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EMPREENDA

AMOR

RAFAEL VILA REAL


Empreenda Amor por Rafael Vila Real.

Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Nenhuma parte


desse livro pode ser reproduzida sem prévia autorização.

Mais informações:

http://www.a4ksocialimpact.com.br/

http://www.rafavilareal.com/

Design de capa: Thayná Lopes

Editoração: Ana Carolina da Silveira

ISBN:

1ª Edição: Janeiro 2018.


DEDICATÓRIA

Eu dedico este livro a todos os potenciais transformadores


de suas próprias mentes. Que podem mudar hábitos, mentes e
culturas. Que podem extrair o melhor de si, mesmo que o tempo
tenha provado que não há mais meio para mudanças.
Para a nova geração que nasce cheia de possibilidades de
reversão.
Para a antiga geração que continua cheia de oportunidades
de mudança.
Para todas as nações que podem entender essa mensagem,
traduzida ou não, impactando os pequeninos ao redor.
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SUMÁRIO

PREFÁCIO 03

TIMELIME | ATÉ CHEGAR EM VOCÊ 09

CAPÍTULO 1 | EMPREENDEDORISMO. UM INÍCIO ESTRANHO E A CONEXÃO BRASIL E ÁFRICA 22

CAPÍTULO 2 | EMPREENDER AMOR E CULTURA 38

CAPITULO 3 | JESUS, EMPREENDEDORISMO SOCIAL E O QUE A RELIGIÃO NÃO CONTOU 54

CAPÍTULO 4 | EU PRECISO DISSO? O MUNDO PRECISA 75

CAPÍTULO 5 | UM POUCO DA REALIDADE E O QUE VOCÊ TEM A VER COM ISSO? 90

CAPÍTULO 6 | CADÊ O AMOR? 98

CAPÍTULO 7 | O QUE VOCÊ PRECISA SABER DE FARAÓ, PIRÂMIDES E MODELOS DE NEGÓCIOS 104

CAPÍTULO 8 | EU NÃO ESTOU ENTENDENDO MAIS NADA! 136

CAPÍTULO 9 | NA PRÁTICA 142

CAPÍTULO 10 | A DINÂMICA DE UM EMPREENDEDOR LOUCO 190

CAPÍTULO 11 | O QUESTIONADOR TRANSFORMADOR E AS 3 LIÇÕES PARA A NOVA GERAÇÃO 201

CAPÍTULO 12 | INÍCIO NO FIM 215

ANEXOS | SOBRE EMPREENDEDORISMO SOCIAL E SOBRE EMPREENDER EM VOCÊ 219

AGRADECIMENTOS 234
2 | EMPREENDA AMOR
3 | EMPREENDA AMOR

PREFÁCIO
Novo por aqui?

Se a resposta é sim, não inicie a leitura do livro sem


antes ler essa rápida introdução.
É sério.
Aqui você vai economizar tempo identificando se este livro
realmente faz seu tipo. Caso faça, vou dar dicas para que sua
mente se mantenha aberta e, assim, você aproveite o potencial
máximo da mensagem.
O tema e o foco do livro são sobre empreender e liderar por
amor.
O amor falado aqui não tem a ver com aquele discurso clichê
do aprender a amar o que faz ou sobre trabalhar por amor, apesar
disso se tornar uma consequência inevitável.
É sobre liderar e empreender por causas maiores.
É sobre entender uma nova cultura que acumula menos e
distribui mais, que gera receita e remuneração e que, acima de
tudo, deixa um legado real.
Falo, ao longo dessa obra, sobre empreendedorismo social, mas
atenção! Não é o convencional. Se você está buscando um livro
normal sobre esse tema, não é esse. De qualquer forma, vou
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indicar boas referências no último capítulo, que é um anexo ex-


clusivo sobre este assunto.
Esse livro é para todos os que desejam viver uma vida com
mais sentido em seu trabalho ou ter um trabalho/empresa com
mais sentido, independente de serem empreendedores, líderes ou
pessoas “comuns”, se é que existe essa classificação.
Um livro que fala, em alguns momentos, sobre religião, mas,
definitivamente, não é para religiosos.
Este é um livro voltado para uma nova geração. Não
importa o termo que rotularam, seja você um X, Millennial,
Alpha, “Startuper” ou alguém da velha guarda com a mente
renovada.
É para quem passa por essa geração, grita por relevância e
ainda acredita na transformação da sociedade, por meio de mentes
e corações totalmente abertos para aprender com toda forma de
conhecimento, somado a um detalhe muito importante: a ausência
do preconceito.
Parece marketing, mas é sério: não leia este livro se você
for uma pessoa que sabe de tudo, um religioso fechado
em seu casulo, um não religioso preconceituoso, ou até
uma pessoa satisfeita com a segurança, o poder e o
reconhecimento da pirâmide corporativa.
Não me entenda mal, não é ofensa. Amo os sabedores, os
religiosos, não religiosos e pessoas de sucesso profissional. É apenas
uma dica para alinhamento das expectativas.
A palavra “preconceito” é crucial caso você queira continuar
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a ler essa obra. Quer saber o por quê?


Primeiro:
Porque o livro todo se baseia em um novo mindset para
esta geração, relacionado ao que Jesus falou e pouca
gente entendeu, principalmente nos dias atuais e dentro
do cenário do empreendedorismo.
Isso mesmo que você leu: Jesus.
Não sei o que você pensou agora ao ler este nome e nem
imagino qual é a primeira coisa que vem em sua cabeça quando
pensa nele.
Pode ser que você o reconheça como um profeta, talvez
como o Filho de Deus, como um grande líder ou ainda é pos-
sível que tenha aversão a este nome por conta de experiências
negativas com a religião.
Independente de sua crença ou de sua percepção, é
necessário que você apenas leia esse livro se decidir deixar
o seu preconceito de lado.
Jesus foi um judeu humilde, nascido em um lugar simples,
que cresceu nas mesmas condições da maioria da humanidade.
Ele estudou muito e com 30 anos começou uma revolução,
empreendendo o amor de sua maneira, conseguindo 12 parceiros -
alguns investidores anjo* - e impactando bilhões de pessoas no
mundo.

* No mundo corporativo, investidores anjo são pessoas físicas que fazem investimentos
com seu próprio capital em empresas nascentes, com um alto potencial de crescimento,
como as startups.
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Então sim, temos muito o que aprender com este


líder empreendedor.
Lemos com facilidade grandes biografias de homens bem
sucedidos no meio corporativo e no empreendedorismo, mas
temos dificuldades em desvincular Jesus da visão religiosa
tradicional.
Minha intenção aqui é apresentar uma nova ótica sobre o
carpinteiro que se tornou o maior empreendedor do mundo,
dividindo a história entre antes e depois Dele. E essa é uma ótica
menos religiosa e mais prática e empreendedora.
Este livro não é uma biografia.
É sobre uma nova cultura e novos modelos, com base em
um entendimento raro, pois o cenário cultural e histórico atual é
bem diferente da época em que Ele as apresentou. A mensagem
masteriza estes ensinamentos em passos práticos e transformadores.
Esse entendimento mudou completamente a minha vida e
tem impactado milhares de pessoas no Brasil e no mundo em
termos de propósito, negócios e vida.
Quando entendi isso, larguei uma carreira promissora em
uma multinacional para empreender pelos quatro cantos do
mundo, por propósitos maiores, começando pela África.
Segundo:
Você precisa saber, para não ter limitações pré-
conceituosas, que nesse livro eu conto detalhes sobre o
meu processo de descoberta e como a experiência foi
minha, talvez isso soe para você como algo estranho.
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Eu estava decidido a não contar tudo porque esse é um livro


voltado para liderança empreendedora sem ênfase religiosa. Não sei
se você é um ateu, acredita em Deus com todas as suas forças ou
considere qualquer uma dessas extremidades uma grande asneira,
mas decidi não omitir nada, independente do tipo de leitor
que você seja.
Afinal, estou passando a minha perspectiva de forma in-
tegral e acho que essa transparência pode conectar ainda mais
você com a mensagem, que é o principal foco aqui.
Então vamos fazer esse acordo: caso ache alguma parte do
livro distante das suas convicções, não deixe de ler até o final para
entender o todo. Passe batido pelo ponto em questão e continue. Vai
valer muito a pena, eu garanto!
Esse livro é sobre um mindset novo, maluco e revolucionário
ao mesmo tempo. A grande meta é confrontar e de maneira
nenhuma ofender. Confrontar não um ensinamento ou uma
doutrina, mas o modo comum de pensar e agir para os de dentro
e de fora de uma igreja. E eu acredito que essa mentalidade
somará, de uma maneira única, o que você já tem como base.
Falo sobre coisas que lhe fazem perder o sono por muitos dias
e que podem mudar completamente o rumo da sua vida, como
também o curso na faculdade, o seu emprego, o seu conforto,
tudo para levá-lo a uma nova direção.

O objetivo é que você enxergue o poder de uma nova cultura


e modelos de impacto social, que na verdade são novos apenas
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para nós, visto que foram ditos há milhares de anos.


Que você traduza isso em lições e ações práticas para sua
vida, fugindo do óbvio esperado pela sociedade e por sua família,
encontrando seu propósito e vivenciando a felicidade real.
[ Se ainda tem dúvida, leia a timeline a seguir. =p ]
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TIMELINE
Até chegar em você

O início é Maio de 2015.


Não, essa não foi a data do nascimento de alguém espe-
cificamente, mas foi o início de uma série de coisas loucas que
aconteceram na minha vida e que mudaram o rumo da minha
história. Abaixo cito os principas eventos que ao longo do livro
você vai entender em detalhes.
• O dia em que tive uma louca e única experiência na casa
do caseiro;
• Quando comecei a falar sobre coisas completamente no-
vas que tem tudo a ver com a minha vida e a sua;
• Quando comecei palestrar em auditórios de faculdades,
e ao final pessoas me procuravam individualmente com frases
em comum como: “agora não estou entendendo mais nada”, “o
que vou fazer da minha vida?” e “como encontro meu propósi-
to?”.
• Fase intensa de busca pessoal com estudos para ajudar
aquelas pessoas e encontrar respostas de como é possível reali-
zar coisas novas a fim de que todos encontrem seus próprios
propósitos;
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• Decisão de viajar pelo mundo para causar mudanças reais


e empreendeer por propósitos maiores.
• Momento que caí na África e começamos um coletivo (es-
pécie de startup informal até então) com um time de malucos que
largaram tudo para viver e trabalhar voluntariamente full-time
por propósitos, acelerando projetos do bem.
• Início de um projeto global, conectando pessoas e organiza-
ções para transformar culturas e ambientes.
• E o mais legal, quando decido escrever esse livro, disponibi-
lizá-lo gratuitamente online e doar 100% do lucro da versão im-
pressa para uma causa do bem.

Bem, antes de falar desses acontecimentos que citei, vou


fazer uma cronologia sobre o cara maluco que vos fala, sobre o
que eu tenho a ver com empreendedorismo e liderança e sobre o
porquê quero tanto despertá-lo exclusivamente para algo maior.
Cronologia é um nome bonito para aquilo que conhecemos
em nossa era como timeline.
Você pode ler essa timeline em qualquer momento, já que está
com o livro em mãos. Por isso, se quiser ir direto para o tema
“mudança do mundo e empreendedorismo” é só pular para os
próximos capítulos, sem grilo. Agora, se preferir entender a
sequência dos acontecimentos na minha história, é só continuar
na página seguinte.
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Se você está aqui, borá lá.


1986 – Minha família deixou tudo para trás no interior de
São Paulo e foi empreender no Mato Grosso do Sul. Nessa época,
dona Fátima Vila Real estava grávida do terceiro filho. Todos
achavam que seria uma menina, o enxoval já era rosa e, então, a
surpresa: eu cheguei! =). Macho e bem gorducho em uma cidade
pequena chamada Dourados.
1988 – Eu tinha 2 anos, o casamento dos meus pais terminou
e meu pai saiu de casa deixando eu e minhas duas irmãs mais
velhas com minha mãe. Na separação, ela ficou com algumas
lojas do negócio de roupas que tinham na região.
Nesse mesmo ano tive uma meningite. O quadro se agravou
e os médicos disseram à minha mãe que eu tinha provalvemente
2 horas de vida. Chegaram a me colocar em uma banheira de
gelo por causa da coagulação em todo meu corpo. Uma senhora
no corredor do hospital cruzou com minha mãe que chorava e
disse: “Quando entrar no quarto enxergue Jesus sentado ao lado
dele”. Então, minha mãe entrou no quarto e conta que viu uma
luz muito forte ao lado da minha cama. Nas 2 horas seguintes a
visão, eu me reestabeleci por completo. Aquela senhora nunca
mais foi vista pela minha mãe, que acredita ter sido um anjo que
apareceu para ela naquele dia.
1993 – A nossa empresa faliu. Fomos morar em uma casa
pequena com minha vó, tios, primos, primas e a grande família
estava reunida debaixo do mesmo teto.
Quase todos os dias a criançada comia sopa de pão, nome
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bonito para o famoso pão duro do dia anterior misturado com


leite quente e achocolatado. E era muito bom!
Minha irmã do meio aprontava e apanhava de panela da
minha avó, eu aprontava e apanhava da minha irmã mais velha,
a mais velha aprontava e nem apanhava.
Setembro do mesmo ano - Meu aniversário de 7 anos.
Lembro-me de um bolo de fubá, de um suco Tang de uva e que
minha mãe não estava lá. Apesar da grande simplicidade, o
niver foi legal, cercado sempre de muita gente.
A gordinha Vila Real tinha ido para São Paulo sozinha para
empreender e reerguer a família, agora sem nenhum dinheiro,
com uma mão na frente e outra atrás. Falando de mão, o
“empreendimento” que ela conseguiu foi como manicure de
um salão.
1994 – Minha mãe conseguiu levar minhas irmãs e eu para
São Paulo. Morávamos em uma pensão, onde quatro pessoas
dormiam juntas em um pequeno quarto. Eu dividia a cama
com minha mãe, e minhas duas irmãs o colchão no chão. Nessa
cidade conhecemos o lugar que mudaria o rumo das coisas,
pomba no teto, música boa, domingo diferente e semana de
vitória.
1996 - 2002 – Depois de muita barra e uma história bonita,
que um dia eu conto com mais detalhes em outro livro ou em
algum evento ou café por aí, nós (minha mãe e filhos) empreen-
demos de novo: agora tinhamos uma confecção familiar.
Clientes grandes, muito trabalho, bastante dinheiro (pelo
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menos pra gente naquela época) e melhores resultados.


Anos se passaram, até que falimos de novo.
Minha mãe entrou em depressão e os filhos tiveram que
trabalhar para segurar a barra. Nessa época eu tinha 15 para
16 anos.
2003 – Eu não pensava no futuro, era um menino extrema-
mente tímido e um tanto tonto, estava em um namoro ruim e
com a família em pedaços. Meu primeiro emprego foi como
xerocopiador, nome chique para quem tira cópias na gráfica. Eu
ganhava aproximadamente 300 reais e gastava no “dogão” na
saída da escola.
Em fevereiro, no Carnaval, fui para um retiro espiritual em
uma fazenda, no qual uma proposta de projeto foi apresentada
aos participantes: Amar. Tudo estranho e marcante. Meses depois,
uma conferência: palavras ditas, nunca esquecidas, timidez ven-
cida, um desejo grande nasceu de olhar para o futuro que era
ignorado e um novo mundo surgiu: viver em 1 ano o que não
tinha vivido em 10. Essa foi a primeira meta da minha vida.
Decidi mudar de emprego para ganhar mais e quis ser um
vendedor.
Tentei vender enciclopédias da Barsa, que era um Wikipédia
em papel e CDs (para geração da internet isso é tão bizarro!). O
importante é que, após muita sola de sapato queimado e histórias
engraçadíssimas, eu vendi nadinha!
Também fali, hahaha!
Mesmo muito novo comecei a estudar sobre espiritualidade,
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aprender sobre mudança de realidades e desenvolvimento


humano. Envolvi-me e liderei projetos com esse foco nessa
época.
2004 – Fui trabalhar com vendas em uma MegaStore
de esportes francesa. Na verdade, não vendia nada, eu mais
arrumava roupas e atendia pessoas. Apesar de ganhar mais,
achava muito chato e decidi sair, principalmente porque esse
emprego me atrapalhava nos dias em que eu fazia trabalho
voluntário na igreja e coordenava alguns projetos sociais. Nessa
época, eu já ensinava jovens a encontrarem propósitos em
uma proporção e perspectiva diferentes.
2005 – Parti para um estágio mais seguro para ganhar
ainda mais, era na área administrativa do Mercado Livre,
multinacional da área de vendas on-line. Trabalhei o tempo
suficiente para achar entediante fazer a mesma coisa todo dia.
Então, pedi demissão e buscava ser vendedor de verdade.
2006 – Pink e Cérebro se encontraram. :) Me conectei
com a mulher mais incrível do mundo, começamos namorar e
o tempo mais feliz da minha vida começou.
Fui para área de tecnologia trabalhar como telemarketing
em uma consultoria. A ideia era tentar uma vaga de vendedor
porque o cargo tinha um nome bonito (account manager), se ves-
tiam bem, ganhavam bem e minha irmã mais velha dizia que
era uma área promissora. Eu nem sabia o que era essa palavra
na época, mas achei bacana e segui.
2007 – Consegui a vaga, me tornei um vendedor, comecei a
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me vestir melhor, ganhar mais do que meus amigos, ter um


cartão de visitas de “account manager” com meu nome e ainda não
sabia o que era o tal de “promissor”.
2009 – Claro! Eu casei com ela, minha Pri. Quando ela entrou
de noiva eu chorei, a palavra de impactar milhões foi solta no ar
e nós a pegamos.
Viajamos para Cancun e lá validamos a confissão e a reversão.
Começamos a jogar o jogo sem ninguém nos explicar quais eram
as regras.
Voltamos de lua de mel: outra aliança feita de joelhos. Tinha
pão, cálice e o novo de novo.
2010 – Profissionalmente não aguentava mais fazer a mesma
coisa, entendi o que era “promissor”, mas também “sufocante”.
Não queria aquilo e fui tentar empreender de novo.
Continuei em tecnologia, mas em paralelo fui fazer meu plano
B. Descobri o mundo do marketing de rede, renda residual, rede
de distribuição, desenvolvimento pessoal, independência finan-
ceira. Uau, eu estava maluco!
2011 – Vendia shakes e queria cadastrar todas as pessoas na
terra. Depois, vendi suco de frutas e não cadastrava ninguém.
Mais pra frente, vendi rastreador de veículos e cadastrei quase o
mundo inteiro. Até que a empresa faliu.
2013 – Eu continuava todo esse tempo na área de tecnologia e
depois de quase 8 anos já não aguentava mais a pressão. Estava
saturado com o modelo de negócios, então decidi sair e montar
uma ONG.
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Comecei feliz. Aprendia e ensinava muito, visitava comunidades


carentes, ajudava quem realmente precisava. Viabilizamos
mais de 2000 bolsas de estudos em faculdades para pessoas sem
condições, consegui parceiros grandes, levantei muito dinheiro
para a ONG. Depois, eles perderam verbas do governo e não
nos apoiavam mais. Sem perceber, meu foco foi para o dinheiro
ao querer pagar custos fixos e funcionários. Políticos me ofereceram
dinheiro para usar a conta da ONG, chamando isso de taxa
administrativa e eu não aceitei. Vi como é difícil se manter
“limpo” neste setor que nasceu para ajudar pessoas.
De novo tudo ficou chato, perdeu sentido e tchau! Em outras
palavras, podia dizer que fali de novo. Minhas perspectivas faliram
mais uma vez.
2014 – Com 27 anos eu estava com um dívida acumu-
lada altíssima, cartões estourados, contas negativas, carro apreendido,
morando na casa do sogro e a solução foi voltar para área
“promissora”.
Fiz duas entrevistas, passei nas duas e decidi ir para a
empresa do meus sonhos, na época, a maior do mundo no
segmento em que atua.
Comecei a trabalhar na multinacional americana vermelha,
em um prédio de 12 andares, me sentindo uma formiga, numa
área que ninguém conhecia nem vendia o tal do produto. Sem
falar inglês, parecia que as pessoas ali falavam aramaico, se com-
portavam como animais em busca de alimento e marcação de
território. O salário era alto e no primeiro ano consegui pagar
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todas minhas dívidas. Saí da casa do meu sogro e fui morar em um


bairro pobre para manter o custo baixo. Eu ia trabalhar de trem,
linha Esmeralda, enquanto meus colegas iam de BMW.
Me apaixonei por customer experience, me especializei em
Marketing Digital, fiz todos os cursos imagináveis e em paralelo
sonhava e rascunhava a idéia de começar uma startup para acelerar
projetos do bem.
2015 – Comprei um carro popular parcelado, aprendi a falar a
língua dos chefes e já estava correndo atrás do meu alimento como
todos lá. Depois de um ano visitando uma porrada de cliente, não
vendi nada, aliás ninguém do time vendeu naquele ano. Pensamos
que a área iria acabar, porém ela aumentou! Quiseram me dar uma
posição melhor, recusei e preferi mudar de produto dentro da mesma
empresa.
Maio daquele ano chegou para transformar a minha cabeça por
completo. A mesma fazenda, a casa do caseiro, uma madrugada às
claras e tudo novo de novo. Comecei a ensinar sobre o que passei a
enxergar (e o que você vai receber no conteúdo deste livro).
Primeiro aos que estavam ao redor e esses, automaticamente, me
conectavam com mais pessoas. Vi-me repetindo incansavelmente o
mesmo discurso para todo o tipo de indíviduo: em almoços de 3 horas
com amigos do trabalho; para o pessoal da igreja; para amigos,
familiares, desconhecidos... Até em um jantar com investidores me
colocaram. Então, fomos para auditórios de algumas faculdades e
encontrei a minha realidade e identidade ali, meu prazer e minha
realização estavam em repetir o que eu havia ouvido!
18 | EMPREENDA AMOR

Assim, continuei me especializando no mundo digital e


todas as iniciativas que fazia estavam dando certo. Minha
liderança na igreja e nos projetos sociais aumentaram e eu já
abrangia 8 núcleos em SP.
Na empresa, novo ano fiscal chegou. Nessa época, eu vendia
banco de dados e outros produtos que nunca saberei pra que
servem (risos). Continuava sem falar inglês, porém agora em
um famoso forecast no qual eles falavam um misto de madarim,
aramaico e libras. Pensei em estudar engenharia ou programação
para, pelo menos, entender os produtos que ofertava. Desisti,
comecei a vender mesmo assim e alcançava as primeiras posições
no ranking de vendas na minha área, de uma maneira que nunca
conseguirei explicar (risos).
Setembro 2015 – Novo ciclo do meu aniversário, mais
uma madrugada às claras e uma enxurrada de conhecimento.
Quadro branco, canetão e lá estava eu, de ponta cabeça por
completo.
Apesar de estar na tal área promissora, na empresa
dos sonhos, vendendo o produto de ponta, com salários e
comissões nunca tidos, me vi contraditoriamente cada vez
mais frustrado e infeliz no que fazia.
2016 – Novo Carnaval chegou. Nunca tinha ido
para uma escola de samba e continuei sem ir, haha-
ha! Fui mais uma vez para o acampamento. Mais coi-
sas doidas e profundas aconteceram, lá decidi pedir demissão.
No último dia de acampamento, o único da história em que
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houve uma volta para casa antecipada, o improvável aconte-


ceu.
Um encontro maluco com um líder mais doido ainda! Mal
sabia eu que ele se tornaria um grande mentor na minha tra-
jetória, 15 minutos de conversa e 45 dias para desembarcar-
mos na África.
Assumi a coordenação de uma escola internacional de
Missões na África do Sul, criei um núcleo de empreendedorismo e
liderança de alto impacto social.
Nesse momento estamos iniciando um projeto global de
empreendedorismo, em breve, você conhecerá mais.
2020* – Conectamos líderes em todos os estados do Brasil
e países da África, temos bases em quase todos os continentes.
Somos a maior rede on-line de jovens empreendedores do
mundo: realizamos conferências, programas de treinamento e
aceleração para líderes de impacto social.
Esse livro já foi traduzido para outros idiomas e baixado
por mais de um milhão de pessoas.

* Observação: a timeline foi escrita no ano de 2017, então a descrição do ano 2020 não
é um fato ainda, porém é a verdade do que já enxergamos e já temos nos movido para
trazer à existência. Todo louco tem objetivos que são considerados grandes demais
pela maioria e só podem ser realizados por meio de conexões com pessoas que pensam
semelhantemente. Se você também não é normal e se conectou com uma dessas metas
ou outras futuras que você vai encontrar nesse livro, se conecte! Mande uma mensagem
falando o que está pensando e quem sabe a gente não marca um encontro em algum
lugar desse mundão. O melhor caminho para essa conexão você encontra no decorrer
da leitura!
20 | EMPREENDA AMOR

Muitos foram despertados para outras realidades e nos


conectamos para realizar projetos em conjunto em locais rel-
evantes. Meu filhote já nasceu e estamos adotando o segundo
filho africano. E tudo isso é só o começo :)
A história nunca acaba enquanto você continua.
Não importa se você é da geração startup ou da velha guarda, de
quantos problemas, falências ou situações tenha vivido.
Você é quem escreve a história.
Nós estamos em um momento propício e único com tanta
tecnologia e conteúdo disponível no qual podemos, juntos, criar
o novo e fazer a diferença, de forma infinitamente mais simples
que gerações anteriores.
Nessa timeline ou nesse livro, você encontrará algumas simi-
laridades com situações que aconteceram também com você.
Em tudo há uma lógica. Se você está lendo até aqui existe
um grande porquê, ainda que você não o entenda nesse instante.
Porém, ao se deparar com ele eu aconselho: pense de forma
intencional, busque respostas e vá em frente.
Esse livro não é simplesmente para ouvir uma história
diferente de um menino comum, nem sobre a importância de
falir até alcançar o sucesso. Nem sobre o menino pobre que se
superou ao virar executivo de uma multinacional ou muito
menos sobre falar para grandes audiências.
É sobre a busca incessante por um propósito maior. Sobre
a realidade das palavras “promissor” e “sucesso” totalmente
avessas ao que o mundo suspira e se entrega.
21 | EMPREENDA AMOR

Existem pessoas que conseguem viver uma vida normal,


acumulando mais e mais - sejam bens ou dívidas - e deixam a
vida passar. E ela passa!
Outros, que não são compreendidos, buscam caminhos
diferentes, não aceitam o convencional e batem cabeça quantas
vezes for necessário para achar a trajetória real da vida que traga
o sentido, a direção.
Eu gostaria muito de ter encontrado um livro como esse anos
atrás que me ajudasse a chegar mais rápido onde cheguei hoje.
Se você leu até aqui, esse livro é para você!
Se ainda há dúvida, vou parafrasear parte de um texto que
gosto muito para definir para quem esse livro foi escrito.

“Esse aqui é para os malucos. Os que não se encaixam. Os que fogem


do padrão. Àqueles que vêem as coisas de maneira diferente. Eles não gostam
de regras. E não têm uma ordem estabelecida. Você pode citá-los, discordar
deles, glorificar ou caluniá-los. Praticamente a única coisa que você não pode
fazer é ignorá-los. Porque eles mudam coisas. Eles empurram a raça humana
adiante. Alguns podem considerá-los doidos. Nós enxergamos genialidade.
Porque as pessoas loucas o bastante para achar que podem mudar o
mundo são as pessoas que o fazem.”

Steve Jobs - Campanha “Think different” (“Pense


diferente”), de 1997.

E aí? Identificou-se?
So let’s go!
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CAPÍTULO UM
Empreendedorismo, um início estranho e a
conexão Brasil e África

Voltando a Maio de 2015.


Eu e minha esposa estávamos em uma fazenda, organizando
um evento para falar sobre coisas que despertassem pessoas para
novas realidades.
Naquela época, nós atuávamos com jovens e ajudávamos pessoas
há, pelo menos, 12 anos. Metade desse tempo, de uma maneira bem
intensa, lideramos diversos projetos. Alguns deles sociais, ou realizando
eventos, reuniões, muitas ações sempre com o mesmo objetivo:
empreender para transformar.
Na época, não se usava o conceito moderno do Empreendedorismo
Social, não éramos ONG nem nada estruturado. Sempre fomos
muito envolvidos com a igreja de uma maneira genúina e não
religiosa, cercados de amigos com uma boa bagagem em pscico-
logia. Nosso objetivo sempre foi ver uma pessoa pensar diferente
e transformar a si mesma. A nossa dinâmica era bem simples:
tudo que desenvolvíamos era para despertar essas pessoas para
outras realidades até ali vividas, para a necessidade do próximo
e para propósitos maiores. Quando elas entendiam isso, nós as
capacitávamos para colocarem a mão na massa e manifestarem
23 | EMPREENDA AMOR

o melhor de si.
Sempre amamos fazer isso e mais uma vez queríamos ampliar
este cenário para o maior número de pessoas.
Atuamos em algumas regiões de São Paulo, como Vila Mariana,
Morumbi/Paraisópolis, Cotia, Itapevi e Taboão da Serra, onde
ficamos por quase 8 anos.
Um ano antes desse momento na fazenda, eu havia reassumido
um projeto em Taboão da Serra, SP - Brasil. Quando saímos
de lá, tínhamos em média 70 pessoas apaixonadas por mudar
histórias.
Eu sempre soube que não se realiza nada sozinho. Então fui
ver quem do grupo que atuava comigo no passado estava por lá.
Fiquei chocado. Praticamente todos que eram ativos no passado
não estavam mais lá. Havia apenas 4 pessoas e essas estavam desani-
madas e vivendo uma vida comum. E quando digo “comum”
significa que essas pessoas estavam apenas buscando seus interesses
e, no tempo de sobra, participavam de algumas atividades.
Quando me deparei com aquela situação fiquei indignado.
Liguei para maioria deles, gastava tempo pensando, planejando
e organizando encontros, visitas e reuniões. Cheguei a ir à casa
deles, mas nada! Absolutamente nada dava certo.
E eu me questionava muito.
Por que eles estão tão frustrados?
Por que não acreditam mais nesse modelo de ajudar pessoas?
Deixaram de amar aquilo ou nunca amaram?
Será que não vale a pena se doar para mudar a realidade
24 | EMPREENDA AMOR

daqueles que precisam? Ou eles só estão distraídos com a vida


louca deste mundo? Afinal de contas, eles são jovens e o normal
nessa idade é curtir a vida e não ficar ajudando pessoas, né?
Acho que é isso... Será?
Bom, eu não queria acreditar em nenhuma dessas opções,
então continuei focado na minha missão de sempre: despertar
pessoas para propósitos maiores que geram trasformação.
Depois de alguns meses, muito trabalho e suor, nós éramos
em 16 voluntários. Uau, de 4 para 16 foi um avanço né?
Sim, mas eu ainda não estava feliz. Aquele antigo grupo não
saía da minha cabeça, eles tinham brilho nos olhos, eles amavam,
choravam de gratidão por fazer aquilo. O que aconteceu?
Enquanto eu buscava a resposta, tive uma idéia.
Pensei em organizar uma viagem, pilhar os 16 para convidar
amigos e tentar pessoalmente levar alguns desses que desapa-
receram. Eu sabia que um final de semana afastado da rotina
e das preocupações poderia reconectá-los com a motivação
correta.
Chegamos na tal fazenda para um final de semana diferente.
Era sexta-feira à noite, sem sinal de telefone. Estavámos
impossibilitados de acessar redes socias e todas aquelas parafer-
nalhas que distraem tanto. Eu também incluso nesse isolamento,
percebi que realmente estava precisando desse momento.
Costumo dizer que esses retiros são regeneradores. Lá, todos
se relacionam, riem, refletem, oram e analisam o sentido para
suas vidas. Se você nunca participou de algo parecido, sugiro
25 | EMPREENDA AMOR

que encontre um grupo bacana que você se identifique e experimente.


A programação do final de semana era composta por 3
encontros e tempo livre para lazer e relacionamento.
Sábado de manhã seria o momento para eu compartilhar
a minha mensagem. Eu já tinha preparado algo básico para
fundamentar valores, a noite um incrível e inspirador líder
viria palestrar e, com certeza, seria o momento crucial do
encontro. Já no domingo de manhã, um grande amigo falaria e
se aprofundaria sobre os temas abordados anteriormente.
De volta ao primeiro parágrafo desse capítulo, era uma sexta-
feira, em Maio de 2015. Tudo ok em nosso cronograma,
chegamos na fazenda! Expectativa a mil. Aquele lugar em especial
era muito significativo para mim, muitos ciclos se iniciaram na
minha vida lá e eu sentia que seria igual para aquele grupo.
Tiramos as malas do ônibus, nos acomodamos, respiramos ar
puro, comemos e conversamos um pouco explicando a dinâmica
de como seguiriam aqueles dias. O clima estava muito agradável
entre todos. Até que eu recebi uma mensagem seguida de uma
ligação. Quase que instantaneamente ambos os que falariam no
evento me notificaram que não poderiam mais ir.
Entrei em pânico. Eu havia colocado uma expectativa gigante
em todos os participantes e eu sou bom nisso, viu?! O lugar era
incrível, o clima estava perfeito, mas o que realmente trazia
sentido para a viagem eram as mensagens e eu só tinha
preparado a minha, que era a mais básica, lembra? E agora?
O meu esforço em arrastar todos para lá, cheguei a bancar
26 | EMPREENDA AMOR

a viagem para alguns que estavam sem dinheiro e aqueles 16


levaram outros 32, acredita? Também foi mais um casal com a
gente. Ao todo éramos em 52 pessoas esperando por algo dife-
rente. Já tinha passado das 2 da manhã, eu estava muito cansado,
o pessoal empolgado e não sabia o que fazer.
Então pedi para minha esposa direcionar todos para os
alojamentos para descansar. Eu estava decidido a ir para a casa
do caseiro, que estava vazia, e só sair de lá após ter uma solução.
Talvez você se pergunte porquê eu estava tão aflito e porquê
aquilo era tão importante para mim.
Porque 12 anos antes eu estava exatamente naquela fazenda
pela primeira vez, com a vida toda bagunçada em busca de
respostas. E foi naquele lugar que tudo começou. Minha vida
foi completamente transformada, sem exagero.
Completamente mesmo.
E cá estava eu, anos depois, casado com a mulher da minha
vida, trabalhando em uma das maiores empresas de tecnologia
do mundo e liderando aquele mesmo projeto que um dia havia
me tocado.
Eu olhava para aquelas 50 pessoas e lembrava de toda a
minha trajetória. Eu tinha certeza que ali estavam muitos
Rafas, com histórias diferentes, mas com perguntas similares e
em busca de algo. Um sentimento de muita responsabilidade
tomou conta de mim. Eles não poderiam sair de lá do mesmo jeito,
aos meus olhos era a única chance de juntar aquele grupo e
despertar algo dentro deles.
27 | EMPREENDA AMOR

Quando eu entrei na pequena casa do caseiro eu não imaginava


o que iria acontecer.
Como de costume, na relação sincera e simples que tenho
com Deus, comecei a orar e comecei a lembrar tudo que tinha
vivido até aquele instante com muita gratidão. Em frações de
segundos fui invadido por um amor inexplicável e comecei a
amar aquelas 50 pessoas de uma forma muito intensa. Eu
nem conhecia todos, mas de repente comecei a amá-los como
se fossem meus filhos. E isso era estranho porque eu não era
pai.
Ali vivi uma experiência inexplicável. Era como se eu
estivesse sendo guiado para algum lugar.
E lá na casa do caseiro eu entendi algo novo, pelo menos para
mim até aquele momento.
Que a mensagem central de Jesus em sua época não tinha
nada a ver com com religião eu já sabia. Mas, naquele instante,
passei a enxergar a sua mensagem como empreendedorismo e
amor.
E sem exagero, em poucos minutos eu tinha as 2 mensagens pre-
paradas, sem esforço ou dificuldade, tudo estava pronto.*
De forma inexplicável, sozinho naquela casinha fria e escura,

* Como eu disse na introdução, este é um livro para líderes e empreendedores, sem cunho
religioso. Entretanto, decidi compartilhar experiências pessoais para que você tenha a
visão do todo em que o tema central do livro foi gerado.
Absorva o que faz sentido, desconsidere o que não concordar, independente de sua cren-
ça e continue a leitura até o final porque vai valer muito a pena, eu garanto.

