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ESTUDO TÉCNICO PARA CRIAÇÃO

DA ÁREA DE PROTEÇÃO
AMBIENTAL DO ECOSSISTEMA
MARINHO DA BAÍA DE SEPETIBA

- Rio de Janeiro, Mangaratiba e Itaguaí -

Rio de Janeiro, 2009


S U M Á R IO

1. INTRODUÇÃO

2. LOCALIZAÇÃO E ACESSOS

3. DESIGNAÇÃO E DEFINIÇÕES BÁSICAS


3.1 DESIGNAÇÃO
3.2. CLASSIFICAÇÃO

4. SINOPSE DA ÁREA E ENTORNO


4.1. LIMITES PROPOSTOS
4.2. CARACTERÍSTICAS NATURAIS E BALANÇO DOS IMPACTOS
4.3. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA, USOS E PRINCIPAIS USUÁRIOS
4.4. TENDÊNCIAS
4.5. AÇÕES ANTERIORES
4.6. AÇÕES EM EXECUÇÃO (2007- dias atuais)

5. JUSTIFICATIVAS PARA CRIAÇÃO DA APA

6. DIRETRIZES PARA IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXO

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE O ECOSSISTEMA DA BAÍA DE SEPETIBA

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1. INTRODUÇÃO

O ecossistema marinho da Baía de Sepetiba é um dos maiores ativos ambientais e econômicos do


Estado do Rio de Janeiro, sendo responsável pela geração de milhares de empregos em diversos
setores como turismo, recreação, pesca, transporte marítimo e terrestre, indústria naval e portos.
Todavia, nas últimas décadas, a degradação e os conflitos entre os usuários da baía vêm se acirrando,
com risco de sérias consequências ambientais e sócio-econômicas.

Deste modo, faz-se necessário dotar a Baía de Sepetiba de um novo instrumento de gestão, com o
objetivo de proporcionar, no futuro, o uso múltiplo, sustentado, do ecossistema, o que resultará na
geração de emprego e renda, melhoria das condições de lazer, exploração turística, navegação,
manutenção da biodiversidade e desenvolvimento da pesca. É neste âmbito que se propõe transformar
a Baía de Sepetiba em uma Área de Proteção Ambiental (APA), decisão que possibilitará ao Estado
assumir e liderar a gestão do ecossistema de forma mais eficiente, mediar e solucionar conflitos e
retomar ações integradas para recuperação e manutenção da integridade ecológica da baía.

Ciente do enorme potencial econômico e ambiental da Baía de Sepetiba, a Constituição do Estado


declarou-a como “Área de Relevante Interesse Ecológico”, sinalizando claramente a necessidade de
um tipo de gestão especial de seu espaço geográfico.

A implantação da APA alinha-se aos compromissos internacionais do Brasil de proteger as zonas


costeiras conforme especificado na Convenção de Montego Bay.

O presente documento, elaborado pelo Instituto Estadual do Ambiente – Inea –, apresenta as


justificativas para criação da APA da Baía de Sepetiba, e os procedimentos básicos para sua
implantação e operação.
o
Atende, ainda, o § 2 do art. 22 da Lei Federal 9985 de 18 de julho de 2000, que estabelece: “a criação
de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública que
permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade”.

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2. LOCALIZAÇÃO E ACESSOS

A Área de Proteção Ambiental proposta abrange a Baía de Sepetiba e o litoral dos municípios do Rio
de Janeiro (Zona Oeste), Itaguaí e Mangaratiba, além da restinga de Marambaia.

3. DESIGNAÇÃO E DEFINIÇÕES BÁSICAS

3.1 DESIGNAÇÃO

A denominação adotada é Área de Proteção Ambiental da Baía de Sepetiba, por refletir o


ecossistema principal que se quer proteger, além de fazer referência à localidade.

3.2. CLASSIFICAÇÃO

APA é classificada como uma categoria de unidade de conservação de uso sustentável pela Lei
Federal nº 9.985 de 18/07/00, conhecida como “Lei do SNUC” (Sistema Nacional de Unidades de
Conservação).

