
além de frutos silvestres, entre outras coisas. principalmente as que usam batata. No ressaltar, aqui, que o governo americano
Ou seja, batatas e outras formas de carboidra- entanto, os casos de CMD relacionados ainda não chegou a uma conclusão sobre a
tos que fornecemos atualmente não são mais com a alimentação não se limitam ao uso de causa-efeito das rações grain free e a CMD.
"naturais" para nossos animais de estimação rações sem grãos, já que rações com lentilha,
do que seriam os grãos. Felizmente, nossos ervilha, grão-de-bico e outras leguminosas CONSIDERAÇÕES FINAIS
animais de estimação evoluíram para poder também já foram reportados. Entretanto, O uso de uma dieta grain free é uma opção
digerir grãos, bem como muitas outras fontes relação entre a alimentação e a doença ainda legítima para um animal de estimação e ser-
de carboidratos que damos atualmente. não foi esclarecida e o governo americano ve para atender a demanda de tutores cada
está trabalhando junto a pesquisadores para vez mais exigentes com relação à nutrição
Os alimentos grain free são melhores pa- identificar o motivo. Especula-se que a CMD de seus animais de companhia. No entanto,
ra animais alérgicos? A suposição de que tenha relação com a deficiência de taurina, deve ficar claro que o uso de rações grain free
dietas sem grãos são melhores para animais que em cães é sintetizada a partir dos ami- é nutricionalmente comparável a rações com
com alergias alimentares é outro equívoco noácidos cisteína e metionina, adquiridas da grãos de mesmo segmento de qualidade. ◘
popular do qual muitos donos de animais alimentação. Embora os cães, geralmente,
são vítimas. O milho e o arroz não estão não tenham necessidade de taurina, uma
Luciana Domingues de Oliveira,
entre os alérgenos mais comuns encontra- maior quantidade de fibras na dieta e um au- médica-veterinária, Mestra e Doutora
dos em animais alérgicos. De acordo com mento nas quantidades de proteínas vegetais na área de Nutrição de Cães e Gatos pela
pesquisas disponíveis, algumas das fontes podem levar a concentrações inadequadas UNESP/Jaboticabal. Clínica e Consultoria
mais prováveis de causar alergia alimentar dos precursores de taurina, causando sua na área de Nutrição de cães e gatos.
são: carne bovina, carne de frango, laticínios, deficiência. Ainda não se sabe muito sobre Contato: luciana.nutrivet@yahoo.com
ovo, peixe, soja, trigo, cordeiro e cevada. a conexão entre a dieta e a CMD em cães, Camila Baptista da Silva,
mas a formulação de alimentos para animais médica-veterinária, ex-residente em
Nos Estados Unidos foram relacionados de estimação é um processo complicado Nutrição de Cães e Gatos pela UNESP/
casos de cardiomiopatia dilatada (CMD) que envolve a interação de muitos ingre- Jaboticabal. Residente de Nutrição
em cães ao uso de rações grain free, dientes. De qualquer forma, independente Animal pelo ECVCN/Ghent.
é verdade? Sim, desde julho de 2018, o do uso de uma ração regular ou grain free, Contato: camila_bds@hotmail.com

caesegatos.com.br • 55
COBERTURA / CBDV

CONHECER,
do CBDV, Mary Marcondes, afirma que a es-
colha dos temas a serem abordados, se deu
após sucessivas reuniões da comissão cien-
tífica. “Foram colocados vários temas de in-
teresse e, a partir de votação, elegeu-se aque-

ATUALIZAR
les de maior demanda atualmente”, explica.
Ainda segundo ela, a ideia é sempre atuali-
zar o médico-veterinário. “Os temas que con-
tinham mais novidades em relação ao con-
gresso anterior, foram incluídos. O nosso nor-
te foi justamente, o que há de novo”, afirma.

E APLICAR
Mary destacou os fóruns de alergia que
aconteceram durante o 2º CBDV. “Temos
muitos novos ativos nesta área, o que pos-
sibilitou vários interessantes debates. Ou-
tro diferencial foram as comparações das
enfermidades que ocorrem tanto na espé-
Médicos-veterinários buscam conhecimento sobre a Dermatologia cie humana, como nos animais. O profes-
Veterinária no principal congresso da especialidade, realizado pela SBDV sor Beni Grinblat, médico do Hospital das
Clínicas da Universidade de São Paulo e
› STHEFANY LARA, DE CAMPOS DO JORDÃO (SP) do Albert Einstein, mostrou técnicas utili-
sthefany@ciasullieditores.com.br zadas nas neoplasias cutâneas e que, tam-

