Você está na página 1de 2

Brahmacharya ( Auto-Contrôle e Contenção _ 4º Yama)

Por Mario Brandão ( 24/05/10 )

O sentido da palavra original é “ Caminhar para Brahma “, caminhar para o mestre


( sagrado) .

A palavra sânscrita brahmacharya é comumente traduzida como celibato ou


abstenção sexual.

A prática de brahmacharya está ligada estritamente á busca da visão espiritual de


tudo e em tudo.

Para que essa visão se desenvolva é preciso a prática da continência, ou seja, do


controle dos sentidos.

Representa um período da vida do praticante em que ele se consagra ao estudo


dos Vedas (os quatro textos, escritos em sânscrito por volta de 1500 a.C., que
formam a base do extenso sistema de escrituras sagradas do hinduísmo),e a
castidade fazia parte da disciplinas exigidas, da mesma forma que o controle dos
outros órgãos, assim como o espírito sob domínio.
O conceito de Brahamacharya não é de negação, austeridade forçada ou
proibições, é sim, ser dedicado ao estudo das leis sagradas, dirigir-se sempre ao
Criador e encontrar divindade em tudo, sendo solteiro ou casado, desenvolvendo
vitalidade, energia, coragem mental e intelecto poderoso, para que possa
combater qualquer tipo de injustiça. Usando suas forças físicas e mentais para seu
crescimento espiritual.

A grande confusão feita com o relacionamento de brahmacharya e sexualidade


está na falta de compreensão de que os desejos, que norteiam nossos sentidos,
estão situados no centro de energia conhecido como chakra sexual.
Ao falarmos de desejos estamos falando de todos os desejos e não só o sexual.

A prática da continência ou brahmacharya está em, por exemplo, comer uma fatia
de pudim e não o pudim todo.
De forma simples, é “saber a hora de parar”.

Ao se relacionar com um objeto o praticante deve buscar a compreensão da


essência emocional que envolve o ato, seja ela de gosto, desgosto ou neutralidade.

Com a prática firme de brahmacharya, os estados de dhyana (meditação) e


dharana (concentração) são facilmente conquistados.

Que fique claro que a prática do brahmacharya não se restringe a monges, mas a
todas as pessoas inclusive aos chefes de famílias também.
Ela é uma das pedras de sustentação da prática do Yoga, pois se a mente flutuar
sem controle sobre as relações de gosto e desgosto, ela tenderá a se engendrar
mais e mais na construção da dualidade que cerca nosso universo, ampliando o
abismo entre matéria e espiritualidade.
Como disse Patanjali Rishi:
Brahmacharyapratishthayam viryalabhah || P Y S 2.38

Aquele que observa a continência, se ilumina e conquista vários siddhis (perfeição

ou poderes paranormais).

A prática do Yoga Tântrico ensina a retenção do sêmen através do esforço


concentrado da mente. Mas não se assustem pois brahmacharya não é a negação
do ato sexual, nem a proibição, mas a ênfase na contenção do corpo, da palavra e
da mente.

De acordo com Sankaracharya, um brahmachari é um homem que estuda


profundamente os Vedas, que está sempre ligado no Divino e que vê a divindade
em todas as vertentes da vida. Como viver em celibato e não experimentar o amor
e a felicidade que nós humanos conhecemos quando amamos. Não é possível
chegar ao amor divino sem conhecer o amor humano em todas as suas
manifestações. Quase todos os yogues e sábios da Índia constituíram família e a
paternidade nunca foi um empecilho à prática de brahmacharya.

Quando nos apropriamos e nos apoiamos em brahmacharya desenvolvemos mais


vitalidade e energia física, mental, emocional e espiritual. A prática de
brahmacharya nos desenvolve a responsabilidade por nossa sexualidade, bem
como nos proporciona a oportunidade de um vínculo mais profundo com a vida e
com o Divino.

Brahmacharya não se trata de evitar a sexualidade e nem de reprimir a


sexualidade. Trata-se de passar por cima da sexualidade para que o potencial e o
poder do processo sexual possa agora ser usado para algo tão maravilhoso que o
sexo empalidece de insignificância em contraste. Então o brahmacharya não é nem
reprimir nem evitar a sexualidade, é apenas desconsiderá-la, fazer uso desse
potencial sexual para algo dez vezes ou cem vezes maior.

Brahmacharya é o quarto yama (de 5 no total), ou disciplina ética do Yoga. Já


aprendemos os outros 4, sobre Ahimsá, Satya, Asteya e Aparigraha. Você está
praticando? Ou ao menos se lembrando desses princípios? Não deixe que o
aprendizado não tome forma dentro de você, devagar, abra um espaço interno para
que os ensinamentos não sejam apenas palavras a mais em seu cérebro.

-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-

Para você aprender bem este ensinamento, explique para mais 2 pessoas
( pelo menos ), que assim além de você divulgar, você estará fixando bem o
que aprendeu !

Você também pode gostar