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CURSO DE FÍSICA

AULA 30 - FÍSICA MODERNA -


FÍSICA NUCLEAR
PROF. FABRÍCIO SCHEFFER - FÁBRIS

Aula 30 – Física Moderna- Física Nuclear


Aula 30– FÍSICA NUCLEAR 30.1.2 – Forças Fundamentais da natureza
30.1 - Partículas elementares. Desde a década de 60 do século XX, os cientistas sabem que em todos os
fenômenos físicos estão envolvidos apenas quatro tipos de interações
fundamentais, representadas por quatro diferentes forças: a força
gravitacional, a força eletromagnética, a força nuclear forte e a
força nuclear fraca. No mundo macroscópico, as duas primeiras são as
mais importantes, pois as forças nucleares têm alcance muito curto, da
ordem das dimensões dos núcleos atómicos. Existem tentativas, ainda
frustradas entre os cientistas, de unificar as quatro forças. Se isso é
possível, só o futuro dirá.
Em ordem decrescente de suas imensidades, essas forças
podem ser apresentadas como segue.

a) Força Gravitacional
A força de atração entre massas é a força gravitacional. É a menos
intensa das quatro. Por exemplo, se considerarmos a força gravitacional
entre dois prótons, ela tem intensidade 1036 vezes menor, aproxi-
madamente, do que a correspondente força de repulsão elétrica entre
essas partículas. Apesar de ser pequena em relação às outras, sua
A câmara de bolhas permite visualizar as trajetórias das partículas intensidade pode assumir valores elevados, pois, como se sabe da lei da
emitidas pelos materiais radioativos. gravitação universal, é proporcional às massas que interagem e
normalmente os astros têm massas elevadas. Por isso, a força
30.1.1 - Núcleo Atômico gravitacional tem grande importância na Astronomia e na Cosmologia,
explicando a movimentação dos astros no Universo, bem como a
Os núcleos atômicos são corpúsculos positivamente carregados, formação de estrelas, galáxias e sistemas planetários.
onde se concentra a quase totalidade da massa do átomo.
Eles são caracterizados por dois números: Z e A. Z é o número b) Força eletromagnética
atômico, que é o número prótons no núcleo. O produto +Ze é a carga A força eletromagnética é a que se manifesta entre partículas eletrizadas,
elétrica do núcleo. O número A, chamado número de massa, é igual a englobando as forças elétricas e as forças magnéticas. A ligação entre os
soma do número de prótons e do número de nêutrons (N) que elétrons e os núcleos atómicos e a união de átomos para a formação das
constituem o núcleo. Para indicar um núcleo que tem, por exemplo, Z = moléculas são explicadas pela ação da força eletromagnética. A força
27 eletromagnética também explica a emissão das ondas eletromagnéticas
13 (alumínio) e A = 27, usa-se a notação 13
Al
. Para nos referirmos pelos átomos quando seus elétrons mudam de nível energético. Sua
indistintamente a um nêutron ou a um próton, usaremos o termo intensidade é em média 102 vezes menor que a da força nuclear forte.
núcleon.
Cada núcleon é composto por três quarks. No próton, a dois c) Força nuclear fraca
quarks do tipo up e um quark do tipo down. As cargas desses quarks Entre os léptons (grupo de partículas das quais faz parte o elétron) e os
são frações da carga elementar (e) do próton. Cada quark u (up) tem hádrons, atuando em escala nuclear, desenvolve-se a denominada força
2 1 nuclear fraca. Sua intensidade é 1025 vezes maior que a da força
 e  e gravitacional, mas 1013 vezes menor que a da força nuclear forte. Ela é a
carga 3 e cada quark d (down), tem carga 3 . Por essa razão, o responsável pela emissão de elétrons por parte dos núcleos de algumas
próton tem carga e unitária: substâncias radioativas, num processo denominado decaimento beta.
2 2 1 Atualmente, a maior parte dos cientistas admite que as forças nuclear
e e ee fraca e eletro-magnética são manifestações diferentes de uma mesma
3 3 3
O nêutron, por sua vez, é constituído de um quark u ( de carga interação fundamental, chamando-as de força eletrofraça. Esse é um
primeiro passo para a unificação completa das quatro forças
2 1 fundamentais, entendendo-as como manifestações de uma única
 e  e
3 ) 3 ). superforça.
e dois quarks d (cada um com carga A soma dessas
cargas é zero, e isso está em concordância com o fato de nêutron ser
d) Força nuclear forte
neutro:
A força nuclear forte é a que mantém a coesão do núcleo atómico,
2 1 garantindo a união dos quarks para formarem os prótons e os nêutrons,
e  2 e  0 assim como a ligação dos prótons entre si, apesar de estes possuírem
3 3
carga elétrica de mesmo sinal. A força nuclear forte é a mais intensa das
A diferença entre um nêutron e um próton é apenas num quark
quatro forças fundamentais. Sua intensidade é 1038 vezes maior que a
d ou u.
força gravitacional, a mais fraca das quatro. Entretanto, sua ação só se
As forças atrativas que agem entre os núcleons contrariam a
manifesta para distâncias menores que 10-15m, isto é, dimensões
repulsão coulombiana e conseguem manter o núcleo coeso. são
inferiores às do núcleo atómico. A intensidade da força nuclear forte
chamadas forças nucleares.
diminui rapidamente quando há a separação entre as partículas,
Dois núcleons com o mesmo valor de Z mas diferentes valores
praticamente se anulando quando a distância assume as dimensões de
de A (mesmo número de prótons com diferentes números de nêutrons)
alguns diâmetros nucleares. Essa força também é denominada força
ocupam o mesmo lugar no sistema periódico dos elementos. Eles são
hadrônica, porque só se manifesta entre os hádrons, grupo de partículas
chamados isótopos. Muitos dos elementos existentes na natureza são
do qual fazem parte os nêutrons e os prótons, mas não os elétrons, que
misturas de dois ou mais isótopos. Os núcleons têm, com boa
não são afetados pela força nuclear forte.
aproximação, a forma de uma esfera cujo raio é da ordem de 10 -14 m.

