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II SEMINÁRIO DE ESCRITAS E LEITURAS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA (II SELEM)

COEFICIENTE ANGULAR: UMA APLICAÇÃO UTILIZANDO O ESPAÇO


FÍSICO DA ESCOLA E A PUBLICAÇÃO NO JORNAL DA ESCOLA

Suhelen Sales Souto


Universidade Federal de Lavras - UFLA
suhelenss@hotmail.com
CAPES
Luiz Fernando Gonçalves
Universidade Federal de Lavras - UFLA
nandojackass@hotmail.com
CAPES
Rita de Cássia Nogueira
Universidade Federal de Lavras - UFLA
rita_lurdinha@hotmail.com
CAPES
Simone Mancini Carvalho
Universidade Federal de Lavras - UFLA
simonemancini10@hotmail.com
CAPES

RESUMO
O presente trabalho visa relatar uma atividade aplicada por nós integrantes do PIBID
(Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) da Universidade Federal
de Lavras, do curso de Matemática. O programa que tem proporcionado ao grupo
oportunidades diversas, que contribuem como formação inicial e continuada. Através
desse programa acompanhamos uma professora supervisora da Terceira Série do Ensino
Médio da Escola Estadual Cinira Carvalho de Lavras – MG. Com o desenvolvimento de
estudos acerca do currículo de Matemática, vimo-nos com a necessidade de elaborar
atividades que extrapolem o ambiente “sala de aula”, para que estas tenham o objetivo
de fazer com que os alunos sintam a matemática mais palpável em seu dia-a-dia. Dessa
ideia ocorreu-nos em trabalhar com o conceito que estava sendo estudado no momento:
coeficiente angular da reta. Explorando o espaço físico da escola, notamos a
possibilidade de calcular a inclinação da rampa que dá acesso às salas de aula. Esta
atividade tem por finalidade a aplicação do conceito e a avaliação de compreensão dos
alunos envolvidos a cerca dos conceitos já trabalhados em sala e como complemento
uma publicação no jornal da escola, em que foi texto produzido um texto pelos próprios
alunos, de forma coletiva, narrando a atividade e suas concepções valorizando assim a
escrita nas aulas de Matemática.

Anais do II Seminário de Escrita e Leitura em Educação Matemática. São Paulo, 2013


II SEMINÁRIO DE ESCRITAS E LEITURAS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA (II SELEM)

Palavras chave: coeficiente angular, narrativas, inclinação.

TEXTO COMPLETO

A atividade tinha como objetivo a aplicação, de uma forma prática, do conceito


de coeficiente angular da reta estudados em sala de aula. Os alunos viram em aulas
passadas que o valor do coeficiente angular de uma reta é a tangente do seu ângulo de
inclinação.
A Escola Estadual Cinira Carvalho tem uma rampa que dá acesso às salas de
aula do andar de cima onde fica localizada a sala do terceiro ano, e a proposta era que os
alunos calculassem o coeficiente angular da rampa.
Coeficiente angular (a) de uma reta (r) é um número real que mede a inclinação
de uma reta em relação ao eixo das abscissas e não perpendicular a ele. Então, dada à
equação da reta: y = ax + b, (a) é o coeficiente angular dessa reta. Ou dada a equação
geral da reta ax + by + c = 0, dizemos que (-a/b) é o coeficiente angular dessa reta. Ou
seja, o coeficiente angular de uma reta é igual à tangente do ângulo alfa que essa reta
forma com o eixo x. Em nosso caso, o eixo da abscissas (x), é o chão e a nossa reta (r) é
a rampa, pelo qual o alunos sobem, devemos então descobrir qual o ângulo (α) que a
rampa forma com o chão e então calcular sua tangente e teremos o coeficiente angular
da reta (rampa).
Porém instruímos os alunos apenas para que formassem três grupos e que todos
deveriam participar, por isso deveriam distribuir tarefas. Dizemos qual era o objetivo de
cada grupo, obter o coeficiente angular da rampa, e destacamos que eles poderiam usar
o caderno e os conceitos trabalhados até então. Nesta proposta trabalhar em grupos é
fundamental, pois para chegarem à resolução deverá haver argumentação, negociação,
ou seja, comunicar-se matemática.

