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www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/01/lula-sincerao.shtml
Luiz Inácio Lula da Silva não foi exceção à regra enquanto ocupou o Palácio do Planalto.
Restringiu entrevistas coletivas, deu preferência, inclusive financeira, ao espectro de
veículos chapa-branca em torno do petismo e flertou com dispositivos para controlar a
mídia.
O curioso foi ter embarcado agora, na oposição, numa espécie de flashback aos tempos
em que chefiava o Executivo. Em entrevista ao UOL, endossou parte da ofensiva que o
presidente Jair Bolsonaro tem capitaneado contra a imprensa.
Lula não apenas deu razão ao atual mandatário como agiu à maneira dele ao atropelar
os fatos e acusar a TV Globo de não ter dado cobertura às mensagens obtidas pelo The
Intercept Brasil que questionam a parcialidade da Lava Jato.
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exercício do jornalismo que deveria ser de pronto rejeitada pelo Judiciário.
“Fazer notícia”, nas palavras confusas de Lula, equivale a transmitir a visão adocicada e
autoindulgente do situacionismo sobre a realidade sem o crivo crítico do jornalismo
profissional. Não difere da propaganda, mas é o sonho acalentado por todo governante,
de falar sem ser contraditado.
A sensação que fica é a de que Lula gostaria de voltar ao cargo e valer-se de ferramentas
de comunicação direta, ataque e boicote à imprensa desenvolvidas por Bolsonaro. A
intenção de alvejar uma rede de TV também é compartilhada.
Num rompante de sinceridade, o principal líder da oposição revela não apenas o que o
distancia, mas também o que o aproxima do atual presidente. Lula sincerão, para usar a
gíria dos jovens, não deixa de esclarecer o debate público.
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