Você está na página 1de 94

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SETE LAGOAS – UNIFEMM

Unidade Acadêmica de Ensino de Ciências Gerenciais – UEGE


Engenharia Elétrica

JOÃO PAULO NASCIMENTO GOMES

PROJETO DE MICROGERAÇÃO FOTOVOLTAICA COM APLICAÇÃO DE


OTIMIZAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO DO INVERSOR

SETE LAGOAS
2019
JOÃO PAULO NASCIMENTO GOMES

PROJETO DE MICROGERAÇÃO FOTOVOLTAICA COM APLICAÇÃO DE


OTIMIZAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO DO INVERSOR

Trabalho de conclusão de curso apre-


sentado ao curso de Engenharia Elé-
trica, da Unidade Acadêmica de Ensino
de Ciências Gerencias do Centro Uni-
versitário de Sete Lagoas – UNIFEMM,
como requisito parcial para obtenção
do grau de Bacharel em Engenharia Elé-
trica.

Área de concentração: Energia Fotovol-


taica

Orientador: Prof. Alípio Monteiro Bar-


bosa

SETE LAGOAS
2019
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SETE LAGOAS – UNIFEMM
Unidade Acadêmica de Ensino de Ciências Gerenciais – UEGE
Engenharia Elétrica

JOÃO PAULO NASCIMENTO GOMES

PROJETO DE MICROGERAÇÃO FOTOVOLTAICA COM APLICAÇÃO DE


OTIMIZAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO DO INVERSOR

Trabalho de conclusão de curso apre-


sentado ao curso de Engenharia Elé-
trica, da Unidade Acadêmica de Ensino
de Ciências Gerencias do Centro Uni-
versitário de Sete Lagoas – UNIFEMM,
como requisito parcial para obtenção
do grau de Bacharel em Engenharia Elé-
trica.

Sete Lagoas, de de 2019

Aprovado com nota

Banca examinadora:

Orientador: Prof. Alípio Monteiro Barbosa

Avaliador: Prof.

Avaliador: Prof.

SETE LAGOAS
2019
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pois sem ele não teria chegado até aqui.
Aos meus pais Hélia e Bartolomeu, por todos os seus ensinamentos e esforços
para garantir o melhor para minha vida.
A minha irmã Flávia, por sempre me incentivar e estar ao meu lado nos mo-
mentos em que mais precisei.
Ao meu orientador Alípio Monteiro, por toda a colaboração e auxílio prestado.
Ao professor Francisco Hering, pelo auxílio prestado no estudo de caso.
Aos meus colegas de classe, pelos conselhos e incentivos.
E a todos que direta ou indiretamente tenham contribuído para o desenvolvi-
mento deste trabalho.
Resumo

O grande crescimento da microgeração fotovoltaica nos últimos anos e as pre-


visões otimistas para este tipo de energia no Brasil, aliadas ao custo ainda elevado da
instalação desses sistemas, torna cada vez mais importante a busca de alternativas
que possibilitem otimizar o seu rendimento. Uma das questões levantadas quando se
fala em otimização de sistemas fotovoltaicos está relacionada ao fator de dimensio-
namento dos inversores, já que estes equipamentos podem trabalhar em uma ampla
faixa de valores de carregamento. Entretanto, como os módulos fotovoltaicos dificil-
mente entregam ao sistema seu valor nominal de potência, devido ao fato de atuarem
normalmente em condições de radiação e temperaturas diferentes das que são testa-
dos, em algumas localidades pode ser viável utilizar no sistema fotovoltaico conectado
a rede (SFCR), um inversor subdimensionado em relação a potência do painel fo-
tovoltaico, como forma de possibilitar que o inversor trabalhe com níveis de carrega-
mento que garantam maior produtividade, bem como redução dos custos com a aqui-
sição de tal equipamento. Nesse sentido avaliou-se no presente trabalho o impacto
da otimização do Fator de Dimensionamento do Inversor (FDI), aplicado a um projeto
de microgeração fotovoltaica na cidade de Sete Lagoas – MG, por meio de um estudo
que envolveu a simulação de um sistema fotovoltaico e análise de um sistema real
instalado na cidade.

Palavras-chave: Microgeração fotovoltaica. Sistema Fotovoltaico Conectado à


Rede. Inversor fotovoltaico. Otimização do Fator de Dimensionamento do Inversor.
Abstract

The great growth of photovoltaic microgeneration in recent years and the


optimistic forecasts for this type of energy in Brazil, coupled with the at still high
cost of installing such systems, makes it increasingly important to search for
alternatives that can optimize their performance. One of the issues raised when
talking about optimization of photovoltaic systems is related to the Sizing Factor
of the Inverters, since these devices can work in a wide range of load values.
However, because photovoltaic modules can hardly deliver their nominal power
to the system due to the fact that they operate normally under different radiation
conditions and temperatures than they are tested, it may be feasible to use in
the grid-connected photovoltaic system in some locations, with an undersized
inverter in relation to the power of the photovoltaic panel, as a way to enable the
inverter to work with load levels that guarantee greater productivity, as well as
reducing costs with the acquisition of such equipament. In this sense, the im-
pact of the optimization of the Sizing Factor of the Inverter (SFI) applied to a
photovoltaic microgeneration project in the city of Sete Lagoas - MG was evalu-
ated in this work, through a study that involved simulation of a system photovol-
taic and analysis of a real system installed in the city.

Keywords: Photovoltaic microgeneration. Photovoltaic System Connec-


ted to the Network. Photovoltaic inverter. Optimization of the Inverter Sizing Fac-
tor.
SIGLAS E ABREVIATURAS

ABSOLAR - Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica


ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
FDI – Fator de Dimensionamento do Inversor
FV - Fotovoltaico
Gk – Iradiância incidente no plano do módulo fotovoltaico
HSP – Horas de sol pleno
Inv. – Inversor
IMP – Corrente de Máxima Potência
Isc – Corrente de curto circuto
m-Si – silício monocristalino
ηInv – Eficiência do Inversor

P0FV – Potência nominal do gerador fotovoltaico


P0inv - Potência nominal do inversor fotovoltaico
p-Si – Sílício policristalino
PMP – Ponto de máxima potência
Pot. – Potência
SFCR – Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede
STC - Standard Test Conditions em pt (Condições Padrão de Teste)
Tecn. – Tecnologia
Vimax – Tensão máxima de entrada do inversor
VMP – Tensão de Máxima Potência
Voc – Tensão de circuito aberto
Yield – Produtividade do sistema (kWh/kWp)
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................. 9
1.1 Objetivos......................................................................................... 10
1.2 Estrutura do Texto.......................................................................... 10
2 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE............................................. 12
3 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................... 13
3.1 Conceitos Iniciais........................................................................... 13
3.1.1 Recursos solar................................................................................ 13
3.2 Componentes de um SFCR.......................................................... 14
3.2.1 Módulos fotovoltaicos................................................................... 15
3.2.1.1 Características elétricas dos módulos fotovoltaicos......................... 15
3.2.1.2 Fatores que influenciam na geração dos módulos........................... 16
3.2.1.2.1 Influência de fatores intrínsecos e extrínsecos aos módulos........... 16
3.2.1.2.2 Efeitos do sombreamento na produção dos módulos ..................... 16
3.2.2 Inversores para SFCR’s................................................................. 17
3.2.2.1 Princípio de funcionamento.............................................................. 18
3.2.2.2 Classificação dos inversores............................................................ 18
3.2.2.3 Configuração dos inversores em um SFCR..................................... 18
3.3 Modelos para Simulação de SFCR’s............................................ 20
3.3.1 Módulo fotovoltaico....................................................................... 21
3.3.2 Inversor............................................................................................ 23
3.4 Otimização do Fator de Dimensionamento do Inversor............. 25
3.4.1 Perdas por sobrecarregamento do inversor................................ 28
3.4.2 Métodos para otimização do FDI................................................... 29
3.5 Figuras de Mérito............................................................................ 33
3.5.1 Análise de desempenho................................................................. 33
3.5.2 Análise financeira........................................................................... 35
3.6 Dimensionamento de SFCR........................................................... 37
3.6.1 Dimensionamento do inversor...................................................... 39
3.6.2 Dimensionamento do cabeamento do sistema........................... 41
3.7 Fontes de Dados Climatológicos.................................................. 41
4 DESENVOLVIMENTO...................................................................... 43
4.1 Estudo de Caso 1............................................................................ 43
4.1.1 Levantamento dos dados............................................................... 43
4.1.2 Determinação do gerador fotovoltaico.......................................... 45
4.1.3 Seleção do módulo fotovoltaico.................................................... 47
4.1.4 Configuração do SFCR................................................................... 48
4.1.5 Seleção dos inversores................................................................... 49
4.1.6 Análise do fator de dimensionamento do inversor...................... 50
4.1.7 Análise financeira do SFCR........................................................... 52
4.2 Estudo de Caso 2............................................................................ 54
4.2.1 Configurações do SFCR instalado na UniverCemig.................... 54
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS....................................................... 57
5.1 Análise dos Dados do Estudo de Caso 1...................................... 57
5.1.1 Análise preliminar .......................................................................... 57
5.1.2 Produtividade anual em função do FDI ....................................... 60
5.1.3 Perdas por sobrecarregamento em função do FDI..................... 63
5.1.4 Análise do FDI pela relação geração marginal/custo marginal.. 67
5.1.5 Determinação do FDI ótimo........................................................... 71
5.1.6 Determinação do melhor inversor aplicado ao SFCR................. 71
5.2 Análise dos Dados do Estudo de Caso 2...................................... 75
5.2.1 Simulação prévia............................................................................ 75
5.2.2 Análise geral dos dados................................................................ 77
5.2.3 Avaliação das perdas por sobrecarregamento do inversor....... 80
6 CONCLUSÕES................................................................................ 85
REFERÊNCIAS................................................................................ 88
ANEXO............................................................................................. 91
9

1 INTRODUÇÃO

Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede (SFCR), vêm ganhando cada vez


mais espaço na matriz elétrica brasileira, sobretudo após as resoluções normativas
482/2012 e 687/2015 da ANEEL que regulamentaram a geração distribuída de energia
elétrica no Brasil. Segundo informações da própria ANEEL, atualmente o Brasil conta
com 674,4 MW de potência instalada em geração distribuída, sendo que 84% desse
valor corresponde a geração fotovoltaica, totalizando no final de 2018 uma quantia de
53299 consumidores conectados à rede, o que representou um aumento próximo a
140% em relação ao mesmo período em 2017.
A expectativa futura é de um crescimento ainda mais exorbitante, já que se-
gundo uma projeção publicada pela ANEEL em 2017, é esperado para 2024, um total
de 886700 microgeradores distribuídos instalados, e acredita-se que a modalidade
fotovoltaica continue representando a maior parcela neste valor.
Em uma projeção ainda mais otimista a Associação Brasileira de Energia Solar
Fotovoltaica (ABSOLAR) acredita que em 2040 a energia fotovoltaica alcançará cerca
de 126 mil MW e assumirá o primeiro lugar na matriz elétrica nacional com 32%, su-
perando a geração hidrelétrica que segundo tal projeção representará 29% da energia
elétrica produzida.
Apesar de todas as projeções de crescimento esperadas, o custo de instalação
desses sistemas ainda é considerado alto, principalmente quando se trata do inversor
fotovoltaico, equipamento que condiciona a potência entregue a rede elétrica. Uma
das soluções para tentar reduzir o custo final destes sistemas é otimizar o aproveita-
mento do inversor do ponto de vista de seu dimensionamento.
Uma vez que os módulos fotovoltaicos têm a característica de raramente en-
tregarem em sua saída a potência nominal, devido às diferenças entre as condições
reais de operação e as condições em que eles são testados, uma das ações possíveis
durante o dimensionamento do SFCR é a de sobredimensionar a potência do gerador
fotovoltaico em relação a potência do inversor, de modo a ter um melhor aproveita-
mento da produção dos módulos, além de possibilitar a redução do custo do inversor.
Entretanto, subdimensionar em excesso o inversor pode danificá-lo e reduzir
sua vida útil, já que ele terá maior aquecimento. Nesse sentido, torna-se interessante
avaliar o fator de dimensionamento do inversor (FDI) que é a relação entre a potência
nominal do inversor e a potência nominal do gerador fotovoltaico, de modo a encontrar
10

um valor de FDI que garanta a maior produtividade e o melhor custo benefício, res-
peitando ao mesmo tempo as limitações dos inversores.
Uma vez que o FDI ótimo difere de localidade para localidade e também com
as características do inversor utilizado, este estudo avaliou qual a influência causada
pela otimização do FDI no dimensionamento de um SFCR para a cidade de Sete La-
goas-MG.

1.1 Objetivos

O objetivo geral deste trabalho, foi avaliar como a otimização do fator de dimen-
sionamento do inversor, influencia no aproveitamento e no custo desses equipamen-
tos em sistemas fotovoltaicos conectados à rede.
Os objetivos específicos foram:
• Estudar métodos de otimização do fator de dimensionamento do inversor;
• Avaliar o comportamento de diferentes inversores fotovoltaicos para fatores de
dimensionamento variados;
• Dimensionar o SFCR para uma residência de Sete Lagoas-MG aplicando a oti-
mização do FDI;
• Encontrar o FDI ideal para um projeto de SFCR na cidade de Sete Lagoas-MG;
• Avaliar a viabilidade técnica-econômica de se utilizar o FDI otimizado.

1.2 Estrutura do Texto

Esse trabalho está dividido em seis capítulos.


O capítulo 1 apresenta a introdução, onde foi abordada a relevância em se es-
tudar a otimização do fator de dimensionamento do inversor, além dos objetivos es-
perados ao realizar este trabalho.
O capítulo 2 apresenta a caracterização do ambiente, que trata da descrição
das características do local onde foi realizado o estudo.
O capítulo 3 contém a revisão bibliográfica, que apresenta os principais concei-
tos utilizados neste trabalho, bem como os modelos matemáticos utilizados para esti-
mar a produção do sistema fotovoltaico e os principais métodos de análise do fator de
dimensionamento do inversor utilizados por outros autores.
11

No capítulo 4 é abordada de forma detalhada a metodologia utilizada para aná-


lise do fator de dimensionamento do inversor, dividida em um estudo de caso teórico
feito por meio de simulação e um estudo de caso com dados reais de um SFCR ins-
talado no campus da UniverCemig na cidade de Sete Lagoas – MG.
No capítulo 5 são apresentados os resultados e análise dos resultados obtidos
durante a simulação e o estudo de caso real, além da devida interpretação destes
dados.
O capítulo 6 apresenta as conclusões obtidas com a realização deste trabalho,
bem como as lições aprendidas e as perspectivas futuras.
12

2 CARACATERIZAÇÃO DO AMBIENTE

A residência para qual foi dimensionado e avaliado o SFCR se situa na cidade


de Sete Lagoas-MG que fica localizada na região central de Minas Gerais distante 77
km da capital Belo Horizonte. O município foi fundado 1880 e tem cerca de 236 mil
habitantes segundo o IBGE. A cidade se caracteriza como um grande polo industrial
do interior de Minas Gerais, contando com várias empresas, inclusive empresas mul-
tinacionais de diferentes segmentos como indústrias alimentícias, de bebidas, auto-
motivas, etc.
Geograficamente, Sete Lagoas se localiza nas coordenadas 19° 28' 4" S
44° 14' 52" O, é considerada uma área de clima tropical de altitude, possui altitude
média de 751m e temperatura média ao longo do ano entre 16,3º e 28,7ºC.
Além do dimensionamento e estudo do SFCR para a residência supracitada,
foram avaliados os dados de um SFCR instalado no campus da UniverCemig, também
em Sete Lagoas – MG, tal campus foi fundado em 1967 como uma escola de formação
profissional (EFP), com o intuito de atuar na formação de profissionais da área de
eletricista de manutenção, distribuição e operação de subestações e usinas. Sendo
que em 2008 passou a se chamar UniverCemig, com a criação da universidade inte-
grada da Cemig, e passou a atuar fornecendo aos seus colaboradores, clientes, for-
necedores e outras empresa ligadas ao setor de energia, treinamentos voltados a sua
especialidade.
O estudo realizado foi focado na avaliação da otimização do fator de dimensio-
namento do inversor (FDI) para sistemas fotovoltaicos e dimensionamento de um sis-
tema fotovoltaico conectado à rede, utilizando como referência dados climatológicos
da cidade de Sete lagoas como temperatura e irradiação diária. O FDI ótimo foi deter-
minado por meio da simulação do sistema fotovoltaico. Além disso foi avaliado dados
de um SFCR instalado no campus da UniverCemig, também localizado na cidade de
Sete lagoas.
13

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Conceitos Iniciais

Para que se possa estudar assuntos relacionados à energia fotovoltaica, é im-


portante ter em mente alguns conceitos introdutórios ligados à sua origem que permi-
tirão maior entendimento do seu funcionamento. Esta seção tratará de algumas ca-
racterísticas acerca do recurso solar.

3.1.1 Recurso solar

O estudo de sistemas fotovoltaicos está fortemente relacionado avaliação do


recurso solar, neste sentido surgem dois termos importantes que precisam ser defini-
dos: irradiância e irradiação. Segundo Deotti (2017), o termo irradiância é utilizado
para designar a potência por unidade de área que incide sobre uma superfície e é
dado em Watt por metro quadrado (W/m²), enquanto que o termo irradiação dado em
(kWh/m²) pode ser considerado a irradiância total incidente em uma superfície em
certo instante de tempo.
A radiação solar que incide sobre uma superfície ao cruzar a atmosfera, pode
ser dividida em duas componentes, a radiação direta que é parcela que atinge a su-
perfície advinda diretamente da direção do sol e a parcela difusa aquela que atinge a
superfície ao sofrer espalhamento na atmosfera, podendo assumir diferentes dire-
ções. Em dias completamente nublados, 100% da radiação que atinge uma dada su-
perfície é difusa, esse valor cai para 20% em dias em que não há ocorrência de nu-
vens. Nos casos em que a superfície se encontra inclinada em relação a horizontal,
haverá reflexão da radiação solar nos elementos presentes em seu entorno (tais como
solo, vegetação, terrenos rochosos) o que leva a definição de um coeficiente de refle-
xão da superfície denominado albedo. (PINHO; GALDINO, 2014)
As componentes da radiação solar incidente na atmosfera, podem ser vistas na
FIG.1
14

Figura 1: Componentes da radiação solar incidente na atmosfera

Fonte: PINHO e GALDINO, 2014. p.78

No que se refere a associação das componentes da radiação entre si, pode-se


utilizar dois termos para classifica-la, segundo Deotti (2017) a soma das componentes
direta e difusa resulta na radiação global ou radiação no plano horizontal, enquanto
que a soma das três componentes da radiação incidente em uma superfície é desig-
nada de radiação total ou radiação no plano inclinado.
Em termos de avaliação do recurso solar disponível em determinada localidade,
é comum utilizar o termo Horas de Sol Pleno (HSP) que segundo Pinho e Galdino
(2014, p.300) representa: “...o número de horas em que a irradiância solar deve per-
manecer constante e igual a 1kW/m² (1000W/m²), de forma que a energia resultante,
seja equivalente à energia disponibilizada pelo sol no local em questão, acumulada
ao longo de um dado dia.”

3.2 Componentes de um SFCR

Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede (SFCR) são compostos por diver-


sos dispositivos. Os mais importantes serão abordados a seguir
15

3.2.1 Módulos fotovoltaicos

As células fotovoltaicas individualmente não fornecem potência elevada, com


isso para que se possa alimentar circuitos externos é necessário associar um conjunto
dessas células em série ou em paralelo. Essa associação de células, recebe o nome
de módulo fotovoltaico. (DEOTTI, 2017)

3.2.1.1 Características elétricas dos módulos fotovoltaicos

O comportamento das características elétricas de um módulo fotovoltaico parte


do entendimento de sua curva característica, que fornece informações úteis do funci-
onamento do mesmo, tais como a corrente e tensão em sua saída em condições de
teste.
De acordo com Deotti (2017), as curva I-V, fornecem valores da corrente de
saída dos módulos em função da tensão levando em consideração as condições pa-
drão de teste ou STC1 (Standard Test Conditions), além de possibilitar obtenção de
indicadores de qualidade e desempenho dos módulos fotovoltaicos, tais como a cor-
rente de curto circuito (Isc) a tensão de circuito aberto (Voc) e o ponto de máxima po-
tência (PMP).
A FIG.2 mostra a curva característica de um módulo fotovoltaico.

