Sentença MS RAFAEL

fls.
382
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES
3ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA
VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 01501-010
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min
SENTENÇA
Processo Digital nº: 1026858-33.2016.8.26.0053

Classe - Assunto Mandado de Segurança - DIREITO TRIBUTÁRIO
Impetrante: Rafael Steinbruch e outro
Impetrado: Coordenador da Administração Tributária do Estado de São Paulo e outro
Este documento foi liberado nos autos em 20/09/2016 às 15:39, é cópia do original assinado digitalmente por FAUSTO JOSE MARTINS SEABRA.
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Fausto José Martins Seabra
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 1026858-33.2016.8.26.0053 e código 25C8A2F.
RAFAEL STEINBRUCH e RICARDO STEINBRUCH
impetram MANDADO DE SEGURANÇA preventivo contra ato iminente do
COORDENADOR DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA DO ESTADO DE
SÃO PAULO e SECRETÁRIO DA FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
Alegam que receberão doação de pessoa jurídica domiciliada no exterior,
consubstanciada em ações ordinárias de emissão de "Rio Purus Participações S.A",
a qual será objeto de tributação federal. Temem que a autoridade adote medidas
para a cobrança do ITCMD, malgrado o Colendo Órgão Especial do Tribunal de
Justiça tenha pacificado o entendimento de que não incide este tributo à luz do art.
155, § 1º, III, “b”, da Constituição Federal. Requerem, assim, a concessão da
segurança para que seja reconhecida a insubsistência da exigência do ITCMD
sobre a doação em comento.
Deferida a liminar, os impetrados prestaram informações a
fls. 116/131 e 133/141. Em preliminar arguiram a falta de direito líquido e certo e
no mérito sustentaram que nada há de inconstitucional no art. 4º, II, “b”, da Lei
Estadual nº 10.705/2000 e que o Colendo Supremo Tribunal Federal tem decidido
de modo diverso do que resultou na citada arguição de inconstitucionalidade da
Corte paulista.
O Ministério Público ofertou parecer a fls. 145/148.
1026858-33.2016.8.26.0053 - lauda 1
fls. 383

É o relatório.
Fundamento e decido.
De início, defere-se a intervenção da Fazenda Estadual,
procedendo-se às anotações necessárias.
Ausência de direito líquido e certo não acarreta a extinção do
mandado de segurança, mas sim a denegação, pois envolve matéria de fundo e
não processual. Impõe-se, contudo, o reconhecimento da inadequação da via
eleita, como pleiteado a fls. 84/100.
Como se sabe, direito líquido é aquele incontroverso, claro,
manifesto, inquestionável, que não desperta dúvidas, evidente e que não demanda
dilações probatórias. Para Hely Lopes Meirelles é aquele comprovado de plano,
isto é, mediante documentos que instruem a postulação do impetrante.
E, na hipótese dos autos, verifica-se que os documentos
anexados pelos impetrantes são alvo de fundadas dúvidas do Fisco e não
permitem a conclusão segura de que as teses desenvolvidas na petição inicial
correspondem aos fatos ocorridos. Tanto é verdade, que as doações realizadas aos
impetrantes e familiares ensejaram até a abertura de investigação criminal.
Somente a ampla dilação probatória, incluindo a perícia
contábil, permitiria extrair eventual acerto do articulado e afastar as fundadas
dúvidas levantadas pelo Fisco no tocante às operações realizadas.
Cabe acrescentar que em outros mandados de segurança
sentenciados por este juízo e à luz das doações realizadas a favor da família dos
impetrantes, as graves circunstâncias narradas pela Fazenda do Estado só vieram
ao conhecimento depois de proferidas as sentenças.
O mandado de segurança é via cognitiva estrita e
incompatível com a ampla dilação probatória que os fatos recomendam para
1026858-33.2016.8.26.0053 - lauda 2
fls. 384

espancar dúvidas e incertezas acerca do negócio jurídico mencionado.
Ante o exposto, cassada a liminar, JULGO EXTINTO o feito
sem resolução do mérito com fundamento no art. 485, VI, do Código de Processo
Civil. Sem condenação em honorários advocatícios, pagarão os impetrantes as
custas processuais.
P.R.I.
São Paulo, 20 de setembro de 2016.
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,
CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA
1026858-33.2016.8.26.0053 - lauda 3

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impetram MANDADO DE SEGURANÇA preventivo contra ato iminente do

COORDENADOR DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA DO ESTADO DE

SÃO PAULO e SECRETÁRIO DA FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Alegam que receberão doação de pessoa jurídica domiciliada no exterior,

consubstanciada em ações ordinárias de emissão de "Rio Purus Participações S.A",

para a cobrança do ITCMD, malgrado o Colendo Órgão Especial do Tribunal de

155, § 1º, III, “b”, da Constituição Federal. Requerem, assim, a concessão da

segurança para que seja reconhecida a insubsistência da exigência do ITCMD

sobre a doação em comento.

Deferida a liminar, os impetrados prestaram informações a

fls. 116/131 e 133/141. Em preliminar arguiram a falta de direito líquido e certo e

Estadual nº 10.705/2000 e que o Colendo Supremo Tribunal Federal tem decidido

de modo diverso do que resultou na citada arguição de inconstitucionalidade da

O Ministério Público ofertou parecer a fls. 145/148.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

De início, defere-se a intervenção da Fazenda Estadual,

procedendo-se às anotações necessárias.

Ausência de direito líquido e certo não acarreta a extinção do

não processual. Impõe-se, contudo, o reconhecimento da inadequação da via

Como se sabe, direito líquido é aquele incontroverso, claro,

dilações probatórias. Para Hely Lopes Meirelles é aquele comprovado de plano,

isto é, mediante documentos que instruem a postulação do impetrante.

E, na hipótese dos autos, verifica-se que os documentos

anexados pelos impetrantes são alvo de fundadas dúvidas do Fisco e não

permitem a conclusão segura de que as teses desenvolvidas na petição inicial

impetrantes e familiares ensejaram até a abertura de investigação criminal.

Somente a ampla dilação probatória, incluindo a perícia

contábil, permitiria extrair eventual acerto do articulado e afastar as fundadas

dúvidas levantadas pelo Fisco no tocante às operações realizadas.

Cabe acrescentar que em outros mandados de segurança

impetrantes, as graves circunstâncias narradas pela Fazenda do Estado só vieram

ao conhecimento depois de proferidas as sentenças.

O mandado de segurança é via cognitiva estrita e

incompatível com a ampla dilação probatória que os fatos recomendam para

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

espancar dúvidas e incertezas acerca do negócio jurídico mencionado.

Ante o exposto, cassada a liminar, JULGO EXTINTO o feito

Civil. Sem condenação em honorários advocatícios, pagarão os impetrantes as

São Paulo, 20 de setembro de 2016.

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