Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Psicologia em Dialogo Com o SUS Spink PDF
A Psicologia em Dialogo Com o SUS Spink PDF
m
Casa do Psicólogo®
© 2007 Casapsi Livraria. Editora e Gráfica Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, para qualquer finalidade,
sem autorização por escrito dos editores.
1ª Edição
2007
1ª Reimpressão Revisada
2010
Editores
Ingo Bernd Giintert e Juliana de Villemor A. Giintert
Assistente Editorial
Aparecida Ferraz da Silva
Capa
Renata Vieira Nunes
Editoração Eletrônica
Helen Winkler
Produção Gráfica
Fabio Alves Melo
Revisão Final
Jerome Vonk e Lucas Torrisi Gomediano
Vários autores.
1ª reimpr. da 1. ed. de 2007.
Bibliografia.
ISBN 978-85-7396-535-3
10-02434 CDD-362.1019
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Sumário
Apresentação ................................................................... 11
Referências Bibliográficas .................................................... 18
1. A Biomedicina............................................................... 130
2. Psicossomática e Psicologia Médica. ............................ 133
3. A Psicologia Social ....................................................... 136
Referências Bibliográficas. ................................................ 139
Todo livro tem uma história que pode ser contada a partir de
vários pontos de vista: do despertar de um interesse, de uma curio-
sidade ou, ainda, de uma demanda que induz ações. No caso de
uma coletânea que envolve uma diversidade de autores, essa histó-
ria é atravessada por outras tantas decorrentes de posicionamentos
e relacionamentos em teias, que se entrelaçam na rede multiforme
de nossas relações sociais. Laços que incluem a sociabilidade de
nossas práticas profissionais e acadêmicas, assim como o
compartilhamento de ideais políticos e as relações de amizade, que
se fortalecem (ou enfraquecem) por causa de material idades varia-
das - no caso deste livro, não apenas os papéis impressos e as
bases de dados, mas também as tecnologias de comunicação, como
o skype, sem as quais o trabalho à distância teria sido infinitamente
mais árduo. Por isso mesmo, ao pensar numa história “em rede”
tomamo-la no sentido que lhe dá Bruno Latour (2000): “A palavra
rede indica que os recursos estão concentrados em poucos locais -
nas laçadas e nos nós - interligados - fios e malhas. Essas cone-
xões transformam os recursos esparsos numa teia que parece se
estender por toda parte” (p. 924).
Estendendo-se por toda parte, não há como dizer que tal his-
tória em rede tem um começo preciso. Somos nós que definimos
esse ponto de partida aleatório que provavelmente logo se mostra-
rá insuficiente. Assim, diriamos, para facilitar, que a história deste
livro tem início com o convite feito por Marcos Ferreira, então pre-
sidente da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP).
a Mary Jane Spink para que esta coordenasse uma pesquisa que
seria desenvolvida no marco de um acordo de cooperação entre a
ABEP e o Ministério de Saúde (MS)/Organização Pan-americana
de Saúde (OPAS).
O referido acordo tinha por norte a política de educação
para o SUS (AprenderSUS), desenvolvida em parceria pelos
Ministérios da Saúde e Educação, coordenada pelo Ministério
da Saúde por meio do Departamento de Gestão da Educação na
Saúde (DEGES), na Secretaria de Gestão do Trabalho e da Edu-
cação na Saúde (SGTES). Uma das estratégias dessa política é a
mobilização e cooperação política com as instituições de ensino
superior que tem como um dos principais atores o Fórum Nacio-
nal de Educação das Profissões da Área da Saúde (FNEPAS).
Sua missão é potencializar a mudança na graduação a partir da
reflexão coletiva sobre as diretrizes curriculares, incluindo aí a
realização de oficinas regionais (por profissão e entre profissões),
para análise crítica e compartilhamento das experiências de im-
plantação do ensino da integralidade na graduação das profissões
de saúde.
Essas oficinas constituíam um dos dois eixos contemplados no
acordo de cooperação entre a ABEP e o MS/OPAS. O segundo
eixo visava à realização de pesquisa que fomentasse e impulsionas-
se os processos de mudança na formação profissional em Psicologia
para a atuação específica na área da Saúde, sistematizando, por
meio de pesquisa nacional, as experiências da Psicologia em diálo-
go com o SUS.
A pesquisa realizada, que deu origem a esta coletânea,
reinterpretou esse esforço de sistematização em duas direções com-
plementares: (1) a presença dos(as) psicólogos(as) no SUS, com
base em análise do Cadastro de Estabelecimentos de Saúde
(CNES), do Ministério da Saúde, e por meio de pesquisa comple-
mentar com uma amostra estratificada desses(as) psicólogos(as) e
(2) o conhecimento derivado da Psicologia relacionado à promo-
ção de saúde, prevenção de doenças e seu tratamento, publicado
em artigos e livros que constam da Base de Dados da Biblioteca
Virtual de Saúde.
Esse evento disparador, numa perspectiva de rede, não pode
ser tomado como ponto isolado na malha complexa de sociabilida-
des e materialidades em que se insere. De um lado, o acordo de
cooperação havia sido firmado na gestão anterior da ABEP, presidi-
da por Inara Leão, e, como tal, tem sua própria história. De outro
lado, o convite se deu a partir de conexões que envolvem a passa-
gem de Marcos Ferreira pela Pós-Graduação da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo e sua familiaridade com o traba-
lho de Mary Jane Spink, professora da referida instituição, que em
outras laçadas dessa rede, dialoga com a Saúde Coletiva.
Contudo, uma pesquisa desse porte demanda participação de
muitas outras pessoas que colaboram direta ou indiretamente, do-
ando seu tempo, compartilhando seus saberes e dando apoio técnico.
Cada uma delas faz parte de outras laçadas da rede, fios longos
que se estendem no tempo, assim como novas tramas nessa re-
configuração da rede. E é assim que o projeto tomou forma, chegou
a um primeiro patamar de conclusão - no caso, o relatório já publi-
cado (Spink, Bernardes, & Menegon, 2006) - e se desdobrou em
outros produtos como este livro escrito a muitas mãos.
A proposta desta coletânea é de tomar as informações resul-
tantes da pesquisa realizada para a ABEP como ponto de partida
e aprofundar diferentes aspectos relacionados à formação e à
prática de profissionais da Psicologia em serviços de saúde, ques-
tionando, sempre, até que ponto tais ações estão em consonância
com os princípios do SUS e que novos aportes são necessários
para garantir uma formação afinada com tais princípios. Ou seja,
todos os textos aqui incluídos partem da premissa que é preciso
fortalecer a proposta do SUS e que a Psicologia tem muito a con-
tribuir para a redefinição das práticas, sua humanização e a
possibilidade de trabalhar na perspectiva da integralidade. A cole-
tânea, espelhando a dupla proposta da pesquisa realizada para a
ABEP. está organizada em oito capítulos, quatro dos quais volta-
dos à prática de psicólogos em serviços de saúde e, os demais,
reportando-se a diferentes aspectos da produção de conhecimento
psicológico voltado à área da Saúde. Os dois eixos organizadores
iniciam com um capítulo contextual, seguem com uma visão de con-
junto dos procedimentos adotados e dos dados coletados e com
capítulos que aprofundam aspectos específicos da pesquisa.
O capítulo um, de autoria de Mary Jane Spink e Gustavo Corrêa
Matta, tem por objetivo recuperar as configurações históricas da
inserção da Psicologia e, à luz desses repertórios históricos, abor-
dar os dilemas contemporâneos que se colocam para a prática de
psicólogos no SUS. Sua função, neste primeiro eixo da coletânea,
é fornecer o contexto histórico e contemporâneo para propiciar a
compreensão da discussão dos dados resultantes da pesquisa rea-
lizada para a ABEP.
O capítulo dois, de autoria de Mary Jane Spink. Jefferson
Bernardes, Liliana Santos e Estêvão Cabestré, detalha os procedi-
mentos da pesquisa sobre a inserção da Psicologia em serviços de
saúde, tendo por base as informações constantes do Cadastro
de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, e
aquelas obtidas a partir das entrevistas realizadas por telefone, com
uma amostra de psicólogos definida de modo a ter representatividade
por tipo de estabelecimento de saúde e região do país. Tem por
objetivo, também, dar uma visão de conjunto das principais dimen-
sões da inserção da Psicologia em serviços de saúde, considerando
o total de psicólogos cadastrados no sistema de Conselhos de Psi-
cologia e de tipos de serviço constantes no CNES.
Um dos temas candentes das entrevistas foi a questão da de-
manda e do tipo de atuação desses psicólogos. Esse é o foco do
capítulo três, de autoria de Florianita Braga Campos e Elza Guarido,
que discute as práticas atuais dos psicólogos no Sistema Único de
Saúde, segundo a pesquisa realizada para a ABEP, à luz de uma
reflexão histórica sobre a inserção da Psicologia na Saúde Pública:
a emergência das práticas na Saúde Coletiva, as dificuldades dos
psicólogos em corresponder às novas exigências com sua formação
acadêmica profissional e o descompasso entre o desenvolvimento
da Psicologia na Saúde Pública e as políticas públicas de Saúde e
Saúde Mental.
O capítulo quatro, de autoria de Jefferson Bernardes, volta-se
aos aspectos relacionados à formação que propiciam (ou não) a
relação entre a Psicologia e o SUS. Aborda a diversidade de estra-
tégias de formação, na graduação e pós-graduação (no lato e estrito
senso), assim como a variedade de abordagens teóricas que, se-
gundo os e as entrevistadas dão suporte a sua prática. Conclui que
a formação em Psicologia, ao submeter-se às demandas delimita-
das pela lógica (neo)liberal, não somente atende a uma pequena
parcela da população, mas, também, o faz de forma que fecha,
ainda mais, as muitas e criativas possibilidades do próprio saber/
fazer psicológico. Arrola uma série de desafios que se colocam se
tomarmos como objetivo uma formação aberta ao diálogo com as
comunidades, orientada pelo princípio da participação e do con-
trole social preconizado pelo SUS.
Servindo de marco divisório para a segunda parte da coletâ-
nea, voltada à produção de conhecimento relacionada com as
questões da saúde, o capítulo cinco, de autoria de Gustavo Matta e
Kenneth Camargo Jr„ busca identificar algumas tradições teóricas
que produziram discursos sobre o processo saúde/doença e possi-
bilitaram a inserção da Psicologia no campo científico heterogêneo
e competitivo da Saúde, propiciando o diálogo com outras discipli-
nas que aí atuam. Com esse intuito, o texto aborda inicialmente as
bases da concepção biomédica do processo saúde-doença, uma
vez que as tradições da Psicologia mais voltadas à Saúde ergueram
seus discursos a partir da crítica ao universalismo do saber médico
moderno. A seguir, apresenta, sucintamente, os percursos teóricos
dos discursos da Psicossomática/Psicologia Médica e da Psicolo-
gia Social na interface com o campo da Saúde.
O capítulo seguinte, de autoria de Mary Jane Spink, Vera
Menegon, Estêvão Cabestré e Milena Lisboa e, tem por missão a
apresentação dos procedimentos e principais resultados do eixo da
pesquisa voltado à produção sobre saberes e práticas psicológicas
que enfocam a saúde, derivada da academia e serviços de saúde.
Tendo por base a postura construcionista, preocupa-se, também,
em problematizar as redes de transmissão de conhecimentos que
geram bases de dados e os processos de acesso e análise dos mes-
mos. Fugindo de posturas naïve, compreende essas bases e bancos
como formas de construção da realidade social. A partir desse viés
crítico, o capítulo aborda três dimensões da pesquisa sobre a pro-
dução: descreve os resultados da primeira busca, voltada mais
genericamente à produção que aborda questões da saúde na interface
com a Psicologia; aponta as especificidades da produção mais di-
retamente voltada à Saúde Pública e busca verificar a existência de
vozes consoantes nesse diálogo com a Saúde Pública, tomando as
referências bibliográficas como indicadores de redes de interlocução
no campo heterogêneo da Saúde.