Figura 2: Curva característica de um módulo fotovoltaico

Fonte: DE11OTTI, 2017. p.67.

1
STC são as condições padrão de teste: irradiância = 1000w/m²; distribuição espectral padrão para
AM=1,5 ; temperatura das células = 25°
16

3.2.1.2 Fatores que influenciam a geração dos módulos

Alguns fatores relacionados aos materiais das células e módulo ou relaciona-


dos ao ambiente externo aos mesmos são capazes de alterar sua capacidade de ge-
ração, alguns deles são definidos a seguir.

3.2.1.2.1 Influência de fatores intrínsecos e extrínsecos aos módulos

Segundo Deotti (2017, p. 69): “As características elétricas das células e dos
módulos fotovoltaicos podem sofrer alterações por ação de fatores intrínsecos ou ex-
trínsecos a estes.”
Deotti (2017), diz que alguns dos efeitos intrínsecos que provocam alterações
na tensão e corrente de saída dos módulos são: as perdas ôhmicas, a resistência dos
contatos e dos bornes, além das correntes parasitas provocadas por impurezas no
material semicondutor.
A irradiância que incide sobre o módulo e a temperatura de operação das suas
células são os fatores externos que mais afetam suas características de geração.
Tanto a corrente de curto-circuito, quanto a tensão de circuito aberto são sensíveis a
radiação solar, entretanto a corrente varia de forma linear com a elevação da radiação,
enquanto que a tensão satura ao atingir certo nível. Já o aumento da temperatura leva
a uma considerável queda da tensão de circuito aberto e um acréscimo muito pequeno
de corrente, gerando perda de potência. (DEOTTI, 2017)
Percebe-se que no caso da variação de temperatura, ocorre um efeito oposto
ao da variação da irradiação no que se refere ao grau de variação da corrente e da
tensão. Ou seja, é a tensão é que apresenta maiores variações, enquanto que a cor-
rente tem variação pequena.

3.2.1.2.2 Efeitos do sombreamento na produção dos módulos

Em algumas situações pode haver sombreamento sobre as células ou módulos


de sistemas fotovoltaicos devido a elementos do meio em que eles se encontram ins-
talados.
As sombras podem ser temporárias (quando são causadas por exemplo por
folhas que caem sobre os módulos, excrementos de aves, poeira, etc.) ou podem ser
17

causadas por edificações, elementos próximos à instalação e também por elementos


da estrutura do próprio edifício, como antenas e chaminés. (DEOTTI, 2017)
Os sombreamentos nos módulos, afetam diretamente o sistema e pode com-
prometer a corrente produzida pelo mesmo, podendo danificá-lo.
Em caso de sombreamento, a polaridade da célula se inverte e ela passa a
receber corrente reversa das outras células, essa corrente é transformada em calor e
se atingir determinado valor pode aquecer a célula a ponto de danificá-la. (DEOTTI,
2017)
O efeito do sombreamento sobre a corrente gerada e a produção dos módulos,
podem ser minimizados pelo uso do diodo de by-pass.
Deotti (2017), afirma que os fabricantes dos módulos, normalmente empregam
diodo de by-pass em grupos de 6 ou18 células, para evitar o surgimento de tensões
reversas nas células sombreadas e permitir que a fileira continue produzindo energia
mesmo que de forma reduzida.

3.2.2 Inversores para SFCR

Os inversores são dispositivos que tem um importante papel no sistema fotovol-


taico conectado à rede, exercendo diversas funções dentro deste, se constituindo
como o elemento intermediário entre o gerador fotovoltaico e a rede, atuando de forma
a controlar a geração do sistema e executando algumas funções de proteção.
O inversor é responsável por converter a potência elétrica em CC produzida na
saída do arranjo fotovoltaico em potência em CA. Além disso os inversores utilizados
em SFCR desempenham funções como rastreamento do ponto de máxima potência,
conexão e desconexão da rede em função de suas condições, garantia da conformi-
dade da potência entregue a rede e proteção do sistema contra possíveis anomalias
na rede. (CRUZ2, 2009 apud RAMPINELLI, 2010; DEOTTI, 2017).
Uma vez que o inversor faz o intercâmbio entre a energia produzida no sistema
e a rede, cabe a ele garantir que a energia seja entregue em conformidade com a
mesma. Nesse contexto Macêdo (2006, p.11) afirma que o inversor: “[...] geralmente
utiliza a tensão e a frequência da rede como parâmetro de controle, para assegurar
que a saída do SFCR, esteja totalmente sincronizada com a tensão da rede elétrica.”

2
CRUZ, I. Fundamentos, dimensionado y aplicaciones de la energia solar fotovoltaica: inversores co-
nectados a red y autónomos. v. 1. cap. 11. 2009.
18

3.2.2.1 Princípio de funcionamento

Para que o inversor realize a conversão de potência CC em potência CA e suas


demais operações, ele necessita de um circuito baseado em componentes eletrôni-
cos.
Os inversores, utilizam dispositivos semicondutores de potência que são basi-
camente transistores ou tiristores, dispositivos estes, que realizam a comutação entre
dois estados: corte ou saturado. Isso faz com que o formato da onda do sinal alternado
de saída seja quadrado, sendo necessário filtro de potência para transformá-lo em
senoidal. Além disso os inversores regulam a tensão de saída, o que pode ser feito
por conversores CC/CC, pelo seu próprio sistema de controle ou por meio de auto-
transformadores (CRUZ3, 2009 apud RAMPINELLI, 2010).

3.2.2.2 Classificação dos inversores

Como já mencionado os inversores utilizam em seu circuito de controle, dispo-


sitivos semicondutores para comutar entre dois estados e permitir a conversão e con-
trole de potência. Entretanto alguns destes dispositivos semicondutores permitem
controlar o momento da comutação, enquanto outros não oferecem controle, isso leva
a dois tipos de inversores.
Os inversores podem ser classificados em: comutados pela rede e autocomu-
tados. Os inversores comutados pela rede utilizam tiristores que não podem ser co-
mutados por meio de sinais de controle. Já os inversores autocomutados fazem uso
de dispositivos semicondutores que podem ser controlados como IGBT’s, MOSFET’s
e GTO’s, utilizando geralmente para esse controle a modulação por largura de pulso
(Pulse Width Modulation – PWM) o que possibilita uma transição rápida entre os es-
tados de corte e saturação. (DEOTTI, 2017)

3.2.2.3 Configuração dos inversores em SFCR

A forma como os arranjos fotovoltaicos são distribuídos ao(s) inversor(s) pode


acontecer de diferentes maneiras, entre elas as configurações: inversor central,

3
CRUZ, I. Fundamentos, dimensionado y aplicaciones de la energia solar fotovoltaica: inversores co-
nectados a red y autónomos. v. 1. cap. 11. 2009.
19

inversor string e inversor multi-string. A escolha dessas configurações implica vanta-


gens e desvantagens ao sistema.
Na configuração inversor central (FIG.3), existe um único inversor para todo o
arranjo fotovoltaico, proporcionando a vantagem da redução de custos, mas por outro
lado traz a redução de confiabilidade, uma vez que em caso de falha no inversor, todo
o sistema fica comprometido. (RAMPINELLI; KRENZINGER; ROMERO, 2013)

Figura 3 – Configuração inversor central

Fonte: RAMPINELLI, KRENZINGER e ROMERO, 2013, p.30.

Na configuração inversor string por sua vez (FIG.4), existe um inversor para
cada fileira do arranjo de módulos fotovoltaicos o que garante maior eficiência e con-
fiabilidade ao conjunto, visto que ocorrem atenuações nas perdas ocasionadas por
sombreamento. (RAMPINELLI; KRENZINGER; ROMERO, 2013)

Figura 4 – Configuração Inversor String

Fonte: RAMPINELLI, KRENZINGER e ROMERO, 2013, p.31.

Por fim, na configuração inversor multi-string (FIG.5), existe um conversor


CC/CC para cada painel ou arranjo, cada um desses conversores possuem a função
seguidor de máxima potência e são conectados a um conversor CC/CA que faz a
função de conversão de potência. (RAMPINELLI; KRENZINGER; ROMERO, 2013)
Deotti (2017) complementa que apesar dos inversores multi-string apresenta-
rem custo individual superior por possuir um seguidor de máxima potência para cada
arranjo de módulos, seu custo final em um sistema é menor comparado a soma dos
20

custos de dois ou mais inversores convencionais em um mesmo sistema.

Figura 5 – Configuração Multi-String

Fonte: RAMPINELLI, KRENZINGER e ROMERO, 2013, p.32.

Cada uma das configurações de inversores mostradas acima, tem suas parti-
cularidades e terão sua a aplicação definida de acordo com o tipo de sistema.
Deotti (2017, p. 79) diz por exemplo que “[...] os inversores de string (fileira de
módulos em série) são os que mais se destacam na aplicação de SFCR de pequeno
porte, principalmente sob a topologia de inversores multistring.”

3.3 Modelos para Simulação de SFCR’s

Para que que seja possível realizar a simulação de sistemas fotovoltaicos bem
como os efeitos do fator de dimensionamento do inversor (FDI) nos mesmos, é impor-
tante trabalhar com ferramentas matemáticas que ajudem a representar o funciona-
mento desses sistemas.
A partir da utilização de modelos que caracterizam as diferentes partes do sis-
tema fotovoltaico (FIG.6) é possível prever a geração do mesmo através de simulação,
utilizando para isso basicamente dados de entrada como a radiação incidente no
plano do gerador e temperatura ambiente. Além disso, esses modelos permitem que
se considerem diferentes potências nominais para o gerador fotovoltaico durante por
exemplo, a simulação dos efeitos do FDI. (MACÊDO, 2006; DEOTTI, 2017).
21

Figura 6 – Representação simplificada de um SFCR

Fonte: MACÊDO, 2006. p.47.

3.3.1 Módulo fotovoltaico

Uma das etapas envolvidas na simulação de sistemas fotovoltaicos está relaci-


onada a determinação de um modelo que represente a potência de saída dos módu-
los.
Macêdo (2006) afirma que a primeira etapa de simulação de um SFCR, con-
siste no levantamento da potência de saída de um único módulo e no posterior enten-
dimento de seu comportamento quando reunido no sistema.
Esse modelo utiliza, para obtenção da potência de saída dos módulos os fato-
res que influenciam em tal parâmetro, como por exemplo os fatores climatológicos e
também as perdas.
É o que afirma Macêdo (2006) quando diz que a potência produzida por um
gerador fotovoltaico depende de diversos fatores sendo os mais importantes a tempe-
ratura em que as células estão operando e a radiação que incide sobre o plano do
módulo, além de fatores adicionais, como as perdas nos cabeamentos, entre outras.
A potência absorvida pelo inversor utilizado depende do ponto de operação do
mesmo na curva característica de corrente versus tensão do módulo, uma vez que os
inversores atuais são dotados de algoritmos e estruturas de condicionamento de po-
tência para operar sempre no ponto de máxima potência, que por sua vez varia ao
longo do dia em função da temperatura e da radiação solar. (MACÊDO, 2006)
Em outras palavras, os inversores, buscam extrair a maior quantidade de po-
tência dos módulos fotovoltaicos, mas como a potência de saída dos geradores fo-
tovoltaicos está em constante variação com os valores climáticos, os valores máximos
absorvidos pelo inversor irão variar.
22

Outro fator a ser considerado, é a temperatura de operação da célula que na


realidade não condiz com o valor utilizado nas condições padrão de teste, o que faz
com que os parâmetros de operação divirjam dos parâmetros nas condições nominais.
Muitas vezes as células fotovoltaicas operam com temperaturas na casa dos
50 ou 60°, entretanto essas temperaturas de operação em campo são muito divergen-
tes da temperatura de operação apresentada nas condições padrão de teste (STC)
de 25°. Isso afeta diretamente os parâmetros característicos do módulo e causam di-
vergências entre a potência realmente entregue pelo mesmo e sua potência nominal.
(MACÊDO, 2006; DEOTTI, 2017)
Nesse contexto é empregado o coeficiente de temperatura para que se possa
compensar as variações ocorridas.
Macêdo (2006) destaca que os coeficientes de temperatura podem ser aplica-
dos a diferentes parâmetros relacionados ao desempenho dos módulos fotovoltaicos,
como corrente, tensão e potência e permitem analisar a taxa de variação de diferentes
parâmetros relacionados aos módulos fotovoltaicos em função da temperatura.
Macêdo (2006) também apresenta a equação (1), como alternativa ao cálculo
do coeficiente de temperatura do PMP (𝛾𝑀𝑃 ) :

𝑑𝑃𝑀𝑃 1 𝑑𝑉𝑀𝑃 1 𝑑𝐼𝑀𝑃 1 (1)


𝛾𝑚p = ∙ = ∙ + ∙
𝑑𝑇 𝑃𝑀𝑃 𝑑𝑇 𝑉𝑀𝑃 𝑑𝑇 𝐼𝑀𝑃

O coeficiente de temperatura do PMP é um dos fatores necessários para calcular


a potência máxima dos geradores fotovoltaicos como pode ser visto na equação (2),
que de acordo com Deotti (2017) é um modelo polinomial de potência, onde 𝛾𝑀𝑃 re-
0
presenta o coeficiente de temperatura de máxima potência, 𝑃𝐹𝑉 indica a potência no-
minal do módulo fotovoltaico, 𝐺k é a irradiância incidente no plano do módulo fotovol-
táico,𝑇𝐶 é a temperatura de operação das células e o subíndice 𝑟𝑒𝑓 indica as condi-
ções padrão de teste (STC).

0
𝐺k (2)
𝑃𝑀𝑃 = 𝑃𝐹𝑉 ∙ ∙ [1 − |𝛾𝑀𝑃 |(𝑇𝐶 − 𝑇𝐶,𝑟𝑒𝑓 )]
𝐺ref

Um valor mais próximo da realidade para a potência CC entregue ao inversor,


pode ser encontrado se a equação (2) for multiplicada pela eficiência do seguidor de
23

máxima potência ηSPMP, o que é representado pela equação (3). (MACÊDO, 2006)

0
𝐺k (3)
𝑃𝑀𝑃 = 𝑃𝐹𝑉 ∙ ∙ [1 − 𝛾𝑀𝑃 (𝑇𝐶 − 𝑇𝐶 𝑟𝑒𝑓 ) ηSPMP]
𝐺ref

Outro termo necessário para o cálculo da potência fornecida pelo gerador fo-
tovoltaico é a temperatura de operação da célula 𝑇𝐶 , que pode ser calculada segundo
Deotti (2017), através da equação (4), onde 𝑇𝐴𝑚𝑏 é a temperatura ambiente, 𝐺k a
irradiância no plano da célula ,e 𝑇𝑁𝑂𝐶 é a temperatura nominal de operação da célula.

𝐺k
𝑇C = 𝑇𝐴𝑚𝑏 + (𝑇 − 20) (4)
800 𝑁𝑂𝐶

3.3.2 Inversor

Para que se realize a simulação dos sistemas fotovoltaicos, também é neces-


sária uma modelagem do inversor, neste caso o interesse em modelar tal dispositivo
está em obter a sua potência de saída.
No estudo de Macêdo (2006) a potência de saída do inversor, foi obtida através
do modelo de eficiência de conversão do inversor, que é representada pela equação
0
(5) em Schmidt4 et al apud Macêdo (2006), onde 𝑝𝑆𝑎í𝑑𝑎 = 𝑃𝑆𝑎í𝑑𝑎 /𝑃𝐹𝑉 representa a po-
0
tência de saída normalizada em relação a potência nominal do inversor (𝑃𝐹𝑉 ).

𝑃𝑆𝑎í𝑑𝑎 𝑃𝑆𝑎í𝑑𝑎 𝑝𝑆𝑎í𝑑𝑎 (5)


𝜂𝐼𝑛𝑣 = = =
𝑃𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑃𝑆𝑎í𝑑𝑎 + 𝑃𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑆𝑎í𝑑𝑎 + 𝑘0 + 𝑘1 𝑝𝑆𝑎í𝑑𝑎 + 𝑘2 𝑝²𝑆𝑎í𝑑𝑎

Contudo durante o funcionamento do inversor e em seu processo de conver-


são, ocorrem diversos tipos de perda, e essas são representadas no processo de mo-
delagem através de alguns parâmetros.
O parâmetro 𝑘0 representa as perdas por autoconsumo atribuídas a medidores
e indicadores, dispositivos de controle e regulação, dispositivos de segurança e trans-
formadores de saída (quando houver); 𝑘1 representa as perdas que dependem

4
SCHMIDT, H.; JANTSCH, M.; SCHMD, J. In: 11thEuropean Photovoltaic Solar Energy Conference,
1992, Montreux, Switzerland. Results of the concerted action on power conditioning and control. Mon-
treux, Switzerland.
24

linearmente da potência de operação (queda de tensão em diodos, dispositivos de


comando, etc.) e 𝑘2 representa as perdas dependentes do quadrado da potência de
operação (perdas ôhmicas em cabos, bobinas, etc.). (MACÊDO, 2006; DEOTTI, 2017)
Mártin5 apud Macêdo (2006) fornece as equações (6), (7) e (8) para determina-
ção dos parâmetros 𝑘0 , 𝑘1 e 𝑘2 respectivamente, onde 𝜂𝐼𝑛𝑣1 , 𝜂𝐼𝑛𝑣0,5 , 𝜂𝐼𝑛𝑣0,1 são valores
que podem ser obtidos da curva de eficiência do inversor e que representam a efici-
ência instantânea correspondente a operação do inversor a 100%, 50% e 10% da
potência nominal.

1 1 1 1 5 1 (6)
𝑘0 = ∙ − ∙ + ∙
9 𝜂𝐼𝑛𝑣1 4 𝜂𝐼𝑛𝑣0,5 36 𝜂𝐼𝑛𝑣0,1
4 1 33 1 5 1 (7)
𝑘1 = − ∙ + ∙ − ∙ −1
3 𝜂𝐼𝑛𝑣1 12 𝜂𝐼𝑛𝑣0,5 12 𝜂𝐼𝑛𝑣0,1
20 1 5 1 5 1 (8)
𝑘2 = ∙ − ∙ + ∙
9 𝜂𝐼𝑛𝑣1 2 𝜂𝐼𝑛𝑣0,5 18 𝜂𝐼𝑛𝑣0,1

As perdas de potência, primeiramente são equacionadas através da equação


0
(9), depois são normalizadas com relação a potência nominal do inversor (𝑃𝑖𝑛𝑣 ) ob-
tendo-se a equação (10), reorganizando-se algebricamente chega-se à equação (11)
que permite calcular a potência de saída quando reescrita no formato da equação
(12). (MACÊDO, 2006; DEOTTI, 2017)

𝑃perdas = 𝑝𝐹𝑉 − 𝑃𝑆𝑎í𝑑𝑎 (9)


𝑃perdas = 𝑝𝐹𝑉 − 𝑃𝑆𝑎í𝑑𝑎 = 𝑘0 + 𝑘1 𝑝𝑆𝑎í𝑑𝑎 + 𝑘2 𝑝²𝑆𝑎í𝑑𝑎 (10)
𝑝𝑆𝑎í𝑑𝑎 (11)
𝑝𝐹𝑉 = = 𝑝𝑆𝑎í𝑑𝑎 + (𝑘0 + 𝑘1 𝑝𝑆𝑎í𝑑𝑎 + 𝑘2 𝑝2𝑆𝑎í𝑑𝑎 )
𝜂𝐼𝑛𝑣
𝑘0 − 𝑝𝐹𝑉 + (1 + 𝑘1 )𝑝𝑆𝑎í𝑑𝑎 + 𝑘2 𝑝2𝑆𝑎í𝑑𝑎 = 0 (12)

Deotti (2017) afirma que pode-se obter uma estimativa confiável da potência na
saída do inversor através da resolução da equação (12) e depois desfazendo a sua
normalização, contudo esse resultado pode se tornar mais ajustado a realidade e

5
CAAMAÑO-MARTÍN E. Edificios fotovoltaicos conectados à la red eléctrica: caracterización y análisis.
Doctoral Thesis. Escuela Técnica Superior de Ingenieros de Telecomunicación, Universidad Politécnica
de Madrid. Spain, 1998.
25

forem feitas algumas considerações a seu respeito, como apresentado nas equações
(13), (14) e (15).
A partir dessas considerações, verifica-se na equação (13), que quando não se
tem informações acerca da potência máxima limite de saída do inversor, convém uti-
lizar durante os cálculos a própria potência nominal do inversor como sendo a potência
máxima limite de saída do mesmo. (DEOTTI, 2017)
Nesse contexto a fala de Macêdo (2006) vai ao encontro do que é falado em
Deotti (2017) além de complementar dizendo que essa consideração é útil quando
não se tem informações sobre os valores máximos permissíveis para que o inversor
funcione sem que ocorra o comprometimento de sua integridade, ou em situações que
envolvem estudos que comparam a utilização da potência nominal do inversor ou da
potência máxima limite, para determinação de qual valor deve ser utilizado como po-
tência limite admissível.
No tocante as outras duas considerações, na equação (14), Deotti (2017)
afirma que se a potência de saída do inversor pode ser considerada nula se esta for
insuficiente para compensar o autoconsumo do inversor, pois nesta situação a mesma
não proporcionou geração efetiva ao sistema. Na equação (15), verifica-se uma con-
dição real de operação, pois a potência de saída foi suficiente para garantir uma ge-
ração efetiva, sem, entretanto, romper o limite de potência na saída do inversor.

