Assunto de grande relevo na seara do Direito Administrativo a licitação e os
contratos administrativos encontram-se regulados na Lei 8.666/93, recentemente alterada pela Lei 12.873/13. No presente texto, abordaremos inicialmente o instituto da licitação, estabelecendo seu conceito, princípios, hipóteses de obrigatoriedade e dispensa, suas modalidades, procedimentos, hipóteses de anulação e revogação e recursos administrativos. Na sequência, analisaremos os contratos administrativos, estabelecendo as diferenças com os contratos privados, suas características, suas modalidades e rescisão do contrato administrativo. A licitação, conforme mencionado no preâmbulo é regulada pela Lei n. 8.666/93, podendo ser entendida como o procedimento administrativo pelo qual as entidades governamentais convocam interessados em fornecer bens ou serviços, assim como locar ou adquirir bens públicos, estabelecendo competição a fim de celebrar contrato com quem oferecer a melhor proposta. Para Celso Antônio Bandeira de Mello (2012) “licitação é um certame que as entidades governamentais devem promover e no qual abrem disputa entre os interessados em com elas travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, para escolher a proposta mais vantajosa às conveniências públicas”. Hely Lopes Meirelles (2006) define licitação como “o procedimento administrativo mediante o qual a administração pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse”. Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2009) conceitua como sendo “o procedimento administrativo pelo qual um ente público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração de contrato”. Por fim, Marçal Justem Filho (2009) assim define: “é um procedimento administrativo disciplinado por lei e por um ato administrativo prévio, que determina critérios objetivos de seleção da proposta de contratação mais vantajosa, com observância do princípio da isonomia, conduzido por um órgão dotado de competência”. Ademais, o dever de realizar licitações está previsto na Constituição Federal (art. 37, XXI) estando o assunto regulamentado pela Lei n. 8.666/93, de âmbito nacional, que dispõe sobre normas gerais de licitação e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Para melhor entendimento do tema, impende analisarmos os princípios norteadores da licitação, destarte, além dos princípios gerais à Administração Pública (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência) temos princípios específicos da licitação, não existindo consenso na doutrina no que se refere a sua especificação. Alexandre Mazza (2013) indica como princípios específicos da licitação o princípio da isonomia, da competitividade; princípio da vinculação ao instrumento convocatório; princípio do julgamento objetivo; princípio da indistinção; princípio da inalterabilidade do edital; princípio do sigilo das propostas; princípio da vedação à oferta de vantagem; princípio da obrigatoriedade; princípio do formalismo procedimental e princípio da adjudicação compulsória. Celso Antônio Bandeira de Mello (2012) indica como princípios informativos da licitação o princípio da igualdade, publicidade, rigorosa observância das condições do edital, possibilidade do disputante fiscalizar o atendimentos dos princípios anteriores. Hely Lopes Meirelles (2006) indica os princípios do procedimento formal, publicidade, igualdade entre os licitantes, sigilo das propostas, vinculação aos termos do instrumento convocatório, julgamento objetivo e adjudicação compulsória. Insta ainda observar que o art. 3º da Lei n. 8.666/93 preceitua que “a licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos”. Ante as divergências doutrinárias nos limitaremos a analise dos princípios da isonomia, princípio da vinculação ao instrumento convocatório, princípio do julgamento objetivo e o princípio da adjudicação compulsória. O princípio da isonomia, também conhecido como princípio da igualdade, deve nortear a licitação, primando a todos os que participarem do certame licitatório, igualdade de direitos, vedando o estabelecimento de condições que impliquem preferência. No que concerne à licitação, tal princípio encontra arrimo, no art. 37, XXI da Constituição Federal e no art. 3º,§1º da Lei n. 8.666/93 que estabelecem a competitividade e o tratamento igualitário entre todos os concorrentes, bem como na regra de indistinção preceituada no art. 3º, §1º, I da Lei n. 8.666/93, sendo vedadas as distinções quanto à naturalidade, à sede e ao domicílio dos licitantes. Ressalte-se que a própria Lei n. 8.666/93 traz algumas exceções ao princípio, tal