O capítulo sete, de autoria de Vera Menegon e Angela Coêlho,
aborda os temas-foco dos 993 artigos localizados na pesquisa. To-
mando por base a análise das referências de artigos publicados em
periódicos brasileiros que discutem Psicologia e Saúde, as autoras
mapeiam a trajetória de inserção da Psicologia no sistema público de
saúde a partir de três grandes períodos: inserção incipiente da Psico-
logia no serviço público de saúde (1955-1984); período de transição
dessa inserção (1985-1994) e inserção plena da Psicologia no Siste-
ma Único de Saúde - SUS (1995-2006). Três temáticas apresentam
as maiores frequências ao longo de todos os períodos analisados:
Prática profissional. Formação profissional: Prática clínica/Clínica/
Métodos clínicos e Reflexões Teóricas e Metodológicas. O desta-
que desses temas ao longo do período analisado, principalmente a
partir do final da década de 1980, reflete os esforços de adequação
e busca de novos caminhos para a organização dos serviços no cam-
po da Saúde, principalmente após a criação do SUS, referendado
pela Constituição Brasileira de 1988. Todavia, fica patente que o
sentido de inserção plena não se aplica a todas as regiões do país, em
especial, quando se trata da inserção da Psicologia na rede básica de
saúde, uma vez que na rede hospitalar, essa vinculação mostra-se um
pouco mais sedimentada.
Encerrando esta segunda parte, referente ainda à produção
associada ao conhecimento psi, o capítulo oito, de autoria de Mag-
da Dimenstein e João Paulo Macedo, objetiva discutir a produção
científica referente à formação e à inserção profissional no SUS.
Entendendo que esta produção é aspecto fundamental da forma-
ção e, consequentemente, do fortalecimento da presença da
Psicologia no SUS, a análise focaliza três das várias dimensões
levantadas pela pesquisa: formas de atuação, local de atuação e
ferramentas teóricas/conceituais, articulando-as aos demais eixos
da pesquisa (tema-foco, população, tipos de atenção à saúde, pro-
gramas, formação e aspectos políticos). Com isso, busca discutir
os desafios presentes na proposta de fortalecimento da presença
da Psicologia nesse âmbito, reiterando a necessidade de mudanças
no modelo acadêmico hegemônico para que esteja em consonân-
cia com o seu ideário.
Em seu conjunto, os oito textos se complementam e buscam
contribuir, cada um a seu modo, para a reformulação da formação
em Psicologia, na graduação e na diversidade de especializações pós-
graduadas, de modo a contemplar as dimensões da prática psi
voltadas à prestação de serviços que tenha a dimensão coleti- va do
processo saúde-doença por foco. Mesclando trajetórias históricas (que
precisam ser conhecidas para poder com elas rom- per), o
mapeamento de algumas dimensões da situação atual quanto à
prática e conhecimentos psi e projeções futuras (com base em desafios
e prioridades associados à proposta de integralidade, humanização e
trabalho em equipe), os autores desta coletânea esperam contribuir
para a maior abertura ao diálogo entre uma Psicologia ético-política e
os serviços de atenção à saúde, com- prometidos com a proposta do
SUS.
Referências Bibliográficas
Latour. B. (2000). Ciência em ação. São Paulo: Editora UNESP.
Spink, M. J.. Bernardes, J. S.. & Menegon. V.S.M. (2006). A Psicologia
em diálogo com o SUS: prática profissional e produção acadêmica.
(Relatório de pesquisa). Disponível em: www.bvs-psi.org.br
Prefácio
A atenção dos psicólogos ao
SUS e às políticas públicas
Marcos Ferreira
Presidente da Associação Brasileira de Ensino da Psicologia, ABEP
Humano direito
por Ana Lúcia Cortegoso
com o Estado de Bem-Estar Social. Esse processo em nosso país apresenta, portanto,
contradições inerentes à pressão neoliberal de redução do aparelho estatal e dos
benefícios sociais. (Ver Baptista, T.W.F. Dilemas e consensos: um estudo das
microrrelações polílico-institucionais da seguridade social brasileira na Assembléia
Nacional Constituinte de 1987/88. Dissertação de Mestrado. IMS/UERJ, 1997).
haverá heterogeneidade, também, no que diz respeito aos repertó-
rios historicamente instituídos a respeito do que vem a ser a prática
psi diretamente voltada à Saúde Pública.
Temos, pelo menos, as seguintes trajetórias históricas que fo-
ram paulatinamente ressignificadas e integradas, no caso brasileiro,
à proposta do SUS:
Referências Bibliográficas
Amarante, P. (Coord.) (2000). Loucos Pela Vida: A trajetória da reforma
psiquiátrica no Brasil. Ed. Fiocruz.
Benevides, R & Passos, E. (2005). Humanização na saúde: um novo
modismo? Interface, 9(17), 389-394.
Birman, J. (2005). A Physis da Saúde Coletiva. PHYSIS: Ver. Saúde
Coletiva, 15(suplemento), 11-16.
Camargo Jr. K. R. (2(X)5). Das necessidades de saúde à demanda
socialmente constituída. In R. Pinheiro & R. A. Mattos (Orgs.).
Construção social da demanda: direito à saúde, trabalho em equipe &
participação e espaços públicos (pp. 91-104). Rio de Janeiro: IMS-
UERJ/CEPESC/ABRASCO.
Castel, R. (1987). A gestão dos riscos. Rio de Janeiro: Francisco Alves.
Conselho Federal de Psicologia. (1988). Quem é o psicólogo brasileiro?
São Paulo: Edicon.
Conselho Federal de Psicologia (1994). Psicólogo Brasileiro: práticas
emergentes e desafios para a formação. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Conselho Regional de Psicologia, 6a Região. (1995). Psicologia:
formação, atuação profissional e mercado de trabalho. São Paulo:
Autor.
Donnangelo, M. C. (1976). Saúde e sociedade. São Paulo: Duas
Cidades.
Ehrenreich. B.. & English. D. (1979). For Her Own Good: 150 Years of
the Expert’s Advice to Women. London: Pluto Press.
Foucault. M. (1977). O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense
universitária.
Foucault, M. (1979). Historia da Sexualidade. Vol l: A Vontade de
Saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
Foucault, M. (1986). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal.
Foucault. M. (1987). As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes.
Hacking , I. (1999). The Social Construction of What? Harvard: Harvard
University Press.
Iñiguez, L. (2004). La Psicologia Social en la encrujijada
postconstrucionista: historicidad, subjetividad. performatividad, acción.
In N. Guareschi (Org.). Estratégias de invenção do presente a
—
A inserção de psicólogos em
serviços de saúde vinculados ao
SUS: subsídios para entender os
dilemas da prática e os desafios
da formação profissional
Mary Jane Paris Spink
Jefferson de Souza Bernardes
Liliana Santos
Estêvão André Cabestré Gamba
¹ Para esta pesquisa foi liberado, pelo Ministério da Saúde, o Banco de Dados do CNES.
em arquivo Excel, constando: nome do profissional em psicologia; CPF; endereço;
CEP; estado; município; nome do estabelecimento de saúde; número do registro do
estabelecimento no CNES; tipo de estabelecimento; município do estabelecimento;
telefone do estabelecimento; fax do estabelecimento; e-mail do estabelecimento; carga
horária do vínculo (hospitalar, ambulatorial e outros); tipo dc vínculo SUS e não SUS.
Não havia endereços eletrônicos pessoais no cadastro, o que levou à decisão de realizar
as entrevistas por telefone.
O registro dos estabelecimentos de saúde orienta, também, o
pagamento dos estabelecimentos e dos profissionais a eles vincu-
lados. Configura-se. portanto, como o principal banco de dados
do Ministério da Saúde no que diz respeito aos estabelecimentos e
profissionais de saúde.
O CNES é público e está acessível no endereço eletrônico
http://cnes.datasus.gov.br. A acessibilidade ao cadastro se dá de
várias formas, com destaque a três, que se estabelecem por con-
sultas: primeiro, por unidade de estabelecimento, ou seja, o
usuário consegue consultar um estabelecimento por vez. A partir
deste estabelecimento, é possível identificar os profissionais que
possuem vínculos com o mesmo e uma série de informações a
respeito daquela instituição. Em segundo lugar, a busca pode ser
feita por profissionais que possuem vínculos com o SUS. As-
sim, digita-se o nome do profissional e sua ficha reduzida surge na
tela. Fornece, ainda, o número total de profissionais envolvidos
com o SUS que, atualmente, ultrapassa 1,5 milhão de pessoas.
Por último, por mantenedora, ou seja, digitando-se o nome da
mantenedora do estabelecimento de saúde, serão abertas janelas
para todos os estabelecimentos ali registrados2.
2 No menu superior da página do CNES existe ainda o termo Indicadores. Ali estão
CNES, sem retirar os registros duplicados, pois um mesmo psicólogo pode estar em mais de
um tipo de estabelecimento e não teríamos como decidir qual registro seria excluído.
Tabela 6: Proporção entre o número de psicólogos no SUS por tipo de
estabelecimento de Saúde em cada região
Faixa Bária
Ou ainda,
- Necessidade de trabalhar.
- Necessidade financeira.
- Oportunidade para começar.
1. A inserção do psicólogo
Quase 15 mil psicólogos atuam no Sistema Único de Saúde
(SUS) nos mais diferentes serviços: nas Unidades Básicas de Saú-
de (UBS); nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); em
Centros de Convivência, Cooperativa e Cultura: Ambulatórios de
Saúde Mental; em Hospitais-Dia; em Centros de Reabilitação Físi-
ca; em Centros de Referência à Saúde do Trabalhador; Centros de
Apoio e Orientação sobre DST/AIDS; Equipes de Atenção a Pre-
sidiários; Hospitais Gerais e Hospitais Psiquiátricos. Isto sem contar
os serviços internos ao SUS: Centros de Formação e Educação do
Trabalhador de Saúde; apoio técnico aos programas da mulher,
idoso, criança e adolescente, saúde mental; serviços de epidemio-
logia, de hemoterapia, de práticas alternativas em saúde e outros
de acordo com a organização da gestão local.
No Brasil, o atendimento psicológico faz parte dos serviços
públicos há pelo menos três décadas. Muita coisa mudou neste
período, tanto a oferta como a demanda.
O trabalho do psicólogo acompanhou o desenvolvimento da
Saúde Pública no país. Na década de 1970 o psicólogo tinha
papel secundário em hospitais e na atenção ambulatorial (Spink,
1992). O ambulatório caracterizava-se como um serviço público
de especialidades ligado ao INAMPS (Instituto Nacional de As-
sistência Médica e Previdência Social) que existia em cada região
do país, sendo seus usuários apenas os trabalhadores celetistas.
A proliferação dos hospitais psiquiátricos e da população de in-
ternos não correspondeu ao aumento de profissionais universitários
no atendimento.
Na década de 1980, foi desencadeada a atenção integral à
saúde, resultado da pressão do movimento dos profissionais de
saúde e da crise financeira do INAMPS e as universidades públi-
cas e as prefeituras puderam celebrar convênios com o organismo
federal e prestar serviços de assistência e promoção à saúde para
as populações locais. Assim começaram a surgir as equipes míni-
mas de saúde mental nas UBS, compostas por psicólogo, psiquiatra
e assistente social. Foram criados também os ambulatórios de saú-
de mental, estaduais e municipais, bem como as unidades de hospital-
dia (Cesarino, 1990).
A década de 1990, pós Constituição brasileira, caracterizou-se
pela afirmação da Saúde como direito de todo cidadão, traduzido na
implantação do SUS cujos princípios básicos são a universalização
do acesso, a integralidade da atenção e a equidade.
Este cenário trouxe alterações no perfil de trabalho exigido do
psicólogo. Até então o modelo transmitido na sua formação - do
que ele entendia, portanto - era o da clínica privada, individual,
tendo sido este o funcionamento transposto, sem tradução, para os
serviços de saúde pública (Braga Campos, 1992), fazendo apenas
repetir o consultório particular. Já em 1983 (SES/SP), com a crise
do INAMPS, esta prática foi condenada, seja para o médico, o
psicólogo, o nutricionista etc., tendo a crítica se acentuado após a
Constituição, quando passa a prevalecer o conceito da atenção
integral oferecida num Sistema de Saúde do qual cada profissional
deveria fazer parte. Tal proposta descredenciou as práticas do
consultório particular/ clínica individual como carros chefe da ativi-
dade do psicólogo.