A
bém, podem ser empregadas na Medicina
Veterinária. Ainda, a respeito da Dermato-
atualização é uma ferra- de outubro, na cidade de Campos do Jor- logia nas diversas espécies, os animais de
menta importante para o dão (SP), organizado pela Sociedade Brasi- grande porte (equinos), as aves e, também,
médico-veterinário. Bus- leira de Dermatologia Veterinária (SBDV). os ditos não convencionais foram temas
car informações permite O Congresso Brasileiro de Dermato- de várias palestras. Até porque é crescen-
que ele possa realizar Me- logia Veterinária (CBDV) reuniu cerca te a demanda pelos serviços prestados aos
dicina Veterinária de ex- de 700 participantes (89% dos seus as- pets exóticos, tais como répteis”, recorda.
celência. E uma das mis- sociados, inscritos de 23 Unidades Fe- Por fim, ela comenta que, após a rea-
sões das associações, sociedades e colégios derativas Brasileiras, afora estrangeiros lização de um primeiro congresso muito
é: manter os profissionais atualizados diante provindos de seis países), que, nos três bem-sucedido, foi, por óbvio, uma con-
de conteúdo de alta qualidade e, para isso, dias de evento, puderam aprender muito sequência a ideia de uma segunda edição.
existem os congressos. Um deles, de grande mais sobre a especialidade, que represen- E, mesmo tendo feito parte da organiza-
importância para a especialidade, aconte- ta a maior casuística na rotina veterinária. ção de ambos, nesse último como presi-
ceu (em sua segunda edição) entre 22 e 24 A presidente da comissão organizadora dente, os afazeres foram imensos. “Traba-

56 • caesegatos.com.br
lhamos muito e, chegando aqui, acredito ainda melhor que o primeiro”, conta. rias outras especialidades com enfoque em
que houve progresso no que já acreditá- Ele recorda que muitos médicos-veteri- Dermatologia. Então, tudo que possui in-
vamos ser ideal. Foi perceptível a satisfa- nários presentes ao 2°CBDV não trabalham teração com a mesma, foi trazido para o
ção dos expositores, os elogios quanto ao exclusivamente com a Dermatologia, mas a Congresso. Isto é, não só a Dermatologia
conteúdo das palestras, grade de progra- maior parte da casuística da clínica do dia a clínica de pequenos animais deve ser con-
mação científica e da organização. Então dia envolve a especialidade. Além, é claro, templada, mas, sim, um enfoque multi es-
penso eu que, no geral, conseguimos o que dos que se dedicam exclusivamente a ela. pécie deve nortear a atuação de um verda-
queríamos. Estamos comentando de, nu- “Procuramos contemplar no evento vá- deiro dermatólogo veterinário ”, finaliza. ◘
ma próxima edição, aprimorar ainda mais.

Fotos: C&G VF e divulgação


A ideia é implantá-lo a cada gestão trienal,
por conta de atualização e, para que não se
torne por demais repetitivo. Ou seja, para
que as pessoas venham e não encontrem
os mesmos temas sendo abordados”, diz.
O presidente da SBDV, Luis Eduardo
Lucarts, afirma que o maior desafio foi
superar o primeiro Congresso, que já ha-
via sido bastante exito-
so. “Alcançamos a ca-
Luis Eduardo
pacidade máxima do Lucarts,
centro de eventos. Em presidente da
relação à feira, a recep- SBDV, e Mary
tividade das 19 empre- Marcondes,
sas patrocinadoras, foi presidente
da comissão
imediata. Pelo menos, organizadora
em minha opinião, foi do CBDV

TRATADO DA
DERMATOLOGIA
VETERINÁRIA
DURANTE o congresso, os médicos-
veterinários professor Carlos Eduardo
Larsson e Ronaldo Lucas, autores do li-
vro Tratado de Medicina Externa - Der-
matologia Veterinária, realizaram o lan-
çamento da segunda edição da obra.
A nova edição revisada e amplia-
da, conta com mais de 1200 páginas
e 1700 fotos, para auxiliar tanto os
profissionais dermatólogos, como os
estudantes de Medicina Veterinária a
aperfeiçoarem seus conhecimentos.