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(quase) circular que fica a cerca de 100 m abaixo da superfície e com
30.1.3 - Antipartículas quase 27 km de extensão (imagem abaixo).

O físico norte-americano Carl David Anderson (1905-1991) detectou


experimentalmente, em 1932, a existência de uma partícula idêntica ao
elétron, apresentando porém carga elétrica positiva. Esta partícula foi
denominada antielétron e posteriormente pósitron. O pósitron (elétron
com carga positiva) é a antipartícula do elétron. Existem outras partículas
e suas correspondentes antipartículas. A antipartícula tem a mesma
massa da partícula, carga elétrica de mesmo módulo e de sinal contrário.
Um contato entre uma partícula e sua antipartícula pode resultar num
processo de aniquilação da matéria. É o que ocorre entre um elétron (e-)
e um pósitron (e+), sendo criados dois fótons y de alta energia.
e- + e+ -> 2 
Neste processo, tem-se a conservação da carga elétrica, da energia e da
quantidade de movimento. Com a construção de grandes aceleradores de
partículas, muitas antipartículas foram descobertas como, por exemplo, o
antipróton e o antinêutron. Complexo
subterrâneo
MODELO ATUAL
É neste anel que feixes de íons e prótons serão acelerados até a incrível
velocidade de 0.999999991c (99,9999991% da velocidade da luz no
vácuo!). Só para lembrar, a velocidade da luz no vácuo é de 299.792.458
m/s, muito próxima de 300.000 km/s, valor "redondo" e mais fácil de
memorizar e que também pode ser expresso em potências de dez como
3.105 km/s = 3.108 m/s.
Nada pode atrapalhar a viagem das partículas dentro do anel. Toda
a energia do feixe deve ser preservada. Nenhum obstáculo deve ficar na
frente daqueles que vão voar dentro do tunel gigante. Nem mesmo as
partículas de ar. Para tanto, o anel será praticamente esvaziado. Dentro
dele a pressão cairá para apenas 10-13 atm, ou seja, a minúscula fração
de 0,0000000000001 da atmosfera do nosso planeta. É quase nada.
Serão dois feixes de partículas injetados no acelerador e que vão viajar
em sentidos opostos. Quando as partículas estiverem com velocidade
LEITURA COMPLEMENTAR - LHC máxima, ocorrerão colisões. Sensores espalhados pelo anel farão leituras
das migalhas que vão sobrar desta trombada subatômica. Para
não prejudicar a delicada leitura, a temperatura do sistema deverá ser
O LHC - Large Hadron Collider, o tema da "moda", pode aparecer em baixada até cerca de -271 oC, quase zero absoluto(2).
questões envolvendo energia e até as forças elétrica e magnética. Vale Este tipo de colisão de partículas funciona, na prática, como se você
lembrar que é o campo elétrico E quem faz uma partícula carregada com quisesse saber do que é feito um automóvel e não tivesse ferramentas
carga q adquirir velocidade v cada vez maior a partir da força elétrica FE para desmontá-lo e muito menos soubesse como ele foi montado. Então,
= q.E que tem sempre a mesma direção de E que pode ser ajustada para você pega dois automóveis, os acelera em sentidos opostos, e os coloca
ser também a mesma direção de v. Já o campo magnético B produz em rota de colisão. Registra o impacto e coleta informações sobre os
