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1. Introdução
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• Projeto: Estudo de Políticas Sociais - visa estudar políticas sociais, em seus
aspectos substantivos e adjetivos, a fim de reforçar o foco de análise do pro-
grama.
As ONG são organizações sem fins lucrativos, autônomas, isto é, sem víncu-
lo com o governo, voltadas para o atendimento das necessidades de organizações
de base popular, complementando a ação do Estado. Suas ações são financiadas
por agências de cooperação internacional, em função de projetos a serem desen-
volvidos, e contam com o trabalho voluntário. Atuam através da promoção so-
cial, visando contribuir para um processo de desenvolvimento que supõe trans-
fonnações de estruturas (Ladim, 1988). Sua sobrevivência independe de meca-
nismos de mercado ou da existência de lucro (Williams, 1990).
Inicialmente, as ONG tinham um caráter assistencialista, estando ligadas
principalmente a grupos religiosos. Mais tarde se diversificaram e passaram a
atuar nas áreas de política social, desenvolvimento comunitário, auto-ajuda para
resolver problemas sociais da comunidade, e trabalho de animação e de educação
de base (Williams, 1990). Na década de 70, a atuação das ONG na América Lati-
na se caracterizou por seu empenho na redemocratização do país onde atuavam,
através de ações voltadas tanto para uma política de desenvolvimento microrre-
gional, como para a execução de atividades de assistência e serviços, nos campos
de consumo, educação, saúde etc. (Sandoval, 1988).
Na década de 80, porém, a conjuntura dos países latino-americanos se modi-
ficou (Sandoval, 1988; Souza, 1991), passando a ter como principais característi-
cas:
• passar do micro ao macro, isto é, não limitar suas ações a microrregiões e con-
tribuir com sua experiência para o desenvolvimento macro;
• "em termos de eficácia, por vezes, o resultado alcançado por estas organizações
pode ser questionado"; e
• à semelhança de outras organizações, nem sempre as ONG têm uma clara idéia
de sua missão de forma a delimitar suas ações, fixar objetivos e metas e avaliar
seus resultados;
• o tipo de trabalho que realizam é difícil de ser avaliado, seja pelo seu efeito de
longo prazo, seja pelo seu caráter mais qualitativo; e
• Assembléia Geral, formada por sócios que têm atuação nas regiões e cuja prin-
cipal função é estabelecer as diretrizes e acompanhar o desempenho da entidade;
• Conselho Consultivo, eleito a cada dois anos pela Assembléia Geral e que tem
por função aconselhar e acompanhar o trabalho da Comissão Executiva;
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• Coordenador-geral, cargo não previsto no estatuto; escolhido pela Executiva,
exerce as funções de direção da entidade, orientando e acompanhando todas as
atividades a serem desenvolvidas pelo Cedac de modo a cumprir sua missão
segundo as diretrizes estabelecidas pela Assembléia Geral.
O Cedac (1992b) contava em 1992 com um quadro de 20 funcionários, 10
dos quais voltados para os trabalhos de formação e assessoria e os demais para as
tarefas de apoio administrativo e de serviços. Todos trabalham na sede como as-
salariados. Cabe ressaltar que três formadores 5 assumem também tarefas de dire-
ção com as seguintes funções: coordenação geral, coordenação de projetos e rela-
ções internacionais e coordenação administrativa. Os membros da Comissão
Executiva e do Conselho Consultivo não recebem remuneração. A entidade tam-
bém conta com a colaboração voluntária de pessoas da comunidade.
Na 7! Assembléia Geral, realizada em 1990, decidiu-se que o Cedac se sub-
meteria a "um processo de avaliação para compreensão das grandes transforma-
ções de ordem econômica, política, social e cultural que vinham ocorrendo no
cenário nacional e internacional e de suas implicações para a vida cotidiana dos
trabalhadores e suas organizações. Essa avaliação constituiu ao mesmo tempo
um olhar para dentro da instituição e um olhar para fora, isto é, para os desafios
da realidade" (Cedac, 1992b), tendo em vista, o início de um processo de refor-
mulação dos princípios e da práxis da entidade.