𝑚á𝑥 𝑚á𝑥 (13)


𝑃𝑆𝑎í𝑑𝑎 = 𝑃𝐼𝑛𝑣 → 𝑠𝑒 𝑃𝑆𝑎í𝑑𝑎 ≥ 𝑃𝐼𝑛𝑣
0
𝑃𝑆𝑎í𝑑𝑎 = 0 → 𝑠𝑒 𝑃𝐹𝑉 ≤ 𝑘0 𝑃𝐼𝑛𝑣 (14)
0 0 𝑚á𝑥 (15)
𝑃𝑆𝑎í𝑑𝑎 = 𝑝𝑆𝑎í𝑑𝑎 ∙ 𝑃𝐼𝑛𝑣 → 𝑘0 𝑃𝐼𝑛𝑣 < 𝑃𝑆𝑎í𝑑𝑎 < 𝑃𝐼𝑛𝑣

3.4 Otimização do Fator de Dimensionamento do Inversor

Como já foi definido, a máxima potência que os módulos fotovoltaicos podem


fornecer está associada à sua operação nas condições padrões ou STC, entretanto a
potência que ele realmente entrega difere da máxima potência na maioria das vezes.
Deve-se considerar que na prática o gerador fotovoltaico raramente entrega
sua potência nominal, visto que as condições para que isso ocorra nem sempre acon-
tecem simultaneamente, ou seja, nem sempre ocorre o melhor ângulo de incidência
entre os raios solares e o painel, nem sempre as condições do céu garantem o nível
26

máximo de irradiância ao gerador fotovoltaico e além disso há situações em que a


temperatura da célula fotovoltaica ultrapassa a temperatura de 25° definida no STC,
fazendo com que a potência realmente fornecida pelo gerador fotovoltaico seja inferior
à potência nominal do mesmo. (MACÊDO, 2006)
O fato de os geradores fotovoltaicos na maioria das vezes fornecerem potência
abaixo da nominal, leva ao questionamento de como se deve dimensionar o inversor
a ser utilizado no projeto.
Para que se obtenha a máxima energia de saída e um SFCR, deve-se atentar
que o dimensionamento das potências nominal do gerador fotovoltaico e nominal CA
do inversor, deve ser feito de forma a não subutilizar e nem sobrecarregar o inversor.
Esses argumentos levaram os projetistas de sistemas fotovoltaicos a questionarem
porque não se utilizar um inversor com potência inferior a potência do gerador fotovol-
taico, uma vez que tais geradores dificilmente atingem sua potência nominal e os in-
versores por sua vez não devem operar com baixa carga. (MACÊDO, 2006)
Kil e Weiden6 apud Macêdo (2006. p.3) destacam que:
O subdimensionamento do inversor foi identificado no início da década de 90,
como uma possibilidade para reduzir o custo de um SFCR, uma vez que se
utiliza um inversor menor, reduzindo assim o custo do kWp instalado, com um
mínimo de alteração na produtividade.

Ainda nesse sentido Macêdo (2006) afirma que o sobredimensionamento do


gerador fotovoltaico em relação ao inversor é benéfico ao sistema , pois força o inver-
sor a entregar energia de melhor qualidade em dias nublados, ou no nascer e pôr do
sol, porém o sobredimensionamento excessivo do gerador, pode reduzir a vida útil do
inversor, uma vez que nessas situações ele estará submetido a níveis prolongados de
temperatura elevada.
Em outros termos, se a potência nominal do inversor é menor do que a do ge-
rador fotovoltaico, mesmo nos momentos do dia em que a potência gerada é baixa ele
conseguirá aproveitá-las, mas por outro lado se a potência do inversor for muito abaixo
da do gerador fotovoltaico ele atuará muito tempo recebendo excesso de carga e
aquecerá.
Nesse contexto é definido o fator de dimensionamento do inversor que permite
avaliar a relação entre as potências dos módulos e do inversor.

6
KIL, A. J.; WEIDEN, T. C. J. V. D. Performance of modular grid-connected PV systems with under-
sized inverters in Portugal and the Netherlands. Proceedings of 1s t WCPEC-IEE. Hawaii. 1994.
27

O fator de dimensionamento do inversor (FDI) é uma ferramenta que pode ser


utilizada na análise de dimensionamento de SFCR’s e é definido como a relação entre
0
potência nominal do inversor em corrente alternada (𝑃𝑖𝑛𝑣 ) e a potência nominal do
0
gerador fotovoltaico (𝑃𝐹𝑉 ) como representado na equação (16). (RAMPINELLI; KREN-
ZINGER; ROMERO, 2013; DEOTTI, 2017).

0
𝑃𝑖𝑛𝑣 (16)
𝐹𝐷𝐼 = 0
𝑃𝐹𝑉

Kathib, Mohamed e Sopian7 apud Paiva et al. (2016) ressaltam que uma vez
que análise do FDI depende de fatores como característica do clima local, temperatura
ambiente e radiação solar, ela é particular para cada localidade. Em relação aos dados
necessários destaca-se que a indisponibilidade de dados horários em pequenos inter-
valos de tempo é vista como um desafio a otimização, mas pode ser solucionado atra-
vés de dados horários gerados sinteticamente a partir de dados em intervalos maiores.
Complementando, Macêdo (2006) revela a necessidade de algumas condições
serem satisfeitas para que se possa sobredimensionar a potência do gerador fotovol-
taico em relação a potência nominal do inversor (o que segundo ele constitui-se e um
artifício interessante do ponto de vista de retorno do investimento), tais condições são
listadas abaixo:
• Disponibilidade de dados precisos da radiação incidente para efetuação dos
cálculos;
• Conhecimento da característica eficiência versus potência do inversor. Sobre-
dimensionamento é indicado principalmente para inversores que possuem
baixa eficiência ao operar com baixa potência;
• O inversor deve ser capaz de limitar a potência de forma rápida sem causar
danos ou interrupções aos dispositivos, além de ser capaz de limitar a potência
de maneira continuada no valor limite máximo permitido pelo equipamento,
desde que o valor máximo da temperatura de operação não seja ultrapassado.

7
KHATIB, T.; MOHAMED, A.; SOPIAN, K., 2013. A Review of photovoltaic systems size optimization
techniques. Elsevier, vol. 22, pp. 454-465
28

3.4.1 Perdas por sobrecarregamento do inversor

Como já mencionado anteriormente o subdimensionamento do inversor, pode


levar a perdas, nas situações em que o limite máximo de potência deste equipamento
é atingido, essas perdas são geralmente chamadas de perdas por sobrecarregamento
do inversor.
Deschamps (2018) diz que as perdas por sobrecarregamento ocorrem nas si-
tuações em que o inversor é obrigado a deslocar a tensão do ponto de máxima potên-
cia PMP em direção a tensão de circuito aberto Voc, em virtude da potência do gerador
fotovoltaico ter superado a máxima potência do inversor. Esse deslocamento da ten-
são de entrada faz com que parte da energia seja perdida, uma vez que o inversor
deixa de operar no ponto de máxima potência. As perdas por sobrecarregamento ge-
ralmente ocorrem quando o inversor é sobrecarregado excessivamente ou por razão
de elevados níveis de irradiância.
A FIG.7 mostra a ocorrência do corte de potência realizado em um inversor
teórico com potência de 1000 W em função do fator de carregamento do inversor (in-
verso do FDI). (DESCHAMPS, 2018) Pode-se observar na FIG.7 que a medida que o
inversor se torna mais sobrecarregado uma maior parcela de potência é perdida por
limitação.

Figura 7 – Efeito do corte da potência no inversor

Fonte: Deschamps, 2018. p. 77


29

Segundo Deotti (2017) a energia perdida por limitação do inversor, pode ser
obtida pela equação (17):

𝑡2 𝑡2 𝑚á𝑥
∫𝑡1 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑐.𝑐 ∫𝑡1 (𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 − 𝑃𝑖𝑛𝑣 ) 𝑑𝑡
𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑐.𝑐 [%] = 100 ∙ 𝑡2 = 100 ∙ 𝑡2 (17)
∫𝑡1 𝑃𝑚𝑝 𝑑𝑡 ∫𝑡1 𝑃𝑚𝑝 𝑑𝑡

Além do processo de limitação devido ao excesso de potência, o inversor tam-


bém possui um outro processo de proteção que visa atuar sobre a potência nas con-
dições em que um determinado limite de temperatura interna é atingido.
Segundo Deschamps (2018) o inversor irá reduzir a potência nos casos em que
o monitoramento da temperatura interna, indicar condições como sobretemperatura,
sobretensão e sobrefrequência da rede; sobretensão e sobrecorrente de entrada, en-
tre outros; e nos casos em que a temperatura continuar subindo o mesmo irá se des-
conectar da rede e voltará a se conectar somente quando houver redução na tempe-
ratura.

3.4.2 Métodos para otimização do FDI

A seguir serão abordados alguns métodos de análise e otimização do FDI en-


contrados durante a revisão bibliográfica.
No estudo de Macêdo (2006), foi avaliado o FDI para várias localidades brasi-
leiras, empregando um método de simulação, realizada através de modelagem mate-
mática das partes de um SFCR que permitiu avaliar o FDI que garante a maior efici-
ência ao sistema através da maior produção anual (maior kWh/kWp) e o FDI que ga-
rante o menor custo da energia produzida (menor custo em US$/kWp).
Esse método foi dividido em algumas etapas, onde primeiramente utilizou-se
os dados horários de radiação solar no plano horizontal (obtidos de valores medidos
já existentes ou por meio de modelos estatísticos) para obtenção da radiação horária
global no plano do gerador. Em seguida aplicou-se tais valores, juntamente com os
valores de temperatura ambiente na obtenção da potência máxima de saída do gera-
dor fotovoltaico. A potência de saída do inversor foi obtida através de um modelo ma-
temático dependente da eficiência do inversor. Por fim, a energia elétrica CA produ-
zida pelo SFCR foi calculada para diversos pares (gerador – inversor) tornando
30

0 0
possível a determinação da melhor configuração (𝑃𝐹𝑉 , 𝑃𝑖𝑛𝑣 ) em termos da maior pro-
dução anual e do menor custo do kWh produzido.
Além da determinação da produtividade anual do sistema e do custo de energia
em função do FDI, no estudo de Macêdo(2006) também foi a realizada a simulação
das perdas por limitação de potência e totais em função do FDI, quando concluiu-se
que as perdas por limitação de potência do inversor são menores que 3%, para um
FDI igual a 0,6, independentemente do modelo de inversor e da localidade de análise.
Em termos de produtividade Macêdo (2006), concluiu que, valores de FDI superiores
a 0,55 não levam a grandes diferenças em termos de produtividade para um mesmo
inversor, porém essa diferença torna-se maior quando comparados modelos de inver-
sores diferentes, em relação ao custo da energia produzida, o autor concluiu que o
custo mínimo da energia produzida se dá para uma faixa de FDI entre 0,5 e 0,7. A
FIG.8 mostra a produtividade em função do FDI, para diversos modelos de inversor
quando utilizados

Figura 8 – Análise da produtividade em função do FDI

Fonte: Macêdo (2006)

Paiva (2016) avaliou o FDI ótimo para a cidade de Goiânia – GO para diferentes
faixas de orientação e inclinação do gerador fotovoltaico variando de -90º a +90º o
31

ângulo azimutal e de 0 a 90º a inclinação dos módulos. O estudo utilizou doze anos
de medições de irradiação e temperatura ambiente na base horária, provenientes de
uma estação automática do INMET. O algoritmo representado na (FIG.9), foi utilizado
para simulação do SFCR, de forma bem semelhante à de Macêdo (2006). A modela-
gem aplicada ao sistema foi dividida em três etapas, na qual o modelo 1 representa a
obtenção de dados de irradiação no plano do gerador a partir da irradiação global
horizontal, o modelo 2 representa a obtenção da potência de entrada do inversor e o
modelo 3 representa a obtenção da potência de saída CA do inversor.

Figura 9 – Algoritmo para avaliação de SFCR

Fonte: PAIVA, 2016. p.59

A otimização do FDI, (FIG.10) foi obtida pelo método de Burger e Ruther8 apud
Paiva (2016) na qual foi estabelecida uma perda anual máxima por limitação de po-
tência do inversor igual a 0,5%, o autor também realizou comparações entre valores
de alguns indicadores obtidos com o FDI unitário e com o FDI ideal. Ao comparar por
exemplo o a taxa interna de retorno (TIR) e o custo da energia para o FDI unitário e
o FDI ideal no posicionamento ótimo do gerador fotovoltaico, o autor indica que do
ponto de vista financeiro a otimização do FDI se torna atrativa, pois levou a uma re-
dução do custo de energia de cerca de 10% e a um aumento da taxa de retorno do
investimento também de cerca de 10%. O estudo também avaliou o FDI ótimo através

8
Burger, B.; Rüther, R., 2006. Inverter sizing of grid-connected photovoltaic systems in the light of lo-
cal solar resource distribution characteristics and temperature, Solar Energy, vol. 80, p. 32-45, 2006.
32

de outras figuras de mérito conhecidas, como produtividade (YF), Performance Ratio


(PR) e valor presente líquido (VPL). Em termos de produtividade do sistema o estudo
concluiu que o FDI ótimo para a localidade estudada se encontra entre 1 e 1,1, porém
o autor concluiu que o método mais adequado foi o que considera um limite de perdas
por limitação de potência do inversor.

Figura 10 – FDI ótimo em função do posicionamento do painel FV

Fonte: Paiva, 2016. p. 71

Deschamps (2018) realizou um estudo da otimização do fator de carregamento


do inversor (FCI) que corresponde ao inverso do FDI, para sistemas de grande porte
conectados à rede. Para isso ele realizou um estudo teórico e experimental de um
sistema de 10,712 kWp localizado no interior da Bahia, constituído de módulos de
cinco tecnologias diferentes. No estudo foram estimadas as perdas por sobrecarrega-
mento para diferentes fatores de carregamento do inversor, e conclui-se que para fa-
tores de carregamento próximos a 120% (valor normalmente empregado nas usinas
FV da região estudada), as perdas variaram de 0,3 a 2,4 de acordo com a tecnologia.
O FCI ótimo foi obtido através do máximo valor da relação entre geração marginal e
custo marginal devido o sobrecarregamento do inversor, equação (18), considerando
diferentes proporções de custo da parte CC.
33

𝐺𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙𝑖
𝐹𝐷𝐼Ó𝑡𝑖𝑚𝑜 = 𝑀á𝑥 [ ] (18)
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙𝑖

O autor concluiu que para uma proporção de custo cc de 68% os fatores de


carregamento do inversor, ótimos, variaram de 122 a 134%, dependendo da tecnolo-
gia.

3.5 Figuras de Mérito

Para que se possa analisar o desempenho dos SFCR é importante ter conhe-
cimento de algumas ferramentas que auxiliam neste processo. Nesse contexto as fi-
guras de mérito são vistas como ferramentas úteis para análise, dimensionamento e
comparação de sistemas fotovoltaicos.
As figuras de mérito são parâmetros que permitem avaliar o desempenho de
sistemas fotovoltaicos, podendo ser utilizadas para comparar sistemas que apresen-
tam diferenças dimensionais ou meteorológicas ou ainda a comparação da operação
de um mesmo sistema em diferentes períodos de tempo. (DEOTTI, 2017)
Paiva (2016, p. 74) ressalta que as figuras de mérito “... permitem analisar o
funcionamento de um SFCR do ponto de vista de produção de energia, recurso solar,
perdas e custos financeiros de modo a orientar o dimensionamento ou analisar uma
planta em operação.”

3.5.1 Análise de desempenho

Uma das figuras de mérito que pode ser aplicada para avaliar o desempenho
de sistemas fotovoltaicos é a produtividade do sistema, que de acordo com Macêdo
(2006), pode ser determinada para um dado período de tempo (t2-t1) pela equação
(19), que relaciona a energia produzida na saída do inversor com a potência nominal
do gerador fotovoltaico.

𝑡2
∫ 𝑃𝑆𝑎í𝑑𝑎 𝑑𝑡
𝑌𝐹 = 𝑡1 0 (19)
𝑃𝐹𝑉
34

A produtividade do sistema é útil quando se deseja comparar sistemas fotovol-


taicos com características diferentes em termos de construção e equipamentos, con-
forme relatado por Deschamps (2018, p. 53) que afirma que:
A produtividade de um sistema, também chamada yield, reflete o desempe-
nho de cada sistema fotovoltaico, normalizado em relação à potência insta-
lada, ou seja, representa o quanto de energia elétrica um sistema produz
(kWh) por unidade de potência nominal instalada (kWp), normalmente na
base anual. Desta forma, sistemas fotovoltaicos de diferentes tamanhos, ar-
ranjos e tecnologias podem ser comparados.

Outra figura de mérito que pode ser utilizada na avaliação de sistemas fotovol-
taicos é a taxa de desempenho também conhecida como Performance Ratio (PR). De
acordo com Macêdo (2006) a PR considera todas as perdas envolvidas no sistema
fotovoltaico conectado à rede e pode ser expressa pela equação (20):

𝑌𝐹
𝑃𝑅 = 𝑡2
∫𝑡1 𝐻𝑡,𝛽 𝑑𝑡 (20)
𝐻𝑟𝑒𝑓

Além da avaliação do desempenho dos sistemas fotovoltaicos do ponto de vista


das perdas totais, a taxa de desempenho também está relacionada com a avaliação
de sistemas fotovoltaicos que se encontram em localidades e orientações distintas.
Skoplaki e Palyvos9 apud Deschamps (2018, p. 54) afirmam que:
O desempenho de um sistema fotovoltaico é tipicamente medido
pela Taxa de Desempenho (Performance Ratio – PR), que é definido
como a relação entre o desempenho real do sistema e o desempenho
máximo teórico possível. A PR é um parâmetro muito utilizado, pois
permite comparar sistemas FV instalados em locais e/ou orientações
diferentes e avalia a geração de energia elétrica levando em consideração
a potência real do sistema sob condições de operação.

O fator de capacidade (FC) por sua vez, apesar de ser uma figura de mérito
muito empregada para avaliar o desempenho de geradoras convencionais como hi-
drelétricas e termelétricas, também pode ser utilizado para avaliar sistemas fotovoltai-
cos. O FC representado na equação (21) é a relação entre a energia gerada em de-
terminado intervalo de tempo e a energia que poderia ser gerada pelo gerador ope-
rando na potência nominal. (DEOTTI, 2017)

9
SKOPLAKI, E.; PALYVOS, J. A. Operating temperature of photovoltaic modules: a survey of perti-
nent correlations. Renewable Energy. Issue 1, v.34, p.23-29, 2009b
35

𝑡2
∫ 𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑑𝑡 (21)
𝐹𝐶 = 𝑡1
0
𝑃𝐹𝑉 (𝑡2 − 𝑡1)

Deschamps (2018) afirma que os fatores de capacidade encontrados em usinas


que variavam de 10 a 20%, nos últimos tempos vem se tornando consideravelmente
maiores em virtude de fatores como o aumento do emprego de seguidor solar, bem
como devido ao aumento do carregamento dos inversores, impulsionados pelo decai-
mento dos custos relativos aos módulos fotovoltaicos.