qual ocorre no critério de desempate em favor da microempresa e empresa de pequeno porte, nos moldes da Lei Complementar n. 123/06. O princípio da vinculação ao instrumento convocatório está previsto no art. 41 da Lei n. 8.666/93, que prevê que a Administração Pública e os participantes do certame, além de cumprirem as regras legais, não podem desatender às normas e condições presentes no instrumento convocatório. Pautado, neste preceito é que se torna comum ouvirmos que o edital é a lei da licitação. Tal princípio dirige-se tanto a Administração como aos licitantes, assim o descumprimento dos requisitos constantes do ato convocatório (edital ou carta convite) gera efeitos, por exemplo, a não apresentação da documentação nele especificados gera a inabilitação do licitante e o não atendimento das exigências resulta na desclassificação. O princípio do julgamento objetivo esclarece Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2009, p. 361) “que decorre do princípio da legalidade, está assente seu significado: o julgamento das propostas há de ser feito de acordo com os critérios fixados no edital” acrescentando que conforme consagrado no art. 45 da Lei n. 8.666/93 “o julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar a aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle”. Ademais, “na ausência de critérios, tem-se que presumir que a licitação é a de menor preço”. Por fim o princípio da adjudicação compulsória, segundo Hely Lopes Meirelles (2006) significa que a Administração não pode, concluído o procedimento, atribuir o objeto da licitação a outrem que não o vencedor. “A adjudicação ao vencedor é obrigatória, salvo se este desistir expressamente do contrato ou não o firmar no prazo prefixado, a menos que comprove justo motivo. A compulsoriedade veda também que se abra nova licitação enquanto válida a adjudicação anterior”. Ademais, o art. 37, XXI da Constituição Federal, prevê a obrigatoriedade da licitação para os contratos de obras, serviços, compras, alienações, ainda, de acordo com o art. 175, também é obrigatória para concessão e permissão de serviços públicos. Todas as entidades e órgãos públicos pertencentes aos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios incumbe o dever de realizar licitação nas hipóteses acima transcritas, assim estão sujeitos a licitar o Poder Legislativo, o Poder Judiciário, Ministério Público, Tribunais de Contas, órgãos da Administração direta; autarquias e fundações públicas, agências reguladoras e executivas, associações públicas, consórcios públicos, empresas públicas, sociedade de economia mista, os fundos especiais como o FGTS; as fundações de apoio, os serviços sociais do sistema “S” e os conselhos de classe. Todavia, não se sujeitam ao dever de licitar as empresas privadas, as concessionárias de serviços públicos, as permissionárias de serviços públicos, as organizações sociais cuja contratação não decorra repasses públicos da União, as organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) e a OAB. Ademais, a Lei n. 8.666/93 traz em seu art. 17, I e II e no art. 24, as hipóteses de dispensa, e no art. 25 as hipóteses de inexigibilidade. Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2009, p. 365), apresenta a diferença entre dispensa e inexigibilidade de licitação, argumentando que “a diferença básica entre as duas hipóteses está no fato de que, na dispensa, há possibilidade de competição que justifique a licitação; de modo que a lei faculta a dispensa, que fica inserida na competência discricionária da Administração. Nos casos de inexigibilidade, não há possibilidade de competição, porque só existe um objeto ou uma pessoa que atenda às necessidades da Administração; a licitação é, portanto, inviável”. A autora, partindo da análise da leitura dos artigos 17, I e II, 24 e 25 da Lei n. 8.666/93, conclui que as hipóteses de dispensa de licitação se dividem em quatro grupos: em razão do pequeno valor; em razão de situações excepcionais, em razão do objeto e em razão das pessoas. Alegando, que a inexigibilidade ocorre em três hipóteses: exclusividade comercial, ou industrial, os serviços técnicos enumerados no art. 13, que remete a ideia de notória especialização; e contratação de profissional do setor artístico, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. Convém ainda mencionarmos que em conformidade com o art. 45 da Lei n. 8.666/93 existem quatro tipos de licitação: menor preço, melhor técnica, técnica e preço, e maior lance ou oferta. O critério pautado no menor preço tem o escopo de selecionar a proposta mais vantajosa