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Senhor!”
A singela súplica “Restaura-nos!” aparece três vezes no Salmo 80. Essa é a
tradução mais comum. Mas há outras: “Faça-nos voltar!”, “Converte-nos!”, “Faze
que prosperemos de novo!”.
Isso nos faz lembrar uma confortadora passagem de Jeremias. Deus leva o profeta
a uma olaria no exato momento em que o oleiro acha por bem refazer o vaso que
estava em suas mãos. Então, o Senhor faz ao seu servo aquele tipo de pergunta
cuja resposta é óbvia: “Será que eu não posso fazer com o povo de Israel [e com a
Igreja] o mesmo que o oleiro fez com o barro?”. Em seguida, Deus esclarece ainda
mais a questão: “Vocês estão nas minhas mãos assim como o barro está nas
mãos do oleiro” (Jr 18.1-6).
Muitas vezes a quebra não é total, não reduz o vaso a uma porção de cacos. Mas,
assim como a mulher retoca o penteado ou a maquiagem ao encontrar neles
algum defeito, o cristão precisa ver no espelho de Deus o seu comportamento e a
sua fé para, em seguida, permitir que ele mesmo restaure o que for necessário.
Oswald Chambers lembra: “Se o Espírito de Deus detecta em você algo errado, ele
não lhe pede para consertar. O que ele pede é que você enxergue a pequena ou
grande mancha e o deixe fazer o necessário reparo”.
Por ser verdadeiramente comprometida com Cristo, essa pessoa entristece o Espírito que a
selou para o dia da redenção final e entristece a si mesma, além de prejudicar ou interromper
a sua comunhão com Deus. Ela também sofre porque a mão do Senhor pesa dia e noite
sobre a sua cabeça (Sl 32.4) e a sua consciência a incomoda muito. Isso acontece mesmo
que a igreja não saiba o que ela está fazendo de errado. É exatamente essa pessoa que
precisa de restauração.
Engana-se quem pensa que a restauração é necessária apenas para os cristãos que
cometem pecados públicos e escandalosos, como os de Davi, de Pedro e daquele membro
da igreja de Corinto que abusou sexualmente da mulher do próprio pai (1Co 5.1). O
personagem do Salmo 73 precisava de restauração tanto quanto os acima mencionados. O
problema de Asafe não era moral, mas uma crise de fé muito séria. Ele quase perdeu a
confiança em Deus quando chegou à errada conclusão de que não adianta coisa alguma
conservar-se puro e ter as mãos limpas do pecado, já que os ímpios sofrem menos do que os
justos. A ponto de romper com Deus, o cantor precisava ter sua fé restaurada, o que
aconteceu quando o Senhor lhe falou ao coração (Sl 73.17).