3.5.2 Análise financeira

A análise financeira é uma importante etapa para tomada de decisão acerca da


viabilidade de um projeto, e deve ser feita utilizando métodos de análise de investi-
mento adequados.
Um dos métodos utilizados para avaliar economicamente um projeto, é o do
valor presente líquido (VPL) que segundo Samanez (2007, p. 179) “...mede o valor
presente dos fluxos de caixa gerados pelo projeto ao longo de sua vida útil”.
O VPL pode ser calculado pela equação (22), fornecida por Samanez (2007),
onde FC é o fluxo de caixa no t-ésimo período, I o investimento inicial, K é o custo de
capital ou taxa de desconto:

𝑛
𝐹𝐶𝑡 (22)
𝑉𝑃𝐿 = −𝐼 + ∑
(1 + 𝐾 ) 𝑡
𝑡=1

Ainda segundo Samanez (2007), a utilização do VPL tem como objetivo a busca
de investimentos que entreguem ao investidor um valor maior do que o aplicado, le-
vando em consideração as incertezas referentes aos fluxos de caixas futuros e pode-
se considerar que tal feito foi atingido quando o VPL for positivo, indicando a viabili-
dade econômica do projeto.
Na representação do VPL os fluxos de caixa são ajustados para valores pre-
sentes através da taxa de desconto, pois fluxos de épocas diferentes só podem ser
comparados no momento em que são convertidos para valores da mesma época.
(SAMANEZ, 2007).
36

O tempo de retorno de um investimento (payback) pode ser determinado ana-


lisando o fluxo de caixa do projeto, ou mais precisamente o momento em que o fluxo
de caixa acumulado se torna positivo, esse cálculo pode acontecer pelo payback sim-
ples quando o valor do dinheiro no tempo não é considerado, ou pelo payback des-
contado que leva em conta o valor do dinheiro no tempo e é considerado mais confi-
ável.(NAKABAYASHI, 2014)
Uma ferramenta de análise interessante do ponto de vista do custo benefício,
se encontra em Deschamps (2018), onde o FCI (Fator de carregamento do inversor –
inverso do FDI) ótimo é determinado pelo máximo valor obtido da relação entre a ge-
ração marginal e o custo marginal devido ao sobrecarregamento do inversor FV, equa-
ção (18), que representa a busca pelo maior acréscimo na geração por unidade de
custo empregado.
Segundo Deschamps (2018) a geração marginal FV e o custo marginal são
dados pelas equações (23) e (24) respectivamente, sendo que ambas dependem das
perdas por sobrecarregamento do inversor devido cada FCI. O custo marginal é o
acréscimo que ocorre no custo devido o sobrecarregamento ou custo CC.

𝐺𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙𝑖 = 𝐹𝐷𝐼𝑖 − [𝐹𝐷𝐼𝑖 𝑥 𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑐] (23)

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙𝑖 = 1 + [(𝐹𝐷𝐼𝑖 − 1) 𝑥 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑐𝑐)] (24)

Deschamps (2018), estabeleceu três cenários representando diferentes propor-


ções do custo CC para o sistema como pode ser visto na FIG.11, onde o ponto máximo
de cada curva representa o maior acréscimo de geração por unidade de custo apli-
cado em relação a um FCI de referência.
37

Figura 11 – Representação da relação entre Geração marginal e custo marginal

Fonte: Deschamps, 2018. p.81

3.6 Dimensionamento de SFCR

O projeto de sistemas fotovoltaicos envolve diversos fatores, que juntos atuam


para possibilitar que o gerador fotovoltaico seja capaz de suprir a demanda solicitada.
Segundo Pinho e Galdino (2014) entre os fatores considerados no projeto estão a
estética, a orientação dos módulos, a demanda a ser atendida, as disponibilidades de
área e recurso solar entre outros.
Ainda segundo Pinho e Galdino (2014, p. 299), os seguintes itens constituem-
se como as principais etapas de um projeto de um sistema fotovoltaico:
1 – Levantamento adequado do recurso solar no local da aplicação;
2 – Definição da localização e orientação do sistema;
3 – Levantamento adequado de demanda e consumo de Energia Elétrica;
4 - Dimensionamento do gerador fotovoltaico;
5 – Dimensionamento dos equipamentos de condicionamento de potência
que, no caso dos SFCR, se restringe ao inversor para interligação com a rede;
6 – Dimensionamento do sistema de armazenamento, usualmente associado
aos sistemas isolados.

O levantamento do recurso solar de determinado local é obtido por meio do


número de horas de sol pleno (HSP), cujo conceito já foi abordado no tópico sobre
recurso solar.
Na escolha da localização e orientação do sistema é importante se atentar a
alguns fatores que podem afetar o desempenho do sistema, como existência de ele-
mentos e estruturas que possam provocar sombreamentos.
38

Pinho e Galdino (2014) afirmam que os sombreamentos provocados por ele-


mentos, além das superfícies reflexivas nos arredores e capacidade de troca de calor
com o meio, são fatores que afetam e eficiência dos painéis, e que uma boa estimativa
do efeito dos mesmos na radiação que incide sobre os módulos deve levar em consi-
deração tanto os elementos de sombreamento atuais quanto os potenciais, além re-
fletividade do chão e de elementos próximos (albedo).
Segundo Pinho e Galdino (2014), o dimensionamento do gerador fotovoltaico,
deve considerar o consumo médio anual da edificação decrescido o valor do custo de
disponibilidade do sistema e pode ser obtido através da equação (25), que fornece a
potência de pico do painel fotovoltaico PFV que é capaz de suprir a parcela da de-
manda de energia elétrica, sendo que E(Wh/dia) representa o consumo médio diário
anual da edificação ou fração deste; HSPMA (h) a média diária anual das HSP incidente
no plano do painel FV e TD a taxa de desempenho.

(𝐸/𝑇𝐷) (25)
𝑃𝐹𝑉 (𝑊𝑝) =
𝐻𝑆𝑃𝑀𝐴

Outra importante etapa do projeto de sistemas fotovoltaicos é a escolha dos


módulos fotovoltaicos, essa escolha não envolve apenas o fator financeiro, pois é ne-
cessário avaliar também os aspectos relacionados a dimensão dos módulos, custos
das estruturas metálicas entre outros. Segundo Pinho e Galdino (2014) deve-se con-
siderar a área de ocupação de cada tecnologia, custo da energia, vantagens arquite-
tônicas, além do quesito confiabilidade do fabricante no que diz respeito ao período
de garantia e a eficiência do produto oferecido. Os autores ainda destacam a impor-
tância da área de ocupação dos geradores fotovoltaicos, visto que módulos que te-
nham menor eficiência (como os de filme fino) e ocupem maiores áreas podem ainda
assim apresentar uma melhor relação de custo por unidade de área, porém módulos
de maior eficiência como os de c-Si levam a uma redução nos custos relacionados as
estruturas metálicas e cabeamentos.
De acordo com Santos (2016) o número de módulos do gerador fotovoltaico
pode ser estimado através da equação (26):

𝑃𝑝𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 (26)


𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 =
𝑃𝑝𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜
39

No que diz respeito as instalações físicas do gerador fotovoltaico, tem-se que


a orientação e inclinação dos módulos afetam a eficiência do sistema, tornando-se
interessante sempre buscar o posicionamento que leve ao melhor desempenho. De
acordo com Santos (2016, p. 9):
O maior aproveitamento da energia solar é obtido pela inclinação de um mó-
dulo em ângulo igual à latitude local e orientado ao norte em virtude da incli-
nação do eixo terrestre em relação à órbita solar. Nesse sentido, o potencial
de geração dos módulos fotovoltaicos é diretamente influenciado pela incli-
nação do mesmo, podendo acarretar em perdas. Por este motivo, é de suma
importância que o projeto considere a posição mais favorável para o módulo
em termos arquitetônicos e também de potencial de geração.

3.6.1 Dimensionamento do inversor

Para o correto dimensionamento do inversor deve ser consideração o efeito da


temperatura na tensão dos painéis fotovoltaicos, visto que conforme já mencionado,
as variações de temperatura de operação das células levam a variação das tensões
de saída do gerador fotovoltaico.
Pinho e Galdino (2014) destacam que em virtude da forte dependência da ten-
são de um módulo fotovoltaico em relação a temperatura, deve-se considerar na etapa
de dimensionamento as condições extremas de inverno e verão.
Os inversores, possuem determinados limites e faixas de operação para tensão
e corrente de entrada e o dimensionamento deve ser feito de tal forma que respeite
esses limites para garantir o correto funcionamento e evitar que o equipamento seja
danificado.
O limite máximo de tensão de entrada do inversor, nunca deve ser ultrapas-
sado, pois constituem-se em um dos maiores riscos de danos ao equipamento. O
sistema atinge a máxima tensão em condições de baixas temperaturas em que o pai-
nel se encontra na condição de circuito aberto (Voc), o que geralmente pode ocorrer
durante o inverno, no nascer do sol, ou durante falhas na rede que levam a descone-
xão do sistema e colocam os módulos em circuito aberto. (PINHO; GALDINO, 2014).
Ainda segundo Pinho e Galdino (2014), o número máximo de módulos em série
que podem ser conectados a entrada do inversor é dado pela equação (27). Além
disso deve ser respeitada a tensão máxima que o módulo pode suportar (em torno de
1000V), disponibilizada pelo fabricante nas informações técnicas do módulo.

𝑁º 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠𝑠é𝑟𝑖𝑒 . 𝑉𝑜𝑐𝑇𝑚𝑖𝑛 < 𝑉𝑖𝑚𝑎𝑥 (27)


40

Onde: Vimax (V) é a máxima tensão CC admitida na entrada do inversor;


VocTmin (V) é a tensão de circuito aberto de um módulo FV na menor temperatura de
operação prevista.
Para o cálculo da tensão de circuito aberto em temperaturas diferentes do STC,
Pinho e Galdino (2014), fornecem a equação (28), onde β é o coeficiente de variação
da tensão de circuito aberto com a temperatura:

𝑉𝑂𝐶 (𝑇) = 𝑉𝑂𝐶𝑠𝑡𝑐 ∙ (1 + 𝛽 ∙ (𝑇 − 25)) (28)

O Dimensionamento do inversor também deve respeitar os limites de operação


do SPPM do inversor , conforme equação (29), de forma que o número de módulos
ligados em série, resulte em tensões que durante o verão (em que as temperaturas
do módulo são elevadas) não fique abaixo na tensão mínima do SPPM evitando des-
conexão, e que durante os períodos frios não exceda a máxima tensão do SPPM.
(PINHO; GALDINO, 2014).

𝑉𝑖𝑆𝑃𝑀𝑃𝑚𝑖𝑛 𝑉𝑖𝑆𝑃𝑀𝑃𝑚𝑎𝑥 (29)


< 𝑁° 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠𝑠é𝑟𝑖𝑒 <
𝑉𝑚𝑝𝑇𝑚𝑎𝑥 𝑉𝑚𝑝𝑇𝑚𝑖𝑛

Onde: ViSPMPmin (V) – Mínima tensão de operação do SPMP em c.c; ViSPMPmax


(V) – Máxima tensão de operação do SPMP em c.c; VMPTmin (V) – Tensão de máxima
potência do módulo, na menor temperatura prevista; VMPTmax (V) – Tensão de máxima
potência do módulo, na maior temperatura prevista.
Durante o dimensionamento do inversor, também deve-se atentar que existe
um limite de corrente que o equipamento suporta em sua entrada. Segundo Pinho e
Galdino (2014) o cálculo do número máximo de fileiras de módulos fotovoltaicos que
podem ser conectados em série, para que o valor da corrente máxima de entrada do
inversor não seja ultrapassado, é dado pela equação (30). Onde: Iimáx (A) é a corrente
máxima c.c admitida na entrada do inversor e ISC (A) é a corrente de curto circuito do
módulo FV no STC.

𝐼𝑖𝑚á𝑥 (30)
𝑁° 𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑠𝐹𝑉𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 =
𝐼𝑆𝐶
41

3.6.2 Dimensionamento do cabeamento do sistema

O cabeamento utilizado nos sistemas fotovoltaicos é dimensionado visando


atender a capacidade do sistema, além de respeitar os limites de queda tensão im-
postos em normas.
Spaduto et al. (2013) afirma que o cabeamento CC escolhido, deve ser tal que
suporte as condições de tensão máxima de circuito aberto na fileira de módulos, ou
seja, a tensão de circuito aberto a -10°C.
Segundo Spaduto et al. (2013) a seção mínima do condutor CC de uma fileira
de módulos pode ser obtida com a equação (31), onde a queda de tensão máxima
admissível considerada é de 1%, a condutividade do cabo de cobre a 70° é k=48,
VMP70°C é a tensão de máxima potência da fileira a 70°C, d é a distância dos cabos do
módulo a caixa de junção e Ifileira é a corrente de curto circuito da fileira em 70° multi-
plicada por um fator de 1,35 conforme norma IEC 60364-7-712.

2 ∙ 𝑑 ∙ 𝐼𝑓𝑖𝑙𝑒𝑖𝑟𝑎 (31)
𝐴𝑚 =
0,01 ∙ 𝑉𝑀𝑃 70°𝐶 ∙ 𝑘

O cabeamento CA por sua vez deve ser dimensionado considerando uma cor-
rente Imáx CA igual a 1,25 vezes a corrente nominal AC, deve-se considerar que a se-
ção transversal da fase tenha no mínimo 2.5 mm², a seção transversal do cabo AC
pode ser obtida da equação (32), onde LCA é o comprimento total do cabea-
mento, cosφ é o fator de potência, Vn a tensão da rede e k=48 a condutividade do
cobre a 70°C. (SPADUTO et al., 2013)

𝐿𝐶𝐴 ∙ 𝐼𝑚á𝑥 𝐶𝐴 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑 (32)


𝐴𝑚 =
0,01 ∙ 𝑉𝑛 ∙ 𝑘

3.7 Fontes de Dados Climatológicos

Para que se possa realizar os estudos teóricos e simulação dos modelos dos
SFCR é importante que se utilize fontes de dados que forneçam valores confiáveis de
grandezas como temperatura ambiente e radiação solar.
42

Dados relacionados a radiação solar em diferentes bases de tempo, como ho-


rária, diária e mensal, são disponibilizados por diversas fontes de dado. Fontes como
o Atlas Solarimétrico Brasileiro (ASB) e o projeto SWERA (do inglês “Solar and Wind
Energy Resource Assesment”) fornecem valores de irradiação observados historica-
mente. No que se refere aos estudos relacionados a geração fotovoltaica essas fontes
são aplicadas apenas nos mais superficiais pois são consideradas pouco efetivas para
estudos avançados. (DEOTTI, 2017)
Nos estudos mais avançados Deotti (2017) considera interessante adotar para
obtenção de dados fontes, como o Sistema de Organização Nacional de Dados Am-
bientais (SONDA), o instituto Nacional de Metereologia (INMET) e o software comer-
cial Meteonorm.
A SONDA conta com estações com equipamentos avançados e capaz de for-
necer dados de irradiação horária em intervalos minuto, porém sua utilização em es-
tudos de geração fotovoltaica é limitada a apenas algumas regiões brasileiras, pois
conta com um número reduzido de estações meteorológicas (17 ao todo). Ao contrário
do SONDA, o INMET fornece dados meteorológicos através de diversas estações au-
tomáticas espalhadas no território brasileiro, porém os dados do INMET são forneci-
dos em bases horárias. (DEOTTI, 2017)
O METEONORM por sua vez é um software comercial que possui uma ampla
base de dados relacionados à energia solar para diversas regiões do mundo, sendo
utilizado como fonte de dados para diversos softwares relacionados a sistemas fo-
tovoltaicos. Os modelos utilizados no software METEONORM possibilitam que valores
médios mensais sejam calculados a partir de valores mensais provenientes de inter-
polações de estações próximas ou de séries históricas. Além disso ele permite a ma-
nipulação de valores externos como os provenientes de estações meteorológicas, per-
mitindo estimar a irradiação incidente em inclinações e orientações diferentes das co-
letadas. (MACÊDO, 2006; DEOTTI, 2017)
43

4 DESENVOLVIMENTO

Nesta seção é apresentada a metodologia aplicada neste trabalho, quanto aos


procedimentos utilizados para obtenção de dados, que foi dividida em dois estudos de
caso.
No estudo de caso 1 são apresentados os procedimentos utilizados na simula-
ção matemática para determinar o FDI ótimo para o projeto fotovoltaico de uma resi-
dência situada na cidade de Sete Lagoas-MG.
No estudo de caso 2 são relatados os passos para avaliação de um sistema
fotovoltaico instalado no campus da UniverCemig, também em Sete Lagoas, de forma
observar o comportamento de um inversor que se encontra subdimensionado, princi-
palmente no que se refere às perdas por limitação apresentadas pelo mesmo.

4.1 Estudo de Caso 1

4.1.1 Levantamento dos dados

O primeiro passo para análise do FDI para o projeto de um sistema fotovoltaico


conectado à rede na cidade de Sete Lagoas, consistiu no levantamento de dados so-
larimétricos da região escolhida para análise. Desta forma realizou-se uma inspeção
visual da residência para qual seria realizado o dimensionamento e otimização do FDI,
para visualização de aspectos como o Azimute 10, inclinação do telhado e área dispo-
nível no mesmo para receber os módulos fotovoltaicos. A tabela 1 apresenta um re-
sumo das informações levantadas.

Tabela 1 – Informações levantadas para dimensionamento FV


Informação Valor
Azimute -80° ou 80E
Inclinação do telhado 30°
Área disponível 100 m²
Fonte: Elaborado pelo autor

Os dados climatológicos necessários foram obtidos por meio do software Me-


teonorm11. Uma vez que a versão gratuita do mesmo não apresentava as informações

10
Deslocamento da superfície em relação ao norte geográfico
11
https://meteonorm.com/
44

necessárias de forma detalhada, foi feita uma solicitação dos dados necessários atra-
vés de um e-mail enviado a equipe de suporte do Meteonorm, que prontamente aten-
deu ao pedido. Os dados enviados pelo Meteonorm são provenientes de interpolação
de séries históricas de dados de estações meteorológicas próximas.
Os dados climatológicos foram solicitados de forma que fosse possível realizar
a análise do FDI em duas diferentes situações:
• Situação 1 - inclinação de 30° e Azimute de 80°E
• Situação 2 - inclinação de 20° e Azimute de 0°=N
A situação 1 refere-se ao posicionamento real da residência em estudo, en-
quanto que a situação 2 refere-se ao que é considerado o posicionamento ideal de
um sistema fotovoltaico na região de Sete Lagoas, ou seja, inclinação igual a latitude
local e deslocamento da direção do módulo em relação ao norte igual a zero graus.
Os dados solicitados, possuem intervalos de 1 minuto, pois de acordo com Des-
champs (2018), dados de radiação solar em altas resoluções temporais, permite de-
tectar eventos de extrema irradiância que ocorrem em pequenos intervalos de tempo
e podem alterar os resultados de uma análise fotovoltaica.
Os GRAF.1 e 2 apresentam um resumo dos dados de irradiação e temperatura,
respectivamente, obtidos por meio do Meteonorm, para as situações 1 e 2.

Gráfico 1 – Irradiação média no plano dos módulos FV

Fonte: Elaborado com dados fornecidos pelo Meteonorm


45

Gráfico 2 – Temperatura média mensal do ar

Fonte: Elaborado com dados fornecidos pelo Meteonorm

4.1.2 Determinação do gerador fotovoltaico

De posse dos dados solarimétricos e das informações referentes ao posiciona-


mento da residência foi feito um pré-dimensionamento do SFCR para que se pudesse
selecionar os componentes a serem empregados no estudo. Para que que fosse pos-
sível realizar o dimensionamento do SFCR foi feito um levantamento do consumo da
residência estudada, além do consumo de uma segunda residência que será compen-
sado pelo sistema fotovoltaico em estudo, visto que o cadastro de ambas as residên-
cias na concessionária de energia se encontra no CPF do mesmo proprietário, se
enquadrando portanto nos critérios para compensação de energia elétrica estabeleci-
dos pela Aneel na resolução normativa 687/2015. O consumo médio mensal, bem
como a média anual, foi levantado com base no histórico de faturas de energia das
residências para um período de 12 meses de abril/2018 a março/2019. A tabela 2,
apresenta o consumo médio mensal subtraindo-se a parcela de consumo referente ao
custo de disponibilidade12 que não pode ser incluída no sistema de compensação de
energia elétrica.