28 | EMPREENDA AMOR

sem nunca ninguém ter me falado nada semelhante a isso, eu


comecei a entender o que aquele grande líder havia ensinado,
uma mensagem sobre empreender amor, sobre impactar a
sociedade.
De forma literal, não mais religiosa ou só abstrata e “espiritual”.
De forma presente e revolucionária.
Sobre aqui e agora.
Maravilhosamente atual, mesmo após dois mil e poucos anos.
Naquele lugar começou algo novo, eu deitei e dormi
completamente feliz e tranquilo. Não tinha idéia do que estava
para acontecer após aquele final de semana.
De manhã, eu conduzi a primeira parte falando o que eu já
tinha preparado e foi ok!
Na verdade, não foi nada de mais, o que eu queria mesmo é
que aquele dia passasse mais rápido, para a noite eu compartilhar
sobre o que estava explodindo a minha cabeça.
E foi isso que aconteceu.
As pessoas se divertiram muito naquela tarde, praticaram
esportes, conversam e relaxaram. Para eles o dia passou tão
rápido... Para mim, porém, foi um longo dia.
Quando cheguei ao local, meu coração batia mais forte e eu
queria poder repassar tudo na mesma intensidade que tinha
entendido.
A reunião começou por volta das 20hs e deveria ir até 21h30
ou 22hs no máximo. Lembro-me que já era meia noite e meia,
eu tinha extrapolado todo meu tempo, mas eu não parava de
29 | EMPREENDA AMOR

falar. Só que tudo estava muito diferente naquele dia. Mesmo eu


sabendo do tempo e querendo parar para não atrapalhar nosso
cronograma – afinal, teria um luau ainda naquela noite – as
próprias pessoas que estavam ali comigo diziam alto “Nãão,
continua”, “Não pára”, “Fala mais”.
Os olhos deles brilhavam e eu poderia ficar mais horas
falando sobre tudo aquilo. O tema foi sobre o mindset capaz de
transformar o mundo. Encerrei minha fala às 1h da madrugada.
Aquela noite foi sensacional. Não conseguia dormir, e sentia que
algo novo estava acontecendo.
No domingo, após o café da manhã, aconteceu a última parte
de minha fala. Era como se eu não tivesse dormido. Falei naquele
momento sobre o “como”. Como viver esse novo estilo de vida
e empreender amor (na época não foi exatamente esse nome
utilizado).
Novamente passei do horário combinado e de novo estava
tudo diferente, em relação às pessoas e ao ambiente.
Eu falava com um força que não vinha de mim. Eu queria
berrar sobre aquilo, queria gritar para o mundo ouvir. Eu estava
recebendo o propósito da minha vida naquele lugar e estava
conseguindo repassá-lo para os outros.
O evento terminou de uma forma inexplicável. As pessoas
simplesmente não se aguentavam. Elas não estavam mais
preocupadas com quem estava do lado, só choravam e não era
um choro de dor. Era um choro de gratidão, de descoberta.
Sabe o choro de uma criança quando nasce? E do pai quando
30 | EMPREENDA AMOR

vê o filho pela primeira vez? Era este choro. Um misto de senti-


mentos. Alegria, gratidão, paz, satisfação, amor e muito amor.
Foi assim o começo dessa mensagem louca e transformadora.
Agora que você sabe tudo, eu posso acelerar e falar mais rápido
sobre o desdobramento disso tudo.
Depois daquele final de semana tudo mudou. Para mim e
para todos que estavam ali.
Foi uma dinâmica que contagiou. Todos com quem eu falava
sobre este tema eram confrontados e recebiam um propósito
maior.
Aquela viagem foi realmente extraordinária, aquele lugar iniciou
mais uma vez um novo ciclo. Expectativas superadas, inclusive
as minhas.
Minha preocupação naquele momento era em manter
esse movimento ativo. Então, decidimos fazer um “programa
de 3 meses” que consistia em um evento por mês e encontros
semanais para troca de experiências e aperfeiçoamento.
O programa era simples e objetivo: no primeiro mês era
aberto para qualquer convidado, essa galera que foi impactada
no retiro convidava adoidadamente os amigos para conhecerem
e entenderem aquele novo mindset. E algumas regrinhas para
termos compromentimento: Só quem fosse nesse encon-
tro poderia frequentar as reuniões semanais e para participar
do evento do segundo e terceiro mês não poderia ter mais de
uma falta nas reuniões semanais. Cada mês era um degrau, do
despertar ao liderar. E todos ali em busca de crescimento e mais
31 | EMPREENDA AMOR

conhecimento.
O nosso grupo cresceu. Não só em quantidade, mas em alta
qualidade e foi rápido. Os recém chegados naquele mês de maio, após
3 meses, tinham raízes e valores trabalhados, muitos agora nos
pediam para liderar algumas frentes.
Eu pessoalmente comecei a compartilhar com todos ao meu
redor sobre isso, sobre impactar a sociedade, empreender por
amor, sobre uma nova mentalidade menos acumulativa e mais
distributiva, sobre pensar mais no próximo e menos em si. Dos
colegas do trabalho aos familiares, empresários, grupos de crianças,
líderes religiosos, amigos de diferentes crenças, ateus, católicos,
kardecistas, muçulmanos e sempre acontecia a mesma coisa.
Aquilo se tornava contagiante!
Uma faculdade abriu as portas para falarmos uma vez. Depois
veio a segunda e, em pouco tempo, já tínhamos auditórios
querendo saber mais sobre aquilo tudo.
Eu não conseguiria nunca explicar aqui em detalhes o que
estava acontecendo, eu só sei que todos queriam mais, mais e
mais! E eu também!
Com todo este movimento acontecendo eu não conseguia
pensar em outra coisa. Fiz pesquisas extensas para encontrar
outros projetos e pessoas pelo mundo com entendimento
similares e eu não achava.
Já muito se falava e fazia em relação ao emprendedorismo
social, principalmente fora do país. Mas a maioria, se não todos,
ainda tinha como prioridade a cultura de reter a maior parte
32 | EMPREENDA AMOR

para si.
No cenário do terceiro setor ou em movimentos religiosos,
muitos falavam sobre “valores”, alguns sobre cultura, mas não
encontrava pessoas que explicassem o modo prático desse
entendimento.
Quanto mais eu pensava, mais conexões surgiam para
ampliar meus correspondentes. De repente, eu recebia de pre-
sente um livro que complementava o meu entendimento ali, as-
sistia a um vídeo que acrescentava outro detalhe acolá e
aos poucos o quebra-cabeça ia se complementando.
Porém, com o tempo, descobri o ponto negativo nisso tudo.
Apesar de estar na tal área promissora, na empresa dos
sonhos, vendendo o produto de ponta, com salários e comissões
nunca tidos, do mesmo modo a Pri, minha esposa, estava em
uma ótima empresa com bom cargo, salário e perspepectiva
profissional, nós nos vimos contraditoriamente cada vez mais
frustrados e infelizes naquilo que fazíamos. E isso, simplesmente,
porque nossas cabeças se abriram para esse mindset.
Eu sempre quis aquilo. Minhas orações sempre foram para
que eu tivesse um bom emprego e tínhamos aquele pensamento
clichê de prosperar, alcançar a tão sonhada independência finan-
ceira para, no futuro, trabalhar full-time naquilo que amávamos.
Mas, a partir daquele mês de maio, todos os dias era a mesma
coisa. Ao entrar na sede Brasil da empresa na qual estava, eu
olhava para aquele prédio bonito, lembrava daquelas reuniões
malucas e da competição desequilibrada por dinheiro, respirava
33 | EMPREENDA AMOR

fundo e meu pensamento era sempre o mesmo: definitivamente


não é isso!
Isso mesmo, esse era o ponto negativo.
O despertar trouxe frustração? Será que é isso? Para quê?
Em um dia desses eu estava tão desanimado e frustrado com
aquele modelo de trabalho, cultura, sistema, que eu liguei para
minha esposa e disse: “Eu vou pedir demissão hoje, ok?” Eu
estava falando sério e só queria o apoio dela.
Mas como ela é mais pé no chão que eu e sabia de todos os
benefícios que tínhamos - e de todo perrengue que já tinhamos
passado - ela respondeu: “Amor, você está cansado. Vem para
casa mais cedo para dormir, depois conversamos”.
De fato eu tinha dormido pouquíssimo nos últimos 3 dias.
Aquela dinâmica me deixou maluco. Eu concordei, fui para casa
mais cedo, só queria minha cama. Chegando em casa, eis que
surge na minha sala meu sogro, sogra e cunhados. Eles estavam
morando no interior e vieram nos visitar de surpresa.
Tchau cama...
Conversa vai, conversa vem, percebi que não ia dormir coisa
nenhuma, então adivinha o que eu queria contar para eles? Isso
mesmo. Comecei a rascunhar em uma lousa e contar tudo o que
estava acontecendo.
Eu só me lembro que, quando terminei, fui deitar e ouvi o
som da voz dos meus sogros chorando no quarto ao lado e
fazendo suas orações de forma muito genuína. Naquele tem-
po, eles estavam passando por algumas situações difíceis e ali
34 | EMPREENDA AMOR

passaram a enxergar novas perspectivas sobre muitas coisas.


Aquilo mexeu comigo. Eu lembro que era meia noite (e olha
que eu queria ter ido dormir às 19h!). Coloquei a cabeça no
travesseiro e falei para a Pri: “Que loucura, eu não estou entendendo
mais nada! Para todo tipo de pessoa que eu falo sobre essa nova
mentalidade, vem um despertar imediato. As pessoas querem viv-
er por propósitos maiores, é como se elas acordassem de um sono
profundo querendo saber mais.
Após falar isto, a Pri me passou o celular e disse: “É, eu sei!
e olha isso”.
Era a mensagem de uma amiga minha de Nova Iorque. Na
semana anterior, estávamos de férias lá e ela também estava sem
um sentido claro sobre o futuro. E claro, nós falamos sobre isso
tudo com ela.
Ela agradecia pela conversa e dizia estar feliz por tudo aquilo
que compartilhei, que despertou nela um desejo de empreender
e realizar projetos para ajudar mulheres com baixa autoestima,
envolvendo fotos e arte. Muito lindo ler aquilo diante de tudo
que ela tinha nos dito uma semana antes. E pensei: “Ela tam-
bém! Como pode?” Era um a um, a cada dia e isso estava se
tornando realmente contagiante.
Conclusão, eu não conseguia dormir de jeito nenhum!
Naquela noite, enquanto eu agradecia a Deus por tudo que
estava vivendo, mais uma vez tive uma experiência que eu
poderia classificar de sinistra, incrível e única.
35 | EMPREENDA AMOR

Eu fui invadido com uma onda de pensamentos novos que


completava ainda mais aquele entendimento que tive na casa do
caseiro. Fiquei até 4h30 da manhã meditando, anotando,
interagindo com a multidão de pensamentos nunca tão
ajustados em toda minha vida. Era como se eu tivesse conse-
guido uma boa leva de peças de um quebra-cabeça.
Aquela noite, eu entendi de forma clara e inconstestável a
minha missão. Empreender de uma maneira nova e levar isto
para o mundo todo.
Desde que casamos, Priscila e eu, sempre tivemos um desejo
de morar fora do Brasil. Entretanto, nunca tivemos essa coragem
e, devido a nossa rotina ser sempre muito intensa, nunca planejamos
isso corretamente.
Mas, naquele momento, eu tive a resposta que estava
chegando o tempo de mudar.
A missão era clara: ir para todos os continentes, aprender
novos idiomas para quebrar a barreira da comunicação, falar a
todos sobre esse novo entendimento, conectar os essenciais para
realizar localmente e, no futuro, globalmente. Por fim, minha
missão era empreender amor, impactando milhões de pessoas,
sem me preocupar em receber milhões de dólares por isso.
Eu tinha ali algo grande que começaria pequeno.
Entendi, de forma absurdamente clara, que a trajetória
consiste em encontrar ou formar líderes que impactarão a
sociedade por meio de empresas, ONGs, comunidades de fé ou
movimentos.
36 | EMPREENDA AMOR

Sem interesses pessoais, apenas unindo todos por um propósito


maior.
A partir daí, todas as coisas conspiraram a favor da missão.
O carnaval de 2016 chegou e eu fui novamente para aquela
fazenda dos novos ciclos da minha vida. Foram dias incríveis e
lá decidi que pediria demissão. No último dia do carnaval, o
único da história que houve uma volta antecipada para casa,
o improvável aconteceu. Encontrei com um líder muito maluco,
brasileiro que morava na África por muitos anos, mal sabia eu que
ele se tornaria um grande mentor na minha trajetória. Conversa-
mos por 15 minutos e depois de 45 dias já tinha vendido tudo no
Brasil e nada de Austrália e Nova Iorque como sempre planejei.
Estávamos desembarcando no O.R. Tambo International
Airport, em Johannesburg, South Africa (África do Sul). Era uma
sexta-feira de Páscoa, nunca vou me esquecer.
Do Brasil para o mundo.
De executivo de multinacional americana para voluntário no
continente africano, em um caminho que eu nem imaginava.
Da estabilidade para o novo.
Da segurança para o incerto.
E a frustração? Se tornou a satisfação completa. Uma felici-
dade incrivelmente grande que não cabe no peito até hoje.
Até aqui só contei como tudo começou e o resultado que este
entendimento sobre “empreender amor” gerou em nós e nos
outros.
E você? Está pronto para entrar neste voo?
37 | EMPREENDA AMOR

Pronto para abrir a mente e entender coisas novas?


O que será que tudo isso vai gerar em você? E no mundo?
Não sei. Este é só começo.
38 | EMPREENDA AMOR

CAPÍTULO DOIS
Empreender amor e cultura

O início depois do início.


Quando se estuda a origem do campo do empreendedorismo
e negócios sociais no mundo, encontramos a história de diversos
homens e mulheres que tinham interesse de impactar a sociedade,
como conto abaixo rapidamente.
• Florence Nightingale da Inglaterra, que fundou a primeira
escola de enfermagem durante a Segunda Guerra Mundial;
• Maria Montessori, a primeira médica italiana que nos anos
60 criou um método de educação revolucionário que defendia
que cada criança tem um desenvolvimento único;
• Algo mais concreto que começa acontecer após os anos 80,
quando o norte-americano Bill Drayton funda na Índia a Ashoka,
organização internacional sem fins lucrativos com foco em
Empreendedorismo Social. Hoje essa organização está presente
em mais de 80 países;
• O escritor Charles Cagnon que lançou o primeiro livro so-
bre planejamento de empreendimentos sociais intitulado Suc-
cessful Business Ventures for Non-Profit Organizations.
• Edward Skloot, que cria a New Ventures, uma consultoria
39 | EMPREENDA AMOR

para ajudar organizações sem fins lucrativos a explorar novas


fontes de renda (WOLK, 2007; DEES, 2007). O consultor também
publicou pela Harvard Business Review o primeiro artigo sobre o
tema, intitulado Should Not-for-Profits Go into Business. O material
foi difundido da Inglaterra para o mundo por acadêmicos como
Charles Leadbeater, autor do artigo The Rise of the Social
Entrepreneur, e Michael Young, fundador da organização School
for Social Entrepreneurs (SSE) e Institute for Community Studies no
Reino Unido.
O que poucos sabem é que este discurso empreendedor no
mundo social não começou nos anos 80 como todos registram.
Esse discurso teve início séculos antes desses homens citados. Foi
em uma cidade palestina, através de um rapaz simples e de fala
fascinante. Ele apresentou uma nova cultura que, ao longo dos
anos, impactaria bilhões de pessoas.
Isso mesmo. O foco deste capítulo não é falar dos conceitos
comuns sobre negócios sociais e sim de uma mensagem resiliente
que traz uma nova perspectiva sobre tudo, em qualquer era.
Um entendimento maravilhoso sobre o que Cristo falava,
mas que, se for lido com um olhar crítico e mente bloqueada,
poderá soar adversa ao cristianismo e demais religiões.

Obs: Esse material não tem como foco conceituar Em-


preendedorismo Social. No final desse livro você encontra em
“Anexo” uma lista com fontes de conteúdos sociais que indico
para ampliar sua base de estudo.
40 | EMPREENDA AMOR

Ao mesmo tempo poderá soar confrontadora aos não-religio-


sos porque falaremos sobre os discursos de Jesus.
Indiscutivelmente, essa mensagem que não é sobre religião,
mas sobre coisas que lhe fazem perder o sono por muitos dias
e que podem mudar completamente o rumo da sua vida, o seu
curso na faculdade, seu emprego, conforto, tudo para levá-lo
à uma nova direção.
Para falar sobre essa nova perspectiva de Empreender Amor
e sobre esse novo mindset ele usava a palavra “Reino”.
Isso mesmo. Reino é o início.
O que essa palavra significa para você?
Qual a primeira coisa que vem à sua mente quando você
pensa em “Reino”?
Durante esse período, eu obtive inusitadas respostas em
relação a essa pergunta: castelo da Disney, rainha da Inglaterra,
súditos, divisão da biologia, paraíso, céu, nova cidade, era futura
e eternidade.
No que VOCÊ pensou?
Falar sobre isso é imprescindível antes de falarmos sobre a
prática do empreender o bem ao próximo.
A visão de cada indivíduo está diretamente ligada com a
cultura em que ele está inserido e é exatamente este o ponto
de partida. A cultura.
Se você não é cristão, o que foi condicionado a pensar
quando falei de Jesus?
Se você é, o que foi condicionado a pensar quando falei de
41 | EMPREENDA AMOR

um novo modelo?
Tudo que foge da caixa já estabelecida há muitos anos e
confronta nossa cultura, nossa concepção do que é certo e nossos
padrões preestabelecidos nos fazem ter uma leitura quase involun-
tária ativando um ponto de atenção e bloqueio.
Alerta! Perigo! Socorro!
E aí nos encolhemos ao invés de expandir. Isso acontece
porque nós somos enraizados por culturas predominantes em
diversos níveis das nossas relações.
“Ora bolas, e o que isso tem a ver com empreender e mudar
o mundo?”
Eu considero este capítulo muito importante, pois é a base
de todo o restante. Para entender o impacto de uma palavra,
eu preciso me abrir e pensar com a cabeça da época de Jesus,
me transportar para aquela realidade histórica, social, cultural
e espiritual.
A seguir, convido você a viajar comigo para entender o im-
pacto da palavra REINO usada por Jesus. Mas venha com uma
visão menos religiosa e mais cultural. Uma visão menos filosófica
e mais prática. Ok?
Reino ou monarquia é o modelo mais antigo de governo,
no qual a figura do chefe de Estado é o rei/rainha. Durante um
período da história, esse rei tinha poderes absolutos e, mesmo
que raros, ainda hoje podemos encontrar países sob esse regime.
A monarquia constitucional é a mais comum no nosso século,
situação na qual o rei em si não exerce praticamente nenhum
42 | EMPREENDA AMOR

poder sobre o país, mas sim o primeiro ministro.


Mas vamos focar na época em que a palavra Reino foi
citada por Jesus, sendo ele um judeu que estava sob a opressão
do reino absoluto romano.
Gosto de classificar a manifestação de um reino em 3 fatores
de influência:
• 1º AUTORIDADE
Uma pessoa detém toda a autoridade para reger um deter-
minado povo, país ou conglomerado de países. Historicamente,
essa autoridade era adquirida de duas formas:
Autoridade Concedida: de maneira hereditária, por meio
de uma assembléia dentro do reino, pela escolha do próprio
povo ou pela eleição de um Deus. Grupos indígenas creem nessa
seleção divina e as Escrituras também relatam a eleição pela
vontade de Deus.
Autoridade Imposta: quando um indivíduo ou grupo trava
um conflito sangrio para ocupar, à força, uma área e estabelecer
seu governo.
Este último é o modelo que, historicamente, mais prevaleceu.
O lado forte que quer a expansão de território e provoca guerras
com a parte mais fraca, colonizando, catequizando e estabelecen-
do-se pela opressão.
Eu fico imaginando que tipo de desfecho deve haver nos livros de
história desses países colonizadores. Deve-se falar sobre vitória,
desenvolvimento e avanço? Será?
Na prática, é o velho ditado que fica: “manda quem pode e
43 | EMPREENDA AMOR

obedece quem tem juízo”.


Porém, em tese um reino deveria exercer autoridade para
o bem comum.
• 2º DIRECIONAMENTO
O plano de governo desse rei, a direção, o rumo, a meta a
ser seguida, os meios para se alcançar esse objetivo. Todos nós
precisamos de clareza ao saber para onde iremos. Eu, você e
uma nação. Não estamos aqui de passagem.
Qual é o caminho a ser traçado? Sabemos onde queremos
chegar?
O rei tem essas respostas.
• 3º VALORES
Todo rei exerce autoridade com base em seus valores. Por
mais que exista algum modelo político por trás, ele sempre vai
imprimir em seu governo a autoridade e seus valores estarão
lá expressos.
O rei trabalha pelo que acredita. O modo como administra,
estabelece leis, regras, levanta e derruba pessoas, prende e man-
da soltar, isenta ou cobra, liberta ou oprime. Tudo baseado nos
valores. Guarde esse ponto porque lá na frente tudo fará mais
sentido.
Recapitulando, um REINO existe quando alguém que tem
AUTORIDADE, seja concedida ou imposta, DIRECIONA um
grupo/nação, baseado em seus VALORES.
E direcionar para onde?
O direcionamento dos valores deveria ser aplicado para que
44 | EMPREENDA AMOR

as pessoas vivessem o modelo ideal de governo na PRÁTICA.


Para que fossem guiados e teoricamente alcançassem a harmonia
como cidadãos e comunidade. Em troca, o povo apoiaria o
governo e a expansão daquele modelo.
Vivemos em um mundo de sistemas e em tudo há um
sistema. Nós somos sistêmicos. No planeta, na natureza, no
corpo humano e em tantas outras esferas. Muitas partes
essenciais operantes e interdependentes. E ainda temos a
complexidade do cruzamento das diferentes esferas sistêmicas
simultaneamente.
Pare para imaginar a riqueza de detalhes dos sistemas cardio-
vascular, respiratório, digestivo, nervoso, reprodutor, esquelético e
outros. Na flora, na fauna e na teorias da física. Cada detalhe
com perfeita exatidão e equilíbio, funcionando com precisão
de milímetros, milésimos e miligramas.
Costumo exemplificar que não é diferente na sociedade criada
pelo homem. Há sistemas político, econômico, financeiro,
educacional, de saúde e etc. Isso impacta diretamente nosso co-
tidiano e o modo como aplicamos nossos esforços.
Apenas para ficar bem claro, vou repetir: um REINO
existe quando alguém que tem AUTORIDADE, seja concedida
ou imposta, DIRECIONA um grupo/nação, baseado em seus
VALORES para que, por meio de SISTEMAS, esses possam
viver na PRÁTICA (dia a dia) a harmonia e satisfação como
indivíduo e comunidade.
Mas qual é a conclusão disso tudo?
45 | EMPREENDA AMOR

Se uma cultura é implicitamente imposta, baseada nos valores


de um rei, as pessoas nascem, crescem e morrem com tais
influências. E, sem perceber, estão imersas e acostumadas
com essa cultura, considerando-a normal ou como verdade
absoluta.
E quem disse que isso é normal?
Ninguém disse.
A PRÁTICA nos ditou isso, os valores que estão dentro de
nós nos deram justificativas, os DIRECIONAMENTOS jamais
foram questionados, os sonhos que recebemos, os desejos, tudo
minimamente moldados em nós sem nossa percepção.
O SISTEMA funciona assim.
Então, quando alguém fala algo diferente, a primeira coisa
que acontece é o bloqueio. São as crenças dominantes. Um
nome bonito para falar sobre CULTURA. Aquele ambiente que
está o tempo todo sobre nós, que já nascemos inseridos em e que,
dificilmente, romperemos com ele se não entendermos essa visão
macro.
-Você está querendo me dizer que talvez eu não viva algo
novo ou não enxergue algo diferente ou não gere algo melhor
simplesmente porque eu não conheci ou não entendi uma nova
cultura?
É exatamente isso.
Autoridade + Direcionamentos + Valores + Sistemas +
Prática = Cultura.
Incialmente, quando pensamos em reino no contexto
46 | EMPREENDA AMOR

histórico ou político (monárquico), pensamos como algo an-


tigo, em desuso e distante, não é?
Mas quando desmembramos a essência de um reino como
fizemos a pouco, passa a soar como algo atual e podemos en-
tender como a cultura funciona e que todos nós estamos debaixo
de um reino.
E quando se fala sobre cultura não é como uma delimitação
territorial, porque debaixo de um mesmo teto, membros de uma
mesma família podem ter diferentes influências culturais,
dependendo do círculo de relacionamento e de quais fontes
estão exercendo autoridade, direcionamento e valores em suas
vidas. Mas ao estarmos todos debaixo de um mesmo governo,
inconscientemente absorvemos características culturais como
povo. O ambiente e todo o sistema nos empurra a pensar, agir e
reagir em comum senso, obviamente com diferenças de personali-
dade e classe social.
Agora vamos para outro ponto. Culturas que incentivam in-
divíduos a buscar mais para si e quando alcançam precisam de
mais. Quem disse que tem que ser assim com você?
Culturas que geram um estilo de liderança na sociedade que fa-
zem as mesmas coisas duranrte séculos. Apenas mais do mesmo. A
corrida atrás de si mesmo, a corrida por mais dinheiro, sempre.
Modelos mudam ao longo das décadas, mas a essência é sempre
mantida, culturas e subculturas de acumulação.
Você vive isso dentro do seu país e também na sua casa,
empresa, comunidade de fé e escola.
47 | EMPREENDA AMOR

Quem tem autoridade está direcionando pessoas baseado em


seus valores e cada vez mais isso tem se tornado confuso.
A mesma história vai se repetindo várias e várias vezes.
Você pode achar que é suficientemente inteligente para
guiar sua própria vida, mas ainda assim, você está sob influência
de culturas. Está enraizado no seu modo de pensar, analisar e
concluir.
Todos somos guiados por um reino (cultura).
Isso nos faz refletir sobre questões incrivelmente sérias que
impactam a trajetória que vivemos nesse mundo. Eu estou sen-
do direcionado por quem? Quais são meus valores e cultura?
Minhas práticas estão correspondendo aos valores que acho que
tenho? O que aprendemos está certo ou errado?
Edifica ou derruba?
Suporta o necessitado ou ignora?
Liberta ou oprime?
Isenta ou cobra?
É egoísta buscando os próprios interesses ou abundante
voltando aos interesses de todos?
Muitas perguntas fortes e confrontadoras. Por que será que
não estamos acostumados a refletir sobre esses pontos?

ÓTICA RELIGIOSA SOBRE O REINO


Nesta parte do livro poderíamos abordar diversas perspectivas
de muitas etnias, tribos, nações e religiões mas, como dito na capa,
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esse livro não é sobre religião. Decidi direcioná-lo apenas ao


cenário em que vivia Israel, para analisarmos o discurso do
rapaz nascido em Belém.
A seguir você entenderá o porquê.
Agora que entendemos a ótica de reino como cultura, vamos
a uma curta explanação sobre como viviam as pessoas na época
de Jesus e o que Ele realmente quis dizer quando usou centenas
de vezes a palavra Reino.
Um novo Reino? Boas Novas? Reino dos céus? E o
que isso tem a ver com empreendedorismo, pelo amor
de Deus?
Vamos abrir aquele cenário em 3 visões.
Israelitas. Os judeus protagonistas da história bíblica.
Romanos. Os vilões opressores de um reino violento e gigantesco.
Cristãos. Os coadjuvantes que estavam prestes a nascer ali.
O que cada um pensava (e pensa, quando falamos dos cristãos
até o dia de hoje) sobre a palavra Reino?

VISÃO ISRAELITA
Naquela época, a monarquia era o modelo de governo absoluto,
com um rei e um povo.
Entretanto, não funcionou assim sempre. Centenas de anos
antes de Cristo o povo de Israel era conduzindo por sacerdotes,
homens vindos de uma linhagem específica, usados por Deus
para direcionar o povo em aspectos sociais, morais e espirituais.
Depois veio a era dos juízes, que não invalidou o papel dos
49 | EMPREENDA AMOR

sacerdotes, mas assumiu a responsabilidade de governar sobre


questões mais práticas da nação.
As Escrituras contam que o próprio povo rejeitou a Deus como
rei e pediram um rei como as outras nações tinham. Eles queriam
uma liderança forte para reter a pressão dos inimigos.
O primeiro rei foi Saul, cerca de 1020 a.C. Depois Davi,
reconhecido até hoje pelo povo judeu como o maior rei de Israel
que triunfou conquistando muito território e a graça do povo.
Na sequência, vem o reinado do seu filho Salomão e, na geração
seguinte, há a divisão da nação de Israel, agora com 2 diferentes
reis. Essas tribos foram ao longo do tempo perdendo a sua iden-
tidade como povo original até que foram totalmente dominados
por povos opressores como os persas, babilônicos e assírios.
Após 400 anos de exílios e sofrimentos daquele povo, havia
uma esperança no fundo do coração dos judeus apoiada na
promessa: o dia em que o descendente de Davi viesse para reinar
e tirá-los desse domínio tão terrível, resgatando a originalidade
dos valores de Israel.
A cultura dos judeus é baseada na Torá. Quando nasce o
judeu chamado Jesus, seu povo estava sob o domínio do império
massacrador de Roma, à espera de um o rei tão rompedor quan-
to o rei Davi foi um dia.
Eles empreendiam para viver em comunidade, preservando
as origens.
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VISÃO ROMANA
A antiga Roma nasceu de uma pequena comunidade agrícola.
Em séculos de existência, se transformou em um fortíssimo im-
pério, que é um tipo de reino mais forte e autocrático, uma forma
de governo na qual há um único poder.
O “César”, que era o título do rei, além de ditador, se intitu-
lava deus ou semideus. Queria expandir o poder e a autoridade
sobre todo o mundo a qualquer custo.
No ápice da expansão, o império romano chegou a dominar
mais de 5 milhões de quilômetros quadrados e mais de 70 milhões
de pessoas. Na época, isso representava 21% da população
mundial.
Roma absorveu grande parte dos costumes da cultura grega.
Eram oficialmente politeístas e, com a expansão de territórios,
reconheciam mais deuses de outras civilizações.
O império era um grande misto de costumes que se refletia
em todos os sistemas possíveis. Este crescimento absurdo
influenciava de forma substancial todos os povos dominados
por eles como linguagem, educação, filosofia, religião, leis,
arquitetura, artes, etc. A cultura romana era altamente influ-
enciadora.
Eles empreendiam para expandir o poder.

VISÃO DO CRISTIANISMO
Naquele século, diferente dos judeus e romanos, os cristãos
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nunca tinham tido um modelo de governo exclusivo. Eles estavam


surgindo naquele cenário, não eram uma civilização separada,
apenas uma nova crença espiritual, resultado do grupo que acreditou
na mensagem que Jesus deixou e o reconheceu como aquele “rei
prometido”. Aquele mesmo, O descendente de Davi.
Naquele instante não era uma religião. Tanto que foram perse-
guidos por falar coisas fora da caixa.
Talvez fique mais fácil de entender que cristianismo era naquele
momento um movimento de judeus e não judeus que passaram
a acreditar nas “boas novas”, termo que Jesus usava para se referir
ao Novo Reino, à nova cultura.
Na época, os cristãos eram um grupo pequeno. Hoje, já são
mais de 2,3 bilhões, a maior religião do mundo.
Um ponto importante sobre a evolução do cristianismo é que:
a cultura do cristianismo atual é baseada na Bíblia, porém a Bíblia
não existia na época de Jesus, apenas o Velho Testamento.
Quando estudamos esta pluralidade da época, percebemos que
a origem do cristianismo como base de fé era: a promessa de um
novo Reino dita por profetas antigos a um povo que era oprimido,
dominado e completamente influenciado por todas estas culturas.
Os ensinamentos de Jesus eram sobre amar ao próximo, me-
nos favorecidos, rejeitados e diferentes. Aqueles que realmente
precisavam. Um Reino diferente de todos os anteriores. Não por
poder e nem por interesses. Somente e puramente por amor.
Eles empreendiam pelo próximo, pela justiça, pela paz e pela
alegria.
52 | EMPREENDA AMOR

Então, a origem de um movimento que acreditava em um


novo Reino virou religião?
Reino e Religião. Conceitos diferentes, não?
Talvez você começou a perceber o desenrolar do tema que lhe
atraiu até aqui. Empreender amor e fazer o bem, impactar a socie-
dade e ser relevante nesse mundo.
Isso nos leva a mais perguntas.
O que este tal de Jesus falava? Será que estas 2 bilhões de pes-
soas cristãs ainda falam disto? Será que entendem o sentido origi-
nal do que foi dito? Será que Reino tem a ver somente com o
futuro ou um lugar lá longe?
Bom, isso é uma resposta que você precisa procurar. E talvez os
próximos capítulos possam ajudá-lo.
Agora, antes de passar para próxima parte, vamos ao cruza-
mento das similaridades.
Todos os grupos citados anteriormente tinham uma cultura
definida. Todos tinham seus objetivos e queriam coisas novas de
acordo com seu ponto de vista.Todos queriam levar o que acredi-
tavam pelo mundo. Uns com guerra para adquirir mais poder,
segurança e reconhecimento. Outros com amor para transformar
o mundo da maneira mais positiva possível.

Acho bacana reforçar que o intuito aqui é explorar o contexto


em que Jesus vivia quando falou de Reino, por isto foquei na visão
genérica dos principais personagens, os romanos, judeus e cristãos.
Os mulçumanos, hindus, budistas e tantas outras crenças não
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estavam explicitamente neste cenário relatado e somente por isso


não os citarei aqui. Não se trata jamais de discriminação, pelo
contrário, estou em busca de novos insights sobre o tema com
outras perspectivas religiosas, históricas e culturais. E novamente,
esse livro não é sobre história e religião, porém é preciso pontuar
todos os aspectos para desenvolver o restante do raciocínio vinculado
ao tema central.
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CAPÍTULO TRÊS
Jesus, empreendorismo social e o que a religião não contou

O que ele realmente quis dizer? Será que entendemos


por completo?
Após esta breve análise sobre a história e religião, você deve
estar se perguntando “Ok até aqui, mas de um modo prático, o
que aquele rapaz chamado Jesus quis dizer quando falou repeti-
damente sobre essa nova cultura, esse tal reino de amor?”.
Se voltarmos à tentativa de definição de uma cultura,
teremos:
AUTORIDADE > DIREÇÕES > VALORES > PRÁTICA >
SISTEMAS = CULTURA.
Podemos dizer que, no contexto histórico, para um reino
alcançar o triunfo sobre um novo povo sempre foi necessário o
espírito revolucionário ou rebelde, a oposição e a resistência,
guerra, sangue, morte, dor, até que o domínio fosse completo e
alguém chegasse ao poder. E, desse modo, trouxesse com auto-
ridade novas direções, baseadas naqueles valores e mentalidade,
estabelecendo uma nova cultura à força.
Será que a única forma de empreender, mudar culturas e
impactar realidades é utilizando esse meio?
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Não. Definitivamente não.


Grandes homens como Martin Luther King Jr., Mahatma
Gandhi, Dalai Lama, Nelson Mandela, Frederik Willem, John
Hume, Jimmy Carter (a lista é imensa) conseguiram afetar
significativamente culturas e mudar histórias de forma pacífica.
Alguns deles estão na lista de empreendedores sociais como
descrito no primeiro capítulo. Outros, entraram na lista de
líderes mais influentes do mundo e outros, ainda, foram premiados
com o Nobel da Paz.
O fato é que poderíamos escrever, dedicar um capítulo
ou um livro inteiro para falar de cada um deles no aspecto
do Empreendedorismo Social e quem sabe, mais para frente
isso aconteça. Mas nesse momento, o foco é sobre aquele que
indiscutivelmente empreendeu o amor no mundo e que, para
mim, é a pessoa que mais falou sobre impacto social: Jesus.
Já começamos a falar sobre ele e falaremos ainda mais.
Não sei qual é a primeira coisa que vem à sua cabeça quanto
a figura dele.
Talvez você o reconheça como um profeta, talvez como
o filho de Deus, talvez como um líder. É possível, ainda, que
você tenha aversão a este nome por conta de experiências
negativas com a religião.
Independente de sua crença ou de sua percepção, é ne-
cessário que você deixe suas verdades absolutas nessa linha
para darmos continuidade ao raciocínio.
56 | EMPREENDA AMOR

Combinado? Como eu disse algumas vezes por aqui, não é


sobre religião e sim sobre revolução. Da mente, principalmente.
Então sim, temos muito que aprender com esse líder
empreendedor.
De onde vinha sua mentalidade inovadora? Qual era sua
arma para falar de uma nova cultura? Quais os valores, práticas
e modelos de trabalho? A inovação vinha do conhecimento.
Sua arma era o amor. Um tipo diferente da usada na religião.
Os valores, as práticas e os modelos se baseavam em algo que
ele chamava de reino de amor. Algo novo e confrontador.
Ele queria trazer uma nova cultura, por isso dizia sobre um
novo reino, mas a sua maneira de estabelecer o seu “governo” era
diferente de toda referência de domínio vivido até ali pelas
outras nações. Era diferente o que falava e fazia. Ninguém
entendia esse empreendedor.
Cultura é o termo mais importante e tem tudo a ver com
empreendedorismo. Porque se não entendermos a cultura e o
cenário, perdemos os detalhes e os detalhes fazem toda dife-
rença.
O povo central nesta história são os israelitas que estavam
sendo dominados pelos romanos. Ou seja, estavam perdendo
sua identidade. A identidade é perdida porque uma cultura
influencia a outra. Roma influenciou o mundo. Avançava,
expandia seu domínio e mudava sistemas, todos eles...
Sistemas educacionais, políticos, econômicos, financeiros, da
arte, da arquitetura e por aí vai. Vou exemplificar como isso
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acontecia, na prática, com uma criança judia:


Antes, a criança aprendia que havia um único deus, o deus
dos judeus, que tinha libertado o povo da escravidão do Egito.
Aprendiam que a política sempre foi governada por homens
levantados por esse deus com valores ajustados. O rei Davi tinha
sido o grande exemplo disso, melhor governo até então.
De repente, a mesma criança passou a ser cercada da cultura
romana que dizia, de maneira imposta, que Cesar era um deus e
que havia muitos outros para se conhecer, assim como Júpiter e
Marte. Agora as leis a serem cumpridas vinham das decisões do
governo de Cesar.
A economia judaica que antes era baseada em valores similares
ao empreendedorismo colaborativo, agora era influenciada por
um modelo expansivo de poder abusivo, com novos impostos e
tendo sempre a característica da violência como marca do
império.
Não quero enfatizar que um modelo certo estava sendo
pressionado pelo lado errado, mas quero trazer a clareza de
como um novo reino influencia outro modelo e como isso é a
própria cultura que absorvemos com o passar dos anos in-
conscientemente.
Nesta época, o governador que apoiava o imperador Cesar
era Herodes. Como um bom líder, Herodes impunha os valores
romanos contra o povo judeu e quanto mais eles eram descarac-
terizados e oprimidos por aquele império, mais havia esperança
em uma promessa antiga de que um novo rei surgiria entre os
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judeus para restagatá-los daquela loucura, assim como o rei Davi


foi um dia rompedor, conquistador, de guerra, porém com va-
lores e temente a Deus. Eles aguardavam o tal “filho de Davi”,
um descendente que viria para mudar tudo, restaurando a digni-
dade e reunindo-os novamente.
Esperavam uma revolução, uma força opositora ao império.
Queriam alistamento, armamento e guerra, chegar ao poder e
mudar tudo, resgatar a essência de quem eles já haviam sido um
dia. Entre revolução e a motivação, havia a expectativa de força,
guerra, sangue e morte. Para por fim a dor, eles queriam o nas-
cimento de um rei.
Porém pobre, de uma cidade em descrédito, filho de uma
mulher não casada, esperto e talvez carpinteiro... Seria esse o rei
tão esperado? Será?
Nos livros que contam essa história, há o relato que no início
do trabalho dele, não com madeira, mas como líder de uma
mensagem novíssima, ele começou falando de um novo reino e
que ele percorria toda a Galiléia falando sobre isso.
Quando li sobre isso achei um tanto intrigante e fui estudar
mais. Então notei que praticamente todo tempo registrado desse
jovem líder foi falando sobre um novo Reino. E agora você con-
segue entender melhor essa palavrinha.
Ele falava de um novo modelo, uma nova cultura, falava so-
bre transformação. Ele começa, genialmente, a reorganizar as
coisas tocando em inúmeros temas como sexualidade, espiritualidade,
finanças, assistência aos necessitados e hábitos. Era sobre um
59 | EMPREENDA AMOR

novo estilo de vida.