Definição de APA pela Lei do SNUC:

Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área, em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de
atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar
das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de
ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

§ 1o A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou privadas.

§ 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma
propriedade privada, localizada em uma Área de Proteção Ambiental.

§ 3o As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas sob domínio público serão
estabelecidas pelo órgão gestor da unidade.

§ 4o Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para pesquisa e visitação pelo
público, observadas as exigências e restrições legais.

§ 5o A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho, presidido pelo órgão responsável por sua administração e
constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente,
conforme se dispuser no regulamento desta Lei.

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4. SINOPSE DA ÁREA E ENTORNO

4.1. LIMITES PROPOSTOS

A definição preliminar dos limites do Parque proposto seguiu os seguintes critérios:

• Ater-se a proteção do ecossistema marinho e o litoral imediato, evitando avançar em terras


costeiras;
• Incluir todos os manguezais e ilhas;
• Limites facilmente visíveis em campo;

Limite proposto:

Tem como início a ponta do Jacaré, a leste da Vila de Conceição de Jacareí (Mangaratiba) onde está o
Condomínio Porto Real, contornando a ponta pela face leste, e, adentrando o continente em linha reta
rumo norte até encontrar a Estrada BR 101; seguindo por esta, sinuosamente, no rumo geral leste por
um longo trecho até o encontro da projeção da Avenida Rio de Janeiro, na cidade de Mangaratiba, junto
a foz do rio do Saco; seguindo pela Avenida Rio de Janeiro que margeia a praia do Saco até o início da
rua Arthur Pires; seguindo por esta e depois pela rua Onze de Novembro e pela Av. Litorânea até
encontrar a linha férrea proveniente do Terminal da ilha Guaíba; seguindo pela linha férrea por um
longo trecho até encontrar a Avenida Beira Mar, situada ao norte da pera ferroviária do Porto de
Sepetiba, seguindo por esta via rumo sudeste até encontrar a Avenida Arapucaia; seguindo por esta
rumo norte até o encontro com a rua São Campeiro; seguindo por esta rumo sul até encontrar a estrada
da Coroa Grande, seguindo por esta rumo leste até encontrar a estrada do Trapiche, seguindo por esta
rumo norte até encontrar a avenida São Francisco, seguindo por esta rumo sudeste até a Estrada de
Santa Cruz e, depois, prosseguindo pela avenida João XXIII, até encontrar o canal do Itá que passa a
oeste do Aeroporto Bartolomeu de Gusmão; descendo pelo canal até encontrar a vala da Goiaba,
afluente da margem esquerda, que passa ao sul da cabeceira da pista do aeroporto, seguindo por esta
vala no sentido contrário do escoamento até encontrar a estrada da Base Aérea, seguindo por esta até
encontrar a rua de Sepetiba, seguindo por esta rua até o encontro com a rua do Recôncavo,
prosseguindo por esta até o encontro com a rua da Madeira, prosseguindo por esta até o encontro com
a rua do Cardo; seguindo por esta até o encontro com a rua Abílio Teixeira de Aguiar, prosseguindo por
esta rumo norte até o encontro com a estrada São Tarcísio; seguindo por esta rumo leste até o
encontro com a estrada do Piai; seguindo por esta até o encontro com a avenida João Café Filho;
seguindo por esta rumo sul até a avenida litorânea Nelson Moura Brasil do Amaral; seguindo por esta
até o encontro com a rua Damolândia; seguindo por esta rumo norte até o encontro com a estrada do
Piai; seguindo por esta até a estrada da Pedra; seguindo por esta até a estrada Maestro Deozilio;
seguindo por esta novamente até a estrada da Pedra; seguindo por esta até a rua Professor Bastos;
seguindo por esta até encontrar a rua Barros Alarcão; seguindo por esta até encontrar a rua Cabo João
Protzeck; seguindo por esta até encontrar a rua Capelinha; seguindo por esta rumo norte até a estrada
da Matriz; seguindo por esta até encontrar a Av. das Américas; seguindo por esta até encontrar a
estrada Burle Marx de Guaratiba; seguindo por esta até o seu final, em frente a ponta do Picão, situada
após a praia de Guaratiba; da ponta do Picão segue em linha imaginária até o ponto extremo da
margem oeste do canal de ligação da Baía de Sepetiba com o mar aberto; deste ponto segue rumo
oeste pela praia da Marambaia até a costa do Morro da Marambaia; seguindo, contornando o litoral do
morro até a ponta do Arpoador, seguindo em linha reta imaginária pelo mar até a ponta do Jacaré, no
continente, que é o ponto inicial.

