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Escola Secundária Francisco de Holanda Turma: 12º

Área de Projecto CT7


Título do Trabalho
Guião Ano lectivo:
2009/2010
Data de entrega: 01/03/10

Nome: Ana Sofia Ferreira, Áurea Salgado, Mariana Coelho, Sara Números:
Costa 2, 4, 15, 21
Sinopse: Bárbara Mendonça (Mariana) e Isabel Pereira (Sara) são duas amigas de
trabalho. A primeira, advogada e a segunda, juíza. Bárbara era lésbica e tinha uma
parceira chamada Flávia Ferreira (Sofia).
Um dia, Bárbara e Isabel encontram Tânia Mendes (Áurea), uma amiga de infância. A
partir deste momento, continuam a encontrar-se frequentemente.
Esta história realizada por Ana Sofia, Áurea, Sara e Mariana, mostra-nos um pouco do
dia-a-dia dos homossexuais, numa aventura emocionante, realçando as discriminações
que eles sofrem a nível social.

Elenco:

Isabel Pereira (Sara Costa)


Bárbara Mendonça (Mariana Pereira)
Flávia Ferreira (Sofia Ferreira)
Tânia Mendes (Áurea Salgado)
Rodrigo (Leandro Lopes)
António Santos (Paulo Félix)
Rui Teixeira (Luís Barros)
Rita Teles (Rita Vale)
Advogado de defesa do Sr. David (Carlos Fernandes)
Sr. David (Casimiro Ferreira)
Sra. Manuela (Filipa Novais)
Susana Marques Silva (Catarina Antunes)
Tiago (Pedro Miguel)
Manuel (Pedro Filipe)
Joana (Vânia)

Elenco/ Caracterização:
Isabel Pereira:
Conceituada juíza cuja concentração na carreira profissional lhe leva a descuidar das
suas relações familiares e sociais, tendo por isso poucos amigos e problemas com o
marido, Rodrigo.

Bárbara Mendonça:
Caracterizada por uma forte e dominante personalidade; é a personagem mais segura
da história, lutando sempre sem limites por aquilo que quer. Sendo estas
particularidades que lhe permite ser uma das melhores advogadas do país.

Flávia Ferreira:
Estudante frágil, com dificuldade de lidar com os ataques de homofobia que
regularmente sofre por parte dos seus colegas de escola e também de desconhecidos.

Tânia Mendes:
Prostituta de profissão. Aparenta uma personalidade forte, que não lhe permite, no
entanto, dizer a verdade sobre o que faz às suas amigas. Tem um caso secreto com
Rodrigo de quem gosta de uma forma diferente da relação prostituta-cliente.

Rodrigo:
Marido de Isabel, é um banqueiro com algumas dificuldades no trabalho e cuja
personalidade fraca o leva a procurar conforto com uma prostituta, Tânia, por quem se
apaixona.

António Santos (inspector-chefe)

Rui Teixeira (segundo inspector)

Rita Teles (terceira inspectora)

Sr. David (agressor homofóbico)

Advogado do Sr. David

Sra. Manuela (testemunha da agressão)

Susana Marques Silva (jornalista)

Grupo de Universitários: Tiago (namorado de Joana), Pedro, Filipe, Joana e Manuel.

Bárbara e Flávia formavam um casal; eram lésbicas. Bárbara era uma advogada e
Flávia andava a tirar o curso superior de Arte.
Uma saída de Bárbara e Flávia:

Bárbara e Flávia estavam a passear na rua, a conversar, a ver lojas, etc.

 Bárbara: Olha, Flávia! Que camisola linda! Devia-te ficar mesmo bem!
 Flávia: Oh Bárbara… (Bárbara: Diz?) Estou nervosa…
 Bárbara: Porquê?
 Flávia: Está-se a aproximar o julgamento. Neste momento acho que não foi boa
ideia termos posto aquelas pessoas em tribunal!
 Bárbara: Como não? Tu foste agredida! Ouviste bem? Agredida! (Flávia: Eu sei)
Essas pessoas têm de aprender que não se pode tratar uma pessoa assim.
Agressão é crime!
 Flávia: Eu sei disso, mas...

(Bárbara agarra a mão de Flávia e diz-lhe olhando-a nos olhos)

 Bárbara: Mas nada! Nós vamos ganhar a causa! Ouviste? Nós vamos ganhar!
 Flávia: Isso já não tenho tanta a certeza…
 Bárbara: Tu não confias em mim?
 Flávia: Confio, mas Bárbara…
 Bárbara: Então não tens nada a perder!

(Bárbara abraça Flávia)

 Bárbara: Tira essas minhocas da cabeça! Lembra te do que eu te disse… Tu tens


de parecer segura e confiante. Só assim poderemos ganhar! Ok?
 Flávia: Ok.
 Bárbara: Anda então… E não vamos falar mais nisto! (pega-lhe pela mão) Ainda
queres ver aquela camisola? (Sorri)
 Flávia: Quero. (Sorri)

No dia do julgamento

Em frente ao Tribunal, encontra-se uma enorme manifestação contra os homossexuais.


Julga-se um caso de homofobia. Flávia foi brutamente agredida por ter uma
orientação sexual diferente das outras pessoas.

(Bárbara chega de carro ao tribunal, Isabel já está na sala a vestir-se e Flávia põe
capucho na cabeça para não ser reconhecida.)

Pessoas que se encontram na manifestação (alternadamente): Sua fufa! Ainda bem


que te agrediram! Foi muito bem feito! Não vales nada! Não és ninguém! (atiram-lhe
objectos)

(Já no átrio do tribunal)


 Bárbara: Então? Como te sentes? Nervosa?
 Flávia: Um bocado. Já viste a concentração que está lá fora? Está tudo contra
mim! Vamos perder o julgamento!
 Bárbara: Estás a dizer que sou má advogada? (ri-se)
 Flávia: Não! Por favor… Se calhar expressei-me mal. É que não estou nada
confiante. É só isso…
 Bárbara: Eu sei, eu percebi. Não te preocupes! Nós vamos ganhar e a tua
moral, tal como as de todos aqueles que se sentem inferiorizados pelo mesmo
motivo que tu, vão ficar hoje aqui defendidos. Podes confiar em mim! (pondo-
lhe a mão no braço dando-lhe consolo) Bem…Vou-me preparar! Vai entrando.

Flávia entra para a sala de julgamento. Sentam-se todos, a juíza e os advogados


entram para a sala. A juíza começa a falar.

 Isabel: Processo nº 12736, caso de agressão. Dou por iniciada a sessão.