Ele começa a cutucar todas as áreas da sociedade. E isso é o
que eu chamo de impacto social. Uau! Você não sabe como eu fico
quando falo e escrevo sobre essa perspectiva!
Ele trazia direções e novos valores mentais e depois os levava
para o campo da ação. Na sequência, ensinava outras pessoas,
estimulando-as a entrar neste modelo prático.
Em pouco tempo a cultura de quem andava com ele tinha
sido transformada em um novo modelo estabelecido. Não de
romanos, nem judeus, mas de uma nova mentalidade provada
por ele. Jesus atingiu o objetivo de empreender de uma forma
completamente nova: sem guerra, sem dor, somente com esforço
e amor.
Agora, com o cenário um pouco mais montado, volto às perguntas:
O que esse tal Jesus falava? Será que essas 2 bilhões
de pessoas cristãs ainda falam disto? Será que entendem
o sentido original do que foi dito? Será que reino tem a
ver somente com o futuro ou um lugar lá longe?
Vamos por partes:
Jesus falava sobre amor. Ele dizia sobre duas eras: a era
presente que começa aqui e a futura. Também sobre paz,
justiça e alegria, com o foco nos necessitados. Esse olhar é o real
impacto nas áreas da sociedade que podem transformar o mundo.
Ele sempre acreditou no mundo, pensando no aqui e agora.
E sobre as demais perguntas a resposta é rápida e lógica.
Não. A maioria dessas 2 bilhões de pessoas não tem falado sobre
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isso nesse aspecto porque praticamente ninguém ensina e nem é


ensinado sobre isso.
Apesar de não poder generalizar, até porque seria impossível
conhecer todos os grupos e pessoas, as evidências são que não.
A maioria dos brasileiros, por exemplo, nasceu em uma
cultura cristã, independente da sua fé exata. Herdamos essa
cultura e uma prova simples disso é que 99% dos países do mundo
decidiram dividir o tempo entre antes e depois de Cristo.
E o que nós também herdamos é uma parte da história - a
era futura - que é o que maioria entende como céu, paraíso,
eternidade, um lugar sem violência, com paz, descanso e felicidade
plena.
A perspectiva dessa dinâmica que quero mostrar é que os
ensinamentos de Jesus continham ambas as visões, além da parte
futura, que cada um acredita de acordo com suas particulari-
dades, fruto também de uma influência cultural ou religiosa.
Jesus falava explicitamente sobre fazermos algo aqui e agora,
na era presente que se refere aos nossos dias em vida. Quando
lemos e estudamos os escritos de Jesus, fica claro que o Reino está
próximo e presente da realidade em que vivemos. E a visão
unicamente celeste das coisas tira o nosso foco da era presente
e nos faz esquecer que a era futura só acontecerá após a era
presente ser completada.
E o principal: que nós somos responsáveis pela primeira era,
a de hoje.
No final dos evangelhos, Jesus fala que a primeira era só
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chegaria ao fim quando essas boas novas do “reino” fossem ditas e


vividas em todas as nações.
Quem vai anunciar isto? O que de fato é esta notícia do Reino?
Pra quê? É sobre religião que ele estava falando?
Você precisa encontrar as respostas. O que tenho visto são
muitas pessoas falando de Jesus, mas não falando sobre o que
ele falava;
Muitas pessoas machucadas pela religião, se tornando críticas,
infrutíferas e não fazem nada além de criticar. Muitos precon-
ceituosos julgando a figura de Jesus sem considerar o contexto e
suas falas.
No final do dia, todos são iguais. Fazem as mesmas coisas
influenciados cada um por sua cultura. Todos em busca do
emprego que satisfaça, da casa dos sonhos, dos amigos reunidos,
da capacitação dos filhos, das viagens de lazer, de preferência
todos com muita saúde e final feliz.
Será mesmo isso o que precisamos?
De nenhum modo sou contra você viver seus sonhos, mas
tenho constatado que a maioria das pessoas neste planeta vive
simplesmente para si. Sem propósitos maiores, que direcionam
a uma cultura colaborativa e distributiva. Em palavras mais
simples, uma cultura que coloque o necessitado e seu próprio
propósito de vida em primeiro lugar.
Mas mesmo assim a maioria dessas pessoas diz e acredita que
está seguindo o caminho certo, que suas prioridades estão cor-
retas. Talvez pensem isso porque adquiriram uma crença no
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meio de toda sua corrida, porque batalham por sonhos bons e


legais que não prejudicam o próximo.
Voltando à palestra de Jesus no TED Talks* da época...
No cenário de opressão, ele fala de duas eras: a presente e a
futura. É importante entender que uma condiciona a outra.
A era presente é a parte que também defino como física,
relacionada a Terra e a uma nova cultura que gera impacto
social.
Jesus não era contra a cultura, ele não queria que todos
deixassem suas características, suas identidades e histórias. Em
nenhum momento ele competiu com o governo romano, apesar
de intimidá-los com esse papo de novo reino e multidões. Também
não competiu com a liderança religiosa judaica, apesar de
intimidá-los com esse papo de filho de Deus e alguns milagres
diante deles.
Ele nem mesmo queria que as pessoas o classificassem como
uma religião para obter bilhões de seguidores, apesar de isso ter
acontecido. Ele só quis apresentar um novo modelo, com novos
valores, direções e consequentemente, novos sistemas que funcio-
nam em qualquer cultura, porque a base deles é o amor.

* TED é uma organização sem fins lucrativos dedicada ao lema “ideias que merecem
ser compartilhadas”. Começou há 26 anos como uma conferência na Califórnia e desde
então, o TED tem crescido para apoiar ideias que mudam o mundo através de múltiplas
iniciativas. As TED Talks já foram traduzidas em mais de 90 idiomas.
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VALORES
Valores são a base de uma crença e a motivação principal
para estabelecer um objetivo.
Tudo que Jesus fez tinha dois principais objetivos. O primeiro
era o resgate da identidade original das pessoas oprimidas, não
apenas os judeus. Ele desejou igualdade e justiça para todos. E
todos são todos. Para viabilizar isso, o segundo objetivo era a
transformação de uma cultura.
Eu poderia explorar todos os ensinamentos que ele deu,
detalhar cada um deles, mas isso você mesmo pode fazer dedi-
cando um tempo de estudo.
Nesse momento, eu preciso trazer uma nova ótica sobre
valores e objetivos.
1º Resgate de Identidade Original (Igualdade e Justiça):
O ser humano foi criado com condições e capacidade para
ter uma vida com mais sentido, de se conectar com algo maior,
de ter uma relação próxima com Deus, independente de qual
forma você desenvolva sua espiritualidade, de evoluir em todos
os aspectos humanos e cumprir PROPÓSITOS.
Assim sendo, o ser humano não foi criado para passar fome,
ou ter uma educação indigna, saúde precária, ser abusado, sofrer
violência e nem para causar tudo isso.
Com o passar do tempo, os cenários humanos vão piorando
e a complexidade de resolução também. Por quê?
Porque os sistemas estão em desequilíbrio. Governos foram
estabelecidos, terras foram divididas, moedas criadas e uma
64 | EMPREENDA AMOR

forte cultura surgiu pressionando o padrão ideal de vida e


sucesso, inserindo um desenfreado desejo de ter mais e mais,
para acumular mais e mais.
E o que acontece quando o valor base é acumular?
Isto mesmo, uns passam a ter muito e outros nem o básico.
Financeiramente, intelectualmente e espiritualmente, fisica-
mente. O desequilíbrio está em todas as esferas e há necessitados
em todos os cantos, alguns mais fáceis de ser identificados e out-
ros nem tanto.
Jesus não era socialista, muito menos capitalista. Não era
de esquerda e nem direita. Não tinha uma religião como clas-
sificamos hoje. Aliás, quando o questionaram sobre isso, a sua
resposta foi que a verdadeira religião era ajudar os órfãos e
as viúvas. Ok! Ok! Outro olhar, cross a tudo que classificamos,
atingindo todos os grupos.
Não se trata de um modelo político ou religioso. Quem gosta
de criar política é o homem. Estamos falando de uma percepção
do alto, sobre uma perspectiva de equilíbrio, por meio de valores
ajustados.
Ele veio reordenar as coisas, organizar a bagunça e nós só
tínhamos que multiplicar e empreender isto para transformar a
sociedade. A definição de empreender que estou falando neste
livro e Jesus no dele, é um pouco mais abrangente do que as
definições que estão nas sessões de Administração e Negócios da
Amazon.com.
Não é apenas sobre business, startups sociais e ONGs, mas sobre
65 | EMPREENDA AMOR

entender que TODOS podemos ser agentes de transformação


e empreender algo relevante, independente da área da sociedade
que você atue ou deseje atuar.
E ainda sobre fazer a diferença ao fomentar e estabelecer a
igualdade e a justiça na política, arte, saúde, educação, entreteni-
mento, ciência, tecnologia e em qualquer outro lugar. Pensando
no próximo, pensando no todo.
Mas preferimos somente focar na transformação pessoal,
aquela onde nós somos o centro. Decidimos encaixotar esta
história linda dentro do cenário religioso, terceirizar os problemas
para o governo e viver uma vida comum.
Assim é mais fácil, não é?
E daí o paradigma passa a ser esse: eu encontro algo bom
que transforma minha vida, desenvolvo isso dentro de quatro
paredes e uso como uma ferramenta para alcançar meus interesses
e sonhos pessoais, como disse antes, de ter casa, carro, família,
viagens, etc.
Os problemas do mundo não são minha responsabilidade,
afinal de contas essa questão está terceirizada, lembra?
Crianças sem escolas, morrendo pela violência, por falta de
saúde e comida, tudo isso é culpa do governo, afinal de contas
pagamos impostos. E a corrupção? Quem resolve? A resposta
geral será: Ninguém! Não há mais esperança. Então estagnamos
na frustração de que esse mundo não tem mais jeito.
Se o governo leva a culpa de todos os problemas sociais, então
nós iremos nos preocupar com o quê? Com os nossos objetivos,
66 | EMPREENDA AMOR

nossa família, nossos interesses e sonhos. Com certeza isso já é o


bastante para preencher a agenda de toda sua vida! E com esse
mindset muitos estão acumulando e mais pessoas ainda ficam em
falta. Eu não sou contra você frequentar uma comunidade de
fé e desenvolver sua espiritualidade. Eu mesmo faço isso com
bastante engajamento, as escrituras falam de Jesus nas sinagogas.
Agora, definitivamente, ele não estava lá para criação de uma
nova religião. O trabalho Dele era do lado de fora.
Ele morreu por um propósito maior e completo.
Isso para a maioria das pessoas se estabelece quando você
alcança a salvação, frequenta uma comunidade de fé, tem uma
vida comum de segunda a sexta, busca seus interesses pessoais,
status sociais, conquista algumas pessoas para o lado da sua fé e
duplica esse processo diversas vezes até ir para o céu, onde tudo
será melhor. Esta história me soa incompleta, como se pulasse a
parte mais importante do filme.
Se falta um pedaço, o filme não faz total sentido por mais
que pareça que faça.
A Igreja, a comunidade ou o grupo que você frequenta não
são o fim do processo e sim, o começo.
As pessoas perderam a esperança neste mundo. Então, o
mais seguro a fazer é nos apegarmos a uma fé que nos dê o que
precisamos e nos leve para onde queremos ir.
E aqui? E as pessoas que precisam de um socorro nesta era?
“Ah! Mas que sentimento bonito, torço por um mundo
com mais pessoas como você”. “Esse desejo juvenil é realmente
67 | EMPREENDA AMOR

encantador! Já passei por essa fase”. “Rapaz você está maluco?


Isso não se fala, não seja demagogo, não vamos mudar o mundo,
está tudo indo por água abaixo e só irá piorar, a Bíblia diz isso”.
Será que é porque a maioria pensa assim que ainda nada
mudou?
“Empreender para mudar o mundo?”. Ah vá!
É isto que o sem esperança fala.
Essa fé apocalíptica acredita que tudo vai acabar mesmo, que
está tudo perdido, afinal os sinais estão aí, você não está vendo?
Então como tudo “já era” fazemos vista grossa para a neces-
sidade real do próximo e “salve-se quem puder”. Enquanto isso,
vamos salvar mais pessoas espiritualmente porque fisicamente é
ilusão. Essa é a triste realidade, tão egoísta e distante do discurso
do jovem Jesus de trinta e poucos anos que acreditava em um
novo comportamento integral.
E nós aqui achando que sacamos todo o final do filme, porém
não entendemos a parte crucial, que muda tudo.
Na verdade, essa história é sem fim, um ciclo que começa quando
outro termina. O primeiro só conclui quando os personagens
entendem a história completa.
Bom, eu espero que você tenha absorvido que a cultura vi-
venciada nos últimos séculos mudou valores, corrompeu sistemas,
gerou desigualdade, nos ensinou a ignorar a necessidade, criou
um modelo acumulativo e egoísta que funciona muito bem.
2º Transformação de cultura:
O segundo objetivo de Jesus foi a transformação de cultura.
68 | EMPREENDA AMOR

Ele não queria uma estrutura ideológica, partidária ou religiosa.


Ele queria mudar o modo comum de pensar, trazendo ordem
nos valores que, consequentemente, nos ensinariam novos modelos
e sistemas de comunidade.
Ele deixou nítido qual era a ferramenta do seu trabalho para
alcançar aquele objetivo. Ele fez isto de propósito para trans-
formar aquela cultura que estava uma bagunça, prevendo que
poderíamos também aplicá-la na bagunça da nossa vida.
Então, qual era essa estratégia de mercado tão assertiva, que
mágica ele aplicava?
O amor.
Simples assim, ele realmente amava.
Quando nas escrituras Jesus está ensinando uma multidão,
ele diz que não devemos nos preocupar tanto nessa vida com o
que comer, beber e vestir, mas em buscar o reino dele (esse novo
mindset) em primeiro lugar, a sua JUSTIÇA e todo o resto que
tanto nos ocupa a mente será acrescentado.
Temos aqui um ranking de Jesus relacionado a nossa real
busca em vida com o que realmente nos preocupamos:
1º lugar: tem que ser esse reino de amor e justiça. Considere
nesse grupo os “pequeninos” nome que ele dava aos necessitados
e oprimidos. Você vai entender mais para frente melhor.
2º lugar: todo o resto (que inclui você e seus interesses). Ele
ainda garante que tudo será mais fácil nesse estágio, como a lei
da atração, somente por ter colocado as prioridades na posição
certa, o resto flui! O equilíbrio do sistema entra no eixo.
69 | EMPREENDA AMOR

Quando ele é questionado sobre qual é o grande manda-


mento, descobrimos um novo ranking das prioridades de Jesus. E
quando falo prioridade, considere seu sentimento, tempo e recurso
dedicado:
1º lugar: Amar a Deus.
2º lugar: Amar o próximo.
3º lugar: [...]. Ele não diz, mas acredito que é amar a si
próprio. Ele não precisava pedir isso, a cultura já enraizou esse
conceito de forma bem forte. Nós já nos priorizamos no tempo,
recurso e sentimento.
Isso tudo é forte, confrontador e oposto ao que aprendemos
dentro do mindset comum, oposto ao conceito de terceirizar a
responsabilidade a um governo ou setor.
E qual era o foco e ênfase do seu trabalho?
O pobre, o doente, a viúva, o orfão, o estrangeiro e o prisioneiro.
O necessitado e oprimido. Os que estão perto ou longe, mas é
bem claro que são os da era presente, aqui e agora. Eu sei que soa
estranho, não quero convencê-lo a fazer assistencialismo social. Mas
entenda que é puramente a mensagem insistente de Jesus para
mudar nossa cultura, nossa cabeça, nossos valores e prioridades.
Não adianta querer fugir. O que ele falava era sim sobre
suprir a necessidade de alguém. Menos sobre necessidades de
conveniência como carro, casa, emprego, empresa, viagens, status
e posições. Mais sobre as necessidades reais como miséria, doenças,
desigualdade, rejeição, abusos e morte. Jesus tinha bastante
seguidores, mas não se preocupava com as curtidas como um
70 | EMPREENDA AMOR

youtuber. Ele ensinava com pancadas fortes, chocando os religiosos


e tradicionais com frases do tipo:
“Os sãos não necessitam de médico, mas, sim os doentes; eu
não vim para os justos, mas aos que erram” (Marcos, 2:17).
“Eu vim para falar as boas novas aos pobres, gritar liberdade
aos presos, recuperar a visão dos cegos e para libertar os oprimidos”
(Lucas, 4:18).
“A verdadeira religião é cuidar dos órfãos e das viúvas em
suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo” (Tiago,
1:27).
Talvez pareça que utilizarei um tom rude em algumas partes
do texto a partir de agora, mas é com amor, acredite.
Cada frase de pancada é contra minha face também. Es-
tou nesse processo de transformação de mente e esse tom é ne-
cessário.
É importante falar da realidade.
A nossa cultura nos ensina a ignorar a necessidade e a realidade.
Jesus não.
Culturalmente naquela época era normal excluir classes e
grupos da sociedade, assim como nos nossos dias. Os leprosos
eram considerados imundos, então quem pegava lepra era liter-
almente afastado dos limites da cidades e levado para uma área
isolada.
As mulheres também sofriam muita discriminação sobre a
capacidade de realização e liderança, em seus períodos menstruais
eram separadas do convívio social. Os pobres, deficientes físicos
71 | EMPREENDA AMOR

e mentais, as prostitutas, os estrangeiros ou os de outra religião e


muitos outros grupos eram literalmente rejeitados. Mais de dois mil
anos depois e como somos similares no tratar com o próximo.
No continente africano ainda existem altos índices de sacrifício
de crianças por crenças de uma cultura religiosa. Por exemplo, para
que um negócio dê certo, dizem que no fundamento você tem que
colocar partes dos membros humanos e com isso, o índice de tráfico
humano aumenta e crianças em estado vulnerável que não tem pai,
ao invés de serem supridas como Jesus explicou, são vítimas.
Os albinos, simplesmente pela ausência de pigmentação no
corpo, são considerados malditos por muitas pessoas. A lenda diz
que ao ver um, você passa ter azar na vida. Então, em muitas áreas
eles são perseguidos e mortos. Isso mesmo, um absurdo sem
tamanho. E é comum ver casos assim nos noticiários. Tudo fruto de
uma cultura, de sistemas em desequilíbrio.
Ainda há quem diga que para um homem se curar do vírus
da AIDS ele deve tirar a virgindade de 6 meninas. Por conta
dessa lenda, há um alto número de estupro nos países africanos.
Imagine que loucura e os traumas que essas crianças vivenciam,
além de haver a questão da propagação da doença.
Eu sei que nessa hora é muito mais fácil virar a página, trocar
o canal da TV, fazer um comentário de indignação com quem
está do seu lado e pensar “esse mundo está perdido! Deixa eu
orar para a era futura chegar mais rápido”.
Todos fazem isso!
Há anos!
72 | EMPREENDA AMOR

Ninguém enxerga que Jesus queria quebrar essa cultura de


ignorar a necessidade real. Não estou dizendo que você ignora
porque não tem um bom coração, mas porque não se vê capaz
de fazer algo relevante por isso. Todos pensam assim e todos
continuam parados.
Jesus foi o único que acreditou.
Ele disse para limparmos os leprosos, interrompeu um
apedrejamento religioso contra uma mulher, comeu na mesa
com os errados sem julgá-los ou se tornar um deles, apenas
influenciava com novos valores. Ele ia na direção dos doentes e
dos pobres. Era um novo mindset aplicado, que loucura de Reino!
Ele empreendeu neste cenário desigual, quebrou paradigmas
e transformou culturas.
O produto dele era conhecimento.
Seu dia a dia de trabalho tinha muito amor. Não amor por uma
posição, cargo, status, sensação de poder ou por mais dinheiro.
Se habituou com as crises humanas, estudando o mercado
durante anos e esperou o tempo certo para começar empreender
amor. Começou a trabalhar com pessoas, com o que gerava trans-
formação para o próximo e trouxe valores reais para continuarmos
o impacto social.
Agiu localmente e pensava globalmente.
Independente da sua crença, agora talvez faça mais sentido
entender porque Jesus começou um movimento para bilhões de
pessoas. O que falta é o ajuste da mensagem completa para todos,
cristãos e não cristãos.
73 | EMPREENDA AMOR

A mensagem foi para a humanidade.


Nesse capítulo quero que você tenha uma ótica diferente sobre
este termo usado: “Reino”. Quero que você consiga enxergar o
impacto de tudo que Jesus falou, considerando o cenário cultural
daquela época, de forma menos religiosa e mais real, menos fu-
tura e mais presente.
Quero colaborar para ajustar o foco, os valores, proposital-
mente, confrontar um pouco nossa realidade para vermos que
estamos falando muito e fazendo pouco, ou fazendo muito só
por nós mesmos ou ainda, fazendo muito somente focados na
era futura e nos esquecendo que há uma parte da história que
aguarda (em prantos) uma manifestação dos que entendem... No
hoje, no agora.
Vamos sintetizar esse capítulo. Aprendemos que o Reino,
nada mais é que um governo e uma cultura baseados em:
AUTORIDADE > DIREÇÕES > VALORES >
SISTEMAS = REINO (Governo/Cultura/Mindset/Refletidos
nas ações práticas)

Analisamos 3 culturas/influências da época e a similaridade


em modelos atuais.
No cenário social, vimos que uma cultura impacta e molda
a sociedade como um todo. E onde há desvios de valores, há
desequilíbrio no sistema, gerando cada vez mais desigualdade e
mindset sobre si.
No cenário religioso vimos que, independente da crença
74 | EMPREENDA AMOR

carregamos sutilmente influências culturais locais, focamos em


uma pedaço da história (que mais me interessa como indivíduo) e
ignoramos o todo porque nos parece mais complexo e inatingível.
Vimos que nem tudo que recebemos de uma cultura está
certo e que podemos decidir pensar diferente. E que Jesus não
foi um crítico passivo mas, com amor, transformou culturas
quebrando paradigmas religiosos, políticos e sociais.
Vimos que estamos condicionados a ignorar a sociedade. E
que a mensagem é inversa.
Talvez tenha percebido que o tema empreender amor não
é mais uma estratégia de marketing para venda de livros, mas sim
uma nova possibilidade a se abrir para transformar a mente. Ao
assistir ao filme por completo.
Se a palavra “reino” era tão distante da sua rotina, do
seu cotidiano, da era presente e se agora você consegue ver
proximidade com seu dia a dia, esse livro está atingindo seu
objetivo.
Podemos fazer diferente.
Agora você sabe do que estou falando.
O próximo capítulo dessa história nos espera.
75 | EMPREENDA AMOR

CAPÍTULO QUATRO
Eu preciso disso? O mundo precisa.

Você precisa viver isto?


Manhã do dia 17 de maio de 2016. Aparentemente um dia co-
mum. Pri (minha esposa) e eu estávamos na escola de inglês na
África do Sul, fase na qual decidimos nos dedicar para formação
em diversas áreas das nossas vidas. Iríamos sair mais cedo para aju-
dar a entregar algumas doações de fraldas para um orfanato
em Joanesburgo.
Chegamos lá por volta das 11h40, com grandes expectativas
de ver as crianças. Lugar grande, ambiente limpo, funcionários
agradáveis e crianças sorridentes.
O orfanato era para bebês e crianças de 0 a 4 anos e todas
elas tinham algo em comum. O vírus do HIV.
No playground havia, aproximadamente, 30 crianças. Quando
nos viram, saíram correndo na nossa direção, com os bracinhos
levantados e dizendo “up, up”. Elas queriam colo, abraços e aten-
ção de gente nova.
Foi aí que percebi que o que elas tinham em comum era algo
muito maior e diferente do que citei anteriormente.
Elas tinham O amor.
76 | EMPREENDA AMOR

Elas queriam ser amadas e já estavam espalhando amor


proativamente. Por diversos motivos chegaram naquele lugar.
Lá havia a sala dos recém-nascidos, dos que engatinhavam e
aos que já corriam. A maioria delas perdeu seus pais por causa
da AIDS. Algumas estavam ali porque suas mães eram, pratica-
mente, outras crianças, muitas delas vítimas de abusos.
Aquela experiência foi muito marcante para mim. Primei-
ramente porque eu nunca tinha ido a um orfanato onde a totalidade
das crianças pertence a um grupo popularmente conhecido
como “inadotáveis” (a probabilidade de adoção de crianças com
deficiência ou com enfermidades é mínima).
Segundo porque Priscila e eu, desde a nossa época de namoro, já
alimentávamos o sonho de adotar uma criança. Quando viemos
para África, sem nenhum planejamento prévio, entendemos que
essa missão também seria moldada e cumprida por esse lado do
oceano.
Eu sei que poderíamos fazer isso em qualquer lugar no Brasil
ou do mundo. Talvez adotar uma criança na África soe apelativo
ou comovente. Na verdade, sobre a motivação do seu coração,
só você poderá prestar contas um dia, então não podemos julgar
um ato do bem, afinal já existem tantas barreiras para dificultar
isso tudo.
E nossa escolha não se deu, simplesmente, por ser África. Nós
acreditamos em propósitos maiores. Meu sonho mesmo era ter
um de cada cor, de cada continente, de cada personalidade,
de cada tamanho, cada língua e de cada problema! Hahaha.
77 | EMPREENDA AMOR

A minha mente já não é mais a mesma e se tudo isso estiver den-


tro do meu propósito, vai acontecer. =)
Se não estiver, não é um problema. O segredo é determinar
e cumprir o que já está predeterminado em seu propósito!
Agora vou lhe falar o porquê sabemos que será aqui. Um
dia, sem nunca imaginar que viríamos para África, durante uma
oração eu tive uma visão de um local. Era uma base e parecia ser
a África. Havia muitas pessoas estrangeiras que ajudavam uma
comunidade carente local. Eu via crianças sorrindo, mães cho-
rando de gratidão e de repente, meu olhar dava um zoom para
aquele aglomerado de crianças e eu ouvia uma voz que dizia
“seu filho está ali”.
Não sei o quanto você acredita em experiências desse tipo,
mas aquela cena ampliou minha visão, completou um quebra-
cabeça sobre o futuro e sobre a nossa missão (minha e da Pri)
nessa terra.

O conhecimento é libertador;
As experiências ampliam a visão;
E o Amor é a base, sempre.

Voltando ao orfanato, no final da visita a pessoa que havia


nos levado fez uma oração com os funcionários e quando eu, de
olhos fechados, me lembrei de todos aqueles rostinhos, não con-
segui fazer outra coisa a não ser chorar. E chorei muito!
Senti uma vontade gigante de adotar todas elas, independente
78 | EMPREENDA AMOR

de qualquer situação de saúde. Elas não entendem ainda a vida,


não sabem o que é vírus HIV, nem o destino dos seus pais. Todas
elas eram iguais e queriam apenas uma coisa: ser correspondidas
naquele amor que já entregavam.
Essa história sem um final definido nos leva a uma conclusão:
todos nós queremos ser amados. O que nos tornamos durante a
nossa vida é o resultado de 3 principais fatores: genética, educação
e contágio social.
Genética é aquilo que você herdou fisicamente dos seus
antepassados. Também acredito na herança espiritual e emocional.
Somos integrais e a verdade é que, em tudo há influência, carregamos
muitas coisas sem saber.
A educação se trata da criação familiar que você recebeu, tudo
que absorveu dentro de casa. Seus valores, modo de pensar, reagir,
corrigir, relaxar, o que acha certo, limpo, calmo, etc. Não somos o
reflexo exato, mas carregamos algo em alguma proporção.
O contágio social são todas as influências recebidas por meio
dos lugares que decidimos andar, os amigos em geral, colegas
de faculdade, trabalho, igreja, clube, etc. Toda a sociedade, de
maneira geral, nos diversos ambientes em que vivemos.
A notícia não tão boa é que algumas pessoas mesmo unindo
essas 3 fontes de influência, não receberam a base mínima de
amor. Talvez sua família seja “geneticamente” mais racional,
lógica e menos afetiva e por isso, houve uma dificuldade natu-
ral de demonstração de amor e carinho. Ou talvez você tenha
recebido tanto afeto que nem valorize ou não entenda o que é
79 | EMPREENDA AMOR

exatamente isso.
No final das contas, esse livro é sobre isso, sobre empreender
amor. Se você chegou até aqui, antes de falarmos de coisas muito
relevantes no próximos capítulos, você precisa entender na es-
sência o que é esse amor, para só então, entender o impacto que
esta palavrinha pode gerar no mundo.
Nos dias atuais falar de amor ou é moda ou é brega.
Hoje o termo amor está em todos os lugares: nas novelas
que contam a história de pessoas largando famílias para viver o
“amor verdadeiro”, na música que fala sobre uma noite de prazer,
no vídeo que sensibiliza para alguma causa ou na propaganda
comercial para o dia das mães.
Da camiseta ao adesivo no caminhão. O amor foi banalizado
e ao falar sobre isso, a maioria prefere pular essa parte.
Quando ouvimos alguém falar sobre, já pensamos “lá vem...
Agora é a hora que vão querer me sensibilizar, me convencer,
me converter, pedir algo ou falar de tudo que eu estou cansado
de saber”.
Mas, será que você sabe mesmo?
Quando a cultura insere valores na sociedade, nascemos com
aquele padrão, pensamos que sabemos de tudo e naturalmente, nos
fechamos para o novo. Agora, se cada um tem suas experiências,
influências e percepções, voltamos para a real pergunta:
O que é o AMOR?
Em geral, a gente entende amor como um sentimento
que se desdobra em outras coisas. A maioria dos livros que são
80 | EMPREENDA AMOR

base de fé como a Torá, Talmude, Bíblia, Vedas e o Alcorão,


falam sobre amor.
Na Bíblia diz que Deus é amor. Diz que Ele amou o mundo
com uma grande intensidade, nomeada de “tal maneira”. E que
o maior empreendedor do mundo entregou sua vida por causa
desse “amor”.
Ele percorria cidades e vilarejos a pé, lugares distantes de
barco... Tudo para falar sobre esse tal amor.
Quando seu tempo estava chegando ao fim, ele orientou
seus seguidores a irem por todo o mundo e fazerem o mesmo.
Recebeu e cumpriu uma pena de morte simplesmente porque a
mensagem inovadora e contrária à cultura incomodou os poderes
políticos e religiosos da época.
Quiseram calar sua voz, mas ela continua até os dias atuais.
Após 2 milênios e bilhões de pessoas impactadas, estamos aqui
falando deste amor simplista que ele falava.
Já entendemos que algumas coisas se perderam neste percurso
e que a maioria das pessoas provavelmente entenda a metade da
história. Metade da história também significa metade do enten-
dimento que ele quis passar.
A maioria de nós entende amor como sentimento, mas como
o grande líder chamado Jesus entendia?
O que ele falava? Por que era diferente? Por que atraía multidões?

Os 4 Amores
Quando estudamos o que esse empreendedor falou na
81 | EMPREENDA AMOR

linguagem original das escrituras, notamos que algumas palavras


foram alteradas ao passar pelo processo de tradução para outros
idiomas. Isso acontecia ou para facilitar o entendimento ou por
não encontrar uma palavra correspondente com o sentido literal.
E o que isso resultou? Foram usadas palavras aproximadas.
E por que estou te explicando isso? Porque aconteceu
exatamente isso com a palavra “amor”, que tem tudo a ver com
o contexto deste livro.
Culturas, entendimento e sentido literal.
A palavra “amor” possui 4 aspectos diferentes no hebraico e
no grego e ao passar para o latim, se tornou apenas uma palavra.
Isso mesmo. Quatro palavras se tornaram uma.
Vamos abrir cada um desses aspectos para ficar mais claro.

• Érōs (ἔρως)
A primeira palavra é Éros, que significa o amor romântico,
muito usada por Platão e Sócrates.
O sentido do amor Éros também é físico, daí a raiz da palavra
erótico. Trata-se da atração entre duas pessoas, que envolve a
manifestação dos hormônios e é caracterizado pelos desejos sexuais.
Informalmente chamado de “A química”. Da borboleta no
estômago à evolução de um sentimento mais sólido.
Isso é ótimo. As escrituras mostram claramente a expressão
do amor Éros como parte do que Deus entregou ao ser humano
para ser desfrutado.
82 | EMPREENDA AMOR

“Como são ternos teus carinhos, minha irmã e minha noiva! Tuas carí-
cias são mais deliciosas que o vinho; teus perfumes, mais aromáticos que todos
os bálsamos” (Cantares, 4:10).

• Philos (φιλία)
Philos é o amor companheiro. Facilmente visto entre amigos
e também entre um casal. Esse amor não requer o toque físico,
ele se completa no simples fato de estar e compartilhar momentos
e sentimentos juntos.
Um amor que é construído com a outra pessoa.
Jesus fala de Philos no livro de João: “Ninguém tem maior amor
do que aquele dá a vida pelos amigos” (João, 15:13).
E quando Jesus manifesta seu choro pela perda do seu amigo
Lázaro, Ele mostra esse amor relacional entre amigos.
Alguns filósofos gregos diziam que esse amor amigo é o máximo
que a sabedoria da felicidade pode nos oferecer na vida.

• Storgē (στοργή)
Storge é o amor fraternal, é a afeição natural, como aquela
que os pais sentem pela prole. Afetos que acontecem dentro de
uma casa e entre seus membros, normalmente entre pais e filhos.
Storge aparece nas escrituras como um exemplo de amor.
“Amai uns aos outros com amor fraternal” (Romanos, 12:10).

• Agápē (ἀγάπη)
O meu preferido. Na tradição grega Ágape era usada para
83 | EMPREENDA AMOR

expressar uma afeição mais ampla do que a atração de Eros, que


a cumplicidade de Philos e a unidade de Storge. Ágape era sobre
uma consideração elevada.
Ágape foi uma palavra repetida muitas vezes por Jesus e após
ele, o sentido dela se tornou mais elevado, divino e de difícil com-
preensão nos dias atuais.
Acredito que foi exatamente essa parte da palavra amor que
os tradutores não encontraram correspondentes nos vocabulários
e realidades culturais.
Talvez porque não seja deste mundo sua tradução.
O Ágape foi usado quando Jesus resumiu todos os manda-
mentos no principal deles que é: amar uns aos outros como ele
nos amou.
Quando diz que devemos amar de todo o coração, entendimento
e forças. Quando fala da prioridade do amor. Deus, o próximo
e eu por último.
Quando diz que o próprio Deus é amor.
E no capítulo das Escrituras no qual esse amor Ágape é descrito
em detalhes, há um trecho famoso que virou inúmeras músicas,
inclusive uma muito boa do Renato Russo. Porém, todos a entendem
e interpretam com olhar dramático para Éros ou Philos. Convi-
do você a prestar atenção nesse trecho sob a perspectiva Ágape:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens ou até mesmo dos anjos,
mas não fosse capaz de amar, não seria mais do que um instrumento de
fazer barulho. Se eu tivesse o dom de falar em nome de Deus, e se soubesse
os mistérios do futuro e se conhecesse tudo acerca de tudo, e não tivesse amor,
84 | EMPREENDA AMOR

nada seria. E até mesmo que tivesse fé, de forma a poder falar a uma mon-
tanha e fazê-la deslocar-se, isso não teria valor algum sem o amor. Ainda que
desse tudo aos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
mas se não amasse os outros, eu não teria nenhum valor....Tudo sofre, tudo
crê, tudo espera, tudo suporta”.
Muito profundo, não é?
Eu entendo a dificuldade que os tradutores tiveram porque
esse amor realmente é incomum para nossa cultura e realidade.
Ágape é infinito, tem a ver com o amor que veio lá do alto pela
humanidade. Um amor que é verbo de ação, que se entrega, que
dá a sua vida, que tudo sofre, tudo crê, espera e tudo pode fazer
pelo outro.
Um amor que é plural, global e ao mesmo tempo local e
singular. Como homem, ele não imaginaria que milhares de
anos depois você nasceria, que leria este livro. Ele não conhecia
você.
Agora uma coisa ele sabia.
Que a mensagem chegaria até você. E por que ele sabia
disso? Porque pagou um valor alto para que a “boa nova” se
espalhasse até aqui. Foi um preço de sacrifício, de morte e morte
de cruz.
Ele fez isso porque amou primeiro, com esse amor Ágape.
E é por isso que aquelas crianças no orfanato levantaram as
mãos e queriam ser abraçadas. Porque todos nós precisamos de
amor.
85 | EMPREENDA AMOR

Agora a pergunta importante deste capítulo é:


Para qual amor você tem se aberto? Qual desses tipos você
tem buscado ou recebido? Ele lhe satisfaz por completo?
Quando você coloca a cabeça no travesseiro e não há
ninguém ao seu lado, você é completamente realizado? Você
se sente realmente amado(a)? Se sim, por qual desses quatro
tipos de amor?
Não há como explicar de forma racional, até porque não
é racional, mas de forma empírica e natural todos sabemos
que precisamos de amor.
Ainda que você se recuse a aceitar isso. O amor nos 4 aspectos
só pode ser recebido pela percepção. Quando você entende
e percebe.
O amor Éros é importante, é bom sentir todas as sensações
que ele proporciona. É bom ter alguém realmente especial para
tornar isso mais significante, mas o fato é que hoje os valores
têm se perdido.
Muitos querem se completar com o físico, direcionam a
vida em busca desse amor. Essa busca de ser amado somente
por “Éros” nunca acontecerá. Há muitos casamentos que
tentam sobreviver somente pelo Éros, pela química, expec-
tativa alheia e satisfação insaciável do prazer.
Este amor é limitado e sozinho. É incompleto. Se direcionarmos
pelo que é fisico, na hora que chegar a idade, as rugas e a gravidez,
ele será substituído por um novo “amor”.
Mas e aquele papo de que o amor jamais acaba?
86 | EMPREENDA AMOR

O Philos é essencial porque o companheirismo, se bem


construído, é duradouro. Quem tem amigos tem uma boa base.
O casal que possui o Éros somado ao Philos possui uma
grande vantagem. Além da liga física, há o prazer da companhia
e de compartilhar a vida juntos.
O Storge é um afeto imprescindível a todos. Qualquer pessoa
com falta desse amor cresce de alguma maneira desestruturada.
Philos e Storge também são finitos. Com problemas, decepções,
frustrações, brigas e pressões externas, eles podem acabar.
Mas e o amor que tudo suporta?
Muitos casamentos lutam para não terminar se baseando no
amor Philos e Storge. Lutam pela história construída até ali, pela
vida dos filhos e pelo bem geral da família. Isso é até um sentimento
nobre, mas é incompleto.
O Ágape é infinito.
E mais do que isso, é tão superior que alcança os outros 3
aspectos do amor e os torna plenos.
O vazio vai embora e as consequências de quem teve falta de
um amor, também se vai.
Aí sim faz sentido as canções. Você pode sofrer, esperar,
acreditar e esse amor lhe sustenta, ele jamais acaba.
Parece poético, mas é real. O que era natural se torna sobrenatural.
Independente de você ser solteiro ou casado, de ter sido
absurdamente rejeitado ou abusado por pessoas que diziam
amá-lo, de ser superprotegido, de ter 12 anos ou 90 anos, estar
com conta negativa ou rendimentos de 8 dígitos. Você pode estar
87 | EMPREENDA AMOR

começando a vida ou quase terminando. Pode ter feito as coi-


sas mais sujas desse mundo ou ter vivido a vida politicamente
correta.
O Ágape é para você.
É o amor do alto.
O amor que lança fora o medo, que encobre a multidão de
erros, que perdoa sem justificativas, que lhe aceita do jeito que
você é. Mas que também pode transformá-lo em sua melhor
versão.
Talvez você nunca tenha percebido este amor, mas ele é real
e transformador. Ele completa tudo. Limpa as lágrimas no dia da
tristeza, faz você gargalhar nos dias difíceis.
Este amor traz a você um propósito maior para viver. Ele é
descomplicado.
Quando percebemos e aceitamos este amor, recebemos o
poder de sermos chamados de filhos. Como as crianças do orfanato.
Todas as que foram rejeitadas, inclusive aquelas que talvez
nunca serão adotadas, quando entenderem o Ágape terão o Pai
com o perfeito amor. E serão niveladas ao direito de serem com-
pletas e felizes.
Eu quero contar isso para elas.
Isto é Ágape.
Um amor fora da lógica humana, que não nasce da aproxi-
mação física, nem precisa de um tempo para ser desenvolvido.
Não espera algo em troca, mas busca seus próprios interesses.
Realmente não havia correspondentes naquela cultura para
88 | EMPREENDA AMOR

explicar isso, até hoje é difícil de tangibilizar.