4.2. CARACTERÍSTICAS NATURAIS E BALANÇO DOS IMPACTOS

A Baía de Sepetiba é um ecossistema marinho com cerca de 520 km² de superfície e perímetro de
170,5 km, em cujo litoral encontram-se os municípios de Mangaratiba, Itaguaí e Rio de Janeiro. Tem
cerca de 95 praias continentais e insulares, manguezais, costões rochosos, 49 ilhas e ilhotas, lajes e
uma rica biodiversidade, além de beleza naturais, profundidades e condições oceanográficas abrigadas,
ideais para diversos usos.

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Os principais problemas da Baía de Sepetiba são os seguintes:

• Contaminação de sedimentos e organismos por metais pesados;


• Alterações nos processos de erosão e alta taxa de sedimentação;
• Poluição por óleo;
• Poluição orgânica das águas;
• Perda de balneabilidade;
• Práticas turísticas desorganizadas;
• Falta de normatização da pesca;
• Decaimento da pesca artesanal;
• Ocupação desordenada da costa;
• Perda de biomassa de organismos pelágicos e bentônicos e desaparecimentos de espécies em
determinadas zonas;
• Redução de manguezais;
• Decaimento da produção biológica;
• Depreciação da paisagem.

4.3. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA, USOS E PRINCIPAIS USUÁRIOS

A Baía de Sepetiba pode ser considerada como um ecossistema de uso múltiplo. Seus processos
ecológicos, recursos naturais e belíssimas paisagens beneficiam milhões de pessoas, em especial seus
usuários diretos e indiretos. Dentre os usos da baía se destacam: a recreação e lazer; a pesca
profissional e artesanal; a catação de mexilhões, mariscos e caranguejos; a aqüicultura; a navegação e
a infra-estrutura portuária, além de ser um espaço de treinamento militar. Adicionalmente, é um habitat
importantíssimo de milhares de espécies de animais e plantas marinhas e um criadouro de peixes e
camarões. A baía ainda trata gratuitamente toneladas de esgoto doméstico e despejos industriais que
lhe chegam através do Canal de São Francisco, do Canal Guandu e diversos outros canais.

Os principais usuários da Baía de Sepetiba são:

• Moradores e veranistas frequentadores das praias, enseadas e ilhas;


• Turistas;
• Terminais Portuários da TK CSA e da ilha Guaíba, e o Porto de Itaguaí;
• Hotéis e pousadas localizados na orla continental e nas ilhas, com destaque para o Hotel
Méditerraneé Rio das Pedras, Portobello, Pierre e Condomínio Porto Real;
• Pescadores artesanais e coletores de caranguejos e mariscos;
• Pescadores amadores;
• Setor de pesca industrial;
• Marinas e Clubes Náuticos e proprietários de barcos de lazer;
• Setor de estaleiros e indústria naval;
• Empresa de turismo que operam passeios de saveiro.

O entorno da baía é formado pelas seguintes comunidades:

Município / Local Localidades


Rio de Janeiro Barra de Guaratiba, Pedra de Guaratiba e Sepetiba
Itaguaí Ilha da Madeira, Coroa Grande, ilha de Itacuruçá (parte)
Mangaratiba Itacuruçá, Muriqui, Praia Grande, Ibicuí, Magaratiba, Bairro do Saco,
Prainha, Sítio Bom, Ilhas de Itacuruçá (parte) e Jaguanum
Restinga da Marambaia Instalações do Exército, Aeronáutica e Marinha

Releva mencionar que a Baía de Sepetiba é um dos maiores destinos de recreação de uma imensa
população da Região Metropolitana, em especial dos segmentos mais pobres da população.

