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Os grafos
O que interessa a Lacan é a orientação dos grafos, não só os segmentos, como também
os vetores que unem os pontos, os circuitos possíveis entre os pontos de cruzamento.
O grafo do desejo
De início, nomeia os cruzamentos com letras gregas, mas esta nomeação não se
mantém, passa a utilizar depois diretamente os designações que manterá ao longo de sua
obra.
O circuito se fecha com o vetor que parte do significante sem referência , que é o
objeto da privação. Alcança aí o significante da falta no Outro .
Posteriormente, Lacan vai usar os dois pisos para representar diversas coisas, como por
exemplo: enunciado e enunciação, sugestão e transferência, etc.. Trata-se, como qualquer
objeto topológico, de usá-lo como uma escrita, ou seja, usá-lo para escrever...
Aqui vemos que os circuitos são diferentes dos anteriores, em cada piso aparecem
circuitos em 8, que permitem representar a repetição:
Os dois pisos não dão conta de uma cadeia evolutiva, devem ser pensados como sendo
sobrepostos.
Ao final do Seminário 5, Lacan usa o grafo para pensar a neurose, colocando nele os
circuitos da histeria e da neurose obsessiva, a partir de sua relação com o desejo.
Além dessas identificações com formações que contêm o objeto, permitem ao sujeito
histérico tomar uma posição enigmática, que casa bem com a sua apresentação como uma
alma bela.
Lacan diz que vai usar o grafo "para apresentar onde se situa o desejo em relação com
um sujeito definido através de sua articulação pelo significante."
Em seguida, apresenta o que será o primeiro piso do grafo definitivo, onde, como vimos,
representam-se as identificações imaginária e simbólica, que se constrói frente ao espelho, o
que faz notar que o circuito das identificações imaginárias está em curto-circuito com o das
identificações simbólicas.
A passagem para o 2° piso estabelece o advento do "che vuoi", alargando o vetor direito
em forma de interrogação.
Uma vez que o Outro também está submetido ao significante, também está ausente; e,
sendo demanda, o sujeito pode perguntar o que quiser, até mesmo, o que quer muito, para
além do gozo daquilo que diz. “Que queres?” que para o sujeito é “Que queres de mim?”, “Que
sou objeto para ele em minha condição de vivente?”
A falta de resposta para essa pergunta é a principal fonte de angústia, cuja defesa é o
desejo que se sustenta no fantasma.
Situa em A pergunta “Que sou eu?”, dirigindo-se a , de onde volta, como resposta,
uma significação profundamente alienada. Neste piso, situamos o nome do sujeito do recalque
primário, a identificação imaginária em curto-circuito, e o ideal do eu como resultado.
A partir daí, o sujeito tem que ir para além da demanda, ao desejo de sair da angústia;
mas o gravo vem nos mostrar que é um nó, porque aí chega também um vetor a partir de :
o desejo é o desejo do Outro.