(Flávia, foi chamada a depor, sendo neste momento questionada pela advogada de
defesa, Bárbara.)

 Bárbara: Então pode afirmar não ter tido qualquer comportamento que levasse
o agressor a atacá-la?
 Flávia: Não… Eu… Eu apenas estava a passar por ele …. Começou a insultar-
me… Quando tentei sair dali agarrou-me… e…e começou a bater-me. (com as
lágrimas nos olhos) Só parou quando a senhora do café nos separou.
 Bárbara: Sr. David, afirma ter agredido a minha cliente quando esta estava a
passar na rua?
 Sr. David: Eu não agredi ninguém!
 Bárbara: Então como explica os hematomas da minha cliente?
 Sr. David: Eu simplesmente lhe dei uns “abanões”.
 Bárbara: E porque deu esses tais “abanões” à minha cliente?
 Sr. David: Por amor de Deus! Estamos a discutir um assunto de uma pessoa que
nem é normal! Ela devia mas é ser internada…
 Bárbara: Sr. David, porque é que diz que a minha cliente não é normal?
 Sr. David: Porquê? Porque ela anda enrolada com mulheres. (ri-se)

(Começa a audição da testemunha – Sra. Manuela)

 Bárbara: Sra. Meritíssima, peço agora para falar com a Sra. Manuela,
proprietária do café que fica na rua onde a minha cliente foi agredida.

(Entra a Sra. Manuela para depor)

 Bárbara: Sr. Manuela, foi a senhora que ajudou a minha cliente a escapar às
mãos do agressor?
 Sra. Manuela: Bem, sim… Eu não podia deixar a menina ser agredida daquela
forma por um idiota daqueles…
 Advogado do Arguido: Protesto…. Meritíssima, a testemunha não pode ter
este tipo de linguagem, sugiro que seja expulsa deste tribunal.
 Isabel:Dr., aqui quem decide quem é ou não expulso sou eu!
Sra. Manuela, por favor abstenha-se desse tipo de linguagem, limite-se só a
responder o que lhe é perguntado.
 Bárbara: Sra. Manuela pode-me dizer exactamente o que viu?
 Sra. Manuela: Sim. Ele agarrou nos cabelos da menina e arrastou-a como
daqui para ali (fazendo o trajecto com a mão), e como se não bastasse ainda
lhe deu pontapés! Aquele cobardolas…
 Advogado do Arguido: Protesto…. Meritíssima, a testemunha está novamente
a difamar o meu cliente!
 Isabel: Sra. Manuela, por favor, não a volto a avisar. Prossiga…
 Sra. Manuela: …a menina só gemia e ninguem ajudava. Povo inútil!
 Advogado do Arguido: Se me dá licença, Meritíssima (esta acena que sim) Sra.
Manuela, é verdade que tem diversas multas de automóvel, devido a excesso
de álcool no sangue?
 Bárbara: Meritíssima, estes factos não constam no questionário.
 Isabel: Não constam mas podem ter interesse. Por favor, responda à pergunta.
 Sra. Manuela: Sim, é verdade, mas eu não …
 Advogado do Arguido: Obrigado, não tenho mais questões, Meritíssima.

(Alegações finais dos dois advogados)

 Bárbara: Meritíssima, ficou provado neste tribunal que a minha cliente foi
violentamente agredida pelo Sr. David, num claro desrespeito pelos direitos
humanos básicos da minha cliente e por um motivo grave de preconceito.
Mais, este senhor não admitiu o crime de agressão, nem em circunstância
alguma mostrou-se arrependido pelo acto de frieza e crueldade incumbido à
minha cliente. Por isso peço ao tribunal a punição deste homem pois só assim
se fará justiça. Obrigada.
 Advogado do Arguido: Belo discurso minha cara colega, mas deixe-me mostrar
o meu maior desacordo, pois não podemos dizer que o meu cliente agrediu a
Sra. Flávia! Como ele diz, só lhe deu uns abanões… e os hematomas que a Sr.
Flávia tem, não há qualquer relatório médico que provem terem sido feitos no
dia da suposta agressão.
A testemunha que alega ter visto alguma coisa, nada nos diz que nesse dia não
estava embriagada, como tantas e muitas outras vezes teve. E, Meritíssima,
permita-me acrescentar que as alegações da Sra. Flávia não mostraram
qualquer firmeza e tem que concordar que ela não demonstra ter
comportamentos muito éticos. Por isso, peço a este tribunal que retire a
acusação feita ao meu cliente por falta de provas que indiquem a acusação.
Obrigado.

(A juíza Isabel e os júris depois de meditar sobre o julgamento dizem o


resultado da acusação)
 Isabel: Tendo em consideração as provas testemunhais e as alegações feitas
pelo arguido e pelo queixoso, deu-se como provado que o Sr. David Silva
cometeu o crime de ofensa à integridade física sobre a Sra. Flávia Ferreira, do
Decreto Lei nº 48/95 do artigo nº 143.
Julga-se a acusação provada e condena-se o Sr. David a indemnizar a vítima
com 8 mil euros e a contribuir com trabalho comunitário ao longo de 1 ano e
meio. (Isabel tira os óculos e olha para o Sr. David)
E sugiro ao Sr. David que consulte um psicólogo porque a Sra. Flávia é tão
normal como todos os que estamos aqui e se o senhor não concorda é porque
tem um grave distúrbio de identidade. Declaro encerrada a audiência.

Encontro de Tânia, Isabel e Bárbara.

(Bárbara e Isabel estão a sair do tribunal uma em frente da outra, pois como uma é
juíza e outra advogada, mesmo sendo amigas de infância, não podem ter grandes
relacionamentos.)
(Tânia – uma amiga de infância de Bárbara e Isabel - está a passar à frente do tribunal.
Bárbara que vai à frente de Isabel, vê Tânia)

 Bárbara: Tânia? Tânia!!