Amor Ágape é quase uma mistura do espiritual com físico,
do divino com o terreno.
Ele não teve nenhum benefício físico para fazer o que fez,
se entregou de graça e por amor. É por isso que eu decidi me
sacrificar ao máximo para entregar este livro e todas as ações
futuras para que essa mensagem chegue ao maior número de
pessoas. Pessoas que não entenderam a história toda.
Os que foram machucados pela religião, os que tem aversão
à pessoa de Jesus e aos que nunca teriam condições de receber
sua mensagem de empreender amor.
Minha missão é levar isso para os quatro cantos desta Terra,
aos lugares menos prováveis, jamais esperados, em quantos idiomas
forem possíveis.
Talvez você tenha ligado seu ponto de alerta achando que
quero lhe converter a uma religião ou mudar sua opinião, com
base nas palavras que usei na última página.
Mas minha resposta é NÃO.
Ágape é muito além da religião ou da nossa compreensão
limitada. Por isso, o projeto Empreenda Amor não tem nenhum
benefício financeiro. Temos outras frentes de negócios para
rentabilizar e nos sustentar, todas elas baseadas nestes pilares
de transformação coletiva, colaborativa e distributiva.
Assim, se você está com esse livro em mãos, ou se ele chegou
como um conteúdo gratuito ou, ainda, se você colaborou com
uma de nossas causas para multiplicar a mensagem do amor,
89 | EMPREENDA AMOR

você foi escolhido.


O que recebi de graça estou entregando de graça. Faço
porque aconteceu comigo, porque alguém fez primeiro, porque
entendemos a história inteira e multiplicar é o mínimo a ser feito.
Acreditamos que empreender amor, independente do seu credo,
pode transformar sua vida e a sociedade.
E por último.
Fazemos isso porque acreditamos que SIM, você precisa
desse amor.
E o mundo também.
Vamos entender o porquê nas próximas páginas?
Este capítulo foi curto, mas o Ágape é infinito.
90 | EMPREENDA AMOR

CAPÍTULO CINCO
Um pouco da realidade e o que você tem a ver com isso

Ignorar parece o melhor.


A maioria não entende porque realidade tem a ver com
percepção.
Se você ignorar ou não der importância você não perceberá.
Vou começar com uma história simples que aconteceu comigo.
É sobre percepção de pessoas em lugares bem distantes.
Cancun e África.
Quando casei ganhamos de presente uma viagem de lua
de mel para Cancun e sem sombra de dúvidas uma viagem
inesquecível, o local era incrível, o mar parecia de mentira, o
clima, o hotel, os restaurantes, tudo simplesmente maravilhoso!
Naquele lugar fizemos amizade com uma pessoa nativa e entre
diversos assuntos surgiu o tema “viagem dos sonhos”. O amigo
contou que o sonho da vida dele era conhecer o Rio de Janeiro,
no Brasil.
A princípio pensei que ele estivesse brincando só porque éra-
mos brasileiros, mas não. Ele começou a descrever os lugares do
Rio, o carnaval, nome das praias e os olhos brilhavam.
Na época morávamos em São Paulo e não tínhamos bons
91 | EMPREENDA AMOR

olhos para o Rio, também nunca tínhamos ido para lá. E ele
morava em um dos lugares mais lindos do mundo, querendo
conhecer aquela cidade como se fosse superior a Cancun.
Aquilo nos soou esquisito, mas ok, essa era a percepção dele.
O segundo exemplo que quero dar aconteceu depois de alguns
anos quando já tínhamos uma visão mais positiva do Rio.
Marque isso: a percepção muda quando conhecemos o todo.
Morando na África do Sul e coordenando um projeto,
fizemos amizade com alguns estrangeiros na escola de inglês.
Em um debate sobre nossos países de origem fui surpreendido
como as pessoas pensavam a respeito do Brasil. Todos os angolanos
e moçambicanos, sem exceção, tinham um medo absurdo em
relação ao Brasil, mais especificamente do Rio de Janeiro.
Com cara de medo, diziam que era muito perigoso, mencio-
navam os roubos, as chacinas, as mortes, drogas, violência e tudo
de ruim que vocês podem imaginar.
Quando perguntei como sabiam daqueles fatos, eles responderam
que assistiam a um programa diário de um canal brasileiro.
Era um daqueles noticiários sensacionalistas que durante 2
horas o apresentador e os repórteres só mostram desgraças. To-
dos os dias.
Triste. Na África somos conhecidos pelas novelas e programas
de desgraça.
Cancun, África, nós e o Rio de Janeiro.
Pessoas de continentes diferentes com percepções comple-
tamente opostas. Um assistia propagandas de turismo, com a
92 | EMPREENDA AMOR

melhor imagem que se podia ver. Outro assistia noticiários violentos


com os piores acontecimentos da humanidade.
Nós conhecíamos os dois extremos e com isso podíamos tirar
conclusões e nos mover para onde queríamos.
Eles tinham percepções isoladas.
Agora eu te pergunto: “Qual é a certa? Qual é a verdadeira
realidade?”
A realidade vai além de um fato isolado. É a verdade que se
manifesta com a visão do todo.
Bom, eu quis falar um pouco com você sobre percepção. Agora
quero falar sobre ignorar a realidade. Perceber ou ignorar.
Ao chegar no continente africano, ficamos na África do Sul.
Um país similar ao Brasil em muitos aspectos, com muito lugares
lindos para se conhecer, áreas ricas, pessoas bonitas e bem vestidas,
carros de luxo e quarteirões de mansões.
Isso era estranho.
Eu queria estar na África que a maioria do mundo conhecia
e que eu guardava na minha mente, onde há necessitados, crianças
de montão, fome, malária e HIV.
Eu me deparei com uma África, mas eu queria estar em
outra. Inicialmente foi frustrante, mas os dias foram passando e
logo entendi meu papel naquele lugar, tempo de aprendizado e
formação, tempo de permanecer ali e a meta de conectar pessoas
e projetos para mudar culturas e ambientes continuava.
Na África do Sul ninguém fala daquela África que pintaram
para mim.
93 | EMPREENDA AMOR

Ela existe? Será que é real?


Com muitas dúvidas eu continuei procurando e procurando
até que encontrei. Quem procura encontra. Achei dados que me
fizeram realmente mal.
Agora é o momento de falar um pouco sobre a realidade,
não só da África. Ao redor do mundo, enquanto você está lendo
este livro:
Há pessoas que darão o último suspiro de vida, por causa da
fome e ao final do dia toneladas de comida serão jogadas no lixo.
Vidas com um potencial incrível estão sendo abortadas.
Milhões de crianças estão sendo mais uma vez abusadas no
seu corpinho, perdendo a referência, a esperança e o mais impor-
tante, a inocência.
Mulheres estão sendo estupradas e agredidas da maneira
mais desumana que se possa imaginar.
Novas pessoas sendo infectadas por vírus HIV, outras tantas
morrendo agora pela falta de conhecimentos e cuidados básicos
com a saúde.
Outras milhões sem um sistema de saúde básico que cuide
de doenças simples.
Há pessoas sendo traficadas nesse instante para o mercado
da prostituição e do trabalho escravo. Não dá para saber até
quando vão sobreviver.
Choros e gritos de desespero ao som de bombas, famílias que
estão sendo divididas para sempre por causa da guerra.
A lista de coisas desumanas que acontecem nesse exato
94 | EMPREENDA AMOR

momento é muito grande. São dados REAIS que não paramos


para pensar. Vou te contar mais uma realidade, isso tudo acontece
enquanto brincamos de viver uma vidinha “de mais do mesmo”,
enquanto mergulhamos na cultura do mais para mim sempre.
Um emprego para ganhar mais;
Para ter mais um carro;
Mais uma casa;
Um título a mais;
Uma posição a mais;
Um cargo a mais;
Um casamento para me satisfazer mais;
Filhos para me completar ainda mais.
Vamos acordar. Essas realidades são simultâneas.
Se sua mente conseguiu projetar a intensidade dessa realidade
de sofrimento que acabei de citar, você deve estar se sentindo mal
e impotente. Mas por que mesmo sabendo disso tudo, não temos
nenhuma reação a respeito e não há nenhuma interferência na
nossa vida?
Porque ignoramos.
Será que fugimos da realidade para não nos sentirmos mal?
Já que estamos condicionados apenas a pensar em nosso bem
estar, se sentir mal atrapalharia os planos né?
Será que terceirizamos o problema para o governo e terceiro
setor para não nos sentirmos culpados?
Ignorar parece melhor. Não que eu tenha um mau coração
e deseje as desgraças para a humanidade, mas minhas buscas
95 | EMPREENDA AMOR

pessoais são predominantes, o padrão mental egoísta e respaldado


de piedade passiva é extremamente rígido nesse momento.
Já é difícil acreditar nos meus sonhos e duro de conquistá-los,
agora quando penso em uma necessidade real desse mundo cruel,
me sinto impotente, incapaz e irrelevante, então é mais fácil e
saudável ignorar, para não entrar em crise existencial. O que
uma gota no oceano poderá causar de diferença?
Eu não posso terminar este capítulo sem dizer mais uma vez;
Acorda! Você tem a ver com isso sim.
Desperta! Perceba que você pode mais.
A boa notícia é que você pode mudar a realidade a partir
de agora. A realidade da sua vida e de quem está ao seu lado. A
mudança não é sobre o que aconteceu e sim sobre o que você vai
fazer a respeito do que aconteceu.
Não é sobre o passado, mas o que você vai fazer do seu futuro.
Não perca tempo querendo mudar o que já é fato, se dedique em
transformar futuros e realidades. Temos algumas possibilidades
de reações, ficar paralisados ou nos mobilizarmos para realizar
algo maior, de preferência juntos.
Medo x Sonho.
Ação x Estagnação.
Quer saber a última realidade?
Você é especial. Sim! Você é muito especial.
Você tem ingredientes únicos que precisam ser conectados
com outros ingredientes para gerar uma trajetória única nesta
Terra.
96 | EMPREENDA AMOR

Você não está aqui de passagem e isso não é uma mensagem


de autoajuda. É sobre uma nova mentalidade. É sobre o mundo
e sobre você.
Cada um de nós tem uma medida.
E agora?
Este capítulo não é sobre você se alienar com tudo que falei,
a solução não é largar tudo e ir para África ou para os lugares
mais carentes da sua região.
Existe um propósito maior e eu quero que você encontre o
seu. O que estou querendo dizer novamente, agora em outro
contexto é que a maioria de nós conhece só uma parte da história.
A nossa cultura nos ensinou a terceirizar a responsabilidade e
os problemas, então consequentemente ignoramos as necessidades.
Jesus quis organizar a bagunça com uma ordem inversa. A
prioridade é o amor.
Primeiro a Deus, depois ao próximo e você por último. O
oposto do que aprendemos e o oposto do que fazemos na prática.
Este livro quer te mostrar que o inverso faz mais sentido, te
traz um propósito maior. Aquele que fará seu coração bater mais
forte ainda. E ao acordar todos os dias ter a certeza que você está
sendo mais do que bem sucedido, em padrões imensuráveis.
Ser relevante, gerar transformação no mundo. É sobre isso.
A bagunça já foi feita, ela está aí.
O mundo está ignorando e você começou a perceber.
As perguntas insistem.
Existe um culpado? O que fazer? Se Deus existe, ele está
97 | EMPREENDA AMOR

fazendo algo sobre tudo isso?


Também já fiz estas perguntas.
Queremos ganhar a nossa vida e acabamos perdendo. Perca
sua vida para achá-la. Quem perde a sua vida por amor, a
encontra.
Por mais estranho que pareça, o inverso faz mais sentido e o
Ágape explica o porquê.
98 | EMPREENDA AMOR

CAPÍTULO SEIS
Cadê o amor?

Quando pessoas despertam para a necessidade.


Um caminho natural que ocorre quando começamos a olhar
para o mundo e nos abrirmos para outras culturas e realidades,
como a escassez, o necessitado e as guerras. É pensarmos “onde
está Deus? Se Ele existe, o que está fazendo?”
Independente da forma que você se relaciona com a figura
de Deus, quero trazer caminhos para uma nova mentalidade que
está diretamente relacionada a você, ao mundo e a Deus/força
do Universo.
Bom, essas perguntas fizeram parte da minha vida desde a
infância. Eu nasci em uma família católica não praticante. Ía-
mos em poucos domingos na missa pela manhã, em um batizado
ou outro e em missas de 7º dia. Não, eu não tinha uma relação
com Deus, não conseguia entender a religião e para ser franco,
eu comecei a odiar tudo que era relacionado à religião, principal-
mente depois que minha mãe se tornou evangélica e entregou
na igreja nossa única televisão. Ela também quebrou alguns CDs
da Alanis Morissette da minha irmã, dizendo que eles eram do
diabo.
99 | EMPREENDA AMOR

TV na igreja e CDs quebrados. Deus assiste televisão? Ele


não gosta de música? Eu não entendia.
E falando de televisão, a medida que eu crescia, eu assistia
mais desgraças naquela caixa preta. E eu me perguntava: “se
Deus gosta de televisão, será que ele não vê essas coisas horríveis
no mundo?”
Como Ele pode existir e deixar pessoas com fome? Como Ele
permite guerras, mortes, violência e injustiça? A religião não fazia
sentido, pessoas buscando um Deus que não faz nada ou faz
apenas para algumas pessoas escolhidas ou especiais.
Eu olhava para as notícias e imagens da África, de onde estou
hoje escrevendo este livro e pensava “Deus não olha para eles”.
Muitas perguntas e poucas respostas. Até que, um dia, li sobre
um repórter que entrevistou um líder espiritual. O repórter
mencionava, ao longo da entrevista, dados horríveis de violência,
de desastres naturais e índices sociais do mundo e em meio a
todas aquelas informações, questinou: “Onde está Deus? Se Ele
existe, o que está fazendo ao ver tudo isso?”
Aquele líder era um homem bem simples e de voz mansa.
Sem se abalar com o tom de intimidação do repórter, respondeu:
“Deus não se afastou de nós. Nós que nos afastamos Dele.”
Silêncio total. Foi isso que aconteceu com o repórter e foi isso
que aconteceu comigo. Aquela afirmação e novo entendimento
gerou um desdobramento inexplicável na minha vida nos anos
seguintes.
Eu sei que, tempos depois, eu encontrei diversos trechos nas
100 | EMPREENDA AMOR

escrituras que me faziam lembrar daquele homem. Um deles é


Deus dizendo: “Quando você se aproxima de Mim, Eu me aproximo de
você”.
O outro é em Mateus 13:15 que diz que a maioria das pessoas,
ainda que vendo, jamais percebem, pois o coração das pessoas
se tornou insensível, mas vocês são felizes porque veem e ouvem.
Neste segundo texto Ele está explicando para seus discípulos
o mindset de empreender amor que trasnsforma o mundo. Uma
mentalidade que tem menos a ver com religião e mais com mudar
o mundo e Ele conta uma história fazendo uma comparação.
Reino de amor é como um semeador que jogou várias sementes.
A maioria não germinou porque caiu na estrada, outras entre
espinhos, outras o passarinho levou, mas as que caíram em boa
terra multiplicaram. Umas multiplicaram e se tornaram 30, outras
60 e outras 100.
Interessante que no verso seguinte Ele continua dizendo que
muitos profetas não ouvem e não entendem e no anterior diz que
os que não ouvem é porque o coração endureceu.
Mas, ao invés de falar a profetas que não ouviram, Ele estava
falando com pessoas simples: pescadores, artesãos, donas de casa
e muitos deles eram até analfabetos. Ele insistia com os humildes
sobre uma mentalidade que muda o mundo.
Não podemos nos perder nos detalhes.
Quando lemos esta parábola rapidamente pensamos em
religião e foi assim que aprendemos, pois é na igreja que ouvimos
sobre a bíblia. Assim que a nossa cultura nos ensinou.
101 | EMPREENDA AMOR

A religião é criada por homens na tentativa de se reconectar


com Deus, mas nos afastou Dele e do amor.
A religião criou um Deus exclusivista, estático no céu, lá em
cima e bem longe. Mas diferente disso, Jesus ensinou sobre um
Deus Pai que amou o mundo e que deu a vida por esse mesmo
amor.
Ele nos ensinou a multiplicar este amor de forma ativa e
disse que ficaria conosco para sempre. Não mais um deus exclu-
sivista para poucos e distante para todos, mas falou de um único
Deus que inclui a todos, que vive e está perto, aqui dentro e bem
personalizado.
Não mais o Deus que fala somente e através de um único
homem santo e nos ensina a ter uma vida comum, moral e con-
fortável, mas o Deus que fala uma mensagem para todos, inde-
pendente de quão errados estejamos agora, a mensagem será de
fé, amor e esperança.
Uma mentalidade proativa que transforma o mundo, para
vivermos por propósitos maiores. Para cuidar do próximo,
para cuidar dos menos favorecidos e daqueles que o repórter se
referia, lembra?
Para cuidar do repórter também, do pescador, da prostituta,
do pobre, de você e de mim.
Seria impossível eu explicar em poucas palavras aqui os
detalhes do que Ele quis dizer, impossível mesmo, mas de forma
simplista a resposta da pergunta “onde está Deus vendo tudo
isso?” chegou até mim.
102 | EMPREENDA AMOR

Deus só pode fazer algo na Terra através de você.


Ele está dentro de todos nós falando e falando, mas como o
texto diz, a maioria das pessoas, ainda que vendo, jamais percebem,
pois seus corações se tornaram insensíveis.
Mas vocês (e me incluo nesse grupo agora!) são felizes
porque veem e ouvem.
A mensagem é sobre o amor em movimento, que merece
ser ouvida e espalhada não importa sua crença. A mensagem
já foi contada.
A nós, agora, restam 2 coisas. A primeira é acreditar.
Você pode acreditar no que quiser, você tem poder para
decidir. Alguns acreditam que a história é falsa e não tem valor,
outros apenas creem em metade dela e alguns acreditam por
completo.
A segunda coisa é escolher seu papel na história.
Alguns preferem ser os críticos e esses não fazem nada.
Outros são como o repórter que esperava e buscava por uma
resposta. Alguns são religiosos e não assumem seus papéis.
Outros são como aquele líder humilde e manso que também
sofria com toda desigualdade, injustiça, violência, mas ao invés
de se colocar como vítima e ser incrédulo, decidiu assumir sua
responsabilidade.
Assumir o papel principal, aquele que deixa um legado, o
que ficou na memória daquele menino que também buscava
por respostas. O menino que, hoje, quer mudar o mundo.
Isso me leva de volta à história do Semeador. Nessa parábola,
103 | EMPREENDA AMOR

a semente que caiu na boa terra se multiplicou, e sabemos que a


semente nasceu para isso. Umas não cumprem o papel e se perdem
na estrada da vida, mas outras germinaram e multiplicaram 30,
60 ou 100 vezes mais.
São medidas. Cada um tem a sua.
A boa terra é o coração. O coração representa este amor
verdadeiro, o tal do Ágape.
Já encontrou sua medida? Escolheu qual será seu papel neste
grande teatro?
Chegamos ao fim deste capítulo, mas não ao final da história.
É uma história de amor, mas não de romance.
Uma história que poderá alterar a sua significativamente.
Uma história sobre empreender amor.
Então como essa história precisa continuar, agora vamos
para a parte que você precisa saber sobre o faraó.
104 | EMPREENDA AMOR

CAPÍTULO SETE
O que você precisa saber de Faraó, pirâmides e modelos de
negócios

O que as pirâmides tem a ver com empreendedorismo,


liderança e mudar o mundo?
Ao final você vai entender.
A história nos mostra que há milhares de anos os Faraós,
governadores da época, construíram pirâmides grandiosas,
exuberantes, monumentais, tecnicamente complexas para época,
para manter seus corpos mortos, acreditando que voltariam à
vida.
Talvez pareça somente uma história interessante, rica em
cultura e inovação do ponto de vista arquitetônico. Com toda
certeza, um show de arte humana. Porém, precisamos entender
a realidade daquela época, o modo como as pirâmides foram
construídas e porque aquela maneira de trabalho se tornou o
modelo organizacional mais usado até hoje.
Empreendi em diversas áreas, desde cedo buscava o sucesso fi-
nanceiro. Mergulhei em vertentes como Emprendedorismo So-
cial, Coaching, Marketing Digital. Minhas motivações eram boas,
eu só queria ampliar meus valores.
A única maneira que conhecia para alcançar o bom êxito dos
105 | EMPREENDA AMOR

meus sonhos era crescer no plano de carreira, alcançar a liberdade


financeira ou criar empresas com planos hieraquisados para,
então, ao final de tudo atingir o objetivo de ajudar pessoas.
A intenção era boa, mas a pirâmide era a mesma. Conse-
quentemente, os resultados sempre eram os mesmos também.
Até que, em 2015, ao vivenciar aquela experiência que mencionei
no capítulo 1, comecei a buscar mais entendimento. Era uma
sede maluca por mais conhecimento, quase que doentia (no bom
sentido), de querer entender o outro pedaço daquilo que Jesus
falava sobre uma nova cultura, sobre servir o outro, sobre ser o
menor, sobre focar nos necessitados e multiplicar essa mensagem
pelo mundo.
Cada vez mais eu encontrava uma parte da resposta e até
hoje é assim. A visão amplia um pouco mais todo dia e, vez a vez,
noto o quão maior é “o todo” comparado ao que eu imaginava.
Jesus estava desenhando um modelo e uma nova cultura,
trazendo novos modelos e práticas.
Era isso! Eu tinha encontrado a resposta. Quanto mais eu
estudava, mais aquilo fazia sentido. Passei a entender o porquê
das pessoas estarem paradas, criticando ou fazendo mais do
mesmo, enquanto as Escrituras contam que os parceiros de
Jesus, chamados de discípulos, entendiam e se moviam com
uma esperança avassaladora de impactar o mundo. Eles - os
discípulos - entenderam o todo, por isso largaram tudo e saíram
pelo mundo em uma época de perseguição. Todos morreram
por uma causa, por causa do Ágape.
106 | EMPREENDA AMOR

Não com bombas, armas ou religião quadrada, mas com uma


mensagem empreendedora de fé, esperança e amor, completamente
atual e aplicável aos dias de hoje.
As respostas vieram, respostas práticas para o mundo em
que vivemos. A única coisa que eu não entendia era porque não
falamos disso. Se o filho do carpinteiro falou de forma tão clara
sobre esta nova cultura e novos modelos, por que ninguém fala
sobre isso como Ele falava?
A resposta é: por falta de conhecimento. E essa falta de
conhecimento está relacionada, basicamente, a 5 principais fatores:

1) Conhecimento da necessidade real


Este é o primeiro ponto e o mais importante. Falamos dele
no capítulo 5 e se trata de tomar conhecimento da realidade dos
menos favorecidos, os abusados, os rejeitados e de todos que
sofrem por conta dos sistemas atuais, em total desequilíbrio,
como o sistema político, de saúde, de educação, etc. Coisas que
acontecem aqui e agora, nessa era presente e física.
Também falamos que isso ocorre porque fomos minuciosa-
mente programados, sem perceber, pela nossa cultura a ignorar
tudo isso, a terceirizar os problemas para o governo como se
não fosse da nossa conta. Por fim, criticamos os políticos, o governo
e toda sua corrupção, mas de fato não fazemos nada relevante
enquanto nossa vida segue!
Eu creio com todas as minhas forças que quando entendemos
essa nova perspectiva não conseguimos viver mais do mesmo
107 | EMPREENDA AMOR

jeito e aí a mágica começa. Surge o esquadrão de super-heróis


que se levantam para salvar o mundo com movimentos, ONGs,
organizações do bem, negócios sociais e vidas com propósito.
Isso até parece brincadeira, mas é seríssimo. Eu e minha
família mudamos completamente nossas vidas porque a nossa
missão com o Empreenda Amor é ir para diversos lugares do
mundo de forma presencial e também pelo mundo online, para
conectar, despertar e capacitar esta nova geração de malucos do
bem que serão relevantes em qualquer área que escolhem atuar.

2) Conhecimento e impacto social


Bem, você já deve ter percebido que esta mensagem, por
mais que tenha base no que Jesus falou, não é religiosa e ela pode
gerar transformação real em todas as áreas da sociedade.
Para entender esse impacto, temos que voltar ao termo reino
usado por Jesus, fazendo um paralelo com o que Ele fez de fato.
Lembre-se que este foi o melhor termo para se aplicar no
contexto daquela época, por ser de mais fácil entendimento ao
expressar essa nova cultura.
O Reino se manifesta quando alguém que tem AUTORIDADE
traz DIREÇÕES expressas em modelos e sistemas a um povo,
baseado nos seus VALORES, para criar uma realidade PRÁTICA.
O que ele fez foi simples: conquistou autoridade falando desta
nova cultura. Você pode buscar essa compreensão no livro de
Mateus 4:17. Depois Jesus começou a dar direções em um lugar
chamado Monte das Bem-aventuranças. Baseado nesta nova
108 | EMPREENDA AMOR

cultura, que são os novos valores, falou de princípios, não regras,


e abordou diferentes temas como finanças, espiritualidade,
relacionamentos, sexualidade, uma nova visão que é a resposta
para muitos problemas sociais que vivemos na atualidade.
Aquilo começou a gerar uma realidade prática. Jesus foi
extremamente prático, as pessoas entendiam que podiam viver
uma vida com mais sentido e que poderiam ser agentes de trans-
formação na sociedade.
Após isso, ele pegou os principais parceiros de sua jornada
e os direcionou para multiplicar tudo isso em novas regiões. No
mapa a seguir, você pode ver a localização do Monte das Bem-
aventuranças, onde ele confrontou e reposicionou todos os
valores humanos. Note, ironicamente, a proximidade com o
Egito e suas pirâmides já erguidas naquela época. Você vai
entender por completo em breve essa relação.
109 | EMPREENDA AMOR
110 | EMPREENDA AMOR

Tudo que Deus, ou o nome que você preferir dar à força


descomunal que move o mundo, criou é sistêmico.
Existem diversas teorias e comprovações científicas que
defendem que o mundo é sistêmico. Um dia li uma reportagem
que dizia que se o Sol estivesse centímetros mais perto da Terra
não existiria vida, por conta de uma série de desdobramentos
na natureza e no nosso corpo, como mais sal no mar e menos
oxigênio no sangue.
Onde quero chegar é que tudo na sua perfeição é sistemicamente
ajustado. Já falamos disso anteriormente. No Universo, na
natureza, no corpo humano e por aí vai! Minuciosamente
programado para funcionar e se um detalhe mínimo não está
de acordo, essa deficiência gerará alguma consequência no
resultado.
Tudo o que essa força grandiosa criou ao longo dos milhares,
milhões e bilhões de anos é ajustada.
Na sociedade, o homem também se organizou em sistemas.
Há os sistemas político, financeiro, religioso, tecnológico, de
negócios, etc. São inúmeros os sistemas e você pode criar um
novo a qualquer instante.
Para ficar mais claro, veja a imagem a seguir na qual eu
listo os principais sistemas organizacionais da sociedade:
111 | EMPREENDA AMOR

IMPACTO SOCIAL
AUTORIDADE, DIRECIONAMENTOS, VALORES E PRÁTICA

GOVE RN O FA M Í LI A I GR EJA CI ÊN CI A E Econ omi a Ed u cação a rt es e


T ECN OL OGI A e n egóci os Ent ret enim ent o

Um entendimento chave que quero trazer é que os valores


estão relacionados à cultura. Quando uma sociedade se desen-
volve baseada nos direcionamentos (sistemas) e valores errados,
aqueles sistemas impactam negativamente todas as pessoas que
estão abaixo deles.
É facil entender isso quando se compara qualquer sistema per-
feito criado e ajustado por Deus com tentativas de sistemas que o
homem cria, com valores desajustados. A consequência é trágica.
O ser humano ainda tem a capacidade de atrapalhar os sistemas
perfeitos na natureza e no corpo humano, ferindo princípios,
trazendo desvios no processo perfeito e os resultados aparecem
em série, como todos os tipos de doenças, das mais antigas às
modernas, emocionais, desequilíbrio na natureza, falta de água,
extinção de espécies animais, etc.
112 | EMPREENDA AMOR

Não estou falando de comunismo versus capitalismo. Estou


falando de cultura que vai muito além de vertentes políticas. Não
se trata de uma melhor ideologia política, se você é de esquerda
ou de direita, nem do melhor estilo alimentar ou o modo com
que você interage com a natureza. O mais importante é notar
que os valores corrompidos de quem governa geram sistemas
corrompidos e que esse desvio tem se tornado cada vez maior,
trazendo resultados cada vez mais drásticos, impactando a todos
que vivem debaixo dele, independente de concordarem ou não.
E aí chegamos a um ponto importante do que enxerguei
naquele quarto do caseiro no speech* de Jesus. Pessoas com valores
ajustados precisam assumir seu papel (grande ou não) em todas
as áreas para impactar outras pessoas, principalmente as mais
oprimidas por esses sistemas desajustados, os que Jesus chamava
de pequeninos.
Ele confiou para nós a responsabilidade de ajustar nos-
sos valores, trazer uma nova cultura e impactar vidas. Para isso,
precisamos sair da bolha de querer e acumular apenas para nós
mesmos.
O que Jesus ensinou sobre empreendedorismo e mudança
social que muita gente não entendeu é que não são regras e leis
que mudam alguma coisa, mas princípios e valores.
Isso nos confronta de forma direta para nos movermos a
fazer algo, para gerarmos impacto social. O confronto é cultural.

* Speech: discurso
113 | EMPREENDA AMOR

Passarmos a distribuir versus só conquistar e acumular para si.


Uma cultura colaborativa versus uma cultura que busca somente
os próprios interesses. Uma cultura que se move como indi-
víduo ou organização em direção aos menos favorecidos versus
a que só busca interesses corporativos de lucro (em palavras mais
claras: dinheiro e poder).
Um sistema desajustado gera o pior de tudo que conhecemos
no mundo. Na imagem a seguir há exemplos desses problemas
sociais e você, com certeza, tem em mente outras centenas de
exemplos.
114 | EMPREENDA AMOR
115 | EMPREENDA AMOR

Em contra partida, um mindset e cultura que colocam o


próximo em primeiro lugar geram um sistema ajustado. Não
que eu acredite que haverá um sistema humano perfeito um dia,
mas quanto menos desvios, melhores resultados teremos como
humanidade. Atualmente, há pessoas que sofrem terrivelmente
por coisas básicas e já não dá mais para pensar que será o
governo o responsável por mudar tudo isso, porque a grande
curva do desvio começa por lá, onde há muito dinheiro e muito
poder.
Pare e pense em sistemas equilibrados que impactem pessoas,
famílias, cidades e nações.
116 | EMPREENDA AMOR
117 | EMPREENDA AMOR

Essas são as boas novas da era presente.


3) Conhecimento dos modelos organizacionais
Aqui voltamos para as pirâmides.
A pirâmide representa a cultura dos modelos organizacionais
simplesmente porque, desde a época dos Faraós até hoje, a maioria,
se não todos, os modelos organizacionais do mundo são pirami-
dais. Da ONG de bairro até a ONU, da igrejinha no centro da
cidade até as grandes catedrais, do mercadinho da esquina até a
multinacional.
O modelo no qual a maioria fica embaixo, na base, todos
buscam avançar nos planos hierárquicos, conquistar cargos para
chegar ao topo e lá alcançar a plenitude da “carreira”.
Em uma graduação em Administração você vai aprender sobre
o modelo piramidal com foco na evolução industrial. Porém,
eu quero levar você mais para trás... Para o Egito e suas belas
pirâmides.
Existe uma história contada nas Escrituras e em alguns livros
que relatam sobre o cativeiro do povo israelita no Egito. Há
muitos arqueólogos que acreditam que, quando o povo de Israel
chegou no Egito, as pirâmides já haviam sido construídas. Porém
muitos pontos deixam de ser incertos quando se tem o contexto
bíblico como base. Para esse grupo de historiadores, os israelitas
chegaram no Egito na 12ª dinastia e participaram, como escravos,
da construção das pirâmides.
A história diz que aquele povo crescia muito. Havia boa-
tos de que o deus deles era poderoso e, ao se multiplicarem,
118 | EMPREENDA AMOR

intimidavam povos e governos. Em um determinado tempo,


tornaram-se cativos no Egito e, como qualquer escravo, eram
submetidos a trabalhos pesados, punições, moradia e alimen-
tação precárias.
Faço uma pausa nesse ponto para, aqui, trazer minha análise
sobre o sistema piramidal. Convido você para viajar comigo nessas
ideias. O sistema criado pelo Faraó funcionava muito bem.
Havia um meio de distrair a revolta dos escravos, fazendo-os
acreditar que, se houvesse bastante esforço, poderiam subir no
“plano de carreira” das pirâmides. Isso significava sofrer menos,
ter melhores condições de vida para a família. Era só fazer tudo
bem feito e alcançar confiança.
O trabalho era pesado, a maioria das pirâmides construídas
nessa dinastia foram feitas com milhões de grandes tijolos de
barro secos ao sol. O único jeito de sair da escravidão dura era
se tornando um supervisor de escravos. Isso mesmo, eu saio da
escravidão escravizando.
A melhor posição para almejar, após a supervisão, era a coor-
denação dos tijolos. Depois, a alimentação da equipe, posterior-
mente a área de logística e transporte, depois a parte estratégica
de maximização da força de trabalho. Outros se aperfeiçoavam
com a equipe de Inovação e Tecnologia. Quanto mais o escravo
subia nas posições, mais chances de ver e interagir com o Faraó.
Isso era excitante, pensar que alguém que começou como es-
cravo poderia ter a oportunidade de interagir e contribuir com
o Faraó. Estar mais perto do Faraó significava mais um degrau
119 | EMPREENDA AMOR

na pirâmide, mais próximo de benefícios e da liberdade, se é que


ela existia.
Meus exemplos foram sobre a construção da pirâmide em si,
mas toda a sociedade egípcia era dividida assim:

FARAó

NOBREZA
ESCRIBAS
soldados
artesãos
camponeses

escravos

O interessante é notar que o melhor escape para a vida de


um escravo e ao mesmo tempo, a melhor estratégia para evitar
rebeliões era incentivá-lo a subir na pirâmide.
E esse modelo lhe faz lembrar de alguma coisa?
É claro que no Egito não existia uma ascensão social declara-
da, porque eles eram escravos, mas eu acredito que era mais ou
RECONHECIMENTO
menos assim. E é mais ou menos assim hoje também.
Eles acordavam cedo e dormiam tarde para carregar tijolos.

poder
120 | EMPREENDA AMOR

Nós acordamos cedo e dormimos tarde para vender mais e ganhar


mais. Cada um tem sua pedra. Eles queriam o topo para liberdade
física. Nós queremos o topo para liberdade financeira.
A escravidão do povo israelita durou 400 anos. Eu fico imagi-
nando as perguntas do “happy hour” da época. “Será que não tem
outro Faraó para o qual a gente possa migrar? Esse não está me
valorizando mais”.
Depois de muitos anos também estamos no mesmo ciclo, nas
mesmas buscas de ascensão, com o mesmo mindset piramidal. A
grande maioria ainda sonha com a carreira, a posição, o reconhe-
cimento, o trabalho de 20 ou 30 anos na mesma organização
com momentos de orgulho pela resiliência após tanta chicotada
e momentos de insatisfação porque não sabe mais fazer outra
coisa. A esperança é receber, algum dia, a recompensa justa pela
vida dedicada aos tijolos carregados.
Eu pessoalmente não consegui ficar mais de 4 anos em uma
empresa. Esse comportamento já é uma realidade mapeada em
diversas pesquisas sobre as gerações Z, Y e Millennials, a respeito
das mudanças constantes ou instabilidade profissional.
As pirâmides tradicionais não sustentam mais a nova geração.
Ainda que os modelos mudem e se atualizem, (acho muito difícil
que sejam extintos um dia) há uma coisa que permanece: a men-
talidade piramidal.
Crescer comparado a si próprio, crescer e ser maior que os
outros, dominar, controlar, mandar, ser reconhecido por todos,
ter mais para chegar na tão sonhada liberdade de tempo e dinheiro.
121 | EMPREENDA AMOR

Afinal o que é isso?