Nestes tempos de Saúde da Família como estratégia para
melhorar a integralidade no SUS, universalizar o acesso à aten-
ção básica e com equidade de resultados (Heimann e Mendonça,
2005), a Psicologia é obrigada a novas adaptações (Lancetti,
2000). O que fazer no território dos conflitos, onde as crises acon-
tecem e onde as pessoas se inserem para trabalhar, morar e se
divertir? Como trabalhar e ouvir o sujeito inserido e não mais
apartado da realidade sócio-familiar, isolado em um consultório
com sua verdade única?
Esta é, também, a década de um forte movimento social con-
tra o confinamento das pessoas: “trancar não é tratar”, lema do
movimento antimanicomial brasileiro, ganha força internacional, apoio
no congresso brasileiro, luta dos profissionais da área, de usuários,
de familiares; busca-se uma lei que consiga desmontar a hegemonia
do Hospital Psiquiátrico (Braga Campos, 2000). Conseguiu-se
aprovação da lei em 2001. De novo o que aprendemos na escola
está em cheque: como tratar as pessoas sem retirá-las para espaço
protegido? Como tratá-las sem a hierarquia profissional que delega
a avaliação primeira e principal ao psiquiatra, antes da intervenção
de outros profissionais?
Postos estes desafios, este capítulo analisa as respostas dos
profissionais à consulta feita na pesquisa realizada para a Associa-
ção Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP), identificando
mudanças favoráveis às novas práticas na saúde bem como focos
de resistência. Busca ainda compreender tal situação à luz dos
modelos de atenção em disputa no SUS, assim como refletir sobre
a prática clínica no contexto da Reforma Psiquiátrica propondo uma
organização conceituai do campo que dê subsídios para a forma-
ção dos psicólogos para a Saúde Pública.
2. A oferta da atenção psicológica: as
atividades desenvolvidas
Quando perguntados sobre as atividades desenvolvidas, as
respostas espontâneas dos psicólogos que atuam na saúde pública
estão, na sua maioria, afeitas a ações clínicas voltadas diretamente
ao usuário. Quase na totalidade (Figura 1), as respostas reafirmam
como a atividade principal o atendimento individual da clínica em
consultório.
Todavia, se comparadas com pesquisas realizadas anterior-
mente (Lo Bianco e outros, 1994), nota-se um elenco mais
diversificado, que inclui atividades grupais terapêuticas, de
aconselhamento e orientação, oficinas, visitas, entre outras, mos-
trando que houve, durante este tempo, efetiva transformação na
prática clínica exercida por profissionais que se dedicam à atuação
no SUS. Conforme as falas dos entrevistados:
3. As demandas reconhecidas
As respostas apresentam itens de diferentes naturezas, sendo
mais da metade relacionando queixas ou quadros clínicos (Figura 2).
É o império das classificações internacionais da doença (CID), da
Epidemiologia e do sofrimento transformado em “transtornos”. Não
há aqui nenhuma afirmação de que o CID e a epidemiologia não
sejam necessários. Há, sim, a constatação da importância de que o
psicólogo perceba as demandas que lhe são postas na Saúde Pública
também por outros prismas, e que possa distinguir diagnóstico de
queixa e de demanda.
São demandas com grande peso as situações de violência, abu-
so, maus tratos e negligência, a proteção da família e as relações
familiares, a inclusão social, todas mencionadas pelos entrevistados
mas em menor frequência, sugerindo que boa parte dos profissionais
não separa o que são demandas para a atuação das equipes de saú-
de dos quadros clínicos com que se deparam.
De novo, neste aspecto, a pesquisa mostra as resposta dos
que trabalham em diferentes modelos de atenção; fica claro princi-
palmente “quem demanda” nos diferentes modelos. Outros
profissionais (médicos, enfermeiros, professores, juizes, etc.) e ins-
tituições (conselho tutelar, escola, asilos, presídios, etc.) demandam
a atenção tradicional:
Autonomia e responsabilidade.
6. Considerações finais
Vamos trazer para ajudar nesta reflexão dois sanitaristas de
dedicação diversa que discutem os princípios do SUS: universali-
dade do acesso, integralidade e equidade da atenção: Luiz Cecílio
(2001), da área do Planejamento e Gestão, e Domingos Sávio Alves
(2001), da área da Reforma Psiquiátrica. Ambos compartilham o
desafio que a mudança de paradigma traz para os trabalhadores de
saúde que devem desempenhar novas ações, para as quais não
teve formação.
Cecílio (2001) coloca quatro conjuntos de necessidade de
saúde para ajudar “trabalhadores/equipes/serviços/rede de servi
ços a melhor buscar o ‘cuidado em saúde””: o primeiro conjunto
diz respeito a se ter “boas condições de vida”, implicando que a
maneira como se vive configura diferentes necessidades de saúde:
o segundo conjunto diz respeito a “se ter acesso e se poder consu
mir toda tecnologia de saúde capaz de melhorar e prolongar a vida”;
o terceiro conjunto fala da “insubstituível criação de vínculos
(a)efetivos” tanto nos profissionais, quanto nos serviços; e o último
conjunto “diz respeito a cada pessoa ter graus crescentes de auto
nomia no seu modo de levar a vida” (Cecílio, 2001, p. 113-114).
O que se vê na proposição é que os dois primeiros blocos
fazem parte da formação sanitarista, ou seja todo profissional que
se dedica a uma carreira na Saúde Pública tem na sua formação
primeira as bases para a análise da organização dos serviços e pro-
cessos de trabalho, planejamento, gestão, políticas de saúde e
diversas tecnologias (Epidemiologia, vigilâncias, construção de no-
vos saberes e práticas). Esta formação, infelizmente, nossa profissão
de psicólogo não tem; não se dedica, nem sequer pontua como um
caminho a ser trilhado no mundo do trabalho em Saúde. Esse es-
paço não é resguardado no currículo ficando a oferta de estágios
na área a cargo da organização e experiência de seus professores-
supervisores.
Ao contrário disto, os dois últimos blocos fazem parte de nos-
sa formação básica sendo até princípios caros ao psicólogo adepto
de qualquer abordagem teórica: o vínculo e a autonomia. Não ensi-
nam na escola, que o alcance de nossa ajuda acontecerá se o
indivíduo desejar, se vincular, investir a buscar o caminho próprio?
Isto nos traz um alento e estímulo no cotidiano da prática. Se esta
prática for em equipe multiprofissional, se ela tiver espaços de tro-
cas e abertura, se ela for intersetorial, aí sim os psicólogos da Saúde
Pública terão contribuições importantes e fundamentais para a cons-
trução dos novos saberes e novas práticas do cuidado em Saúde.
Domingos (2001, p. 167). por sua vez, lembra da intenciona-
lidade na substituição do termo “tratar”, que pressupõe uma
nomeação diagnostica, por “cuidar”, termo que incorpora “vários
‘problemas’ a serem superados”. Lembra, ainda, que a Saúde Mental
foi o primeiro campo da Medicina que trabalhou “intensivamente e
obrigatoriamente com a interdisciplinaridade e intersetorial idade”.
Lidar com as premissas da Reforma Psiquiátrica do cuidar em li-
berdade, da responsabilidade territorial e oferta diversificada de
programas (p. 169), que incluem, além da assistência, a reinserção,
lazer, trabalho e hospitalidade, apresenta aos profissionais da Saú-
de, em especial ao psicólogo, novas frentes de trabalho com
valorização de diferentes saberes específicos para a construção de
novas formas de cuidado. Antes da Reforma Psiquiátrica o psicó-
logo não “tratava” os “pacientes graves” pois estes ficavam aos
cuidados da Psiquiatria, tratados com internação, medicamentos e
outras técnicas mais agressivas como o ECT. Hoje, com essas pre-
missas estabelecidas, cada profissão tem que construir, na troca de
saberes, um campo de ação que responda a problemas tão com-
plexos que surgem da necessidade do usuário, que pode ser um
esquizofrênico, um portador de transtorno de bipolar ou um neuró-
tico grave.
Vivemos uma grande revolução no fazer do psicólogo: incluí-
do em uma equipe multidiciplinar, hoje o profissional não mais vê
um esquizofrênico, mas encontra subitamente uma pessoa, com
nome, sobrenome, endereço, familiares, amigos, projetos, desejos.
Com a doença mental entre parênteses (Basaglia, 2005), o sujeito
deixa de ser reduzido à doença; surgem assim necessidades outras,
novas, que antes os profissionais de saúde mental não conseguiam
vislumbrar” (Amarante e Lancetti, 2006). O ato psicológico, assim
como o ato médico ou de qualquer profissional isolado, incluí-se
em um projeto terapêutico singular de um sujeito inserido e em re-
lação em um território. Está posto o fim do “paciente”.
Referências Bibliográficas
Alves, D. S. (2001). Integralidade nas Políticas de Saúde Mental. In
R. Pinheiro, & R. A. Mattos. (Orgs.). Os Sentidos da Integralidade na
atenção e no cuidado à saúde (pp. 167-176). Rio de Janeiro: Instituto
de Medicina Social — Universidade do Estado do Rio de Janeiro/
Abrasco.
Amarante, P. D., & Lancetti, A. (2006). Saúde Mental e Saúde Coletiva.
In G. W. S. Campos, et al. (Orgs.). Tratado de Saúde Coletiva (615-134).
São Paulo: Fiocruz/Hucitec.
Basaglia. F. (2005). Escritos Selecionados em Saúde Mental e Reforma
Psiquiátrica. Rio de Janeiro: Garamond.
Bezerra. B. (1996). A clínica e a reabilitação psicossocial. In A. Pitta.
(Org.). Reabilitação Psicossocial no Brasil (pp. 137-142). São Paulo:
Hucitec.
Bezerra. B. (1987). Considerações sobre terapêuticas ambulatoriais em
saúde mental. In S. A. Tundis, & N. R. Costa. (Orgs.). Cidadania e
Loucura: Políticas de saúde mental no Brasil (pp. 133-169). Petrópolis,
RJ: Vozes/Abrasco.
Braga Campos. F. C., & Nascimento. S. P. S. (2003). Apoio Matricial:
reciclando a Saúde Mental na Atenção Básica. Recuperado em 19 jan.
2007: www.campinas.sp.gov.br (Aprovado para publicação no Cadernos
IPUB-UFRJ no Io semestre de 2007).
Braga Campos, F. C. (2000). O Modelo da Reforma Psiquiátrica e as
modelagens de São Paulo, Campinas e Santos. Tese de Doutorado não
publicada, FCM - Pós Graduação em Saúde Coletiva. Campinas, SP:
Universidade Estadual de Campinas.
Braga Campos, F. C. (1992). O Lugar da Saúde Mental na Saúde. In F. C.
Braga Campos. (Org.). Psicologia e Saúde - repensando práticas
(pp. 47-57). São Paulo: Hucitec.
Campos, G. W. S. (2006). A Conjuntura Brasileira e o SUS: tendências e
desafios. In Caderno de Texto do I Fórum Nacional de Psicologia e
Saúde Pública: contribuições técnicas e políticas para avançar o SUS,
(pp. 64). Brasília: Conselho Federal de Psicologia.
Cecílio, L. C. O. (2001). As necessidades de saúde como conceito
estruturante na luta pela integralidade e equidade na atenção em Saúde. In
R. Pinheiro, & R. A. Mattos. (Orgs.). Os Sentidos da Integralidade na
atenção e no cuidado à saúde (pp. 113-125). Rio de Janeiro: Instituto de
Medicina Social - Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Abrasco.
Cesarino, A. C. (1989). Uma experiência em saúde mental na prefeitura
de São Paulo. In A. Lancetti. (Org.). SaúdeLoucura (n. I) (pp. 3-33). São
Paulo: Hucitec.
Guando, E. L., Sousa, V. D., & Padilha, B. M. (2004). Ensinando
psicologia clínica na rede. Campinas: Mimeo - Pontifícia Universidade
Católica de Campinas.
Guarido, E. L.. & Braga Campos, F. C. (2001). Clínica ampliada é prática
do psicólogo na saúde pública. MÚLTIPLA, 1(1), 41.
Heimann L. S., & Mendonça, M. H. (2005). A trajetória da atenção
básica em saúde e do Programa de Saúde da Família no SUS: uma busca
de identidade. In N. T. Lima, ei al. (Orgs.). Saúde e democracia: história
e perspectivas do SUS (pp. 481-502). Rio de Janeiro: Fiocruz/OPAS.