 Tânia: Bárbara? És tu? (cumprimentam-se)
 Bárbara: Então que tens feito? Já não te vejo há quantos anos? 10?
 Tânia: Pois. Já passou muito tempo… perdemos o contacto. (Isabel aproxima-
se). Isabel? Não me acredito!
 Isabel: (olha para Tânia de cima a baixo e faz uma cara de quem não sabe com
quem está a falar) Desculpe, mas nós conhecemo-nos?
 Bárbara: Isabel, por favor. Não reconheces a Tânia?
 Isabel: Ah! Já me lembro! Como tens passado? (Dá um aperto de mão à Tânia,
mas Tânia cumprimenta-a com um beijo)
 Tânia: Deixa-te desses formalismos! Até parece que não fomos grandes amigas
as três… Bem… Estou a ver que conseguis-te ser juíza! (Isabel sorri)
 Bárbara: (vira-se para Tânia) E tu, que fazes?
 Tânia: Eu... Eu não tenho uma profissão fixa, faço uns trabalhinhos aqui e ali...
 Bárbara: Temos de combinar qualquer coisa para pôr a conversa em dia! Vou-
te dar o meu número para não perdermos mais o contacto. (virando-se para
Isabel) Isabel, dá também o teu!
 Isabel: Mas... Bárbara… Tu sabes que não posso dar o meu número a qualquer
pessoa...
 Bárbara: Por favor, Isabel… É a Tânia! Deixa-te disso!
 Isabel: Tudo bem. Mas Tânia, este número é confidencial.
 Tânia: Ok Isabel. Sempre foste muito certinha... Está visto que continuas a
mesma.
 Isabel: Um pouco. Bem, tenho de ir! O meu marido já está à minha espera...
 Tânia: Marido?? Tu casaste?
 Isabel: Sim, casei-me! Já estava na hora de constituir família.
 Tânia: E filhos?
 Isabel: Filhos não tenho...pelo menos para já. Bem, agora tenho mesmo de ir.
Falamos noutra altura! Adeus.
 Tânia: Xau.
 Bárbara: Adeus Isabel. (Isabel vai-se embora e Tânia e Bárbara continuam a
conversar)
 Tânia: E tu, Bárbara? Marido? Filhos?
 Bárbara: Nah! Claro que não! Humm… quer dizer, neste momento estou
sozinha!
 Tânia: És como eu! Umas cenas ali, outras aqui, mas nada de compromissos!
(Bárbara: Pois) Falando em compromissos…Tenho agora um e já estou
atrasada.
 Bárbara: Vai lá então. Não te quero atrasar! Olha… Amanhã vou dar um jantar
em minha casa… Aparece! A Isabel também vai... Depois mando-te mensagem
a explicar onde é a casa, está bem?
 Tânia: Ok. Xau! Gostei muito de te voltar a ver e espero aparecer amanhã ao
jantar. (Despedem-se com dois beijinhos)
 Bárbara: Eu também. Adeus.

(Bárbara e Tânia vão-se embora)

Desabafos de Flávia a Bárbara sobre a agressão psicológica na universidade

Flávia encontra-se em casa a chorar. Bárbara chega a casa do Tribunal e entra no


quarto.

 Bárbara: Flávia? O que se passa? Porque estás a chorar?


 Flávia: Oh… Porque estou farta Bárbara, apenas estou farta…
 Bárbara: Farta de quê?
 Flávia: Das pessoas! Não consigo entender porque me fazem isto… Como há
pessoas tão más neste mundo!
 Bárbara: Mas o que se passou? Voltaram-te a agredir??? Diz-me é que se…
 Flávia: Não! Não voltaram… às vezes não é preciso agredir-nos fisicamente para
sermos atingidos…
 Bárbara: Mas conta-me o que se passou…
 Flávia: Oh… Eu estava na universidade e …

Flávia estava na universidade, sentada num banco, quando um grupo se aproximou


dela.
 Tiago: Olha a fufa!

(Flávia olha para o grupo)

 Tiago: Ouve lá, não olhes para a minha namorada! Ela não joga na tua equipa!
 Manuel: Nós somos normais.
 Flávia: (com lágrimas nos olhos) Deixem-me em paz!
 Pedro: Oh… Coitadinha… Vais chorar, é?

(Flávia levanta-se do banco e vai-se embora a correr)

 Manuel: Não deviam permitir que estas pessoas entrassem numa universidade!
 Joana: Pessoas? Eles nem deveriam ser considerados pessoas!

(No quarto outra vez)

 Bárbara: Vá… Anima-te! Não lhes ligues! Eles é que não são normais por te
fazerem isso! Vê se descansas que amanhã a Isabel e a Tânia vêm cá jantar!
Ganhamos a causa! É tudo o que interessa! (abraça Flávia)
 Flávia: Obrigada, Bárbara!

Jantar em casa de Bárbara

Em casa de Bárbara o jantar está quase pronto; A Flávia está a por a mesa e a
campainha toca.

 Flávia: (olhando para o relógio) Sempre á hora! (riso)


 Isabel: Boa noite. Prazer em ver-te.
 Flávia: Entra! A Bárbara está a acabar de fazer o jantar.
 Bárbara: (vindo da cozinha, espreitando pela porta) Olá! O jantar está quase
pronto! Só falta a Tânia. Onde é que ela andará metida?

(Campainha toca insistentemente e Flávia abre a porta)

 Tânia: Olá meninas, então? Estou cheia de fome, vamos comer mas é! (atira
com a bolsa e o casaco contra a cara de Flávia; vira-se para Isabel) Então
Isabel? Toda ”pinpinela”! Vais a alguma Gala? (risos)
 Isabel: Aaah…
 Bárbara: O jantar está pronto! (pondo a comida na mesa)
 Isabel: Aii… (suspira)
 Bárbara: Espero que gostem! É uma receita da Flávia.
 Tânia: Quem é a Flávia? (Flávia: Sou eu) Ai, (Tânia virando-se para Flávia)
pensei que eras uma empregada!
 Bárbara: Não. É uma minha amiga. Sentem-se que o jantar está a ficar frio.

(Sentam-se para jantar)

 Bárbara: Como ficou resolvido o caso de hoje à tarde?


 Isabel: A sessão foi adiada para amanhã de manhã.
 Flávia: Oh… Não falem em julgamentos que faz-me lembrar o meu…
 Bárbara: Tens que ultrapassar isso, Flávia! Não te faz bem estares a massacrar-
te com algo que já passou. Tens que ser forte!
 Tânia: Que julgamento, pá?
 Bárbara: Ah… A Flávia teve há pouco tempo um julgamento! Mas já passou. Ela
só tem de aprender a superar isso.
 Tânia: Mas porque é que foste julgada?

(A sala fica em silêncio e olham todas umas para as outras)

 Isabel: A Flávia foi vítima de homofobia!