força magnética FM = q.v.B.sen sempre perpendicular à velocidade fragmentos que vão "sobrar" da batida. Em outras palavras, você vai
v e, portanto, capaz apenas de produzir aceleração centrípeta, ou seja, desmontar os automóveis na marra. E, quanto mais energia os
fazer a partícula realizar uma trajetória curvilínea (no caso do LHC a automóveis tiverem, quanto mais forte for a colisão, menores serão as
curva é praticamente circular e tem quase 27 km de perímetro). partes de automóvel obtidas e, portanto, maiores os detalhes sobre
cada componente dos veículos.
CERN É mais ou menos isso que os cientistas farão. E querem ir muito longe,
a ponto de reproduzir condições muito parecidas ao que supomos
ter existido nos primeiros instantes do nosso Universo, imediatamente
após o momento inicial, o Big Bang. Espera-se que assim seja possível
reconstituir a história do surgimento da matéria no Universo. E,
entendendo esse verdadeiro LEGO em microescala, poderemos também
entender todo o Universo em grande escala. É por isso que
os experimentos do LHC interessam aos físicos de partículas tanto
quanto aos cosmólogos.
:: O que são os hádrons, o "H" do LHC?
No Modelo Padrão(4) temos duas famílias distintas de partículas
subatômicas: Léptons e Hádrons.
Léptons são partículas extranucleares e que não participam da coesão
nuclear, ou seja, nada tem a ver com a força nuclear forte, nome que
damos à força que mantém o núcleo estável. Elétrons pertencem à
família dos Léptons. Veja na tabela abaixo alguns Léptons.
Um minúsculo pedaço da grande máquina
Depois de 20 anos de trabalho pesado envolvendo físicos, engenheiros e
técnicos de cerca de 80 países, além de muito dinheiro, ingrediente
indispensável num projeto deste porte, começa a funcionar hoje, quarta-
feira, 10 de setembro, o LHC - Large Hadron Collider (ou Grande Colisor
de Hádrons). O teste com o primeiro feixe de prótons ( first beam) está
marcado para logo mais às 4h da manhã (horário de Brasília).
O LHC é o maior acelerador de partículas construído pelo homem. O
complexo fica no CERN - Organização Européia para Pesquisa Nuclear(1),
na fronteira entre a França e a Suíça, e abriga um túnel em forma de anel

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"Tópicos de Física Moderna", D. Braz Jr, Cia da Escola 30.2 - Radioatividade Natural

30.2.1 - Conceito:
Radioatividade é um processo pelo qual os núcleos de alguns
elementos instáveis emitem, num certo instante, um corpúsculo,
transformando-se num núcleo mais estável.
Os núcleos que se desintegram espontaneamente são
Hádrons são partículas que participam da coesão nuclear e, portanto, chamados radiativos. Núcleos estáveis têm N  Z para núcleos leves e N
são encontrados no núcleo. Também existem isoladamente fora do ligeiramente maior do que Z para núcleos pesados.
núcleo atômico. Prótons são Hádrons. Veja na tabela abaixo alguns
Hádrons.
"Tópicos de Física Moderna", D. Braz Jr, Cia da Escola

No LHC, as partículas aceleradas são prótons ou íons, ou seja,


basicamente Hádrons, daí o H na sigla do LHC.