Kinoshita, R. T. (1996). Em busca da cidadania. In F. C. Braga Campos,
& C. M. P. Henriques (Orgs.). Contra a Maré à Beira-mar: a experiência
do SUS em Santos (pp. 39-49). São Paulo: Scritta.
Lancetti, A. (Org.). (2000). Saúde Menta! e Saúde da Família. (Coleção
SaúdeLoucura. n. 7), São Paulo: Hucitec.
Lo Bianco, A. C., Bastos, A. V. B., Nunes. M. L. T„ & Silva, R. C.(1994).
Concepções e atividades emergentes na psicologia clínica: implicações
para a formação. In Conselho Federal de Psicologia (Org.): Psicólogo
Brasileiro: práticas emergentes e desafios para a formação (pp. 7-79).
Brasília: Organizador.
Merhy, E. E. (1997). A rede básica como construção da saúde pública e
seus dilemas. In E. E. Merhy, & R. Onocko (Orgs.). Agir em Saúde: um
desafio para o público (pp. 197-228). São Paulo: Hucitec.
Paim, J. (2002). A Saúde Coletiva e os desafios da prática. In: J. Paim
(Org.). Saúde: Política e Reforma Sanitária (pp. 163-190). Salvador,
BA: CEPS/ISC.
Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. (1983). Proposta de
trabalho para equipes multiprofissionais em Unidades Básicas e em
Ambulatórios de Saúde Mental. São Paulo: Gráfica do Juquery.
Silva Júnior. A. G. (1998). Modelos assistenciais em saúde: o debate no
campo da Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec.
Sombini, C. H. M. (2004). A psicologia no projeto Paideia, do
consultório ao território? Dissertação de mestrado não publicada,
Faculdade de Ciências Médicas. Campinas, SP: Universidade Estadual
de Campinas.
Sousa, V. D. (2006). O psicólogo e a saúde pública: uma leitura
fenomenológica das vivências cotidianas de estagiários na atenção
básica. Tese de Doutorado não publicada, Programa de Pós-graduação
em Psicologia. Campinas, SP: Pontifícia Universidade Católica de
Campinas.
Spink. M. J. P. (1992). Psicologia da Saúde: a estruturação de um novo
campo de saber. In F. C Braga Campos (Org.) Psicologia e Saúde:
repensando práticas (pp. 11-23). São Paulo: Hucitec.
Capítulo 4
2 Cultura psi compreendida como as práticas psi que foram difundidas nas camadas
médias urbanas da sociedade brasileira, após os anos 1960. "a partir da consolidação
de um ‘ethos’ individualista e 'intimista', no qual os especialistas ‘psi’ são um efeito
e mais um dispositivo difusor, com grande potencial de intervenção no espaço social”
(Mancebo. 1997: 20).
³ Lei da Reforma Educacional n° 5.540/68 de 28 de novembro de 1968.
4 Lei 9.394/96. de 20 de dezembro de 1996.
ganhando força nos últimos anos. Claro, o objetivo deste capítulo
não é apresentar esse debate, mas alertar para a impossibilidade de
sua desvinculação, visto que, boa parte do que presenciamos hoje
da inserção do(a) psicólogo(a) no SUS é fruto desse processo.
Antes mesmo da regulamentação da profissão, a formação
em Psicologia já era produtora de um profissional liberal. Para
alguns autores, à época, por exemplo, Azzi (1964/1965), as carac-
terísticas da profissão atestariam isso: pode ser exercida com
independência, sem vinculações hierárquicas; é livre; predomínio
do exercício das faculdades intelectuais e conhecimentos técnicos
(“tal como a atividade do médico, advogado, engenheiro etc.”);
com pretensões de neutralidade, serviu aos interesses da lógica li-
beral capitalista.
Em função do empobrecimento das camadas médias da so-
ciedade brasileira, o mercado de trabalho do(a) psicólogo(a), visto
como profissional liberal começa a se fechar. De acordo com pes-
quisa realizada pelo Conselho Federal de Psicologia5, no ano de
2000, junto aos psicólogos(as) do país, o número de profissio-
nais com a condição de assalariado começa a se ampliar.
Conforme vimos no capítulo 2, quando perguntado sobre os
motivos que levaram o profissional a ingressar no SUS, pouco mais
de 27,49% dos psicólogos entrevistados identificam-se, de alguma
forma, com a área da Saúde Pública. Em contraste, quanto aos
demais, suas respostas variam entre questões relacionadas à car-
reira ou à inserção laboral (39,09%); falta de horizontes em outras
perspectivas (14,45%); ou trajetórias pessoais e convites realiza-
dos para ingresso no SUS (12,32%).
O mercado autônomo, principalmente centrado no modelo
clínico, começa a se fechar, também, em função do crescimento
- Hum, acho que são vários, não tenho como nomear um,
o Gestalt, a Comportamental, menos a Psicanálise.
- Ah, eu uso bastante a Gestalt Terapia, Jung e Terapia
Familiar que percebe a forma que a gente vê, de circu-
lar, né.
- A Teoria Sistêmica Cognitiva e Comportamental.
- Olha, o que eu sigo aqui é o existencial Humanista da
Psicologia e Técnicas Cognitivas Comportamentais.
- Teoria Comportamental. Construtivismo. Terapia Fami-
liar Sistêmica.
Referências Bibliográficas
Azzi, E. (1964/1965). A situação atual da profissão de psicólogos no
Brasil. Boletim de Psicologia, 16/17, 47-62.
Bernardes, J. S. (2004). O debate atual sobre a formação em psicologia
no Brasil: permanências, rupturas e cooptações nas políticas
educacionais. Tese de Doutorado não publicada, Programa de Estudos
Pós-Graduados em Psicologia Social. São Paulo: Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo.
Bock, A. M., et al. (1984). Política educacional e formação profissional
do psicólogo. Psicologia: Ciência e Profissão, 4(2), 24-33.
Botomé. S. P. (1979). A quem nós, psicólogos, servimos de fato?
Psicologia. 5(1), 1-15.
Calvino, I. (1990). As cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das
Letras.
Coimbra, C. M. B. (1995). Guardiões da ordem: uma viagem pelas
praticas psi no Brasil do “Milagre”. Rio de Janeiro: Oficina do Autor.
Conselho Federal de Psicologia. (2000). Pesquisa feita junto aos Associados
do Conselho Federal de Psicologia: Relatório Final. Brasília: Autor.
Eizerick, M. (1988). Psicologia hoje: uma análise do que fazer
psicológico. Psicologia: Ciência e Profissão, 8( 1), pp. 33.
Figueira, S. (1988). Efeito psi — a influência da psicanálise. Rio de
Janeiro: Campus.
Holanda, A. (1997). Os conselhos de psicologia, a formação e o
exercício profissional. Psicologia: Ciência e Profissão, 1(17), 3-13.
Ibáñez, T. (2001). Municiones para disidentes — realidad - verdad -
política. Barcelona: Gedisa.
Jacó-Vilela. A. M. (1999). Formação do psicólogo: um pouco de
historia. Interações: Estudos e Pesquisas em Psicologia, 8(4), 79-91.
Mancebo, D. (1999). Formação em psicologia: gênese e primeiros
desenvolvimentos.. In A. M. Jacó-Vilela, F. Jabur, & H. B. C. Rodrigues.
(Orgs.). (1999). Clio-Psyché: Histórias da Psicologia no Brasil (pp. 93-
120). Rio de Janeiro: UERJ. NAPE.
Mancebo. D. (1997). Formação do psicólogo: uma breve análise dos
modelos de intervenção. Psicologia: Ciência e Profissão, 1(17), 20-28.
Martins, H. V. (1999). Uma revolução e um revolucionário? A psicologia
na época de Mira y López. In A. M. Jacó-Vilela, F.Jabur. & H. B. C.
Rodrigues (Orgs.). (1999). Clio-Psyché: Histórias da psicologia no
Brasil (pp. 301-308). Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, NAPE.
Mattos, R. A. (2004). A integralidade na prática (ou sobre a prática da
integral idade). Cad. Saúde Pública, 20(5), 1411-1416.
Mattos. R. A. (2001). Os sentidos da integralidade: algumas reflexões
acerca de valores que merecem ser defendidos. In R. Pinheiro, R. A.
Mattos. (Orgs.). Os sentidos da integralidade na atenção e no cuidado à
saúde (pp. 39-64). Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de
Janeiro/ABRASCO.
Mello, S. L. P. (1975). A formação profissional dos psicólogos:
apontamentos para um estudo. Psicologia, 1(1), 15-20.
Ozella, S. (1997). Alguns estudos sobre a formação do psicólogo 1974 -
1994. Psicologia e Educação, (5), 57-71.
Silva. T. T„ & Moreira. A. F. B. (1995). Territórios contestados.
Petrópolis: Vozes.
Spink, M. J. P. (Org.). (1999). Práticas discursivas e produção de
sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. São
Paulo: Cortez.
Spink. M. J. P. (2003a). O trabalho do psicólogo na comunidade — a
identidade sócio-profissional na berlinda. In M. J. P. Spink. Psicologia
social e saúde (pp. 122-131). Petrópolis, RJ: Vozes.
Spink, M. J. P. (2003b). Regulamentação das profissões da saúde: o
espaço de cada um. In M. J. P. Spink. Psicologia social e saúde
(pp. 87-121). Petrópolis, RJ: Vozes.
Veiga-Neto. A. (1995). Currículo e cultura. Trabalho apresentado no
curso de extensão Teoria e Prática da Avaliação Escolar, Escola
Agrotécnica Federal de Sertão. Sertão. RS: Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Recuperado em 19 jan. 2007: http://orion.ufrgs.br/faced/
alfredo/sertao.htm.
Capítulo 5
1. A Biomedicina
A partir da leitura dos textos de Foucault (1980) e Camargo
Jr. (1993; 2003). compreendemos e nomeamos de Biomedicina ao
conjunto de saberes que tem como objeto a doença e sua relação
de causalidade com a objetividade material do corpo, com preten-
sões universalistas fundado por um lado no discurso biológico e
por outro no método científico.
A Biomedicina, nesse sentido, seria o estudo das doenças
por meio das Ciências Biológicas, produzindo descrições do pro-
cesso saúde-doença restritas aos domínios anátomo-patológico
e à microbiologia. Qualquer outra forma de interpretação desses
fenômenos seria refutada por esse paradigma, uma vez que não
compartilham dos mesmos pressupostos básicos dessa Bio-
medicina. Foucault (1979), no livro O nascimento da clínica,
descreve de forma exemplar esse processo de construção da
Biomedicina, designada também por outros autores como Medi-
cina moderna ou Medicina das doenças. Identifica o nascimento
da Medicina a partir da instituição da disciplina anátomo-clínica
no início do século XIX, quando Broussais alia o conhecimento
da semiologia clínica com a anatomia-patológica, relacionando
sintoma geral e lesão local. A partir dessa racionalidade, a Medi-
cina moderna expande seu poder diagnóstico, identificando nos
tecidos a prova material da causa das doenças. A união da histó-
ria natural das doenças com o desenvolvimento de técnicas de
exame diagnóstico, para comprovação por meio do olhar - hoje
virtual e digitalizado em imagens - produziu o desvelar da “verda
de” por trás dos sinais e sintomas.
Essa é uma Medicina individual, uma vez que se passa nos
corpos dos sujeitos doentes; contudo, por outro lado, é completa-
mente massificada e objetivada expondo esses mesmos corpos à
variedade classificatória das doenças e investigando-as como se
estivessem numa bancada de anatomia-patológica: corpo morto,
imóvel, surdo e mudo. Qualquer outro dado que não se relacione
com essa racionalidade, como é o caso da singularidade e da sub-
jetividade desses indivíduos, não resulta em qualquer alteração na
forma de produção do conhecimento médico, uma vez que se pro-
põe objetivo, universalista e determinista.
Por outro lado, o paradigma microbiológico desenvolvido por
Pasteur na segunda metade do século XIX, impõe uma nova or-
dem a essa racionalidade. O corpo, os órgãos e tecidos são agora
afetados por agentes externos, etiopatogênicos que, para além da
alteração morfológica, remetem a uma causa primeira que se
encontra no meio ambiente. A doença possui uma natureza estra-
nha ao próprio corpo, invisível aos olhos dos leigos e da população
em geral. O controle dos espaços urbanos, dos contatos entre os
indivíduos e da distribuição dos corpos no espaço passam a ser
alvo da Medicina Social e da Saúde Pública, por meio do modelo
sanitarista que dominou, por exemplo, o desenho político do cam-
po da Saúde no Brasil no início do século XX.
