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CARTA DE POSICIONAMENTO

Colocaria no começo uma introdução falando que o intuito da carta é tecer algumas
críticas e traz
Em vista do recente acontecimento com o guia Marcos, no qual foi denunciado que a
supervisora Débora utilizou critério referente à orientação sexual para seleção de novos guias,
eu Iris Katilini, me coloco contrariamente à posição da gerente.
Para retomar o que houve, relembro que após o desligamento do ex-estagiário (Marcos)
houve publicações na rede social Twitter acerca do desse acontecimento e de sua insatisfação
com a atual gerência. Semanas antes do desligamento, houve comentários de cunho
homofóbico que partiram da atual gerente, tendo como testemunha pessoas que estavam
presentes em momentos diferentes. A gerente reproduziu sentença de cunho homofóbico ao
chamar homossexuais de “coisados”.
A primeira situação aconteceu no resultado das entrevistas para ocupar as vagas de
guia do Teatro Amazonas. A atual gerente foi ao térreo, onde estava concentrada uma parte
dos guias do turno matutino, quando ela falou:
“O rapaz era muito educado, mas ele era tão educado que a gente até desconfia... Ah, eu não
queria chamar um coisado pra cá, não... Aqui já tem mulher demais. É preciso um homem pra
quebrar um pouco disso. E até pela segurança”.
O comentário acima mostra claramente um termo preconceituoso diante da situação, em
que nem se sabia ao certo a orientação sexual da pessoa – fator que não deve jamais ser algo
passível de influência diante de uma entrevista de emprego – e, por isso, o rapaz foi impedido
da contratação por apresentar comportamento educado, o que aparentemente um homem não
pode ter, senão ele é estereotipado de gay. Educação é para quem, afinal?
Entendo que em sua defesa, Débora levantou a questão da segurança. Entretanto,
considero que tal argumento constitui uma visão estereotipada e, portanto, preconceituosa em
relação ao homossexual, como se apenas um homem hétero pudesse garantir um ambiente
mais seguro a todos. Tal atitude que não condiz com a conduta profissional que se espera de
alguém em sua posição e, por isso, me compadeço dou razão à crítica do Marcos.
Diante dessa situação, o ex-estagiário se sentiu ofendido com o título utilizado coisado,
e com a atitude de impedir a contratação de uma pessoa que, assim como o Marcos, é gay.
Ademais, esse impedimento da contratação, mostra que a gerência tem conflito com a
orientação sexual do público LGBT+, a qual ele (Marcos) e outras pessoas deste setor
pertencem. Trabalhar em um lugar em que a própria gerência manifesta esse tipo de
comentário gera desconforto e conflito.
Outra pauta de chateação foi quanto ao comportamento de outros trabalhadores do
Teatro Amazonas com o ex-estagiário Marcos. Certa vez, o senhor Victor Mascarim, bilheteiro,
o destratou no setor do turismo por causa de uma situação envolvendo um senhor, que havia
comprado o ingresso da visita em dólar, e ele foi questionar ao Marcos acerca do valor, pois
quando a pessoa ultrapassa os 60 anos, no Brasil, ela tem direito a pagar metade do valor
cobrado no ingresso em Teatros e Cinemas. Contudo, em momento algum foi repassado para
nós, guias, que esse direito não valia quando a forma de pagamento era dólar. Assim sendo,
Marcos não sabia dessa condição, e repassou ao turista sobre a questão do valor de meia
entrada, já que o turista havia pago 5 dólares (valor inteiro). O turista se direcionou à bilheteria e
questionou o senhor Victor sobre o troco, e o bilheteiro, por sua vez, com falta de respeito e
profissionalismo, foi até o Marcos e gritou com ele na frente dos outros guias que estavam
presentes (Iris e Kéurily) e na frente do turista. Ele constrangeu o Marcos, e gritou para ele
resolver “a merda” (nestas palavras) que ele fez. A situação foi repassada à supervisora, que
disse ter repassado à gerente, e o combinado era a gerente conversar com o Marcos na
próxima terça-feira, que seria quando ela voltasse ao trabalho (não lembro se estava de férias
ou de folga). Não obstante, essa conversa nunca aconteceu, e foi quando o ressentimento e
insatisfação do ex-estagiário começou. Diante disso, pergunto: isso foi falta de comunicação da
gerência com a vítima ou de fato deixaram pra lá, esperando que Marcos simplesmente
esquecesse e seguisse a vida?
Depois, na mesma semana, houve outra confusão envolvendo o guia Samir Torres, quem
também gritou com o ex-guia (Marcos). Nesta situação, a atual supervisora, Renata, que estava
presente, viu, repassou para a gerente, mas nunca houve uma conversa para saber como
estava o ex-guia diante dessa semana agitada, quando ele foi destratado e agredido
verbalmente mais de uma vez em menos de 3 dias.
Sabendo que não houve uma preocupação em inteirar-se como estava o Marcos, pergunto: o
que se espera de uma pessoa que acorda para mais um dia de trabalho, cheio de problemas
não resolvidos? O que esperar de uma pessoa que aguardava um posicionamento profissional
da gerente? Faltando apenas alguns dias para terminar seu contrato, Marcos simplesmente
pediu o desligamento. Não fica uma interrogação na cabeça? Uma pessoa que já está perto de
finalizar seus dias na empresa, simplesmente nem aguenta esperar. Não fica um
questionamento se essa pessoa está com problemas? Se o problema por ser comigo ou com
alguém daqui?
É importante saber se a sua equipe está bem mentalmente, e se não está, reitero que é
necessário um acompanhamento para gerenciar os conflitos do nosso setor. Gerenciar os
conflitos evitará a saída conturbada de outras pessoas daqui. Alguém que sai magoado, uma
hora vai expor as mágoas para alguém, seja para família, seja numa terapia, seja numa rede
social, que foi o que aconteceu.

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