Possíveis questões sobre LHC

1. Força elétrica aceleradora das partículas


FE = q.E
2. Força magnética responsável pelas curvas das partículas
FM = q.v.B.sen
Não esqueça que o trabalho das forças magnéticas é nulo.
3. Dilatação temporal e contração de Lorentz das partículas
próximas a C
As dimensões do acelerador certamente respeitaram a
Mecânica Relativística.
4. Partículas elementares
Esta é uma ótima oportunidade para que a UFRGS inaugure uma
questão falando sobre Léptons (o principal lépton é o elétron) e
quarks (constituintes dos prótons [2u e 1d] e dos nêutrons [1u e
2d]).
Pode também explorar a força nuclear forte entre os núcleons e
entre os quarks.
5. Dualidade onda partícula
Não esqueça da relação de de Broglie =h/p que associa um
comprimento de onda () a uma partícula que possui um
momentum p.
6. Termologia
Como o sistema teve que ser resfriado até -271 °C (2 Kelvin) o
elaborador da prova pode usar esse fato em uma questão.

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30.2.2 - Radiações Emitidas 30.2.3 - Leis das Emissões Radioativas
a- Lei de Soddy (emissão de partículas )
“Se um elemento radioativo emite partículas alfa, transforma-se
em outro elemento que possui 2 unidades a menos de número atômico e
4 de número de massa”.

Ex.
238
92 U  24   234
90Th

b- Lei de Soddy e Fajans (emissão de partículas )


“Quando um elemento radioativo emite partículas ,
transforma-se em um isóbaro com uma unidade a mais no número
atômico”.

Ex.:
210
83 Bi  10   210
84 Po

Emissão de pósitrons (anti-elétrons +)


18
Ex.: 9 F   O
0
1
18
8
a) Partículas Alfa ()
30.2.4 - Desintegração Radiativa
 são núcleos de átomos de hélio emitidos pelos núcleos radiativos.
Toda a substância radioativa se transmuta com o passar do
4
2   2elétrons  24 He tempo, devido ao decaimento espontâneo sofrido por seus núcleos.
 são emitidas com grande velocidade ( até no máximo de 30 Assim, a quantidade de átomos da substância original diminui.
000km/s). Cada núcleo radioativo é caracterizado pela sua meia-vida
 possuem grande energia, sendo porém barradas por uma folha de (T1/2 ), que é o tempo necessário para que uma dada massa se reduza à
papel ou uma lâmina de alumínio de 0,1 mm de espessura. metade por efeito dos decaimentos.
 têm grande capacidade de ionizar gases por remoção de elétrons
deles.

b) Partículas Beta ()

São elétrons emitidos por núcleos radiativos. No núcleo não há


elétrons: os elétrons que constituem os raios  resultam das
transformações dos nêutrons do núcleo. Cada nêutron que se transforma
origina um próton, um elétron (partícula ) e um neutrino (partícula de
carga nula e massa praticamente nula).

nêutron  próton + Beta + neutrino


A duração da meia-vida é invariável, quer o isótopo faça parte do
 os raios  têm poder de penetração cerca de 100 vezes maior do compostos químicos, que se apresenta em diferentes estados de
que os raios  . agregação, temperaturas ou pressões. Por exemplo, no caso do rádio
 são emitidos com velocidades muito altas podendo chegar próxima 226, temos sempre T1/2=1600 anos; para o chumbo 210, T1/2 = 22 anos.
de c (velocidade da luz no vácuo). O radônio 222 , que é produto do decaimento do rádio 226,
sofre decaimento alfa e tem meia-vida de apenas 3,8 dias. Ele se
c- Raios gama () transforma em outro elemento radiativo, o plutônio 218, que também
sofre decaimento, e assim por diante.
São ondas eletromagnéticas de curtíssimo comprimento de A meia-vida do urânio 238, por exemplo, é de 4,56 bilhões de
onda, emitidas pelos núcleos dos elementos radiativos. anos. Isso significa que a quantidade desse isótopo hoje presente na
 têm grande poder de penetração, supera a 15 cm de espessura no terra é cerca da metade da que havia nos primórdios do planeta. O
aço. urânio que se desintegrou ao longo do tempo acabou se transformando,
através de uma sucessão de decaimentos alfa e beta, em chumbo 206,
que é não-radioativo, ou seja é estável.
NUCLÍDEO MEIA-VIDA (T1/2) anos
Cs 137 30
U 238 4,5x109
U 235 7,1x108
Co 60 5,26
As partículas alfa, que são núcleos de hélio velozes emitidos por núcleos
radiativos, penetram pouquíssimo na matéria. Os elétrons (e os pósitrons) Th 232 1,39x1010
emitidos por núcleos radioativos beta são mais penetrantes. Os fótons
gama podem atravessar vários centímetros de matéria antes de serem Th 234 24
absorvidos. Eles são, por isso, utilizados em terapias de destruição de K 40 1,26x109
tumores.
I 131 8
OBS: Dependendo de sua intensidade, as radiações podem provocar
Hg 197 65
desde lesões, até a morte de seres vivos, pois alteram suas estrutura
celular.