Essas duas vertentes, a anátomo-clínica e a microbiologia sa-
nitarista, fundaram a base do conhecimento médico moderno que.
sob a égide da neutralidade e elitização do saber cientifico, impôs
suas descrições e seu método de produção de verdades, constru-
indo uma versão hegemônica de categorias como vida/morte, saúde/
doença, normal/patológico.
Essas antinomias, próprias da modernidade (Latour, 1994),
separaram também corpo/alma, indivíduo/sociedade, sujeito/cultu-
ra, estabelecendo disciplinas que passaram a produzir e cultivar
ontologias, numa aventura epistemológica em busca da “verdadei
ra” natureza das coisas, do homem e da natureza.
Assim, a vida, a morte, as doenças têm sido explicadas pelas
Biociências, sendo a Medicina produto de uma complexa relação
entre Fisiologia, Bioquímica, Genética e Imunobiologia.
Nessa concepção totalitária da vida, em que todos os fenô-
menos humanos podem ser explicados com base nesse paradigma,
muitos pensadores denunciaram a expansão política e pretensamente
científica da Medicina, e sua função estratégica na expansão do
capitalismo globalizado. Biopoder. medicalização, iatrogenia, são
alguns dos atributos descritos por esses pensadores para denunciar
os abusos do dispositivo médico na sociedade e nas intervenções
sobre os sujeitos (Foucault, 1979; Illich. 1975; Balint, 1975).
É com base nessa denúncia, do totalitarismo médico no cam-
po da Saúde (e para além dele), na disputa por espaço no mercado
de idéias em Saúde, que outras disciplinas ampliarão seus campos
de investigação, produzindo novas descrições sobre a saúde e a
doença, sobre o corpo, sobre a morte, sobre as práticas e proces-
sos políticos e institucionais até então exclusivos da Medicina.
Tamanha é a importância desse movimento contra-hegemônico
que não podemos falar de Reforma Sanitária, Reforma Psiquiátri-
ca, integralidade e outros eventos históricos e políticos do campo
da Saúde, sem ressaltar a perspectiva crítica inaugurada pela Soci-
ologia e Antropologia da Saúde, Medicina Integral, Psicologia
Institucional e Economia e Política da Saúde.
Apresentaremos, a seguir, uma breve descrição de algumas
tradições teóricas da Psicologia no campo da saúde.
Referências Bibliográficas
Balint, M. (1975). O médico, seu paciente e a doença. Rio de Janeiro:
Atheneu.
Bourdieu. P. (1983). O campo científico. In R. Ortiz (Org.). Pierre
Bourdieu (pp. 122-165). São Paulo: Ática.
Camargo Jr.. K. R. (1993). Voltando aos paradigmas, à ciência e ao saber
médico. In R. Mattos et al. (Org.). Paradigmas, ciência e saber médico:
uma discussão (pp. 29-52). (Série Estudos em Saúde Coletiva, V. 31),
Rio de Janeiro: IMS/UERJ.
Camargo Jr., K. R. et al. (1999) Psicologia Médica: Um trajeto teórico-
institucional (pp. 1-14). (Série Estudos em Saúde Coletiva, V. 192), Rio
de Janeiro: 1MS-UERJ.
Camargo Jr., K. R. (2003). Bioniedicina, saber & ciência: uma
abordagem crítica. São Paulo: Hucitec.
Conselho Nacional de Saude (1986). Relatório da VIII Conferência
Nacional de Saúde. Brasília, D.F.: Ministério da Saúde.
Foucault, M. (1977). O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense
universitária.
Foucault. M. (1979). Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal.
Illich, I. (1975). A expropriação da saúde. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira.
Latour. B. (1994). Jamais fomos modernos. São Paulo: Editora 70.
Matta, G. C. (1996). A psicologia médica e as instituições de saúde no
Brasil. Estudos em Saúde Coletiva, V. 138. Rio de Janeiro: IMS/UERJ.
Perestrello, D. (1974). A medicina da pessoa (2a Ed.). Rio de Janeiro:
Atheneu.
Spink, M. J. P. (2004). Linguagem e produção de sentidos no cotidiano
(Vol. 1). Porto Alegre: EDIPUCRS.
Spink. M. J. P. (2005, maio). Conferência: "Diálogo - Psicologia e
Saúde". Trabalho apresentado no IV Congresso Norte-Nordeste de
Psicologia, Salvador, BA.
Capítulo 6
1 Como o Journal des Savants. publicado 11a França em janeiro de 1665 e o Philosophical
5. A produção na perspectiva da
temporalidade
De modo a visualizar o crescimento da produção da Psicolo-
gia voltada às questões da Saúde, os dados foram organizados em
décadas definidas a partir da data do primeiro artigo localizado nos
bancos de dados. Como pode ser visto na Figura 1, essa produção
cresceu consideravelmente a partir da década de 1980, sendo es-
pecialmente marcante no que diz respeito aos artigos.
6. A processualidade do mercado
editorial de livros e periódicos
científicos
Os 993 artigos localizados foram publicados em 109 periódicos.
Entretanto, 75,2% dessas publicações (747 artigos) estavam concen-
tradas em apenas 30 periódicos listados na Tabela 1. Procuramos
entender essa concentração a partir da análise das especificidades
temáticas e disponibilidade no tempo dos 30 periódicos.
Considerando primeiramente as temáticas das revistas, ob-
serva-se na Tabela 1 que 25 desses periódicos eram específicos da
Psicologia e concentravam 80,5% dos 747 artigos ora considera-
dos. As publicações em periódicos da área da Saúde tiveram início
a partir de 1985, corroborando a afirmação feita anteriormente a
respeito da inserção mais formal da Psicologia nos serviços de saú-
de. A década seguinte (a partir de 1995) parece confirmar esse
movimento em busca de interlocução com outras áreas relaciona-
das à Saúde. Dos 134 artigos publicados entre os anos de 1955 e
1984, apenas um havia sido publicado numa revista cuja área
temática é Saúde Pública. Entre 1985 e 1994, 20 dos 173 artigos
localizados (11,6%) foram publicados em revistas da área da Saú-
de. Entre 1995 e 2006, 125 dos 440 artigos localizados (28,4%)
foram publicados em revistas específicas da área da Saúde.
Obviamente, o número de artigos localizados por década va-
ria ao sabor das vicissitudes do mercado editorial. Assim, nas
primeiras décadas (1955 a 1984) a produção relacionada com a
Saúde esteve concentrada em três revistas da área da Psicologia
(Arquivos Brasileiros de Psicologia; Revista de Psicologia Nor-
mal e Patológica e Psicologia em Curso). Dois desses periódicos
foram descontinuados (em 1973 e 1989, respectivamente) e a Ar-
quivos Brasileiros de Psicologia teve uma trajetória conturbada
retomando sua importância histórica apenas em 20054.
Considerando as 30 revistas que abarcaram o maior número
de publicações voltadas à Saúde, apenas três revistas fecharam no
período analisado. Até 1984 foram criadas 12 revistas, fechando
somente a Psicologia Normal e Patológica; entre 1985 e 1994
surgiram mais 10 e apenas duas fecharam (Psicologia em Curso e
Revista Brasileira de Pesquisa em Psicologia) e entre 1995
e 2006 foram criadas mais 8 revistas e nenhuma fechou. Assim,
4 Foi criada em 1949 com o nome Arquivos Brasileiros de Psicotécnica, editada pelo
Instituto de Seleção e Orientação Profissional - ISOP/ FGV e funcionou até 1968 com
publicações trimestrais (volume 1 a 20). De 1969 a 1978 (volumes 21 a 30) passou a
se chamar Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada. A partir de 1979, mudou de
nome pela terceira vez, tornando-se Arquivos Brasileiros de Psicologia, continuando a
ser editada pelo ISOP/FGV. Quando este fechou, em 1990, sua pós-graduação e a
revista foram transferidas para o Instituto de Psicologia da UFRJ. Sob o comando do
Professor Franco Lo Presti Seminério, era editada pela Imago (apoio CNPq). Depois
da morte desse professor, ficou parada uns dois anos. Ressurgiu cm fins de 2005. sob
forma eletrônica, editada por Angela Arruda e Hebe Signorini, com publicação trimestral
(volumes 31 a 58, este datado de 2006).¹ Como o Journal des Savants. publicado na
França em janeiro de 1665 e o Philosophical Transactions. da Royal Academy of
Science, Inglaterra, criado em novembro desse mesmo ano e a mais antiga revista
científica ainda em circulação.
observamos um aumento de 133% em 50 anos, o que sugere a
ampliação e diversificação no cenário de publicações nacionais,
evidenciado pelo aumento no número total de publicações de 134
para 440 nesse espaço de tempo (228% de aumento).
* Essa revista é editada pela Universidade Federal de Minas Gerais desde 1984 até o presente. A partir de
1993, a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais publicou uma outra revista com o mesmo
nome, renomeada para Psicologia em Revista a partir de 1999.
Verifica-se, na Tabela 1, a presença de quatro padrões nes-
sa relação entre produção e periódico no tempo. Há um
crescimento contínuo, acompanhando a taxa de crescimento da
produção como um todo, como nas revistas Estudos de Psicolo-
gia (Campinas) e Psicologia: Ciência e Profissão. Há casos de
crescimento abrupto, como no caso da Femina (Associação
Brasileira de Obstetrícia e Ginecologia), da Mudanças (Psicolo-
gia e Psiquiatria), da Revista de Saúde Pública e dos Cadernos
de Saúde Pública que refletem, de um lado, a emergência de
novas temáticas de pesquisa e, de outro, uma maior presença de
temas relacionados à Saúde Pública.
Há, ainda, um padrão de estabilidade, com produção acen-
tuada em todos os períodos, como no Boletim de Psicologia e
na Psico. Finalmente, observa-se um padrão de decréscimo no
tempo como no caso do Arquivo Brasileiro de Psicologia, Per-
fil: Boletim de Psicologia e Psicologia em Curso. Essa retração
deve-se, em parte, ao histórico das revistas - como no caso da
Psicologia em Curso, que foi descontinuada em 1989 - mas
reflete, certamente, a ampliação no número de revistas no merca-
do editorial brasileiro assim como a busca de veículos relacionados
à Saúde Coletiva.
Quanto aos livros, encontramos menção a 76 editoras. Tal
como nos artigos, há uma concentração da produção por meio de
algumas editoras, conforme pode ser visto na Tabela 2.
A análise no tempo indica que, entre 1955 (data da primeira
publicação localizada) e 1984, foram poucos os livros publicados
(N=5), que versavam sobre temáticas associadas à Saúde. Quatro
desses livros foram editados pela Imago que, entretanto, não pare-
ce ter consolidado essa linha temática nas demais décadas, e um foi
publicado pela ARTMED, editora especializada em Medicina e
Saúde Mental. Há um pequeno aumento na década seguinte, com
13 livros publicados por editoras variadas. Note-se que três deles
foram publicados por editoras especializadas em Saúde: a Hucitec
(Saúde Coletiva) e a ARTMED (Medicina e Saúde Mental).
Já na próxima década há um aumento significativo de publi-
cações sobre a temática saúde. Considerando os 354 livros
encontrados nessa pesquisa (e não apenas aqueles que concen-
travam a maior produção e que constam da Tabela 2), entre 1955
e 1984 foram publicados somente 7 livros; entre 1985 e 1994.
foram publicados 24 (242% de aumento); e entre 1995 e 2006.
foram publicados 323 livros (1245% de aumento). Um terço desse
total foi publicado pela Editora Casa do Psicólogo, desse conjun-
to é a única especializada em Psicologia.
Tabela 2: Editoras com maior número de publicações, considerando o
total por década e ano de início de atividades
Considerando a proposta editorial, é interessante observar que,
com exceção da Casa do Psicólogo, a produção em Psicologia e
Saúde convive com temáticas diversas priorizadas pelas editoras,
destacando-se a presença de outros saberes relacionados às áreas
da Saúde e da Educação. Entretanto, não há publicação expressiva
nas editoras tradicionalmente relacionadas à Saúde Coletiva e Saú-
de Pública, como a HUCITEC e a FIOCRUZ, um possível indicador
do pouco diálogo entre a Psicologia e a Saúde Coletiva.