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4.4. TENDÊNCIAS

O cenário tendencial da Baía de Sepetiba pode ser assim sumarizado:

• Degradação progressiva da baía devido à ocupação excessiva dos costões rochosos por
concentrações urbanas, marinas, redução de manguezais, excesso de barcos, recepção de cargas
elevadas de óleo, esgoto e lixo e pesca de arrasto;
• Progressiva degradação ambiental das ilhas;
• Assoreamento excessivo por partículas sólidas carreadas pelos rios e canais que desembocam na
Baía de Sepetiba;
• Desemprego progressivo na indústria turística, devido à perda de atratividade dos ambientes
naturais, causada pela degradação ambiental, pela especulação imobiliária do litoral e pela
deteriorização da paisagem causada pelo excesso de empreendimentos portuários;
• Esgotamento dos estoques pesqueiros devido a sobrepesca, pesca criminosa, poluição por óleo e a
perda de manguezais;
• Acirramento de conflitos entre usuários de recursos naturais da baía.

4.5. AÇÕES ANTERIORES

Nos últimos trinta anos, três iniciativas foram tomadas para reverter a degradação da baía: a criação da
APA de Mangaratiba, o Macroplano de Gerenciamento e Saneamento Ambiental da Baía de Sepetiba e
o Plano da Bacia Hidrográfica do rio Guandu.

A APA de Mangaratiba foi criada em 12 de março de 1987 pelo Decreto 9.802, para proteção de
montanhas e florestas em Mangaratiba e Itaguaí, incluindo áreas acima da cota de 100m de ilhas como
Cutiatá – Açu, Guaibinha, Guaíba, Furtada, Jaguanum, Itacuruçá e ilha da Marambaia, além de
manguezais na parte continental e na ilha de Itacuruçá. Decorridos 22 anos, a APA nunca teve Plano
Diretor e administrador nomeado. Atualmente, mais de 80 % da APA foram absorvidos pelo Parque
Estadual Cunhambebe, recém-criado.

O Macroplano de Gerenciamento e Saneamento Ambiental da Bacia da Baía de Sepetiba data de 1998.


Foi elaborado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), com apoio do Programa Nacional
do Meio Ambiente – PNMA e financiamento do Banco Mundial (BIRD). O Macroplano previu recursos
da ordem de R$ 600 milhões para serem investidos entre 1999 e 2010, referentes à implantação da 1ª
etapa. Tais custos englobam, além das obras e atividades executivas, recursos para o gerenciamento
de sua implantação, incluindo a supervisão de obras e o detalhamento de projetos de engenharia.
Praticamente nenhuma ação foi executada entre 1998 e 2006.

O Plano da Bacia Hidrográfica da Baía do Rio Guandu foi aprovado pelo Comitê da Bacia em 2005,
atualizando e complementando o Macroplano na parte terrestre. Como o anterior, quase nada havia
sido implementado até 2006.

4.6. AÇÕES EM EXECUÇÃO (2007- Dias atuais)

Em 2007, o presente Governo definiu 5 conjuntos de ações para enfrentar o desafio de gerenciar o
ecossistema da Bacia de Sepetiba:

• Priorizar a solução do passivo ambiental da Cia. Ingá Mercantil;


• Recriar a APA e o Parque Fluvial do Guandu, reflorestando suas margens para evitar invasões e
diminuir o assoreamento da Baía de Sepetiba;
• Firmar o Pacto pelo Saneamento;
• Resgatar o Macroplano de Gestão e Saneamento Ambiental da Bacia da Baía de Sepetiba,
iniciando-se pelo estabelecimento da APA da Baía de Sepetiba, após a criação do Instituto Estadual
do Ambiente – Inea –, com a extinção da APA de Mangaratiba;
• Estabelecer o zoneamento ecológico-econômico da APA da Baía de Sepetiba para ordenar os usos
múltiplos, por fim nos conflitos e proteger o ecossistema de forma mais eficiente e preparar o Plano
de Gestão da APA com a participação dos usuários, da sociedade civil e das entidades
governamentais que atuam na região;
• Implementar o Plano da Bacia do Rio Guandu;