A promessa de uma campanha cultural “tenha mais tempo
com sua família, viaje para onde quiser, compre o que quiser,
você pode, você merece”. Entenda que, o “ter” não é um problema
para mim, mas isso por si só tem um desquilíbrio. Será que isso
é liberdade? Você realmente acredita nisso?
Ficar três meses só com a sua família é sensacional mas,
na boa, ficar dois anos ou o resto da vida dará confusão. Ficar
três meses ou, que seja, um ano viajando é incrível, mas a vida
inteira sem um porquê real não faz sentido. Vai vir um vazio
muito grande, será uma busca sem fim.
A liberdade é você ter um propósito maior, algo que traz
sentido. Ela começa quando esta mentalidade o faz entender
que você pode criar o novo, ajudar o pobre, acabar com o abuso,
com a fome local, com a escravidão sexual. Você pode ajudar
moradores de rua, crianças deficientes, pessoas depressivas.
Pode trabalhar com esporte, com formação, com arte.
Você pode ser relevante e impactar o mundo. Ao aliar sua
projeção de vida com o próximo, o seu universo volta ao equilí-
brio original, como se todos estivessem predestinados para não
pensar apenas em si. O resto é acrescentado e o “ter” não é mais
um problema, porque os valores foram ajustados e o sistema se
completará materialmente, emocionalmente e espiritualmente.
Nessa hora seria mais polido eu falar: se avalie, tire suas
conclusões, mas na real o que quero dizer é: vamos acordar!
Isso é a verdadeira liberdade! Ter um propósito e empreender
122 | EMPREENDA AMOR

por amor. Não amor ao dinheiro, não amor ao trabalho, mas


amor às pessoas, ao mundo e a uma causa maior.
E como isso tem tudo a ver com o próximo assunto, vamos
para ele.

MENTALIDADE DOS MODELOS


Agora que vimos que existe um modelo faraônico que está
praticamente em todas as organizações do mundo e que ele nos
prende a uma cultura muito distante da que gera relevância social
e impacto no mundo, vamos entender a mentalidade inserida
neste modelo e o porquê das pessoas viverem como um cachor-
rinho na corrida atrás do rabo. Posteriormente, vamos entender
qual modelo o empreendedor de Nazaré seguiu.
Poderíamos elencar centenas de pontos e maneiras que as
organizações utilizam para nos manter em busca desta “liberdade”.
Nos dias atuais, existem consultorias, startups e ações diversas
focadas exclusivamente em criar os melhores benefícios, planos
de carreira e cultura organizacional para mantê-lo dentro da
pirâmide.
Ao invés de mencioná-las vamos unificá-las nos três pontos
macro:
- SEGURANÇA
Os escravos do Egito viviam sob uma grande opressão e
carregar tijolo era mais que um trabalho comum. Eles também
tinham cotas, horário de entrada e saída. A diferença é que não
existia justiça ou ministério do trabalho, se eles não cumprissem o
123 | EMPREENDA AMOR

objetivo, eram açoitados e muitos até morriam.


Era mais seguro continuar.
Porém, o mundo evoluiu e hoje temos o poder de escolha e os
Direitos Humanos. Mas a mentalidade continua a mesma, tendo
apenas se adequado às novas regras. Antes os escravos ficavam
na pirâmide para não serem açoitados. Hoje, permanecemos porque
precisamos pagar nossas contas, impostos e colocar comida na
mesa.
Por isso, damos preferência a um lugar estável que traga
mais benefícios e garantia mínima.
Do mesmo modo, escolhemos continuar. É mais seguro.
- PODER
O segundo ponto é o poder. A acensão era facilmente notada
quando se adquiria mais poder. A única forma de sair do
trabalho pesado era subindo no plano, então a única maneira
de sair da escravidão era ajudando a escravizar.
Hoje a situação é igual. Não somos titularmente escravos,
mas a bolha nos leva a viver em um ritmo desenfreado de
entregar cada vez mais e mais. Não quero aliená-lo dizendo
que temos que sair das companhias em que estamos, até porque
talvez a totalidade funcione assim. O que eu quero mostrar é a
similaridade do ambiente cultural que estamos inseridos e fazê-lo
refletir para que se ajuste como indivíduo e encontre respostas.
Ter poder, autonomia, autoridade é muito mais do que uma
estratégia de retenção nas empresas. Faz parte da nossa cultura
e das nossas ambições. Todos nós queremos mais poder. Poder
124 | EMPREENDA AMOR

também no aspecto de estar apto, para comprar aquele carro


novo, a casa dos sonhos, fazer a viagem internacional. Todos nós
queremos “poder mais”.
Nós queremos porque a pirâmide funciona.
As organizações, os cargos, o aumento de salário, o bônus
anual, as comissões... Basta seguir as regras e você terá poder
para fazer e comprar. Desta forma continuamos para o topo e
avante!
- RECONHECIMENTO
Segurança e poder são itens satisfatórios, mas chega uma
hora que precisamos de mais, queremos ser reconhecidos.
Reconhecimento são recompensas que podem ser dadas pela
atribuição de mais poder, mais benefício ou uma nova posição
aparentemente com mais segurança. O detalhe crucial é que
todos ao redor saibam disso.
A recompensa daquela época era estar no topo para que
o Faraó reconhecesse sua face em meio a tantos outros, fator
que poderia ser seguido de uma possível liberdade, autonomia,
um elogio. Afinal, agora já não se tratava mais de um simples
escravo carregador de tijolos e sim de um diretor da pirâmide
que no último ano fiscal bateu a meta, acelerou a produção e
trouxe excelentes resultados para a International Pyramid Inc.
E quais são suas recompensas? 14º salário, carros, viagens,
títulos, um bônus extra, seu nome como exemplo no discurso,
na revista interna ou na imprensa.
125 | EMPREENDA AMOR

RECONHECIMENTO

poder
segurança

MODELOS SOCIAIS CONVENCIONAIS E O


RESQUÍCIO DA PIRÂMIDE
Antes de conhecermos outra perspectiva com o Empreendedor
Mestre de Nazaré, vamos aproveitar o foco no modelo e pincelar
algo sobre negócios sociais.
Esse tema tem despontado no mercado nos últimos anos,
encaixando-se na brecha entre aqueles que querem atuar no ter-
ceiro setor com características de uma ONG e, ao mesmo tempo,
ganhar dinheiro como uma empresa normal. A maioria dessas
companhias usam o mesmo lema: “entre ganhar dinheiro e ajudar,
prefira os dois”.
Particularmente acho incrível esta evolução porque há mais
chances de impacto social e, como já disse antes, não considero
um problema ganhar dinheiro. Entretanto, na minha opinião, o
ponto de atenção nesses casos é o potencial do desvio de foco
126 | EMPREENDA AMOR

que pode existir. É muito genérico classificar que seu negócio é


ajudar pessoas.
A definição real sobre negócios sociais é quando a empresa
tem o foco principal no impacto social e não apenas uma iniciativa
sustentável ou programa paralelo. Ok, mas ainda, na maioria
das vezes, a mentalidade faraônica permanece e facilmente se
molda nos cargos, atividades, distribuição de salário, cobrança,
pressão, carreira, números e lucro. O resultado se torna o foco
no dinheiro, a aplicação do modelo piramidal e, de tabela, ainda
ajuda às pessoas.
Só disfarce, nada mudou. É realmente uma linha muito
tênue. Você está no Egito, distante da mensagem do Monte das
Bem-aventuranças, e a distância aí não é territorial, é no modo
de pensar.
Por que eu digo isso? Atuei em um curto espaço de tempo
em uma ONG que começou bem. A causa era positiva, as ideias
eram ajustadas mas, com o tempo, focamos no dinheiro. É im-
portante saber que a possibilidade de desvio de motivação sempre
existirá. Não há ninguém perfeito. Nesse meio do Terceiro Setor
é raro encontrar organizações ajustadas, imagine com uma
empresa geradora de receita e lucros.
Mas não ache que estou trazendo um modelo perfeito para
substituir tudo isso, porque a mudança não é no método e sim
na mentalidade. Quero que esse seja um ponto de reflexão que
impacte nossas ambições e decisões.
O que é realmente ter um problema social como foco?
127 | EMPREENDA AMOR

Entendo que é colocar o próximo e sua necessidade em


primeiro lugar, em um parâmetro de valor e foco. Porém, é um
grande desafio descondicionar a nossa mente de que o dinheiro
não deve ser a prioridade. Note que disse prioridade. Se você
colocar o necessitado em primeiro lugar e ganhar muito dinheiro,
significa que você está sendo relevante em uma intensidade
maior ainda do que a quantidade monetária. Porém, a maioria
é vencida pelo condicionamento e o dinheiro toma o lugar do
foco central.
No capítulo 9 darei continuidade a esse tema falando um
pouco sobre desvios e parâmetros, assim será mais claro de visu-
alizar possibilidades de negócios.

MENTALIDADE E CULTURA DA PIRÂMIDE INVERTIDA


Agora que você entendeu que existe um modelo em prati-
camente todas as áreas da sociedade, com uma cultura 100%
focada na acumulação que exerce influência sobre todas as pessoas,
amarrando-as em três principais fatores de retenção que são a
segurança, o poder e o reconhecimento, você deve estar se
perguntando se há outro modelo, se Jesus mencionou algum tipo
de estrutura organizacional efetiva, ou se ele chegou a falar sobre
as pirâmides.
Sim, ele falou. E eu não sabia.
Quando comecei a palestrar sobre esse assunto falando sobre
possibilidades de modelos em palestras e faculdades, ao final do
evento muitos me procuravam felizes e entusiasmados, mas ao
128 | EMPREENDA AMOR

mesmo tempo com muita dúvida. Era uma constante olhar para
a pirâmide que estavam inseridos e frustados e se perguntarem: “o
que eu vou fazer da minha vida agora?”
Fazendo uma análise individual, essas pessoas entendiam que
não estavam felizes na pirâmide convencional, que aquilo não
realizaria o seu propósito de vida, porém não sabiam o que fazer.
Aquilo começou a me incomodar muito porque eu falava de
tudo que já contei até agora nesse livro, dos modelos convencionais,
as pessoas eram confrontadas e despertadas em suas realidades,
queriam fazer algo mas, de forma prática na projeção do tra-
balho e futuro, não sabiam o “como”. E o pior: apesar de causar
toda essa revolução interior em cada um que me ouvia, eu estava
sem a resposta que eles clamavam.
Ok, eu sabia que não era obrigado a ter todas as respostas,
até porque são as minhas perguntas que me levam a pensar para
encontrar caminhos e esses questionamentos fariam parte da
vida deles também. Mas, mesmo assim, eu queria um desfecho
melhor.
Então, me perguntava e estudava se, na perspectiva
empreendedora e não religiosa de Jesus, Ele tinha deixado
alguma dica, algum princípio com aplicabilidade em negócios,
organizações e até para a vida pessoal. E essa busca me levou a
curiosos aspectos que foram definitivos no meu entendimento.
Após Jesus, com autoridade, direcionar seus discípulos, baseado
em seus valores, para uma vida prática, acontece algo intrigante.
Ele envia seus parceiros para expandir a mensagem da inovação
129 | EMPREENDA AMOR

da mente em outras cidades. Como sempre, Ele dá direciona-


mentos, mas dessa vez foi diferente. Jesus opta por chamar só
os mais maduros, como se os outros não fossem entender, diz
em palavras simples e objetivas: “ao irem, não levem pão e nem
alforje [...]”.
Vamos esmiuçar isso, gente!
1º Não leve pão = Vá sem segurança.
Eles estavam indo para lugares distantes, sem saber
quanto tempo demorariam e quem os receberia. O sustento
deles seria o pãozinho de todo dia.
Quando Jesus diz para não levar pão, significa deixar
a segurança de lado. O detalhe interessante é que Ele disse
“não levem pão” e não “vocês não precisam de pão”. Ou
seja, eles tinham ali e tiveram que abrir mão.
Jesus começou a confrontar a pirâmide convencional,
cutucando nosso mindset de segurança e deixou claro que
nesse novo modelo não precisamos de segurança e sim de
novos valores. Muita gente já desistiria nessa etapa, não é?
Eles não entenderam, mas estavam com uma mente fresca,
sem resistências, e O obedeceram. E sabe o que aconteceu? A
história mostra que depois disso eles vivenciaram dois milagres
da multiplicação de pães. Eu acredito que só aconteceu porque
a mente deles estava livre dos condicionamentos normais, não
mais presa ao dinheiro, pão ou coisas materiais e, então, atraiu
um resultado novo e desprogramado.
Você já foi surpreendido assim? Quando foge da sua programa-
130 | EMPREENDA AMOR

ção, mas o resultado é melhor porque o Universo conspirou a


favor?
Eu sei que é um ponto delicado falar de milagres para os mais
céticos, mas eu sugiro que você encare esse fato como aquilo que
acontece na vida sem entendermos, porque não há lógica.
Um menino entregou tudo que tinha e aquilo multiplicou.
O menor gerando o maior, o improvável gerando o inexplicável.
O projetinho da universidade desacreditado virando uma startup
global.
Isso acontece sempre por aí, mas poucos enxergam. Quando
se abre mão da segurança humana, o pequeno se move e o divino
se manifesta.
A mensagem aqui é a quebra da segurança humana. Muitas
vezes nossos planos ou nossa lógica são os fatores que nos limitam
para experimentar o novo, que só quem tem coragem de acreditar,
vive.
A dinâmica que ele ensinou era a da fé. Passar a ter certeza no
que não se vê. Isso significa se mover e, por causa disso, o que não
existia passa a existir.
Para uns isso é mágico e para outros é divino.
2º Não leve alforje = sem poder.
O alforje era a carteira da época onde se guardavam as moedas.
Novamente Ele diz “não levem”. Apesar de ter, é necessário
abrir mão.
O dinheiro dava o poder para eles comprarem o que quisessem,
do pão à hospedagem e sem sentido algum eles o deixaram.
131 | EMPREENDA AMOR

A viagem começou e foi completada, todos supridos sem falta


de nada. As escrituras não detalham como eles empreenderam
sem dinheiro, mas deve ter sido a força do Ágape ao ver que não
havia mais segurança nem poder, só a prioridade do próximo.
Os detalhes dessas viagens devem ter sido hilários!
Porém, de maneira lógica, não dá para entender esse para-
digma. A cultura diz que eu preciso trabalhar e juntar dinheiro
a vida toda, investir, aplicar, ter estratégia e uma pitada de sorte
para, depois, ter total liberdade para empreender, fazer o que
amo e ser completo.
O dinheiro se tornou uma condição de partida em tudo que
fazemos. Para aqueles homens, porém, não foi. A lição é que,
se a nossa condição para agir depender de poder ou dinheiro,
perderemos tempo ou ficaremos parados, porque o Universo vai
trazer esse resultado, não é uma questão de você ser bom ou não
no que faz.
Ser desprendido da segurança humana e do poder viabilizador
do dinheiro não significa ficar parado, tem a ver com ação e
movimento.
Criar o novo sem depender de nada.
O Deus que criou o novo nos ensinando a criar de novo.
Nesse momento você pode achar que estou querendo espiritu-
alizar tanto que nem de dinheiro precisamos, né? Não é isso. Para
pensar no próximo o dinheiro tem que ir para segundo plano e
para colocá-lo em segundo plano, temos que desconstruir a total
dependência que temos dele.
132 | EMPREENDA AMOR

Pense bem, o que é o dinheiro? Um pedaço de papel.


O papel não cria o propósito ou a ideia. O propósito e a ideia
criam o papel.
O Nazareno estava colocando ordem e ensinando princípios
universais. Quando nos movemos e agimos com este entendi-
mento, que eu chamo de fé, destruimos todos os nossos bloqueios
e tudo se torna possível dentro de você. E não digo sobre a fé
estática do “peça e receba”, mas a fé ativa de se mover e criar. De
trazer à existência as coisas que não existem. Quando fazemos
isso, não somos mais coitados ou pequenos sem dinheiro, pelo
contrário, somos os loucos que Steve Jobs mencionava na
campanha Think Different. “As pessoas loucas o bastante para
achar que podem mudar o mundo são as pessoas que o fazem.”
Isso traz brilho aos olhos, gera o passo de cada dia e, consequent-
emente, as conexões certas acontecerão: o investidor, os sócios,
os parceiros e todo resto necessário.
O engraçado é que quando Steve Jobs, Bill Gates, Tony Robbins,
Jeff Bezos, Larry Page e outros empreeendedores falam coisas
semelhantes e achamos único, porém Jesus já tinha dito tudo isso
há milhares de anos.
Foram princípios tão práticos e reais que chegaram a ser in-
compreendidos, ou os religiosos espiritualizaram tanto que tor-
naram-se intangíveis para a vida prática.
Tudo tem uma lógica, ainda que você não entenda.
3º E o reconhecimento?
Se na pirâmide normal vemos o reconhecimento como um
133 | EMPREENDA AMOR

dos pontos mais importantes junto ao poder e a segurança, será


que Jesus orientou algo nesse sentido para o grupo de amigos?
Claro que sim! Somos craques em querer ser reconhecidos
depois do resultado. Queremos nossa promoção, benefício e
posição. E olha o que aconteceu...
Eles chegaram das viagens entusiasmados, afinal tudo tinha
corrido bem! Essa parada de não levar pão e dinheiro os
surpreendeu, havia muita história para compartilhar sobre
os diferentes modos que cada um empreendeu. De repente,
começaram a discutir sobre quem era o maior naquela orga-
nização.
Jesus, no meio daquilo tudo, saiu, pegou uma criança e colocou
no meio da roda dizendo: “Pessoal presta atenção! Se vocês não
mudarem e não se tornarem como essa criança, vocês jamais
entenderão essa nova cultura’.
Eles achavam que eram maiorais nesse tal de reino que Jesus
falava e, pensando em uma pirâmide, queriam subir para serem
reconhecidos.
Segundo confronto. Neste mesmo cenário, em outro livro
narrado, a mãe de dois dos discípulos, que tinha uma boa relação
com Jesus, pediu algo para ele.
“Quando você for colocado no Seu trono, coloque meus filhos
assentados ao seu lado, um a direita e outro a esquerda”.
Essa situação é a mesma de um conhecido pedindo uma
vaga para um familiar no gabinete do novo eleito.
E a resposta Dele foi: “mulher você não sabe o que está
134 | EMPREENDA AMOR

falando. Quem quiser ser o maior nessa nova cultura precisa ser
o menor e servir a muitos”.
Eles não tinham entendido, queriam uma posição e status,
pensavam ainda que era sobre um reino literal de Isreal naquela
época, sobre poder, palácios, trono e súditos. E enquanto isso,
Jesus mandava que todos virassem crianças, porque estas são puras,
honestas, sem maldade, aquelas que acreditam que podem
mudar o mundo.
O reconhecimento que aprendemos e queremos na pirâmide
convencional tem a ver com o ego, com palmas, com nosso
destaque, nossas posições e sobre sermos servidos. E percebemos
que Ele estava vivendo e ensinando uma mentalidade completa-
mente avessa a isso.
A pirâmide é invertida. A mensagem também.
135 | EMPREENDA AMOR

Enquanto uma incentiva a subir cada vez mais a qualquer


custo em busca da liberdade, a outra diz que a liberdade é
diminuir, servindo e impactando mais pessoas.
Na primeira pirâmide, o foco está em si próprio. Já na se-
gunda, nas pessoas. A primeira ensina a ter mais ativos, a se-
gunda ensina sobre abrir mão do pão, do alforje e do trono.
Entender tudo isso com essa ótica é libertador. É o novo com
um misto de sentimentos e pensamentos. O primeiro deles é a
frustração que traz aquela pergunta: “e agora, o que eu vou fazer
da minha vida?”. O último será a alegria de achar a resposta.
Continuo desejando que as páginas seguintes possam ajudá-lo
com isso, porque na vida sempre haverá as próximas páginas de
descobertas.
136 | EMPREENDA AMOR

CAPÍTULO OITO
Eu não estou entendendo mais nada!

Em qual pirâmide devo estar?


Estava na empresa dos meus sonhos, na melhor área para
projeção de vendas, com ótimo salário, altas comissões, bons
relacionamentos e condições para construir uma carreira
promissora. Era apenas trabalhar duro, como em qualquer
lugar, desenvolver meus pontos de melhoria, a médio prazo,
poderia fazer meu primeiro milhão e depois sentar na mesa dos
importantes.
Eu tinha todos os motivos do mundo para acordar feliz to-
dos os dias, mas não era assim. Trabalhar se tornou um peso
descomunal, em cada reunião eu me sentia um ET, novamente,
parecia que todos estavam falando aramaico e libras em reuniões
vazias de propósito. Eu definitivamente não queria mais aquilo.
Quando entendi essa loucura do modelo das pirâmides e
projetei minha capacidade sendo usada para ser relevante no
mundo, gerando transformação real, fui invadido de uma
frustração sem tamanho, simplesmente por estar onde sempre
quis chegar.
Eu trabalhava em uma empresa global, na qual o fundador,
137 | EMPREENDA AMOR

além de bilionário, ocupava a lista da Forbes dos 10 homens mais


ricos do mundo e ele havia comprado recentemente uma ilha. Isso
mesmo, uma ilha só para ele.
Minha cabeça não parava. Vi-me com o desejo absurdo de
transformar realidades de pessoas necessitadas, mas boa parte
das horas do meu dia e todo o meu potencial eram gastos para
enriquecer um pouquinho mais uma pessoa bilionária.
Eu era só mais um operário carregando tijolos, com a dife-
rença que no Egito o Faraó queria pirâmides e o meu big boss
queria ilhas. Novamente quero expressar que ter muito dinheiro
não é um problema na minha perspectiva. Esse empresário
criou essa organização com competência e resultados reais e
por isso pode fazer o que bem entender.
A questão é o mindset e a proporção de acúmulo x distribuição.
O modelo repetitivo, o padrão que precisa ser sustentado, a
guerra por posição e dinheiro, todos pensando apenas em si e
principalmente, o tempo e talento gasto que me distanciavam do
meu propósito de vida.
Quando minha mente ampliou, só pensava em construir
organizações com a cultura invertida. Frustrado, eu não estava
entendendo mais nada.
Os meses passaram, encontrei alternativas novas, segui a tra-
jetória e vim parar no continente africano, onde atuo em projetos
transformacionais e tenho realizado coisas incríveis que antes não
me via fazendo. Uma delas é escrever esse livro para você!
O que eu não sabia é que a frase confusa de desconstrução
138 | EMPREENDA AMOR

da mente “eu não estou entendendo mais nada” se tornaria a


mais comum entre o público que, com o tempo, entendia a nova
mentalidade.
A verdade é que as pessoas ignoram a necessidade real do
mundo, mas também a necessidade interna do seu próprio
espírito em cumprir uma trajetória relevante nesta Terra. Depois,
se distraem com a cultura convencional de ter sempre mais para
si então, ao serem despertadas para outras realidades, se frustram,
como se não pudessem vivê-las.
Se a frustração não gerar ação isso será ruim, porque você
poderá continuar fazendo as mesmas coisas sem dar os passos
em direção ao seu propósito e ao longo do tempo, vai duvidar
da aplicabilidade da nova realidade, ou vai achar que ela é para
poucos, ou que é uma ideologia a ser discutida. A tendência é
deixar de acreditar e voltar a ignorar essa nova cultura que o
jovem de trinta e poucos anos falava.
Agora, se a frustração se tornar inconformismo, você con-
seguirá dar os passos mesmo sem pão ou alforje, terá brilho nos
olhos e encontrará as conexões para viabilizar este novo estilo de
vida transformador.
E toda essa reflexão nos leva de volta a primeira pergunta do
capítulo:
EM QUAL PIRÂMIDE DEVO ESTAR?
Eu contei, nas linhas anteriores, a minha história. A sua
pode ser diferente. Não existe uma regra sobre se posicionar na
pirâmide certa ou na errada. Jesus, em todo seu discurso, não
139 | EMPREENDA AMOR

mencionou regras, somente princípios. Isso é uma questão de


entender sua medida, encontrar seu propósito e cumprir uma
trajetória.
Eu simplesmente entendi que o que Jesus ensinou vai além
de ser um bom homem, ter uma fé ativa, fazer grandes doações e
na segunda-feira entrar na caixa do trabalho para gastar a maior
parte da minha vida (tempo e capacidade) sem um propósito
real.
Nós temos uma tendência natural de enxergar a vida em
caixinhas como vida profissional, sentimental, religiosa, social,
familiar, saúde, etc. E por isso classificamos qualquer coisa
relacionada à Bíblia, a Jesus e a Deus para dentro da caixinha
de religião ou de espiritualidade. Consequentemente, não
conseguimos associar que o foi dito pode interferir em outras
áreas da vida.
Acho importante uma nota para quem tem uma vida com
fé ou religião. Eu tenho a minha ativamente e respeito todas
as demais, mas a vida não é sobre ir à uma igreja e convencer
outras pessoas a seguir sua fé, como se isso fosse uma missão a
ser cumprida enquanto você viver e, a partir daí, aguardar a era
futura. Definitivamente não.
O propósito da vida consiste em impactar o mundo, pessoas
que realmente precisam. A fé e a igreja, seja lá qual você pratica,
não são o fim, são o começo! Não é sobre o que você faz aos
domingos, mas sim aquilo que pratica a partir da segunda-feira.
Então novamente. Não existe uma regra de posicionamento
140 | EMPREENDA AMOR

na pirâmide certa ou na errada. Jesus não encaixotou a vida


como nós fazemos. Ele também não criou o modelo organizacio-
nal da pirâmide invertida, até porque Ele acreditava mais em
rede de serviços do que em hierarquias.
Ele só reposicionou os valores, ensinou prioridades e uma
nova mentalidade, deixando tudo que tínhamos organizado de
ponta cabeça. E fez muito mais sentido assim.
O que você precisa é avaliar se esta perspectiva faz sentido
para você. Se fizer, reflita se está realmente cumprindo essa
missão de amar o próximo. O que é importante no amor Ágape
vem em primeiro lugar e nós ficamos por último.
Depois avalie se está cumprindo isso em todas as caixas da
vida. Aproveite a oportunidade e as jogue fora. Questione-se.
Será que você está trabalhando ou empreendendo por algo alinhado
com o propósito maior? Sua vida está alinhada com isso?
Se a resposta for sim, show! E se eu puder contribuir em algo
pode contar comigo. Estou falando sério, quero servir.
Se a resposta for não... Você trocaria tudo isso para mudar
o mundo? Mudaria de emprego, de faculdade, de negócios para
desenvolver o mesmo trabalho, porém com um novo foco? Ou
desenvolveria um trabalho completamente diferente para ser
relevante?
Da mesma forma que encontrei muitas pessoas que disseram
sim para as últimas perguntas e tiveram suas histórias completa-
mente transformadas, eu também encontrei muitas pessoas em
boas posições que acreditam que tudo isso é radicalismo.
141 | EMPREENDA AMOR

Pessoas que não querem largar o pão e o alforje, nem descer


da pirâmide. Porém, se lembre sempre de uma coisa: não existe
uma regra e uma resposta certa para essas perguntas, tudo é
muito dinâmico e individual. Na verdade, a pirâmide não existe,
foi o melhor meio que encontrei para classificar o que eu estava
vivendo, mas o que existe mesmo é a mensagem de um amor
pelo mundo que se manifeste aqui e agora.
Não um amor de contos, mas aquele vivido de tal maneira
que entrega sua vida pelos outros. Um amor real e prático que o
traz princípios claros sobre uma vida com propósitos.
Falando em prático, estamos nos aproximando do próximo
capítulo que fala exatamente sobre isso e para terminar essa
reflexão, deixo um conselho. Entenda sua medida, encontre seu
propósito maior e viva sua trajetória completa, pois a vida não é
para você, mas através de você.
142 | EMPREENDA AMOR

CAPÍTULO NOVE
Na prática

Para os mais ansiosos comunico que é isso mesmo,


chegamos à parte prática.
Tentarei ao máximo expressar abertamente cada ponto,
para que você consiga visualizar um caminho independente da
área em que atue. Do empreendedor ao político, do operário ao
CEO e do dentista ao professor.
Antes de seguir a leitura, acho legal explicar três conceitos
que serão classificados aqui como:
Mapa prático - passos com princípios para você ir da missão
à realização.
Parâmetros - para que você entenda o reposicionamento de
prioridades de quem organizou a bagunça.
Opções - exemplos possíveis de atuação baseados nesse mod-
elo distributivo.
Antes de desenrolar o tema, contarei uma história importante
sobre como esse mapa prático surgiu.
Na época em que fui despertado para a perspectiva do
Empreenda Amor, eu ainda vivia em dois mundos: a área
de tecnologia (que era meu trabalho formal) e o mundo
143 | EMPREENDA AMOR

paralelo, que eram todas as ações que fazia puramente por amor
e que mais tarde, se tornariam a minha empresa como acelera-
dora de negócios e projetos do bem. A Base 33 é uma plataforma
de empreendedorismo missional e impacto social que conecta,
desperta e capacita pessoas para gerarem transformação.
A partir da Base 33 surgiram alguns projetos específi-
cos como o A4k Social Impact, EVA, Game Changers e Kvoox,
além de conexões com projetos do mundo todo. Neste período,
comecei a palestrar bastante e falar a todos ao redor sobre isso,
no mínimo duas vezes por semana. Estivemos em auditórios de
faculdades, em grupos menores para executivos ou universitári-
os. Eu não tinha o entendimento completo, nem o conteúdo que
temos hoje, apenas conectava pessoas e as despertava para estas
novas possibilidades.
Ao longo do tempo, muita gente estava perdida ou parada,
sem a clareza dos próximos passos. Alguns não conseguiam se
enxergar abrindo um negócio, uma ONG, ou mesmo estar em
um trabalho que o mantivesse. Porém entrar nessa nova realidade
é viver de forma sustentável. Outros ficavam simplesmente parados,
como se o propósito fosse cair na cabeça vindo do céu.
Foi a partir dessas pessoas dizendo “não estou entendendo
mais nada” que decidi aprender mais para ensinar. Foi uma busca
constante para entender os parâmetros e princípios ensinados
pelo maior empreendedor do mundo e também como torná-los
aplicáveis em organizações ou demais formas de trabalho.
Explico isso para avisar que algumas coisas, mais uma vez,
144 | EMPREENDA AMOR

fugirão do óbvio e do convencional, podendo até soar como loucura.


Tomo como base os princípios do maior empreendedor de amor
até os dias de hoje e sugiro um novo modelo de pensamento para
impactar o necessitado sendo você uma empresa, uma ONG, um
movimento, um prestador de serviço ou um colaborador.
Toda esta base de ensinamentos, atualmente, tem sido
registrada em diversos canais e plataformas, assim, nosso time
vem revisando e atualizando isso mensalmente. Um desses en-
sinamentos é o foco na transformação do indivíduo, porque acr-
editamos que é impossível alguém impactar pessoas sem ter
sido minimamente transformado, capacitado e desenvolvido
como ser humano.
Foco no Indivíduo é um conteúdo que não detalharemos
nesse livro, apesar de falarmos muito disso em nossa imersão
na África. Neste capítulo, os princípios direcionados para as orga-
nizações e movimentos, são aplicáveis para qualquer pessoa que
deseje liderar de maneira diferente e relevante nas oito principais
áreas da Sociedade, que são:
1.Educação; 2.Ciência e Tecnologia; 3.Economia e Negócios;
4. Comunicação e Mídia; 5. Artes e Entretenimento; 6. Política;
7. Igreja; 8. Família.
Muitos desses temas serão explorados em cursos e livros
futuros. Mas calma! O conteúdo compartilhado nessa obra te
ajudará muito. Como disse, não entraremos em detalhes de área
em área, mas deixarei as informações abertas para que você
aceite o desafio de visualizar a aplicabilidade onde quer que você
145 | EMPREENDA AMOR

atue ou queria atuar.

O MAPA
Este mapa foi desenhado com base no livro de I Coríntios 13,
conhecido como o Capítulo do Amor.
A maioria prefere a primeira parte poética do texto, a qual
viralizou em diversas músicas e poemas. Porém, na parte final,
o escritor fala que, para que possamos viver este amor de forma
plena, precisamos pensar de forma madura, porque até então
enxergávamos em partes e agora precisamos perseverar no
AMOR, na FÉ e na ESPERANÇA.
Para alguns, essas palavras são apenas sentimentos soltos,
mas entendemos que são princípios e fases de denvolvimento de
qualquer empreendimento.
AMOR
Tudo começa com amor e essa não é a parte filosófica ou
melosa da coisa, mas sim a constatação. Jesus começou
a empreender por amor e todos nós fazemos as mesmas coisas
todos os dias. Existem pessoas que falam que quem trabalha por
amor geralmente são pessoas que atuam nas profissões mais no-
bres e com os menores salários como enfermeiros, professores,
assistentes sociais e que os profissionais das demais áreas, trabalham
por dinheiro. Essa definição não é absoluta!
Este conceito traz a ideia de que o amor é apenas sentimento.
Meu coração pode até bater mais forte por outra área, mas se não
dá dinheiro, isso não significa nada e atuarei pela remuneração.
146 | EMPREENDA AMOR

Eu mesmo fui ensinado assim quando fui escolher o curso da


faculdade e acabei sendo influenciado a fazer o que dava
dinheiro. Infelizmente na época, ensinei a muitos a mesma
coisa... Eu estava errado.
O amor aqui é o Ágape que expliquei no início do livro.
O amor que está relacionado com sacrifício, entrega e doação.
Então, quando o exemplo acima acontece, na verdade você não
está trocando o que ama por algo que dá dinheiro. Você simples-
mente está amando mais o dinheiro. Eu sei que ouvir isso é como
é um soco no baço, mas essa é a verdade nua e crua.
O amor que existe dentro de cada um gera uma missão.
MISSÃO
Missão é algo mais genérico, relacionada ao objetivo da sua
vida. Você não saberá a estrada toda logo de início - apenas os
próximos 100 metros. A missão não é uma área específica em
que você vai atuar, até porque podem ser inúmeras. Isso seria o
Propósito. Esse sim é específico e detalhado.
A missão não é inventada. Ela é recebida e já está dentro
de você esperando para ser despertada. Jesus recebeu a missão,
teve seu tempo de formação e preparação. Depois, com clareza,
chamou quem seriam seus parceiros e disse que eles deveriam
multiplicar aquele amor prático com palavras e ações, indo por
todo o mundo, cada um com sua capacidade e com suas
diferenças.
Essa missão gera em você a necessidade de um posiciona-
mento.
147 | EMPREENDA AMOR

POSICIONAMENTO
O posicionamento acontece quando você cria condições
para que a missão se manifeste e se expanda. No meio corporativo,
chamaríamos isso de planejamento e organização. É quando não
existe uma ação externa e sim a preparação para ela.
De maneira mais popular e mais prática, o posicionamento
acontece quando você entende algo grande e sua cabeça começa
a ter inúmeras ideias, seu coração bate mais forte, seu olho brilha
ao falar disso e você não pode mais ficar parado. Então, começa
a rascunhar no papel, a planilhar, desenhar, fazer um business plan
e se compromete a avançar todos os dias. E ainda que em peque-
nos passos, você evolui. O importante, nessa etapa, é entender
que tudo precisa entrar na agenda e em uma rotina positiva
diária. Caso contrário, pode cair no baú de coisas não realizadas.
Se você vai começar algo do zero, essa agenda será com você
mesmo. Faça o planejamento acontecer. Se essa missão for um
movimento, projeto ou organização já existente, a agenda
envolverá outras pessoas. Seja presente e leve a sério, pois é
sua missão de vida! Sempre tenha um tempo sozinho para
aprimorar suas ideias.
Importante: participar de um projeto, movimento ou orga-
nização não quer dizer necessariamente que essa é sua missão.
Vejo muitas pessoas apenas frequentando um local, mas é preciso
entender que sentar em algum lugar não significa estar presente e
viver sua missão. Por isso Jesus foi tão efetivo em seus empreendi-
148 | EMPREENDA AMOR

mentos. Ele ensinava o tempo todo este princípio do servir. Servir


uns aos outros, servir ao todo e desta forma, ele colocava em
todos a capacidade de realização em conjunto. Servir é uma
palavrinha que pode ser associada, na maioria das vezes, apenas
com ONGs ou Igreja, mas não, esse é um conceito poderoso de
relacionamento e evolução pessoal.
Quando você entende o mindset de servir por algo maior, as
pessoas não enxergam mais cargos, idade, sexo e diferenças. Todos
fazem juntos em prol de uma realização plena e não porque há
alguém mandando e esperando esse resultado.
Esse entendimento é essencial. Por mais que você esteja
começando algo sozinho, esse algo não será completado solitari-
amente. Em algum momento você precisa integrar pessoas para
seu time.
Não existe uma regra de melhor método de organização e
planejamento. Os mais avançados vão pensar em usar um
Project (software de gerenciamento de projetos profissionais), os
mais simples vão anotar no caderno mesmo e não há problema.
Jesus escrevia na areia. =)
Como já sofri bastante para encontrar um caminho, reco-
mendo aos mais leigos sistemas simples de organização como
Trello e Todolist. Se gostar do assunto, estude um pouco sobre
GTD, método de organização criado por David Allen, que ficou
mais conhecido após a publicação do seu livro Gets Things Done (no
Brasil traduzido como a Arte de fazer acontecer).
Porém, não leve à fio da espada tudo que está escrito para
MISSÃO
149 | ( EMPREENDA
INTENÇÃO ) AMOR

POSICIONAMENTO PROPÓSITO
e ORGANIZAÇÃO FÉ
não enlouquecer. Sugiro que acesse o blog Vida
AÇÃOOrganizada que
CONHECIMENTO
explica de maneira resumida todos esses conceitos. Atualmente,
( VOZ )
PRáTICA utilizo( oCRIAR A CONDIÇÃO )
Trello para controlar minha lista de tarefas diárias e
projetos, o Evernote para anotações e a agenda do Google para
compromissos diários.
Vamos montar juntos esse quebra cabeça que começa assim:

AMOR

MISSÃO
( INTENÇÃO )

POSICIONAMENTO
e ORGANIZAÇÃO
PRáTICA ( CRIAR A CONDIÇÃO )
150 | EMPREENDA AMOR


Este é o segundo pilar. É quando você começa a agir mesmo
sem o projeto existir efetivamente . Lembre-se que a fé aqui não
é a passiva do “peça e receba” e sim a ativa do “se mova e crie”.
Até porque esse primeiro modelo não existe.
Então, resumidamente, você teve mil ideias, se organizou,
começou a enxergar na sua mente, definiu isso em ações, criou
agenda, rotina positiva, agora é a hora em que essa fé te faz dar
passos, mesmo se não existir um chão na frente.
Este momento é quando você AGE.
AÇÃO
Eu poderia, sem exagero nenhum, escrever páginas e páginas
sobre ação, pois temos cursos em nossos projetos, relacionados espe-
cificamente sobre este tema e amamos o assunto, mas ao invés disso
farei indicações de outros conteúdos para você se aprofundar mais.
Por hora só entenda que AÇÃO é mais uma daquelas pala-
vrinhas que a maioria das pessoas não dá o devido valor, mas é um
princípio poderoso.
Você pode ter as maiores ideias do mundo, porém sem ação
elas não valerão nada. Você pode ser a pessoa mais intelectual do
mundo, falar diversos idiomas, sendo eloquente... Sem ação em
direção à missão, tudo isso não vale nada.
As únicas coisas que geram um resultado esperado são
ações consistentes.
Por isso Jesus fala que sem amor nada vale. Porque o que
151 | EMPREENDA AMOR

ele quis ensinar (e poucos entenderam) é que o amor é um mov-


imento. Amar é agir. Não adianta nada eu sentir amor e não
manifestá-lo.
Agora, para que você tenha o máximo de efetividade em suas
ações, será necessário passar por alguns passos que chamamos de
acordar, autorresponsabilizar e comunicar. Esse é um processo
de evolução importantíssimo.
Vou deixar aqui abaixo o link de uma série de vídeos gratui-
tos nos quais abordo este processo. Os vídeos estão disponíveis
em meu canal do Youtube. Tenho mais duas indicações, que con-
sidero valiosas, para compartilhar com vocês.
A primeira é a leitura do livro o “Poder da Ação”, conteúdo
simples com segredos grandiosos, escrito por Paulo Vieira e que
acrescentou muito a mim.
A segunda dica é sobre o curso chamado VAI (Vida de Alto
Impacto) que pode ser assistido em qualquer lugar do mundo na
versão on-line.
Eu garanto que você não será o mesmo após participar.
Recomendo-o a todos que precisam transformar suas vidas agindo.
Não espere nada para agir.
Grandes revoluções começam com pequenas ações e fazen-
do isso constantemente você chegará ao próximo passo que é o
propósito.