Esse processo de avaliação, iniciado em agosto de 1991 foi orientado por
uma lógica participativa, contando para isso com a orientação metodológica ex-
terna, e envolveu não só a equipe de formação e assessoramento do Cedac, como
também sua Comissão Executiva, os sócios individualmente, a Assembléia Geral
dos sócios e representantes das organizações e movimentos com os quais a enti-
dade trabalha.
Os principais pontos levantados nesse processo de avaliação foram (Cedac,
1992b):
5 Fonnadores e assessores - designação dada pelo Cedac ao pessoal que trabalha nas atividades-
fIm da entidade, exercendo funções de coordenadores de projetos/programas ou técnicas (educan-
dos, animadores, pesquisadores).
5. Desenvolvimento do trabalho
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• definição das áreas de atuação da entidade;
6 Essa matriz foi adaptada do instrumento utilizado para a análise do modelo organizacional, item
estrutura, desenvolvido pelo prof. Bianor Scelza Cavalcanti.
• A partir da discussão sobre missão e estratégias de ação, ficou claro que os con-
ceitos utilizados pelos formadores do Cedac eram diferentes daqueles adotados
pela equipe.
• A operacionalização dos objetivos do Cedac era feita por uma estrutura infor-
mal assim constituída: Coordenação Geral, Coordenação Administrativa, Coor-
denação de Relações Internacionais e sete Coordenações de SetoreslProjetos. Eis
uma representação gráfica da estrutura formal prevista no estatuto e da estrutura
informal.
Organograma
Assembléia
Geral
I Conselho Consultivo I
Comissão Executiva ~
Coordenação Geral I
I I
Coordenação Coordenação
Administrativa de Relações
Internacionais
I I
Coordenação Coordenação Coordenação Coordenação Coordenação
do Setor do Setor do Setor do Setor do Setor
D estrutura informal
7 Coletivo: tenno usado pelo Cedac para designar o espaço de discussão em que participam todos
os fonnadores e assessores da entidade.
Organograma proposto
I Assembléia
if------11Conselho Consultivo
. C d d
A
Comite oor ena or
ISecretaria Executiva I
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I I I '
Coordenação Coordenação Coordenação
Técnica Adm. Financ. Relac. Institue .
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,, Projeto N ,,
C~munidade
8. Processo de ensino-aprendizagem
FGVIEBAPIPEGS Cedac
• Transferir conhecimentos teóricos t: práticos • Rever sua estrutura organizacional e
sobre gestão. funcionamento .
• Capacitar a equipe de coordenadores e
formadores para a gestão de programas.
FGVIEBAP/PEGS Cedac
• Pesquisa bibliográfica, documental e de • Curso sobre gestão social e de projetos.
campo.
• Vivência através da assessoria.
FGVIEBAPIPEGS Cedac
• ONG: características e desafios. • Conceitos de gestão.
• Cedac: missão, atividades, estrutura e • Funções gerenciais.
funcionamento.
• Reformulação da estrutura. • Níveis de decisão.
• Gestão de programas e projetos. • Gestão de plano, programa e projetos.
FGVIEBAP/PEGS Cedac
• Conhecer as ONG e sua prática de gestão. • Incorporação de conceitos de gestão social e
de projetos .
• Conhecer a estrutura e o funcionamento de • Aprovação da nova estrutura do Cedac pela
umaONG. Assembléia Geral.
·Vivenciar um processo participativo de
assessoria técnica.
9. Considerações finais
• o local de trabalho pode ser prazeroso, onde o "bate papo", em vez de ser visto
como algo improdutivo, constitui um processo necessário ao conhecimento do
ser humano, de suas necessidades e anseios. .,
Referências bibliográficas
Ladim, Leilah (org.). Sem fins lucrativos. As organizações não-governamentais no Brasil. Rio de
Janeiro, Iser, 1988.
Projeto de gestão integrada de programas sociais de massa. Rio de Janeiro, FGVIEBAPIDP, 1991.
(Cadernos de Pesquisa EBAP, 3.)
Souza, Herbert de. As ONGs na década de 90. Políticas Governamentais, Rio de Janeiro, Ibase,
7(68):20-4, abr.lmaio 1991.
Williams, Aubrey. Cresce a participação das ONG no desenvolvimento. Finanças & Desenvolvi-
mento, 10(4):31-3, dez. 1990.