Anais do II Seminário de Escrita e Leitura em Educação Matemática. São Paulo, 2013


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No local em que fica localizada a rampa os grupos se dividiram conforme


orientações e então entregamos alguns materiais que poderiam ser necessários: uma
trena, um transferidor e um esquadro. Estavam livres para trabalhar, pensando em uma
maneira de se chegar ao resultado, para isso poderiam fazer as medições que achassem
necessárias e anotar seus cálculos e observações. Tudo deveria ser anotado, pois
posteriormente iríamos utilizar as anotações para uma produção coletiva de um texto
narrando à atividade. “A escrita é o enquadramento da realidade” (SMOLE; DINIZ,
2007, p.23).
A tendência de quem desenvolve a matemática com prazer é anotar todas as
informações obtidas e observações importantes, então temos que ajudar os alunos a
organizarem esses dados e/ou informações para serem exploradas e assim conseguirem
comunicar-se matematicamente, ou seja, “descrever, representar e apresentar resultados
com precisão e argumentar sobre suas conjecturas, fazendo uso da linguagem oral e
estabelecendo relações entre ela e diferentes representações matemáticas” (BRASIL,
2002, p.18) e que são tão importantes no processo de aprendizagem.
Podemos perceber que os grupos buscaram diferentes estratégias para a
resolução do problema e decidiram colher todos os dados que podiam e depois
analisariam. Neste momento surgiram muitas dúvidas, onde exatamente deveriam medir
e se poderia ser em qualquer comprimento da rampa. Logo concluíram que poderiam
partir de qualquer ponto da reta, pois perceberam que a rampa formava um triângulo
retângulo, então o ângulo do triângulo formado por qualquer parte da extensão da rampa
será igual ao da inclinação da reta, pois pelo Teorema de Tales temos que duas retas
paralelas, no caso a reta do chão e outra paralela cortadas por uma transversal, a rampa,
formam ângulos correspondentes iguais.
Então mediram o corrimão da rampa e concluíram que se tratava da hipotenusa,
mediram o chão, o cateto adjacente e a medida da altura da rampa, o cateto oposto, e
para essa última utilizaram o esquadro para garantir que a trena formasse exatamente
um ângulo de 90° com o chão.
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Em seguida decidiram medir o ângulo formado pela pontinha do triângulo, como


eles mesmos se referiram. Essa ideia de tentar encontrar o coeficiente através do ângulo
formado pelo encontro da rampa com o chão, hipotenusa e cateto adjacente
respectivamente, surgiu dos exemplos que eles tinham no caderno sobre cálculo do
coeficiente angular, eles observaram que o cálculo era feito pela tg do ângulo formado
por duas retas, uma no eixo x ou paralela a x, e outra não perpendicular a x e que
intercepte a primeira. Estavam se referindo ao cálculo pela diferença de dois pontos
(tg(α)=yB-yA/xB-xA). As diferenças yB-yA e xB-xA eles tinham, pois conheciam as
medidas dos catetos, então chegaram ao valor do coeficiente angular, tg(α).
Porem não sabiam qual era a medida de α (ângulo formado pela reta com o
chão). Então a professora entregou aos alunos uma tabela com valores de seno, cosseno
e tangente dos ângulos, com isso os alunos puderam, com o valor da inclinação da reta,
buscar qual era o ângulo formado.
Para formalizarmos, na aula seguinte, propomos aos alunos que produzíssemos
uma narrativa, em que todos deveriam colaborar relatando suas dificuldades e
concepções em torno da atividade, para participarmos do jornal da escola.
Foi uma produção coletiva do texto e para isso levamos um notebook e um
Datashow para que pudéssemos todos ir acompanhando a produção. Distribuímos os
alunos em círculo, e pedimos que elegessem um digitador e um delegado para ordenar a
sequência de participação dos alunos. Observamos que os alunos ficaram
envergonhados inicialmente em cumprir alguma das funções citadas e até mesmo de
participar, mas logo se empenharam.
Pedimos que pensassem o destino do texto (jornal), e que começassem a relatar
o que fizeram no dia e as suas percepções da atividade. Os alunos ficaram preocupados
com a estrutura do texto em como deve ser escrito um artigo em jornal, porém dissemos
que primeiramente deveríamos colocar as ideias no papel e posteriormente
estruturaríamos para virar uma notícia de jornal. Assim foi mais fácil para eles
começarem a produção.
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Houve bastante discussão e reflexão sobre a atividade e estavam muito