economicamente para a Administração, resultando na contratação do licitante que atendidas todas as especificidades do edital ou convite, ofertar o menor preço. A melhor técnica, mister salientar, é utilizada exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual, neste tipo licitatório, os licitantes previamente qualificados terão abertos seus envelopes contendo as propostas, as quais após analisadas serão classificadas nos critérios pertinentes, após procede-se abertura do envelope com os preços dos licitantes classificados após análise técnica, passando a fase de negociações com o proponente melhor classificado, pautada na proposta de menor preço dentre os licitantes que observaram a valorização mínima. A licitação por técnica e preço, a similaridade do critério da melhor técnica, também se adstringe aos serviços de natureza predominantemente intelectual, igualmente serão analisados primeiro os envelopes atinente a técnica, após os classificados, terão abertos os envelopes com os preços e ao final será feita uma média entre a valorização (técnica) e o preço, de acordo com os pesos estabelecidos no instrumento convocatório. Por fim, o tipo licitatório de maior lance ou oferta é utilizado exclusivamente na modalidade leilão. Ademais, com fulcro no art. 22 da Lei n 8.666/93 são modalidades de licitação a concorrência, a tomada de preços, o convite, o concurso e o leilão, acrescentando a Lei n. 9.472/97 a consulta, a Lei n. 10.520/02, a modalidade pregão, a Lei n.12.232/10 para contratação de serviços de publicidade e a Lei n.12.462/11, regulamentada pelo Decreto n.7.581/11 (alterado pelo Decreto n.8.080/13) atinente ao Regime Diferenciado de Contratações (RDC), e as alterações decorrentes das Leis n. 12.688/12 e 12.722/12. Impende neste ponto salientar que, o art. 22, §2º da Lei 8.666/93 proíbe a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das existentes, sendo tal vedação dirigida à Administração Pública e não ao legislador, obviamente. Da análise das modalidades podemos perceber que as três primeiras – concorrência, tomada de preços e convite – distinguem-se basicamente em razão do valor do objeto. A Lei 8666/93 estabelecia que para obras e serviços de engenharia, as faixas de preço são as seguintes: convite (até R$150.000,00); tomada de preço (até 1.500.000,00); e concorrência acima de R$ 1.500.000,00. Para os demais objetos: convite (até R$ 80.000,00); tomada de preço (até R$ 650.000,00); e concorrência acima de R$ 650.000,00. Entretanto, o DECRETO Nº 9.412, DE 18 DE JUNHO DE 2018 atualizou os valores das modalidades de licitação de que trata o art. 23 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, vejamos: I - para obras e serviços de engenharia: a) na modalidade convite - até R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais); b) na modalidade tomada de preços - até R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais); e c) na modalidade concorrência - acima de R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais); e II - para compras e serviços não incluídos no inciso I: a) na modalidade convite - até R$ 176.000,00 (cento e setenta e seis mil reais); b) na modalidade tomada de preços - até R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta mil reais); e c) na modalidade concorrência - acima de R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta mil reais).
A concorrência “é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que,
na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto, bem como garantia de ampla publicidade” (art. 22, §1º, da Lei n. 8.666/03), sendo que nesta modalidade o intervalo mínimo exigido entre a publicação do edital e a entrega dos envelopes é de 45 (quarenta e cinco) dias corridos nas licitações de melhor técnica e técnica e preço e de 30 (trinta) dias corridos para o tipo menor preço. (MAZZA, 2013, p. 370) O procedimento da concorrência compreende as seguintes fases: edital, habilitação, classificação, homologação e adjudicação. No edital estão dispostos os requisitos para participação, o objeto e as condições básicas do contrato e convida os interessados a apresentar a proposta (DI PIETRO, 2009, p. 389). Na habilitação ocorre a abertura dos envelopes contendo documentação referente a habilitação e a proposta. Os documentos exigíveis, previstos no art. 27 da Lei n. 8.666/93 refere-se à habilitação jurídica, qualificação técnica, qualificação econômico-financeira, regularidade fiscal e cumprimento do disposto no inciso XXXIII, referente à vedação de participar empresas que explorem o trabalho noturno, perigoso, insalubre a