Adriane Pimenta da Costa Val Bicalho, recebeu o título de sócia honorária da SBDV, e
Tamine Palaoro Pereira, filha da homenageada Eliane Cristina Palaoro Pereira, falecida em 2017

AS HOMENAGENS
pital Veterinário da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), Adriane Pimenta da Costa Val Bica-
lho, que recebeu o título de sócia honorária da SBDV.
ASSIM como na primeira edição do congresso, este Já a segunda homenagem prestou-se a profes-
ano foram homenageadas profissionais que fizeram sora sócio-fundadora da SBDV e conselheira da so-
história dentro da Dermatologia Veterinária. A pri- ciedade na gestão de 2000-2006, Eliane Cristina
meira homenageada foi a médica-veterinária, che- Palaoro Pereira, falecida em 2017. A homenagem
fe do Serviço de Dermatologia Veterinária do Hos- foi recebida pela sua filha, Tamine Palaoro Pereira.

caesegatos.com.br • 57
COBERTURA / fórum

MUDAR
Evento
aconteceu
em São Paulo
(SP) e reuniu
mais de 200

O ESTIGMA
profissionais

Royal Canin realiza 3ª edição de seu Fórum Internacional


e reúne centenas de médicos-veterinários para falar sobre
alguns temas relevantes, entre eles, a obesidade

R
› STHEFANY LARA, DE SÃO PAULO (SP)
sthefany@ciasullieditores.com.br

eunir cerca de 200 médicos-veteriná- da medicina-veterinária, mas temos evidên-


rios em um domingo para debater te- cias que o mesmo estigma existe”, afirma.
mas relevantes à clínica veterinária é Segundo German, que estuda a obesidade
algo que a Royal Canin consegue fa- há 20 anos, hoje temos um dos piores cenários
zer há alguns anos, em seu Fórum In- do problema, apesar dos esforços. “É muito se-
ternacional. Neste ano, o dia escolhido melhante ao que vemos em humanos. O mais
foi 27 de outubro, no Hilton, na capital paulista. preocupante é que avaliamos cães em crescimen-
O diretor de Vendas da Royal Canin Brasil, to com menos de dois anos e, até mesmo nes-
Carlos Martella, deu as boas-vindas aos profis- ta população, 37% já estavam com sobrepeso”.
sionais que estiveram no encontro. “Estamos E como fazer com que os pets possam se
aqui para fazer uma das coisas que é o DNA da movimentar mais para reduzir os casos de
Royal Canin: compartilhar conhecimento. O obesidade? De acordo com ele, em relação
médico-veterinário tem um papel fundamen- aos felinos, sempre
tal em nossa estratégia. A empresa não exis- perguntar aos tutores
te sem esses profissionais, pois, por meio de- se podem gastar dois “Para os tutores
que realmente
les, conseguimos transmitir aos tutores todo minutos a mais do querem dar algo
o diferencial nutricional que temos”, afirma. seu tempo com o ani- diferente, meu
Outro ponto importante destacado por Mar- mal. “Com cães é mais conselho é mudar
tella, e que faz parte da missão da Royal Canin, difícil, pois temos um por algo de baixa
caloria“, aconselha
é fazer um mundo melhor para os pets. “E por desafio ainda maior. Alex German,
quê? Porque eles fazem o nosso mundo me- A maioria dos tuto- professor da
lhor”, afirma. Ao longo do dia foram debati- res passeia com seus Universidade de
dos temas relevantes, como a obesidade, a rela- pets, e o que indica- Liverpool
ção pet e família, além do conceito Cat Friendly. mos é que encontrem
Para falar sobre obesidade, esteve na 3ª uma maneira de aumentar o nível de ativida- te, meu conselho é mudar por algo de baixa
edição do Fórum o médico-veterinário pro- de. Se passeiam por 20 minutos, podem pas- caloria. Ao longo dos anos, a melhor opção
fessor da Universidade de Liverpool, Alex sar a caminhar por 30, por exemplo. E, para que encontrei para usar como petiscos são
German. Segundo ele, muitos estudos do o peso, o mais importante é a dieta”, explica. os vegetais aquosos, como abobrinha, que
campo da Medicina Humana também mos- Em relação à dieta, ele recorda que mui- tanto cães quanto gatos podem comer. Não
tram o impacto do estigma da obesidade. Al- tos tutores relacionam o alimento ao amor. é preciso evitar oferecer o petisco, mas, sim,
gumas pessoas acreditam que é bom estigma- “Devemos mudar esse hábito. Do ponto de mudar a forma como fazemos isso”, orienta.
tizar o tema por um suposto incentivo àque- vista do animal, o ato de receber é o que German também recorda que a conversa
las que precisam emagrecer. Mas, na prática, importa, não necessariamente o quê. Uma com o tutor pode ser um desafio. “Em alguns
o oposto acontece. “As pessoas têm menor opção seria reservar um pouco da comida casos, é muito difícil ter o comprometimento,
probabilidade de perder peso, pois estigma- diária, preferencialmente ração, e usar isso pois, psicologicamente, as pessoas estão em es-
tizar pode trazer um impacto psicológico ne- em substituição aos petiscos. Para os tuto- tágios diferentes para mudar. O primeiro passo
gativo. Ainda não estudamos isso no campo res que realmente querem dar algo diferen- é identificar em que ponto ele está. Se não esti-

