Você está na página 1de 16

GERENCIAMENTO DE RECURSOS MATERIAIS EM UNIDADES DE SAÚDE

ADMINISTRATION OF MATERIAL RESOURCES IN HEALTH UNITS

Aylton Paulus Júnior1

1
Docente da Universidade Estadual do Paraná – Campus Apucarana. Economista da Universidade Estadual de Londrina.
Endereço para correspondência: Rua Cândido Betoni, 199, apto 702 – 86060-590 – Londrina, PR.
E-mail: paulus@sercomtel.com.br

Resumo

Este texto foi produzido para subsidiar interessados em estudar os princípios de Administração de
Materiais aplicados em unidades que ofertam serviços de saúde. Inicia-se com a apresentação dos
conceitos básicos relacionados e apresenta em forma de revisão, as funções da Administração de
Materiais. O texto aborda compras, compras públicas, recebimento e conferência, transporte e
distribuição, armazenagem e sistemas de controle de estoque.
Descritores: Administração de materiais; Compras hospitalares.

Abstract

This text was produced to subsidize interested people in studying the principles of Administration of
Materials applied in units that offer health services. It initiates with the presentation of the related basic
concepts and presents in revision form, the functions of the Administration of Materials. The text
approaches public purchases, purchases, act of receiving and conference, transport and distribution,
storage and systems of supply control.
Keywords: Materials management; Purchasing hospital.

Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p.30-45, dez. 2005 30
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Gerenciamento de Recursos Materiais

INTRODUÇÃO obriga as instituições a trabalharem com


estoques. Em termos econômicos, estes têm o
Este texto foi produzido para subsidiar mesmo sentido de dinheiro guardado nas
interessados em estudar os princípios de prateleiras, com o agravante de ocuparem
Administração de Materiais aplicados a espaço, consumirem energias de
unidades que ofertam serviços de saúde. Inicia conservação, terem seus prazos de validade
com a apresentação de alguns conceitos vencidos, ficarem obsoletos, desaparecerem
básicos relacionados à Administração de sem explicações e outros riscos. Este dinheiro
Materiais. O desenvolvimento do trabalho está parado em prateleiras poderia estar sendo
ordenado pelas atividades fundamentais da aplicado na ampliação de mais uma unidade,
Administração de Materiais quais sejam: ou na compra de mais um equipamento, ou
compras, recebimento e conferência, mesmo estar sendo aplicado em atividade
transporte e distribuição, armazenagem, e mais compensatória.
controle de estoques. Há autores como
Francischini e Gurgel1 que incluem nas Os itens de materiais, medicamentos,
funções da Administração de Materiais o reagentes, alimentos e outros que não podem
controle dos equipamentos e a alienação. As ser prontamente comprados e utilizados são
funções citadas por eles são: “a) classificação formadores dos estoques das unidades de
de materiais; b) gerenciamento de estoque; c) saúde. A questão provocativa é: porque
aquisição de materiais; d) armazenamento; e) devemos gerenciar materiais e medicamentos
alienação de materiais; f) controle dos nas unidades de saúde?
equipamentos”.
O resultado de uma atividade, em seu sentido
De fato, existem instituições que tratam do econômico, deve ser mensurado pelos
gerenciamento de materiais junto com o benefícios obtidos com os recursos
gerenciamento de equipamentos e demais disponíveis, ou seja, esperamos que a
itens patrimoniais. Entretanto, o mais produtividade dos recursos aplicados seja
apropriado é o subsistema de manutenção de máxima para obtenção do menor custo unitário
equipamentos e controle patrimonial ser e do maior lucro ou benefício possível. A
tratado de forma distinta do gerenciamento de unidade hospitalar consome recursos
materiais. São subsistemas independentes, materiais e de medicamentos que integram o
com métodos próprios. conceito de capital de giro da instituição. O
capital de giro, combinado com o capital fixo, –
O trabalho de Vecina e Reinhart2 apresenta o as instalações e os equipamentos – constitui o
sistema de materiais na unidade de saúde investimento total realizado. Assim, para
como quatro subsistemas: “normalização, maximizar a relação benefícios por
controle, aquisição e finalmente, investimentos (B/I) é conveniente que o
armazenamento e distribuição”. Neste texto, denominador seja o menor possível, ou seja,
optamos expor o tema segundo as funções pretende-se o uso da menor quantidade de
habitualmente encontradas na literatura. capital.

CONCEITOS INICIAIS Com o aprimoramento do gerenciamento dos


recursos materiais podemos reduzir o capital
As unidades Hospitalares são percebidas de giro necessário e com isso reduzir o
pelos administradores como complexas investimento total(I) na unidade de saúde o
porque nelas podemos encontrar diversas que implicará em aumento da eficiência
atividades que por si só caracterizam econômica do capital aplicado. Busca-se a
processos produtivos distintos. Eles requerem otimização organizacional que reduza as
atenção e controle especializados quanto ao necessidades de estoques. No limite, a
fluxo de materiais, ou seja, na unidade situação ideal é a do estoque zero.
hospitalar, além do serviço de saúde, temos
um restaurante, um hotel, um laboratório Neste sentido a Administração de Materiais
clínico, um serviço de manutenção e reparos objetiva a otimização do atendimento aos
de equipamentos, uma marcenaria, uma serviços com os mínimos custos de aquisição,
farmácia, um hemocentro, um banco de leite e de armazenamento e distribuição, com
outros que dependem de suprimentos. qualidade, conformidade e continuidade.
Citando Paterno3 e na seqüência Francischini
O gerenciamento de um grande número de e Gurgel1, temos o seguinte conceito:
itens em processos de produção distintos
Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p. 30-45, dez. 2005 31
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Paulus Jr. A.