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A solução para o passivo ambiental decorrente do fechamento da Cia. Mergantil Ingá, que se arrastava
há anos, está prestes a se iniciar. A herança da pilha de rejeitos com metais pesados, deixada pela
empresa, estará em breve encapsulada e não mais poluirá a Baía de Sepetiba. Sobre a área está
prevista a implantação de um terminal de minérios que produzirá empregos e riqueza para a população
local. O atual Governo, em menos de um ano, definiu a solução e está executando o projeto com
gastos irrisórios do Poder Público.

O segundo passo também está sendo colocado em prática - A APA do Rio Guandu foi criada -, e o
Parque Fluvial do Guandu será implantado para que a população valorize o rio Guandu e passe a
protegê-lo. Suas margens serão áreas de lazer e de preservação. Um Centro de Visitantes e programas
educativos ajudarão as pessoas a entenderem a importância do rio que abastece mais de 8 milhões de
pessoas. A SEA e o Inea estão reflorestando as margens do rio, com apoio da Universidade Federal
Rural, das Prefeituras, da EMBRAPA e da Companhia Vale. Isso diminuirá o assoreamento da Baía de
Sepetiba. Cerca de 400 mil árvores já foram plantadas.

O terceiro passo, o Pacto pelo Saneamento, foi lançado em 17 de dezembro de 2008, com a meta de
ampliar de 25% para 80% a coleta e tratamento de esgoto, nos próximos 10 anos, em todo território
fluminense. O programa também inclui o projeto Lixão Zero, que visa erradicar os lixões, também em 10
anos. Só do governo do Estado, o Pacto pelo Saneamento terá recursos de aproximadamente R$ 180
milhões por ano, além de investimentos do Orçamento Geral da União (OGU), de Parcerias Públicas
Privadas e do Banco Mundial. O pacto viabilizará obras para redução do esgoto e do lixo lançado na
Baía de Sepetiba.

O quarto passo é criar a Área de Proteção Ambiental da Baía de Sepetiba, abraçando recomendação
do Macroplano realizado há cerca de 10 anos.

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5. JUSTIFICATIVAS PARA CRIAÇÃO DA APA
A APA constitui um tipo de unidade de conservação cuja gestão adequa-se perfeitamente a um modelo
de cooperação institucional, o que viabiliza sobre modo sua efetiva implementação. Assim, o trabalho
articulado da administração da APA, envolvendo diversas entidades, traz como benefício a otimização
de ações, refletindo-se na redução dos custos de implantação e gestão. Uma APA não inibe
investimentos, nem cria mais burocracia. Ao contrário, ela facilita o ordenamento do uso do espaço e
descentraliza e agiliza as decisões sobre os usos e a proteção do ecossistema, antes definidas
exclusivamente na capital.

A criação da APA se justifica pelos seguintes motivos:

• Regulamenta o artigo 269, VI da Constituição Estadual, que determina claramente a necessidade


de um tipo especial de proteção para a Baía de Sepetiba;
• A baía passa a adquirir um “status” jurídico diferenciado, facilitando a condução, pelo Estado, do
processo de gestão ambiental, uma vez que a APA dispõe de uma base legal claramente definida;
• O Inea assume a coordenação da gestão da baía, colocando fim na pulverização de autoridades
ambientais;
• Possibilita realizar uma gestão compartilhada da baía com a sociedade civil, órgãos do Governo
Federal, as Prefeituras do Rio de Janeiro, Mangaratiba e Itaguaí, os usuários da baía e as
universidades;
• Viabiliza a elaboração e formalização de zoneamento ecológico-econômico para ordenar os usos
múltiplos, mitigar conflitos e proteger o ecossistema de forma mais eficiente;
• Determina a elaboração de Plano de Gestão, onde se pode definir as atividades de monitoramento,
fiscalização, recuperação e pesquisa;
• Facilita o rateio de custos de atividades como estudos, monitoramento, obras e demais
intervenções;

Finalmente, salienta-se que o Estado de São Paulo adotou a APA como instrumento de gestão de seu
espaço litorâneo e marinho. Recentemente, a costa paulista foi dividida em 3 setores, cada um deles
transformado na APAs Marinhas do Litoral Norte, Litoral Centro e Litoral Sul.