58 • caesegatos.com.br
o programa. Identificar como falar com cada
pessoa para aumentar sua eficácia. Não é so-
mente para o pet que o tratamento deve ser in-
dividualizado, mas para o tutor também”, diz.
No evento, também esteve presente a
médica-veterinária, presidente da Socieda-
de Brasileira de Endocrinologia Veterinária
e sócia-proprietária da Naya Especialidades,
Viviani De Marco. Ela afirma que há mui-
tos enganos em relação à obesidade e, para
melhorar isso, uma boa anamnese ajuda a
saber se além dessa doença, o animal apre-
senta outro sintoma clínico, como aumen-
to de ingestão de água, de volume da uri-
na e do apetite. “É importante avaliar o pa-
drão da obesidade, se é mais abdominal ou
periférica. Além disso, é preciso que o pro-
fissional faça todos os exames necessários
para tentar trilhar o maior número possível
de alterações metabólicas, pois elas também
podem estar ligadas à obesidade. Eventual-
mente, pode apresentar uma doença endó-

Fotos: divulgação AS CONSEQUÊNCIAS


QUE A ETIOLOGIA
MULTIFATORIAL TRAZ
SÃO ENORMES. IMPLICA
NA QUALIDADE E TEMPO DE
VIDA DO ANIMAL. ACREDITO
SER IMPORTANTE ATÉ PARA
CONSCIENTIZAR OS PRÓPRIOS
MÉDICOS-VETERINÁRIOS PARA
INDICAREM MAIS TRATAMENTOS
PARA A OBESIDADE EM SI, POIS,
INFELIZMENTE, CREIO QUE
ISSO OCORRE MENOS
DO QUE DEVERIA
VIVIANI DE MARCO, PRESIDENTE DA SBEV

ver pronto, não adianta. O ideal é ir conversan- crina como causa base, mas na maioria dos
do sobre a obesidade, primeiramente sem ten- casos ainda é a obesidade primária”, explica.
tar algum tipo de mudança, e assim fazer com Segundo ela, o tema que a Royal Canin
que ele comece a pensar a respeito”, ensina. apresentou é importante, pois, apesar de pa-
Sobre aquele que está começando a enten- recer simples, a obesidade é bastante com-
der, é possível tentar mudar algum compor- plexa. “As consequências que a etiologia
tamento, talvez em relação ao petisco. “Nes- multifatorial traz são enormes. Implica na
se caso, deve-se realmente começar a aplicar qualidade e tempo de vida do animal. Acre-
dito ser importante até para conscientizar os
próprios médicos-veterinários para indica-
“Estamos aqui para fazer uma das coisas
que é o DNA da empresa: compartilhar rem mais tratamentos para a obesidade em
conhecimento“, diz Carlos Martella, si, pois, infelizmente, creio que isso ocorre
diretor de Vendas da Royal Canin Brasil menos do que deveria”, finaliza. ◘

caesegatos.com.br • 59
COBERTURA / novidades

80 ANOS
NUTRINDO O MELHOR
A Hill’s Pet Nutrition comemora esta data com novidades em seu portfólio para o próximo ano
› STHEFANY LARA, DE SÃO PAULO (SP)
sthefany@ciasullieditores.com.br

H
ill’s Pet Nutrition comemora oito décadas gens de 1,5 kg e 7,5kg, e em grãos médios da Pele, disponível em pedaços pequenos em
de história e está no Brasil desde 1996. com embalagens de 1,5 kg e 10,1kg. Já a r/d embalagens de 2kg e 7,5kg; e em grãos mé-
Para comemorar a data, e empresa reu- Felino estará disponível em embalagens dios em 2kg e 10,1kg. Já a nossa z/d se man-
niu, no dia 5 de novembro, em São Pau- de 1,5kg. A linha w/d mantém nas mes- tém no portfólio”, detalha. E as novidades não
lo (SP), médico-veterinários, professores mas apresentações que temos atualmente, param por aí. De acordo com ele, a partir de
e especialistas para anunciar diversas novidades. e continua sendo importada”, comenta. 2020, as dietas de cuidados urinários c/d mul-
O gerente de Marketing da Hill’s Pet Nu- Já para a categoria gastrointestinal, ele ti care stress felino e c/d multi care felino se-
trition do Brasil, Gustavo Melosi, conta que afirma que há os produtos i/d em pedaços rão disponibilizadas em embalagens maiores.
a empresa trará, em 2020, novidades para o pequenos em 2kg e 7,5 kg, e em grãos mé- “Teremos alimentos de 3,8 kg para os gatos
mercado com os novos alimentos para obe- dios em 2kg e 10,1kg. Os alimentos úmi- e, para os cães, embalagens de 8kg”, detalha.
sidade, doenças gastrointestinais e derma- dos dessa categoria se mantêm do mesmo A Hill’s também está ampliando o portfó-
tológicas, sendo esses três produtos ago- tamanho, e já estão disponíveis atualmente. lio na categoria renal. “Para cães, disponibili-
ra fabricados no Brasil. “A categoria peso, “Na categoria pele, apresentaremos uma zaremos os produtos c/d e k/d com embala-
r/d terá novos tamanhos e fórmulas, dis- inovação que foi criada especificamente pa- gens de 8kg e para felinos em 3,8kg. E qual o
ponível em grãos pequenos com embala- ra o Brasil: Hill’s Prescription Diet Cuidados motivo disso? A companhia entende que o pa-