 Tânia: Homo… quê???
 Isabel: Homofobia caracteriza-se pelo desprezo relativo aos homossexuais.
 Tânia: Então quer dizer que…

(Flávia faz uma cara triste)

 Isabel: Flávia, tens que ser forte, tens que admitir perante todos e não ter
medo! És assim, tens que aceitar-te tal como és, e fazer com que os outros te
aceitem. Por isso não te escondas!
 Tânia: Oh miúda, não stresses! Se gostas de pita em vez pila, tu lá sabes… O
que interessa é que gostes e te satisfaças! (Flávia sorri envergonhada e Isabel
fica chocada com o que tinha acabado de ouvir; Bárbara ri-se)
 Isabel: Há uns tempos atrás tudo era diferente, vocês eram muito
discriminados e não tinham tantos direitos. Tinhas que esconder tudo e mais
alguma coisa. Tens sorte de agora haver mais liberdade em todos os sentidos…
Como sabem agora o casamento homossexual já é legal…
 Tânia: E acho muito bem! Cada um sabe da sua vida!
 Bárbara: Claro… Por causa de toda esta discriminação há quem sofra, (virando-
se para Flávia) como tu, ou ainda pior, que se suicida.
 Isabel: Pois… E felizmente têm sido criadas várias associações, como a ILGA,
que ajudam a lutar pela discriminação.
 Flávia: Oh… Obrigada a todas! Principalmente a ti, Isabel! Graças a ti fez-se
justiça. (agarra-lhe a mão)
 Isabel: Eu só fiz o meu trabalho, Flávia! Também tiveste sorte. E tinhas uma
óptima advogada a teu lado.
 Flávia: Eu sei.
 Bárbara: Obrigada “fofi”.
 Flávia: Mas tu, Isabel, é que deste a sentença! E ter ganho o caso ajudou-me
muito, e agradeço-te muito por isso.
 Isabel: Como eu já disse, eu só fiz o meu trabalho! E se mudássemos de assunto
como a Flávia disse? Nada de falar de trabalho. (Bárbara vai para a cozinha
zangada com Flávia)
 Tânia: O que se passa?
 Flávia: Não sei, eu vou ver.
 Isabel: Flávia desculpa, diz-me só onde é a casa de banho!
 Flávia: É já ali, a segunda porta à esquerda. (Flávia vai para a cozinha)
 Flávia: O que se passa, Bárbara?
 Bárbara: Não se passa nada!
 Flávia: Eu conheço-te e sei que se passa alguma coisa!
 Bárbara: Que cena foi aquela? Muito obrigada, Isabel! És tão queridinha! (ar de
cínica)
 Flávia: Por favor, Bárbara! Ciúmes? Eu amo-te! (Tânia tinha ido à cozinha ver o
que se estava a passar e ouviu estas palavras)
 Tânia: Aaah… Eu só vim ver o que se passava, não quis incomodar, mas eu já
vou para a mesa...
 Bárbara: Tânia, espera! Eu só não te contei de mim, quer dizer, de nós
(apontando para ela e Flávia) porque tive medo da tua reacção.
 Tânia: Bárbara, não te preocupes. Continuas a ser a mesma menina linda que
brincava comigo às casinhas! (sorri)
 Bárbara: Obrigada!
 Tânia: Bem, agora vou para a mesa. (Tânia sai da cozinha e dirige-se para a
sala de jantar)
 Flávia: Desculpa.
 Bárbara: Não te preocupes, Flávia. Está tudo bem! Ela algum dia iria saber. E
nós também não temos de sentir vergonha por gostarmos uma da outra. Anda!
Vamos para a sala! (Bárbara pega na sobremesa e leva para a mesa)
Tânia: Sobremesa! Iuhuh! Vamos comer a sobremesa… e falar de sexo! (risos)

Bárbara acorda Flávia para saída

Bárbara acorda Flávia. Tinha-lhe preparado uma surpresa para aquele dia com medo
que Flávia a deixasse de amar. Bárbara anda desconfiada que ela sente algo por Isabel.

 Bárbara: Bom dia, amor! (Flávia: Bom dia) Hoje vou-te levar a um sítio! Anda…
Arranja-te rápido!
 Flávia: Espera só mais um bocadinho! Ai, que sono! (Espreguiça-se na cama)
 Bárbara: Ok ok! Eu só tenho que ir ao tribunal tratar dumas coisas… Mas é
rápido! Daqui a meia hora estou aqui e quero ver-te pronta para sair!
 Flávia: Está bem, Bárbara! Já me vou arranjar!

Bárbara ignora Isabel no tribunal

Bárbara chega ao tribunal. Isabel sai da sala de tribunal e cumprimenta Bárbara.

 Isabel: Olá, trabalhas de tarde?


 Bárbara: Sim. (afasta-se sem lhe ligar nenhuma)
 Isabel: Oh! (fica com olhar surpreso)

Saída de Bárbara e Flávia

Bárbara e Flávia estão a passear na rua.


 Flávia: Bárbara… Porque me trouxeste aqui? (Bárbara: Já vais ver…) Hum…
Estás muito esquisita…
 Barbara: Espera … Ainda não chegamos…
 Flávia: Mas não chegamos onde?
 Bárbara: Aqui….

(Bárbara e Flávia encontram-se num local especial para as duas e Bárbara olha
fixamente para Flávia)

 Bárbara: Flávia eu quero… eu já há muito tempo que ando a pensar nisto, mas
não sabia a tua reacção, mas agora acho que está na altura certa e…
 Flávia: Fala Bárbara! Estás-me a deixar preocupada!

(Bárbara olha para Flávia fixamente)

 Bárbara: Flávia, queres casar comigo?

(Flávia faz uma cara de surpresa)

 Flávia: Ah?
 Bárbara: Flávia, nós amamo-nos e é só o que interessa! Agora que é aprovado
casar em Portugal já podemos ser completamente felizes!
 Flávia: Mas Bárbara, nós não precisamos de nos casar para ser felizes… Nós já
somos felizes… com alguns inconvenientes, mas somos…
 Bárbara: Tu não queres casar comigo?
 Flávia: Claro que quero … mas nós vamo-nos casar e as pessoas vão comentar!
Vão olhar para nós ao ver-nos de aliança no dedo…
 Bárbara: Eu não quero saber das pessoas! Não quero mesmo! Tu queres casar
comigo ou não queres?
 Flávia: (espera alguns segundos) Quero, mas …
 Bárbara: Então é isso que importa! (pega-lhe pela mão) Anda, ainda tenho mais
surpresas para ti!

(Bárbara e Flávia vão-se embora e depois do grande dia voltam para casa e têm a
noite romântica)

(Já em sua casa)

 Flávia: Adorei o nosso dia.


 Bárbara: Ainda bem porque foi pensado especialmente em ti! Eu amo-te!
 Flávia: Eu também … (dão um beijo e começa a cena de sexo)

Descoberta da profissão da Tânia


Bárbara, Isabel e Flávia saem à noite. Encontram-se as 3 a sair da discoteca e Isabel,
bêbeda, deixa cair o casaco e a bolsa que leva na mão.