menores, salvo na condição de aprendiz. Após, ocorre a fase de classificação pautada no menor preço, melhor técnica, técnica e preço e maior lance, conforme o tipo licitatório. A homologação, conforme o art. 43, VI, da Lei n. 8.666/93, é o ato final do procedimento, consistindo “a deliberação da autoridade competente quanto à homologação e adjudicação do objeto da licitação”. Por fim, a “a adjudicação é o ato pelo qual a Administração, pela mesma autoridade competente pra homologar, atribui ao vencedor o objeto da licitação”. A tomada de preço “é a modalidade entre interessados devidamente cadastrados ou que atendam às condições do edital até três dias antes da data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação”. (art. 22, §2º, da Lei n. 8.666/03) O intervalo mínimo entre o edital e a entrega dos envelopes é de 30 dias corridos (melhor técnica e técnica e preço) e 15 dias corridos (menor preço). (MAZZA, 2013, p. 370) Não há muita diferença entre o procedimento da concorrência e o da tomada de preço. A diferença básica será no prazo de antecedência na publicação do edital, no mais as fases são as mesmas. (DI PIETRO, 2009, p. 401) O convite “é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3(três) pela unidade administrativa, a qual fixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 horas da apresentação da proposta (art. 22, §3º, da Lei n. 8.666/03) (MAZZA, 2013, p. 371) No convite, o procedimento é simplificado: a convocação dos licitantes é feita por escrito, com cinco dias úteis de antecedência, mediante carta- convite dirigida a pelo menos três interessados, escolhidos pela unidade administrativa, e mediante fixação, em local apropriado, da cópia do instrumento convocatório, sendo facultada, ainda, a publicação no Diário Oficial. Recebido os envelopes com as propostas, seguem-se a classificação, adjudicação e homologação. O concurso “é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante instituição de prêmios ou remunerações aos vencedores, conforme critérios constantes do edital (art. 22, 43º, da Lei n. 8.666/03) (MAZZA, 2013, p. 371) A Lei n. 8.666/93 não estabelece um procedimento a ser adotado no concurso, deixando a cargo de regulamento próprio de cada concurso a sua definição, lembrando que nos concursos a escolha não leva em conta o preço, já que o prêmio será o estipulado no edital. Leilão, nos termos do art. 22, 53, da Lei n. 8.666/03, “é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para alienação de bens imóveis oriundos de procedimentos judiciais ou dação em pagamento, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação” (MAZZA, 2013, p. 272) A Lei n. 8.666/93 também não traz os procedimentos do leilão, assim, convém informar que será feito por leiloeiro oficial ou servidor designado para tal mister, os bens serão pagos à vista ou no percentual estabelecido no edital, após a assinatura da ata lavrada no local do leilão, os bens serão entregues ao arrematante, o qual se obrigará ao pagamento do restante no prazo previsto no edital. (DI PIETRO, 2009, p. 403) A consulta é modalidade de licitação exclusiva da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) e segundo art. 55 da Lei 9.472/97 “será realizada mediante procedimentos próprios determinados por atos normativos expedidos pela agência, vedada sua utilização para contratação de obras e serviços de engenharia”. (MAZZA, 2013, p. 272) Por derradeiro, o pregão, criado pela Lei n. 10.520/2002 “é a modalidade de licitação válida para todas as esferas federativas e utilizada para contratação de bens e serviços comuns”. Tal modalidade, atualmente já é obrigatória no âmbito federal, preferencialmente na modalidade pregão eletrônico. No pregão, o intervalo mínimo entre a publicação do instrumento convocatório e o envio da proposta é de oito dias úteis, tendo tal modalidade de licitação, como característica fundamental, é a inversão nas fases naturais da licitação, pois nesta modalidade após os lances verbais decrescentes, analisam-se, fechados, os envelopes com documentos de habilitação dos demais licitantes. Assim, o julgamento das propostas antecede a habilitação dos licitantes. A experiência das Administrações, em processos de licitação, tem demonstrado que o uso da modalidade pregão gera significativa economia aos cofres públicos. É elemento que concorre para explicar esse fato a possibilidade de os licitantes, ou parte deles, alterarem o valor de suas propostas após a abertura dos respectivos envelopes. Além disso, ao contrário do que ocorre com as demais modalidades, no pregão a homologação é realizada