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Fotos: divulgação
”Estamos com portfólio mais adequado, para atender as principais casuísticas nas clínicas,
com um preço ainda mais competitivo. Esse é um momento muito importante para a
Hill’s, um passo muito importante para a empresa no Brasil e eu espero contar com vocês,
médicos-veterinários, para transformarmos mais vidas juntos em 2020”, afirma Brana
Bonder, supervisora de Assuntos Veterinários Hill´s Pet Nutrition

ciente que precisa de uma dieta renal ou die- A supervisora de Assuntos Veterinários
ta urinária, utilizará esse manejo nutricional Hill´s Pet Nutrition, Brana Bonder, afirma
por toda a vida. Então, faz sentido e conse- que há um conceito novo na linha de Pres-
guimos trazer um alimento com preço/qui- cription Diet. “Estamos trazendo uma maior
lo e com custo-benefício um pouco melhor”. variedade de produtos pro mercado, novas
De acordo com ele, na América Latina tem- formulações e, inclusive, novos alimentos,
se um mercado de alimentos pet que move 11 como cuidados da pele. Como tudo tem um
bilhões de dólares ao ano, sendo que o Brasil motivo, trouxemos essas dietas porque são
representa 55% desse mercado. “Quando olha- muito procuradas pelos tutores e, também,
mos para os cães e gatos, 80% do mercado pet englobam as principais razões que levam os
food é de canino e 20% de felino”, detalha. pets ao veterinário. Sabemos que a Hills é a
marca número 1 recomendada pelos médicos-
veterinários dos Estados Unidos da América
(EUA), mas, aqui no Brasil, estamos ganhan-
do cada vez mais força e podemos perceber
PARA CÃES, que de 2015 a 2018 tivemos um crescimento
ESTAREMOS de significativo nessas categorias”, comemora.
Ainda segundo ela, o portfólio da Hill’s é
DISPONIBILIZANDO baseado em ciência. “Temos selo da Hill’s, for-
OS PRODUTOS mulado pelos profissionais de Topeka (EUA),
C/D E K/D COM onde fica nosso centro de pesquisa”, conta.
Com relação à abertura de vendas, Bra-
EMBALAGENS DE 8KG E na afirma que será no primeiro trimestre de
PARA FELINOS EM 3,8KG. 2020 a venda dos produtos de obesidade e
gastrointestinal e, a partir do segundo se-
E QUAL O MOTIVO DISSO? A mestre, a dos alimentos cuidados da pele.
COMPANHIA ENTENDE QUE “Estamos com portfólio mais adequado, pa-
ra atender as principais casuísticas nas clí-
O PACIENTE QUE PRECISA DE nicas, com um preço ainda mais competi-
UMA DIETA RENAL OU DIETA tivo e, também, teremos amostras de 100g
URINÁRIA, UTILIZARÁ desses três alimentos, algo que todo mun-
do pedia para incrementar na rotina. Esse é
ESSE MANEJO NUTRICIONAL um momento muito importante para Hill’s,
POR TODA A VIDA um passo muito importante para empresa no
Brasil e eu espero contar com vocês, médi-
GUSTAVO MELOSI, GERENTE DE MARKETING cos-veterinários, para transformarmos mais
DA HILL’S PET NUTRITION vidas juntos em 2020”, conclui. ◘