PROPÓSITO ESPECÍFICO E CONHECIMENTO


Eu sei que, para os lógicos e analíticos, olhar “propósito”
152 | EMPREENDA AMOR

depois de missão, organização e ação não faz sentido algum


porque este deveria vir em primeiro lugar.
Seguindo como aconteceu com os discípulos, esta é a ordem
correta. Primeiro veio a missão aberta, “os farei pescadores de
homens” e só depois que eles se posicionaram, se organizaram e
agiram, foi reveleado o propósito específico de cada um, que é a
área de atuação a ser impactada.
Só depois ficou claro para o pescador Pedro que ele teria
um papel importante na Igreja como líder espiritual. Só depois
que Neemias entendeu que seria governador, que José seria o
segundo depois de Faraó e que Ester seria rainha para salvar o
povo dela.
Sabe por que essa ordem é tão importante? Porque se você
colocar uma condição de começar a agir após entender seu
propósito específico, você nunca agirá! Porque um propósito
muda, evolui e amplia à medida que você ganha conhecimento.
Antes eu pensava que meu propósito era liderar jovens e ganhar
dinheiro. Depois, achei que era ter uma ONG e após muitos anos
agindo e errando, ficou claro o meu grande porquê nessa Terra.
Isso não é um processo para iniciar uma startup. É sobre a sua
vida e o seu grande porquê.
Este ponto sobre propósito específico e conhecimento eu
costumo chamar, em minhas palestras, de VOZ. Continue agindo
e evoluindo de maneira genuína que, certamente, haverá uma
voz lhe guiando e posteriormente, você será essa voz.
Voz > Você
153 | EMPREENDA AMOR

Alguns chamam esta VOZ de Deus, Espírito Santo... Outros


de eu interior, intuição e alguns de consciência. Não importa o
nome que se dê, o fato é que existem momentos únicos em que
esta VOZ vem para guiá-lo, ajustando e trazendo uma clareza
tão absurda por meio da qual todo o quebra-cabeça se completa.
Essa voz está dentro de nós, mas na maioria do tempo nós a
ignoramos porque estamos distraídos com a cultura e a correria
do dia a dia.
Essa voz, muitas vezes, sussurra bem baixinho dentro de
você, protegendo-o e orientado-o sobre o que deve ou não fazer.
Alguns nunca a ouviram e outros a ouvem de vez em quando.
Agora, quando estamos agindo em um estado de foco grande
e em um desejo profundo de evoluir com a missão, nesse
momento parece que ficamos mais sensíveis e esta voz não sus-
sura mais. Ela começa a gritar e falar de uma forma tão clara,
mostrando o seu propósito específico nessa Terra.
Isso é inexplicável.
Aqui aproveito para abrir um parêntese.
- Sobre ouvir -
Ao final das palestras, muitos me perguntavam genuina-
mente: “Rafa, como eu faço para ouvir esta voz?” “Será que
faço algo errado?” “Será que só poucos ouvem?” “Há um ritual
para isso?”.
Por causa desse tipo de pergunta decidi incluir aqui uma forma
resumida e bem sintetizada sobre saber ouvir a voz.
1) Coloque a VOZ em sua agenda e por favor, não a coloque
154 | EMPREENDA AMOR

em uma caixa novamente. Isso não é algo só para os que se


consideram espirituais, porque todos nós somos.
Todo ser humano, independente da crença, poderia e deveria
se abrir para ouvir esta voz.
Você tem tempo para escovar os dentes, ir para academia,
trabalhar, comer e descansar. Então, encontre tempo para ter
uma agenda fixa todos os dias para isso e gradativamente,
aumente esse tempo. Você verá que esse momento será mais
importante do qualquer reunião ou atividade do seu dia.
Você não vai se arrepender!
2) A segunda coisa é acabar com paradigmas.
Se dividirmos a população geral em dois grandes grupos,
encontraremos os racionais e os emocionais. Lógico que temos
um pouco de cada dentro de nós, mas, de maneira geral, temos
características que se destacam mais.
Analisando ambos os grupos, encontramos os paradigmas a
seguir:
- Os emocionais
São pessoas guiadas por sensações, sentimentos e experiências.
Isso é muito bom, só que pode gerar uma série de paradigmas,
como por exemplo, achar que essa voz virá acompanhada de
anjos, sinais ou que o próprio Deus virá fisicamente.
Não, não é assim que acontece, por mais que alguns consigam
imaginar ou reproduzir desta forma.
Esta VOZ usa o que você tem para se manifestar e conse-
quentemente, ele falará em sua mente, ainda que você ouça algo
155 | EMPREENDA AMOR

quase que audivelmente real. Isso não é um problema. Vença este


paradigma.
- Os Racionais
Por sua vez, os racionais são guiados pela lógica e fatos. Isso
também é bom, mas em alguns momentos gera diferentes para-
digmas.
A pessoa tenta meditar, orar, se concentrar para ouvir esta voz,
mas quando dentro dela essa voz fala algo, no mesmo momento
ela pensa que isso é só sua consciência produzindo coisas aleatórias
e que não é verdade, é besteira.
A mente dos racionais é como um emaranhado de fios desen-
capados, com muitas vozes e em alguns momentos, até confusão.
O engraçado é que alguns racionais ouvem outras vozes
falando coisas negativas e dizem que aquilo é do diabo, do mal,
ou outro correspondente que eles encontrem, mas nunca é
consciência nesta hora. Agora quando ouvem uma voz que dá
uma visão positiva, ideias e passos, acreditam que é coisa da sua
própria imaginação.
O desafio é entender que esta voz encontrará correspondentes
em sua mente para falar da maneira que ela quiser. Então, quando
isso acontecer em forma de ideias, ou de voz mesmo, NÃO
bloqueie. Cale outras vozes e fios desencapados e se concentre
nessa.
Alguns preferem a meditação para isso. Eu prefiro criar um
ambiente, usar a música e tudo que for necessário para esvaziar
a inquietação da alma (racional) para ouvir esta voz interior por
156 | EMPREENDA AMOR

completo.
3) Comunicação.
O último ponto para ouvir é a comunicação.
Quando você começar a ouvir, fale também, faça perguntas
internas, interaja, ouça as respostas ou abra a sua mente para
estas respostas.
A maioria das pessoas usam formatos para fazer isso ou rezas
prontas. A comunicação precisa ser uma conversa sincera e
simples.
O ponto importante no qual muitos falham sempre é justa-
mente: falar mais e ouvir menos. Pare de gritar suas vontades um
pouco, fique em silêncio e ouça mais.
Falamos como crianças pedindo doces para o pai, pedindo,
pedindo e repetindo as mesmas coisas. Essa é a cultura do “peça
e receba” e deve ser substituida pelo “ouça, entenda, se mova e
crie.”
Se você ficar repetindo como uma criança as coisas que quer,
talvez você não ouça o pai falando que não é hora de doce e sim,
de salada e que isso vai ser o melhor para esse momento, ainda
que você não goste.
À medida que você exercitar esse hábito, ouvir a voz ficará
mais fácil.
Independente de como você chama esta voz, ao longo do
tempo você constatará que ela é tão real que falará coisas que
sua mente humana e limitada jamais poderia produzir sozinha.
Eu sei que este passo parece papo de louco, mas fará muito
157 | EMPREENDA AMOR

sentido quando você precisar ouvir.

- Você e a Voz
Primeiro falei sobre ouvir, mas este passo também é sobre
falar.
Quando você entrar em ação, consequentemente, precisará
falar para as pessoas sobre a missão, aprenderá a vender a ideia,
a apresentar sua empresa, o seu movimento ou projeto.
O falar é extremante importante porque as palavras têm
vida. Quando você fala, você começa a criar o novo. É sempre
assim.
Se você é tímido, este é o momento de vencer a timidez. Em
um dos discursos de Jesus, quando ele está falando desse estilo de
vida, ele declara que os tímidos não herdarão o reino dos céus.
“Rafa, quer dizer que se eu for uma pessoa boa a vida intei-
rinha, fizer tudo direitinho, só porque sou tímido eu não entrarei
no céu?”
“Que homem estranho esse Jesus!”
Calma lá, vamos entender.
Quando ele usou a palavra “reino”, Jesus se referia à cultura
e complementou dizendo “do céu” porque era impróprio falar o
nome de Deus publicamente, uma vez que se considerava ser em
vão. Então, ele respeitou isso.
O céu era para reforçar que aquela nova vida e cultura
ensinada sobre amor, fé e esperança era libertadora, diferente do
outro reino opressor romano.
158 | EMPREENDA AMOR

Então, ao declarar que um tímido não entrará no reino dos


céus, significa que esse não se tornou apto a viver este estilo de
vida e cultura propostos, porque se houvesse adquirido esse mindset
incrível de amor, a transformação pessoal seria inevitável e a timi-
dez iria embora.
Bom, deixe eu aproveitar e fazer um parêntese para você que
acredita na Bíblia e na vida no céu após a morte. Aos que não
acreditam, peço licença.
Se entendermos esse contexto todo que tenho trazido até aqui
e o porquê usaram a palavra “céu” ao invés de “Deus”, talvez a
Bíblia não tenha mencionado quem entrará de fato no paraíso,
como sempre imaginamos.
Só está claro que cada um nessa Terra será avaliado segundo
sua FÉ + OBRAS. Em Mateus 25:35 fica muito claro que muitos
dirão “Senhor, Senhor”. Pessoas que fizeram tudo na igreja, até
demônio expulsaram, ou seja, que tinham autoridade espiritual.
Mesmo assim Deus responderá que não os conhece! E a sequência
diz que isso se dará porque essas pessoas ignoraram necessidades
reais como dar comida aos que tem fome, bebida aos que tem
sede, acolher os estrangeiros, vestir os nus, cuidar dos doentes e
visitar os presos.
Crer é importante, mas Agir é essencial. A fé sem obras é
totalmente morta.
É uma perspectiva nova e importante para se pensar.
Vamos dar sequência sobre timidez e voz.
A lição lá foi: é impossível estabeler este estilo de vida e cultura
159 | EMPREENDA AMOR

incrível de amor no mundo de forma relevante se formos tímidos.


E isso é uma verdade absoluta. Agora, me pergunte como eu
sei disso?
Porque eu era muito tímido, mas muito mesmo! Em um nível
de molhar a sala de aula fazendo xixi nas calças simplesmente
porque tinha vergonha de pedir para ir ao banheiro e para piorar
o grau da timidez, eu convivi com o bullying de colegas durante
anos.
Eu não fazia cursos em grupos, não levantava as mãos em
shows e não me expunha de jeito nenhum, sempre pensando no
que iriam pensar de mim.
A timidez é uma desgraça. E isso permaneceu até meus 17
anos.
Hoje quem me conhece e me vê falando em público não
consegue acreditar nesse meu histórico, sabe por quê? Porque
quando entendi minha missão e como poderia fazer a diferença
no mundo, vi que precisava lutar contra aquilo que me limitou
durante anos.
A timidez cala a nossa voz e se você realmente quer realizar
seu propósito maior, em algum momento, precisará falar.
Eu gostaria de escrever muito sobre isso porque gosto desse
tema e sei o quão prejudicial é viver dominado por esse senti-
mento, mas vou deixar três passos que usei para vencer a timidez.
1. Lute com todas as forças: saia da zona de conforto e não
aceite ser uma pessoa sem voz.
2. Busque conhecimento: temas práticos sobre como vencer
160 | EMPREENDA AMOR

a timidez são assertivos. Não ache que é besteira.


Um livro que me ajudou bastante foi “Como fazer amigos
e influenciar pessoas”, escrito por Dale Carnagie”. Na última
página descobri que havia um centro de treinamento em minha
cidade sobre o assunto. Fiz dois cursos incríveis, um de relaciona-
mentos interpessoais e outro de vendas (isso mesmo, o tímido fez
um curso de vendas sem nunca ter trabalho com isso só pra perder
a timidez).
Outra coisa que dizem que é ótima e que ainda está na minha
lista de “to do” é um curso rápido de teatro.
3. Pratique e faça o que você não faria: se exercite a fazer o
que te deixa desconfortável. Realmente, no começo isso será mui-
to difícil, porém depois tudo vai ficando fácil e no final, você vai
adorar fazer e ensinar isso.
Após decidir tratar a questão da timidez, a primeira coisa que
decidi fazer foi participar, aos sábados, de um projeto chamado
“Sou Careta, Drogas Bah”.
Nessa ação, abordávamos pessoas na rua e vendíamos
camisetas no farol. Aí aprendi a vender (coisa que eu não supor-
tava) e após um tempo, virei Sales Executive (Executivo de Vendas)
de grandes empresas. Hoje lidero diversos projetos, sou um
empreendedor e palestro bastante. Quem diria!
Agora, segue mais uma parte do nosso quebra-cabeça.
161 | EMPREENDA AMOR

AMOR

MISSÃO
( INTENÇÃO )

POSICIONAMENTO PROPÓSITO
e ORGANIZAÇÃO FÉ AÇÃO CONHECIMENTO
( CRIAR A CONDIÇÃO ) ( VOZ )
PRáTICA

ESPERANÇA
AMOR Quando você se
Chegamos nela, na famosa palavra HOPE.
conecta com uma missão que faz sentido, cria a condição e age
em fé, de forma ativa, você receberá seu propósito específico (ou
MISSÃO
parte dele), por meio da voz que traz sentido, além de começar
( INTENÇÃO )
também a ter voz para falar, para vender ideias e se conectar aos
outros.
POSICIONAMENTO
Tudo isso traz um sentimento novo de esperança no coletivo,
e ORGANIZAÇÃO
no todo. PRáTICA ( CRIAR A CONDIÇÃO )
Em minhas pesquisas sobre esse lado empreendedor de Jesus,
li em I Coríntios 13 a palavra fé junto com a palavra esperança e
confesso que sempre foi uma incógnita a diferença de significado
entre essas duas palavras para mim.
Já conhecia este texto há tempos, mas não fazia sentido
porque, para mim, Fé significava certeza absoluta, enquanto
162 | EMPREENDA AMOR

esperança, ao meu ver, até tinha uma ligação com acreditar, mas
com o conceito de esperar também, como se fosse uma fé mais
paciente.
Então, eu me questionava: “Se eu tenho certeza, porque vou
esperar algo?”. Aquilo não entrava na minha cabeça de jeito
nenhum.
Até que, um dia, entendi que a palavra esperança tem como
base a raiz “esperançar”, que é um verbo de ação em movimento e
não “esperar”, que é um verbo estático de aguardar alguma coisa.
A confusão de significados acontece porque conjugamos o verbo
errado ao dizer “eu espero que tudo dê certo!”. Na verdade,
deveríamos dizer: “eu tenho esperança que dê tudo certo” ou “eu
esperanço!”. Estranho, né?!
Essas explicações parecem besteiras, mas são princípios
importantes para desconstruirmos entendimentos errados ou
preconceituosos que talvez tenham sido construídos na mente,
porque a maioria das pessoas acham a palavra esperança muito
bonita. Marcas conhecidas usam em campanhas publicitárias
porém, de maneira geral, esperar é um sentimento estático de
alguém que senta e aguarda uma mudança.
Amor, fé e esperança não são o que a maioria das pessoas
pensam, não são apenas sentimentos bonitos. São verbos de ação
que nos empurram ao movimento. Isso muda tudo!
A fé é uma certeza individual: eu não posso falar que tenho
fé por você e no sentido original da palavra, eu também nunca
poderia dizer que eu tenho fé (ou seja, certeza absoluta) que a
163 | EMPREENDA AMOR

outra pessoa mudará, porque tudo isso é externo e não depende


de mim. Em um caso como esse, o que eu tenho é esperança.
Esperança é acreditar no coletivo: é quando compreendemos
que nunca teremos certeza que o mundo mudará, porque não
depende só de nós, mas mesmo assim isso não nos paralisa e nem
nos desanima, simplesmente porque temos CERTEZA (FÉ)
naquilo que recebemos e que podemos gerar, impactando o
coletivo. Por isso agimos e geramos a transformação que desejamos,
é a nossa medida dentro do todo.
Complicou a cabeça geral? Releia com calma.
Fé tem a ver com você. Esperança é sobre o próximo.
A cultura atual está matando a esperança. As pessoas até tem
fé e certezas em coisas individuais, mas estão desacreditadas na
transformação do mundo e por isso, não agem. Trabalham
apenas para mudar suas famílias, suas casas e suas vidas.
Algumas pessoas têm fé, muitas desenvolvem até uma vida
espiritual, são boas, mas quando assistem ao noticiário, falam:
“este mundo está perdido, mas ainda bem que vamos para o
céu” ou “ainda bem que estamos bem”. Olham para política,
para a área da Saúde, Educação e não acreditam em mais nada.
Terceirizamos tudo para a política e perdemos a esperança
neles também. Então, nos resta a crítica sem nenhuma ação
prática. Poucos atravessam esse muro que leva à esperança ativa,
que age e transforma.
As escrituras mostram que Deus nunca perdeu a esperança
na transformação do mundo, que Jesus empreendeu muito e deu
164 | EMPREENDA AMOR

sua vida pelo mundo, ensinando os outros a fazer o mesmo.


Isso é esperança.
Se você está lendo este livro é porque dentro de você existe
uma esperança crescendo cada vez mais e pode virar algo novo,
relevante e único.
Deixe crescer.
DOMÍNIO
O domínio vem depois de muita ação e prática. Lá atrás você
criou a agenda e dia após dia, a rotina gera em você um domínio.
Aquela ação que, inicialmente, é difícil começa a ficar fácil. An-
tes você dava um passo, agora já são 10. Isso é dominar o que te
dominava.
Domínio de uma área, de uma ciência e do seu próprio corpo.
Se você quer ser relevante, você precisa entender o poder de
gerar o domínio. Isso tem a ver com consciência, continuidade,
evolução contínua e novos aprendizados.
Na maioria das empresas que abrem e quebram em pouco
tempo, outra grande parte das ideias não saiu do papel. Não é
sobre autoajuda ou motivação, é sobre ser maduro o suficiente
para entender que você terá que aprender a evoluir para alçar
resultados reais.
Muitos dias não vão terminar como você planejou. Você não
vai acordar no horário que precisava, não vai atingir o resultado
esperado, mas esse é o momento em que as pessoas deixam as
coisas pelo caminho.
Aquelas que entendem e discernem que ainda não estão
165 | EMPREENDA AMOR

dominando por completo, sabem que é uma questão de tempo


e persistência. Então, mesmo diante de um dia frustrado, elas
continuam.
Um dos empreendedores mais relevantes que pegou “o
bastão” de Jesus e deu continuidade foi Paulo de Tarso. Inicial-
mente, ele se mantinha com um negócio de tendas, mas o foco
era de expandir esta cultura do amor que transforma.
Paulo disse: “assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não
como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão,
para que, tendo contado a todos essa mensagem, não venha eu mesmo a ser
desqualificado”.
Isso acontece com um atleta, com Paulo e com todos que
decidem ser relevantes.
Acontece com um hábito, com a timidez, com a dificuldade
de falar em público, de se relacionar, de vender, de formar times
e de fazer coisas que não sabe ou não gosta.
Neste item não existe neutralidade: ou você domina ou é
dominado, ou você domina seu corpo ou ele domina você. Ou
você domina um conhecimento ou a falta dele o paralisa.
Quando comecei a entender a importância de gravar vídeos
para evoluir em meu propósito, aquilo era muito difícil para
mim. Cuidar das questões técnicas, falar para a câmera sozinho
ou em público, editar e carregar. Aquilo demorava muito, era
difícil. Porém, ao invés de desistir, eu entendi que só com uma
rotina eu criaria a condição. Então, eu não parei e decidi gravar
vídeos diários, a partir daí.
166 | EMPREENDA AMOR

Eu me condicionei a fazer aquilo que, no início, era um “parto


de elefante”. Depois, tudo ficou cada vez mais fácil e agora eu
dominei este conhecimento e com isso, impacto mais pessoas
do que poderia presencialmente. Este é só um exemplo simples
utilizado para dizer que se uma câmera me intimidasse e me
parasse, eu teria hoje menos alcance da minha voz.
TRANSFORMAÇÃO
Este é o último passo. Transformação é o testemunho, é o
resultado gerado por causa de todos os passos anteriores. Trans-
formação é quando você chega nesse ponto, quando sua vida
terá sido transformada e a área da sociedade dentro da sua
medida de atuação também terá resultados.
Sociedade é a palavra-chave.
Se você leu até aqui e entendeu a base genuína sobre impactar
o mundo, você provavelmente não deve mais estar querendo
trabalhar por trabalhar, não quer mais a corrida do cachorro
atrás do rabo em busca de dinheiro mais pra si e deve estar ar-
dendo por dentro para sair da caixa dos parâmetros convencio-
nais e ser relevante na sociedade, impactando pessoas que real-
mente precisam. Isso é transformação.
Começou a acontecer com você e agora você pode multiplicar
essa missão.
O objetivo neste tópico não é explicar como chegar até aqui,
porque isso já foi dito. Quero apenas reforçar os passos anteriores.
Muitos poderão ler os passos deste mapa e achar que são
muito simples e por fim, não fazer absolutamente nada. E isso é
167 | EMPREENDA AMOR

normal, uma vez que a maioria dos grandes movimentos e or-


ganizações nem existiram porque ficaram no papel ou na men-
te daqueles que não agiram. As pessoas esperam uma fórmula
mágica.
O foco deste mapa não é te entregar um CANVAS* ou Busi-
ness Plan**, porque essas são questões técnicas e já existem mil-
hares de fontes disponíveis para você buscar isso. Na realidade,
você não vai precisar disso inicialmente. Há uma caminhada a
ser descoberta antes. Meu foco é passar os princípios para que
você se conecte e evolua.
Eu tenho um lema no qual digo que conexões e evolução são
melhores que a perfeição. Algumas pessoas querem fazer tudo
perfeito e nunca começam. O perfeccionistas normalmente perdem
por W.O***.
Agora quando você se conecta com pessoas com propósitos
similares ao teu, ainda que seja por vídeo, podcast, cursos, eventos ao
vivo, você nutre a sua missão e consequentemente evolui, porque
os passos foram dados. Não importa o tamanho e nem a velocidade
dos passos, porque não é uma corrida para ver quem chega mais
rápido e sim uma maratona com você mesmo para chegar até o
final.

*Ferramenta de planejamento estratégico, que permite desenvolver e esboçar modelos de


negócio novos ou existentes.

** Plano de negócios

*** O W.O. ou Walkover (em inglês) é a atribuição de uma vitória a uma equipe ou
competidor quando a equipe adversária está impossibilitada de competir.
168 | EMPREENDA AMOR

Na Bíblia há um verso que diz “anda comigo e seja perfeito”.


E então, você pode se questionar: “como assim perfeição?
Ninguém é perfeito! Será que estão falando do novo céu?”
As pessoas não entendem essa citação porque a perfeição é
um sinal de ausência de erro para elas. Mas a palavra original
do hebraico utilizada nessa frase é Tamiym, que significa ir até o
fim. Portanto, a mensagem correta é: CONECTE-SE comigo e
vamos EVOLUIR para chegar até o fim.
Não busque a perfeição que todos enxergam, pois são parâ-
metros inalcançáveis. Além disso, você ficará ansioso e frustrado.
Busque Tamiym, comece ainda que seja engatinhando como
uma criança, se organize e crie a condição. Aja, busque conhecimento,
ouça a voz e seja voz. Posteriormente, crie o condicionamento
como o de um atleta, dominando o que lhe dominava e trans-
forme.
Ah! E não se esqueça de ser como criança. Só assim dará
certo esse novo estilo de vida.
PARÂMETRO 51/49
Agora que você entendeu o mapa, precisamos seguir com
aquilo que comecei a falar no capítulo 7 sobre as pirâmides, sobre
melhorias no conceito de negócios sociais e principalmente, so-
bre o que o empreendedor do amor dizia sobre isso.
Ajudar pessoas, fazer o bem ou tentar resolver um problema
social é muito genérico. O conceito de “entre ganhar dinheiro
e ajudar pessoas, prefira os dois” também é uma linha muito
tênue.
169 | EMPREENDA AMOR

É incrível ver, nos últimos anos, aquele capitalismo selvagem


evoluir para um “capitalismo do bem”, porque este modelo tem
sido realmente relevante e não existe problema em ganhar
dinheiro. O ponto de melhoria que mencionei é sobre entender
novos parâmetros/referências, para que não haja margem de
desvio no foco.
Quando Jesus fala sobre empreender e levar sua missão, ele
nos deixou parâmetros.
O maior deles, ele chamou de principal mandamento.
1º - Amar a Deus e sua justiça em primeiro lugar.
2º - Amar o próximo como a você mesmo.
Durante uma viagem, seus parceiros estavam preocupadíssimos
com dinheiro para continuar a empreitada e ele respondeu: “por
que andam ansiosos com o dia de amanhã? [...] Coloquem o Reino
e sua justiça em primeiro lugar e tudo será acrescentado”.
Em outra passagem, ele diz que todas as vezes que deixamos de
atender a necessidade de um pequenino, também não a fizemos
a ele. Jesus se nivela aos pequeninos e os coloca no mesmo nível
de prioridade. O que ele quis dizer com isso é que, se não focarmos
nos menos favorecidos, não estaremos focando Nele. Se os
ignorarmos, estamos ignorando a ele.
Então vemos que ele deixou parâmetros claros para em-
preendermos o bem e eu poderia falar de diversos deles. Porém
focarei no parâmetro de prioridade que é o principal.
Em ordem de importância o parâmetro seria:
1º lugar - Deus, o reino e sua justiça (que definitivamente
170 | EMPREENDA AMOR

não são religião).


2º lugar - O próximo (que são os necessitados).
3º Lugar - Nós.
Isso mesmo, a ordem é inversa. Nós somos os últimos e não
os primeiros, como sempre buscamos. A maioria de nós conhece
essa prioridade e se perguntarmos para quem crê em Deus sobre
esses parâmetros, eles responderão a mesma sequência. Agora,
será que vivemos o que falamos?
Será que isso é verdade na prática? Como saber isso?
É simples. Quando estudamos a trajetória deste grande
empreendedor, vemos que essa prioridade foi ensinada de forma
literal, não apenas como um sentimento ou filosofia.
Agora vamos abrir a palavra “prioridade” em três níveis:
1) Nível do sentimento: onde está meu coração e valores.
Você ama a Deus e o próximo?
2) Tempo Investido: quanto tempo da sua semana é gasto
com Deus ou com o próximo?
3) Recursos financeiros investidos: qual percentual da sua
receita é investido para Deus ou para o próximo?
Quando ele chamou seus seguidores para essa missão de
amor, não era para que adquirissem uma crença e continuassem
a vidinha normal deles, de segunda a sexta-feira. Eles receberam
propósitos e valores totalmente novos, colocaram isso em
primeiro lugar em suas vidas e também seguiram essa priori-
dade no tempo gasto deles, pois trabalhavam em tempo integral
para realizar isso. Os seus recursos eram também completamente
171 | EMPREENDA AMOR

entregues à missão.
A dinâmica era tão louca que poucas pessoas entenderiam
nos dias de hoje, mas a história mostra que eles entregavam tudo
o que tinham uns aos outros para que não houvesse necessidade
e isso funcionava porque os valores estavam ajustados.
Mas calma! Não estou falando isso para você fazer o mesmo.
Ao receber o mindset relevante, devemos repensar no modo como
priorizamos Deus/próximo avaliando onde estão realmente
sendo investidos nosso sentimento, nosso tempo e nosso recurso.
Sabemos, então, que a fotografia está assim:

MAPA PArÂmetros DIREÇÃO

PRáTICA P RIORID AD E D E FO R MA LIT ER AL


1º DEUS E JUSTIça
PROPÓSITO
2º PRÓXIMo ( VALORES)
RECURSOS TEMPO
3º EU

Análise dos parâmetros na Pirâmide Convencional


As pessoas que MAPA
dizem amar aPArÂmetros
Deus em primeiro DIREÇÃO
lugar pri-
orizando apenas o primeiro nível, que é o do sentimento, coração e
PRáTICA
valores, nunca conseguem atingir
P RIORID AD E os outros itens
D E FO R MAcomo tempo e
LIT ER AL
recursos, porque estão
1º DEUSinseridas
E JUSTIça em um sistema que fica com a
PROPÓSITO
maior parte disso2ºtudo.
PRÓXIMo ( VALORES)
RECURSOS TEMPO
3º EU
172 | EMPREENDA AMOR

Parece ser tecnicamente impossível no nível do tempo,


porque essas pessoas trabalham em uma carga horária de 8 a 16
horas carregando tijolos por dinheiro e para fazer o Faraó atingir
o seu objetivo que, em 99% das vezes, não tem ligação nenhuma
com a cultura distributiva de impactar o mundo, mas sim com a
mentalidade do acúmulo para interesses pessoais.
E é também matematicamente impossível no nível do recurso,
porque sempre ficamos com a maior parte, seja no salário ou
no lucro líquido. Nosso custo fixo é alto, então pensar qualquer
coisa contrária a isso é uma loucura. Se sobrar no final do mês e
for época de Natal podemos pensar em distribuir.

Análise dos parâmetros no empreendedorismo social e


trabalhos assistenciais
Nos negócios sociais onde o business é ajudar pessoas, temos
uma troca de cenário interessante. Podemos dizer que é viável
aplicar sentimento e tempo (do parâmetro de prioridade), já que
esse modelo de negócios trabalha em tempo integral com algo
que gera transformação real.
Agora em relação ao item recurso, dificilmente há empresas
que pensarão nisso, uma vez que, talvez possa não fazer sentido
reinvestir no necessitado, principalmente se a própria empresa já
atua com isso.
Tem uma passagem muito interessante nas Escrituras que re-
lata a resposta de Jesus em relação às finanças de um jovem rico.
Vou compartilhar uma adaptação minha desse texto.
173 | EMPREENDA AMOR

Jesus replica: “então falta uma última coisa. Vai, vende tudo
que você tem, dá aos pobres e me segue”. Ao ouvir aquilo, o em-
preendedor bem sucedido sai triste porque possuía muitos bens e
não tinha coragem de se desprender de tudo.
Quando ele se retirou, Jesus comentou com seus parceiros:
“por causa dessa cultura atual de ter mais para si sempre, eu
digo que é mais fácil passar um camelo por uma agulha do que
um rico entrar no reino”, entrar nesse novo mindset distributivo.
Particularmente, já ouvi muitas interpretações sobre essa
passagem. Alguns alertam sobre não amar o dinheiro, outros
acham que é necessário fazer voto de pobreza, outros acham que
é para dar tudo de oferta. Jesus não pediu nada para ele. Jesus
falou para entregar aos pobres.
O que é amar o dinheiro? Por que ele pediu para o jovem
rico vender tudo? Por que o foco foi a entrega aos pobres?
O problema não é o dinheiro. Aquele homem não ficaria
pobre porque a riqueza é uma capacidade desenvolvida dentro
do ser humano e a pobreza é a falta dela. Quem aprende a ser
rico, fazer negócios, empreender, inovar, criar do zero, pode ficar
sem nada, mas a habilidade e a mente abundante permanecem
ativas. Ele tinha o poder de fazer tudo novamente e melhor.
Há muitas histórias de empreendedores que eram milionários,
perderam tudo e em pouco tempo reconstruíram impérios.
Para Jesus não importava o dinheiro daquele cara, mas Ele queria
provocar, transformar a cultura, o parâmetro e a proporção.
Quando o jovem empreendedor disse que praticava todas as
174 | EMPREENDA AMOR

regras religiosas certinhas, Jesus deve ter sorrido e pensado: “só


falta ele entender um detalhe!”.
A Bíblia traz, nesse trecho, a menção a um jovem rico, mas
na verdade eram dois, né? Jesus e ele deviam ter, aproximada-
mente, a mesma idade, trinta e poucos anos. Um jovem era rico
por causa dos bens. O outro jovem era rico por causa da mente.
A mente de Cristo, essa era a riqueza, uma mente totalmente
livre da cultura imposta.
Acho que Jesus, naquele momento, se animou e pensou: “só
falta você entrar nesse reino, só falta você receber esse mindset,
me dá uma prova de que você cumpre o principal mandamento,
de que você ama o próximo como eu o estou amando agora.
Vende tudo que você tem, dá aos pobres e segue essa minha nova
mentalidade”.
Porém, o jovem rico não sacou a parada e saiu triste. Sabe
por quê? Porque nossa felicidade está em cumprir o propósito e
não em acumular e viver a vida que todos vivem.
A conclusão é que o jovem rico de bens e pobre de mente
não entregou e saiu triste. O outro rico de mente e pobre de
bens, deu tudo que ele tinha (sua mente) e saiu feliz sabendo que
você leria isso hoje e geraria uma nova reação. Ele sempre espera
novos resultados de nós.
Ele realmente é o maior empreendedor do mundo que tem
resultados a longo prazo.
Esse exemplo é muito legal para pontuar sobre os parâmetros.
Afinal, aquele cara priorizava Deus no nível do sentimento, dos
175 | EMPREENDA AMOR

valores, seguia os mandamentos, mas em relação ao recurso,


ele foi incapaz de priorizar. No nível do tempo investido com o
propósito, ele também falhou. Acredito que ele deve ter saído de
lá e sua rotina de reuniões e negociação, imediatamente, o engoliu
novamente. Mas ao fim do dia, aqueles resultados não tinham
propósito algum, eram apenas para ele e sua família, a ideia do
“mais para si sempre”.
Em resumo, ele achava que colocava Deus em primeiro
lugar, mas não. Essa priorização se limitava apenas na questão
dos sentimentos, pois no recurso e no tempo ele não conseguiu.
O que eu quero desconstruir em você é que não há propósito
em trabalhar por dinheiro, por mais que você queira me
convencer de que o seu dinheiro abençoa pessoas. A verdade
é que o dinheiro abençoa mais a você e a causa fica em uma
proporção bem inferior.
Colocar Deus em primeiro lugar significa trabalhar por um
propósito que impacta vidas e além disso, você tem seu dinheiro,
seu recurso e suas conquistas.
A ordem tem que ser invertida, mas isso é tão difícil de tangi-
bilizar, afinal a cultura está enraizadíssima, como estava também
naquele jovem. Eu acredito que ele não tinha problema em ajudar
os pobres. O problema ali foi a proporção que Jesus pediu, os
100%. Aquele foi um caso específico, Jesus não pedia isso para
todos. Ele não fazia nada igual, Ele queria, naquele instante, a
quebra do padrão acumulativo e a prova da prioridade.
Aquele jovem empreendedor poderia vender tudo, ficar sem
176 | EMPREENDA AMOR

nada e depois construir riquezas para impactar o mundo com


empreendimentos relevantes. Ele poderia acabar com a pobreza
daquele local e gerar um legado perpétuo. Ele poderia enriquecer
novamente com a mente nova, trabalhando por propósitos
maiores.
Ele voltou para a pirâmide de segunda a sexta-feira e preferiu
seguir a cartilha da religião aos finais de semana. Definitiva-
mente não era sobre isso que o empreendedor do milênio falava!
Conseguem perceber?