 Flávia: Eih, oh Isabel! Estás toda mamada! (segura em Isabel carinhosamente)


 Isabel: Pois estou! (risos) E tu também vais estar daqui a um bocado! (risos)
 Bárbara: (apanha as coisas de Isabel) Anda Isabel, vamos levar-te a casa!
 Isabel: Não! Vamos beber mais umas caipirinhas! Docinhas hum… (fica com
cara triste) Vá lá… Não quero voltar para casa… Tive uma discussão com o
Rodrigo!
 Flávia: Não, Isabel… Já bebeste demais. Anda… (passando-lhe a mão no ombro)
 Isabel: Eih! Oh Tânia! Anda beber caipirinhas connosco!
 Bárbara: Oi? Ela já está a ter alucinações!
 Flávia: Fiquei parola agora! Não é que é mesmo ela, oh Bárbara? Olha…
(aponta em direcção de Tânia)
 Isabel: Oh Flavita, tu já eras um bocado parola. (Isabel aponta para Tânia) Oi?
Ela está quase “núzia”! Que carro é aquele? Oi? Ele está a dar-lhe dinheiro! Oh!
E pôs-lhe a mão na mama!
 Bárbara: Ai, eu não acredito nisto! Vamos embora rápido antes que ela nos
veja.

(Flávia e Bárbara agarram Isabel e metem-na à força no carro)

Ciúmes da Isabel

(Bárbara chega a casa depois do trabalho e Flávia encontra-se em casa, a falar ao


telefone)
(Bárbara escuta parte da conversa de Flávia)

 Flávia: A sério? Obrigada, muito obrigada! Nem sabes o que isso significa para
mim. Tens sido uma grande amiga… É verdade! Gostaste das flores que te
enviei? Oh por favor, deixa-te de modéstias. (risos) Sabes? Adorei o nosso
almoço. (Flávia vê Barbara) Ok. Xau! E muito, muito obrigada…
 Bárbara: Olá querida! Com quem estavas a falar?
 Flávia: Aaah…Estava a falar com (pausa) a Isabel. Nem vais acreditar! (sorri) Ela
conseguiu-me arranjar um estágio num ateliê de pintura. Já viste que
fantástico?
 Bárbara: Com a Isabel? Mas como tens o número dela? Estou a ver que
passaram de desconhecidas a melhores amigas…
 Flávia: Que é isso, Bárbara? Ciúmes? Por favor… Ela tem sido fantástica
comigo!
 Bárbara: Então… Andas com ela, vais ter com ela, mandas-lhe flores, almoças
com ela… Muito me conta, menina Flávia …
 Flávia: Bárbara, por favor! Estás-me sempre a dizer para eu seguir a minha vida
em frente, para enfrentar as pessoas, para fazer amizades. Eu pensei que
ficasses feliz por mim, pelo meu progresso.
 Bárbara: Ok, ok! Desculpa, isso é que são progressos? Só não sei se são assim
tanto de amizade…
 Flávia: Por favor, Bárbara!
 Bárbara: Por favor tu, ok? Poupa-me. Não contes comigo para jantar! Vou
tomar um banho e deitar-me. Tive um dia cansativo.

Encontro escaldante de Tânia e Rodrigo

(Chegam a casa de Rodrigo e ele dá-lhe uma palmada no rabo)

 Tânia: Hoje vamos experimentar uma coisa nova! Iuhuh! (tira algo da bolsa)

(Deitam-se na cama e abraçam-se)


(Tempo depois, estão os dois a vestir-se e ouve-se um barulho)

 Tânia: Que barulho é este?


 Rodrigo: É a Isabel que chegou. Esconde-te rápido ali, no guarda-roupa!

(Tânia corre para o guarda roupa muito assustada. Ouve alguém a falar, o bater da
porta e um tiro)

Chegada dos polícias ao local do crime

(Após o homicídio chegam os polícias ao local do crime, estando este já rodeado de


fotógrafos, jornalistas e pessoas)
(Chega o António Santos – polícia - e dirige-se para o Rui Teixeira – outro polícia)

António Santos: Olá! Que é que se passa?


Rui Teixeira: Foi uma juíza chamada Isabel Pereira que foi assassinada. Para já não há
qualquer prova que nos possa indicar o assassino.
António Santos: Também não há indícios de lutas, ou seja, quem quer que fosse sabia
exactamente o que vinha fazer e o que vinha encontrar…

Jornalista Susana Marques Silva: Estamos aqui no local onde a Juíza Isabel Pereira foi
baleada. Quando a polícia chegou ao local já se encontrava morta. Para já não existe
nenhuma pista sobre o assassino, mas a polícia judiciária já se encontra no local
procurando qualquer indício que indique o autor desta fatalidade. Susana Marques,
Miguel Rodrigues, CTN.

Pequeno interrogatório de Rodrigo

(Rita Teles – polícia- dirige-se a Rodrigo que acaba de chegar)

Rita Teles: Boa noite, Sr. Rodrigo!


Rodrigo: (com cara de assustado) Que é que se passou? Onde é que está a minha
mulher?
Rita Teles: Houve um homicídio… Sinto muito… Os meus pêsames! (Rodrigo tira os
óculos e faz cara de sofrimento)
Funeral de Isabel

Após o funeral de Isabel, Flávia, Bárbara, Tânia, Rodrigo e outros familiares saem da
igreja. Rui Teixeira e Rita Teles encontram-se cá fora.

Rui Teixeira: Esta juíza não tinha muitos amigos…


Rita Teles: Mas tinha muitos inimigos. Nem sabes… Recebi ontem um fax com os
registos telefónicos e, ao que consta, quem ligou para o 112 foi uma tal de Tânia
Mendes. Olha! É aquela! (dirigindo-se para Tânia)

Interrogatórios da Morte da Isabel

(Flávia é chamada para o interrogatório)

António Santos aproxima-se de Flávia que, distraída continua nos seus desenhos.

 António Santos: Flávia Ferreira, estudante de artes, viu-se recentemente


envolvida num caso judicial no qual Isabel Pereira era Juíza. Confirma?
 Flávia: Sim.
 António Santos: Qual era a sua relação com Isabel?
 Flávia: Bem… ahh… Após o julgamento acabamos por nos conhecer através de
uma amiga comum.
 António Santos: E quem é essa sua amiga?
 Flávia: É a Bárbara Mendonça.
 António Santos: E essa por acaso não era a sua advogada no caso em que
esteve envolvida, hum?
 Flávia: Sim, era. Mas porque me está a fazer estas perguntas todas?
 António Santos: Aqui quem faz as perguntas somos nós!
 Flávia: Ok ok!
 António Santos: Passemos ao importante. No dia do homicídio de Isabel às
20h03min onde se encontrava?
 Flávia: Estava em casa, a pintar.
 António Santos: Tem alguém que possa confirmar isso?
 Flávia: Não, porque nesse dia tinha marcado um jantar de amigas às 21h e
ainda não tinha chegado ninguém.
 António Santos: Bem, mantenha-se contactável porque poderá ser chamada
novamente.
 Flávia: Eu sou considerada suspeita?
 António Santos: Neste momento até que se prove o contrário, toda a gente é
suspeita.