* Inclui repetições
à Saúde Pública
Referências Bibliográficas
Abib, J. A. D. (1997). Saúde mental: esvaziamento de uma trama
conceituai. Psicologia em Estudo, 2(1), 41-70.
Afonso, L. (2001). Atenção psicossocial a famílias de pacientes em saúde
mental, interações: Estudos e Pesquisas em Psicologia', 6(11), 29-43.
Bakhtin, M. (2003). Os gêneros do discurso. In P. Bezerra (Ed.), Estética
da criação verbal (pp. 261-306). São Paulo: Martins Fontes.
Baptista, T. W. F. (2000). Cabuçu - ensinando a pensar saúde. Revista de
Ciências Biológicas e da Saúde, 1(1), 85-94.
Benevides, R. (2005). A Psicologia e o sistema único de saúde: quais
interfaces?. Psicologia & sociedade, 17(2), 21-25.
Birman. J. (2005). A Physis da Saúde Coletiva. Physis: Revista de Saúde
Coletiva, 15 (Suplemento), 11-16.
Bock, A. M. B. (1997). Cidadania e saúde mental. Psicologia em estado,
2(1), 29-40.
Camargo-Borges, C., & Cardoso, C. L. (2005). A Psicologia e a
estratégia saúde da família: compondo saberes e fazeres. Psicologia &
sociedade, 17(2), 26-32.
Carlotto, M. S. (2001). O trabalho humano e a saúde mental. Aletheia,
(14), 85-98.
Dimenstein, M. (2000). A cultura profissional do psicólogo e o ideário
individualista: implicações para a prática no campo da assistência
pública a saúde. Estados de psicologia (Natal), 5(1), 95-121.
Guizardi. F. L.. & Pinheiro. R. (2004). Cuidado e integralidade: por uma
genealogia de saberes e práticas no cotidiano. In: R. Pinheiro & R. A.
Mattos. (Orgs.). Cuidado: as fronteiras da integralidade (Vol. 1). (pp.
21-36). Rio de Janeiro: Hucitec.
Latour. B. (2000). Ciência em ação. São Paulo: Editora UNESP.
Latour. B., & Woolgar. S. (1997). A vida de laboratório: a produção dos
fatos científicos. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.
Marcon. C„ Luna. I. J., & Lisboa, M. L. (2004). O psicólogo nas
instituições hospitalares: características e desafios. Psicologia: ciência e
profissão. 24(1), 28-35.
Paim, J. S., & Almeida Filho, N. (1998). Saúde coletiva: uma "nova
saúde pública” ou campo aberto a novos paradigmas?. Revista de Saúde
Pública, 32(4), 299-316.
Santos. B. S. (2004). A universidade no século XXI: para uma reforma
democrática e emancipatória da universidade. São Paulo: Cortez.
Santos. B. S. (2006). A Gramática do tempo: para uma nova cultura
política. São Paulo, Cortez.
Souza, A. M.. Cabrit, E. C., Costa, E.. Koda. M. Y„ & Ramalho, S. A.
(2004). O acompanhamento terapêutico: uma estratégia de reabilitação
psicossocial. Psicologia revista, 13(2), 89-96.
Spink. M. J. P. (Org.). (1999). Práticas discursivas e produção de
sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. São
Paulo: Cortez.
Spink. M. J. P., & Medrado. B. (1999). Produção de sentidos no
cotidiano: uma abordagem tcórico-metodológica para análise das
práticas discursivas. In M. J. P. Spink (Org.). Práticas Discursivas e
Produção de Sentidos no Cotidiano: Aproximações Teóricas e
Metodológicas (pp. 41-61). São Paulo: Cortez.
Spink, M. J. P., Menegon, V. M., Bernardes, J. S., & Coêlho. A. E. L. (no
prelo). The language of risk in Psychology: a social constructionist
analysis of a psychological database. Revista Interamericana de
Psicologia, 41(2).
Capítulo 7
seis.
2 (1) Temas-foco: (2) População (crianças, adolescentes etc.): (3) Formas de atuação:
(4) Abordagens teóricas/conceitos; (5) Tipos de atenção à saúde: (6) Locais de atuação:
(7) Programas; (8) Formação e (9) Aspectos éticos-políticos decorrentes da proposta
do SUS.
Partimos do pressuposto de que as dimensões analisadoras
não existem no vazio e, no caso dos temas-foco, buscamos situa-
los ao longo do tempo, pois são repertórios linguísticos que
remetem a determinadas matrizes (conceitos, teorias, crenças,
valores, práticas, posicionamentos variados, sentidos, atitudes).
Como discute o filósofo canadense Ian Hacking (2000), ao
problematizar a construção social do conhecimento, nossas práti-
cas discursivas habitam e se interconectam em campos relacionais,
inseridos em determinados cenários sociais e históricos. Para esse
autor, todos os componentes de uma matriz são coisas sociais,
uma vez que os sentidos a eles atribuídos é o que conta. Mas
essas coisas em sua mais absoluta materialidade fazem diferen-
ça na vida das pessoas e na constituição de campos relacionais,
onde se engendram os diferentes domínios de saber e de fazer.
Essa noção de matriz implica movimento e seus elementos se
formatam em campos constituídos por materialidades, tais como:
falas, textos, corpos, emoções, imagens, relações de poder, insti-
tuições, organizações, comunidades, tecnologias, arquitetura e tudo
o que compõe o social.
No que diz respeito às materialidades do cenário social em
Psicologia, nosso argumento é que a sistematização, publicação e
circulação de conhecimento produzido na academia e nos servi-
ços de saúde são materialidades que tanto retratam como
constituem esses saberes e fazeres. Apesar de na publicação e
circulação de saberes, as práticas discursivas ocuparem posição
nuclear, outras materialidades estão inscritas nessas formações
discursivas, tais como: diretrizes curriculares que sustentam a for-
mação de psicólogos (quais as áreas de concentração que são
enfatizadas e disponibilizadas); oferta e demanda de mercado;
acesso à participação em eventos científicos (congressos, semi-
nários etc.); as materialidades que envolvem a publicação de artigos
e ou livros (discutida no Capítulo seis) e políticas públicas que
viabilizem, ou não, a inserção da Psicologia no sistema público de
saúde. Em síntese, a publicação de um artigo ou de um livro é
uma forma de sistematizar conhecimentos, servindo a propósitos
variados, dentre eles: subsídio para formação; compartilhamento
de experiências; forma de provocar ou propor rupturas, além de
ser indicativo de produção, como ocorre com o sistema de Cole-
ta CAPES.
Tendo em vista a trajetória histórica da inserção da Psico-
logia na área da Saúde e o objetivo deste capítulo, observamos
três períodos para discutir a produção bibliográfica de artigos:
período de inserção incipiente da Psicologia no serviço de saúde
pública (1955-1984); período de transição na inserção da Psico-
logia no serviço de saúde pública (1985-1994) e a fase mais atual,
período de inserção plena da Psicologia no SUS (1995-2006).
¹ Em Cuba essa inserção ocorreu na década de 1960 e nos Estados Unidos em 1970.
Tabela 1: Temas-foco dos artigos no período 1955-1984
5. Considerações finais
Tomando como base a análise das referências de artigos pu-
blicados em periódicos brasileiros, no período de 1955 a 2006.
que discutem Psicologia e Saúde, mapeamos a trajetória de inser-
ção da Psicologia no sistema público de saúde. Trabalhamos essa
trajetória a partir de três grandes períodos: período de inserção
incipiente da Psicologia no serviço público de saúde (1955-1984);
período de transição da inserção da Psicologia no serviço público
de saúde (1985-1994) e período de inserção plena da Psicologia
no Sistema Único de Saúde - SUS (1995-2006). Para tanto, nos
guiamos pelos temas-foco identificados nas publicações de perió-
dicos, indexados nas bases de dados pesquisadas (BVS-PSI e
LILACS), perfazendo um total de 993 referências de artigos.
A análise dos títulos e dos resumos das referências, que foram
categorizadas em 82 temas-foco, ao longo dos três períodos, mos-
trou um movimento crescente da inserção da Psicologia no sistema
público de saúde, representado pelo Sistema Único Brasileiro
(SUS), após 1988.
No período de inserção incipiente, como a própria nomea-
ção indica, a publicação de artigos discutindo essa vinculação foi
bastante tímida. Por exemplo, no caso do tema-foco Prática Clí-
nica/Clínica/Métodos Clínicos, o eixo de discussões nesse período
pauta-se mais pela compreensão intrapsíquica do processo saú-
de e doença - não identificamos artigos orientados para a prática
clínica em serviço público de saúde, ou alinhada a uma compre-
ensão mais ampla de saúde. Apesar de já existirem psicólogos
atuando em instituições públicas de saúde, também não encontra-
mos referências sobre a formação de psicólogos para atuarem na
Saúde e nos serviços públicos.
Todavia, o tema-foco Prática Profissional, uma dimensão
analisadora mais ampla, além agregar práticas tradicionais da clíni-
ca psicológica, já inclui artigos que apontam os desafios da ainda
incipiente inserção da Psicologia no sistema público de saúde. Al-
gumas discussões teóricas também problematizam o modelo
biomédico e curativo, propondo um modelo psicológico mais vol-
tado à educação e reeducação, incluindo-se aí elementos da matriz
da luta antimanicomial. Nas discussões teóricas, observamos a in-
clusão do conceito de interdisciplinaridade, integrando-se à matriz
de conceitos que propiciam uma visão ampliada de saúde e doen-
ça, porém, ainda restrita à esfera hospitalar nesse período.
Ao avançarmos para o período de transição da inserção da
Psicologia no serviço público de saúde, encontramos vários exem-
plos que indicam rupturas com modelos clássicos da Psicologia,
discutindo a inserção não apenas em instituições públicas de saúde,
mas também enfocando saúde na comunidade, no trabalho e na
escola. Salientam a inclusão de aspectos sociais e culturais nos pro-
cessos de saúde e de doença, além dos biológicos e psicológicos.
Nesse período de transição, portanto, as práticas já mostram
inserções em outros contextos sociais e discutem a formação do
psicólogo para atuar no contexto hospitalar; o enfoque na preven-
ção de doenças e na promoção da saúde começa a se fazer presente,
mas ainda de maneira limitada. Caracteriza-se, assim, como um
período de fortalecimento da multidisciplinaridade, com estudos que
ultrapassam os limites da interdisciplinaridade. incluindo o saber leigo
de usuários dos serviços de saúde, para compreender os proces-
sos de saúde e de adoecimento.
No último período, que nomeamos de período de inserção
plena da Psicologia no Sistema Único de Saúde (1995-2006), as
três temáticas que apresentam as maiores frequências no terceiro
período ocupam também os três primeiros lugares na soma total
dos três períodos analisados: Prática profissional (N=115),
Formação profissional (N=104) e Prática clínica/Clínica/Mé-
todos clínicos (N=95), seguida por Reflexões Teóricas e
Metodológicas (N=60). O destaque desses temas ao longo do
período analisado, principalmente a partir do final da década de
1980, reflete os esforços de adequação e busca de novos cami-
nhos para a organização dos serviços no campo da Saúde,
principalmente após a criação do SUS, referendado pela Consti-
tuição Brasileira de 1988.
Desse último período, destacamos as reflexões que enrique-
cem a constituição do campo da Psicologia da Saúde, que foi
gestada no primeiro período (inserção incipiente), considerando
aqui a interface entre Psicologia Hospitalar e Psicologia da Saúde,
definindo alguns contornos no período de transição e avançando na
sistematização teórica e conceituai no período de inserção plena.
Por outro lado, observamos que um dos grandes desafios está
na formação voltada à inserção do Psicólogo na rede básica de
saúde, principalmente quando consideramos a necessidade de de-
senvolver práticas que sejam dinâmicas, processuais e dialógicas,
pautadas pelo princípio de integralidade, que como discute Mattos
(2001), seja compreendida como processual e coletiva, não se li-
mitando às atitudes individuais de profissionais da saúde.