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COBERTURA / novidades

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PET SILVESTRE / lagomorfos

TRAUMA RAQUIMEDULAR
EM COELHO DOMÉSTICO
› JÚLIA BOLDRINI TINEL

O
s traumas de alto impacto, como e remielinização pelos astrócitos, mielina e cial do médico-veterinário envolve a esta-
quedas e colisão com objetos são as percursores de oligodendrócitos. Após es- bilização do estado geral do paciente, cor-
causas mais comuns de lesão medu- se período, a cicatrização glial e os cistos rigindo alterações que ameacem a vida.
lar aguda em coelhos (Oryctolagus medulares já estão estabelecidos e a lesão Em seguida, mesmo com o paciente imo-
cuniculus), sendo altamente incapa- medular passa a ser considerada crônica. bilizado, é fundamental a realização do exame
citante devido ao frequente compro- Os sinais clínicos observados com maior neurológico para identificar o local da lesão,
metimento motor, sensitivo e/ou autonômi- frequência são paralisa de membros, perda sua severidade e instituir o tratamento ade-
co nas áreas distais ao nível do trauma e, por- de propriocepção e de sensação dolorosa, in- quado. Nos coelhos domésticos, recomenda-
tanto, de prognóstico reservado a mau. So- cômodo ao manuseio, incontinência uriná- se que seja realizado na sequência: avaliação
ma-se a isso a dificuldade e o custo do trata- ria e fecal. Como complicações tem-se for- do status mental, palpação, reações postu-
mento, a adaptação do animal à nova condi- mação de trombos, vasoespasmo, disfun- rais, reflexos espinhais, nervos cranianos e
ção e também da família no que diz respei- ção de nervos cranianos e fraqueza muscu- sensibilidade. É necessário cautela na inter-
to às novas formas de cuidado do mesmo. lar, cistite e dermatite por queimaduras, íleo pretação dos resultados obtidos, pois ani-
A fisiopatologia da lesão medular aguda paralítico e constipação. O tipo de dor mais mais que não estão acostumados com in-
envolve a lesão primária, que ocorre imedia- frequente é a neuropática, a qual ocorre na teração diária ou que não têm comporta-
tamente após o trauma e é resultante da trans- região da lesão medular ou abaixo, entre os mento calmo, tendem a “paralisar” por
ferência de energia cinética para a medula, por primeiros 12 meses após o trauma e, geral- medo e não responderem ao estímulo.
meio de estiramento, laceração, compressão mente, pode levar à automutila- De acordo com o segmen-
ou secção, os quais implicam em dano neuro- ção do local afetado. As classes to medular afetado, o animal irá
nal e vascular e, a lesão secundária que ocorre farmacológicas mais usadas em apresentar sinais de neurônio mo-
minutos ou dias após o trauma e envolve me- humanos são os anticonvulsi- tor superior – paralisia espástica -
canismos vasculares, iônicos, bioquímicos, in- vantes e os antidepressivos tri- ou neurônio motor inferior – pa-
flamatórios e celulares que causam perda do te- cíclicos e estudos em ratos de- ralisia flácida - nos membros to-
cido neural, inicialmente, não comprometido. mostraram que tais classes tam- rácicos e pélvicos. Na lesão cervi-
Até 48 horas após o trauma, há isquemia bém podem ser eficazes em ani- cal (C1-C5), há paralisia espástica
medular secundária à hemorragia, trombo- mais, mas uso ainda não está es- nos quatro membros, na cervico-
se e edema vasogênico em virtude da lesão tabelecido em coelhos. ANOTE torácica (C6-T2) paralisia flácida
tecidual. A lesão e despolarização da mem- Animais com suspeita de trau- Nos coelhos nos membros torácicos e espásti-
brana celular estimulam produção de eico- ma medular devem ser manipula- domésticos, ca nos pélvicos, na toracolombar
sanoides, influxo de íons e ativação de enzi- dos o menos possível para evitar, recomenda-se (T3-L3) os membros torácicos es-
mas proteolíticas, causando morte celular. caso haja instabilidade vertebral, que seja realizado tão normais e os pélvicos com pa-
Posteriormente, macrófagos secretam subs- ocorrência de novas lesões primá- na sequência: ralisia espástica e na lombossacra
tâncias que potencializam a microgliose, as- rias. Por isso, o transporte até o lo- avaliação do (L4-Cd) os membros torácicos es-
trogliose, morte celular e a ação do fator nu- cal de atendimento deve ser reali- status mental, tão normais e há paralisia flácida
clear kB, responsável pela mediação da res- zado sobre uma superfície lisa e palpação, reações nos membros pélvicos. É impor-
posta inflamatória pós-trauma. A neurorrege- rígida, em decúbito lateral, imo- posturais, reflexos tante salientar que a lesão no seg-
neração inicia entre a segunda e terceira sema- bilizado com o auxílio de uma espinhais, nervos mento lombossacro pode masca-
na e dura cerca de seis meses. É um processo fita adesiva. É uma emergência cranianos e rar os sinais clínicos de uma se-
limitado devido à inibição do reparo axonal veterinária, então a conduta ini- sensibilidade gunda lesão entre T3-L3.