12
Valor mínimo a ser pago na fatura mensal de energia, que segundo a REN nº 414/2010 ANEEL,
para consumidores do grupo B equivale a 30kWh se monofásico ou bifásico a 2 condutores.
46

Tabela 2 - Consumo médio mensal (kWh) menos custo de disponibilidade


Mês/Ano Residência 1 Residência 2 Res1 + Res2
abr/18 154 71 225
mai/18 137 57 194
jun/18 126 40 166
jul/18 136 70 206
ago/18 150 79 229
set/18 148 71 219
out/18 140 99 239
nov/18 113 77 190
dez/18 107 85 192
jan/19 136 137 273
fev/19 120 108 228
mar/19 128 113 241
Total anual 1595 1007 2602
Fonte: Elaborado com dados da pesquisa

Em seguida foram utilizadas as irradiações mensais médias diárias para o cál-


culo da média diária das horas de sol pleno, conforme apresentado na tabela 3.

Tabela 3 - Média diária de Horas de sol pleno em cada mês


Mês HSP (h/dia)
jan. 4,51
fev. 5,34
mar. 4,21
abr. 4,25
mai. 3,79
jun. 3,78
jul. 4,09
ago. 4,46
set. 4,63
out. 4,69
nov. 4,58
dez. 4,16
Média diária de HSP por ano 4,37
Fonte: Elaborado pelo autor com dados fornecidos pelo Meteonorm
47

Aplicando a média diária anual de HSP e o consumo médio das residências na


equação (25), foi estimada a potência de pico do gerador FV, necessária para suprir
a demanda das duas residências em questão. O resultado apontou que seria neces-
sário um painel FV com potência de 2,17kWp.
Para determinação do módulo FV utilizado no projeto foi realizada um levanta-
mento dos módulos presentes no mercado Brasileiro (tabela 4), foi verificado uma
predominância dos módulos da tecnologia de silício cristalino em particular os de silí-
cio policristalino. Para escolha do módulo a ser utilizado levou-se em conta a expres-
sividade do Fabricante associada ao custo por Wp.

4.1.3 Seleção do módulo fotovoltaico

Tabela 4 – Levantamento dos módulos FV disponíveis no mercado nacional


Pot. máx Preço Eficiência
Marca Modelo Tecn. R$/Wp
(Wp) (R$) (%)

YL150P-
Yingli p-Si 150 420 15 2,80
17b
CS6K-
Canadian p-Si 275 600 16,8 2,18
275P
YL270P-
Yingli p-Si 270 590 16,6 2,19
29b
BYD270P
BYD p-Si 270 570 16,5 2,11
6C-30
CS6P-
Canadian p-Si 260 570 16,16 2,19
260P
CS6P-
Canadian p-Si 255 570 15,85 2,24
255P
YL275D-
Yingle m-Si 275 750 16,9 2,73
30b
Fonte: Elaborado com informações de revendedores

Utilizando os critérios mencionados optou-se pela escolha do módulo FV Ca-


nadian CS6K-275P, visto que esta é uma marca de boa reputação no mercado es-
tando em as 10 maiores fabricantes de módulos solares em 2018 segundo matéria do
48

site portal solar13 e também por este ser o modelo que apresentou o segundo menor
custo/Wp entre os relacionados acima. Além disso dentre os modelos pré-seleciona-
dos o módulo Canadian CS6K-275P foi o segundo com melhor eficiência (16,8%) só
perdendo para o módulo de tecnologia monocristalina da Yingle, YL275D-30b, entre-
tanto o módulo da Canadian apresentou uma relação de custo/Wp menor (R$2,18/Wp,
contra R$2,73/Wp do módulo da Yingle).
As principais especificações do módulo selecionado se encontram a seguir, no
quadro 1.

Quadro 1 – Especificações técnicas do módulo FV

Informação Valor
Modelo CS6K – 275P
Potência nominal máxima 275WP
Tensão de máx potência (Vmp) 31V
Corrente de máxima potência (Imp) 8,88A
Tensão de circuito aberto (Voc) 38V
Corrente de curto circuito (Isc) 9,45A
Eficiência 16,8%
Dimensões 1650X962X40 (mm)
Coef. de temp. no Pmp -0.41(%/°C)
Coef. de temp. na Vmp -0.31(%/°C)
Coef. de temp. na Isc -0.05(%/°C)
Temp. nominal de op. das células 43 ± 2°C
Fonte: Elaborado com informações disponíveis na ficha técnica do fabricante

4.1.4 Configuração do SFCR

Após a escolha do módulo foi definida a quantidade de módulos para compor o


gerador fotovoltaico através da equação (26), levando em consideração a potência de
pico do módulo e a potência calculada para o gerador FV. Desta forma determinou-se
que o sistema a ser simulado teria 8 módulos de 275Wp, resultando em um sistema
de 2,2kWp.
O resumo do dimensionamento fotovoltaico para atender as residências ficou
definido conforme pode ser observado no quadro 2.

13
https://www.portalsolar.com.br/blog-solar/energia-solar/os-10-maiores-fabricantes-de-celulas-fo-
tovoltaicas-no-mundo-2018.html (Acesso em: 07/04/2019)
49

Quadro 2 - Configuração do sistema


Informação Valor
Potência total do sistema 2200 Wp
Nº de módulos em série 8
Nº de fileiras de módulos 1
Tensão de trabalho 336,98V
Corrente de trabalho 9,66A
Potência FV máxima 3256,15
Área total ocupada pelo sistema 13,09m²
Comprimento do cabeamento CC 12m
Comprimento do cabeamento CA 10m
Fonte: Elaborado pelo autor

O quadro 3 mostra o dimensionamento dos condutores CC e CA para o SFCR

Quadro 3 – Dimensionamento do cabeamento CC e CA


Informação Valor
Corrente corrigida da fileira 13,044A
Seção calculada dos condutores CC >3,056 mm²
Seção definida para os condutores CC 4 mm²
Corrente nominal CA 8,836A
Corrente máxima CA 11,07A
Seção calculada dos condutores CA >1,038mm²
Seção definida para o cabeamento CA 2,5 mm² fase e neutro
Fonte: Elaborado pelo autor

4.1.5 Seleção dos Inversores

Diante das informações do módulo e do dimensionamento do sistema, foram


selecionados alguns modelos de inversores, utilizando como critério a faixa de potên-
cia necessária ao projeto e a disponibilidade no mercado nacional, conforme pode ser
observado na tabela 5.
50

Tabela 5 – Inversores pré-selecionados


Marca Modelo Preço Pot. máxima DC Pot. nominal
(R$) (W) CA (W)
CANADIAN CSI-1.5K-TL 2500 1900 1600
ECOSOLYS ECOS2000 2999 2000 2000
SMA SB2100TL 5930 2200 1950
SMA SB2.5-1VL-40 4990 2500 2500
FRONIUS PRIMO3.0 7780 4500 3000
Fonte: Elaborado com informações de sites de revendedores e fichas técnicas dos fabricantes

Em seguida foi verificado a conformidade dos inversores com o sistema pré-


dimensionado, para tanto foram calculadas as quantidades mínimas e máximas de
módulos fotovoltaicos e o número máximo de fileiras em paralelo suportadas por cada
inversor, conforme consta na tabela 6

Tabela 6 – Configurações do sistema FV


Nº máx. de
Nº mín. de Nº máx. de
fileiras
Modelo módulos em módulos FDI
em
série em série
paralelo
CSI-1.5K-TL 3 10 1 0,72
ECOS2000 5 11 1 0,91
SB2100TL 8 13 1 0,88
SB2.5-1VL-40 10 14 1 1,13
PRIMO 3.0 3 23 1 1,36
Fonte: Elaborado pelo autor

A dos dados obtidos selecionou-se os três modelos de inversores que mais se


adequavam ao dimensionamento do sistema fotovoltaico e a quantidade de módulos
que o sistema necessitará. Os inversores selecionados foram o SMA SB2100TL, o
CANADIAN CSI-1.5K-TL e o ECOSOLYS ECOS2000.

4.1.6 Análise do fator de dimensionamento do inversor

A análise do FDI para a residência em questão foi obtido por meio de simulação
computacional do sistema fotovoltaico, desta forma foi possível estimar os valores de
potência de saída do sistema e através destes foram calculadas especificamente três
indicadores para determinar o FDI ótimo: a produtividade anual do sistema (Yield), as
perdas por limitação de potência do inversor e a taxa de desempenho do sistema.
51

Do ponto de vista econômico optou-se por utilizar o método desenvolvido por


Deschamps(2018) já descrito neste trabalho, que avalia o FDI ótimo através do valor
máximo obtido da razão entre a geração marginal e o custo marginal, este método foi
considerado o mais adequado pois permite obter uma relação simultânea entre o in-
cremento que se obtêm na geração de energia do sistema devido ao sobrecarrega-
mento do inversor e o custo extra que se obtém nessa situação devido ao acréscimo
de componentes no lado CC.
Para o cálculo dos indicadores, primeiramente foi estimada a potência de saída
do sistema tornando possível fazer um levantamento da energia que seria produzida
pelo mesmo, para isso foi implementada uma planilha, utilizando os modelos mate-
máticos dos principais componentes que representam o sistema fotovoltaicos, descri-
tos na revisão bibliográfica.
Como parâmetros de entrada para a simulação utilizou-se os dados de radiação
solar no plano do gerador fotovoltaico e temperatura ambiente (fornecidos pelo Mete-
onorm) em intervalos de um minuto, além das informações referentes a potência dos
módulos, eficiência do inversor em função do carregamento e custo dos componentes.
A potência de saída foi obtida através das equações (12), (13), (14) e (15), referenci-
adas na seção 2.
Durante a simulação matemática foram incluídas nos cálculos algumas perdas
de forma a torna-los mais condizentes com a realidade, conforme pode ser visto na
tabela 7. Diante da análise e comparação com outros estudos adotou-se as seguintes
perdas nos cálculos da potência de saída do gerador fotovoltaico.

Tabela 7 – Perdas adotadas na simulação matemática do SFCR


Tipo de perda Valor adotado
Sujeira nos módulos 2%
Perdas nos condutores DC 1%
Perdas nos condutores CA 0,70%
Descasamento dos valores parâmetros
2,5%
reais dos módulos
Degradação inicial dos módulos 2%
Diodos e conexões 0,5%
Fonte: adaptado de (MIRANDA, 2014)
52

De posse dos dados de potência de saída do sistema em intervalos de um mi-


nuto, foi calculada a produtividade anual, a taxa de desempenho e perdas por limita-
ção de potência do inversor. Em um primeiro momento, avaliou-se a faixa de FDI ótima
para cada um dos inversores, ou seja, manteve-se a potência dos inversores fixas e
variou-se a potência de saída do painel fotovoltaico, obtendo-se o resultado dos indi-
cadores para valores de FDI de 0 a 2 em intervalos de 0,1. Desta forma foi possível
avaliar a faixa de FDI considerada ótima para cada um dos três inversores, do ponto
de vista das maiores produtividades, menores perdas por limitação e maior ganho
marginal de geração por unidade de custo marginal por sobrecarregar o inversor.
Em uma segunda etapa foram comparados os resultados para o sistema di-
mensionado de 2,2kWp caso fosse utilizado cada um dos três inversores, o que resul-
tou na avaliação do sistema para três FDI’s distintos, sob o ponto de vista da produti-
vidade anual, do valor presente líquido e do tempo de retorno do investimento.

4.1.7 Análise financeira do SFCR

A análise financeira, foi realizada calculando-se o fluxo de caixa e o valor pre-


sente líquido para o sistema projetado fazendo uma comparação para os três valores
de FDI obtidos ao se utilizar cada um dos três modelos de inversores no projeto.
Como entrada para o fluxo de caixa, foi considerada a receita calculada com a
energia estimada para o sistema a cada ano, ao longo de um horizonte de 25 anos.
Foi considerada uma redução de 0,7% ao ano na energia produzida, devido a degra-
dação dos módulos, de acordo com valor especificado pelo fabricante em seu termo
de garantia A tarifa de energia considerada foi a tarifa da CEMIG no período em que
ocorreu o estudo, obtida na conta de energia da residência em questão no valor de
0,89117692 na bandeira verde.
Como a tarifa de energia varia ao longo do tempo a sua previsão é uma tarefa
considerada complexa, entretanto Paiva (2016) considera que essa análise da varia-
ção da tarifa de energia pode ser simplificada se consideramos que a mesma variação
da tarifa em um período de observação histórico se mantenha durante o período que
se pretende analisar o sistema fotovoltaico. Desta forma optou-se por utilizar neste
estudo uma taxa anual de reajuste igual a média de todos os reajustes informados
pela CEMIG entre 2013 e 2018. A taxa de reajuste da tarifa foi definida em 6,57% a.a.
53

As saídas consideradas para o fluxo de caixa, foram, os gastos com o investi-


mento inicial que podem ser visualizados na tabela 8, e que são representados no ano
zero do fluxo de caixa. Além do investimento inicial, foi considerada a troca do inversor
a cada 15 anos, já que o valor tipicamente encontrado na literatura como a vida útil
deste tipo de equipamento é geralmente de 10 a 15 anos.
Os custos para os três sistemas foram considerados os mesmos, inclusive o
custo do inversor que foi fixado como a média do preço dos três modelos considera-
dos, variando-se apenas a energia entregue pelo sistema ao utilizar cada um dos in-
versores, permitindo assim uma comparação do sistema ao utilizar inversores com
níveis de carregamento diferentes, independente do custo de tais equipamentos.

Tabela 8 – Custo dos componentes e custo total do sistema, considerando as três


configurações diferentes
Configuração

ITEM A – SB2100TL B – CSI-1.5K-TL C- ECOS2000

Custos (R$) Custos (R$) Custos (R$)


Módulos 4800 4800 4800
Inversor 3800 3800 3800
Estrutura 1178 1178 1178
Acessórios 1500 1500 1500
Instalação 3800 3800 3800
TOTAL 15088 15088 15088
Fonte: Elaborado com orçamentos em sites de revendedores

Foi considerado um valor de 1% do investimento inicial para operação e manu-


tenção a cada ano. Para os reajustes anuais nos custos com operação e manutenção,
foi considerado o mesmo método aplicado por Deotti (2017), baseado na média da
inflação acumulada dos últimos cinco anos verificadas pelo Índice Nacional de Preços
ao consumidor amplo dos últimos cinco anos, resultando em um valor de 6% aa.
A taxa de desconto utilizada para o cálculo do Custo de energia foi definida
como a taxa Selic ou “taxa de juros básico” do período de estudo, visto que de acordo
com Nogueira (2016, p. 29) a mesma: “serve de balizador da taxa de desconto, uma
vez que os investimentos em títulos do Tesouro Direto atrelados à sua rentabilidade
54

são facilmente realizados pelo público no mercado, sendo alternativa mais rentável
que a poupança, opção de aplicação da maioria dos brasileiros.”
Desta forma a taxa de desconto utilizada nesse estudo foi definida como sendo
a meta SELIC estabelecida pelo Banco do Brasil no dia 20/03/2019 em 6,5% a.a.
Considerando todas as entradas e saídas ao longo de 25 anos de funcionamento do
SFCR, foi determinado o fluxo de caixa descontado e através dele foram calculados o
VPL (equação 22) e o tempo de retorno do investimento, o que permitiu avaliar dentre
os três inversores que representaram FDI’s diferentes ao sistema, qual deles traria o
melhor retorno financeiro ao projeto fotovoltaico.

4.2 Estudo de Caso 2

4.2.1 Configurações do SFCR instalado na UniverCemig

O sistema fotovoltaico que foi avaliado neste estudo se encontra instalado no


campus da Univercemig em Sete Lagoas, este sistema possui 5.14kWp e é formado
por 4 strings, sendo uma de 1320Wp, duas de 1280Wp e uma de 1260Wp. Cada uma
dessas strings é conectada a um inversor Sunny Boy SMA. A FIG.12 mostra o dia-
grama unifilar da instalação fotovoltaica de 5.14kWp.
55

Figura 12 – Diagrama unifilar SFCR instalado no campus da Univercemig

Fonte: CEMIG

O sistema também possui um controlador (Sunny Boy Control Plus) que coleta
os dados medidos pelos inversores e os envia para o site da SMA que os atualiza de
hora em hora e os disponibiliza para consulta via internet.
Dentro do sistema de 5.14kWp, os dois geradores de 1280W são conectados
a inversores SMA SB1000 de 1kW (FIG.13), ou seja, em ambos os subsistemas de
1.28Kwp o inversor se encontra subdimensionado com um fator de dimensionamento
igual a 0,78.
Esses subsistemas, porém, se encontram em ângulos de inclinação diferentes,
sendo que um deles se encontra na posição correta (20° e 14° a direita do norte mag-
nético) e está instalado sobre o telhado de um dos prédios da Univercemig e o outro
se encontra totalmente na vertical.
56

Figura 13 – Inversores instalados no SFCR da Univercemig

Fonte: CEMIG

Durante a avaliação destes sistemas, este estudo analisou o efeito do subdi-


mensionamento de um dos geradores de 1280 Wp, mais precisamente do gerador 4,
que se encontra no posicionamento correto, pois durante o estudo de caso, foi obtida
a informação que este conjunto estava apresentando o efeito de corte de potência nos
períodos de elevada irradiância
Para isso foi analisado o conjunto de dados de saída do sistema de modo a
verificar a frequência com que ocorreu o processo de corte de potência por parte do
inversor, bem como quantificar essas perdas para determinada ocasião.
O sistema de 1280Wp é formado por 16 módulos de silício policristalino Kyo-
cera KC80 de 80Wp cada, conectados em série. O quadro 4 apresenta um resumo do
subsistema de 1.28 kWp que foi avaliado neste estudo.

Quadro 4 – Informações do SFCR de 1,28kWp


Informação Valor
Módulo utilizado Kyocera KC80
Quantidade de módulos em série 16
Quantidade de fileiras 1
Inversor utilizado SMA SB1100
Fonte: Elaborado com dados da pesquisa
57

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesta seção são avaliados os dados referentes aos dois estudos de caso rea-
lizados, como forma de determinar o FDI ótimo, para SFCR’s instalados na cidade de
Sete Lagoas-MG.

5.1 Análise dos Dados do Estudo de Caso 1

Nesta subseção foram avaliados os dados obtidos na simulação do SFCR,


sendo que primeiramente foram avaliados separadamente os três inversores mencio-
nados na seção anterior, do ponto de vista de verificar o comportamento dos mesmos
sob diferentes FDI’s e determinar o FDI ótimo para a cidade de Sete Lagoas. Em
seguida foi avaliado o comportamento de cada um desses inversores caso fossem
inseridos no sistema de 2,2kWp dimensionado para as residências analisadas.

5.1.1 Análise preliminar

Como a tensão na entrada do inversor varia ao longo do dia devido as mudan-


ças nas condições de irradiação e temperatura local e levando em conta que os fabri-
cantes de inversores fotovoltaicos geralmente fornecem na folha de dados dos seus
equipamentos a eficiência de conversão para três diferentes níveis tensão CC de en-
trada, primeiramente avaliou-se o comportamento do FDI para diferentes valores de
tensão CC na entrada do inversor. As tabelas 9, 10 e 11 mostram os valores de efici-
ência de conversão em função do carregamento para os três inversores estudados.