Investigações:

(Está Rui Teixeira no escritório a trabalhar e aparece Rita Teles)

 Rita Teles: Já tenho os resultados que me pediste!


 Rui Teixeira: Uau! Tens umas botas novas!
 Rita Teles: Sem brincadeiras! Acho que vais gostar dos resultados…
 Rui Teixeira: Então diz lá!
 Rita Teles: Já sei a quem pertence os fluidos sexuais encontrados no quarto da
vítima!
 Rui Teixeira: De quem?
 Rita Teles: Do marido da vítima e…”surprise”! Da mulher que ligou para o 112.
 Rui Teixeira: Não me acredito! Então o “mene” andava a meter os cornos à
mulher com uma prostituta? Espertalhão!
 Rita Teles: (suspira) Era só isso que tu querias, não era?
 Rui Teixeira: Era! Mas não me interpretes mal, eu sou um homem de uma só
mulher, então se fosse contigo… (faz-lhe um olhar sedutor)
 Rita Teles: Parvalhão pá. Chauzinho, mas é! (Rita Teles vai-se embora)

Interrogatório de Rodrigo e Tânia

(Rodrigo agitava nervosamente a sua aliança de casado na mão, enquanto o


Investigador continuava a “bombardeá-lo” com perguntas)
(Tânia está sentada a fumar enquanto é interrogada)

 Rodrigo: Já disse que não sei… Eu estive na cama com a Tânia. Sim, é verdade!
 Tânia: Primeiro tínhamos só uma relação prostituta-cliente, mas depois as
coisas foram-se tornando diferentes….
 Rodrigo: …ficaram sérias ao ponto de nos apaixonarmos.
 Tânia: Na noite do crime eu e Rodrigo estávamos na cama quando ouvimos
alguém a chegar….
 Rodrigo: … ficamos muito atrapalhados porque só podia ser a Isabel…
 Tânia: …escondi-me no guarda-roupa e o Rodrigo fez que estava a acordar,
beijou Isabel e saiu.
 Rodrigo: …saí e dirigi-me ao banco, tinha lá uns negócios pendentes…
 Tânia: Pouco mais de 5 minutos, ouvi Isabel a preparar-se para o banho e
pensei em sair do guarda-roupa, mas foi aí que ouvi alguém a entrar em casa e
fiquei onde estava. Primeiro pensei que fosse o Rodrigo que se tinha esquecido
de algo, mas depois ouvi o disparo de uma arma e não consegui distinguir
quem era….Só tentei chamar o 112 o mais rápido possível.
 Rodrigo: Eu não sou assassino! (grita)
 Tânia: Oiça, nós nunca mataríamos a Isabel. Ela era minha amiga…

Enquanto eles estão a depor, as cenas da morte da Isabel vão passando


(Ouve-se o barulho de umas chaves)

 Tânia: Que barulho é este?


 Rodrigo: É a Isabel que chegou. Esconde-te rápido ali, no guarda-roupa!
 Rodrigo: Olá querida! Então como correu o trabalho? (beija-lhe na testa)
 Isabel: Correu bem, obrigado. (olhando para cama desfeita) Estavas a
dormir?
 Rodrigo: Sim! Pus-me a ver Tv e acabei por adormecer, mas já estou
atrasado! Tenho que ir ao banco. (pega na mala, olha-se ao espelho,
ajeita a gravata e começa a virar-se em direcção à porta para sair. Isabel
agarra-lhe no braço)
 Isabel: Ias-te embora sem me dares o meu beijo? (sorri)

(Rodrigo beija Isabel e vai embora)

(Tânia assiste a tudo pela porta entreaberta do guarda roupa)


(Isabel liga torneira do banho, enrola-se numa toalha, ouve um baralho e dirige-
se ao quarto para ver o que se tinha passado. Olha para todo o lado e não vê
ninguém. Ao voltar-se para ir para o banho leva um tiro)
(Tânia fica em choque. Mal ouve o assassino a sair, dirige-se a Isabel e chama o
112)

(Tânia e Rodrigo saem do interrogatório)

Investigações 2

 Rui Teixeira: Então, como foi o interrogatório?


 António Santos: Foi intenso. Eles contaram a mesma história sobre o
homicídio. Se estavam combinados, estavam muito bem…
 Rui Teixeira: Mas achas mesmo que eles dois mataram a juíza?
 António Santos: Não sei. Ambos têm motivos e tinham oportunidade, agora
basta saber se o fizeram mesmo…
 Rui Teixeira: E a outra? A pintora?
 António Santos: Essa é muito fragilzinha… Não sei se tinha coragem de pegar
numa arma e matar a juíza… Também ainda nos falta interrogar uma amiga
dela, chamada Bárbara.

Discussão da Tânia e da Flávia


(Tânia foi a casa da Bárbara para desabafar e pedir ajuda por ser a principal suspeita
da morte de Isabel)
(Tânia bate a porta, mas abre a Flávia)

 Tânia: Olá Flávia! A Bárbara está?


 Flávia: Tânia?! Não, não está, mas entra.
 Tânia: Não é preciso, eu volto mais tarde...
 Flávia: Eu insisto!! Entra, ela não demora.
 Tânia: OK!