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30.2.5 - Radioatividade Artificial 30.3 – Reações nucleares
A maioria dos isótopos radioativos (radioisótopos) são obtidos 30.3.1 – Fissão nuclear
artificialmente pelo homem. Por exemplo, bombardeando-se o alumínio
com uma partícula alfa se obtém um isótopo radioativo do fósforo. Todos Histórico
os isótopos dos elementos transurânicos são radioativos e artificiais.
A partir de 1919, iniciando-se com Rutherford, várias experiências de
Algumas Aplicações dos Radioatividade bombardeamento de núcleos foram realizadas por diversos cientistas. De
início, foram bombardeados com êxito núcleos de elementos leves, como
a) Aplicações na medicina o potássio, usando-se como projéteis partículas alfa (núcleos de átomos
O emprego da radioatividade no tratamento de tumores de hélio) da radioatividade natural. Posteriormente, em Cambridge,
malignos baseia-se no fato de que as células são destruídas por ação de Inglaterra, os físicos John Cockroft e Ernest Walton aceleraram prótons
radioatividade - as células cancerígenas são destruídas mais rapidamente (núcleos de átomos de hidrogénio) sob alta tensão, conseguindo energia
que as normais. da ordem de 1 MeV, e com eles cindiram um núcleo de lítio, obtendo dois
O elemento rádio foi inicialmente usado nessa radioterapias. núcleos de hélio com energia cinética de 8,5 MeV cada um. A figura
60
Co (isótopo artificial) é empregado com vantagens, já indica, esquematicamente, como ocorreu essa reação nuclear.
Atualmente , o
que o Ra é bastante raro.
A radioatividade é também empregada no diagnostico de
distúrbios orgânicos (da tireóide, da circulação sangüínea, etc...) através
da ingestão (ou aplicação) de pequenas quantidades de substâncias
radioativas e determinação de sua distribuição ou absorção no órgão em
exame.

b) Idade dos fósseis e rocha:


