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Dois acontecimentos que marcaram e mudaram a face da Europa na segunda metade do século XVIII: a

Revolução Francesa e a Revolução Industrial, responsáveis pela abolição da monarquias aristocratas e pela
introdução da burguesia que então, dominara a vida política, económica e social da época. A luta pelo trono
em Portugal gera conturbação e desordem interna na nação.

Com isso, Almeida Garrett acaba por exilar-se na Inglaterra, onde entra em contato com a Obra de Lord Byron
e Scott. Ao mesmo tempo, por estar presenciando o Romantismo inglês, envolve-se com o teatro de William
Shakespeare.

Em 1825, Garrett publica Camões, inspirando-se na epopeia Os Lusíadas. O seu poema é considerado
introdutor do Romantismo em Portugal, por apresentar características românticas: versos decassílabos
brancos, vocabulário, subjetivismo, nostalgia, melancolia, e a grande combinação dos géneros literários.

Pintura do Romantismo Português: O Fado – Pintura de José Malhoa, Artista do Romantismo em Portugal

Características

O Romantismo foi encarado como uma nova maneira de se expressar, enfrentar os problemas da vida e do
pensamento.

Esta escola, repudiava os clássicos, opondo-se às regras e modelos, procurando a total liberdade de criação,
além de defender a “impureza” dos géneros literários. Com o domínio burguês, ocorre a profissionalização do
escritor, que recebe uma remuneração para produzir a obra, enquanto o público paga para consumi-la.

O escritor romântico projetava-se para dentro de si, tendo como fonte o eu-lírico, do qual fluía um diverso
conteúdo sentimentalista e, muitas vezes, melancólico da vida, do amor e, às vezes, exageradamente, da
própria morte. A introversão era característica essencialmente romântica.

A natureza, assim como a mulher são importantes pontos desse momento. O homem, idealizava a mulher
como uma deusa, coisa divina e, com isso, retornava ao passado, no trovadorismo, onde as “donas” eram tão
sonhadas e desejadas, mesmo que fossem inatingíveis.

Ao procurar a mulher de seus sonhos e, então, frustrar-se por não encontrá-la ou, muitas vezes, por encontrá-
la e perdê-la, o romântico entrava em constante devaneio. Para amenizar a situação, ao escrever despojava
todos os seus anseios, procurando fugir da realidade, usando do escapismo, onde, não raramente, tinha a
natureza como confidente. Outra forma de escapismo utilizada, era o escapismo pela obscuridade, onde
buscavam o bem-estar nos ambientes fúnebres e obscuros.

Almeida Garrett
Almeida Garrett, cultivou a oratória parlamentar, o pensamento pedagógico e doutrinário, o jornalismo, a
poesia, a prosa de ficção e o teatro, o qual entrou em contato com o de Shakespeare quando em exílio na
Inglaterra. Teve uma vida sentimental bastante atribulada em que se sobressai o seu romance adúltero com a
viscondessa da Luz, a qual inspirou seus melhores poemas.

Escreveu Camões (1825), Dona Branca (1826), Folhas Caídas (1853), Viagens na minha terra (1846), entre
outras obras.

Alexandre Herculano

Na ficção de Alexandre Herculano, prevalece o caráter histórico dos enredos, voltados para a Idade Média,
focando as origens de Portugal como nação. Além disso, ocorrem muitos temas de caráter religioso. Quanto à
sua obra não-ficcional, os críticos consideram que renovou a historiografia, uma vez que se baseia não mais
em ações individuais, mas no conflito de classes sociais para explicar a dinâmica da história.

Sua obras principais são: A harpa do crente (1838), Eurico, o presbítero (1844), dentre outras.

Castilho

Castilho, tem como principal papel traduzir poetas clássicos. Sua passagem pelo Romantismo é discreta,
mesmo que tenha sido o provocador da Questão Coimbrã.

A história de Castilho é a dum grande mal-entendido: graças à cegueira, que lhe dava um falso brilho de gênio
à Milton, mais do que à sua poesia, alcançou injustamente ser venerado como mestre pelos românticos
menores. Não obstante válida historicamente, sua poesia caiu em compreensível esquecimento.

O segundo momento do Romantismo

Os escritores tomam atitudes extremas, transformando-se em românticos descabelados, caindo fatalmente no


exagero, tendenciando temas soturnos e fúnebres, tudo expresso numa linguagem fácil e comunicativa.

Soares de Passos

Soares de Passos constitui a encarnação perfeita do “mal-do-século”. Vivendo na própria carne os devaneios
de que se nutria a fértil imaginação de tuberculoso, sua vida e sua obra espelham claramente o prazer
romântico do escapismo das responsabilidades sociais da época, acabando por cair em extremo pessimismo,
um incrível desalento derrotista.

Obra: Poesias (1855)

Camilo Castelo Branco

Casou-se com uma jovem de 15 anos, a quem abandonou com uma filha; em seguida raptou outra moça, sua
prima, e com ela passou a viver. Acusado de bigamia, foi preso. Sua primeira esposa morreu e, logo em
seguida, a filha. Abandonou a prima e viveu amores passageiros com outra jovem e com uma freira. Uma crise
religiosa levou-o a ingressar num seminário, do qual desistiu.

Conheceu Ana Plácido, senhora casada que seria o grande amor de sua vida. Ocorre sua primeira tentativa de
suicidar-se, diante da impossibilidade de viver com ela. Mas, finalmente passaram a viver juntos o que lhes
custou um processo por adultério. Ambos foram presos. Na prisão, Camilo escreveu Amor de Perdição.
Absolvidos e morto o marido de Ana, se casaram. Alguns anos depois da morte de Ana, Camilo, vencido pela
cegueira, acaba por suicidar-se.

Suas obras principais: Amor de salvação (1864), A queda dum anjo (1866), dentre outras.

O terceiro Momento do Romantismo

Acontece aqui, um tardio florescimento literário que corresponde ao terceiro momento do Romantismo, em
fusão dos remanescentes do Ultra-Romantismo. Esse período é marcado pela presença de poetas, como João
de Deus, Tomás Ribeiro, Bulhão Pato, Xavier de Novais, Pinheiro Chagas e Júlio Dinis, que purificam até o
extremo as características românticas.

Tomás Ribeiro mistura a influência de Castilho e de Victor Hugo, o que explica o caráter entre passadista e
progressista da sua poesia.

Bulhão Pato começa ultrarromântico e evolui, através duma sátira às vezes cortante, para atitudes realistas e
parnasianas.

Manuel Pinheiro Chagas cultivou a poesia de Castilho, que motivou a Questão Coimbrã; a historiografia e a
crítica literária.

João de Deus

Júlio Dinis

Os poemas de Júlio Dinis armam-se sobre uma tese moral e teleológica, na medida em que pressupõem uma
melhoria, embora remota, para a espécie humana, frontalmente contrária à desesperação e ao amoralismo
cético dos ultrarromânticos, numa linguagem coerente, lírica e de imediata comunicabilidade. Conduz suas
histórias, sempre a um epílogo feliz, não considerando a heroína como “mulher demônio”, mas sim como
“mulher anjo”.

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