Tabela 9 – Eficiência em função da tensão CC e do carregamento - SMA


SB2100TL
Carregamento Eficiência (%)
(%) TENSÃO CC 200V TENSÃO CC 400V TENSÃO 480V
10 90,9 92,0 89,4
50 95,3 96,0 95,5
100 94,6 95,8 95,5
Fonte: Elaboração própria com dados da ficha técnica do inversor
58

Tabela 10 – Eficiência em função da tensão CC e do carregamento - CANADIAN


CSI-1.5K-TL
Carregamento Eficiência (%)
(%) TENSÃO CC 200V TENSÃO CC 250V TENSÃO CC 400V
10 92,4 94,6 93,0
50 96,1 97,0 96,6
100 96,0 96,8 96,4
Fonte: Elaboração própria com dados da ficha técnica do inversor

Tabela 11 – Eficiência em função da tensão CC e do carregamento - ECOSOLYS


ECOS2000
Carregamento Eficiência (%)
(%) TENSÃO CC 200V TENSÃO CC 280V TENSÃO CC 320V
10 81,6 88,1 86,0
50 91,4 93,4 92,5
100 92,1 94,8 92,6
Fonte: Elaboração própria com dados da ficha técnica do inversor

Em uma análise preliminar dos resultados obtidos na simulação dos inversores


selecionados, observou-se que apesar da variação do nível de tensão de entrada cau-
sar alterações de amplitude nos valores das figuras de mérito analisadas, este não
provoca grande impacto na análise do FDI, pois não levam a grandes alterações no
valor do FDI que retornam aos valores ótimos dos indicadores analisados, ou seja,
para o inversor SB2100TL, por exemplo, tanto para a curva de eficiência correspon-
dente a menor tensão de entrada, quanto para a curva de eficiência correspondente
a maior tensão de entrada, o valor de produtividade ótima acontece para valores de
FDI bem próximos, 0.9 e 0.8 respectivamente, conforme pode ser visto no GRAF.3.
59

Gráfico 3 – Produtividade anual em função do FDI para diferentes tensões CC de


entrada no inversor SMA SB2100TL

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação

Além disso comparando o maior valor de produtividade de cada uma das três
curvas de eficiência para este modelo, observou-se que a maior variação percentual
é menor do que 1%. Além da produtividade anual do sistema, as outras figuras de
mérito analisadas também apresentaram o mesmo comportamento, isso pode ser ex-
plicado pela pequena diferença existente na eficiência de conversão de uma mesmo
inversor para as diferentes tensões de entrada, para o inversor SMA SB2100 TL, por
exemplo a variação percentual da eficiência de conversão no ponto de carregamento
máximo do inversor para a tensão de entrada mínima e a tensão de entrada máxima
é de apenas 1,2%.
Desta forma optou-se então por comparar os FDI’s ótimos para os três inver-
sores, considerando apenas uma das curvas de eficiência dos mesmos, neste caso
foram escolhidos os valores de eficiência para tensão CC de entrada em 200v, pois
os fabricantes dos três modelos apresentam os valores de eficiência para esse nível
de tensão, conforme pode ser observado nas tabelas 9, 10 e 11.
60

5.1.2 Produtividade anual em função do FDI

Os GRAF. 4, 5 e 6, mostram a comparação dos valores da produtividade anual


do sistema para cada um dos três inversores na situação real e na situação ótima.
Ao avaliar os resultados obtidos para a simulação de vários valores de FDI na
situação 1 (posicionamento real), foi observado que os três modelos de inversores
avaliados, alcançam o maior valor de produtividade com FDI bem próximos, mais pre-
cisamente 0.9 para os inversores SMA SB2100TL e CANADIAN CSI-1.5K-TL e 0.8
para o inversor ECOSOLYS ECOS2000.

Gráfico 4 – Produtividade anual do sistema – Yield (kWh/kWp.ano) para o inversor


SMA SB2100TL

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação


61

Gráfico 5 – Produtividade anual do sistema – Yield (kWh/kWp.ano) para o inversor


CANADIAN CSI-1.5K-TL

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação

Gráfico 6 – Produtividade anual do sistema – Yield (kWh/kWp.ano) para o inversor


ECOSOLYS ECOS2000

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação


62

Para a situação 2 que representa o posicionamento ótimo da residência em


termos de geração fotovoltaica na cidade de Sete Lagoas, observa-se que o ponto de
maior produtividade anual do sistema, não se altera para os inversores SMA
SB2100TL e CANADIAN CSI-1.5K-TL, permanecendo no FDI de 0.9, enquanto que
para o inversor ECOSOLYS ECOS2000 o FDI que leva a maior produtividade anual
do sistema se desloca de 0.8 para 0.7.
Em termos de comparação da produtividade anual entre as duas situações,
entretanto, verifica-se que do posicionamento real para o posicionamento ideal há um
ganho de cerca de 10% para os três inversores, isso se deve ao fato de que o posici-
onamento ótimo leva a uma maior captação da radiação solar pelo módulo fotovoltaico
ao longo do ano.
Outro ponto que pode ser observado é que para uma ampla faixa de valores de
FDI, fora do ponto de maior produtividade, a variação ocorrida em relação ao valor
ótimo assume valores muito baixos, não causando grandes perdas de produtividade
em relação ao seu valor ótimo. As variações percentuais dos valores de produtividade
anual do sistema em relação a produtividade ótima para a situação 1 podem ser visu-
alizados melhor com o auxílio da tabela 12.

Tabela 12 – Variação percentual (Δ%) dos valores da produtividade anual em re-


lação a produtividade (Yield) ótima – Situação 1
SMA SB2100TL CSI-1.5K-TL ECOS2000
Δ% em Δ% em Δ% em
Yield Yield Yield
FDI relação relação a relação a
anual anual anual
a Yield Yield Yield
(kWh/kWp) (kWh/kWp) (kWh/kWp)
ótima ótima ótima
0,1 381,83 -69,87 368,42 -71,24 386,48 -68,06
0,2 670,18 -47,11 650,66 -49,21 673,25 -44,36
0,3 883,15 -30,31 863,37 -32,60 879,98 -27,27
0,4 1037,96 -18,09 1020,48 -20,34 1026,66 -15,15
0,5 1149,12 -9,32 1136,19 -11,31 1127,82 -6,78
0,6 1221,43 -3,61 1216,20 -5,06 1187,35 -1,86
0,7 1256,90 -0,82 1261,66 -1,51 1209,41 -0,04
0,8 1266,80 -0,03 1278,79 -0,17 1209,91 0,00
0,9 1267,23 0,00 1281,02 0,00 1205,05 -0,40
1 1266,16 -0,08 1279,79 -0,10 1199,65 -0,85
1,1 1264,73 -0,20 1278,21 -0,22 1194,07 -1,31
1,2 1263,04 -0,33 1276,50 -0,35 1188,37 -1,78
1,3 1261,14 -0,48 1274,69 -0,49 1182,57 -2,26
(Continua...)
63

Tabela 12 – Continuação
SMA SB2100TL CSI-1.5K-TL ECOS2000
Δ% em Δ% em Δ% em
Yield Yield Yield
FDI relação a relação a relação a
anual anual anual
Yield Yield Yield
(kWh/kWp) (kWh/kWp) (kWh/kWp)
ótima ótima ótima
1,4 1259,06 -0,64 1272,82 -0,64 1176,71 -2,74
1,5 1256,86 -0,82 1270,88 -0,79 1170,8 -3,23
1,6 1254,99 -0,97 1268,90 -0,95 1164,86 -3,72
1,7 1252,16 -1,19 1266,88 -1,10 1158,91 -4,22
1,8 1249,71 -1,38 1264,83 -1,26 1152,95 -4,71
1,9 1247,17 -1,58 1262,76 -1,43 1147,01 -5,20
2 1244,60 -1,79 1260,66 -1,59 1141,06 -5,69
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação

Para o inversor SMA SB2100TL, por exemplo, para uma faixa de FDI de 0.6
a 1.6, a variação percentual da produtividade em torno de seu valor ótimo é menor
do que 1%, para o inversor CANADIAN CSI-1.5K-TL as variações na produtividade
anual em relação ao seu valor ótimo, são menores que 1% para FDI’s de 0.8 a 1.6,
enquanto que para o inversor ECOSOLYS ECOS2000 essa variação é menor do que
1% para valores de FDI que vão de 0.7 até 1, para este inversor um valor de FDI igual
a 1.6 resultaria em uma produtividade anual do sistema 3% menor que a maior pro-
dutividade, diferentemente dos outros dois inversores que nesta mesma situação
apresentariam uma queda percentual menor que 1% .
Fazendo uma comparação dos valores ótimos de produtividade de cada inver-
sor, observou-se que o inversor CANADIAN CSI-1.5K-TL é o que apresenta maior
produção de energia por kWp instalado, valor este 1,07% maior do que o apresentado
pelo inversor SB2100TL e 5,6% maior que o valor apresentado pelo inversor
ECOS2000. Essa diferença pode ser novamente explicada analisando a curva de efi-
ciência dos inversores, que mostra que o inversor CSI 1.5TL é o que apresenta os
maiores valores de eficiência, para carregamentos próximos de 100%, enquanto que
o inversor ECOS2000 é o que apresenta o pior rendimento, dentre os modelos avali-
ados.

5.1.3 Perdas por sobrecarregamento em função do FDI

Do ponto de vista das perdas anuais de energia devido a limitação de potência


do inversor, observa-se através dos GRAF. 7, 8 e 9 que estas tendem a zero também
64

para valores bem próximos de FDI para os três inversores, no caso dos inversores
SMA SB2100TL e do inversor ECOSOLYS ECOS2000 essas perdas se tornam pra-
ticamente nulas , para valores de FDI maiores que 0.7, enquanto que para o inversor
CANADIAN CSI-1.5K-TL as perdas por limitação tendem a zero para FDI’S maiores
que 0.8, esses valores de FDI que levam as perdas por sobrecarregamento a zero
são idênticos em ambas as situações analisadas (situação 1 e situação 2), observa-
se que da situação real para a ideal quase não há variações nos valores percentuais
de perdas anuais por limitação de potência para um mesmo modelo inversor. Se for
considerado um limite anual de energia perdida por limitação de potência do inversor
igual a 0,5% como em Burger e Ruther (2006), o FDI ótimo em termos de perdas por
limitação ocorreria para FDI’S maiores que 0.8 para os inversores SMA SB2100TL e
CANADIAN CSI-1.5K-TL e para FDI’S maiores que 0.7 para o inversor ECOSOLYS
ECOS2000.

Gráfico 7 – perdas por limitação do inversor SMA 2100TL em função do FDI

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação


65

Gráfico 8 – perdas por limitação do inversor CANADIAN CS1.5K-TL em função do


FDI

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação

Gráfico 9 – perdas por limitação do inversor ECOS2000 em função do FDI

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação


66

Outro ponto que pode ser observado é que as perdas por limitação de potência
do inversor, tendem a zero primeiro nos inversores SMA SB2100TL e ECOSOLYS
ECOS2000 e mais tardiamente no inversor CANADIAN CSI-1.5K-TL. Como o modelo
matemático utilizado considera que a limitação de potência ocorre na máxima potência
CA do inversor, isso provavelmente se deve ao fato de que o inversor CANADIAN
CSI-1.5K-TL apresenta melhores valores de eficiência, o que implica em mais potên-
cia convertida, o que elevará as perdas nos casos em que a potência CA máxima do
inversor for ultrapassada, ou seja, durante os picos elevados de irradiação.
Basicamente pode se dizer que para valores de FDI acima dos citados as per-
das anuais de energia por limitação de potência do inversor se tornam praticamente
nulas, pois nessa faixa de operação apesar do inversor ainda estar subdimensionado
em relação ao gerador fotovoltaico ele consegue converter praticamente toda energia
em sua entrada. Observa-se também que quanto menor for o FDI, as perdas por limi-
tação crescem de forma acelerada e para FDI’s maiores que 1 elas são nulas para
todos os inversores avaliados.
Analisando a taxa de desempenho PR (Tabela 13) é possível verificar o com-
portamento do sistema no que se refere as perdas totais. Com isto, nota-se que a taxa
de desempenho assume seu maior valor no ponto de maior produtividade dos sistema,
e tem seu valor reduzido fora desse ponto, as maiores reduções na taxa de desem-
penho ocorrem para FDI’s abaixo de 0.6, isso se deve principalmente ao aumento
excessivo das perdas por limitação de potência, visto que nessa faixa a potência no-
minal do inversor tem menos que 60% da potência nominal do sistema o que faz com
que o mesmo esteja constantemente sobrecarregado e tenha que limitar a potência
recebida. Por outro lado, depois do ponto de maior produtividade a taxa de desempe-
nho também sofre uma atenuação, porém se mantém praticamente constante a me-
dida que o valor do FDI aumenta. Uma vez que para FDI’s maiores que o unitário as
perdas por limitação são nulas, o decaimento da taxa de desempenho em relação ao
seu ponto ótimo pode ser explicado pelo fato de que a eficiência de conversão dos
inversores sofrerem uma redução quando os mesmos trabalham com carregamentos
de potência baixos, nota-se por exemplo que os maiores decaimentos da taxa de de-
sempenho ocorrem justamente para o inversor ECOS2000, que apresenta a menor
eficiência em baixos carregamentos se comparado com os demais.
67

Tabela 13 – Produtividade anual (Yield), perdas anuais de energia por limitação do


inversor e taxa de desempenho (PR) em função do FDI – Situação 1
SMA SB2100TL CANADIAN CSI-1.5K-TL ECOSOLYS ECOS2000

Perdas Perdas Perdas


anuais anuais anuais
Yield Yield Yield
PR por PR por PR por
FDI (kWh/ (kWh/ (kWh/
(%) limite (%) limite (%) limite
kWp) kWp) kWp)
do inv. do inv. do inv.
(%) (%) (%)

0,1 381,8 23,9 58,10 368,4 23,1 64,38 386,5 24,2 59,16
0,2 670,2 42,0 41,31 650,7 40,8 45,88 673,3 42,2 40,35
0,3 883,2 55,4 27,14 863,4 54,1 30,83 880,0 55,2 25,58
0,4 1038,0 65,1 16,41 1020,5 64,0 19,45 1026,7 64,4 14,73
0,5 1149,1 72,0 8,54 1136,2 71,2 10,95 1127,8 70,7 7,06
0,6 1221,4 76,6 3,36 1216,2 76,3 5,03 1187,4 74,4 2,38
0,7 1256,9 78,8 0,80 1261,7 79,1 1,61 1209,4 75,8 0,42
0,8 1266,8 79,4 0,07 1278,8 80,2 0,27 1209,9 75,9 0,02
0,9 1267,2 79,5 0,00 1281,0 80,3 0,02 1205,1 75,6 0,00
1 1266,2 79,4 0,00 1279,8 80,2 0,00 1199,7 75,2 0,00
1,1 1264,7 79,3 0,00 1278,2 80,1 0,00 1194,1 74,9 0,00
1,2 1263,0 79,2 0,00 1276,5 80,0 0,00 1188,4 74,5 0,00
1,3 1261,1 79,1 0,00 1274,7 79,9 0,00 1182,6 74,1 0,00
1,4 1259,1 78,9 0,00 1272,8 79,8 0,00 1176,7 73,8 0,00
1,5 1256,9 78,8 0,00 1270,9 79,7 0,00 1170,8 73,4 0,00
1,6 1255,0 78,7 0,00 1268,9 79,6 0,00 1164,9 73,0 0,00
1,7 1252,2 78,5 0,00 1266,9 79,4 0,00 1158,9 72,7 0,00
1,8 1249,7 78,4 0,00 1264,8 79,3 0,00 1153,0 72,3 0,00
1,9 1247,2 78,2 0,00 1262,8 79,2 0,00 1147,0 71,9 0,00
2 1244,6 78,0 0,00 1260,7 79,0 0,00 1141,1 71,5 0,00
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação

5.1.4 Análise do FDI pela relação geração marginal/custo marginal

Na avaliação da geração marginal/custo marginal, foram considerados custos


fixos para o inversor analisado, para a mão de obra e para acessórios como string box
e cabos, variando-se apenas os custos referentes aos módulos e estruturas de fixa-
ção, essa simplificação foi adotada por considerar-se que estes componentes terão
maior peso nas variações do investimento inicial, em virtude do FDI estar sendo ana-
lisado variando-se apenas a potência do gerador fotovoltaico e mantendo o inversor
fixo. A proporção dos custos com dispositivos do lado CC, considerando o FDI unitário
como referência, se encontra na tabela 14.
68

Tabela 14 – Proporção de custo dos equipamentos CC no sistema dimensio-


nado
Proporção de custo CC
INVERSOR
FDI = 1 (REFERÊNCIA)
SMA SB2100TL 32%
CANADIAN CSI1.5TL 36%
ECOSOLYS ECOS2000 40%
Fonte: Elaboração própria a partir do orçamento em sites de revendedores

Analisando os resultados obtidos pela relação entre geração marginal e custo


marginal ao sobrecarregar os três modelos de inversores, gráficos 10, 11 e 12 ,foi
observado que partindo de um FDI de referência unitário, o maior acréscimo de gera-
ção por custo adicional ao sobrecarregar o inversor se dá no FDI de 0,4 para os inver-
sores SMA SB2100TL e ECOSOLYS ECOS2000, enquanto que para o inversor CA-
NADIAN CSI1.5TL o maior acréscimo de geração por custo adicional acontece no FDI
de 0.5.

Gráfico 10 – Geração marginal/Custo marginal em função do FDI para o inversor


SMA2100TL

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação


69

Gráfico 11 – Geração marginal/Custo marginal em função do FDI para o inversor


CANADIAN CSI-1.5K-TL

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação

Gráfico 12 – Geração marginal/Custo marginal em função do FDI para o inversor


ECOSOLYS ECOS2000

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação


70

Pode ser observado que se ao decrescermos o valor de FDI, partindo do FDI


unitário, haverá um crescimento dos valores da curva de geração marginal/custo mar-
ginal, indicando que o acréscimo na geração ao sobrecarregarmos o inversor tem um
crescimento mais rápido que o custo adicional com os dispositivos CC necessários
para tal sobrecarregamento, porém ao atingirmos o valor máximo se continuarmos
diminuindo o FDI, a curva passa a decair, indicando que o acréscimo de geração tem
um crescimento mais lento se comparado com o custo extra para sobrecarregar o
inversor, isso ocorre porque com a redução do FDI (subdimensionamento ou sobre-
carregamento do inversor) como já mencionado, as perdas por limitação de potência
do inversor se tornam cada vez maiores e o custo CC também aumenta, pois haverá
maior gasto com módulos FV e estruturas para sobrecarregar o inversor.
Também pode ser observado que quando o custo marginal para sobrecarregar
o inversor ultrapassa a geração marginal, a curva de geração marginal/custo marginal
fica abaixo da linha de referência (FDI unitário), como ocorreu para os inversores CA-
NADIAN CSI-1.5K-TL e ECOSOLYS ECOS2000. O fato de isso não ocorrer com a
curva relacionada ao inversor SMA SB2100TL, está atrelada a duas situações que
podem ser observadas no mesmo, uma se trata do custo mais alto do inversor SMA
SB2100TL levando a uma redução na proporção do custo CC em relação aos demais
inversores, o que consequentemente faz com que o custo marginal desse modelo se
torne menor, e a outra se refere ao menor nível de perdas para altos carregamentos,
apresentadas por este modelo de inversor se comparado com os demais modelos
estudados, o que leva a um aumento na geração marginal, fazendo com que esta
permaneça maior que o custo marginal.
Fazendo uma comparação desta mesma análise para a situação 2 (posiciona-
mento ótimo), verificou-se que não houve grande alterações no valor do FDI ótimo
para os três inversores analisados, mais precisamente falando, os inversores SMA
SB2100TL e CANADIAN CSI1.5TL tiveram seus pontos máximos de geração margi-
nal/custo marginal permanecendo respectivamente nos FDI’s de 0.4 e 0.5, enquanto
que o inversor ECOSOLYS ECOS2000 apresentou um ligeiro deslocamento do FDI
ótimo em termos de geração marginal/ custo marginal da situação real para a situação
ótima partindo de um fator de dimensionamento do inversor de 0.4 para 0.5.
71

5.1.5 Determinação do FDI ótimo

Diante das análises feitas e percebendo que as variações no FDI para um


mesmo inversor provocam maiores alterações nas perdas por limitação propriamente
ditas do que na produtividade, optou-se por definir como FDI ótimo de cada inversor,
aquele que proporcionou a maior geração marginal/custo marginal e ao mesmo tempo
apresentou perdas por limitação menores do que 0,5%, garantindo que se esteja
tendo um acréscimo na geração devido ao sobrecarregamento do inversor, mas que
ao mesmo tempo, esteja sendo respeitado um limite de perdas anuais, para que o
inversor não fique submetido durante um longo tempo a valores excessivos de potên-
cia que acabem provocando danos por aquecimento. Esse limite de perdas anuais de
0,5% foi o mesmo definido no estudo realizado por Burger e Ruther (2006).
Adotando este critério temos que o fator de dimensionamento ótimo obtido
para cada um dos modelos apresentados se encontra na tabela 15.
.
Tabela 15 – Valores ótimos de FDI
Inversor FDI ótimo (segundo critério utilizado)
SMA SB2100 TL 0.8
CANADIAN CSI-1.5K-TL 0.8
ECOSOLYS ECOS2000 0.7
Fonte: Elaboração própria

5.1.6 Determinação do melhor inversor aplicado ao SFCR

Fazendo agora uma análise um pouco mais centrada no sistema fotovoltaico


dimensionado para atender as duas residências, podemos perceber que os três inver-
sores escolhidos para o estudo se empregados no sistema de 2,2 kWp vão estar sub-
dimensionados, desta forma, se tornou possível estimar mais claramente o comporta-
mento do sistema se cada modelo fosse empregado no projeto. A tabela 16, apre-
senta um resumo dos principais indicadores calculados durante a simulação, em fun-
ção do FDI que cada inversor representaria dentro do sistema dimensionado.
72