"A Administração de Materiais tem por O preço pago é o resumo do negócio e é nele
finalidade assegurar o contínuo abastecimento que o comprador, uma vez atendido as
dos materiais necessários e capazes de exigências de qualidade, deve concentrar sua
atender à demanda, bem como cuidar de atenção. Na prática pode ocorrer que em
todos os problemas relacionados a materiais, função da necessidade de um prazo de
fiscalizando, zelando e controlando, no sentido entrega menor ou de outras condicionantes o
de garantir quantidade e qualidade no preço realizado na compra não seja o menor
abastecimento e padrão no atendimento" 3. do mercado; entretanto, em condições normais
o menor preço de compra deve ser a
"A Administração de Materiais é atividade que orientação principal do comprador. Espera-se
planeja, executa e controla, nas condições do profissional de compras eficiência e eficácia
mais eficientes e econômicas, o fluxo de nos procedimentos de comprar. Para isso é
material, partindo das especificações dos necessário o comprometimento da pessoa
artigos a comprar até a entrega do produto" 1. responsável com os objetivos da empresa.
Isso significa que não basta ser eficiente na
As técnicas de gerenciamento de materiais ritualística do processo, é necessário eficácia
foram estudadas e desenvolvidas para o econômica e sintonia com a oferta de serviços
processo produtivo industrial até porque as de saúde.
empresas são mais antigas que os hospitais.
Estes, inicialmente não visavam resultados As variáveis envolvidas no processo de
econômicos. Entretanto, o consenso atual é o compras são: o preço, a qualidade, o prazo de
da busca da eficiente alocação econômica, entrega, quando fazer o pedido e qual
qualquer que seja a atividade. As empresas, quantidade pedir. A qualidade mínima
incluindo as unidades hospitalares e de saúde, esperada dos itens comprados, o momento
ao organizarem seu processo produtivo, são que devem estar disponíveis para uso no
levadas a estocarem insumos de forma a hospital e a quantidade a ser adquirida são
garantir a não interrupção do processo de variáveis exógenas ao sistema de compras, ou
produção. seja, são informações determinadas
externamente em outros subsistemas, mas
Em resumo, podemos dizer que os objetivos fundamentais para o sucesso das operações
de uma unidade de gerenciamento de de compras. Observe que o limite superior
materiais em hospitais e unidades de saúde para o variável preço é dado pelo sistema de
visam a garantir: a) a continuidade da oferta orçamento.
dos serviços de saúde; b) baixos custos de
aquisição, de realização do pedido e de 1. O CICLO DE COMPRAS
manutenção dos estoques; c) alta rotatividade
dos estoques; d) qualidade no atendimento; e) O ciclo de compras deve começar com a
qualidade dos materiais; f) bom elaboração do pedido do suprimento e
relacionamento com os fornecedores; g) terminar com o seu respectivo pagamento. Os
controles cadastrais e conhecimento do autores, a exemplo de Paterno3 e Arnold4
mercado e dos fornecedores; h) obter o elaboram propostas semelhantes para
máximo retorno; i) centralizar controles mesmo desenhar o ciclo de compras. O ciclo inicia
com descentralização de atividades; j) fora do setor de compras a partir da
padronizar o uso de materiais. identificação de necessidade do bem ou
serviço a ser adquirido. O ciclo pode ser
COMPRAS ilustrado, com nossa adaptação, nos seguintes
passos:
A abrangência do processo de compras
extrapola o departamento de compras, ou
seja, é uma função ampla que envolve outros 1. Elaboração e colocação do pedido de
departamentos da empresa, a começar pelo suprimento;
setor usuário do bem ou serviço a ser 2. Análise do pedido de suprimento
adquirido. (planejamento da compra);
3. Seleção dos prováveis fornecedores;
Obter o produto certo, nas quantidades certas, 4. Avaliação do preço de mercado;
nos prazos e locais estabelecidos, com o 5. Escolha do fornecedor;
preço correto é o grande desafio para a função 6. Acompanhamento dos prazos de entrega;
de compras 4. 7. Recebimento, conferência e pagamento.

Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p.30-45, dez. 2005 32
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Gerenciamento de Recursos Materiais

O início do ciclo de compras com a elaboração saúde de uma mesma cidade poderiam
do pedido de suprimento assume fundamental realizar um convênio, visando o socorro mútuo
importância para o sucesso da operação. Um em emergências. O convênio, que poderia ser
pedido mal especificado tem grande chance estendido a equipamentos, estabeleceria um
de resultar em uma compra equivocada com protocolo de empréstimo e formas de controle
desperdício de dinheiro para a unidade de para o acerto.
saúde. Observe que geralmente quem
elabora o pedido não é a mesma pessoa quem 3. CONTROLE DE PREÇOS
realiza a operação de compra. Pessoas com
níveis de conhecimento e informações A análise dos preços e sua compatibilidade
diferentes têm diferentes entendimentos sobre com o mercado são funções básicas do
o que vêem e pensam, ou seja, pode ocorrer profissional de compras. Caso os
de ser óbvio e trivial para quem está usando o distribuidores percebam a pouca referência de
material e solicitando a aquisição e ser preços por parte do comprador eles irão tender
ininteligível para quem está comprando. a apresentarem seus preços máximos de
Assim, o resultado das negociações de vendas como se fossem finais. A
compras envolvendo itens com especificações demonstração de conhecimento do mercado
incompletas, pode levar a aquisição de um por parte do comprador dará novo sentido
objeto inútil para o setor requisitante. A para as negociações. A consulta via Internet
Padronização dos itens de uso freqüente dos preços em outros mercados, inclusive
reduz os problemas decorrentes da internacionais resultará em mais segurança ao
especificação incompleta. comprador e manterá os distribuidores locais
dentro de margens de comercialização
2. OS DISTRIBUIDORES razoáveis. Um abuso nos preços poderá
resultar até na decisão de importação,
O exercício da função de comprador na área principalmente em épocas de real valorizado.
de saúde, invariavelmente encontra os
distribuidores como alternativa de O Ministério da Saúde mantém um banco de
fornecimento. Cabe observar que os preços em sua página da Internet de
distribuidores não são inimigos que abusam endereço eletrônico http://www.saude.gov.br,
dos compradores por geralmente com o objetivo de divulgar os preços
apresentarem preços superiores. Eles apenas praticados na venda de insumos relacionados
disponibilizam produtos em menor escala em aos serviços de saúde.
lugares onde o fabricante não atende a
pequenas quantidades. 4. A QUALIDADE EM FUNÇÃO DO USO

As compras devem ocorrer de forma O bom senso é a palavra mágica que resolve
programada. Entretanto, nas emergências muitos problemas na gestão de materiais. A
decorrentes de aumento inesperado de orientação da qualidade deve ser dada pelo
consumo ou mesmo de falta de planejamento uso pretendido com o material. Não é possível
da unidade responsável pelo controle dos usar micropore como esparadrapo e nem uma
estoques, o comprador é obrigado a pagar super-fotocopiadora para tirar poucas cópias.
preços superiores por imposição das Apesar de estes exemplos parecerem
circunstâncias do risco de descontinuidade. exagerados, se fizermos uma reflexão dos
Neste caso deve o prudente comprador usos dos materiais nos hospitais e em outras
adquirir somente a quantidade necessária e unidades de saúde, provavelmente
suficiente para cobrir a emergência enquanto encontraremos situações semelhantes.
nova compra em condições mais favoráveis
pode ser realizada. O distribuidor, por estar Um padrão mínimo de qualidade pode ser
acessível, pode ser um parceiro interessante estabelecido e supervisionado por uma
no atendimento de emergências. Observe-se comissão avaliadora. A compra é definida
que o interesse do fornecedor é vender bem, entre os itens de qualidade aceitável em que
muito e sempre. se escolhe o produto de menor preço ou de
maior rendimento por unidade de dinheiro
Outra possibilidade a ser explorada em caso aplicado. Algumas instituições optam por criar
de ruptura de estoque é o empréstimo do um comitê permanente de avaliação técnica
material em outras unidades hospitalares e de de materiais e medicamentos com a
saúde, prática que merece controles especiais participação de usuários finais ou
para devolver o material emprestado de representantes destes.
mesma quantidade e qualidade. Unidades de

Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p. 30-45, dez. 2005 33
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Paulus Jr. A.

