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Separação por Membranas

Prof. Ricardo Vicente de Paula Rezende , P.h.D.

15 de dezembro de 2019

Universidade Estadual de Maringá - UEM, Departamento de Engenharia Química - DEQ


Disciplina: Tópicos em Operações Unitárias

1 Equações Básicas
Considere a Figura abaixo.

Figura 1: Diagrama esquemático.

De acordo com o diagrama da Figura (1), temos três correntes principais:


1. A de alimentação com vazão QA dada em m³/s, e com concentração CA dada em kg/m³;
2. A de permeado, ou puricada, a corrente que foi ltrada e limpa com uma vazão QP dada em m³/s, e
com concentração CP dada em kg/m³;
3. E a corrente rejeitada QR dada em m³/s, e com concentração CR dada em kg/m³. A corrente de
Rejeito é também chamada de Concentrado, pois o soluto ca retino nesta corrente

1.1 Balanço de massa do composto A

A soma destas correntes deve ser tal que feche o balanço de massa do composto A(soluto), ou seja,
QA · CA = QP · CP + QR · CR , (1)
ou
ṁA = ṁP + ṁR . (2)

1.2 Balanço de masa de água

Da mesma maneira, a massa de água alimentada (solvente) deve ser conservada1 .


1 Supõe-se que a concentração de soluto é tal que não altere signicativamente a densidade da mistura e/ou o volume das
correntes de forma que as vasões são praticamente constantes, tenham elas o soluto ou não.

1
QA · ρágua = QP · ρágua + QR · ρágua (3)
ou
QA = QP + QR , (4)
se a densidade da água permanecer constante. Assim, a soma das correntes de saída deve ser igual a de
entrada.

1.3 Taxa de Recuperação de água

É a fração da vazão de permeado/puricado em relação à vazão de alimentação:


QP
Y = (5)
QA

Assim, da Equação (4), podemos escrever


 
QP
QR = QA − QP = QA 1 − ,
QA

ou seja,

QR = QA (1 − Y ) , (6)

Exemplo: Uma corrente de alimentação de 10m³/he com uma concentração de soluto igual a 100mg/l . O
sistema opera a uma taxa de recuperação de água igual a 0,75 e a massa de soluto na corrente
puricada deve ser de no máximo 0, 01kg/m³.
Dados: QA = 10m³/h , CA = 100mg/m³ ,ṁP = 0, 01m³/h e Y = 0, 75.
Corrente de puricado:
QP = Y · QA = 7, 5m³/h
Massa de Soluto na corrente de Alimentação e Puricado:
ṁA = CA · QA = 1kg/h

ṁP
ṁP = CP · QP → CP = = 1, 33mg/l
QP
Corrente de Rejeito:

QR = QA (1 − Y ) = 2, 5m³/h

Massa de soluto na corrente de Rejeito2 :


ṁA = ṁP + ṁR → ṁR = ṁA − ṁP = 0, 99kg/h

Concentração de soluto na corrente de Rejeito:


ṁR
ṁR = CR · QR → CR = = 396mg/l
QR
Observe que as concentrações das correntes de saída somadas não são iguais à concentração de entrada.
Isto se dá por que tando o soluto, quanto a água podem passar pela membrana em quantidades diferentes
resultando em concentrações diferentes nas correntes de saída.
2 Estamos supondo que o soluto que ca retido na membrana, é integralmente levado pela corrente de rejeito. Todavia, parte
dele se acumula sobre a membrana podendo formar uma torta ou um gel sobre a mesma. Esta hipótese é meramente ilustrativa
em uma condição ideal.