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Foto: banco de imagens C&GVF
Além do trato lesado, a sintomatologia e a mielografia permite identificação do tipo e ridade da lesão e momento de início do tra-
gravidade da lesão dependem do diâmetro das local de lesão medular. Entretanto, tomogra- tamento, as primeiras duas a quatro semanas
fibras acometidas. Traumas leves comprome- fia computadorizada e ressonância magnéti- são as mais elucidativas quanto ao prognósti-
tem apenas fibras grandes e mielinizadas, cau- ca são preferíveis por serem técnicas menos co a longo prazo. No caso de animais que não
sando perda de propriocepção. Traumas mo- invasivas e com maior sensibilidade, porém recuperam o movimento nos primeiros dois
derados lesam também fibras médias e mieli- não são frequentemente utilizadas pela difi- meses, pode ser indicado o uso de carrinho
nizadas, prejudicando o movimento voluntá- culdade de acesso a locais com esses equipa- de deambulação para facilitar a movimenta-
rio. Traumas moderados a severos comprome- mentos e pelo custo do procedimento. ção, diminuir complicações decorrentes da
tem fibras pequenas e mielinizadas, causando O tratamento cirúrgico no caso de fra- imobilidade e melhorar a qualidade de vida.
perda de dor superficial. Traumas severos le- tura/luxação não está bem descrito em coe- Embora haja possibilidade de terapêu-
sam fibras pequenas e não mielinizadas, resul- lhos e é considerado difícil pela fragilidade tica, é escassa a quantidade de informa-
tando em perda de dor profunda. Por outro óssea. Em vista disso, no geral, opta-se pe- ções publicadas sobre tratamentos de le-
lado, a recuperação se dá na ordem inversa. lo tratamento conservativo, o qual envolve sões traumáticas da medula espinhal e suas
Exames de imagem são de extrema im- restrição de movimento por seis semanas complicações em coelhos. Por isso, como
portância no diagnóstico. A radiografia sim- para cicatrização óssea, fluidoterapia intra- também pelo mau prognóstico, tratamento
ples é útil na identificação de fraturas e sublu- venosa para prevenir hipotensão e hipoper- prolongado e oneroso, atualmente realiza-
xações/luxações vertebrais, enquanto que a fusão, analgésicos e opioides para controle se eutanásia da maioria dos coelhos antes
da dor, anti-inflamatórios não esteroidais ou ou depois da tentativa de terapia médica.
esteroidais para evitar ou reduzir as lesões Dessa forma, é fundamental o investimen-
PARA O DIAGNÓSTICO, secundárias, protetor gástrico para prevenir to em estudos que determinem protocolos
úlcera de origem medicamentosa, fisiotera- mais eficazes no tratamento dessa condi-
TOMOGRAFIA pia para reabilitação motora, suporte nutri- ção, em cuidados paliativos para melhorar
COMPUTADORIZADA E cional e sondagem uretral caso necessário. a qualidade de vida do paciente e dos seus
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA Os anti-inflamatórios de eleição são meloxi- tutores e, principalmente, na prevenção da
cam ou carprofeno, ambos por um mês. Prote- ocorrência de eventos traumáticos, que po-
SÃO PREFERÍVEIS POR tor gástrico deve ter o mesmo tempo de dura- de ser feita por meio do manejo e ambien-
SEREM TÉCNICAS ção que os anteriores. Apesar do Succinato Só- tação adequada para a espécie. ◘
MENOS INVASIVAS dico de Metilpredinisolona ser o fármaco de es-
colha para pequenos animais por promover re-
E COM MAIOR dução de edema, inflamação e lesões vasculares, PARA CONHECER
A BIBLIOGRAFIA
SENSIBILIDADE, PORÉM melhorar o fluxo sanguíneo e proteger o tecido COMPLETA UTILIZADA
NÃO SÃO FREQUENTEMENTE nervoso dos radicais livres, seu uso em coelhos PELA AUTORA, ACESSE
é controverso devido aos efeitos colaterais, por- O QR CODE
UTILIZADAS PELA tanto, a prescrição deve ser feita com cautela.
DIFICULDADE DE ACESSO A fisioterapia intensiva, quando inicia- Júlia Boldrini Tinel, estudante de graduação
A LOCAIS COM ESSES da precocemente, agiliza a recuperação pe-
la melhora da sensibilidade, propriocepção,
da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia (FMVZ), da Universidade de São Paulo
EQUIPAMENTOS E PELO força e ambulação. Apesar do tempo de re- (USP, São Paulo/SP) e membro do Grupo de
CUSTO DO PROCEDIMENTO cuperação variar em relação ao local e seve- Estudos de Animais Selvagens da USP (GEAS-USP)