5. COMPRAS CENTRALIZADAS E O número de itens em estoque e outros


PROFISSIONALIZADAS possíveis de surgirem como necessidade em
uma unidade de saúde pode passar de 6.000
As compras devem ser realizadas de forma para material cirúrgico, medicamentos e
profissional e com controles centralizados. A materiais em geral. As possibilidades de
descentralização extrema seria cada ruptura de estoque ou a ocorrência de compra
profissional da unidade de saúde adquirir o de algum material especial está presente no
material que necessita para o seu trabalho, dia-dia da unidade de saúde.
encaminhando a fatura para o financeiro.
Provavelmente, essa instituição teria uma vida Quando ocorre a ruptura de estoque por
muito curta. É razoável esperar um melhor aumento de consumo, falha na entrega ou
resultado nas compras quando estas forem mesmo equívocos de dimensionamento e a
realizadas por pessoas que acumulam comunidade do hospital não confia nas
conhecimentos tanto de técnicas de imediatas providências para o
negociação e de pesquisa de preços quanto restabelecimento da normalidade, é comum
de conhecimento das empresas que atuam em cada supervisor de unidade tender a criar seu
determinados mercados. Assim, é possível próprio estoque de segurança, fora dos
que pela freqüência de compras o comprador controles institucionais. Estes subestoques,
profissional possa aprofundar suas pela falta de controle, nem sempre serão
informações e descobrir formas e fontes mais usados nas finalidades da unidade.
eficientes de atendimento aos pedidos de
suprimentos. Eventualmente pequenas A existência de um profissional de compras
compras de valores pouco significativos com a especial tarefa de cuidar das rupturas
podem ser realizadas decentralizadamente em de estoques e de outras compras de urgência
unidades avançadas, distantes da matriz, mas poderá aumentar a confiança da comunidade
com os controles centralizados. no sistema e, eventualmente, eliminar parte
dos subestoques podendo até influir para a
6. A BUROCRACIA NECESSÁRIA EM redução dos estoques de segurança do
COMPRAS sistema oficial.

Observe que pelo menos quatro atores 9. IMPORTAÇÃO DE BENS PARA USO DE
precisam de informações sobre a operação de UNIDADES DE SAÚDE
compras realizada: 1) quem comprou; 2) o
fornecedor; 3) quem vai receber e 4) quem vai A importação de equipamentos que
pagar. Naturalmente em sistemas não concentram tecnologia para unidades de
informatizados isso gera papéis e fluxos a saúde ocorre com relativa freqüência por conta
serem seguidos. do hiato tecnológico entre os países mais
Temos que separar a burocracia necessária desenvolvidos e o Brasil. Geralmente, os
da burocracia patológica. Novamente o bom equipamentos de alta tecnologia começam a
senso deve prevalecer. Operações de ser produzidos nacionalmente após uma
compras de pequenos valores poderão ser considerável defasagem de tempo. A razão é
realizadas com menos formalidade que as de mais de ordem de domínio da tecnologia do
grandes valores. que uma relação de vantagem cambial ou
comparativa. Na aquisição de equipamentos
7. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE COMPRAS importados passa a ser relevante a exigência
de indicação de um representante no Brasil da
Sempre que possível é conveniente limitar o empresa que vendeu o equipamento para
acesso das pessoas ao corpo do hospital por efeitos de garantias e de manutenção.
medida de segurança. Quanto menos
estranhos em circulação menor as Com relação aos insumos de menor
possibilidades de eventos que possam trazer concentração tecnológica, a existência de
prejuízo ao hospital ou aos seus usuários. vantagens comparativas pode levar o
Assim, localizando a unidade de recepção dos administrador a optar por aquisições de
fornecedores em pontos periféricos estaremos materiais e medicamentos importados.
racionalizando espacialmente o Especialmente em épocas de valorização
relacionamento físico com os fornecedores. cambial, a avaliação econômica, após
considerar os preços CIF (Entregues no
8. SISTEMA DE COMPRAS DE Almoxarifado da Unidade) ou FOB (frete e
EMERGÊNCIA seguro por conta do comprador), pode concluir
pela importação de lotes, mesmo

Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p.30-45, dez. 2005 34
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Gerenciamento de Recursos Materiais

considerando a irregularidade temporal e as A aquisição de bens e serviços de forma


incertezas do processo de importação. Neste sistemática e com eficiência exige também
caso é fundamental a análise previa junto ao conhecimento de psicologia aplicada ao
Ministério da Saúde – Vigilância Sanitária para comércio. O conhecimento do mercado, por
a liberação do item importado em uso maior que seja o grau de profissionalização,
doméstico. De qualquer forma, o processo de no limite, não é pleno. Também é difícil o
importação exige acompanhamento de suas pleno conhecimento das condições que
diversas fases sendo útil a assessoria de um fixaram o preço de reserva do vendedor.
despachante aduaneiro. Negociar é trabalhar com expectativas.
Primeiro, a expectativa que mais ajuda é a do
10. CONSIGNAÇÃO/COMODATOS vendedor quando está em ambiente de
competição. Depois vem a expectativa de
As compras de materiais deixados em quem comprou quanto à qualidade e a prazos
consignação representam uma diminuição do de entrega. Finalmente, quem vendeu fica,
capital de giro necessário ao funcionamento também, na expectativa do pagamento.
da unidade de saúde. É um dinheiro que não
precisa sair do caixa para ficar nas prateleiras Alguns livros de Administração de Materiais
dos almoxarifados. O item em consignação tratam também de negociação 5. A importância
fica disponível, como se estivesse nos da observação dos comportamentos em
estoques regulares da unidade, mas somente negociações pode ser percebida pela
gerará custos e será pago se for usado. O uso crescente oferta de treinamentos específicos.
deste sistema de vendas tem sido freqüente De qualquer forma, destacamos alguns
para as órteses e próteses. Naturalmente princípios exemplificativos parafraseados de
cuidados especiais devem ser adotados como Dias5 :
a negociação dos termos de consignação por
preço justo. Há também a necessidade da ƒ Coloque-se no lugar do fornecedor,
importação de rígidos controles no uso porque conheça seus objetivos;
pode haver uma tendência a consumir mais ƒ Permita que o fornecedor fale de seu
determinado item somente porque está produto;
disponível ao uso. Os fornecedores do item ƒ Deixe sempre uma saída honrosa para o
consignado gerarão informações para o fornecedor;
consumo. ƒ Evite colocações definitivas e radicais;
ƒ Fale com a pessoa certa;
Os comodatos inicialmente surgiram como ƒ Negocie por partes;
uma solução para atualização de alguns ƒ Não precipite a negociação.
equipamentos em unidades de saúde. Esta
operação consiste na empresa fornecedora COMPRAS PÚBLICAS
colocar a disposição equipamento de sua
propriedade para uso da unidade de saúde, As compras públicas exigem um formalismo
cuidando inclusive de sua manutenção por um maior dado a previsão legal que o
preço ajustado mediante contrato de administrador público deve seguir. Ou seja, o
comodato. Alguns comodatos têm a opção de princípio da legalidade vincula as ações do
compra no final e são denominados de administrador às formalidades da Lei. O
leasing. Eventualmente o equipamento é estatuto das compras públicas concentra-se
colocado sem ônus para a unidade de saúde. na Lei 8.666 de 21 de junho de 1993, alterada
Entretanto, o funcionamento deste exige pelas Leis 8.883/94, 9.032/95 e 9.648/98. Mais
insumos especiais que somente o fabricante recentemente a Lei 10.520/02 introduz a
tem. O uso do equipamento fica vinculado à modalidade de compras através do pregão. A
compra dos insumos do fabricante porque formalidade do processo é entendida como um
somente estes são compatíveis com o mal necessário. Um processo de compra de
equipamento. Na realização de comodatos, é 50 itens pode ter aproximadamente 250
importante que o foco do contrato deixe de ser páginas, leva um mínimo de 60 dias, tem
o equipamento e passe a ser o serviço que o cerca de 300 assinaturas.
equipamento realiza, ou seja, o que se busca
é o menor preço unitário pelo serviço O objetivo geral da licitação é a busca da
realizado. O equipamento é apenas um meio. proposta mais vantajosa para a administração
pública, observando alguns princípios fixados
11. NEGOCIAÇÃO EM COMPRAS em lei.

Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p. 30-45, dez. 2005 35
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Paulus Jr. A.

Estudar e aprender as Leis de compras


públicas interessa a qualquer cidadão, 1. O PROCESSO DE COMPRAS PÚBLICAS
especialmente se atuar profissionalmente na
área da saúde. No Brasil, o Sistema de Saúde A administração pública é especialmente
é Único, contando complementarmente com o formal. Vale o que está escrito. Os
setor privado, ou seja, "As instituições procedimentos de compras públicas devem
privadas poderão participar de forma resultar de Processos Administrativos formais
complementar do Sistema Único de Saúde, com os seguintes atributos. a) serem
segundo diretrizes deste, mediante contrato de autuados; serem protocolados; serem
direito público ou convênio, tendo preferência numerados; conterem indicação do objeto e
as entidades filantrópicas e as sem fins sua motivação; e conterem a indicação do
lucrativos“ 6. São as leis de licitações que recurso. (Artigo 38 da Lei 8.666). A motivação
regulamentam os contratos e convênios com é o quesito fundamental que sustenta a
instituições públicas. operação de compras em nome da
administração pública.
A licitação pública é o instrumento legal que
visa atender à necessidade do interesse 2. PROCEDIMENTOS DE LICITAÇÃO
público em contratar com os demais agentes
econômicos. O requisito fundamental é o Os procedimentos iniciam com a completa
interesse público que deve ser formalmente caracterização do objeto tanto para obras e
manifestado no processo de compra. As serviços (Artigo 7º Lei 8.666/93) como para
possibilidades de operações manifestas na Lei compras (Artigo 14º Lei 8.666/93), inclusive
são: obras, serviços, compras, alienações, com a definição de orçamento prévio. As
locações, permissões e concessões. Observe possíveis modalidades estão previstas no
que a Lei diferencia compra de bens da Artigo 22 Lei 8.666/93 como Concorrência;
compra de serviços. Tomada de Preços; Convite; Concurso; Leilão
e, mais recentemente, pela modalidade de
A regra geral é sempre licitar conforme o Pregão definida na Lei 10.520/2002.
mandamento constitucional (artigo 37, XXI e
artigo 175 da Constituição Federal) admitindo Pertence à caracterização do objeto a
algumas formas de dispensa de licitação especificação de condição única de
(artigo 24 Lei 8666/93) ou de inexigibilidade pagamento, Prazo e local de entrega pré-
(artigo 25 Lei 8.666/93). estabelecido e demais condições. A
regularidade fiscal dos fornecedores também
A primeira leitura da Lei de licitação pode será avaliado durante o processo
apresentar certa dificuldade ao pronto
entendimento de seus artigos, parágrafos e As modalidades de Convite, Tomada de
incisos. Entretanto, prestando atenção aos Preços e Concorrência são mais conhecidas
princípios que a regem, o entendimento dos pelo uso. Elas apresentam prazos de
seus 126 artigos será facilitado. publicidade crescentes em função dos valores
envolvidos.
Alguns dos princípios são derivados da
Constituição e outros foram contemplados Escolhida a modalidade há a necessidade da
diretamente na lei. De qualquer forma, eles se opção pelo tipo de licitação a ser realizada. As
completam. Compreendendo os princípios, possibilidades são: menor preço, onde entre
compreendemos a lei. as que atendam a especificação do edital,
escolhe-se a proposta de menor preço; a de
Princípios Constitucionais: (Artigo 5º caput, LV melhor técnica, onde dado o preço, escolhe-se
e 37 da Constituição Federal) 6: a de melhor técnica; a de técnica e preço,
ƒ igualdade, onde temos a combinação ponderada de uma
ƒ legalidade, nota técnica com o preço; e, finalmente, a de
ƒ impessoalidade maior lance no caso de alienações. (Artigos 45
ƒ moralidade, a 47 Lei 8.666/93)
ƒ publicidade
O regime de execução do objeto da licitação
Outros princípios: (Artigo 3º da Lei 8666/93)6 pode ser por 1) empreitada preço global; 2)
ƒ probidade administrativa, empreitada por preço unitário; 3) tarefa; e 4)
ƒ vinculação à convocação empreitada integral. Os Artigos 6º e 10º da Lei
ƒ julgamento objetivo 8.666/93 definem os possíveis regimes de
ƒ sigilo das propostas execução.

Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p.30-45, dez. 2005 36
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Gerenciamento de Recursos Materiais

administrador público em situação mais


O edital da licitação é o instrumento para a favorável considerando que não há a
convocação do certame. Os artigos 40 e 42 da obrigatoriedade da contratação conforme
Lei 8.663/93 fixam os parâmetros de sua artigo 15, parágrafo quatro da lei. Existe
elaboração bem como do desenvolvimento do sempre a possibilidade da busca de preços
processo com o recebimento das melhores que os registrados. Além da
documentações e das propostas. O artigo 43 redução do estoque médio com menos
da referida Lei trata do Julgamento, dinheiro aplicado em estoques, a unidade terá
Classificação e Homologação. economia de área de armazenamento com
menos riscos de deterioração com a gestão de
Nos casos do processo não resultar em quantidades menores.
homologação, as possibilidades são a de
revogação ou de anulação conforme o artigo 5. PREGÃO
49 da Lei de Licitação. Especificamente nestes
casos, cabe o contraditório e a ampla defesa Os relatos da adoção desta nova modalidade
aos participantes que julgarem prejudicados de licitação que foi introduzida na Legislação
seus direitos Nestes casos cabe o Brasileira mais recentemente pela Lei 10.520
contraditório e ampla defesa.(Artigo 49 da Lei de 17 de julho de 2002 são de sucesso. Os
8.663/93). A convocação do vencedor e a administradores públicos estão conseguindo
obrigatoriedade da realização do contrato redução nos preços e nos prazos das
estão previstas nos artigos 62 e 64 da Lei de aquisições. A redução nos preços ocorre pelo
Licitações. estabelecimento de uma competição
presencial e a redução nos prazos acontece
3. DISPENSA OU INEXIGIBILIDADE DA devido as fases e os momentos de recursos
LICITAÇÃO serem decididos no ato pelo pregoeiro oficial.