Tabela 16 – Indicadores para análise dos três modelos de inversores


Perdas
Geração anuais Energia
Yield
marginal/ PR de energia anual
Modelo FDI (kWh/
Custo (%) por produzida
kWp)
marginal limitação (kWh)
inv. (%)
SB2100TL 0.88 1267,3 1,08 79,5 0 2808,38
CSI-1.5K-
0.72 1268,6 1,19 79,5 1,075 2815,53
TL
ECOS200
0.91 1204,5 1,05 75,5 0 2647,30
0
Fonte: Elaborado com dados de simulação matemática

Percebe-se que, para o sistema fotovoltaico dimensionado, o inversor mais so-


brecarregado foi o CANADIAN CSI-1.5K-TL que tem o menor FDI. O sistema FV utili-
zando este modelo também apresentou a maior produtividade anual e a maior quan-
tidade de energia produzida. Notou-se que utilizando o inversor ECOSOLYS
ECOS2000 que está menos sobrecarregado, produziu-se cerca de 5% a menos de
energia em relação ao inversor CANADIAN CSI-1.5K-TL, acredita-se porém que a
causa maior desta discrepância seja a grande diferença entre os valores de eficiência
dos dois inversores e não propriamente o fato de um estar mais sobrecarregado que
o outro, isto porque, ao observar os valores referentes ao inversor SMA SB2000TL,
notou-se que o SFCR utilizando o mesmo se encontra com um FDI bem mais próximo
do FDI do SFCR utilizando o inversor ECOSOLYS ECOS2000 e ainda assim produz
uma quantidade de energia também cerca de 5% maior.
Ainda assim pode existir uma outra explicação para o sistema que utiliza um
inversor mais sobrecarregado estar produzindo mais energia que pode estar atrelada
ao fato de que os inversores normalmente possuem melhor eficiência de conversão
para carregamentos maiores, e pior eficiência trabalhando com baixos carregamentos,
desta forma como este modelo está mais sobrecarregado que os demais, mesmo nos
meses frios ou com baixos níveis de irradiância, quando os outros estarão com carre-
gamentos considerados baixos para seu nível de potência ele estará atuando com
níveis de carregamento razoáveis.
Esse argumento pode ser comprovado observando-se a tabela 17, que mostra
a diferença percentual entre a energia que seria produzida em cada mês utilizando o
inversor CANADIAN CSI-1.5K-TL em relação a energia que seria produzida utilizando
o inversor SMA SB2100TL e ECOSOLYS ECOS2000.
73

Tabela 17 – Variação percentual da energia produzida


pelo SFCR utilizando o inversor CANADIAN CSI-1.5K-TL
em relação aos demais inversores
Variação percentual da energia entregue
pelo inversor CANADIAN CSI-1.5K-TL
MÊS Variação em Variação
relação ao em relação ao
SB2100TL ECOS2000
1 -1,15 4,18
2 -0,61 4,20
3 -0,11 5,28
4 0,18 5,37
5 1,15 6,58
6 1,19 6,56
7 1,12 6,26
8 1,08 6,11
9 0,19 5,21
10 -0,10 4,99
11 -0,80 4,47
12 -0,50 5,17
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação

Nota-se que nos meses de maio, junho e julho que apresentam as menores
irradiações e temperaturas médias, (de acordo com os GRAF.1 e 2 analisados na
seção 3), ocorrem os maiores aumentos percentuais da energia produzida pelo inver-
sor CSI-1.5K-TL em relação aos outros dois modelos, e que nos meses mais quentes
este aumento é menor, sendo que em alguns meses o inversor SMA produz até mais
energia que o CSI-1.5K-TL. Analisando esses dados há um indicativo de que os in-
versores com FDI menor, aproveitam melhor a energia produzida nos meses frios, do
que os inversores com FDI maiores, já que nesses meses, haverá mais períodos com
baixos níveis de potência produzidos pelos módulos e com isso os inversores com
maior FDI estarão operando com carregamento mais baixo, onde se tem menores
eficiências. Entretanto, observou-se que, o aumento de energia produzida pelo sis-
tema nos meses frios utilizando o inversor CSI-1.5K-TL, foi maior em relação ao
74

sistema com o inversor ECOSOLYS ECOS2000 do que em relação ao sistema com


o inversor SMA SB2100TL, o que acredita-se ter sido causado pela diferença de efi-
ciência entre os dois para níveis de carregamentos baixos, como pode ser observado
nas tabelas 9, 10 e11 no início desta seção.
Em relação as perdas devido o sobrecarregamento do inversor, observou-se
que o modelo CSI-1.5K-TL, que é o que está mais sobrecarregado, apresenta as mai-
ores perdas por limitação de potência 1,07%, ultrapassando os limites de perdas de
0,5% do critério utilizado, enquanto que os outros dois inversores se empregados no
projeto apresentariam perdas nulas.
Pelo critério adotado anteriormente o inversor que apresentou simultanea-
mente o maior valor para a relação geração marginal/custo marginal e o menor valor
de perda anual de energia, foi o inversor SB2100TL.
Para avaliar qual o inversor traria o melhor retorno financeiro ao sistema ava-
liou-se o resultado de algumas ferramentas de análise econômica, mais precisamente
falando, o fluxo de caixa, o valor presente líquido e o tempo de retorno do investi-
mento.
A tabela 18, apresenta um resumo dos valores encontrados para os indicadores
financeiros analisados. O fluxo de caixa completo para os três casos pode ser encon-
trado nos anexos A, B e C.

Tabela 18 – Análise financeira para o SFCR dimensionado, para os


três modelos de inversores
SMA SB2100TL CSI-1.5K-TL ECOS2000
(FDI = 0.88) (FDI=0.72) (FDI=0.92)
VPL Payback VPL Payback VPL Payback
33931,68 7 34068,78 7 30842,99 8
Fonte: Elaboração própria

Entre os três inversores, o que apresentou o maior VPL considerando o FDI


real, foi o CANADIAN CSI-1.5K-TL, indicando que este inversor traria o maior retorno
financeiro ao sistema, nota-se que este modelo apresentou um retorno de investi-
mento de aproximadamente 0,4% maior do que o SMA SB2100TL e 10% maior que o
inversor ECOS2000. Esse ganho de VPL pode ser justificado pelo fato de o inversor
CANADIAN CSI-1.5K-TL que é justamente o que se encontra mais sobrecarregado,
75

estar entregando maior quantidade de energia, mesmo submetido a maiores perdas


por sobrecarregamento. Esse maior VPL ao se utilizar o inversor CANADIAN CI-1.5K-
TL, faz com que o projeto em questão utilizando este modelo tenha o menor tempo de
retorno (payback) juntamente com o inversor SMA SB2100TL (7 anos), se comparado
com o inversor ECOSOLYS ECOS2000 (8 anos).
Para o sistema em questão e considerando apenas os inversores analisados,
do ponto de vista econômico, pode ser considerado que o projeto mais vantajoso seria
o que emprega o inversor CANADIAN CSI-1.5K-TL. Entretanto, se consideramos que
este apresenta neste FDI, maiores perdas anuais e que sua utilização demandaria
uma análise mais detalhada do tempo que ele suportaria funcionando com sobrea-
quecimento devido a essas perdas, o inversor SMA SB2100TL, passa a ser o mais
vantajoso, pois os valores de energia produzida atenderiam o consumo das residên-
cias em questão, e apresentaria o mesmo tempo de retorno para o investimento e o
segundo melhor retorno financeiro.

5.2 Análise dos Dados do Estudo de Caso 2

Nesta subseção é apresentada a análise dos dados do SFCR da UniverCemig,


voltado mais diretamente para a análise das perdas por sobrecarregamento que ocor-
rem em inversores subdimensionados.

5.2.1 Simulação prévia

Antes de avaliar os dados reais do sistema fotovoltaico instalado na UniverCe-


mig, foi realizada uma simulação deste sistema, semelhante ao estudo de caso ante-
rior, com o intuito de quantificar o percentual teórico de perdas por limitação de potên-
cia para o inversor em questão. A tabela 19 apresenta um resumo da simulação rea-
lizada.
76

Tabela 19 – Resumo da simulação do SFCR


Irradiação Energia
Energia
média no perdida
MÊS estimada
plano por
(kWh)
(kWh/m². dia) limitação (%)

JAN 4,36 134,28 0,009


FEV 5,48 151,09 0,002
MAR 4,54 138,41 0,017
ABR 4,91 144,15 0,041
MAI 4,57 141,58 0
JUN 4,78 143,93 0
JUL 5,06 157,62 0
AGO 5,22 160,96 0
SET 5,20 153,99 0,013
OUT 4,71 143,25 0,016
NOV 4,64 138,18 0,014
DEZ 4,18 128,15 0,006
TOTAL 2403,88 1735,58 0,012
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de simulação

Um fato que pôde ser observado, é que o mês de abril apresenta o maior per-
centual de perdas por limitação de potência e nos meses maio, junho, julho e agosto
essas perdas são nulas. Nota-se que mesmo o mês de julho apresentando maior irra-
diação média do que o mês de abril, apresenta menores perdas por limitação do que
este. Uma das razões para esta ocorrência pode ser vista nos GRAF.13 e 14 que
apresentam a distribuição da irradiância estimada de minuto a minuto para os meses
de Abril e Julho, por meio dos quais pode-se observar que o mês de Abril apresenta
picos de irradiância próximos de 1300W/m², enquanto que o mês de Julho a irradiân-
cia ultrapassa a faixa de 1200W/m² em apenas uma oportunidade.
77

Gráfico 13 – Distribuição da irradiância estimada para o mês de abril

Fonte: Elaborado com dados de radiação solar fornecidos pelo Meteonorm

Gráfico 14 – Distribuição da irradiância estimada para o mês de julho

Fonte: Elaborada com dados de radiação solar fornecidos pelo Meteonorm

5.2.2 Análise geral dos dados

Em virtude de o sistema de armazenamento de dados do sistema fotovoltaico


da UniverCemig não estar funcionando atualmente devido a um defeito, os dados ana-
lisados do subsistema de 1.28kWp não são dos períodos atuais, desta forma serão
analisados dados de geração do gerador 4 referentes ao ano de 2014, mais
78

precisamente, referentes ao período compreendido entre os meses de fevereiro/2014


e julho/2014.
Ao avaliar os dados reais de geração referentes ao gerador 4 de 1.28kWp, ve-
rificou-se que durante vários dias o sistema apresentou falhas no registro dos dados
de potência de saída, tendo dias em que sequer foram apresentados valores de po-
tência medidos, e alguns dias onde apenas durante uma parte do dia houve registro
das informações.
Esses momentos de falta de registro podem ter ocorrido por diversos motivos,
tais como falhas no próprio controlador, distúrbios na rede que possam ter causado
desconexão do inversor, ou mesmo em momentos que o inversor possa ter se desco-
nectado da rede devido à sobrecarga causada em horários com grandes níveis de
radiações.
Além disso outro fator que acabou dificultando a análise do FDI, foi o fato dos
dados obtidos estarem em uma baixa resolução temporal (intervalos de 1 hora), o que
impediu uma melhor percepção da ocorrência de perdas por limitação de potência,
que seriam mais visíveis se os dados estivessem em intervalos menores.
De posse dos dados instantâneos de radiação solar e potência referentes ao
gerador 4, foram calculadas a irradiação média diária e a energia produzida (Tabela
20) para cada um dos meses em que se dispunha dos dados de saída do sistema.

Tabela 20 – Irradiância média diária e energia


produzida em cada mês analisado
Irradiância
Média Energia
MÊS/ANO Diária Injetada na rede
(kWh)
(kWh/m². dia)

FEV/2014 5,79 91
MAR/2014 4,938 131
ABR/2014 4,464 136
MAI/2014 4,075 133,04
JUN/2014 3,869 130,61
JUL/2014 4 101
Fonte: Elaborado com dados do SFCR da UNIVERCEMIG
79

Avaliando os dados da tabela acima, percebeu-se que dentre os meses anali-


sados, o mês de fevereiro foi o que apresentou a maior irradiação média diária, porém
foi também o que apresentou o menor percentual de energia injetada na rede (91
kWh), tais fatos acabam se contradizendo, visto que meses com maiores índices de
irradiação espera-se maiores valores de energia injetada na rede.
Se comparada a produção real de energia no mês de fevereiro com a produção
estimada para este mesmo mês vista no item 4.2.1, o sistema deveria entregar a rede
algo próximo de 151 kWh, ou seja, um valor aproximadamente 65% maior do que o
realmente apresentado.
A justificativa para o mês de fevereiro de 2014, apresentar a menor quantidade
de energia injetada mesmo sendo o mês que apresentou os maiores índices de irra-
diação, pode estar fortemente relacionada ao fato de que neste mês em particular
houve diversos dias em que a potência injetada na rede se igualou a zero em diversos
horários de medição. Não se sabe ao certo a causa de tal acontecimento, mas verifi-
cando-se os dados medidos de radiação observou-se que em diversos dias do mês
de fevereiro/2014, o inversor apresentava potência CC ou CA diferente de zero ape-
nas no primeiro ponto de medição (06h) e nos horários seguintes apresentava potên-
cia medida igual a zero.
Além disso em alguns dias eram apresentados valores de potência de saída
até determinado horário e em seguida os valores se tornavam zero mesmo em horá-
rios em que ainda havia radiação solar. Em alguns dias este poderia ser um indicativo
de que o inversor pode ter se desligado devido a um aquecimento excessivo ao limitar
a potência por estar subdimensionado, porém, não pode-se afirmar com certeza que
isto ocorreu , visto que nas medições com intervalos de 1 hora um ponto está muito
distante do outro e não se tem a sensibilidade necessária para determinar o que de
fato ocorreu com potência durante um período de 60 minutos.
Os demais meses avaliados apresentaram valores de energia produzida pró-
ximo de 130kWh, com exceção do mês de julho/2014 que apresentou a segunda me-
nor parcela de energia injetada dentre os meses avaliados (101kWh), nesta ocasião
isso pode ser explicado pelo fato do mês de julho/2014 terem sido coletadas medições
somente até o dia 24.
80

5.2.3 Avaliação das perdas por sobrecarregamento do inversor

Analisando os dados reais do sistema em questão, foi feita uma análise do nível
da potência CC medida na entrada do inversor para cada um dos meses em que se
dispunha de dados de saída do inversor. A preferência por analisar a potência CC, se
deu devido ao fato de que o inversor na ocorrência de sobrecarregamento atua limi-
tando a potência CC de entrada em seu valor máximo estabelecido pelo fabricante.
No caso do inversor instalado no sistema analisado, segundo o datasheet do fabri-
cante, esse valor máximo equivale a uma potência de 1210W DC e 1100W AC.
Ao analisar a potência DC medida na entrada do inversor em cada um dos
meses avaliados percebeu-se que em poucas ocasiões o sistema atingiu a potência
de 1210W que causaria a limitação de potência, conforme pode ser visto na (FIG.14),
que mostra a distribuição de potência DC em intervalos de 1 hora compreendidos
entre os horários de 06h as 17h de cada dia, para os meses de Fevereiro/2014 a
Julho/2014.
A partir da análise dos gráficos da (FIG.14), observou-se que os meses de fe-
vereiro, março e abril foram os que apresentaram maior quantidade de pontos de po-
tência DC próximos de 1200W , valor que se aproxima da máxima potência de entrada
do inversor estabelecida pelo fabricante (1210W), enquanto que os meses de maio,
junho e julho por sua vez, não apresentaram ocorrência de nenhuma ponto de potên-
cia DC medido próximo de 1200W, e tiveram maior concentração de potência em va-
lores abaixo dos 1100W.
81

Figura 14 – Valores de potência DC na entrada do inversor em cada hora em que


houve medição, para os meses de FEV/2014 a JUL/2014

Fonte: Elaborado com dados do SFCR da UNIVERCEMIG

Essa análise permitiu ter uma noção de que nos três primeiros meses analisa-
dos há uma maior possibilidade de terem ocorrido perdas por sobrecarregamento do
82

inversor. Com os dados em intervalos horários, essas ocorrências que levariam as


perdas por limitação da potência ocorreram em uma frequência muito baixa, porém
deve-se considerar que se tais dados estivessem em intervalos menores, como de
pelo menos 10 minutos, talvez fossem detectados muito mais pontos que atingissem
a limitação do inversor, e desta forma ter-se-ia uma melhor noção da quantidade de
energia realmente perdida por utilizar um FDI menor do que 1.
Todavia considerando os dados que se encontram disponíveis para análise, o
subdimensionamento do inversor, do ponto de vista das perdas por limitação, se mos-
trou de certa forma aceitável, uma vez que em poucas ocasiões o inversor realmente
atingiu o patamar limite de potência DC e isso ocorreu apenas no meses de maior
irradiância média, sendo que nos meses de menor irradiância os valores instantâneos
de potência raramente se aproximaram dos 1200W, valor máximo de potência na en-
trada do inversor.
Apesar da resolução temporal da base de dados de potência dificultarem a
comprovação das ocorrências das perdas por limitação de potência pelo inversor, em
alguns dias o efeito de corte do inversor pôde ser visualizado , como pode ser obser-
vado na curva de potência de saída AC do inversor (GRAF.15) para o dia 19/03/2014,
onde é possível notar uma certa a estabilização da potência de saída do inversor entre
11h e 12h para um valor próximo de 1100W que é a máxima potência AC fornecida
pelo equipamento.

Gráfico 15 – Efeito do corte de potência pelo inversor fotovoltaico

Fonte: Elaborado com dados do SFCR da UNIVERCEMIG


83

De modo a estimar de forma razoável as perdas por limitação para esse dia,
utilizou-se o mesmo procedimento matemático utilizado na simulação do estudo de
caso 1, utilizou-se os dados teóricos de irradiância e temperatura, onde foram seleci-
onados os maiores valores de irradiância e os menores valores de temperatura que
ocorreram nos horários de 11h e 12h, simulando assim o maior valor de potência que
seria alcançado nestes horários, segundo os dados estimados para a região. Os va-
lores de potência referentes aos demais horários onde não ocorreu limitação, foram
mantidos.
A curva do GRAF.16 representa a sobreposição dos valores teóricos sob a
curva do GRAF.14.

Gráfico 16 – Curva de potência AC com e sem limitação de potência

Fonte: Elaborado com dados do SFCR da UNIVERCEMIG e dados de simulação matemática

A tabela 21 mostra a diferença de energia produzida nos dois casos, sendo


curva A, a curva sem limitação de potência e a curva B a curva que apresenta o corte.