Pela quantidade de um material radioativo presente em uma
rocha ou fóssil, é possível determinar a “idade” dele.
Em uma amostra de carbono temos aproximadamente uma
14 Essa experiência, ao lado de muitas outras, mostrou a enorme
relação de 1 átomo de C para cada 1012 átomos de 12C . Quando quantidade de energia existente no interior de um núcleo atômico.
14 Iniciaram-se então ensaios utilizando núcleos de elementos pesados, com
um ser vivo morre, deixa de ingerir C , que por ser radioativo vai se perspectivas muito maiores em termos de obtenção dessa energia
desintegrando. É possível estimar a época em que uma planta ou animal nuclear.
14 Os aceleradores de partículas tornaram-se instrumentos de grande
(fóssil) morreu, através da redução da quantidade relativa de C. importância, tanto para o estudo da estrutura da matéria quanto para a
obtenção de energia nuclear, com fins pacíficos e também com fins
30.2.6 - Raio X bélicos. Neles, íons e partículas subatômicas são acelerados, de modo a
adquirirem grandes velocidades para, em seguida, colidirem com núcleos
a) Produção atômicos de diversos elementos, com a finalidade de cindi-los. Essa cisão
O dispositivo que gera Raios X é chamado de tubo de Coolidge. permite que se faça um estudo pormenorizado do que acontece no
Da mesma forma que uma válvula termiônica, este componente é um interior "misterioso" dos núcleos atómicos e abre horizontes para o
tubo oco e evacuado, ainda possui um cátodo incandescente que gera um aproveitamento da energia neles aprisionada.
fluxo de elétrons de alta energia. Estes são acelerados por uma grande Entretanto, o processo de fissão nuclear propriamente dito foi descoberto
diferença de potencial e atingem ao ânodo ou placa. no final da década de 1930, graças ao trabalho desenvolvido por
O ânodo é oco e confeccionado em tungstênio. A razão deste cientistas de diversos países. Em 1934, o físico italiano Enrico Fermi , ao
tipo de construção é a geração de calor pelo processo de criação dos bombardear átomos de urânio com nêutrons, conseguiu um material
raios X. Para não fundir, o dispositivo necessita de resfriamento através radioativo e pensou tratar-se de elementos transurânicos, isto é,
da circulação de óleo. elementos de números atómicos superiores a 92. No início de 1939, em
Ao ser acelerados, os elétrons ganham energia e são direcionados contra experiência semelhante, os físicos alemães Otto Hahn e Fritz Strassman
um alvo, ao atingi-lo são bruscamente freados perdendo uma parte da verificaram a formação de bário e criptônio como consequência desse
energia adquirida durante a aceleração. O resultado das colisões e da bombardeamento. Durante o mesmo ano, outros dois cientistas alemães,
frenagem é a energia transferida dos elétrons para os átomos do Otto Frisch e Lise Meitner, interpretaram o experimento de Hahn e
elemento alvo. Este se aquece bruscamente, pois em torno de 99% da Strassman admitindo ter ocorrido a fissão nuclear, isto é, a quebra dos
energia do feixe eletrônico é dissipada núcleos do urânio, produzindo núcleos de elementos mais leves, de
nele. acordo com a seguinte equação:
A brusca desaceleração de uma carga
eletrônica gera a emissão de um pulso
de radiação eletromagnética. A este
efeito se dá o nome de Bremsstrahlung,
que significa radiação de freio.
As formas de colisão do feixe eletrônico
no alvo se dão em diferentes níveis Observe que a quebra do núcleo de urânio dá origem a três
energéticos devido às variações das nêutrons. Estes irão cindir outros núcleos de átomos vizinhos,
colisões ocorridas. Como existem várias determinando uma reação em cadeia que continua espontaneamente.
formas possíveis de colisão devida
angulação de trajetória, o elétron não
chega a perder a totalidade da energia
adquirida num único choque, ocorrendo então a geração de um amplo
espectro de radiação cuja gama de frequências é bastante larga, ou com
diversos comprimentos de onda. Estes dependem da energia inicial do
feixe eletrônico incidente. Este é o motivo pelo qual existe a necessidade
de milhares de volts de potencial de aceleração para a produção dos
Raios X. 
FERMI, Enrico (1901-1954), físico italiano, descobriu novos elementos radioativos e previu
a possibilidade de obtenção de elementos transurânicos. Por seus trabalhos, recebeu o
prémio Nobel de Física de 1938
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30.3.2 - Algumas Questões Polêmicas
O aproveitamento da energia nuclear (fissão) era visto, até
pouco tempo, como uma boa alternativa para suprir a escassez de fontes
energéticas (como carvão e petróleo). Essa é a razão pela qual, nas três
ultimas décadas, centenas de usinas atômicas foram construídas no
mundo. basta citar a França e a Bélgica, em que elas são responsáveis,
por 64,8 % e 59,8 % do total da produção de eletricidade.
Porém, depois dos acidentes de Three Miles Island, nos Estados
Unidos, em 1979, e de Chernobyl, na Rússia, em 1986, o uso pacífico
desse tipo de energia vem despertando grandes discussões nos países
democráticos. A polêmica gira, basicamente, em torno das seguintes
perguntas:
 Um governo pode instalar reatores nucleares sem alertar a
população sobre os perigos que eles representam e, principalmente,
sem consultá-la a respeito dessa decisão?
 Será que vale a pena correr os riscos de um acidente como o de
Chernobyl, cujas conseqüências não respeitam fronteiras nacionais
nem ideológicos, pela auto-suficiência energética?
Essas perguntas não podem ficar no ar. A resposta a essas perguntas é
difícil, e cada país responde de maneira diferente. Vários deles
abandonaram a energia nuclear, ao passo que outros a aceitam enquanto
novas formas de produção de energia são desenvolvidas.