A Lei prevê a existência de diversos casos de A competição presencial ocorre após a


dispensas de licitação, incluindo as compras identificação da proposta escrita de menor
de pequenos valores. Os artigos 17 e 24 da preço e as de até 10% superiores a esta. Para
Lei 8666/93 tratam especificamente do os licitantes nesta faixa de preços, é dada a
assunto de dispensa. Os casos de oportunidade da realização de lances verbais
inexigibilidade, quando houver inviabilidade de até que se esgotem as possibilidades de
competição, estão amparados pelo artigo 25. abaixar o preço de aquisição. O pregão é
De qualquer forma, mesmo enquadrando os admitido na administração pública apenas
itens como dispensa ou inexigibilidade, a para a aquisição de bens de uso comum.
justificativa do preço, a caracterização do
objeto e a razão da escolha é sempre exigida Os sistemas de compras com a utilização da
conforme artigo 26 da Lei. Nestes casos, a Internet vêm apresentando bons resultados no
ratificação da autoridade superior e a que se refere ao aumento da competitividade.
publicação são obrigatórias.
RECEBIMENTO E CONFERÊNCIA
4. REGISTRO DE PREÇOS
O recebimento do material após encerrado os
Com a estabilização da economia, o sucesso procedimentos de compras é mais uma etapa
de licitações que resultem em registro de do ciclo de compras a ser cumprida.
preços deve ser estimulado. O artigo 15 da Lei Especialmente, esta etapa representa a
8666/93 indica que esta modalidade de fronteira de responsabilidade sobre a guarda
contrato deva ser usada sempre que possível. do bem adquirido entre o comprador e o
Neste caso, realizamos uma única vendedor. A inspeção e os cuidados no
concorrência que substitui muitas outras. As recebimento podem variar conforme o tipo de
entregas devem acontecer conforme a material.
necessidade da unidade que está comprando,
assim, há grande liberação de espaços de Podemos ter rotinas de inspeção e
armazenamento e, principalmente, da recebimento adequadas a cada grupo de
exigência de investimentos em estoques. material. Itens críticos pelo valor ou de
complexidade tecnológica, devem ter maior
Observe que os pagamentos ocorrem somente atenção. Outros de recebimentos mais
depois da entrega dos produtos e, estes serão freqüentes podem ter uma lista padronizada
solicitados na medida em que forem de verificação. De qualquer forma o confronto
necessários. O registro de preços deixa o com o pedido original, a descrição na nota
Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p. 30-45, dez. 2005 37
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Paulus Jr. A.

fiscal e os volumes efetivamente entregues É conveniente prever para a área de


devem ocorrer. Preferentemente, abrir os armazenamento ambiente de grande altura (pé
volumes na fronteira do recebimento, ainda na direito), marquise protegendo a descarga dos
presença do fornecedor. Conferir quantidades, materiais. Deve ter rede de combate à
conformidade, peso, prazo de validade, incêndio. Para efeito de segurança é melhor
alterações visuais, e outras verificações uma única entrada e saída. O Professor Dario
adequadas ao material ou equipamento Paterno3 faz recomendações gerais quanto à
recebido. circulação de ar, ausência de umidade e
temperatura não superior a 25 graus. Ele
Eventualmente o recebimento pode ser também propõe área de 0,80 a 1,20 m2 por
atestado como provisório até a conferência leito. Naturalmente o espaço de
definitiva. Observe-se que assinado o canhoto armazenamento é função dos itens de estoque
do rodapé, considera-se comercialmente a serem guardados. Estes são função da
liquidada a transação por parte do fornecedor. especialidade da unidade de saúde e da
(há casos em que é conveniente ressalvar no política de suprimentos adotada. Folgas nos
canhoto que a entrega ainda está sujeita ao espaços de armazenagem ou previsões para
controle de qualidade) expansões devem ser consideradas.

ARMAZENAMENTO Outro parâmetro também citado por Paterno3 é


o de que para os Almoxarifados centralizados
As palavras que resolvem boa parte dos de até 300 leitos, sugere-se no máximo um
problemas de armazenamento de materiais funcionário para cada 50 leitos. Cita ainda que
em unidades de saúde é o bom senso o custo de manutenção dos estoques por ano
combinado com técnicas de armazenamento. gira em torno de 20 a 30% do material
Alguns critérios que podem ajudar são: estocado/ano3. Naturalmente estes
parâmetros devem ser usados com cautela e
a)Rotatividade do item estocado: se for avaliados com a especialização e opção
requisitado com muita freqüência, então é gerencial da unidade de saúde.
conveniente que fique armazenado mais
próximo à recepção. A localização da área de armazenamento deve
b)Volume: para os materiais volumosos, ficar próxima aos locais de consumo. O uso de
melhor que fiquem em áreas amplas e de almoxarifados e farmácias satélites no interior
fácil acesso. Os materiais menores podem do hospital são pensados como forma de
ficar em prateleiras com escaninhos disponibilização de materiais e medicamentos
indexados. O armazenamento pode ser mais próximo do requisitante. A maior
por ordem alfabética combinado com facilidade de requisitar o medicamento ou
formas de apresentação (comprimidos / material pela maior proximidade e a
injetáveis.). visualização dos estoques podem aumentar o
c) Ordem de entrada/saída: usar o conceito nível de confiança evitando a tendência da
do primeiro a entrar ser o primeiro a sair, formação de sub-estoques nas unidades. O
fisicamente. Itens com prazos de validade uso de fichas de prateleiras, apesar de
menor devem ser os primeiros na fila de oficialmente superadas pelos controles
saída das prateleiras. informatizados, tem se mostrado útil no que se
d)Similaridade: grupos de materiais refere a observação quanto à possível
semelhantes podem ser armazenados em previsão de ruptura de estoque não alertada
espaços afins como área de sondas, de pelo sistema, mas observada pelo funcionário
descartáveis, de filmes de RX. Na que registra a baixa. Este sistema também
farmácia podemos ter área de injetáveis, pode ajudar na realização dos inventários
de comprimidos, soluções, e outras. periódicos. O uso das fichas pode ser restrito
e)Valor: itens de alto valor e pequenos ficam aos itens considerados críticos.
mais bem estocados próximo dos olhos da
chefia da unidade. Geralmente, em unidades hospitalares temos
as seguintes grandes áreas de
De forma geral, as condições de iluminação, armazenamento:
temperatura e umidade são de controle
indispensável por ambiente e por tipo de ƒ materiais de manutenção
material. Os conceitos do programa de ƒ materiais cirúrgicos
qualidade conhecidos como 5S são bem ƒ medicamentos
vindos na área de armazenamento. ƒ materiais de laboratório
ƒ gêneros alimentícios

Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p.30-45, dez. 2005 38
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Gerenciamento de Recursos Materiais