(Tânia entra na casa de Bárbara e Flávia)

 Tânia: Desculpa ter vindo sem avisar mas é que queria falar com a Bárbara por
causa da minha situação em relação à morte da Isabel, pois eu…

(Flávia dá um estalo à Tânia)

 Tânia: Tu és louca?!
 Flávia: Eu posso ser louca, mas tu és uma assassina!
 Tânia: Assassina? Trata-te miúda, olha que há muito bons psiquiatras por aí...
 Flávia: Cala-te! (Flávia tenta dar outro estalo a Tânia mas ela consegue travá-
la, agarrando-lhe pelo pulso)
 Tânia: Eu só não te retribuo o estalo em consideração à Bárbara! Sinceramente
não sei como ela te atura!
 Flávia: Larga-me! (soltando o braço das mãos de Tânia) Não fales da Bárbara,
ouvis-te? Não fales da Bárbara!
 Tânia: Porquê? Pesa-te a consciência, é? Do que a fizeste passar?
 Flávia: Do que eu a fiz passar?
 Tânia: Sim! Tu andavas-te a atirar à Isabel mesmo nas barbas dela!
 Flávia: Eu não tenho culpa de me ter apaixonado pela Isabel!
 Tânia: Mas podias ter poupado a Bárbara. Tu enganaste-a e continuas a
enganá-la!
 Flávia: Não fales em enganar pessoas. Porque tu… tu enganaste-nos a todas!
Nós a pensarmos que trabalhavas num bar… mas não! És uma prostituta!
 Tânia: Se faço o que faço é porque tenho os meus motivos!
 Flávia: Há várias maneiras de ganhar dinheiro!
 Tânia: Chega! Chega! Eu vou-me embora antes que faça algo que me
arrependa!
 Flávia: Vai, vai… E não voltes!
 Tânia: Xauzinho! Ah…E não olhes para o meu rabo que é muito material para ti!

Encontro de Tânia e Rodrigo

(Tânia encontra-se com Rodrigo após a discussão com Flávia)


 Tânia: Rodrigo…

(Tânia e Rodrigo dão um abraço)

 Tânia: Tu não me devias ter ligado, nós não nos podemos encontrar…
 Rodrigo: Eu não aguentava de saudades tuas…
 Tânia: Eu também, desde que aconteceu o…. (hesita ao dizer a palavra
homicídio) Ultimamente não tenho pensado noutra coisa… Sinto-me tão
culpada!
 Rodrigo: Não tens de te sentir culpada!
 Tânia: Não? Claro que tenho! Ela era minha amiga… Sabes o que é isso? Minha
amiga…
 Rodrigo: Mas tu não sabias que a minha mulher era tua amiga, como eu não
sabia que tu eras amiga dela…
 Tânia: Eu traí-a, Rodrigo! E agora pensam que nós a matámos…
 Rodrigo: Pois pensam… Quando fui interrogado pela segunda vez, fizeram-me
muitas perguntas sobre ti.
 Tânia: E o que lhes disseste?
 Rodrigo: Disse-lhes a verdade…
 Tânia: A verdade? Qual verdade?
 Rodrigo: Disse-lhes que nós não a matamos!
 Tânia: Mas eles pensam o contrário! Ainda por cima hoje vou ser outra vez
interrogada e estou com muito medo… Para piorar, nem dinheiro tenho para
pagar a um advogado para me defender. E nem sabes do resto! Fui a casa da
Bárbara para ver se ela me podia defender mas encontrei a Flávia e até ela está
contra mim! Quase que andamos à porrada… Ou andamos mesmo! Bem, foram
só uns estalos!
 Rodrigo: Tem calma. Nós vamos resolver isto, está bem?
 Tânia: Eu não sei … Eu só sei que nós não podemos, neste momento,
encontrar-nos mais…
 Rodrigo: Mas porquê? Agora nada nos impede de estarmos juntos…
 Tânia: Rodrigo, nós não podemos ser vistos juntos! São mais suspeitas em cima
de nós… Desculpa!

(Tânia vai-se embora com as lágrimas nos olhos)

Interrogatório de Bárbara

 António Santos: Segundo a senhora, no dia do assassinato de Isabel, você


encontrava-se num restaurante a jantar sozinha, verdade?
 Bárbara: Sim, verdade.
 António Santos: Então talvez me possa explicar também, como é que o
empregado do restaurante que estava de serviço naquele dia, nos afirmou que
não a reconhece?
 Bárbara: Sinceramente, não sei. É normal que no meio de tantos clientes o
empregado não se lembre de mim.
 António Santos: Muito bem. Sabe que se eventualmente estiver a mentir, isto
poderá ser prejudicial para a sua carreira?
 Bárbara: Sim, claro. Tenho plena consciência disso, mas sinto-me totalmente
tranquila. (ri-se muito segura de si)
 António Santos: Bem, passando a outras perguntas… É verdade que tem uma
relação com a Flávia? Uma relação que digamos… bem, cada um tem a sua
opção! Mas digamos que é uma relação um pouco “estranha”…
 Bárbara: Então acha que amar uma pessoa do mesmo sexo é considerado
“estranho”? Muito me diz de si, senhor inspector!
 António Santos: Falaremos em breve.

Cena do Cemitério

Tânia encontra-se à frente da campa de Isabel e quando se vai embora, vê Bárbara.

(Olham-se fixamente)

 Tânia: Não fui eu! Não fui eu, Bárbara!


 Bárbara: Eu sei.
 Tânia: Ela não merecia! Uma mulher cheia de vida pela frente… Com um futuro
magnífico, uma carreira maravilhosa!
 Bárbara: Pois… Eu sei… Mas ninguém podia prever isto…
 Tânia: Pois não.

(Bárbara vai para a campa de Isabel e Tânia vai-se embora perturbada. Bárbara deixa
uma flor na campa.)

Tânia descobre o filme

(Tânia após sair do cemitério vai para casa. Sente-se triste e lembra-se do Rodrigo e
dos belos momentos que passaram. De repente lembra-se do filme que gravaram na
noite do homicídio de Isabel)

Relembrando o dia do assassinato de Isabel…


(Chegam a casa de Rodrigo e ele dá-lhe uma palmada no rabo)

 Tânia: Hoje vamos experimentar uma coisa nova! Iuhuh! (tira algo da bolsa)
(Pousa a câmara de filmar em cima do armário para filmarem enquanto que estão a
ter relações sexuais)

 Tânia: Claro! Como é que me pude esquecer disto? Eu quando me escondi no


armário não parei a gravação!

(Tânia vai buscar a câmara, começa a ver o filme, e fica muito admirada com a
descoberta do assassino)

 Tânia: Não me acredito!

Descoberta do assassino:

(Depois de ver a gravação onde mostrava o assassino, Tânia liga para ele e diz que
descobriu tudo)
(O telemóvel de Rodrigo e do advogado da causa tocam)
(O telefone toca na casa de Bárbara e Flávia, ambas estavam em casa, o telefone
tocou insistentemente até que deu o atendedor de chamadas)

 Tânia: Como foste capaz? Eu já sei de tudo! Tu mataste a Isabel e eu tenho


provas, ouviste? Eu tenho provas! Como pudeste deixar que eu fosse acusada e
não teres feito nada sabendo perfeitamente que eu era inocente? Tu não
tiveste o mínimo de compaixão por mim, e eu também não vou ter por ti!