51/49
Em minhas pirações, consegui entender um novo modo de
trabalhar e impactar, como uma economia e rede de negócios
que só podem funcionar com uma nova mentalidade. É uma
loucura! E acho que você já percebeu que sou louco mesmo.
Descobri que trabalhar por um propósito é “trabalhar por
amor”, é “fazer o que ama” é o que todos buscam e se frustram
por não se satisfazerem. É buscar a Deus em primeiro lugar e é
amar o próximo como Ele mandou, porque o propósito do
meu trabalho vai diretamente impactar um pequenino Dele. E
se um dia as perguntas vierem mesmo... Se nós demos de comer,
de beber, se o vestimos e o visitamos, a resposta vai ser sim!
A partir desse entendimento, comecei a pensar sobre o que,
de fato, é priorizar. Como mensurar que estou colocando Deus
e o próximo na frente? Para o jovem rico ele pediu 100%, mas
nada que Jesus fazia era regra, senão eu estaria aqui dizendo que
177 | EMPREENDA AMOR

todos deveriam vender tudo e vir para África. Definitivamente


não é isso. Eu buscava alguma métrica para aplicar isso na minha
vida e que também eu pudesse explicá-la NÃO COMO REGRA,
mas como valores para os que me perguntavam. Convido você
a viajar mais uma vez nesse raciocínio. Isso é só um exercício de
reconstrução de valores em relação a recurso e ao tempo.
Parti do princípio de que Deus é primeiro lugar, próximo
segundo lugar e eu por último. Existem três degraus nesse pódio
da prioridade. Então, seria algo em torno de 33,5% para Deus
(qualquer maneira que você entenda), 33,4% para o próximo
(que são as pessoas menos favorecidas ou projetos de impacto
social) e a sua parte seria 33,1%.
Uau! Imagine a sua renda pessoal cair para 33,1% do que
você ganha? Por isso que o jovem rico saiu triste. Mas não é isso
que eu quero dizer, continue comigo.
Nós lemos que, em Mateus 25, Jesus coloca o pequenino no
mesmo lugar de prioridade que ele, dizendo que, se não focarmos
nos menos favorecidos, não estaremos focando Nele. Então o pódio
passa a ser composto por dois degraus: Deus/próximo + eu.
Ser majoritário significa ter a maior parte. Então, priorizar
algo seria também dar mais que os 50%. Ok. Então, essa
proporção matemática simboliza a quantidade mínima para
que eu coloque Deus/Sua justiça/próximo em 1º lugar e, assim,
possa ficar com os outros 49%.
Imagine se isso se tornasse uma meta (mínima) a ser alcançada:
51% para Deus, Sua a justiça e o próximo.
178 | EMPREENDA AMOR
MAPA PArÂmetros DIREÇÃO

PRáTICA
49% para mim.P R IO R ID A D E DE F O RM A L I T E RA L
Isso é bizarro1º
de aceitar em nossa cultura atual, não há lógica
DEUS E JUSTIça
PROPÓSITO
ficar com a menor parte se eu fui quem trabalhou. Há quem
2º PRÓXIMo ( VALORES)
entregue 2%, 5%, 10% ajudando projetos sociais e igrejas. Em
RECURSOS TEMPO
3º EU
época de Natal mais 1% ou 3% são doados e olhe lá!

MAPA PArÂmetros DIREÇÃO

PRáTICA P R IO R ID A D E DE F O RM A L I T E RA L
1º DEUS E JUSTIça
PROPÓSITO
2º PRÓXIMo ( VALORES)
RECURSOS TEMPO
3º EU

C U LT U R A A T U A L MISSÃo A SER ALC AN Ç ADA


10% DEUS 0,2% PRÓximo EU
49%
89,8% EU 51% DEUS E O
PRÓXIMO
179 | EMPREENDA AMOR

Lembrando que, quando usamos o termo Deus aqui, estamos


literalmente falando sobre a justiça deste Deus de amor porque,
de forma prática, Deus não precisa de dinheiro e você não
consegue entregar nada para Ele. Afinal de contas Ele é espírito,
energia.
Agora como disse no capítulo 6, esse Deus só consegue
interferir aqui na terrinha se nos tornarmos instrumentos,
fazendo com que todos esses princípios de amor, fé, esperança
e justiça saiam do discurso e virem ação. Com propósito, tempo
e recursos.
Outro ponto muito importante: de forma alguma quero que
essa proporção incentive você a deixar de doar na sua igreja
(caso você frequente uma) e passe a dar apenas aos pobres ou
projetos sociais.
Se você é abençoado onde desenvolve sua fé, o mínimo que
deve fazer é retribuir voluntariamente para que aquele lugar se
mantenha. Isso é um princípio de gratidão e generosidade, nunca
de obrigação.
Acredito que o pilar espiritual é importantíssimo para que o
ser humano se desenvolva. Esta cultura de um novo reino nunca
pode ser extremista e preconceituosa, porque isso nunca foi
ensinado.
Não podemos ser extremistas e falar que, a partir de agora, o
foco é apenas transformar o mundo, a sociedade, ajudar o neces-
sitado, atuar full-time para isso e que se dane sua vida espiritual e
comunidade.
180 | EMPREENDA AMOR

Como também não podemos ser extremistas no oposto,


achando que o nosso papel é apenas “espiritual” (seja lá como
e onde você desenvolva sua fé) e realizar apenas ritos. Hoje
nós vivemos em comunidade, mas não fazemos nada em rela-
ção à sociedade e seus necessitados, ou realizamos pouquíssimo
na proporção do que sobra, fazendo ações uma vez por semana
(que já é um grande começo), porém não resolve o problema
pela raiz.
Então, novamente podemos cair no erro das caixas e dos rótulos.
Porém, nós somos seres únicos e integrais. Algumas pessoas
colocaram Jesus apenas na caixa da divindade distante, outros
apenas na caixa do Rabi (mestre), outros como um homem cheio
de dons. A realidade é que ele foi filho, irmão, Rabi, empreendedor,
líder revolucionário e servo de todos, tudo ao mesmo tempo.
Ele preferiu “ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha
opinião formada sobre tudo”.

Voltando à nova proporção e aos 51/49.


Sempre é bom repetir, isso não é e não pode se tornar uma
regra, Jesus não ensinou regras e fórmulas, ele nos deu uma
missão a ser alcançada para termos uma vida com mais sentido.
Se você não tem condições à curto prazo de se ajustar a uma
proporção como essa, ok, sem problemas, não se sinta culpado.
Mas, se isso fez sentido pra você, comece a meditar a respeito e
buscar alternativas para fazer tudo isso se tornar uma realidade.
Eu posso dizer de boca cheia que viver um estilo de vida onde
181 | EMPREENDA AMOR

você é o segundo é a melhor coisa que existe.


Se você consegue doar mais que 51%, ok também. Isso
significa mais pessoas sendo impactadas. Minha meta é, um dia
ficar, com 0% e consagrar 100% da minha receita líquida para
mudar o mundo. Isso parece loucura porque foge dos nossos
cálculos humanos, mas há meios de inovarmos e não estou
falando de voto de pobreza. Já vou explicar a seguir. Vamos nos
incorformar para transformar!

DIREÇÕES E POSSIBILIDADES 51/49


- Empreendedores e negócios
Vamos começar com os empreendedores.
Quando alguns escutam pela primeira vez sobre esse tema
“prioridade e o parâmetro 51/49”, já logo pensam que é um
modelo insustentável, em termos de business. Nossa cultura acha
que ficar com a menor parte é muito pouco e é um absurdo.
Então, para desfazer este paradigma, vou dar alguns exemplos
simples de negócios e gostaria que você tirasse suas próprias conclusões.
1. Educação
Vamos imaginar que uma pessoa entendeu este modelo, fez
sentido para ela e a partir daí, ajustou seu negócio para viabilizá-lo.
Como um empreendedor que encontrou seu propósito maior
na educação, ele deseja impactar inicialmente a realidade pobre
de uma área. Então, constrói uma escola privada para ser um
negócio social que interfira na sociedade.
A escola é particular, tem estrutura e qualidade de ensino
182 | EMPREENDA AMOR

comparada a qualquer outra top da região. A diferença é que


essa escola tem como posicionamento principal impactar o
futuro desse bairro e a instituição deixa isso claro em toda forma
de comunicação e metodologia direcionada aos pais, alunos e
funcionários. Ele vai priorizar o propósito no nível do valor
(realmente se importando com os necessitados), do tempo (de
segunda a sexta-feira estará trabalhando para isso) e do recurso
(ao pegar 51% do lucro líquido e aplicar em ideias para a
expansão da visão social).
As ideias e possibilidades são inúmeras! Aulas em horários
alternativos para as crianças carentes do bairro de maneira
gratuita, mobilização de professores e estagiários para doação
de aulas, bolsas de estudo e classe exclusiva para crianças
deficientes.
Agora, vamos pensar mais alto. Imagine se essa escola
pegar 51% do lucro líquido e construir outra escola 100%
gratuita com a mesma qualidade, dentro de uma favela, ou
aplicar o modelo 1 por 1, similar ao utilizado pela empresa
TOMS (na qual cada calçado comprado por alguém é revertido
em um outro novo que é doado a um necessitado). Ou ainda é
possível, com este recurso, viabilizar uma escola dentro de uma
instituição de reabilitação de jovens infratores.
Não estou falando de uma ONG e nem de verba governa-
mental. Estou falando de um empreendedor que pega a maior
parte do seu lucro líquido para transformar realidades.
Com muito profissionalismo, essa escola ainda contrata uma
183 | EMPREENDA AMOR

auditoria renomada para transparecer suas ações e custos e deixa


disponível para quem desejar consultar. Seu slogan não é
sensacionalista, porque realmente o foco da escola é o impacto,
podendo ser algo do tipo “aqui o aluno aprende tudo, inclusive
a transformar o mundo”.
Agora eu lhe faço uma pergunta e espero que seja sincero
na resposta! Se você fosse um pai ou uma mãe à procura de
uma escola e se deparasse com duas ótimas opções (ambas com
a mesma alta qualidade de professores, ambiente e metodologia, com
mensalidade similar que correspondesse ao serviço entregue)
e a única diferença entre elas fosse a mentalidade distribuitiva e
transformadora da escola A, em comparação à escola B. Qual
delas você escolheria para colocar o seu filho?
Eu definitivamente escolheria (e escolherei em um futuro
breve) a escola A.
Isso significa que você terá uma escalagem na quantidade
de alunos e os seus 49% de lucro líquido, que para muitos é
pouco, podem se tornar no volume de milhares e milhões. E
isso é incrível! Viu como ter dinheiro não é o problema? Porque
a cada um milhão que esse dono colocar no bolso, significa que
ele aplicou mais na missão.
Então, pare para pensar quais resultados surgiriam nesse
bairro e nessa cidade! Esse empreendedor ainda pode influenciar
os concorrentes a seguir essa mentalidade e expandir as ações
sociais em conjunto. Todo um sistema educacional poderia ser
impactado nessa cidade, diminuindo a linha do desvio, trazendo
184 | EMPREENDA AMOR

mais equilíbrio, simplesmente porque resolvemos distribuir.


Neste exemplo, o empreendedor saiu do óbvio, gerou rele-
vância e transformação real e ainda se tornou bem sucedido. O
diferencial é que o foco não é mais o dinheiro. O parâmetro aqui
são as pessoas. Logo, seu negócio não é mais puramente money e
sim uma incrível causa. Isso é propósito de vida.

2. Construtora
Imagine uma construtora que entende e decide fazer a mesma
coisa com os 51% do lucro líquido. O foco do negócio, agora, é
construir casas para pessoas sem condições do bairro.

3. Prestadores de serviço
Imagine advogados, médicos, dentistas, coaches, psicólogos,
palestrantes com esse mindset, se ajustando ao modelo e doando
51% da sua agenda e desses valores para resultados que geram
impacto social. As possibilidades são imensuráveis.

4. Hospitais
Imagine um hospital cedendo agendas e construindo outros
hospitais gratuitos com a mesma qualidade em áreas pobres.

5. Instituições financeiras
Imagine um banco social, que presta os serviços com o
mesmo nível de uma grande rede, mas com 51% do lucro cria
um fundo de investimento social para startups ou pequenos
185 | EMPREENDA AMOR

empresários do bem.

6. Igrejas
Imagine igrejas que, ao eliminar seus custos, pegam o
restante para construir projetos sociais relevantes ou utilizam
esta verba para unir todas as organizações sociais do bairro e re-
alizar coisas maiores juntos, podendo ainda envolver seus mem-
bros desempregados no voluntariado dessas frentes durante a se-
mana, com chances até de se tornar um emprego. Você que não
gosta de igreja, visitaria uma que segue esse modelo?
186 | EMPREENDA AMOR

MAPA PArÂmetros DIREÇÃO

PRáTICA // P O S S I B I L I D A D E S

49% 51% DIVISÃO DO LUCRO

ESCOLA HOSPITAL
escolas gratuitas, hospitais e atendimentos
49% SEU 51% projetos educacionais 49% SEU 51% gratuitos, centros de
pesquisas, etc.
relevantes, etc.

P R E S TA D O R A
construtora DE SERVIÇO
49% SEU 51% doação de serviços
CASAS DOADAS 49% SEU 51% aos pequeninos

IGREJA BANCO
fundos sociais, doações e
49% reinvestimento
No ministério 51% obras sociais relevantes 49% SEU 51% empréstimos sem juros
para projetos do bem
187 | EMPREENDA AMOR

Você conseguiu enxergar isso?


Estes negócios, do parâmetro do empreendedorismo conven-
cional, nem seriam considerados negócios sociais, porque o foco
seria o serviço, o produto e o lucro monetário. Seria apenas dar
aulas, construir casas, prestar serviços, tudo em troca de dinheiro
que valorize o talento, o esforço e o conhecimento adquirido.
Agora, com os parâmetros e mindset ajustados no valor, que
são os resultados sociais gerados, no tempo, ao trabalhar todos
os dias por isso e no recurso, quando o dinheiro é realmente
investido pelas causas, qualquer negócio pode gerar impacto
social infinitamente maior que uma empresa que tem uma área
de Responsabilidade Social, mas que a prioridade real é o bolso
dos que estão no topo da pirâmide.
Essa cultura do bem é sustentável. Se há uma primeira parte
que decide distribuir, outras virão e isso se torna um ciclo sem
fim.
Os funcionários vão procurar trabalhar nas empresas que
não apenas pagam bem ou que oferecem mais benefícios e re-
conhecimento, mas naquela que está alinhada com os propósitos
e valores individuais da pessoa. A empresa escolhida será aquela
que está mudando a cultura local.
A tendência é que essas pessoas não trabalharão com peso
e insatisfação porque a motivação mudou. Afinal esse não é
um trabalho unicamente voltado ao dinheiro, ao mais lucro e
ao acúmulo.
O impacto vai muito além das pessoas que receberam o
188 | EMPREENDA AMOR

benefício na ponta. Ele atinge a vida do empreendedor, dos


funcionários e de todos envolvidos indiretamente. Isso é incrível.

7. Trabalhadores
Para empreendedores e prestadores de serviço fica fácil
entender essa lógica, mas Rafa e se eu não quero empreender e
quero continuar como funcionário a vida inteira?
Nesse caso, você conseguiria aplicar os parâmetros se encon-
trasse uma empresa alinhada a esta cultura. Assim, todos os seus
dias investidos durante a semana de trabalho seriam para uma
causa e não para alguém construir pirâmides.
Agora a boa notícia é que, enquanto não há muitas empresas
estabelecidas nesse modelo, você pode tentar ajustar a sua vida
como indivíduo nesses parâmetros.
Por exemplo: você entende e quer uma cultura distributiva,
mas obviamente seus custos o impedem de praticar isso. Você
pode, então, começar com um plano de viabilização, à longo
prazo, de aumento de ganhos e redução dos seus custos. E, aos
poucos, você conseguirá redistribuir, colocando o próximo em
primeiro lugar. Não se apegue aos 51/49. Talvez esse modelo
seja uma inspiração ou um desafio de vida.
Tantas pessoas colocam como meta de vida um carro, viagens
e coisas tão banais. Imagine você colocando como meta se tornar
um agente real de transformação? E com os seus 51% criar um
movimento, ou investir em projetos que estejam alinhados com
seu propósito.
189 | EMPREENDA AMOR

Mas veja bem: não estou falando que você não pode ter carros,
casas e demais objetivos, é claro que pode! Inclusive acredito que
seu ajuste de semear o bem como indivíduo pode não gerar uma
receita alavancada como a de um empreendendor social, mas do
mesmo jeito atrairá leis universais trabalhando a seu favor para
que você se desenvolva, cresça e produza muito mais, pois quem
semeia muito, colhe muito e isso é fato.
Esses exemplos dados no âmbito dos negócios e do indivíduo
não significam apenas ser bem-sucedido financeiramente mas,
como está escrito na capa do livro, isto é fugir do óbvio, encontrar
seu propósito e ser completamente feliz. E o mais gratificante:
transformando o mundo ao mesmo tempo.
Se apenas as pessoas que têm alguma fé, que ficam sentadas
nas cadeiras de domingo, decidissem mudar suas vidas de
segunda a sexta-feira com esta mentalidade que impacta e
distribui mais do que acumula, nós poderíamos TRANSFORMAR
COMPLETAMENTE UM PAÍS ENTRE 50 E 100 ANOS.
Só temos que espalhar a mensagem e começar, ainda que
em pequenos passos, para viabilizar o impossível. O segredo é
começar. Mas, antes disso, deixe eu falar de um conceito que tem
me ajudado muito, na prática. Essa é uma dinâmica maluca que
aprendi com um empreendedor mais louco ainda.
190 | EMPREENDA AMOR

CAPÍTULO DEZ
A dinâmica de um empreendedor louco

No Brasil, já tinha ouvido falar deste empreendedor brasileiro


chamado Alberto Oliveira. Ele apresentou programas na TV so-
bre a Bíblia. Isso mesmo que você leu: sobre as Escrituras. Mas
calma: não o julgue pensando que ele era mais um daqueles
tele-evangelistas convencionais que falam mais do mesmo.
Um cara de uma inteligência e eloquência única, que morou
em Israel, Angola, África do Sul e sei lá quantos mais lugares,
fala diversos idiomas e é formado em Matemática, Linguística
e Filosofia pela Universidade de São Paulo. Foi, durante muitos
anos, alto executivo em grandes organizações e teve sua própria
consultoria. Para você ter ideia, com 25 anos ele fez seu primeiro
milhão de dólares.
Eu disse que ele foi alto executivo porque, depois de uma
carreira incrível e um futuro promissor (isso sim era promissor),
ele e sua família abriram mão de tudo, absolutamente todos os
ativos que valiam 2 milhões de dólares. Simplesmente doaram
para hoje viver de gratidão. Ele continua a prestar serviços, mas re-
solveu dar mais que 51%, em tudo que faz. Ele serve a todos com
100% e sem exagero, se tratando dele poderia cobrar mais que gurus
191 | EMPREENDA AMOR

como Robert Kiyosaki, T. Harv Eker ou James C. Hunter.


Porém, ao invés disso, Alberto doa sempre. Vida simples, casa de
aluguel, viagens ao redor do mundo apenas para conectar, ensinar
e reverter cenários falando sobre princípios que transformam.
Para qualquer ótica é um empreender maluco. E é!
O que eu nunca imaginei é que aqui na África eu caminharia
e aprenderia de perto com esse mestre, que tem me ensinado a
viver uma vida completamente diferente dos padrões conven-
cionais. Eu poderia escrever um livro somente falando sobre
princípios e ensinamentos dele, com minha a perspectiva.
Como ele ainda não aceitou escrever o livro dele, eu vou
compartilhar aqui uma mínima parte, a dinâmica que tem muito
a ver com você que está lendo até aqui.

A dinâmica
É algo simples e vai ser fácil de entender. Não vou defender cada
um dos pontos, vou apenas traduzir meu aprendizado prático. A
dinâmica foi concebida ao analisar os padrões e a modelagem do
comportamento humano na Bíblia que se estendem repetidam-
ente até os dias de hoje. Quando entendida, pode ser facilmente
constatada por você ou por qualquer pessoa do mundo.
Eu tenho vivido essa dinâmica constantemente a partir do
momento que a compreendi. Então vamos lá!
1) INGREDIENTES
Toda matéria criada, inclusive os seres humanos, possuem
ingredientes únicos para cumprirem um propósito, que são
192 | EMPREENDA AMOR

características e capacidades que vão além da ótica comporta-


mental, elas estão no seu espírito, na sua essência de vida.
Você tem estes ingredientes que talvez precisam ser apenas
desenvolvidos ou encontrados. É como um tesouro. Um propósito.
É sobre origem e destino e quem reconhece sua origem abençoa
o destino.
Em um dos ensinamentos do empreendedor Jesus, ao falar
sobre viver nessa cultura e dimensão transformadora, Ele faz
uma analogia de um tesouro escondido em um terreno e um
homem ao descobrir vende tudo o que tem para comprar o
campo. Esse campo somos nós como indivíduos. Deus escondeu
unicamente as características e habilidades que precisam ser de-
senvolvidas e descobertas. Todos nós temos um tesouro.
Em outro texto das Escrituras diz que temos tesouros em vasos
de barro. Em palavras simples, esses ensinamentos milenares
mostram que, em nosso espírito há tesouros (propósitos) e que
tudo está dentro desse corpo de “barro”.
Agora se não utilizarmos isso eles serão redistribuídos. Para
ficar mais fácil de entender, pense nestes ingredientes (tesouros/
propósitos) como uma ideia.
Com certeza você já teve uma ideia de fazer algo que, até
então, nunca tinha pensado só que acabou não fazendo nada a
respeito. Depois de um tempo, você descobre que alguém foi lá
e fez exatamente aquilo.
O que é isso?
O empreendedor maluco chama de redistribuição.
193 | EMPREENDA AMOR

Porque não existe um propósito unicamente linkado a sua


vida. Existem propósitos maiores que precisam ser cumpridos
nesta geração através de você ou de outra pessoa. Nós somos
apenas os “vasos de barro”.
É como se nós estivéssemos em um restaurante chamado
Terra e o cozinheiro não pudesse usar um ingrediente. Então, ele
usa um outro que ele sabe que vai trazer um resultado tão bom
quanto. O pedido já foi feito e alguém precisa comer.
Vamos completar a sentença, parte a parte, juntos:
Todo INGREDIENTE, em um CICLO de tempo estabelece
uma:
2) CONEXÃO
Ninguém consegue realizar nada sozinho, somos compro-
vadamente criados para nos desenvolvermos juntos e quem vive
isolado não evolui. Existe uma necessidade natural de encontrarmos
conexões para completarmos nossos trabalhos, projetos e fun-
ciona assim também para os propósitos maiores.
As conexões são atraídas. Elas acontecem, não tente achar
um lógica pois não há. Aceite, discirna e viva na prática. Lembre-se
que os racionais e lógicos não entregariam o pão e o alforje
e consequentemente, não viveriam a doidera da multiplicação.
Essas conexões “espirituais” não são relacionamentos que pre-
cisam ser construídos ao longo do tempo e não necessitam de
“manutenção” para sobreviver. As que precisam são as relações
puramente humanas como os networks.
Conexões com propósitos surgem a todo o momento quando
estamos atentos. São ligações entre propósitos semelhantes, são
ingredientes se conectando para cumprir algo maior.
194 | EMPREENDA AMOR

Isso pode acontecer quando você conhece uma pessoa pela


primeira vez e em um minuto de conversa percebe que existe
uma ligação maior. Algumas vezes parece que se conhecem há
anos e veja bem, não estou falando de reencarnação ou química
amorosa.
O que quero dizer é que você não está só.
Um homem, há milhares de anos, chamado Elias estava
passando por uma situação que ele imaginava ser o único no
mundo e o Eterno disse para ele se levantar que, igual a ele, ha-
viam outros milhares. Não importa como você chame isso dentro
de você, alguns entendem como propósito, desejo e consciência.
O importante é entender que propósitos semelhantes se conec-
tam para o bem ou para o mal.
Já presenciei, por exemplo, um conhecido próximo a quem
eu queria ajudar porque estava com um desvio de conduta,
vivendo e gerando diversos problemas. Quando o levei em um
lugar com mais de 2 mil pessoas, a grande maioria em busca de
transformação e buscando o bem, em pouquíssimo tempo ele se
conectou com outra pessoa com os mesmos desvios de conduta
que ele, ambos foram usar drogas juntos e roubar coisas ali.
E detalhe: eles nunca tinham se visto antes, mas no meio de 2
mil pessoas os dois se conectaram para um propósito em comum.
O inverso eu também tenho visto constantemente. Pessoas do
bem se conectando “do nada” e realizando grandes transformações.
Isso acontece porque ingredientes e espíritos semelhantes se
conectam quase que naturalmente dentro de um ciclo de tempo
195 | EMPREENDA AMOR

porque precisam gerar um resultado novo juntos.


A dica aqui é: não espiritualize, mistifique ou busque com-
preensão de tudo isso, porque existem muitas coisas que não têm
lógica e se tivessem, ficaríamos assustados.
O poder está na ação.
O importante é ficar alerta. Quando comecei a entender
tudo isso e validar na prática com o dia a dia, decidi ter um olhar
mais atento e intencional para tudo. Quando eu ouço uma pessoa,
encontro outra “do nada”, quando acontece algo não planejado
ou conheço alguém novo. A maioria das pessoas nesses momentos é
desatenta e deixa passar a oportunidade, diz um “oi, prazer em
conhecer” e “tchau!”.
Então, comece a se questionar. Por que será que cruzei com
esta pessoa? Tente conhecer mais... A resposta virá! A conexão
faz todo sentido e muitas dessas pessoas que se conectaram são
grandes amigas e estão desenvolvendo projetos em conjunto.
É mais sério do que parece. Não estou falando apenas sobre
aprender a criar novos relacionamentos. É sobre ficar atento às
conexões que completarão os ingredientes para que o bolo fique
ainda melhor e talvez, esse bolo possa saciar a fome daqueles que
precisam prová-lo.
Eu não sei cozinhar, mas se fosse explicar isso na linguagem
da culinária poderia dizer que você é a farinha e o fermento que
faltam para crescer e gerar o melhor bolo do mundo. Talvez o
outro ingrediente esteja do outro lado do continente e vocês se
encontrarão em uma conferência. Ou, talvez, esteja do seu lado
196 | EMPREENDA AMOR

faz tempo, no fundo do armário que você não tem aberto.


Para esta mistura acontecer depende de vocês.
A boa notícia é que, sem explicações, esses encontros sempre
acontecem por aí e a gente sempre acaba encontrando as coisas
lá no fundo da gaveta. Quando acontecer é só abrir e misturar.
Todos os ingredientes, em um ciclo de tempo estabelecem
uma conexão para uma:
3) TRAJETÓRIA
É o que mencionamos bastante neste livro, como propósitos
maiores, coisas grandes e sentido da vida. Trajetória significa o
caminho, o legado e o testemunho.
É importante entender que você foi criado e possui característi-
cas e ingredientes únicos para gerar esta trajetória, mas esses
ingredientes não são seus. Você apenas os carrega e pode viabilizar
essa trajetória ou não. Ela se cumprirá de qualquer forma, mas
nós podemos acelerar ou atrasar este processo.
As Escrituras falam que, em uma determinada época,
uma população precisava de um rei que estabelecesse justiça
e foi levantando Saul que era um grande homem. Mas, após
alguns anos reinando (literalmente, pois o sistema político era
monárquico), ele decidiu não mais cumprir a trajetória maior e
quis fazer apenas sua vontade.
As Escrituras dizem que quando isso aconteceu, aquele
“propósito que Saul carregava” saiu dele e após algum tempo, o
mesmo entrou em Davi que acabou se tornando o novo rei, entre
15 e 20 anos depois.
197 | EMPREENDA AMOR

Essa é uma perspectiva intrigante, não? Afinal:


• Aquele propósito era sobre impactar o todo, o povo e
aqueles que precisavam. Quando Saul decidiu não cumprir, o
“tesouro” não fazia mais sentido naquele “vaso de barro” e
encontrou alguém para continuar a trajetória.
• Nós podemos escolher cumprir esta trajetória ou não, é
uma escolha. Sim, nós decidimos.
• Depois disso, Saul nunca mais foi o mesmo. A palavra usa-
da foi “atormentado”.
Você já conheceu pessoas que perderam o sentido da vida?
Muitas ficam depressivas, perdidas e algumas atormentadas.
Aquilo não foi um castigo ou qualquer coisa que a religião queira
usar como “punição”. Foi uma consequência lógica.
Quando perdemos o propósito ficamos perdidos.
Por mais que tudo isso pareça estranho, também é libertador
nos dias de hoje, porque a maioria das pessoas vive sem sentido
e perdida.
Agora, em contraponto, quando você encontra um propósito,
algo que faça sua vida ter mais sentido, que você se visualize
como um instrumento para realizar algo que transformará
pessoas, trará evolução, gerará impacto e relevância, isso não
tem preço.
Isso o fará cada vez mais interessado em conexões que com-
pletarão sua trajetória. E vai fazê-lo continuar, mesmo com todas
as dificuldades que possam surgir, porque você não aceitará abrir
mão disso e irá até o final.
198 | EMPREENDA AMOR

Isso é perfeição: chegar até o fim. Isso é viver a vida. De


forma boa, perfeita e agradável.
Depois de entender tudo isso, é importante compreender
nessa dinâmica o conceito de:
4) MEDIDA
Como a trajetória não é somente sua e você só faz parte dela
contribuindo com o tesouro confiado a você, nós temos que
entender que cada ingrediente tem uma medida.
Quando o empreendedor mestre quis ensinar sobre o mindset das
medidas, ele contou uma história de um homem que entregou
moedas de ouro para alguns e cada um recebeu uma medida.
Um recebeu cinco, outro dois e outro um, cada qual segundo
a sua capacidade.
Depois de um ano aquele líder volta e confere o que aqueles
empreendedores tinham feito com o investimento e o resultado
foi: o que recebeu cinco multiplicou mais cinco. O que recebeu
dois multiplicou mais dois e o que recebeu um o enterrou, com
medo de perder.
O líder elogiou o de cinco e o de dois que, igualmente, multi-
plicaram. Porém o que tinha um foi repreendido de forma dura
por enterrar.
Eu fico imaginando o que fez aquele homem enterrar seu
talento. O que ele pensou?
“Que injusto. Eu recebi menos que todos, o certo seria ter
repartido igual. Quer saber, não vou nem perder tempo”. “Ainda
que eles percam alguma moeda ficarão com outras, mas se eu
199 | EMPREENDA AMOR

perder isso, fico sem nada.”. “O que recebi é pouco e o impacto


que posso gerar é insignificante. Deixa que os outros que têm
mais, façam mais”.
Não importa o que ele pensou, a lição aqui é que a história
é sobre multiplicar e não sobre enterrar, sobre não se comparar
e gerar o seu melhor, sobre ser ousado e não medroso.
Não existe nessa dinâmica um ranking com os top 10 mais
importantes. Na cultura atual, tratamos tudo como se fosse
uma competição de quem chega primeiro, quem é o melhor ou
“mais”. Só que esse mindset é fruto da cultura focada em poder,
segurança e reconhecimento.
Queremos a medalha, o prêmio e a coroa. Não da cultura
acumulativa, mas da colaborativa ensinada por Jesus. Não
trabalhamos para sermos melhores que os outros, queremos
que todos sejam os melhores de si, em uma evolução contínua.
Medida é quando compreendemos que não precisamos nos
comparar com ninguém, porque entendemos que cada um tem
a sua porção. Ninguém é mais importante e todos são essenciais.
Não somos o todo, somos a parte que viabiliza o todo.
Então, busque sua medida, não pense que é pequena ou grande
demais, apenas comece e multiplique.
Você só recebe aquilo que pode realizar.
5) MULTIGERACIONAL
O último pedaço desta dinâmica do empreendedor maluco
é esse entendimento geracional.
Ele acredita que nunca realizaremos uma trajetória por
200 | EMPREENDA AMOR

completo, porque ela atravessa gerações. Nós somos apenas uma


parte do time passando o bastão para outros darem continui-
dade.
A missão ampla é estabelecer a justiça, a paz e a alegria no
mundo. Nós só realizamos o nosso pedaço, desenvolvendo nossos
ingredientes através das conexões.
Essa compreensão parece óbvia, mas nos traz uma grande
responsabilidade de dar continuidade e cumprir nosso papel na
medida de tempo (que é a geração) e não apenas sermos
passageiros. Desse modo, passo a entender que também tenho a
missão de reverter ciclos ruins, negativos e destrutivos para uma
trajetória de amor.
É tudo sobre o amor.
A definição completa da dinâmica é:

Todo INGREDIENTE, em um ciclo de tempo, estabel-


ece uma CONEXÃO para cumprir com sua MEDIDA a
TRAJETÓRIA que se completa em MULTIGERAÇÕES.

A história nos mostra que a ciência evoluiu assim, a medicina


também, a educação e todas as áreas. O mundo! Não começa
em você e não termina em você, mas passa por você.
Você não é o mais importante, você é essencial.
Desenvolva-se, se conecte, multiplique sua medida, reverta
e continue trajetórias, impactando gerações.
201 | EMPREENDA AMOR

CAPÍTULO ONZE
O questionador transformador e as 3 lições para a nova
geração

Estamos chegando ao final desse livro. O próximo capí-


tulo é o último e nele abordarei sobre os próximos passos, além
de contar um pouco sobre projetos que eu e um time maluco de
brasileiros na África do Sul estamos desenvolvendo juntos, com
base nesse mindset de empreender amor e é claro: eu explico
como você poderá se conectar com tudo isso.
Antes de continuar quero parabenizá-lo. A maioria das
pessoas que fazem a diferença no mundo são aquelas que deixam
suas verdades absolutas de lado e vão até o fim em busca
de mais conhecimento e correspondentes e sim, você é uma
dessas pessoas!
Falamos de muitas coisas ao longo desse livro e talvez parte
disso você já ouviu falar. Tem outras coisas que inicialmente pa-
receram loucura, mas aos poucos, fizeram sentido. Contei sobre
minha experiência maluca e definitiva que me fez chegar à África
e que está me empurrando para outros continentes, gerando um
movimento global para repartir esta mensagem de empreender
e liderar com uma nova mentalidade. E desse jeito, nosso
propósito vai se moldando.
202 | EMPREENDA AMOR

O meu propósito eu já conheço: vamos acelerar pessoas e orga-


nizações que queiram mudar o mundo.
E quando falo sobre tudo isso, não estou mencionando sobre
empreendedorismo de palco. São ideias, conceitos e novas
perspectivas sobre “fazer”. Fazer tudo com mais sentido.
Trocamos ideias sobre os aspectos de um Jesus menos reli-
gioso, mais empreendedor e revolucionário. E principalmente,
compartilhamos lições que nos ensinaram sobre o impacto na
sociedade de forma prática, no aqui e agora.
Descrevi minha percepção da pirâmide convencional que
aprisiona nossos propósitos em troca de segurança, poder e
reconhecimento, em menção à tão sonhada liberdade que
nunca chega.
Também falamos sobre a inversão desse modelo, que nos ensina
a diminuir e a repartir para multiplicar. Trouxe, de maneira bem
rápida e simplista, a realidade desse mundo, seus necessitados e
porque a maioria ignora os fatos cruéis. Assim como nós, eles,
os menos favorecidos, precisam desse entendimento.
Falei de mapas e modelos com uma abordagem prática, com
ideias, visões e perspectivas diferentes, com possibilidades que
alcançam todos. Por fim, chegamos à dinâmica da trajetória que
ajustou meu modo de pensar em todos os detalhes.
Minha vontade é continuar falando desse assunto que ferve
dentro de mim, mas na vida temos que dar um passo de cada
vez. Por isso, outros livros virão.
Para encerrar, quero deixar três importantes dicas sobre
203 | EMPREENDA AMOR

posicionamento, questionamento e como navegar em três valores


bases para qualquer pessoa poder impactar positivamente o
mundo. São conselhos e ideias simples, porém muito preciosos
que mudaram minha vida. Como eu gostaria de ter aprendido
isso antes... Por isso, quero que você absorva o quanto antes possível.

1. DEFINA-SE PELO POSITIVO, SENDO A TRANSFORMAÇÃO


QUE VOCÊ DESEJA VER EM SEU AMBIENTE.
Houve uma época da minha vida que eu me tornei um
crítico. Eu tinha muitas referências boas, uma visão grande, mas
quando olhava as pessoas e as organizações fazendo as mesmas
coisas, apenas focava no negativo.
Minha motivação era boa, mas ao longo do tempo os mod-
elos, as organizações e as desorganizações do poder humano
começaram a me frustrar. Nessa época, eu não fazia nada além
de criticar e me definir pelo que eu não era.
Em um determinado dia, eu estava sentando em um lugar e só
vinham pensamentos negativos à minha cabeça. Fechei os olhos
e aquela voz interior falou comigo de forma muito clara.
“Os críticos não fazem nada além de criticar, você precisa ser
a transformação que deseja. Os críticos só falam, os transforma-
dores vão e transformam ambientes ”.
Aquele momento simples e rápido foi um divisor de águas
na minha história. Eu mudei meu comportamento e isso mudou
minha vida. Claro que, em alguns momentos, este senso crítico
quis voltar, ele sempre quer. É exatamente aí que você deve parar,
204 | EMPREENDA AMOR

se analisar e se ajustar para focar naquilo que é positivo e


essencial.
Quando nos definimos pelo que somos contra, esquecemos
do que somos à favor e perdemos nossa identidade transformadora,
nos tornando opositores passivos. Quando nos definimos por
aquilo que somos à favor e acreditamos, nos tornamos
colaboradores, parceiros e agentes de transformação.
Ainda que esteja sozinho e que ninguém o entenda inicial-
mente, continue e multiplique a mensagem. A sua palavra tem
o poder de conectar propósitos semelhantes para realizações de
coisas inimagináveis.

2. SEJA UM QUESTIONADOR TRANSFORMADOR,


MAS NÃO CONFUNDA QUESTIONAR COM CRITICAR.
Este segundo insight pode parecer com o primeiro, mas não
é. Quero mostrar que existe uma grande diferença entre ser um
crítico passivo e um questionador transformador e que, em ambos
os casos, nossa postura e modelo mental geram resultados,
podendo ser incríveis ou desprezíveis.
Questionar é sempre bom, mas é completamente diferente de
criticar. O segundo apenas se agarra em suas verdades absolutas,
aponta o dedo, acusa e visualiza o problema. O primeiro, porém,
é direcionado à solução. Questiona sim, mas suas perguntas estão
na busca de sabedoria e novas alternativas. Esse perfil pede
conselhos e encontra respostas.
“Sua mente responderá a todos os questionamentos que você lhe fizer,
205 | EMPREENDA AMOR

mas primeiro faça verdadeiramente” (Paulo Vieira).


O nível de entendimento da diferença entre questionar e
criticar define completamente o nosso resultado final. Há quatro
padrões de pessoas, baseados no quesito questionamento. Vamos
ver rapidamente cada um e seus resultados.
1º Não questionadores, o resultado é a mediocridade.
O primeiro padrão é a base da pirâmide. A maioria da hu-
manidade é composta por pessoas que querem ser servidas e vivem
mais do mesmo.
Estas não fazem pergunta alguma. Apenas aceitam e são
guiadas pela verdade das outras pessoas. Não estou colocando
em xeque se essas verdades estão certas ou erradas, o ponto é
que há um poder enorme em questionar positivamente. Quando
uma pessoa disser qualquer coisa, você deve avaliar e decidir
entre aceitar aquilo de forma inteligente, recusar, caso não seja
bom ou aceitar parcialmente.
Quando somos passivos e aceitamos tudo sem questionar,
atraímos o negativo porque ele sabe que você o aceitará.
2º Questionadores críticos, o resultado é a rejeição
e falta de ação.
Este segundo padrão são pessoas que, na maioria das vezes,
fazem afirmações acusadoras baseadas em suas crenças absolutas
e isso não gera nenhum resultado, apenas ressentimento e
rejeição por parte dos outros.
Pessoas que questionam pouco e o fazem da pior maneira,
com perguntas fracas, enfraquecedoras, que normalmente se
206 | EMPREENDA AMOR

colocam na posição de vítimas.