Em síntese, apesar de todos os problemas e desafios que ain-
da se fazem presentes, como por exemplo, a necessidade de ampliar
as produções que sistematizem o dialogo da Psicologia com o SUS,
ao final dos três períodos analisados, nós visualizamos uma presen-
ça mais consolidada da Psicologia em diferentes esferas do
atendimento público à saúde. Todavia, considerando as diferenças
regionais do Brasil, com suas desigualdades de acesso aos serviços
de saúde, muitas vezes agravadas por políticas locais, fica patente
que o sentido de inserção plena não se aplica para todas as regiões,
em especial, quando se trata da inserção da Psicologia na rede
básica de saúde, uma vez que, na rede hospitalar, essa vinculação
mostra-se um pouco mais sedimentada.
Referências Bibliográficas
Araújo, M. de F. (1995). Reflexões sobre o papel social e político do
profissional de psicologia. Perfil: Boletim de Psicologia, 8, 33-39.
Arcaro, N. T., & Mejias, N. P. (1990). A evolução da assistência
psicológica e em saúde mental: do individual para o comunitário.
Psicologia: Teoria e Pesquisa, 6(3), 251-266.
Arruda, A. M. S. (1985). A representação social da saúde num bairro de
baixa renda de Campina Grande, Paraíba. Revista de Psicologia, 3(1),
49-61.
Arruda, E. (1972). Antidiagnóstico e antipsiquiatria. Arquivos
Brasileiros de Psicologia Aplicada, 4(4), 55-68.
Barreto. A. B.. Souza, E. F. A. de. Souza, M. O. P. de. Josua. M. R.. & Leite,
S. C. C.T. (1980). Uma pequena amostra do que faz o psicólogo em
instituições médicas. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 32(3), 159-175.
Barros, T. M. de. (1999). Psicologia clínica e da saúde: reflexões sobre a
interdisciplinaridade. Aletheia, 10, 115-120.
Bianco, A. C. L.. Bastos. A. V. B„ Nunes. M. L T„ & Silva, R. C. da
(1994). Concepções e atividades emergentes na Psicologia Clínica:
implicações para a formação. In Conselho Federal de Psicologia (Ed.),
Psicólogo brasileiro: práticas emergentes e desafios para a formação
(pp.17-100). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Bicudo, V. L. (1960). Contribuição da psicologia à higiene mental no
lar. Perfil: Boletim de Psicologia. 72(39/40). 51-65.
Boarini, M. L. (1988). Estágio em posto de saúde: prática reflexão.
Psicologia Ciência e Profissão, 8( 1), 27-30.
Boruchovitch. E.. & Mednick. B. R. (2002). O significado da saúde e
doença: algumas considerações para a psicologia da saúde. Psicologia —
USF, 7(2), 175-183.
Botome, S. P., & Rosenburg, C. P. (1975). Participação de psicólogos em
administração de recursos de saúde publica: análise de uma experiência.
Psicologia, 7(3), 1-25.
Burin, C. M. (1984). Diagnóstico institucional: um enfoque teórico
prático com vias a uma intervenção do psicólogo na escola. Psico, 8( 1),
76-100.
Caloba, E. M. (1980). A prevenção dentro de uma instituição hospitalar
infantil. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 32(1). 466-469.
Carvalho, M. J. C. de (2000). Considerações sobre psicologia hospitalar
e identidade profissional. Psikhe, 5(1), 24-31.
Cavalcanti, M. L.T. 1999. Estudo descritivo dos registros de violência
doméstica no Conselho Tutelar de Niterói. Cadernos de Saúde Coletiva,
7(1), 99-123.
Cenci, C. M. B. (2004). Depressão e contexto de trabalho. Aletheia. 19, 31-44.
Corrêa. M„ & Loyola, M. A. (1999). Novas tecnologias reprodutivas:
novas estratégias de reprodução? Physis, 9( 1), 209-234.
Dimenstein, M. D. B (1998). O psicólogo nas Unidades Básicas de
Saúde: desafios para a formação e atuação profissional. Estudos de
Psicologia, 3(1), 53-81.
Edelweiss. M. L. (1955). O psicanalista como testemunha. Revista de
Psicologia Normal e Patológica, 7(3/4), 439-448.
Ferrari. I. F. (1993). Residência: uma nova opção em Psicologia.
Cadernos de Psicologia, 1(1), 27-30.
Figueiredo, M. A. & Marcos. M. (1997). A representação social da AIDS
junto à comunidade: subsídios para o atendimento psicossocial do
paciente HIV. DST Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente
Transmissíveis, 9(4), 8-14.
Franco, A. L. e S., & Bastos, A. C. de S. (2002). Um olhar sobre o
programa de saúde da família: a perspectiva ecológica na psicologia do
desenvolvimento segundo Bronfenbrenner e o modelo da vigilância da
saúde. Psicologia em Estudo, 7(2), 65-72.
Garcia, V. L. (1975). Psicologia preventiva: uma experiência na cidade
do Rio de Janeiro. Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada, 27(2), 48-
55.
Ginsberg, A. (1960). Contribuições da psicologia à higiene mental nos
processos de ajustamento social: a adaptação dos imigrantes ao novo
meio como problema de higiene mental. Peifil: Boletim de Psicologia,
72(39/40), 39-49.
Gutierrez, P. R. (1992). Municipalização: uma proposta metodológica
para implantação de vigilância à saúde do trabalhador. Saúde em
Debate, 37, 51-55.
Hacking, I. (2000). Why Ask What? In I. Hacking. The Social
Construction ofWhat? First (pp. 1-34). Harvard University Press.
Hamasaki, E. I. de M., & Kerbauy. R. R. (1993). Conceito de saúde
psicológica na perspectiva de psicólogos, médicos e leigos. Estudos em
Psicologia, 10( I), 37-52.
Justo, H. (1980). Modelo médico e modelo psicológico. Psico,I(2), 5-10.
Luzio, C. A., Reis, J. R. T.. & Mattioli, O. C. (1990). Saúde mental: o
desenvolvimento de um programa em saúde pública. Perfil: Boletim de
Psicologia, 3, 39-49.
MacLachlan, M. (2001). Cultivating Health. In M. MacLachlan (Ed.).
Cultivating health: cultural perspectives on promoting health.
(pp. 1-12). New York: John Wiley & Sons. Ltd.
Mansanera, A. R„ & Silva, L. C. (2000). A influência das idéias
higienistas no desenvolvimento da psicologia no Brasil. Psicologia em
Estudo, 5(1), 115-137.
Marques, V. R. B., Salemo, V. L., & Gil, T. B. (1992). O programa de
saúde do trabalhador no município de Campinas. Saúde em Debate,
34, 17-24.
Mattos, R. A de. (2001). Os sentidos da integralidade: algumas reflexõe
acerca de valores que merecem ser defendidos. In R. Pinheiro & R. A. de
Mattos (Eds). Os sentidos da integralidade na atenção e no cuidado à
saúde. (pp. 39-64). Rio de Janeiro: UERJ. IMS: ABRASCO.
Mejias, N. P. (1984). O psicólogo, a saúde pública e o esforço
preventivo. Revista de Saúde Pública, 18(2), 155-61.
Mejias, N. P. (1995). A atuação do psicólogo: da clínica para a
comunidade. Cadernos de Psicologia, I, 33-43.
Merchán-Hamann, E. (1999). Os ensinos da educação para a saúde
prevenção de HIV-AIDS: subsídios teóricos para a construção de uma
práxis integral. Cadernos de Saúde Pública, /5(supl. 2), 85-92.
Merthy, E. E, & Queiroz, M. S. (1993). Saúde Pública, Rede Básica e
Sistema de Saúde Brasileiro. Cadernos de Saúde Pública, 9(2), 177-
Minayo. M. C. de S.. & Souza, E. R. de. (1998). Violência e saúde co
um campo interdisciplinar e de ação coletiva. Hist. ciênc. saúde-
Manguinhos, 4(3), 513-31.
Morato, H. T. P. (1996). Supervisão na formação de psicólogos: um
recorte para a problematização das relações entre teoria e prática em
psicologia clínica. Boletim de Psicologia, 46(105), 31-44.
Moura, L. de, & Jacquemin, A.(1991). Aspectos psicossociais da
síndrome da imunodeficiência adquirida. Revista de Saúde Pública,
25(2), 159-162.
Murray, M. (2000). Reconstructing Health Psychology: An Introduction
Journal of Health Psychology, 5(3), p. 267-271.
Muylaert, M. A. (1990). O psicólogo no hospital geral: os poros da
medicina. Perfil: Boletim de Psicologia, 3, 67-74.
Ogata. M. N„ & Pedrino. H. C. (2004). Saúde, doença e enfermagem:
suas representações sociais para estudantes de enfermagem. Revista <
Ciências Médicas, 13(2), 105-114.
Oliveira. I. F.de, Dantas, C. M. B., Costa, A. L. F., Silva, F. L.. Alverg;
R. de. Carvalho, D. B. de, & Yamamoto, O. H. (2004). O psicólogo na
unidades básicas de saúde: formação acadêmica e prática profissions
Interações Estudos e Pesquisas em Psicologia, 9(17), 71-89.
Ombretta, R. (2005). Conhecimento, interdisciplinaridade e psicologo
ambiental. Psicologia - USP, 16( 1/2), 167-178.
Orsatti, E. R. (1989). O Psicólogo na Instituição de Saúde Publica:
Realidade Versus Formação. Revista Brasileira de Pesquisa em
Psicologia, 1(2), 84-85.
Pereira, S. L. de M. (1975). A formação profissional dos psicólogos:
apontamentos para um estudo. Psicologia, 1(1), 15-20.
Pereira, W. C. C. (1994). O que fazer pela saúde dentro de uma favela?
Revista Psicologia Plural, 8, 13-17.
Perisse, P. M. (1985). Psicologia da saúde: novos horizontes para a
pesquisa e prática psicológica. Arquivos Brasileiros de Psicologia,
37(3), 112-121.
Pessini, L., & Barchifontaine, C. P. (2000). Problemas atuais de
bioética. São Paulo: Loyola.
Prette, A. D.. & Prette. Z. D. (1984). A atuação do psicólogo em hospitais
gerais: perspectivas a serem consideradas e relato de uma experiência.
Revista de Psicologia, 2( 1), 3-9.
Ramos-Cerqueira, A. T. de A. (1994). Interdisciplinaridade e psicologia
na área da saúde. Temas em Psicologia, 3, 37-42.
Reis, J. R. T. (1994). Psicoterapia na rede pública de saúde. Temas em
Psicologia, 2, 177-188.
Remor, E. A. (1999). Psicologia da saúde: apresentação, origens e
perspectivas. Psico, 30( 1), 205-217.
Ribeiro. D. P. de S. A. (1996). Prevenção em saúde mental: a atuação
profissional do psicólogo clínico no nível de atenção primária em saúde
pública. Perfil: Boletim de Psicologia, 9, 99-100.
Ribeiro, E. M. (1996). A psicologia no hospital: a psico oncologia como
possibilidade de intervenção com o paciente, sua família e a equipe
cuidadora. Estudos em Psicologia, 7(2), 253-262.
Ribeiro, C. G., Castanha, A. R, Coutinho, M. P. L„ & Saldanha, A. A. W.
(2005). A AIDS e suas contradições: representações sociais de seu
atendimento e tratamento pelos profissionais e pacientes. DST Jornal
Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis, 77(2), 127-132.
Rosa, A. (1980). Aproveitamento de psicólogos no serviço público.
Psicologia em Curso, 7, 23-24.
Santos, A. de L. M, & Vilhena, J. de (2000). Clínica em comunidades:
um desafio contemporâneo. Tempo Psicanálise, 32, 9-35.
Schechtman, A. (1981). Análise da política de saúde mental. Psicologia
em Curso, 8, 33-40.
Sebastiani, R. W. (2000). Histórico e evolução da Psicologia da Saúde
numa perspectiva Latina-america. In V. A. Angerami-Camon (Ed.),
Psicologia da Saúde: um novo significado para a prática clínica
(pp. 201-222). São Paulo: Pioneira.
Silva, J. M. (1983). Aspectos terapêuticos das técnicas de dinâmica de
grupo. Psicologia em Curso, 10, 34-38.
Silva, S. A. F. R. da. (1988). Produção da saúde e da doença em
ambulatórios públicos: considerações primeiras. Perfil: Boletim de
Psicologia. 7( 1), 38-46.