Essa reação em cadeia libera uma quantidade enorme de energia e


constitui o princípio de funcionamento das bombas atômicas e dos
reatores nucleares. Entretanto essa reação só conseguirá se manter se a Usina Nuclear de
massa do material físsil for maior que um valor característico denominado
massa crítica. E essa sustentabilidade da reação em cadeia foi por Angra dos Reis
algum tempo o problema a ser resolvido para o emprego da fissão, quer
para fins militares, quer para pacíficos.
Em resumo, quando núcleos pesados, como os de urânio, são
bombardeados por partículas como nêutrons acelerados, originam-se
núcleos menores e uma grande quantidade de energia. Ao repetir seu
experimento pioneiro, Hahn e Strassman verificaram que, além dos
núcleos mais leves, havia a liberação de 208 MeV de energia por núcleo
cindido. Essa energia obtida confirmou plenamente a fórmula de Einstein
E = mc2, pois a diferença de massa entre o núcleo original e os núcleos
resultantes correspondia à quantidade energética obtida.
A eclosão da Segunda Grande Guerra Mundial acelerou as pesquisas
visando conseguir a auto-sustentação da reação em cadeia que
possibilitasse a confecção de uma arma. Secretamente o governo dos
Estados Unidos (e presume-se que também o da Alemanha) empenhou
esforços nessa direção. Em 2 de dezembro de 1942, na Universidade de
Chicago, um grupo de cientistas, dirigido por Enrico Fermi, criou com
sucesso o primeiro reator a conseguir um estado de auto-sustentação ou
"crítico". O reator era abastecido com urânio natural embebido em blocos
de grafite, tendo a fissão ocorrido no isótopo do urânio. A partir daí,
viabilizou-se a construção das letais bombas atómicas, lançadas contra
Hiroxima e Nagasaki em agosto de 1945, com as terríveis consequências
de que temos pleno conhecimento.

Explosão nuclear

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30.3.3 - Fusão Nuclear de energia para se obterem as condições necessárias à realização do
processo é maior que a quantidade de energia obtida dele.
A extraordinária quantidade de energia que o Sol, há bilhões de As condições obtidas em laboratório, com reatores do tipo Tokamak,
anos, emite para o espaço, responsável pela manutenção das condições ainda estão distantes das exigidas para uma produção contínua e
de vida em nosso planeta, é produzida por um processo denominado controlada de energia a partir da fusão nuclear.
fusão nuclear. Costuma-se dizer que o Sol é uma verdadeira fornalha A fusão nuclear causa bem menos problemas que a fissão nuclear, na
fundindo continuamente núcleos de hidrogênio em núcleos de hélio, obtenção de energia elétrica. Por isso, os cientistas estão trabalhando
tendo a energia como subproduto. Em que, na verdade, consiste esse para encontrar soluções que tornem viável a utilização do processo de
processo? fusão em substituição ao de fissão.

Reator de fusão – Tokamak

Os núcleons, isto é, os prótons e os nêutrons de um mesmo núcleo,


mantêm-se ligados graças à interação determinada pela força nuclear
forte. Como vimos, essa força tem seu alcance restrito às dimensões
nucleares e é extremamente intensa. Portanto, para separar os núcleons,
é necessário fornecer ao núcleo uma grande quantidade de energia.
Chama-se energia de ligação do núcleo a quantidade de energia
mínima que o núcleo deve receber para ser possível tal separação. Esquema do plasma dentro do reator de fusão
Verifica-se que a massa do núcleo (mnúc,eo) é menor que a soma das
massas individuais dos núcleons (mnúdeons) que o formam. Assim, a
diferença entre essas massas é dada por:
m   mnúcleos  mnúcleo
A energia de ligação do núcleo pode, então, ser calculada pela equação
de Einstein:

E  m.c 2
Por conseguinte, quando núcleons se juntam e se fundem, para formar
um núcleo mais pesado, há liberação de energia, que corresponde à
energia de ligação, isto é, à energia que o núcleo formado deveria
receber para que fossem liberados os núcleons originais. No processo que
ocorre no Sol, núcleos de hidrogênio (prótons e nêutrons) unem-se para
formar núcleos de hélio e, como subproduto dessa reação nuclear, é
liberada uma enorme quantidade de energia. A reação nuclear que ocorre
no Sol pode ser escrita simplificadamente do seguinte modo:

Em princípio, parece simples. Entretanto uma reação desse tipo exige


pressões extremamente altas e temperaturas da ordem de 20 milhões de
kelvin. Essa é uma das razões pelas quais as usinas nucleares ainda não
se utilizam da fusão nuclear. Nos procedimentos experimentais, o gasto

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