Vou dar um exemplo de afirmações acusadoras:
“Eu não concordo com x. Você não deveria fazer y. Isso está
errado.”
Deveríamos aprender a questionar fazendo perguntas, mas o
gap comum entre os questionadores críticos é que, além de usar
afirmações acusadoras que não geram resultados, usam perguntas
fracas como:
“Por que isso aconteceu comigo? Será que eu merecia isso?
Será que vou conseguir realizar esta meta?”. Será, será e mais
será.
Essas são perguntas negativas e pessimistas e as respostas co-
locarão a pessoa em uma posição pior do que a inicial.
Esse tipo de pessoa não gera ação, nem foca no fruto. Pior
que isso: traz dúvidas (nela e nos outros) e sentimentos negativos
de divisão.
3º Questionadores positivos, o resultado são boas
respostas.
Existe um terceiro grupo que faz boas perguntas e obtém
boas respostas. São perguntas mais evolutivas e por isso, esse
grupo está à frente dos demais ao seu redor, pois sabe planejar
ações focadas.
“Qual o próximo passo? Como alcançamos o resultado?
Quem fará parte deste time? O que queremos, de fato, realizar?
Qual recurso precisamos para chegar lá?
São pessoas excelentes, mas ainda há um potencial máximo
207 | EMPREENDA AMOR

não explorado de maturidade, porque focam apenas no caminho


a ser trilhado (o como) e na meta (o que e onde), mas não sabem
exatamente o PORQUÊ trilhar este caminho, nem a razão pela
qual esse objetivo é o melhor.
4º - Questionadores transformadores, o resultado é
a evolução e transformação constante.
O último grupo é formado por superquestionadores, aos
quais chamo de transformadores.
Pessoas que também fazem as perguntas, como no último
padrão explicado, relacionando ao “como”, “o que” e “onde”,
mas que valorizam muito mais as perguntas dos “porquês” e sobre
o propósito de tudo, afinal isso sempre traz consigo o significado
e o sentido verdadeiro para as coisas.
As perguntas são profundas, na maioria das vezes, de auto-
questionamento, como:
“Qual é o propósito desta empresa e projeto?”
“Qual tipo de amor estou dando aos meus pais, família e
pessoas que amo?”
“O que de fato é ter uma vida feliz e próspera?”
“Qual propósito maior em casar com essa pessoa?”
“Qual propósito maior e real que estou gerando trabalhando
neste lugar e nessa área?”
“O que a vida tem de melhor para mim que ainda não vivi?”
208 | EMPREENDA AMOR

Não
QUESTIONADOR MEDIOCRIDADE

QUESTIONADOR CRITICAM E NÃO AGEM


CRÍTICO GERA REJEIÇÃO e
RESSENTIMENTO

QUESTIONADOR tem
POSITIVO SUCESSO

QUESTIONADORES RESU LTADO MAIOR


TRANSFORMADoRES DEIXAM lEGAD O

Nesse perfil estão pessoas que sabem questionar a si mesmas,


ao ponto de encontrar seus propósitos específicos, o grande
porquê dos relacionamentos e de sua missão de vida. Com suas
perguntas descobrem que, ao invés de serem servidas, o prazer
está em servir ao máximo. Desejam repartir o que recebem e por
isso, essas pessoas chegam onde a maioria das pessoas comuns
se quer cogita estar.
Esses são os malucos que deixam um legado na Terra e eu
sugiro que esse seja o seu alvo, não para alcançar uma posição
ou reconhecimento, mas pelos frutos maravilhosos que você
gerará. Frutos que permanecerão.
209 | EMPREENDA AMOR

3. Último conselho: empreenda amor - evoluindo em


fé e esperança
A base desse livro é o Amor, porque acredito que amar é o
primeiro passo para tudo.
Amar é o começo, amor é ação.
Empreender por amor, liderar por amor e viver por isso. É
impossível você desejar a transformação de algo sem que tenha
amor. Jesus cumpriu sua trajetória lindamente e impactou este
mundo sem igual porque aqui Ele amou intensamente.
Entregou sua vida por amor e o amor (Ágape) gera a vida.
Depois que o amor foi ensinado por um incrível sucessor do
empreendedor Jesus, a mensagem seguinte foi: “perseverem na
fé, amor e esperança”.
O amor é a base, é o primeiro passo.
Talvez você tenha vivido situações ruins como de dor, decepções e
abuso. Infelizmente quando as pessoas não se levantam para um
Reino do Bem e de Amor, muitos se levantam para o mal, mas a
boa notícia é que somente esse amor original encobre a multidão
de erros e coisas ruins.
A segunda boa notícia é que as marcas ruins, que talvez você
tenha vivido, poderão se tornar uma causa maravilhosa para
transformar a realidade de outros.
Isso é ressignificar a dor. É quando a cicatriz gera vida.
“Nossas cicatrizes são a prova da nossa capacidade de nos curar. Onde
está sua dor também pode estar seu poder” (Dawn Watson).
210 | EMPREENDA AMOR

E de um jeito único, essa força que move o universo tem


conectado você com coisas e pessoas para que você viva
isso de um jeito único. Nas Escrituras vemos que o poder
de Deus se aperfeiçoa na fraqueza. Isso é tão incrível, né?
No pior podemos extrair o melhor resultado: de resiliência,
reversão e continuidade.
O amor o aceita exatamente como você é, independente
do seu tamanho, idade, local de nascimento, cor e nível de
conhecimento. Se você deixar, esse amor pode transformar
sua vida por completo.
Sinta-se amado!
Após o amor vem a fé.
A fé traz a certeza de coisas que você não vê, do que você
recebeu e sobre o que você pode realizar. Esse é o segundo
passo que o leva a querer multiplicar o que viveu e o que lhe
fez bem.
Fé tem muita ligação com comunidades e com lugares
nos quais a desenvolvemos. Isso está disponível a todos. Não
se trata de uma fé burra porque a fé vem do conhecimento,
por isso você passa a acreditar. As pessoas sofrem por falta
de conhecimento e quando conhecemos a verdade, ela nos
liberta.
Ainda que a gente não consiga enxergar algo ou um
objetivo com nossos olhos, à medida que temos mais con-
hecimento sobre aquilo, nossa fé aumenta e a certeza que
podemos viver, manifestar e realizar algo se torna real.
211 | EMPREENDA AMOR

Isso é enxergar com a mente. Enxergar com fé.


O próximo passo após entender, receber e manifestar amor é
desenvolver a fé nas coisas que não se vêem, mas que se esperam.
Isso não é só um papo espiritual, é de fato real. É necessário
desenvolver a fé no propósito que está dentro de você, mesmo
que você ainda não o compreenda completamente. É entender
que quanto mais conhecimento, mais clareza e certeza você terá
sobre a realização do seu propósito.
Após o desenvolvimento da fé, vem a esperança.
A fé é individual. A esperança acredita no coletivo.
Tem a ver com o mundo, o necessitado, aquele que precisa. As
pessoas perderam a esperança neste mundo e por isso, não agem
e ficam paradas. Algumas até desenvolvem o amor genuina-
mente, evoluem na fé e vivem de iluminar mais pessoas para sua
crença, mas param aí e não ultrapassam o muro que os levam
para a esperança.
É lindo alguém que deseja multiplicar o que faz bem. Mas
sempre existe um próximo passo. O meu objetivo com este livro
é contribuir para a queda destes muros. Para que não apenas
receba amor e seja grato pelas bençãos, mas que você avance e
comece a servir pessoas e depois continue a evoluir, saindo das
quatro paredes.
Descubra que o amor e a fé são só o começo. Ainda há a
esperança.
Acredito com todas as minhas forças que se esta mensagem
alcançar uma nova geração de profissionais, executivos e
212 | EMPREENDA AMOR

empreendedores, ela tem o poder de transformar a


carreira, as pautas de reuniões e os Business Plans,
não mais com um foco no lucro e interesses pessoais
da minoria, mas para gerar algo muito maior ao
mundo, uma vida com mais sentido. Distribuir mais
e impactar mais.
Também acredito que, se essa mensagem alcançar as pessoas
que frequentam igrejas aos finais de semana, podemos levantá-las
para propósitos específicos na sociedade nos demais dias da
semana.
Desta forma, os muros caem, o ciclo tem contuinuidade, a
voz é amplificada e a relevância aumenta.
Bora lá combater o bom combate, completar a verdadeira
carreira e sem perder a fé.
O segredo quando rompermos os muros em direção à esperança
é se lembrar da dica final do verso de Paulo de Tarso.
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o
maior destes é o amor” (I Coríntios 13:13).
Fé, esperança e amor não são apenas palavras bonitas, são
princípios ativos que devem guiar a nossa vida para ações práticas.
Pessoas e negócios guiados com esses valores nunca se
perderão nos desvios e distrações da vida que corrompem o
homem e lhe roubam vida.
Entre esses valores, não existe um ranking de importância
como entendemos.
Eles são interdependentes, um complementa o outro como
213 | EMPREENDA AMOR

uma tríade porque não podemos ser relevantes sem manifestar o


amor verdadeiro, sem ter fé que vai nos sustentar em quem realmente
somos, sem viver em comunidade e sem minimamente desenvolv-
er o espírito humano e o propósito para continuar com a esperança
no coletivo. “O coração do homem é desesperadamente corrupto e enganoso”.
(Jeremias 17:9). Hoje acho que alguns homens e mulheres que
são líderes políticos nas áreas da sociedade começaram com uma
motivação certa e no meio do processo, se tornaram corruptos.
Acredito que há os que começam sem pensar no erro, lutam
bastante, brigam por justiça, mas quando entram no sistema do
poder, segurança e reconhecimento são completamente levados
e corrompidos.
Existe um provérbio (4:23) que diz que, se existe algo precio-
so que precisamos guardar nesta vida, acima de tudo, é o nosso
coração porque dele procedem as fontes da vida.
Conheço muita gente boa, com potencial incrível de trans-
formação, que poderia mudar o mundo apenas com um desses
princípios, porém se frustraram e infelizmente, hoje vivem o
mais do mesmo.
Esses três princípios se completam, por isso viva o amor de
forma plena, desenvolva sua fé e seu espírito, atinja a meta da
esperança com ações reais.
E quando alcançar a esperança, não esqueça a base, não
perca o foco. Volte para o amor.
Desta forma, você vai alcançar a perfeição que muitos não
214 | EMPREENDA AMOR

entendem. A perfeição que é Tamiym, que é ir até o fim!


Nos vemos por lá.
215 | EMPREENDA AMOR

CAPÍTULO DOZE
O início no fim

Chegamos no fim, ou no início.


Tudo é uma questão de perspectiva e de entender os próximos
passos. Sempre existe um próximo passo, tudo começa com o
primeiro passo porque esse é o mais importante. Lembre-se que,
um dia, você engatinhou.
Independente de ter uma empresa estruturada, uma ideia
na cabeça ou nem saber exatamente o que fará na sua vida, dê o
primeiro passo: ande, estude, se conecte e fale.
Não espere estar tudo 100% para agir. Esqueça o perfeccionismo
e comece com 1%.
O rascunho no papel, a empresa na garagem, o envio do
e-mail, a página no face, a primeira conversa com um possível
aliado e o vídeo que depois de gravado você vai achar que estava
ruim.
Publique.
Eu não sei qual será o seu primeiro passo, só sei que ele precisa
ser dado.
Talvez o primeiro passo seja realizar, para si mesmo ou até fazer
algumas perguntas.
216 | EMPREENDA AMOR

- Por que li este livro até aqui?


- O que, de fato, me conectou com este conteúdo?
- O que me fez adquirir e separar um tempo para isso?
- Caí no marketing da capa? A linguagem era boa? Alguma técnica
de persuasão do Rafa?
Eu, definitivamente, não sou escritor. Simplesmente entendi
que tinha que dar este passo e dei. Escrevi, em forma de conversa,
porque eu efetivamente queria conversar com você.
Você acreditando ou não, eu só escrevi porque fui impulsionado
por algo muito maior dentro de mim para repartir tudo isso.
Agora, eu tenho esperança que você entendeu que é muito
mais do que ter um negócio social e sim uma mentalidade com-
pletamente transformadora. E somente se você entendeu isso,
independente do seu tamanho hoje, do que você faz e vai fazer,
se você já tem todas as respostas ou recursos, continue.
Continue.
Eu sei que os conceitos e ideias que apresentei aqui não são o
ponto final e nem a versão completa e perfeita, mas também sei
que as pessoas que vão ler o livro são exatamente as pessoas
que precisavam disso. Para filtrar, absorver o que é bom e
agir.
São a pessoas que desejam mais.
Sim, aqueles que pensam diferente, empurram o mundo
para evolução e são malucos o bastante para achar que podem
mudar o mundo.
E vão!
217 | EMPREENDA AMOR

Eu não tenho dúvida que se você é uma dessas pes-


soas, ainda que não acredite tanto que seja capaz ou que
isso seja possível, dentro de você existe algo maior, algo
gritando por justiça, sentido e propósito.
E essas não são palavras de motivação. São convicções de
que sempre existe um próximo passo, no mundo e em você.
Este não é o momento final em que vou convencê-lo a algo.
Este é o momento em que você precisa entender que nada é por
acaso e que em tudo, absolutamente tudo, existe um propósito.
Existem milhares de pessoas por aí, esperando para conectar
o fermento com a farinha para ver o que vai dar. É preciso conec-
tar as partes de uma engrenagem muito maior.
Existem muitos projetos bacanas fazendo a diferença e
muitas pessoas esperando você também fazer diferente, pessoas
que precisam de você.
Hoje eu e um time de malucos estamos viajando o mundo
compartilhando esta mensagem de empreender amor e estabel-
ecendo projetos através da Base 33, diversos projetos como: A4K
Social Impact, School of Missions, Game Changers, Eva Project, Kvoox e
dependendo de quando você estiver lendo este livro, provavel-
mente já terão surgido muitas outras coisas boas por aí. :)

Se você se conectou com alguma ideia e conceito que falamos


aqui no livro e se você sente a real necessidade de uma conexão
entre em contato! Talvez esse seja o seu próximo passo.
218 | EMPREENDA AMOR

Por isso, a mensagem mais importante deste último capítulo


do livro é reforçar que sempre existe um próximo passo.
Talvez o seu seja o vídeo que precisa ser gravado, a empresa ou
ONG que precisa ser aberta, o ajuste em algo já consolidado, as
novas conexões que precisam ser geradas ou a mensagem que
precisa ser compartilhada.
Independente de qual passo seja, entenda que este é apenas
o início e não o fim!
Tenho esperança de cruzar com você pelo mundo, misturar
nossos ingredientes para resultados ainda melhores com base em
propósitos sempre maiores.
219 | EMPREENDA AMOR

ANEXO TRANSFORMADOR
O tesouro escondido, o mapa e o café

Que bom que você não parou e também quis passar por
aqui. :)
Nesse anexo falo sobre o A4K Social Impact, que um dos pro-
jetos que a Base 33 desenvolve focado em empreendedorismo,
sobre minha visão de futuro e ao final, deixo os links para que
você possa baixar nossos e-books com um conteúdo confronta-
dor para que novas pessoas se levantem como voz e resposta para
muitas necessidades.
Lá você encontrará muitos projetos bacanas, referências e
inspirações para que você aja.
Agora vou compartilhar um pouco sobre a gente!
Somos uma base de empreendedorismo missional e
impacto social iniciada por brasileiros que amam a África
e sempre foram apaixonados por fazer a diferença na vida
dos menos favorecidos.
Desde 2016 compartilhamos uma casa na África do Sul, muitas
experiências e uma grande missão.
Vivemos todos juntos como voluntários e acreditamos na unidade
sem limites territoriais, raciais ou institucionais.
220 | EMPREENDA AMOR

Atualmente nossa prioridade é desenvolver iniciativas


educativas que amplifiquem temas na esfera do desenvolvimento
humano, empreendedorismo missional, impacto na sociedade
para diversos públicos como crianças, adolescentes, mulheres e
adultos. Sempre com ênfase em formar transformadores, pes-
soas que trabalharão e viverão por um propósito que transforme
mentes, realidades e os necessitados.
Vale a pena reforçar que necessitado não é apenas o po-
bre, enfermo ou alguém em situação de risco. Há muitas pessoas
aparentemente “bem” para a sociedade que estão em depressão,
viciadas em medicamentos, consumismo, baixa autoestima, dis-
túrbio alimentar, etc. O necessitado para nós são pessoas que
precisam de ajuda em qualquer cenário que sua porção irá com-
pletar. Obviamente existem tantos que não tem nem o básico
que o natural é nos voltarmos para esses primeiramente.
Começamos pequenos, mas a nossa visão é grande. Tra-
balhamos muito para um dia chegar em todos o continentes, com
bases nos países abaixo da linha da pobreza e em qualquer lugar
do mundo onde encontrarmos embaixadores, transformadores e
influenciadores. Pessoas malucas que desejam fazer a diferença
local. (E esperamos que você seja um desses!).
Ler tudo isso, soa empolgante, né? Mas a Base33 não
surgiu assim de repente, com clareza de propósito. Aliás, o que
mais acontece com a gente são ajustes no meio do caminho,
aprendemos a parar tudo e começar do zero, se necessário... e
muitas vezes foi necessário. Planejamentos que tínhamos defini-
do tomaram outro rumo e eu sei que vamos mudar sempre.
Ter essa certeza te impede de sofrer no processo. Faz parte!
221 | EMPREENDA AMOR

Aceite e ria de tudo no final.


O que conseguimos hoje gerar em cada pessoa que se co-
necta a nós, foi um processo que eu pessoalmente passei e cada
um do nosso time também. Momentos de frustração e confronto,
que envolve renúncia, desprendimento de recursos, pessoas, con-
trole de tempo e relacionamentos. Mas é MUITO gratificante
através das mudanças poder “se tornar” para ensinar e ver o
mesmo acontecer com outras pessoas. Sim, tudo que aprende-
mos na prática, se torna um conteúdo incrível porque foi experi-
mentado.
Como eu falei a pouco, somente o tempo e as experiências
trouxeram clareza do nosso futuro, como um quebra-cabeça sen-
do montado. Os modelos mudam, as formas, o modo, o meio, o
“como”, mas o fundamento não, ele nos norteia. Dessa forma,
quero compartilhar um pouco sobre a visão de futuro da Base33
e nossos pilares como fundamentos.

MANIFESTAR
Manifestar o propósito maior em pessoas.
Toda transformação no mundo começa através de pessoas
que decidem trabalhar por um propósito maior.
Acreditamos que todos carregam uma missão, algo que você
nasceu para manifestar, aquilo que tenha um sentido maior que
a sua própria vida.
Maior porque são propósitos que ultrapassam sua realidade
e atingem o outro, o coletivo, aqueles que precisam e é exata-
mente isso que gera paz, justiça e alegria.
222 | EMPREENDA AMOR

Trabalhamos para ajudar pessoas comuns a descobrirem


propósitos maiores, como exercê-lo em qualquer área da socie-
dade, seja você um estudante, empreendedor, funcionário, presta-
dor de serviço ou alguém que está buscando entender o futuro.
Fazemos isso através dos nossos cursos online, treinamentos e
eventos realizados pelos projetos que fazem parte da Base 33. E
como é inspirador ver que todos têm algo dentro de si guardado!
Alguma coisa muito incrível que precisa sair dali de dentro e alca-
nçar o mundo.
Ser a resposta à uma necessidade, mas mais do que isso, é a
satisfação pessoal mais indescritível porque você nasceu para fazer
isso, entende?
O quebra-cabeça se completando e fazendo sentido para to-
dos os lados.
A etapa seguinte é selecionar alguns desses propósitos para
que se tornem projetos, saiam do papel e sejam colocados em
prática. Fazemos isso através do nosso coletivo, uma espécie de
agência digital/incubadora social que ajuda trazer à existência
aquilo que não existe.

EDIFICAR
Edificar uma rede, trabalhar como corpo.
Somos partes de algo muito maior, exatamente como uma
rede que não tem o ponto maior ou o menor, mais relevante ou
menos, mas todos de igual forma se preenchem (ou podemos
dizer se ajudam!) para uma utilidade em comum.
223 | EMPREENDA AMOR

Ou como um corpo onde muitos e diferentes membros for-


mam algo único, pois não há um detalhe no corpo humano que
não faça sentido, não podemos dizer que um membro é mais
importante que o outro, todos são essenciais para o perfeito
funcionamento. Só podemos gerar relevância se entendermos
a nossa parte e trabalharmos JUNTOS em convergência para
um propósito coletivo, misturando os ingredientes, conectando
as partes e fazendo girar as engrenagens. Conheço muita orga-
nização séria, projeto relevante, pessoas com coração ímpar, mas
que fazem sozinhos cada um no seu quadrado. Acreditamos na
mistura que traz um resultado indescritível.
Promovemos esse mindset através do relacionamento, com
encontros, visitas, workshops e palestras em comunidades, em-
presas, projetos e congregações.

IMPACTAR
Impactar o mundo.
Todo o esforço gerado nos pilares anteriores têm o objetivo
de impactar a sociedade.
Ao invés da mensagem de que o mundo não tem mais jeito
e só vai piorar, focamos na mensagem de esperança que haverá
bom futuro.
Uma vez me questionaram se não é muita ilusão acreditar
em mudar o mundo, a minha resposta foi:
“Vou me mover para mudar o mundo, nem que seja um
mundo de cada vez”.
224 | EMPREENDA AMOR

Acreditamos no poder de ação de um, do poder de influência


de dois, o impacto de milhares e da transformação de milhões.
Não deixe de acreditar. No começo vai parecer coisa de doido
mesmo. Mas continue e se mova por isso.

PROJETOS DA BASE 33
Acho que você já ganhou um pouco do que acreditamos,
quero falar sobre nossa atuação na prática e como vemos o fu-
turo se desenhando.

A Base33 é uma plataforma para impulsionar um ecossiste-


ma de propósitos.
Pessoas, projetos e empresas que vão contribuir para trans-
formar mentes e ambientes, seja iniciando algo do zero, trabal-
hando com algum projeto já existente, representando área social
de uma empresa, sendo ponte, sendo ponta, fazendo de forma
única o que nasceu para fazer, em unidade.
Abaixo explico cada um dos nossos projetos rapidamente.

School of Missions
Coordenamos uma escola de missões em Joanesburgo, onde
falamos de tudo isso que você recebeu nesse livro.
Nosso foco é apoiar pessoas a descobrirem suas missões que
impactem a sociedade em uma imersão na África.
São dias de muito confronto, de resignificar muita coisa e
experienciar uma verdadeira transformação de mente.
225 | EMPREENDA AMOR

Kvoox
Plataforma que amplifica a mensagem de impacto social
para o público cristão e forma líderes para desenvolver ações
que atendam o necessitado de maneira prática. Damos voz a
pessoas que irão transformar suas comunidades, realizamos isso
com cursos, eventos presenciais e mentorias.
Caso tenha interesse em conhecer, atualmente temos um
curso online que é o Kingdom Builders. A cada turma temos nos
surpreendido com as conexões de toda parte do Brasil!
http://www.kvoox.com.br/kingdombuilders

A4K Social Impact


Projeto para conscientizar, conectar e capacitar pessoas a
atender às necessidades sociais através do empreendedorismo
social. Mostramos como ajustar a vida e trabalho comuns nessa
nova perspectiva, que deixarão de ser comuns quando passarem
a ter propósitos superiores.
Confira os e-books que montamos para as séries do A4K
conscientizando sobre a real das necessidades que nos cercam,
despertando pessoas para serem a resposta.
• Ebook Prostituição Infantil - https://a4ksocialimpact.com.
br/ebookpi
• Ebook Tráfico Humano - https://a4ksocialimpact.com.
br/ebookth
• Ebook Suicídio - https://a4ksocialimpact.com.br/ebooks
226 | EMPREENDA AMOR

Modelo de Transformação Comunitária


Trabalhamos em busca de um modelo de transformação co-
munitária que pode ser duplicado em muitos lugares. Unindo
pessoas, engajando ONGs e comunidades de fé locais para atu-
arem em conjunto. Mostrando o grande que já carregam e aper-
feiçoando o que eles já têm ao redor.
Começamos humildemente em uma township (região muito
carente) chamada Kathehong, na África do Sul e agora estamos
caminhando em direção a região de Morrumbala, Moçambique.

Base de Transformação
Nosso alvo futuro é a de Bases de Transformação em
países abaixo do nível da pobreza. Trata-se de um hub de
trabalho entre empresas, projetos, organizações sociais e
voluntários que virão de toda parte do mundo para servir e
impactar esses locais carentes.
Se você deseja fazer parte desse sonho, nos envie uma
mensagem através do site www.base33.com.br clicando no
botão “Bases de Transformação”.

Base de Desenvolvimento
Também temos o objetivo de estar presente nos países
desenvolvidos e subdesenvolvidos através de embaixadores,
multiplicadores, transformadores e apoiadores que desejam
fazer essa mesma transformação em proporções regionais.
227 | EMPREENDA AMOR

Se quer saber o que é e como ser um embaixador em


sua localidade, acesse nossa página www.base33.com.br e
clique no botão “Embaixador”, aguardamos sua mensa-
gem!

Projetos Incubadora Social


A Base33 também amplifica vozes de projetos que estão
surgindo a partir desse mindset. Por exemplo, pessoas da
nossa equipe e ex-alunos que foram impulsionados a iniciar
organizações de acordo com a sua porção individual. Nós
fomentamos que cada um encontre sua voz, debatemos,
ajudamos aprimorar ideias, apoiamos e promovemos esses
frutos incríveis. Desejamos que todos eles se encontrem no
futuro, de forma prática, nos lugares mais carentes que um dia
alcançaremos.
Abaixo conto sobre 2 desses projetos, liderados por pessoas
incrivelmente despertadas em nossa rede!
Acreditamos que o seu projeto também pode entrar nessa
lista muito em breve!

GAME Changers
Projeto que surgiu para transformar a mente de crianças e
adolescentes, despertando-os em sua geração para reagirem à
cultura e ambientes impostos, gerando resultados incríveis de
dentro para fora.
Entramos nas escolas e todo tipo de espaço que eles ocupam
para que como um game eles aprendam sobre a Vida!
228 | EMPREENDA AMOR

EVA Project
EVA é um movimento feminino que ama a mulher em sua
existência e na diversidade do ser, que respeita as diferenças, as
admira e que acredita em princípios absolutos que iluminam essa
identidade. É o resgate da base e da voz perdida, até que mulheres
alcancem o máximo de avanço na vida de maneira integral, mani-
festando propósitos maiores.
O nome remete aos três pilares que sustentam o mindset do
EVA: Embasamento, Voz e Avanço. Formando mulheres para que
juntas possam encontrar respostas e um posicionamento diante de
culturas, ambientes e realidades.

Projetos Parceiros
Vale ressaltar que temos também expectativa de atuar com
projetos já existentes. Aqueles que estão há anos fazendo a dife-
rença e que em algum momento vão atuar conosco. Como?
Há inúmeras possibilidades e estamos abertos para as mais im-
prováveis. Muita gente nos pergunta “por que vocês compartil-
ham ideias e projetos futuros junto às coisas que estão fazendo
atualmente?
Não seria melhor só falar das coisas atuais e esconder o res-
tante para que ninguém tenha acesso?
Deixa eu explicar uma coisa.
Muita gente quando recebe uma visão, um insight, uma ide-
ia ou um modelo de negócios, diz que temos que manter em seg-
redo, guardar com sete chaves para que ninguém furte essa ideia.
Isso pode até ser verdade dentro de uma realidade egoísta e
de competição, onde pessoas buscam os próprios interesses.
229 | EMPREENDA AMOR

Mas, ao longo do tempo, nós aprendemos que quando


recebemos uma visão que é maior que nós mesmos, nós pre-
cisamos compartilhar para o máximo de pessoas possível.
Porque isso só se tornará realidade se fizermos TODOS juntos.
Compartilhar com aqueles que o coração mexe quando fala-
mos palavras como África, legado, relevância, impacto social,
transformação, necessidades reais e países abaixo do nível da
pobreza.
Compartilhar porque essas pessoas se conectarão para re-
sponder o grito da voz que clama por ajuda.
Voz dos que estão perto mas, principalmente, dos que estão
longe e que a maioria ignora. E se algo dentro de você mexeu ao
pensar em tudo isso, faça algo.
E o café? Bem, se você leu nas entrelinhas na parte inicial
do livro onde o tema foi “até chegar em você”, falei sobre me-
tas ousadas e lá disse que todos os loucos deveriam se conectar.
Então se você também não é normal, se você leu até aqui e real-
mente acredita nessa mensagem e quer ajudar multiplicando,
bora tomar um café?
Não importa onde você está nesse mundão a fora, do maior
país à menor cidade: farei o possível para conhecê-lo informal-
mente.
O melhor caminho para isso é me enviando um inbox na
página: https://www.facebook.com/rafavilareal.com.br/inbox/
Envie essas três hashtags junto à sua mensagem e eu saberei so-
bre o que se trata: # EuLiOLivroInteiro #EuTambemSouUm-
Louco #BoraTomarUmCafé?
Juro que, em meio a uma multidão de mensagens que rece-
bo, vou priorizar essa.
230 | EMPREENDA AMOR

Para terminar, quero dizer que empreender amor é acredi-


tar que podemos deixar um legado e fazer a diferença no mun-
do, aprendendo e agindo juntos! Por isso, dê os passos, não
enterre seu tesouro.
Finalmente como prometido segue indicação de projetos
sociais relevantes que tem impactado a sociedade.

Be Woman
Be Woman é um movimento, uma marca e um negócio que
carrega a missão de transformar vidas. Na dinâmica de que a
cada produto vendido parte do valor é destinado para doação
de absorventes reutilizáveis e construção de uma oficina de cos-
tura na África. https://www.instagram.com/bewomanafrica/

Ruas
O Projeto RUAS trabalha para promover o bem estar e a
cidadania da população em situação de rua com informação e
estímulo por meio dos residentes dos bairros ao seu entorno.
http://www.projetoruas.org.br

Love Heals
Iniciado em 2015, o projeto Love Heals surgiu com a pro-
posta missionária de combater a fome e a desnutrição no Níger.
O ministério atende, atualmente, mais de 200 crianças, com
alimentação e assistência médica. https://loveheals.com.br/
231 | EMPREENDA AMOR

Gentees
A Gentees é um Negócio Social que nasceu do desejo
de ajudar o próximo e de fazer a diferença na vida de mui-
tas crianças. A cada calçado vendido, um calçado é doado em
regiões carentes ou subdesenvolvidas como países no conti-
nente africano. http://www.gentees.com.br/

Hafura Project
Despertar em mulheres o potencial de transformação
que cada uma carrega - por meio de capacitação técnica - corte,
costura, bordado e técnicas manuais, desenvolvimento pessoal
e humano. Com atuação em diversos países no continente afri-
cano, nas zonas rurais, entre eles o Quênia.
https://hafuraproject.org/

Pedala Manaus
Esse é um exemplo que mostra que para transformar a
sociedade não é preciso grandes atitudes, apenas boas ideias.
O “Pedala Manaus”, como o próprio nome sugere, busca incen-
tivar o uso da bicicleta como meio de transporte e não apenas
uma opção de lazer.
Assim, a ideia é reduzir a emissão de gás carbônico
e todos os impactos trazidos pelo aumento do número de au-
tomóveis. Para isso, o programa, que conta com mais de 4 mil
adeptos, organiza aulas sobre mobilidade urbana para os alunos
da educação infantil e também grupos de ciclistas em Manaus e
nas cidades próximas. https://pedalamanaus.org/
232 | EMPREENDA AMOR

Moradigna
O Moradigna trabalha melhorando as condições de moradia
de todos. É um negócio oferece pacotes para reformar sua casa
com qualidade, segurança, facilidade de pagamento e baixíssimo
custo. https://moradigna.com.br/

Aliança pela infância


A Aliança pela Infância é um movimento pelo respeito à es-
sência da criança com iniciativas como a Semana do Brincar, o
ABCD Encantado e alianças com projetos e instituições de edu-
cação por todo o mundo. http://aliancapelainfancia.org.br/

Litro de Luz
Uma organização internacional que opera em mais de 20
países, inclusive no Brasil, estão presentes nas cinco regiões e já
impactaram diretamente mais de 10 mil pessoas.
Levando luz até moradores de comunidades locais que não
possuem acesso à energia elétrica ou que vivem sem luz em suas
casas, a Litro de Luz utiliza uma tecnologia simples, econômica
e ecologicamente sustentável, composta por garrafas plásticas,
painéis solares e lâmpadas LED. https://www.litrodeluz.com/

Instituto Filhas de Sara


É uma organização de caráter filantrópico que desenvolve
ações para coibir a violência contra a mulher, que atua direta-
mente na garantia e defesa dos direitos humanos de mulheres,
crianças, adolescentes, adultos e idosos por meio de projetos so-
cioassintenciais. https://www.institutofilhasdesara.org/
233 | EMPREENDA AMOR

Estes são alguns de uma série de projetos que se movem de


maneira relevante. Se você enxergar que algum deles está co-
nectado ao seu propósito, busque uma proximidade. Os ingredi-
entes fluem melhor quando funcionam juntos. ;)
234 | EMPREENDA AMOR

AGRADECIMENTOS

Os troféus de agradecimentos vão para:


Jesus, por ter deixado eu contar essa história um pouco dife-
rente e nem me cobrar royalties por isso. Por ser minha maior
referência, pelo alto preço pago, pelo propósito maior, por todas
as nossas conversas. Amo sua voz e seus ensinamentos tão práticos.
Pri, minha esposa maravilhosa, por ser minha base em tudo
e por ter suportado todas as barras. Por ter acreditado e largado
tudo, por ser minha parceira de aventura e por ter se tornado
essa mulher incrível por quem, a cada dia, sou mais apaixonado.
Nana Silveira, Dani Bocagini e Érica Gonçalves que com
muito trampo e muito amor revisaram o livro! O resultado não
seria o mesmo sem o ingrediente incrível e diferenciado de cada
uma de vocês, então MUITO obrigado.
Thayná Lopes que fez a capa e topa fazer tudo sempre!
Le Leme, que contribuiu em toda a gestão para que esse livro
acontecesse, além da revisão, ilustração e cada detalhe que fez a
toda a diferença! Valeu demais!
Paulitchas Moreira, Amandinha Nunes, Iza Ito, Mari Viana
e Nick Gama, por ter compartilhado não só a casa nesse ano,
235 | EMPREENDA AMOR

mas os sonhos e as perspectivas que me acrescentaram tanto.


A todos que estão junto comigo no A4K, na School of Missions
e nessa missão louca de alcançar e impactar o mundo.
Vocês foram essenciais em tudo. Quando pensava que estava
apoiando vocês, na verdade, eu que estava crescendo e sendo
suportado por todos. Valeu por terem acreditado, terem largado
tudo para morar aqui na África. Eu sei que é só o início.
Milhões de agradecimentos também a:
Fátima Vila Real, por ser a mulher vitoriosa que cuidou de
tudo sempre. Por ter decidido ir para São Paulo sozinha, ter
encontrado o lugar que mudou nossa família e por ser a gordinha
que eu mais amo nessa vida. Cuide-se e durma na cama =) Te
amo, te amo e te amo.
Mi Vila Real, pelos puxões de orelha e conselhos, pelo cunhado
incrível que me deu e pelos pitocos da minha vida, Bettina e
Antônio, que ainda vão viajar o mundo com o tio. Obrigado por
ter sido minha irmã e referência em tudo, isso gerou um legado
em mim.
Carol, por ter sido a menina rueira que me deixava preocu-
pado de noite e me fez ser o cara responsável que sou e depois
por ter se tornado essa mãe, mulher e amiga maravilhosa que eu
amo tanto. A Mariah também vai viajar comigo viu! =)
Mário Barros, meu “véio” vida boa, por ter colaborado em
nossa história de reversão no final da vida (foi demais), por todas
as gargalhadas que eu lembro até hoje e por ter gerado meus irmãos
matogrossenses e cariocas lindos que eu amo. Gui e Laura este
236 | EMPREENDA AMOR

livro também é para vocês.


A toda a família Vila Real e Barros, pela história linda
que temos.
Aos meus sogros João e Bete, meus cunhados Mika, Li,
Luigi e Dani, com vocês eu poderia escrever outro livro
porque chegaram na minha vida e mudaram tudo. Obrigado
por terem se tornado minha família, eu tenho muito orgulho
disso, vocês são mais do que poderia escrever aqui.
Estevam e Sônia Hernandes, por continuarem a fim de
revolução e por serem o nosso referencial de líderes e família.
Antônio e Rosana Abbud, por terem me apresentando para a
mulher da minha vida, por todos ensinamentos, conversas e
madrugadas fundamentais na construção dessa história e pela
palavra no casório que se tornou nossa meta de vida.
Christian, Selma e toda família Paz, por vocês terem
ressuscitado a coisa mais valiosa dentro de mim. Sem palavras,
vocês são incríveis.
Alberto Oliveira por ser o ser humano mais maluco que
eu conheci, por desenvolver meus ingredientes como eu nunca
imaginei, pelas conexões e pela oportunidade incrível de seguir
uma trajetória juntos, aprendendo coisas que mudaram com-
pletamente a minha perspectiva sobre a vida.
Heloísa Helena, obrigado pelo amor, por ter sido nossa
mãezona na África, pelos feijões, molhos saudáveis, por toda
sinceridade e integridade que falam alto.
Sofia e Dani, lindos, divertidos e inspiradores, por me darem
237 | EMPREENDA AMOR

muitos motivos para acreditar e continuar, por me ensinarem


sobre o Mandela, Martin Luther King, moda e música também.
Vamos fazer muita coisa juntos, ok? =)
A todos não mencionados, mas que fazem parte da minha
caminhada. E por último, não menos importante, tão essencial
quanto todos os outros: você! Por estar lendo e ter me dado a
razão de escrever, essa conexão que começou aqui.

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