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1.

Proposição (Canto I – estâncias 1-3)

O poeta apresenta o assunto do poema: vai cantar as façanhas guerreiras dos homens
que se fizeram heróis devassando o mar, dos reis que dilataram a Fé e o Império e de
todos aqueles que se tornaram imortais pelas suas obras. Afirma também que vai cantar
a glória do povo português. O poeta acrescenta ainda que os feitos portugueses são
mais grandiosos do que aqueles cantados nas epopeias clássicas, logo, merecem ser
exaltados.

“As armas e os barões assinalados/ (...) as memórias gloriosas/ Daqueles Reis (...)/
(...) E aqueles (...)/ Se vão da lei da Morte libertando:/ Cantando espalharei por toda
parte,/ (...) Que eu canto o peito ilustre Lusitano/ A quem Neptuno e Marte obedeceram.”

Neste excerto, encontram-se todos os agentes do engrandecimento da Pátria que o


poeta vai cantar. Todos eles são sintetizados na força do povo português “...o peito
ilustre Lusitano/”, a quem Neptuno (venceram os mares) e Marte (conquistaram as
terras através da guerra) obedeceram. O povo português é tão sublime, tão digno que
glória, determinado e corajoso, que até os deuses lhe obedecem.

Notar o uso da conjugação perifrástica,


- foram dilatando;
- andaram devastando;
- se vão libertando;
que exprime o aspeto durativo, apresentando a ação no seu fluir. São expressões que
conferem visualidade e impressionismo à linguagem e sugerem também que esses
feitos heroicos são um trabalho aturado e persistente.

2. Consílio dos Deuses (Canto I – estâncias 20-41, plano mitológico)

- Enquanto a armada portuguesa navega no oceano, dá-se uma simultaneidade de dois


planos.
- Os deuses são convocados por Mercúrio (o seu mensageiro) e dirigem-se ao Olimpo
para decidirem sobre o futuro dos Portugueses no Oriente.
- Na estância 22, temos uma descrição de Júpiter (o pai dos deuses), através da qual
vemos o seu destaque, a sua responsabilidade e o seu poder.
- Discurso de Júpiter: o pai dos deuses afirma que o Fado (destino) tornará os
portugueses superiores aos povos da antiguidade clássica. Enuncia heróis do passado
e refere a presente ousadia e persistência portuguesas na demanda de vencer os
mares. A sua opinião é que se deve cumprir o Fado, os portugueses devem conseguir
chegar à Índia.
- Os outros deuses vão intervindo, dando as suas opiniões: Baco manifesta-se contra,
com receio de perder a sua fama; Vénus pronuncia-se a favor, por gostar dos
portugueses, dada a sua semelhança com os romanos; Marte intervém a favor de
Vénus, interpelando Júpiter para cumprir com a sua determinação.
- Júpiter concorda com Marte, pelo que fica decidido que os Portugueses serão ajudados
a chegar à Índia. (de notar a intenção de Camões: os portugueses são tão valorosos
que até os Deuses estão a seu favor)

“Do mar que vê do Sol a roxa entrada/” – Perífrase para Oceano Índico, Oriente.
3. Inês de Castro (Canto III – estâncias 118-137, plano da História de Portugal)
- episódio trágico e lírico

Trágico Lírico
Contempla momentos da tragédia O narrador interpela o Amor acusando-
clássica: o de ser responsável pela tragédia,
- a paixão entre Pedro e Inês é sendo a inconformidade do “eu” poético
um desafio ao poder. expressa ao longo de todo o episódio,
- a punição, a decisão de matar Inês. bem como a repulsa pela morte de Inês,
- a piedade, presente no discurso de chorada até pela natureza.
Inês quando tenta demover o rei.
- a catástofre, quando se consuma a
morte de Inês.

- Vasco da Gama relata ao rei de Melinde o episódio trágico de Inês de Castro, cujo
responsável é o Amor.
- Descreve-se a vida feliz e tranquila de Inês nos campos do Mondego. O narrador,
neste momento, vai introduziondo indícios de que essa felicidade não será
duradoira “Naquele engano de alma, ledo e cego” (est. 120, v.3).
- Condenação de Inês – D. Afonso IV decide a morte de Inês, no entanto, tendo-a na
sua presença, vacila, mas as razões do reino levam-no a prosseguir.
- Discurso de Inês – Inês inicia a sua defesa, apelando à piedade do rei através: dos
animais que se humanizam ao cuidar de crianças; da afirmação da sua inocênca; do
respeito devido às crianças; do apelo ao desterro.
- Sentença e execução da morte – A determinação do rei mantém-se. Inês é executada.
- Considerações do narrador – vê a morte de Inês como uma atrocidade. Afirma que a
própria natureza chora Inês.
- Vingança de D. Pedro – D. Pedro, quando sobe ao trono, manda matar os carrascos
de Inês.

“Tu, só tu, puro Amor,...” – Apóstrofe

Amor – divindade sedutora – prazer e felicidade vs. tragédia, dor e sofrimento.

Sentimento antitético. Provoca sentimentos contrários, opostos.


“... puro Amor, com força crua,/ (...) fero Amor,(...)/ (...) áspero e tirano,/ Tuas aras
banhar em sangue humano.”
Antítese do amor – o amor é puro, mas age com força crua, é cruel, tirano, e causador
das maiores desgraças.

“Do teu príncipe ali te respondiam/ As lembranças que na alma lhe moravam,/ Que
sempre antes seus olhos te traziam,/ Quando dos teus fermosos se apartavam;”
– Hipérbato

De notar a impressionista animização da natureza, que chora a morte de Inês “As filhas
do Mondego a morte escura/ Longo tempo chorando memoraram,/” - Animismo

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