2
1.4 Passagem de Contaminantes

É a fração de soluto na concentração de puricado em relação a concentração de entrada:


CP
PC = . (7)
CA

1.5 Taxa de Rejeição de Contaminantes

É a fração residual retida no Rejeito


RC = 1 − PC . (8)

1.6 Fator de Concentração

Similar a Passagem de Contaminantes, mas considera a corrente de rejeito. É a fração de soluto no rejeito
em relação à concentração de alimentação:
CR
FC = , (9)
CA
assim, pelo balanço de massa ( Eq. (1)) temos,
QA · CA = QP · CP + QR · CR , (10)
dividindo por CA
CP CR
QA = QP · + QR · , (11)
CA CA
das Equações (7) e (9), pode-se escrever
QA = QP · PC + QR · FC , (12)
dividindo por QA
QP QR
1= · PC + · FC , (13)
QA QA
Substituindo as equações (5) e (6),
QA (1 − Y ) ,
1 = Y · PC + · FC , (14)
QA
assim,
(1 − Y · PC )
FC = . (15)
(1 − Y )

1.7 Módulos em Série

Para esta conguração, se considerarmos que a taxa de recuperação Yi é a mesma para cada módulo de
ltração, podemos escrever
3
QR,3 = QA (1 − Y ) , (16)
e, para n módulos
n
QR,n = QA (1 − Y ) , (17)
Assim, a vazão de puricado/permeado é dada por
QP,total = QA − QR,n ,
então,
n
QP,total = QA [1 − (1 − Y ) ] ,
e a taxa de recuperação total é dada por
n
Yn = 1 − (1 − Y ) ,
ou ainda,
QP,total
Yn = .
QA

3
Figura 2: Módulos em Série.

Exemplo: Determine o número de módulos de ltração por membranas necessários para uma taxa de re-
cuperação total seja superior a 90%. Sabendo que cada módulo tem uma taxa de recuperação
unitária igual a 0,30. Determine também a vazão de puricado e de rejeitado total para uma
vazão de alimentação igual a 10m³/h.
Dados: Yn , = 0, 90 , Y = 0, 30.

n
Yn = 1 − (1 − Y ) ,
n
0, 90 = 1 − (1 − 0, 30) ,
n
1 − 0, 9 = (1 − 0, 30)
0, 10 = 0, 70n
ln (0, 10) = n · ln (0, 70)
n = 6, 456.
Ou seja, o número mínimo de módulos possível é igual a 7, pois não há como adquirir de um fornecedor um
módulo fracionado. Então calculemos a taxa de recuperação efetiva com 7 módulos:
n
Yn = 1 − (1 − Y ) ,
y
Yn = 1 − (1 − 0, 3) ,
Yn = 0, 917 ≈ 0, 92.
Logo, a taxa de recuperação total factível é de cerca de 92% empregando 7 módulos. A vazão de puricado
total é dada então por, QP,total = QA Yn assim,
QP,total = 10 · 0, 917 = 9, 17m³/h,
e a vazão de rejeito é dada por, QR,n = QA − QP,total , então,
QR,7 = 10 − 9, 17 = 0, 83m³/h,
ou QR,n = QA (1 − Y )n , logo
7
QR,n = 10 (1 − 0, 30) = 0, 823
As diferenças se devem ao arredondamento da taxa de recuperação total. Esta última não requer isto
sendo, portanto, mais precisa.

4
1.8 Taxa de produção e área da membrana

Cada módulo de membranas possui uma área xa disponível para ltração dada de acordo com cada fabri-
cante. O número total de módulos também pode ser determinado de acordo com a área de ltração necessária
para se manter uma vazão de puricado a uma determinada taxa de produção, ou seja, o número de módulos
( o expoente n do exemplo anterior) pode ser determinado por
AM
NM = , (18)
aM
onde am é a área de membrana por módulo, e Am é a área de ltração necessária ao processo:
QP
AM = , (19)
qM

onde qM é a taxa de produção da membrana dada em m³/m²s.


Há ainda vasos de pressão onde uma série xa de módulos é instalada e.g. 3 módulos por vaso de pressão.
Assim o número de vasos de pressão é dado por
NM
NV = , (20)
nM
onde nM é o número de módulos por vaso.

1.9 Fator de Redução de Volume

O Fator de Redução de volume mede a a razão entre a Vazão de Alimentação e a de Rejeito (concentrado):
QA
FRV = , (21)
QR

da Equação (6),
QA
FRV = , (22)
QA (1 − Y ) ,
assim,
1
FRV = . (23)
(1 − Y )

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