(Bárbara e Flávia olham fixamente uma para a outra. Bárbara vai para o quarto e
Flávia está em estado de choque, sentando-se numa cadeira. Bárbara está a fazer as
malas)

 Flávia: Onde é que tu vais?


 Bárbara: Eu? Eu vou-me embora!
 Flávia: Como foste capaz?
 Bárbara: Não me venhas agora com moralismos! Eu fiz isto tudo por ti.
 Flávia: Eu nunca te pedi para matares uma pessoa. E agora vais ter de pagar
pelo que fizeste.
 Bárbara: Eu não vou pagar por uma coisa que fiz por amor! Ainda para mais
nem valia a pena...por ti… por uma traidora! (Bárbara aproximasse da porta
mas Flávia agarra-a)
 Bárbara: Larga-me! (Bárbara atira Flávia para o chão) Tu nunca mereceste
tudo o que fiz por ti!

(Bárbara vai-se embora e Flávia fica caída no chão. Começa a descontrolar-se e a partir
tudo o que está a sua volta.)

Suicídio de Flávia
(Flávia entra na casa de banho. Muito perturbada. Põe a água a encher na banheira
para tomar um banho para se acalmar. Vai até ao lavatório lavar a cara algumas vezes
e repara na gillette que se encontra à frente dela. Pega nela com um ar desvairado e
sem pensar corta os pulsos e deixa-se afundar na banheira)

(Entretanto, Tânia chega à Policia e entrega-lhes o filme e diz-lhes quem é o


verdadeiro assassino de Isabel. Tânia, António Santos e Rui Teixeira chegam a casa de
Bárbara e Flávia; a porta estava aberta)

 António Santos: Dra. Bárbara? Está alguém em casa?


 Rui Teixeira: Parece que houve uma luta. Está tudo partido…
 António Santos: Você mostrou o filme a alguém ou falou com alguém antes de
ir para a esquadra?
 Tânia: Aaah… Eu quando soube que tinha sido a Bárbara fiquei tão revoltada
que lhe liguei! Ninguém atendeu, mas eu deixei mensagem e disse-lhe …
 Rui Teixeira: O que é isto? (Inspector está à porta da casa de banho quando vê
sangue a passar por baixo da porta)
 António Santos: Espera! (pega na arma, e Rui Teixeira abre a porta
lentamente. Vêm Flávia na banheira com os pulsos cortados)
 Tânia: Meu deus, Flávia! (Tânia vai a correr ter com o corpo de Flávia, tira-a da
banheira e tenta ver se ela está a respirar. Aproxima-se de Rui Teixeira)
 Rui Teixeira: Não vale a pena! Ela está morta. Sinto muito!
 Tânia: Não, outra vez não!

(Entretanto Mariana chega ao aeroporto. Sai do carro com cara de superior.)

(Outra vez em casa de Bárbara e Flávia, Rui Teixeira aproxima-se de António Santo,s a
falar baixo)

 Rui Teixeira: Esta suicidou-se, mas onde estará a outra?


 António Santos: A esta hora já deve ter fugido. Avisa os agentes! Quero a
polícia atrás dela! Eu vou ligar para os aeroportos. Nunca se sabe para onde ela
foi…
 António Santos: Estou? Daqui fala o agente António Santos! Poderia dar-me
uma informação? Tem alguma viagem marcada para uma tal Bárbara
Mendonça?
 Funcionária: Um momento por favor… (FUUUUHHHH) Sim, temos! O seu avião
acabou de descolar.
 António Santos: E para onde foi o avião?
 Funcionária: Canadá.
 António Santos: Muito Obrigada! Rui! Já sei onde ela está! Anda cá fora.
Precisamos de falar!

(Vê-se avião de Mariana a descolar)

(Corta a cena e começam a aparecer paisagens da cidade e ouve-se Flávia a


falar)
Flávia:

“Talvez se estejam a perguntar o porquê de muitas pessoas tomarem este tipo de


decisões, do porquê de porem fim à sua vida… mas por vezes é a melhor solução para
encontrarem finalmente a paz!
Os homossexuais são tratadas como “objectos” com pernas! Ainda hoje são
considerados pessoas perversas, doentes mentais e anormais. Mas o que significa ser
normal? Ser normal é sinónimo de ser heterossexual?
Sabia que no caso dos jovens, a discriminação na escola, na família e na sociedade em
geral leva a que haja uma incidência no mínimo três a cinco vezes superior de
depressões, de baixa auto-estima e de tentativas e concretização de suicídio? E que a
nível profissional, alguns homossexuais podem ter mais probabilidade de serem
despedidos, de não serem promovidos ou de não chegarem a ser contratados devido à
sua orientação sexual? E que a nível religioso, são muitas vezes rejeitados?
A nível jurídico, os homossexuais ainda não têm exactamente os mesmos direitos que
os heterossexuais, sobretudo no que diz respeito às suas relações conjugais, por isso
lutam por eles todos os dias.
A homofobia é ensinada e aprendida em todos os meios sociais, fazendo parte do
sistema de aprendizagem e incorporação da desigualdade, da distinção entre
indivíduos, da vergonha de nós mesmos.
Simplesmente o amor não tem barreiras e pode ter qualquer aparência. Quando um
ser humano se apaixona por outro não está preocupado com a sua forma física, nem
com a condição sexual ou social em que a outra se encontra…
E que tal? Depois de ouvirem tudo isto? Consciência pesada?”

Discurso de Tânia

Anos mais tarde…

(Tânia está numa conferência a fazer uma declaração sobre os direitos dos
homossexuais. Ela foi eleita recentemente como vice-presidente da associação ILGA)

 Tânia: Actualmente, milhares de pessoas em todo o mundo são alvo de


discriminação, actos de violência e até penas de morte. E porquê? Porque têm
sentimentos! Porque amam! É por estes actos que nós lutamos todos os dias!
Para que os homossexuais, bissexuais e transgéneros possam amar sem medo,
sem vergonha, sem ressentimentos! Nós já conseguimos que o casamento
entre homossexuais fosse possível, mas essa foi só uma batalha vencida na
imensa guerra que temos de enfrentar; a guerra contra a discriminação, contra
a homofobia. Eu, como vice-presidente da ILGA de Portugal quero propor aos
portugueses uma maior igualdade para todos, uma maior humanidade para
quem tem uma orientação sexual diferente da nossa, pois todos somos
pessoas e todos merecemos viver com dignidade! Obrigada.

(Ouvem-se aplausos. Tânia vai ter com Rodrigo que está na plateia a assistir, e dá-lhe
um abraço)
FIM!

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