Um Novo Evangelho Da Riqueza PDF

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

Leitura e Escrita na Formação Universitária – 1º semestre de 2017

Um novo 
“Evangelho da Riqueza”
Aqueles que se beneficiam da prosperidade econômica têm o dever
de usar o seu dinheiro e talento para tornar o mundo melhor

Patricia Valente Haj Mussi

[23/07/2016]

01 Andrew Carnegie foi um dos primeiros grandes filantropos americanos e


doou 90% da sua fortuna – o equivalente a US$ 4,76 bilhões em 2014. Em 1889,
escreveu O Evangelho da Riqueza, convocando os ricos a utilizarem a sua
riqueza para melhorar a sociedade. Com isso, inspirou gerações de filantropos,
05 incluindo Bill Gates e Warren Buffet.
A leitura do artigo original é uma viagem interessante a um mundo em
que o comunismo ainda era apenas uma ideia acadêmica. Ao escrever O
Evangelho da Riqueza, Carnegie se propôs a apresentar uma alternativa ao
evangelho de Jesus Cristo, que preconiza que é mais fácil passar um camelo
10 pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus. Ele
convocava os milionários a utilizar suas fortunas para deixar o mundo um pouco
melhor e, assim, não encontrariam barreiras impedindo que entrassem no
paraíso.
Carnegie acreditava que o comunismo, ao preconizar que o homem deve
15 trabalhar em prol de sua comunidade e não para acumular capital, ia contra um
dos princípios da raça humana, que é o individualismo. Pragmático, Carnegie
sugeriu que a gestão da riqueza fosse feita considerando a natureza
individualista da humanidade e as leis que regem o capitalismo, que fazem com
que a riqueza se acumule nas mãos de poucos – nada mais atual, considerando
20 que a Oxfam publicou um estudo em janeiro deste ano segundo o qual 62
pessoas têm a mesma fortuna que metade da população mundial.
No caso de grandes fortunas, Carnegie considerava a herança uma forma
de afeição enganadora, pois pode se tornar uma praga para os herdeiros. Muitas
vezes, afirmou, as heranças são inspiradas mais pelo sentimento de orgulho
25 familiar do que pela preocupação com o bem-estar dos herdeiros. Ele era um
grande defensor do imposto progressivo sobre heranças. Acreditava que esse
imposto marcaria a condenação do Estado em relação à vida egoísta e indigna
dos milionários, sendo um grande estimulador de uma melhor gestão da riqueza
durante a vida do seu detentor. Defendia que o imposto seria um método muito
30 mais eficaz do que o comunismo, porque não vai contra o individualismo, e seria
um verdadeiro antídoto para a desigualdade de distribuição de riqueza.
Grande defensor da filantropia estratégica, Carnegie falava também
sobre os perigos da caridade indiscriminada. Acreditava que 95% do dinheiro
doado para caridade era utilizado de forma imprudente e acabava criando os
35 males que queria mitigar ou curar. Acreditava na meritocracia e defendia que
devem ser ajudados aqueles que se esforçam para mudar a própria realidade.
Carnegie finaliza seu Evangelho da Riqueza dizendo que o homem que morre
rico morre desgraçado.
Mathew Bishop e Michael Green, autores de Philantrocapitalism,
40 acreditam que Carnegie estava certo: aqueles que se beneficiam da
prosperidade econômica têm o dever de usar o seu dinheiro e talento para tornar
o mundo melhor. Mas eles reconhecem que muitos dos bilionários atuais estão
inertes e não possuem o poder ou legitimidade suficiente para atuarem sozinhos.
Por isso, eles sugerem que seja feita uma atualização do “Evangelho da
45 Riqueza” e propõem um novo contrato social, com uma divisão de trabalho para
a solução de problemas sociais em que filantropos, empresas, governos,
organizações da sociedade civil e cidadãos formem parcerias em que cada um
atue na área em que seja mais efetivo. Em tal divisão de trabalhos, os filantropos
podem ficar responsáveis pelos investimentos sociais mais arriscados e que
50 requerem estratégias de longo prazo.

Patricia Valente Haj Mussi, advogada, é fundadora do Instituto Ajuda Paraná,


gestora de investimentos sociais que auxilia empresas e famílias a apoiarem as
melhores iniciativas sociais do Estado.

Disponível em: < http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/um-


novoevangelho-da-riqueza-79zo8q4r7vvhucz3ddhfjo0ol>. Acesso em: 13 jan.
2017.

AS TAREFAS PROPOSTAS A SEGUIR SERVIRÃO DE BASE PARA VERIFICAR COMO ESTÃO SUAS
HABILIDADES DE LEITURA. RESPONDA-AS COM BASE NO TEXTO “UM NOVO ‘EVANGELHO DA
RIQUEZA’”, QUE SE ENCONTRA EM ANEXO.

PRÉ-LEITURA
1. Considerando que algumas informações anteriores à leitura do texto propriamente dito
contribuem para facilitar a compreensão, identifique os contextualizadores mencionados
abaixo.
Autor:
Data de publicação:
Veículo de publicação (fonte):

LEITURA
2. Agora leia o texto em anexo com atenção e depois responda, com base nele, ao que é
proposto.

2.1 Por que a escolha de um título significativo é importante para os leitores? Avalie, neste
caso, se o título é adequado ao texto que lhe corresponde.

2.2 O texto que você leu baseia-se em outro, constituindo, dessa maneira, o que chamamos de
resenha. Qual é o texto fonte (original)? Esse texto fonte pertence a que gênero? Quem foi o
autor do texto fonte? Em que linhas do texto em análise essas informações são encontradas?

2.3 A própria fonte principal da resenha baseia-se em outra fonte. Qual?


2.4 Um texto sempre contém informações pressupostas, pois nem tudo nele pode aparecer de
forma explícita. Isso se baseia na ideia de que o leitor traz seu conhecimento prévio para a
leitura que está fazendo. Que pressupostos podem ser identificados entre as linhas 6 e 7?
“A leitura do artigo original é uma viagem interessante a um mundo em que o
comunismo ainda era apenas uma ideia acadêmica.”

2.5 Implícitos representam o que está dito, mas não de forma explícita. Localize um implícito
contido na seguinte fala do texto:
“Andrew Carnegie foi um dos primeiros grandes filantropos americanos” (linha 1)

2.6 Inferências são conclusões a que o leitor chega a partir de suas experiências de mundo, com
base no que o texto afirma. O que você pode inferir com base na seguinte afirmação “Ele
convocava os milionários a utilizar suas fortunas para deixar o mundo um pouco melhor
e, assim, não encontrariam barreiras impedindo que entrassem no paraíso.” (linhas 10-
13)?

2.7 As palavras empregadas num texto apresentam significações que, por vezes, vão além do
sentido original ou objetivo. Qual é o significado da palavra “viagem” (linha 6) neste contexto?

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