Tabela 21 – Comparação entre a quantidade de energia com e sem corte na po-


tência
Energia curva A Energia Curva B Energia perdida Energia
(Kwh) (kWh) (kWh) perdida (%)
6,53 6,34 0,187 2,9%
Fonte: Elaborado com dados do SFCR da Univercemig e dados de simulação matemática
84

A perda estimada de energia para o dia em questão pode parecer um pouco


elevada, mas deve-se destacar que a mesma foi estimada considerando a melhor
situação encontrada em termos de irradiância e temperatura para o mês analisado,
ou seja, o melhor valor possível de potência com os dados utilizados, e considera-se
que tal situação pode vir a não ocorrer e provavelmente não se repetirá todos os dias.
Além disso nessa estimativa considera-se que os valores de potência ficaram acima
do permitido durante todo intervalo entre 11h e 12h, mas acredita-se que apenas com
dados em intervalos menores pode-se prever com clareza o comportamento da po-
tência gerada ao longo deste intervalo.
85

6 CONCLUSÕES

Ao executar este trabalho, tinha-se como objetivo principal avaliar a influência


da otimização do fator de dimensionamento do inversor fotovoltaico, na produtividade
e no custo final de um projeto de microgeração fotovoltaica para a cidade de Sete
Lagoas-MG.
Para tornar possível a avaliação do efeito causado pela otimização do FDI em
um SFCR, realizou-se um estudo voltado principalmente para uma simulação compu-
tacional e que em seguida foi somado a avaliação de dados reais de um sistema fo-
tovoltaico.
A análise dos dados de simulação onde foram comparados três modelos dife-
rentes de inversores fotovoltaicos, mostrou que em termos de produtividade anual, o
FDI ótimo ao analisar diferentes modelos de inversores, ficou concentrado entre 0,7 e
0,9. Entretanto, notou-se que, apesar de existir um ponto em que a produtividade atin-
giu um valor ótimo, a variação na produtividade é menor do que 1% para uma longa
faixa de FDI’s que sendo que em um dos modelos estudados esta faixa vai de 0,6 a
1,6.
Talvez um dos pontos mais importantes ao se otimizar o fator de dimensiona-
mento do inversor, esteja na necessidade de se determinar até que nível o inversor
pode ser subdimensionado, sem que isso implique em grandes perdas para o sistema
devido ao processo de limitação de potência. A análise das perdas por meio de simu-
lação mostrou que para os inversores analisados as perdas por sobrecarregamento
tendem a zero para valores de FDI acima de 0,7 ou 0,8 dependendo do modelo de
inversor utilizado.
Também observou-se que até certo ponto sobrecarregar um inversor levará a
um aumento da geração, entretanto em um dado momento o custo extra que se terá
ao sobrecarregar o inversor se tornará maior do que o acréscimo que se terá na ge-
ração com tal feito. Utilizando tal método, agregado ao estudo das perdas, concluiu-
se que o FDI ótimo para a cidade de Sete Lagoas para os três modelos de inversores
analisados, ficou entre 0,7 e 0,8.
Ao comparar o comportamento de um projeto de microgeração fotovoltaica para
uma residência, utilizando os três modelos de inversores estudados, ou seja, todos os
três modelos recebendo a mesma quantidade de potência do painel fotovoltaico, che-
gou-se à conclusão que o sistema com o menor inversor (menor FDI) entregou a maior
86

quantidade de energia a rede, por meio deste estudo conclui-se que tal ocorrência
estava fortemente relacionado ao fato de o inversor que entregou mais energia ter
maior eficiência que os demais, porém, também foi observado que há um ganho na
produção de energia por parte dos inversores que atuam com menor FDI, nos meses
mais frios, em relação aos inversores que se encontram com maior FDI, uma vez que
os inversores menos sobrecarregados irão atuar mais tempo com baixo carregamento
de potência e terão suas eficiências reduzidas.
A avaliação dos dados de um sistema real em Sete Lagoas e que se encontrava
com o inversor sobrecarregado (FDI=0,78), tornou evidente que a análise adequada
das perdas por sobrecarregamento de um sistema só se torna viável, caso haja dados
em intervalos pequenos , visto que os dados em intervalos horários dificultam a inter-
pretação do comportamento que a curva de potência assume ao longo do dia e da
contabilização do real intervalo de tempo em que a potência excede o limite do inver-
sor.
De toda forma, diante dos dados analisados, foi possível verificar que em pou-
cos dias o painel fotovoltaico entregou de fato a potência máxima de entrada do inver-
sor, e nos meses de baixa irradiância isso sequer ocorreu. As perdas por sobrecarre-
gamento, quantificadas para um dos dias de operação do sistema, em 2,9% da ener-
gia do dia em questão, podem parecer altas, entretanto, o procedimento utilizado,
considerou as melhores condições de geração encontradas naquele mês, o que de
fato eleva o valor da energia perdida. Além disso a baixa frequência com que a po-
tência máxima do inversor foi ultrapassada, e o baixo percentual de perdas anuais
estimadas para o mesmo sistema por meio de simulação, nos levou a concluir que o
fato de o inversor estar sobrecarregado não afetou o rendimento do sistema, mas tal
análise poderia acabar sendo desmentida caso o mesmo sistema fosse analisado
com dados em intervalos menores, que garantiriam melhor precisão ao estudo do sis-
tema real.
De forma geral, pôde-se concluir que a otimização do FDI aponta que subdi-
mensionar um inversor na região de Sete Lagoas pode ser benéfico ao SFCR, pois
em todos os métodos utilizados para análise do FDI, o valor ótimo encontrado estava
atrelado a fatores de dimensionamento do inversor menores do que o unitário.
Entretanto vale a pena destacar que o subdimensionamento excessivo do in-
versor pode acabar levando a perdas excessivas por limitação de potência, que po-
dem por sua vez gerar aquecimentos e reduzir a vida útil do inversor, desta forma em
87

casos onde deseja-se sobrecarregar em excesso um inversor fotovoltaico, dever ser


realizado um estudo mais específico voltado para investigação das temperaturas a
que o inversor estará submetido, bem como o tempo em que estará sujeito ao pro-
cesso de corte de potência.
Considera-se que os objetivos propostos neste trabalho foram atingidos, pois
conseguiu-se determinar como a otimização do FDI afeta a produtividade de um sis-
tema fotovoltaico, a geração de energia e no custo em se sobrecarregar o inversor.
Além disso foram apresentados diversos métodos para análise e otimização do FDI,
foram avaliados o comportamento de diferentes inversores atuando com FDI’s dife-
rentes, foi definido o FDI ideal para um SFCR localizado em Sete Lagoas e conseguiu-
se avaliar a viabilidade econômica de um projeto de microgeração fotovoltaica utili-
zando três inversores diferentes, que representaram uma relação de FDI diferente nos
três casos.
Para trabalhos futuros, sugerem-se estudos que possam contribuir para otimi-
zação do rendimento dos sistemas fotovoltaicos, tais como: a influência da tempera-
tura no funcionamento dos inversores, a análise da eficiência do rastreamento do
ponto de máxima potência por parte do inversor e análise comparativa entre a utiliza-
ção de inversores strings e microinversores.
88

REFERÊNCIAS

ABSOLAR. ABSOLAR PROJETA FONTE SOLAR LIDERANDO MATRIZ EM 2040.


[S. l.], 11 dez. 2018. Disponível em: <http://www.absolar.org.br/noticia/noticias-exter-
nas/absolar-projeta-fonte-solar-liderando-matriz-em-2040.html>. Acesso em: 30 maio
2019

ANEEL. Nota Técnica n° 0056/2017-SRD/ANEEL. [S. l.], 24 maio 2017. Disponível


em: <http://www.aneel.gov.br/documents/656827/15234696/Nota+T%C3%A9cnica_0
056_PROJE%C3%87%C3%95ES+GD+2017/38cad9ae-71f6-8788-0429-d097409a0
ba9>. Acesso em: 28 maio 2019.

ANEEL. Resolução Normativa Nº 414, de 9 de setembro de 2010. [S. l.], 2010.

ANEEL. Resolução Normativa Nº 482, de 17 de abril de 2012. [S. l.], 2012.

ANEEL. Resolução Normativa Nº 687, de 24 de novembro de 2015. [S. l.], 2015.

BURGER, B.; RÜTHER, R. Inverter sizing of grid-connected photovoltaic systems in


the light of local solar resource distribution characteristics and temperature. Solar
Energy, v. 80, p. 32 - 45, 2006.

CANADIAN. Canadian Solar Datasheet CS6K-275. [S. l.: s. n.], [s.d].


CANADIAN. Canadian Solar Datasheet CSI-1.5K-TL. [S. l.: s. n.], [s.d].

CANADIAN. Termo de garantia módulo fotovoltaico. [S. l.: s. n.], [s.d].

CEMIG. UNIVERCEMIG. Disponível em: <http://www.cemig.com.br/pt-br/Recursos_H


umanos/UniverCemig/Paginas/conceito_univercemig.aspx>. Acesso em: 30 maio
2019.

DEOTTI, Lucas Meireles Pires. Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica de um


Sistema de Microgeração Fotovoltaica Residencial com Autoconsumo Remoto. 2017.
190p. Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica) – Faculdade de Engenharia2,
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2017. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/eletrica_energia/files/2016/11/TCC_LucasDeotti. pdf.>Acesso em:
13 out. 2018.

DESCHAMPS, Eduardo Martins. OTIMIZAÇÃO DO FATOR DE CARREGAMENTO


DE INVERSORES PARA SISTEMAS SOLARES FOTOVOLTAICOS CONECTADOS
À REDE ELÉTRICA PÚBLICA. 2018. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) -
UFSC, Florianópolis-SC, 2018. Disponível em: <https://fotovoltaica.ufsc.br/Disserta-
coes/Dissertacao_Eduardo_Deschamps.pdf>. Acesso em: 1 mar. 2019.

ECOSOLYS. Datasheet inversores Solares Linha Ecos. [S. l.: s. n.], [s.d]. Disponível
em: <http://ecosolys.com.br/wp-content/uploads/2019/01/ap_datasheet_ecos.pdf>.
Acesso em: 18 abr. 2019.
89

KYOCERA. Datasheet Kyocera KC80. [S. l.: s. n.], [s.d].

MACÊDO, Wilson Negrão. Análise do fator de dimensionamento do inversor aplicado


à sistemas fotovoltaicos conectados a rede . 2006. 183 p. Tese (Doutorado em
Energia)- Escola Politécnica/ Faculdade de Economia e Administração/ Instituto de
Eletrotécnica e Energia / Instituto de Física, Universidade de São Paulo, São Paulo,
2006. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/86/86131/tde-
29112006 153307/publico/TeseWilson1.pdf>. Acesso em: 18 out. 2018.

MIRANDA, Arthur Biagio Canedo Montesano. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔ-


MICA DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE. 2014. Projeto de
graduação (Graduação em Engenharia Elétrica) - Universidade Federal do Rio de....
Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br/mono-
grafias/monopoli10010504.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2019.

NAKABAYASHI, Rennyo Kunizo. MICROGERAÇÃO FOTOVOLTAICA NO BRASIL:


condições atuais e perspectivas futuras. 2014. Dissertação (Mestrado em Ciências) -
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em: <http://www.teses.
usp.br/teses/disponiveis/106/106131/tde-26012015-141237/en.php>. Acesso em: 1
maio 2019.

NOGUEIRA, Paula Comarella. Estudo de viabilidade econômica da instalação de


sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica de energia do Rio de Janeiro: um
estudo de caso. 2016. Projeto de graduação (Engenheiro de produção) - Escola
politécnica/ UFRJ, Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: <http://monografia
s.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10017756.pdf>. Acesso em: 2 maio 2019.

PAIVA, Gabriel Mendonça de. Dimensionamento de um sistema fotovoltaico conec-


tado à rede a partir das características de inclinação e orientação dos módulos fotovol-
taicos. 2016. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) - Universidade Federal
de Goiás, Goiânia-GO, 2016. Disponível em: <https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitst
ream/tede/6426/5/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20-%20Gabriel%20Mendon%C3%
A7a%20de%20Paiva%20-%202016.pdf>. Acesso em: 27 out. 2018.

PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio. Manual de Engenharia para Siste-
mas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: [s. n.], 2014. Disponível em: <http://www.cre-
sesb.cepel.br/publicacoes/download/Manual_de_Engenharia_FV_2014.pdf>. Acesso
em: 25 mar. 2019.

RAMPINELLI, Giuliano Arns. Estudo das características elétricas e térmicas de


inversores para sistemas fotovoltaicos conectados à rede . 2010. 254 p. Tese
(Doutorado em Engenharia) - Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. Disponível em: <https://lume.ufrgs.br/handle/101
83/27935>. Acesso em: 24 out. 2018.

RAMPINELLI, Giuliano Arns; KRENZINGER, Arno; ROMERO, Faustino Chenlo.


Descrição e Análise de Inversores Utilizados em Sistemas Fotovoltaicos. Revista
Ciências Exatas e Naturais , [S.l.], v. 15, p. 25-50, jan. 2013. Disponível
em:<https://revistas.unicentro.br/index.php/RECEN/article/viewFile/2428/2231>.
Acesso em: 24 out. 2018.
90

SAMANEZ, Carlos Patrício. Matemática financeira: aplicações à análise de investi-


mentos. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2007.

SANTOS, Márcio Azevedo dos. Dimensionamento e retorno de investimento de gera-


ção de energia solar residencial: um estudo de caso no município de lagoa santa - mg.
2016. Trabalho de conclusão de curso (Especialização digital em Mudanças Climáti-
cas, Projetos Sustentáveis e Mercado de Carbono) - Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, 2016. Disponível em: <https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/188
4/52304/R%20-%20E%20-%20MARCIO%20AZEVEDO%20DOS%20SANTOS.pdf?
sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 1 fev. 2019.

SMA. Datasheet SB 1100/1700. [S. l.: s. n.], [s.d].

SMA. Technical data SUNNY BOY 2100TL. [S. l.: s. n.], [s.d].

SPADUTO, Robson Ruiz et al. In: CONFERÊNCIA DE ESTUDOS EM ENGENHARIA


ELÉTRICA - CEEL, 2013, Universidade Federal de Uberlândia. XI CEEL, 25 a 29 de
novembro de 2013 [...]. PROJETO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO DE 2,16 kWp
CONECTADO À REDE ELÉTRICA. Uberlândia: [s. n.], 2013. Disponível em:<
https://www.peteletricaufu.com/static/ceel/doc/artigos/atgos2013/ceel2013_074.pdf>.
Acesso em: 16 abr. 2019.

SUPERINTENDÊNCIA DE REGULAÇÃO DOS SERVIÇOS DE DISTRIBUIÇÃO –


SRD/ANEEL. Geração Distribuída – regulamentação atual e processo de revisão. [S.
l.], 2019. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/documents/655804/14752877/G
era%C3%A7%C3%A3o+Distri-bu%C3%ADda+%E2%80%93+regulamenta%C3%A7
%C3%A3o+atual+e+processo+de+revis%C3%A3o.pdf/3def5a2e-baef-bb59-2ce1-4f
69a9cb2d88>. Acesso em: 28 maio 2019.

WIKIPÉDIA. Sete Lagoas. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_La-


goas>. Acesso em: 13 setembro. 2018.
91

ANEXO

ANEXO A - Fluxo de caixa do SFCR de 2,2kWp utilizando o inversor SMA


SB2100TL– FDI 0,886

Fluxo de Valor
Tarifa Receita
Energia Saídas caixa Acumu-
ANO de com
gerada (R$) descon. lado
energia energia
(R$) (R$)

0 - - - 15088,00 -15088,00 -15088,00


1 2808,38 0,8912 2502,76 150,88 2208,34 -12879,66
2 2785,91 0,9497 2645,86 159,93 2191,74 -10687,92
3 2763,63 1,0121 2797,13 169,53 2175,26 -8512,66
4 2741,52 1,0786 2957,06 179,70 2158,90 -6353,76
5 2719,58 1,1495 3126,13 190,48 2142,67 -4211,09
6 2697,83 1,2250 3304,86 201,91 2126,56 -2084,53
7 2676,25 1,3055 3493,81 214,03 2110,56 26,03
8 2654,84 1,3913 3693,57 226,87 2094,69 2120,72
9 2633,60 1,4827 3904,75 240,48 2078,93 4199,65
10 2612,53 1,5801 4128,00 254,91 2063,30 6262,95
11 2591,63 1,6839 4364,01 270,20 2047,77 8310,72
12 2570,89 1,7945 4613,52 286,42 2032,37 10343,09
13 2550,33 1,9124 4877,30 303,60 2017,08 12360,17
14 2529,92 2,0381 5156,16 321,82 2001,90 14362,07
15 2509,69 2,1720 5450,96 4151,13 505,41 14867,48
16 2489,61 2,3147 5762,61 361,59 1971,89 16839,37
17 2469,69 2,4667 6092,09 383,29 1957,05 18796,42
18 2449,93 2,6288 6440,40 406,29 1942,32 20738,73
19 2430,33 2,8015 6808,62 430,66 1927,70 22666,43
20 2410,89 2,9856 7197,90 456,50 1913,19 24579,62
21 2391,60 3,1817 7609,44 483,89 1898,79 26478,41
22 2372,47 3,3908 8044,50 512,93 1884,49 28362,90
23 2353,49 3,6135 8504,44 543,70 1870,31 30233,21
24 2334,66 3,8510 8990,68 576,32 1856,22 32089,43
25 2315,99 4,1040 9504,72 610,90 1842,25 33931,68
Fonte: Elaborado pelo autor
92

ANEXO B - Fluxo de caixa do SFCR de 2,2kWp utilizando o inversor CANA-


DIAN CSI-1.5K-TL – FDI 0.72

Fluxo de Valor
Tarifa Receita
Energia Saídas caixa Acumu-
ANO de com
gerada (R$) descon. lado
energia energia
(R$) (R$)

0 - - - 15088,00 -15088,00 -15088,00


1 2815,53 0,8912 2509,14 150,88 2214,32 -12873,68
2 2793,01 0,9497 2652,59 159,93 2197,68 -10676,00
3 2770,66 1,0121 2804,25 169,53 2181,15 -8494,84
4 2748,50 1,0786 2964,59 179,70 2164,76 -6330,09
5 2726,51 1,1495 3134,08 190,48 2148,48 -4181,61
6 2704,70 1,2250 3313,27 201,91 2132,32 -2049,29
7 2683,06 1,3055 3502,71 214,03 2116,29 67,00
8 2661,59 1,3913 3702,97 226,87 2100,37 2167,37
9 2640,30 1,4827 3914,69 240,48 2084,57 4251,95
10 2619,18 1,5801 4138,51 254,91 2068,89 6320,84
11 2598,23 1,6839 4375,13 270,20 2053,33 8374,17
12 2577,44 1,7945 4625,27 286,42 2037,89 10412,06
13 2556,82 1,9124 4889,72 303,60 2022,55 12434,61
14 2536,37 2,0381 5169,28 321,82 2007,34 14441,95
15 2516,07 2,1720 5464,83 4151,13 510,81 14952,76
16 2495,95 2,3147 5777,28 361,59 1977,24 16930,00
17 2475,98 2,4667 6107,60 383,29 1962,36 18892,36
18 2456,17 2,6288 6456,79 406,29 1947,60 20839,96
19 2436,52 2,8015 6825,96 430,66 1932,94 22772,90
20 2417,03 2,9856 7216,23 456,50 1918,39 24691,29
21 2397,69 3,1817 7628,81 483,89 1903,95 26595,24
22 2378,51 3,3908 8064,98 512,93 1889,62 28484,85
23 2359,48 3,6135 8526,09 543,70 1875,39 30360,25
24 2340,61 3,8510 9013,57 576,32 1861,27 32221,52
25 2321,88 4,1040 9528,91 610,90 1847,26 34068,78
Fonte: Elaborado pelo autor
93

ANEXO C - Fluxo de caixa do SFCR de 2,2kWp utilizando o inversor ECO-


SOLYS ECOS2000 – FDI 0.91

Fluxo de Valor
Tarifa Receita
Energia Saídas caixa Acumu-
ANO de com
gerada (R$) descon. lado
energia energia
(R$) (R$)

0 - - - 15088,00 -15088,00 -15088,00


1 2647,30 0,8912 2359,21 150,88 2073,55 -13014,45
2 2626,12 0,9497 2494,10 159,93 2057,94 -10956,51
3 2605,11 1,0121 2636,70 169,53 2042,44 -8914,07
4 2584,27 1,0786 2787,45 179,70 2027,06 -6887,00
5 2563,60 1,1495 2946,82 190,48 2011,80 -4875,20
6 2543,09 1,2250 3115,30 201,91 1996,65 -2878,56
7 2522,74 1,3055 3293,42 214,03 1981,61 -896,95
8 2502,56 1,3913 3481,72 226,87 1966,68 1069,73
9 2482,54 1,4827 3680,78 240,48 1951,87 3021,60
10 2462,68 1,5801 3891,23 254,91 1937,16 4958,76
11 2442,98 1,6839 4113,71 270,20 1922,57 6881,33
12 2423,44 1,7945 4348,91 286,42 1908,08 8789,41
13 2404,05 1,9124 4597,55 303,60 1893,71 10683,12
14 2384,82 2,0381 4860,42 321,82 1879,44 12562,55
15 2365,74 2,1720 5138,31 4151,13 383,84 12946,40
16 2346,81 2,3147 5432,09 361,59 1851,21 14797,61
17 2328,04 2,4667 5742,66 383,29 1837,26 16634,87
18 2309,41 2,6288 6071,00 406,29 1823,41 18458,28
19 2290,94 2,8015 6418,10 430,66 1809,67 20267,95
20 2272,61 2,9856 6785,05 456,50 1796,02 22063,97
21 2254,43 3,1817 7172,98 483,89 1782,48 23846,46
22 2236,39 3,3908 7583,09 512,93 1769,04 25615,50
23 2218,50 3,6135 8016,65 543,70 1755,70 27371,20
24 2200,75 3,8510 8475,00 576,32 1742,46 29113,67
25 2183,15 4,1040 8959,55 610,90 1729,32 30842,99
Fonte: Elaboração própria

Você também pode gostar