interessados. Quando divergiam em algum ponto, eles mesmos discutiam mediados pelo
delegado e chegavam a um consenso, até chegarmos à forma final do texto.
Acreditamos que esse processo foi muito importante, pois “a predominância do silêncio,
no sentido de ausência de comunicação, ainda é comum nas aula de matemática”
(SMOLE; DINIZ, 2007, p.15) e conseguimos com a produção do texto fazer com que os
alunos mais uma vez negociassem e refletissem as informações, raciocínio e resolução
obtidos, e então estarem construindo de maneira sólido seus conhecimento.

A produção de textos nas aulas de matemática cumpre um papel


importante para aprendizagem do aluno e favorece a avaliação
dessa aprendizagem em processo. Organizar o trabalho em
matemática de modo a garantir a aproximação dessa área do
conhecimento e da língua materna, além de ser uma proposta
interdisciplinar, favorece a valorização de diferentes habilidades
que compõem a realidade complexa de qualquer sala de aula.
(SMOLE; DINIZ, 2007, p.29)

Abaixo segue o texto produzido pelos alunos que participaram da atividade


“Coeficiente angular: uma aplicação utilizando o espaço físico da escola e a publicação
no jornal da escola”, vale ressaltar quando os alunos relatam que é interessante vermos
um conteúdo fora da teoria, ou seja na prática. É isso que o PIBID tem nos
proporcionado, tanto para nós em formação inicial, a professora supervisora em
formação continuada e os alunos da Educação Básica, todos estamos tendo a
oportunidade de sairmos um pouco da teoria e trabalharmos com a prática ligada a
escrita matemática.
Durante toda a atividade o que mais chamou atenção dos alunos foi a produção
do texto, houve uma certa resistência por parte deles, chegamos a ouvir de alguns alunos
que estávamos na aula de Matemática e não Língua Portuguesa, e agora principalmente
após esta atividade e a repercussão do jornal, estão mudando a maneira de ver a escrita
nas aulas de matemática e percebendo o quão importante é.

O TEXTO PRODUZIDO

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Matemática: será um bicho de sete cabeças?

No dia 18 de maio, de 2012 na Escola Estadual Cinira Carvalho, nós, alunos do


3º ano B, realizamos uma atividade proposta pelos alunos do PIBID de matemática da
UFLA. O objetivo era colocar em prática os exercícios desenvolvidos em sala de aula.
A proposta foi de que, nós alunos, medíssemos o coeficiente angular da rampa
central. Para isso, fomos divididos em 3 grupos sendo que cada um ficou em uma parte
da rampa acompanhado por um orientador.
Para realização da atividade foram utilizados diferentes métodos de medição no
qual os instrumentos foram: trena, esquadro, giz, transferidor, tabela
trigonométrica(valores dos ângulos) e materiais de anotação.
Para resolução do problema cada grupo utilizou os conhecimentos adquiridos em
sala de aula com uma metodologia diferente. Foi interessante porque na maioria das
vezes em sala vemos somente a teoria, e com essa atividade conseguimos correlacionar
teoria e prática.
Através da atividade ficou claro que existem varias formas de resolver o mesmo
problema sem a necessidade de decorar fórmulas, mudando a visão de que a matemática
é um “bicho de sete cabeças”.

REFERÊNCIAIS

SMOLE, K.S; DINIZ, M.I. Ler, escrever e resolver problemas: habilidades básicas
para aprender Matemática. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

DANTE, L.R. Matemática: Contexto e Aplicações. 3. ed. São Paulo, 2008.

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