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TOME NOTA / comportamento

ESTREITAR LAÇOS POR


MEIO DA INFORMAÇÃO
Ceva Saúde Animal lança e-books que abordam
hábitos e características de cães e gatos
› CATARINA MOSQUETE, DA REDAÇÃO
catarina@ciasullieditores.com.br

A
fim de ajudar a melhorar o bem-estar cães são exemplos dessas ferramentas que compreendidos pelos humanos”, destaca.
dos pets e a interação dos mesmos com auxiliam os médicos-veterinários e tutores Segundo Daniela, interpretações errôneas
seus tutores, a Ceva Saúde Animal lan- em diversas situações e, principalmente, pro- a respeito do comportamento do animal le-
ça dois e-books, com conteúdo desen- porcionam a sensação de conforto aos pets. vam a pensamentos e atitudes inadequadas
volvido pela médica-veterinária com- O uso dessas ferramentas deve ser acompa- pelos humanos. Essas, além de ineficazes
portamentalista Daniela Ramos, para nhado do manejo correto e, por isso, esses e- quando se busca corrigir comportamentos,
transmitir aos médicos-veterinários books são tão importantes. Neles é mostra- podem prejudicar o bem-estar do animal.
e tutores conceitos e práticas essen- do o quanto a participação do tutor no dia “Por exemplo, tratando-se de agressividade
ciais em comportamento canino e felino. a dia do pet é importante”, compartilha. canina ou felina, a interpretação errônea por
De acordo com a gerente de Produtos Pet da parte do humano de que o cão ou gato ata-
Ceva, Priscila Brabec, a relação do tutor e seu A COMPREENSÃO ca por dominância ou desobediência, leva
pet deve ser benéfica para os dois para que apro- LEVA À HARMONIA a métodos educativos punitivos que não
veitam ao máximo a troca de carinho e amor. A médica-veterinária comportamentalista e só não resolvem o problema de agressivi-
“Entender os hábitos, características e compor- sócia-proprietária do Psicovet – Centro de dade como prejudicam o bem-estar do ani-
tamento do cão ou gato, ajuda a proporcionar Comportamento e Bem-estar Canino e Feli- mal que é vítima da punição”, diz. Agres-
ao pet um melhor bem-estar no ambiente no, Daniela Ramos, comenta que compreen- são, como explica, é comumente motivada
que ele vive e, consequentemente, uma me- der a espécie e, em especial, o seu comporta- por medo, ansiedade e frustração, de modo
lhor interação com o tutor, evitando distúr- mento é peça-chave na construção de uma que deve ser manejada com métodos posi-
bios comportamentais que podem ocasionar relação harmoniosa e mutuamente benéfica tivos, não confrontacionais, de tratamen-
doenças como consequência”, diz Priscila. entre pessoas e animais de estimação. “Tu- to; porém, só sabe disso quem é instruí-
A Ceva trabalha há anos com comporta- tores amam seus cães e gatos, mas conhe- do sobre comportamento canino e felino.
mento animal e no desenvolvimento de fer- cem pouco sobre os seus comportamentos Os e-books podem ser utilizados pe-
ramentas para auxiliar no conforto de cães e e as reais motivações por trás de compor- los médicos-veterinários para orienta-
gatos em situações adversas do dia a dia, ci- tamentos ditos “problemáticos”. Em mui- rem seus clientes. Estão disponíveis pa-
ta Priscila. “Feliway Classic, Feliway Friends tos casos, esses nada mais são do que nor- ra download no site: cevavet.com.br na
e Feliscratch para os gatos e Adaptil para os mais para a espécie, porém erroneamente aba materiais técnicos. ◘

“Entender TUTORES AMAM


Fotos: divulgação

os hábitos,
características e SEUS CÃES E GATOS,
comportamento do MAS CONHECEM
cão ou gato, ajuda POUCO SOBRE OS SEUS
a proporcionar
ao pet um COMPORTAMENTOS E AS REAIS
melhor bem-estar MOTIVAÇÕES POR TRÁS DE
no ambiente
que ele vive e,
COMPORTAMENTOS DITOS
consequentemente, 'PROBLEMÁTICOS'. EM MUITOS
uma melhor CASOS, ESSES NADA MAIS SÃO
interação
com o tutor”,
DO QUE NORMAIS PARA
Priscila A ESPÉCIE, PORÉM
Brabec ERRONEAMENTE
COMPREENDIDOS PELOS
HUMANOS
DANIELA RAMOS, MÉDICA-VETERINÁRIA
COMPORTAMENTALISTA

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TOME NOTA / comportamento

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