Os equipamentos da área de armazenamento organização do tempo para o atendimento das


são: estantes, armações, estrados, pallet, requisições por setores do hospital. O
engradados, câmaras frias, freezer, Almoxarifado pode propor uma agenda com
empilhadeiras, etc. dia e hora para atender as requisições e
reservar um tempo para trabalho de
As farmácias hospitalares geralmente estão organização interna. As urgências devem
divididas em área de armazenamento, área de sempre ser atendidas.
produção, área de distribuição e área de
fracionamento. Os medicamentos tendem a O uso de etiquetas com código de barras
ser armazenados por similaridade, em ordem agiliza de forma importante os procedimentos
alfabética e por data de validade. de baixa nos estoques e permite uma
Especialmente para medicamentos há a rastreabilidade dos itens com a identificação
necessidade de cuidados especiais com a de lote de fabricação aumentando os controles
temperatura, luminosidade e umidade. e a segurança para os pacientes e para o
gerenciamento de materiais.
TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO
Alguns autores tratam da movimentação de
O processo de distribuição inicia com a materiais de forma mais sistemática como
apresentação pelo setor que necessita do Dias5, Francischini e Gurgel1 e outros. Eles
material de uma requisição podendo ser em propõem um conjunto de princípios tais como:
papel ou em meio eletrônico. O importante é a obediência do fluxo de operações; mínima
perfeita identificação do documento para fins distância e manipulação; segurança e
de encaminhamentos e de recuperação da satisfação (das pessoas envolvidas no
informação. A requisição deve conter a transporte de materiais); padronização dos
especificação do setor requisitante, pessoa equipamentos de transporte; flexibilidade dos
responsável, itens solicitados, quantidades equipamentos; máxima utilização da
solicitadas e quantidade entregue, data, gravidade; máxima utilização do espaço; ter
assinaturas, ou senhas registradas. um método alternativo para emergências e
menor custo total.
Observe que para o bom controle do fluxo de
materiais, somente algumas pessoas estarão CONTROLE DE ESTOQUE
autorizadas a requisitar itens, ou seja, a
autorização deve ficar restrita para os itens A função de controle de estoque é
normalmente consumidos na unidade componente essencial da Administração de
requisitante em decorrência da oferta de Materiais. É com as informações do sistema
serviços de saúde. de estoque que estaremos em condições de
orientar o fluxo de compras em ritmo
O almoxarife deve avaliar cada requisição adequado às necessidades da unidade de
tendo como parâmetros os consumos médios saúde.
habituais da unidade, evitando requisição com
quantidades não explicadas. Um aumento de Podemos pensar no estoque na mesma lógica
consumo por evento atípico deve ser do funcionamento de uma caixa de água que,
acompanhado pelo almoxarife porque a com determinado nível de consumo, aciona
quantidade extra irá alterar a média de válvulas que repõem o líquido. Em resumo, as
consumo. Neste caso, o sistema informatizado funções do controle de estoque são:
terá a leitura que quantidades maiores terão determinar quanto e quando comprar; acionar
de ser compradas quando de fato, o aumento o setor de compras; determinar o que deve
de consumo foi pontual e deve ser excluído da permanecer estocado; controlar quantidades e
para efeito de projeção futura. Este valores estocados; identificar e retirar do
acompanhamento também obriga o estoque itens obsoletos ou danificados;
requisitante a refletir sobre a solicitação que realizar inventários periódicos.
está realizando. De forma geral, as
quantidades em medidas corretas evitam os 1. CUSTOS ENVOLVIDOS NA
sub-estoques e as possibilidades de uso ADMINISTRAÇÃO MATERIAL
indevido de imateriais e medicamentos.
A Administração de Materiais envolve o
A distribuição dos materiais e medicamentos conhecimento e o controle dos seguintes
pode ocorrer com o uso de carrinhos, conceitos de custos:
elevadores, esteiras e equipamentos
semelhantes. É conveniente uma boa ƒ Custo de aquisição;

Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p. 30-45, dez. 2005 39
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Paulus Jr. A.

ƒ Custo do pedido; para o controle especial dado a uma grande


ƒ Custo de manutenção; quantidade consumida.
ƒ Custo por excesso;
ƒ Custo por falta. A idéia é do economista Vilfredo Pareto que
em síntese afirmou que grandes efeitos podem
ter poucas causas. Na classificação ABC os
O custo de aquisição é o preço pago pelo bem materiais identificados como do grupo A
ou serviço. O custo total de aquisição é representam importante parcela dos custos.
definido pelo preço(P) x quantidade(Q). Os autores não são uníssonos quanto aos
parâmetros de classificação, mas concordam
O custo do pedido é o de se operacionalizar o quanto à aplicação dos princípios:
pedido, ou seja, são os salários, taxas,
impressos, comunicação, e outros dividido ƒ A (20% dos itens representando mais de
pelos pedidos realizados, o que resulta em um 60% dos custos) , B (de 20 a 30% dos
valor por pedidos realizados em um itens representa de 20 a 30% dos custos),
determinado momento. C (com 50% dos itens representando 10%
do valor do estoque)3.
O custo de manutenção por período é
composto pelo custo de armazenamento como ƒ A (5% dos itens correspondem a 80% do
salários, energias, vigilância, custo de Valor do estoque), B(15% com 15% do
oportunidade dos ativos, custo do capital de valor) e C(80% dos itens com 5% do
giro, custo de desperdícios e de valor)2
obsolescência.
ƒ A definição das classes A, B, e C obedece
O custo por falta decorre das possíveis apenas a critérios de bom senso. Em geral
compras de emergências a serem são colocados 20% dos itens na classe A,
providenciadas pela ruptura de estoque, com 30% na classe B e 50 % na classe C5.
preços superiores às compras de rotinas, o
custo da interrupção da oferta do serviço e o Classificação ABC
custo do prejuízo objetivo ao paciente que
ficou sem o atendimento devido.
% DO VALOR

Devemos lembrar que estoque é dinheiro que 100%


fica parado nas prateleiras e isso deve 90%
incomodar o bom gerente porque dinheiro
parado não cumpre sua função. Como já foi 60%
afirmado, o estoque ideal é o estoque zero.
C
Entretanto, convivemos com a B
imprevisibilidade que apresenta maior A
% DE MATERIAIS
variância em instituições de saúde do que na 20% 30% 50%
indústria. Nesta podemos pensar em um
3
planejamento da produção em lotes. Na oferta Fonte: Adaptado de Paterno
de serviço de saúde, se tem pouco controle Figura 1. Classificação ABC
sobre a demanda na porta do serviço.
Especialmente para os itens do grupo A, tem-
2. CLASSIFICAÇÃO ABC se como meta a redução dos prazos de
abastecimento, a redução dos estoques, a
É útil classificar os materiais por ordem de sua redução dos estoques de reserva, o
importância econômica. Esta identificação estabelecimento de controles de utilização e a
permite que o administrador dispense mais busca de melhores preços.
cuidados e atenção aos itens que são mais
caros à unidade de saúde. Este sistema Os passos para iniciar o ordenamento de
busca identificar os itens de grande valor que formatação de uma classificação ABC partem
exigem uma análise mais cuidadosa com uma da avaliação de cada item de consumo, ou
menor margem de erro. Em resumo, dado os seja, para cada item determina-se
valores envolvidos, são itens que merecem investimento necessário e ordena-se do maior
uma atenção especial. Observa-se que o foco para o menor investimento. Calcula-se a
principal da atenção é o valor total resultante importância relativa dos itens como uma
do “preço X quantidade”. Assim, itens de percentagem do custo total e acumula-se até o
pequeno valor unitário podem ser relevantes parâmetro escolhido.

Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p.30-45, dez. 2005 40
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Gerenciamento de Recursos Materiais

Outra análise possível, seguindo o mesmo reposição e outra é definido como período de
princípio, mas agora tendo como parâmetro a consumo. A figura 2 ilustra a situação descrita:
criticidade do item é a classificação XYZ onde
X = Materiais que possuem similares.
Exemplo: antibióticos. Y = Tem similar, mas
sua falta interfere na qualidade dos serviços.
Exemplo: fio de sutura 3.0 e 6.0. Z = Não tem
similar e sua falta será crítica. Exemplo: Luva Níveis de estoque
cirúrgica2 .
reposição estoque mínimo
3. CONSUMO MÉDIO MENSAL

O principal parâmetro de estruturação do


controle do nível necessário de estoque é a ( t)
informação do consumo médio mensal. Este
período de consumo
valor pode ser buscado em algoritmos tais
como: Fonte: Elaboração do autor, adaptado de Dias
5

Figura 2. Gráfico dente de serra


ƒ Média aritmética simples:
C m = (c1+c2+c3+ ..+cn)/n 4. ESTOQUE MÍNIMO

ƒ Média móvel : O consumo de cada O estoque mínimo ou de segurança é a


novo mês é acrescentado, eliminando- quantidade que deve existir em estoque para
se o consumo do primeiro mês utilizado. cobrir eventuais falhas de ressuprimento ou
Seja: C1,C2,C3 e C4, C5 então: aumento repentino de demanda. O
Cm = (C2 +C3 + C4 + C5)/4 gerenciamento de estoque envolve considerar
um grau de imprevisibilidade no fluxo de
ƒ Média ponderada: Os valores de materiais que deve ser compensada com um
períodos mais próximos recebem pesos estoque de segurança adequado ao risco.
maiores
Cm = (c1.p1 + c2.p2+...+cn.pn)/∑ pesos Quanto maior o estoque mínimo, maior
segurança, menor risco de faltar material,
ƒ Método dos mínimos quadrados: é o porém, maior o custo de capital estocado,
ajustamento da função que melhor maior custo de armazenamento e maior é os
representa os dados observados. riscos de deterioração, desvios ou perdas.

O importante é que o método resulte em uma O dimensionamento do estoque mínimo deve


informação que reflita a tendência do consumo ser realizado preferentemente a partir do
e que possa ser executado de forma prática. consumo médio por período, geralmente
Com o uso de sistemas informatizados a mensal.
administração poderá optar por estimativas
mais sofisticadas para o consumo médio que Emin = C x K Fórmula simples5 .
podem considerar até a sazonalidade do item. C = Consumo médio mensal
K = Fator de segurança.
Observe que não basta um sistema
automatizado eficiente, é necessário também Exemplo: Se o Consumo médio mensal de um
o acompanhamento de um gerente eficiente e item é 100, e queremos um fator de segurança
eficaz. A análise e interpretação dos relatórios de 0,50 então: Emin = 100 x 0,50 = 50
pelo gerente dos estoques devem avaliar unidades. Ou seja, o estoque de segurança e
eventos que não são alertados pelo sistema. de apenas quinze dias.
Exemplo: Um estoque zerado altera a média
do consumo do item e provavelmente elevará Mesmo com boas previsões e com estoque de
o consumo de outro item similar. segurança alto, sempre haverá a possibilidade
de ruptura do estoque. Neste caso, é
Os estoques devem ser repostos necessário informar as áreas de consumo para
periodicamente e, quando a reposição ocorre que adotem outras estratégias minimizadoras
em períodos constantes, a representação do desconforto técnico da unidade de saúde e
gráfica do nível de estoque assume o formato do paciente pela falta do item.
de “dente de serra”. O intervalo entre uma

Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p. 30-45, dez. 2005 41
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Paulus Jr. A.

5. ESTOQUE MÁXIMO E MÉDIO

Quando somamos o lote de compras ao 7. LOTE DE REPOSIÇÃO E LOTE


estoque mínimo, chegamos ao conceito do ECONÔMICO
estoque máximo. Este é entendido como o
nível mais alto previsto para a quantidade O lote de reposição é o resultado do
estocada de determinado item. dimensionamento do pedido. Considerando
O conceito de estoque médio é relevante, em que o custo do pedido unitário é função
especial para a valoração monetária que fica decrescente da quantidade e que o custo de
imobilizada em estoque. A quantidade armazenamento é função crescente, existe a
apurada como estoque médio por período possibilidade da determinação do ótimo destas
vezes o preço do item estocado indica o duas funções. O resultado é o lote econômico
montante de recursos que ficam retidos nas para o item. A indicação do Lote econômico é
prateleiras dos almoxarifados por item. A inversamente proporcional ao custo de
figura 3 ilustra estes conceitos e indica as armazenagem e ao custo do capital. Itens de
fórmulas de cálculo. pequeno valor econômico tendem a ter uma
indicação de lote de reposição maior (régua,
lápis). Itens com alto custo de armazenagem,
Estoque máximo e médio
ou seja, que ocupam espaço ou de cuidados
• Estoque Máximo: especiais tendem a ter uma indicação de lote
econômico menor.
Emax = LC + Emin
Estoque
máximo Lote de
Estoque compra Lote de reposição
médio
Emd = LC/2 + Emin

Emin

Emax Lote de
800 compra
• Estoque médio: Emd = LC/2 + Emin
500 PP
LR = 700

100 Emin
5
Fonte: Adaptado de Dias
Figura 3. Estoque máximo e médio.
LR = Emax - Emin
6. TEMPO DE REPOSIÇÃO E PONTO DE LR = Emax – PP + Estoque do tempo de espera
PEDIDO
5
Fonte: Adaptado de Dias
As informações do tempo de reposição, do Figura 5. Lote de reposição.
consumo médio do período e do estoque
mínimo são definidoras do momento em que o
pedido de ressuprimento deve ser disparado.
O tempo de reposição é variável que pode ser 2 x Cp x D
ajustada por grupos de produtos classificados LER =
pela demora nas aquisições. A figura 4 ilustra Cm
o conceito.
LER = quantidade do lote econômico
T em p o d e rep osição e Cp = Custo do pedido
ponto de ped id o D = Demanda do período
P o n to d e re p o siç ão Cm = (Custo de armazenagem + custo de
E m ax
p e d id o (P P ) capital) unitário

T e m p o d e re p o s iç ã o E m in

Interva lo de re ssu prim e nto

• P P = C x T R + E m in
O te m po de re po sição (T R ) po de ser d eco m p osto e m trê s p arte s:
1)E m issão d o ped id o e re alizaçã o d a com pra , 2 ) P rep ara ção pa ra a
en tre ga po r p arte d o forn ece dor 3) T ran sp orte

5
Fonte: Adaptado de Dias
Figura 4. Tempo de reposição e ponto de
pedido.

Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p.30-45, dez. 2005 42
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Gerenciamento de Recursos Materiais

Lote Econômico Giro =


Consumo no período
Estoque médio
Custo

Custo total
“Um sistema de classificação usual é o
Custo de
manutenção
proposto por Dewey nas bibliotecas” 1. É um
conjunto de dígitos indicando grupos e
subgrupos de materiais similares. Os dígitos
Custo do pedido finais identificam o material precisamente. É
útil também a adoção de dígito verificado
Lote Quantidade como um algoritmo que evita enganos de
Econômico
digitação. A Figura 7 ilustra um sistema de
5
Fonte: Adaptado de Dias codificação de materiais.
Figura 6. Lote econômico de reposição
Classificação e codificação
8. SISTEMAS DE REPOSIÇÃO DE
ESTOQUE Dígito verificador
XX. - XX - XXX - X
Código do material
As possibilidades são da reposição pela
quantidade indicada pelo sistema quando o Classe
nível de estoque alcançar o ponto de pedido Grupo Sistema Dewey
ou de reposição periódica combinada com 40- material cirúrgico nas bibliotecas
40.01 – agulhas )
(Francischini&Gurgel,2002,p.118

liberações orçamentárias para a empresa. No 40.01.001 – agulha descartável 25/06


40.01.002 – agulha descartável 25/08
primeiro caso estaremos iniciando o processo
de compras somente para os itens que 40- material cirúrgico
40.07 – sondas
estiverem em seus pontos de pedido. No caso 40.07.001 – sonda descartável 25/06
40.07.002 – sonda descartável 25/08
do sistema por tempo, todos os itens
periodicamente entram simultaneamente em
reposição, nas quantidades que Fonte: Adaptado de Francischini e Gurgel
1

complementam o seu estoque até seu ponto Figura 7. Classificação e codificação


de máximo por item.

