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Aula 7 – Sistemas coletivos de

tratamento de esgoto
Tratamento Secundário: Lagoas de
estabilização
Tratamento secundário

O principal objetivo do tratamento secundário é a remoção de


matéria orgânica.

Dissolvida
(DBO solúvel)
Matéria Orgânica
(MO)
Em suspensão
(DBO particulada)
Tratamento secundário

A essência do tratamento secundário é a inclusão de uma


etapa biológica.

A remoção de matéria orgânica é efetuada por reações


bioquímicas, realizadas por microrganismos.

Vários processos de tratamento secundário são concebidos de


forma a acelerar os mecanismos de degradação que ocorrem
naturalmente nos corpos receptores.

Degradação em condições controladas, em intervalos de


tempo menores do que nos sistemas naturais.
Tratamento secundário

Uma grande variedade de microrganismos atuam na


degradação da matéria orgânica.

A base de todo o processo biológico é o contato efetivo entre


esses organismos e o material orgânico contido nos esgotos.

Os microrganismos convertem a matéria orgânica em CO2,


H2O e material celular (crescimento e reprodução).

A decomposição biológica requer a manutenção de condições


ambientais favoráveis (temperatura, pH, tempo de contato,
oxigênio, etc).
Tratamento secundário

O tratamento secundário inclui unidades do tratamento


preliminar, mas pode ou não incluir unidades do tratamento
primário.

Existe uma grande variedade de métodos de tratamento em


nível secundário, sendo os mais comuns:
- Lagoas de estabilização e variantes;
- Reatores anaeróbios;
- Lodos ativados e variantes.
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

Lagoas facultativas primárias: recebem esgoto bruto.

Processo simples, que depende unicamente de fenômenos


naturais.

O esgoto afluente entra continuamente em uma extremidade


da lagoa, e sai continuamente na extremidade oposta.

Ao longo do processo, que demora vários dias, uma série de


eventos contribui para o tratamento dos esgotos.
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

Fluxograma de Lagoa Facultativa


Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

A) MO em suspensão
(DBO particulada)
tende a sedimentar,
constituindo o lodo de
fundo.

B) O lodo sofre
processo de
decomposição por
microrganismos
anaeróbios (CO2,
metano e outros
compostos).
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

C) MO dissolvida (DBO
solúvel), juntamente
com a MO em
suspensão de
pequenas dimensões,
permanece dispersa na
massa líquida, sendo
decomposta por
bactérias facultativas.
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

D) Na respiração
aeróbia, há a
necessidade de
oxigênio, o qual é
suprido pela
fotossíntese, havendo
equilíbrio entre o
consumo e a produção
de oxigênio.
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

À medida que se aprofunda na massa líquida, a penetração de


luz é menor, o que ocasiona a predominância do consumo de
oxigênio (respiração) sobre sua produção (fotossíntese).

Além disso, a fotossíntese só ocorre durante o dia, fazendo


com que, durante a noite, prevaleça a ausência de oxigênio.

Devido a estes fatos, é essencial que as principais bactérias


responsáveis pela estabilização da matéria orgânica sejam
facultativas.
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

Sua implantação é ideal em locais com elevada radiação solar


e baixa nebulosidade (o que auxilia no processo de
fotossíntese).

A estabilização da matéria orgânica neste tipo de lagoa ocorre


em taxas mais lentas, por ser um processo essencialmente
natural, o que implica na necessidade de um elevado período
de detenção (usualmente superior a 20 dias).
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

Para que a fotossíntese ocorra efetivamente, necessita-se de


uma elevada área de exposição (área superficial).

Desta forma, a área total requerida pelas lagoas facultativas é


a maior dentre todos os processos de tratamento de esgotos
que serão vistos.
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Dimensionamento
a) Taxa de aplicação superficial

✓ A área requerida para a lagoa é calculada em função da


taxa de aplicação superficial (Ls).

✓ Taxa de aplicação superficial: carga orgânica por unidade de


área, é o principal item de projeto, e baseia-se na
necessidade de se ter uma determinada área de exposição à
luz solar.
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Dimensionamento
a) Taxa de aplicação superficial

✓ A taxa a ser adotada varia com a temperatura local, altitude,


exposição solar, latitude, entre outros.

✓ Faixas adotadas:
CARACTERÍSTICAS REGIONAIS Ls (kgDBO/ha.dia)
Regiões com inverno quente e elevada insolação 240 a 350
Regiões com inverno e insolação moderados 120 a 240
Região com inverno frio e baixa insolação 100 a 180
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Dimensionamento
b) Profundidade

✓ Tem influência em aspectos físicos, biológicos e


hidrodinâmicos da lagoa.

✓ Com a área superficial e a profundidade, obtém-se o


volume.

✓ Faixa usual: entre 1,5 e 2,0 m.


Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Dimensionamento
c) Tempo de detenção

✓ Diz respeito ao tempo necessário para que os


microrganismos procedam a estabilização da matéria
orgânica.

✓ Varia de acordo com as condição locais, principalmente a


temperatura.

✓ Para lagoas facultativas primárias, tem-se o tempo de


detenção variando entre 15 e 45 dias.
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Dimensionamento
d) Geometria

✓ A relação comprimento/largura influencia no regime


hidráulico da lagoa, o qual pode ser projetado para se
aproximar a condições de fluxo em pistão ou mistura
completa.

✓ O projeto poderá fazer um aproveitamento do terreno


disponível e de sua topografia para se obter esta relação.

✓ Faixa comum de L/B: 2 a 4.


Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Dimensionamento
e) Eficiência

✓ DBO total efluente = DBO solúvel + DBO particulada

✓ A remoção de DBO processa-se segundo uma reação de


primeira ordem, na qual a taxa de reação é diretamente
proporcional à concentração do substrato.

✓ Nestas condições, o regime hidráulico influencia a eficiência


do sistema.
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Dimensionamento
e) Eficiência

✓ Fluxo em pistão

𝑆 = 𝑆0 . 𝑒 −𝐾.𝑡

S = DBO solúvel efluente (mg/L);


S0 = DBO total afluente (mg/L);
K = coeficiente de remoção de DBO (dia-1);
t = tempo de detenção total (dias);
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Dimensionamento
e) Eficiência

✓ Mistura completa

𝑆0
𝑆=
1 + 𝐾. 𝑡
S = DBO solúvel efluente (mg/L);
S0 = DBO total afluente (mg/L);
K = coeficiente de remoção de DBO (dia-1);
t = tempo de detenção total (dias);
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Dimensionamento

e) Eficiência

Sólidos em suspensão = DBO particulada


1 mg SS/L no efluente = 0,3 a 0,4 mgDBO/L

Em termos de projeto, para DBO particulada, pode-se assumir


uma concentração de SS na faixa de 60 a 100 mg/L.
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Dimensionamento
e) Eficiência

Coeficiente de remoção de DBO (K)


LAGOA K (20°C)
Lagoas primárias (recebendo esgoto bruto) 0,30 a 0,40 dia-1
Lagoas secundárias (recebendo efluente de uma lagoa ou reator) 0,25 a 0,32 dia-1

Para diferentes temperaturas, o valor de K deve ser corrigido:


𝐾𝑇 = 𝐾20 . 𝜃 (𝑇−20)
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Dimensionamento

e) Eficiência

𝐷𝐵𝑂𝑎𝑓 − 𝐷𝐵𝑂𝑒𝑓
𝐸= . 100
𝐷𝐵𝑂𝑎𝑓

DBOaf = DBO total afluente (mg/L);


DBOef = DBO total efluente (mg/L);
E = eficiência (%)
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Dimensionamento
f) Acúmulo de lodo

✓ A taxa média de acúmulo de lodo em lagoas facultativas é


da ordem de apenas 0,03 a 0,08 m³/hab.ano.

✓ Como consequência desta baixa taxa de acúmulo, a


ocupação do volume da lagoa é baixa.

✓ A menos que a lagoa esteja com uma alta carga, o lodo se


acumulará por diversos anos, sem necessidade de qualquer
remoção.
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Arranjos: células em série

✓ Um sistema de lagoas em série, com um tempo de


detenção total, possui uma maior eficiência do que uma
lagoa única, com o mesmo tempo de detenção total.

✓ A implicação de tal é que, para uma mesma qualidade do


efluente, pode-se ter uma menor área ocupada.
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

▪ Arranjos: células em paralelo

✓ Um sistema em paralelo possui a mesma eficiência que


uma lagoa única.

✓ No entanto, o sistema possui uma maior flexibilidade e


garantia, no caso de ser necessário interromper o fluxo para
uma lagoa, devido a algum problema ou eventual
manutenção (embora esta seja rara).
Lagoas de estabilização

1. Lagoas Facultativas

Exercício 1 – Dimensionar uma lagoa facultativa, com base


nos seguintes dados:
• População = 20.000 hab;
• Vazão afluente = 3.000 m³/dia;
• DBO afluente = 350 mg/L;
• Temperatura = 23°C (líquido no mês mais frio);
• K = 0,35 dia-1;
• θ = 1,085;
• Taxa de aplicação superficial = 220 kg/ha.dia;
• H na faixa de 1,5 a 2,0 m;
• SS afluente igual a 80 mg/L;
• 1 mg SS/L no efluente = 0,3 a 0,4 mgDBO/L;
• L/B entre 2 e 4;
• Taxa média de acúmulo de lodo de 0,03 a 0,08 m³/hab.ano.

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