Silvares, E. F. de M. (1993). O papel preventivo das clínicas-escola de
psicologia em seu atendimento a crianças. Temas em Psicologia, 2, 87-97.
Silvares, E. F, & Melo, M.. H. S. (2000). A psicologia clínica e os
programas preventivos de intervenção comunitária. Boletim de
Psicologia, 50(113), 85-97.
Traverso-Yépez, M. (2001). A interface psicologia social e saúde:
perspectiva e desafios. Psicologia em Estudo, 6(2), 49-56.
Spink, M. J. (2003). Psicologia Social e Saúde: práticas, saberes e
sentidos. Petrópolis: Vozes.
Spink, M. J. (2006, setembro). Contribuições da Psicologia para
avançar o SUS. Trabalho apresentado no I Fórum Regional de
Psicologia e Saúde Pública, Porto Alegre, RS.
Spink. M. J„ Bernardes. J. S„ & Menegon. V.S.M. (2006). A Psicologia
em diálogo com o SUS: prática profissional e produção acadêmica.
(Relatório de pesquisa). Disponível em: www.bvs-psi.org.br
Tepe, W. F. (1961). O conceito do normal em psicologia e a
psicoterapia. Revista de Psicologia Normal e Patológica, 7(4), 646-662.
Torres. W. da C. (2003). A bioética e a psicologia da saúde: reflexões
sobre questões de vida e morte. Psicologia: Reflexão e Critica, 16(3),
475-482.
Vasconcelos, E. M. (1986). Psicologia Comunitária: uma proposta
realmente polêmica. Caderno de Psicologia, 3(2), 133-138.
Velloso, E. D. (1976). Supervisão de psicólogos no campo da saúde
mental. Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada, 28(2), 117-127.
Winge, M. S., D'Avila Neto, M. I., 1976. Desenvolvimento de um
programa de psicologia preventiva na comunidade: uma experiência de
ensino aplicado na Universidade de Brasília. Arquivos Brasileiros de
Psicologia Aplicada, 28( l):69-82. 1976.
Wolf, S. M. R., & Ribeiro, C. (1989). A reciclagem do psicólogo para a
atuação na saúde pública. Perfil: Boletim de Psicologia, 2(2), 6-10.
Capítulo 8
de avaliação que parte de formas a priori (critério moral), para adotar um critério ético"
(p. 250).
Desde a implantação do SUS em 1990, o campo da Saúde Pú-
blica no Brasil tem vivido inúmeras transformações. Em se tratando de
uma política pública que visa, acima de tudo, à construção da demo-
cracia, à redução das desigualdades e à inclusão social, se reconhece
que o SUS é bem mais do que um arranjo institucional, e sim, um
“projeto civilizatório que pretende produzir mudanças dos valores
prevalentes na sociedade brasileira, tendo a saúde como eixo de trans-
formação" (Fórum da Reforma Sanitária Brasileira 2006). Para tanto,
tem havido nesses anos uma forte mobilização de vários setores no
sentido de criar condições e mecanismos propícios à consolidação de
seus princípios e ao alcance de um sistema universal, humanizado e de
qualidade.
Atualmente, o HumanizaSUS apresenta-se como uma des-
sas estratégias para alcançar uma maior qualificação da atenção e
da gestão em saúde no SUS. É uma política nacional que opera
transversalmente em todos os níveis do sistema fugindo da lógica
tradicional e burocrática baseada em programas, e que tem na
humanização o eixo norteador das práticas de atenção e gestão em
todas as esferas do SUS. Trata-se, portanto, de uma tentativa de
fazer avançar questões que até hoje se apresentam como proble-
mas de difícil abordagem, tal como atesta a vasta produção
bibliográfica produzida no campo da Saúde Coletiva, dentre as quais
se situam:
' Termo usado por Paulon (2005) que entende a pesquisa como uma instituição, dessa
forma, como algo entrelaçado por uma série de implicações (seja de ordem de quem
realiza, onde se realiza, de quem encomenda e das demandas culturais, sociais e
históricas que configuram sua realização, ou das implicações epistemológicas.
ontológicas e metodológicas e implicações da escrita e divulgação) que precisam ser
analisadas.
estabelecido a forma usual de vivermos no meio acadêmico sob a
fantasmagoria de pensamentos e conhecimentos estáticos e imó-
veis que apenas representam uma determinada forma de perceber
e narrar a cotidianidade da vida. Entretanto, a intenção dessa dis-
cussão é corroborar com Maraschin (2004) quando assinala “a
pesquisa como potência instituinte, ou seja, virtualmente capaz de
desestabilizar modos de ação já recorrentes” (p. 99), cujos efei
tos podem ser pensados para além dos limites da pesquisa em
seu sentido estrito.
Deleuze e Guattari (1992) alertam para a necessidade de
problematizarmos as perguntas e os problemas que se têm edificado
a partir do modelo da filosofia da representação e da repetição, e
de como ainda e a partir disso, têm-se produzido políticas de exis-
tências engendradas a partir das “verdades" que pululam das
engrenagens desta máquina “instituição-pesquisa”. Que modos de
subjetivação tais práticas de pesquisa produzem? Que crenças e
valores atravessam tais práticas? Que conceitos são produzidos e
tomados como a-históricos e/ou neutros? Que idéias são veicula-
das com poder de produzir subjetividades, exclusão etc.?
Em tempos de políticas neoliberais a universidade tem sido
cada vez mais atravessada pela lógica de mercado e por suas
palavras de ordem: produtividade, competência, autonomia e
competitividade (Rocha & Rocha, 2004), que estimulam a
mercantilização da produção do conhecimento. Essa nova
racionalidade presente no ensino superior tem gerado, dentre ou-
tros problemas, a sobrecarga de trabalho, capacidade criativa
obstaculizada e “a produção na direção da manutenção de situa
ções que produzem a inércia, a reprodução e a mesmice” (Bedran.
2003, p. 25). Esses dois níveis misturam-se de forma a minar
nossa confiança em perseguir uma dimensão criadora no nosso
fazer cotidiano.
A Psicologia está atravessada por isso e precisa buscar vias
de renovação, principalmente na sua articulação com o SUS. Como
diz Bernardes (2006), enfrentar os reducionismos psicologicista,
individualizante e objetificador, o modelo liberal de atuação, a
racionalidade biomédica, enfim, os fundamentalismos presentes na
formação do psicólogo, são passos essenciais nesse processo. Não
avançaremos limitando as mudanças à troca de disciplinas sem que
se estabeleça uma relação visceral entre a proposta político-peda-
gógica dos cursos/diretrizes curriculares com as políticas públicas,
sem que se mude o modo como nos constituímos profissionais de
saúde. Nesse sentido, temos uma parcela considerável de respon-
sabilidade na sustentabilidade da política pública brasileira em saúde
e a produção científica é um instrumento que pode nos ajudar a
“recuperar zonas vitais de resistência” (Bedran, 2003, p. 109).
Referências Bibliográficas
Almeida, M., Feuerwerker, L., & Llanos, M. (Orgs). (1999). Educação
dos profissionais de saúde na América Latina: teoria e prática de um
movimento de mudança. São Paulo: Hucitec: Buenos Aires: Lugar
Editorial; Londrina: Ed. UEL.
Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva/ABRASCO.
(2006). Informativo da Associação Brasileira de Pós-Graduação em
Saúde Coletiva. Edição especial do XI Congresso Mundial de Saúde
Pública e VIII Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. Ano XXIII,
outubro, número 97.
Associação Brasileira de Ensino em Psicologia/ABEP. (2006). A
presença qualificada no SUS como um desafio para a Psicologia:
propostas da oficina nacional da ABEP. Brasília: Ministério da Saúde/
Ministério da Educação/Organização Pan-americana de Saúde.
Barros, M. E. B. (2000). Procurando outros paradigmas para a educação.
Educ. Soc., 21(72), 32-42.
Barros, M. E. B.; & Lucero, N. A. (2005). A pesquisa em Psicologia:
construindo outros planos de análise. Psicologia & Sociedade, 17(2), 7-13.
Benevides, R. (2005). A Psicologia e o Sistema Único de Saúde: quais
interfaces? Psicologia & Sociedade: 17(2), 21-25.
Bedran, P. M. (2003). Produção na Universidade: diário de uma
micropolítica. Belo Horizonte: PUC Minas.
Bemardes. J. (2006). Formação generalista em Psicologia e Sistema
Único de Saúde. In Conselho Federal de Psicologia. / Fórum Nacional
de Psicologia e Saúde Pública: contribuições técnicas e políticas para
avançar o SUS (pp. 17-40). Brasília: Editor.
Camargo-Borges, C., & Cardoso, C. L. (2005). A Psicologia e a
estratégia saúde da família: compondo saberes e fazeres. Psicologia &
Sociedade; 17(2), 26-32.
Deleuze, G., & Guattari, F. (1992). O que é a Filosofia. Rio dc Janeiro: Ed. 34.
Dimenstein, M. (1988). O psicólogo nas Unidades Básicas de Saúde:
desafios para a formação e atuação profissionais. Estudos de Psicologia,
3(1), 53-81.
Dimenstein, M. (2000). A cultura profissional do psicólogo e o ideário
individualista: implicações para a prática no campo da assistência
pública à saúde. Estudos de Psicologia, 5(1), 95-121.
Dimenstein. M. (2004). A reorientação da atenção em saúde mental:
sobre a qualidade e a humanização da assistência. Psicologia, Ciência e
Profissão, 24(4), 112-117.
Fórum da Reforma Sanitária Brasileira. (2006). O SUS pra valer:
universal, humanizado e de qualidade. Recuperado em 19 jan. 2007:
http://www.abrasco.org.br/publicacoes/arquivos/20060712143044.pdf
Foucault, M. (1979). Microfísica do Poder. Rio dc Janeiro: Graal.
Franco. A., & Mota. E. (2003). Distribuição e atuação dos psicólogos em
unidades públicas de saúde no Brasil. Psicologia, Ciência e Profissão,
23(3), 50-59.
Freire, P. (1998). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à
prática educativa. São Paulo: Paz e Terra.
Lima, M. (2005). Atuação Psicológica coletiva: uma trajetória
profissional em uma Unidade Básica de Saúde. Psicologia em Estudo,
10(3), 431-440.
Maraschin, C. (2004). Pesquisar e Intervir. Psicologia & Sociedade,
16(1), 98-107.
Ministério da Saúde. (2004). HumanizaSUS: Documento base para
gestores e trabalhadores do SUS. Recuperado em 19 jan. 2007: http://
www.saude.gov.br/humanizasus
Parente, A. (2000). Narrativa e Modernidade: os cinemas não
narrativos do pós-guerra. Campinas: Papirus.
Paulon, S. M. (2005). A análise de implicação com ferramenta na
pesquisa-intervenção. Psicologia & Sociedade, 17(3), 18-25.
Rocha, M. L., & Rocha, D. (2004). Produção de conhecimento, práticas
mercantilistas e novos modos de subjetivação. Psicologia & Sociedade,
16(1), 13-36.
Rolnik, S. (1993). Despedir-se do Absoluto. Cadernos de Subjetividade,
1(1), 244-256.
Silva, A. O. (2003). Os intelectuais diante do mundo: engajamento e
responsabilidade. Revista Espaço Acadêmico, 29. Recuperado em 19
jan. 2007: http://www.espacoacademico.com.br/029/29pol.htm
Sobre os autores e as autoras
Liliana Santos
Psicóloga; mestre em Psicologia pela Universi-
dade Federal do Paraná. Consultora Técnica do
Departamento de Gestão e da Regulação do
Trabalho em Saúde - Ministério da Saúde. Atu-
ação junto ao SUS desde 1997 nos campos da
atenção básica, gestão, educação em saúde e controle social. E-
mail: lilianapsico@gmail.com
Magda Dimenstein
Psicóloga; mestre em Psicologia Clínica pela
PUC/RJ. Doutora em Ciências da Saúde (com
ênfase em Saúde Mental) pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Professora adjunta
do Departamento de Psicologia e do Programa
de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN). Área de atuação: Saúde Mental nos
temas: inserção do psicólogo no SUS; reforma psiquiátrica e sobre
a produção de
subjetividade na contemporaneidade.
E-mail: magdad@uol.com.br