Por quantidade 10. AVALIAÇÃO DE ESTOQUES


(ponto de pedido)
PP = C x TR + Emin Existem pelo menos quatro métodos possíveis
LR = Emax – PP + Etesp. para avaliação dos itens estocados.

Por tempo a)último a entrar, primeiro a sair;


LR = C x T - Eatual b)primeiro a entrar, primeiro a sair;
(mensais, bimestrais, trimensais....) c) próximo a entrar, próximo a sair;
d)custo médio ponderado.
PP = ponto de pedido
C = Consumo Médio mensal Todos os acima citados são métodos de
TR = Tempo de reposição em meses ou fração valoração do estoque da unidade de saúde.
deste Valorar mais uma saída de material dos
Emim = Estoque mínimo ou de segurança estoques implica em maior custo a ser
T = número de períodos de consumo planejado apropriado aos serviços, o que resulta em um
para o estoque, inclusive o de segurança.
menor lucro tributável. Naturalmente os
métodos que valoram a saída não são aceitos
9. GIRO DE ESTOQUE
pelo governo que ficaria com uma tributação
menor. No Brasil a Lei 4320/69 em seu artigo
É o indicador de atividade ou de
106 determina que os órgãos públicos façam
movimentação dos estoques. Quanto maior o
uso do critério do custo médio ponderado.
giro, menor o estoque médio e seus custos
associados.
11. INVENTÁRIO DE ESTOQUE

As pessoas não são infalíveis. Os enganos


nos relatórios de entradas ou saídas, extravios
Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p. 30-45, dez. 2005 43
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Paulus Jr. A.

de requisições, equívocos de classificação ou humanos que atuam na área. Nem sempre


codificação, quebras, deterioração, eles têm a valorização e treinamento
recebimentos apressados e mesmo desvios adequado.
acontecem com importante freqüência. Estas A pouca oferta de alguns materiais médicos e
diferenças aparecem de forma física e contábil de medicamentos fazem o hospital refém de
no processamento do inventário de estoque. fornecedores exclusivos ou de poucos deles
Algumas empresas relevam pequenas que combinam divisões de mercado. Fazem
diferenças de itens desde que estas ocorram do oligopólio um verdadeiro monopólio com
normalmente distribuídas à favor e contra o conseqüência nos custos da oferta de serviços
nível de estoque esperado. de saúde.

Na oportunidade do inventário deve ser As unidades de saúde pública ainda têm um


observado os itens com baixa movimentação – complicador adicional em seu processo de
pequena rotatividade – no sentido de avaliar a abastecimento dos insumos da oferta de
pertinência de sua manutenção como item de saúde. A legislação da licitação pública, vista
estoque. Eventualmente a decisão, poderá ser como um mal necessário, exige do
a retirada do item do rol de produtos administrador uma super competência. Além
estocados em análise que considere o seu do dever da busca do eficiente uso dos
pouco uso, a sua pouca importância no recursos de forma a maximizar os resultados
processo de oferta do serviço e a sua relativa das unidades de saúde, seja pelo maior
facilidade de obtenção quando for necessário. relação benefício/custo ou pelo menor custo
unitário do serviço ofertado, deve respeitar os
O inventário deve ter a característica de ser limites da Lei que geralmente envolvem uma
periódico podendo ser parcial ou total. De burocracia complexa e demorada, e nem
qualquer forma, deve ser pré-planejado para sempre levam a decisões racionais.
ser eficiente. Uma forma de atenuar os
inconvenientes do processo de inventário é A gerência de materiais, a de manutenção e
incorporação de sua realização na rotina outras unidades de atividades meio somente
diária, monitorando pequenos grupos de são percebidas por seus clientes quando
materiais de cada vez. Havendo necessidade funcionam mal. Se funcionarem, parece que
de inventário geral, o uso do final de semana elas nem existem.
será mais apropriado de forma a evitar
interrupções no normal fluxo de materiais para A informatização traz consigo o benefício de
a unidade de saúde. organizar e disciplinar o sistema de materiais.

A equação geral de controle para o inventário A padronização é a grande aliada da gerência


pode ser expressa da seguinte forma: de materiais, entretanto, nem sempre
encontramos profissionais com a disposição
CM = (Ei – Ef) + SP para cumprir protocolos e mesmo diretores de
unidades de saúde com percepção da
CM = consumo de materiais importância deste conceito. O aprendizado
Ei = estoque inicial tem ocorrido pela necessidade de
Ef = Estoque final sobrevivência face às dificuldades financeiras
SP = suprimentos no período que as instituições de saúde estão
enfrentando.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Há quem diga que na prática a teoria é outra.
O grau de imprevisibilidade quando temos a 1. Francischini PG, Gurgel FA. Administração
necessidade do controle de muitos itens de de materiais e do patrimônio. São Paulo:
estoque, como é o caso das unidades de Pioneira Thonson; 2002.
saúde, é alto. Inadimplências e atrasos nas
2. Vecina GN, Reinhardt, WF. Gestão de
entregas são freqüentes.
recursos materiais e de medicamentos.
São Paulo: IDS–NAMH/FSP–USP; 1998.
Os diretores de hospitais costumam não
privilegiar espaços nos hospitais para a correta 3. Paterno, DA. Administração de materiais
estocagem de materiais e medicamentos. no hospital: compras, almoxarifado e
Alguns poucos confundem almoxarifado com farmácia. São Paulo: Centro São Camilo
depósito sem controle. O mesmo podemos de Desenvolvimento em Administração da
comentar com relação à atenção dos recursos Saúde; 1990.

Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p.30-45, dez. 2005 44
www.ccs.uel.br/espacoparasaude
Gerenciamento de Recursos Materiais

4. Arnold, JRT. Administração de materiais:


uma introdução. São Paulo: Atlas; 1999.
5. Dias, MAP. Administração de materiais:
uma abordagem logística. 4.ed. São
Paulo: Atlas; 1993.
6. Brasil. Constituição da República
Federativa do Brasil. Brasília, DF; 1988.

Recebido em 02/05/2005
Aprovado em 19/09/2005

Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.1, p. 30-45, dez. 2005 45
www.ccs.uel.br/espacoparasaude

Você também pode gostar