após adjudicação. Portanto, as etapas do pregão são: instrumento convocatório, julgamento (classificação), habilitação, adjudicação e homologação. O Decreto n. 3.555/2000, com redação alterada pelo Decreto n. 3.784/2001, estabeleceu para o âmbito da União um rol taxativo dos bens e serviços que ser contratados mediante pregão. Assim, é vedado no âmbito federal o uso de pregão para contratação de bens e serviços não listados no rol. Ainda, no que se refere a licitação a Lei n. 12.232/2010, na licitação de serviços de publicidade prestados por intermédio de agência de propaganda, definindo como obrigatório os critérios de melhor técnica ou técnica e preço. Impende, mencionar o registro de preços, previsto no art. 15 da Lei n. 8.666/93, regulamentada pelos Decretos 3931/2001 e 4.342/2002, “o registro de preços é um sistema utilizado para compras, obras ou serviços rotineiros no qual, ao invés de fazer licitações, o Poder Público realiza uma concorrência e a proposta vencedora fica registrada, estando disponível quando houver necessidade de contratação pela Administração, assim, a proposta vencedora fica à disposição da Administração para, quando desejar contratar, utiliza o cadastro quantas vezes forem necessárias, bem como, mesmo após o registro de preços o Poder Administrativo não é obrigado a contratar com o ofertante registrado”. (MAZZA, 2013, p. 383) No que tange ao registro de preço, hodiernamente, há a figura do “carona”, ou seja, “uma pessoa jurídica ou órgão público, do registro de preço realizado por outra entidade estatal. A vantagem é que o caroneiro poderá celebrar o contrato de imediato sem necessidade de refazer a licitação”. Mister ressaltar que a prática da carona é expressamente autorizada, em âmbito federal, pelo art. 8º do Decreto n. 3.931/2001. Os Tribunais de Contas Estaduais também admitem o uso da carona, desde que haja uma restrição quantitativa, já o Tribunal de Contas da União considera que a carona é uma fraude ao dever de licitar na medida em que multiplica posteriormente a dimensão do objeto, prejudicando direitos dos potenciais licitantes. Por derradeiro, o RDC inicialmente previsto para as obras dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos (2016), Copa das Confederações (2013) e Copa do Mundo (2014), estendeu-se as contratações decorrentes do PAC e de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas público de ensino. Diferencia-se da Lei n. 8.666/93: (a) contratação integrada; (b) nomes e marcas; (c) Remuneração variável; (d) inversão de fases; (e) parcelamento e contratação simultânea; (f) fase única de recursos; (g) pré-qualificação; (h) proposta vencedora. Em conformidade com o art. 49 da Lei n. 8.666/93 é possível ocorrer a revogação da licitação por interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, bem como a obrigatoriedade de sua anulação por ilegalidade, neste último caso podendo agir de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. (DI PIETRO, 407) A reforçar a possibilidade de revogação e anulação de licitação, podemos citar o princípio da autotutela e a Súmula n. 473 do STF. Ademais, se houver a anulação não haverá obrigação da administração indenizar, salvo na hipótese da ilegalidade ser imputável à própria Administração, ficando ainda obrigada a indenizar, o que já houver sido executado do contrato. No que se refere as comissões licitatórias, em qualquer da modalidades e tipos mencionados, via de regra, será formada por três membros, dos quais pelo menos dois devem pertencer ao quadro permanente da Administração, podendo ser constituídas comissões especiais, constituída para um certame específico ou permanente, realizando todas as licitações no período da investidura. Urge informar que o art. 109 da Lei n. 8.666/93 prevê a possibilidade de interpor recurso administrativo atinente a licitação, denominados recurso, representação e pedido de reconsideração. O recurso deve ser interposto no prazo de 5(cinco) dias úteis a contar da intimação do ato ou da lavratura da ata, podendo decorrer de habilitação ou inabilitação; julgamento das propostas, anulação ou revogação da licitação, indeferimento de pedido de inscrição, rescisão de contrato e no caso de aplicações de penas de advertência, suspensão temporária ou de multa. Nos casos não previstos para interposição de recurso, poderá o interessado apresentar representação no prazo de 5(cinco) dias úteis a contar da intimação do ato. Cabendo, ainda o pedido de reconsideração nas hipóteses de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração, neste caso o prazo é de 10(dez) dias úteis.