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6. DIRETRIZES PARA IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO
O Inea gerenciará a baía para que seus usos múltiplos sejam realizados com um mínimo de conflitos e
sem degradar o ecossistema, gerando empregos sustentáveis. Qualquer uso que prejudique os demais
e o ecossistema será desestimulado e proibido. A APA de Mangaratiba será extinta uma vez que sua
porção marinha será absorvida pela APA da Baía de Sepetiba, enquanto a parte montanhosa foi em
grande parte englobada pelo Parque Estadual Cunhambebe, recém-criado.

O Administrador da APA será designado para atuar com um autêntico gerente de ecossistema marinho,
liderando e coordenando todas as atividades de planejamento, pesquisa, monitoramento, recuperação,
divulgação, educação ambiental, patrulhamento e fiscalização, sendo encarregado também de forjar
parcerias.

Em 2010, o Inea construirá em Itacuruçá o Centro de Gerenciamento da Baía de Sepetiba, que será a
sede da APA. O Centro abrigará a equipe responsável pela gestão e empreenderá um serviço de
patrulhamento e fiscalização ambiental com apoio do Grupamento Aeromarítimo e do Batalhão Florestal
para combate a pesca predatória, destruição de manguezais, ocupação irregular de costões e outros
delitos.

Para promover uma gestão eficiente, o Inea celebrará o pacto pelo Gerenciamento Compartilhado da
Baía de Sepetiba, reunindo o Batalhão Florestal, o Grupamento Aeromarítimo da Policia Militar, a
Fundação Instituto Estadual da Pesca (FIPERJ), o Corpo de Bombeiros; órgãos federais como o
IBAMA, a Capitania dos Portos, a Policia Federal, a Autoridade Portuária, a Secretaria de Patrimônio da
União (SPU), o Ministério da Defesa, a ANTAQ e o BNDES; as Prefeituras do Rio de Janeiro, Itaguaí e
Mangaratiba e o Ministério Público Federal e Estadual.

O pacto visa fortalecer a coordenação das ações de gerenciamento da baía para otimizar recursos
humanos, logísticos e financeiros.

O Inea vistoriará regulamente todos os empreendimentos da orla, tais como portos, marinas, clubes
náuticos e estaleiros, assim como as ilhas, praias e manguezais, determinando a realização de
auditoria ambiental sempre que necessário. Todos os portos, marinas, clubes náuticos e estaleiros
serão estimulados pelo Inea a terem sistemas de gestão ambiental certificados pela ISO 14.000 até
2011, para acabar com o despejo de óleo e outros poluentes.

Através de parcerias, o Inea vai preparar o Plano de Gestão da APA da Baía de Sepetiba, com ações
para recuperação de ilhas, manguezais, praias, costões rochosos e leito marinho, que poderão incluir:

• Demarcação de terrenos de marinha, e remoção das ocupações irregulares nas margens;


• Obras de engenharia para recuperar trechos de praias erodidos e enseadas assoreadas;
• Cercamento dos manguezais da orla da para evitar invasão, e implantação de viveiro para
produção de mudas de mangue;
• Sistemas eficientes de coleta de lixo das ilhas;
• Implantação de recifes artificiais para evitar a pesca de arrasto; e
• Preparação de Plano de Descontaminação de Longo Prazo.

O Governo estudará, também, a proteção de parcelas ainda em ótimo estado de praias, ilhas,
manguezais e costões rochosos sob a forma de um parque estadual, para preservar amostras do
patrimônio paisagístico, natural e cultural da baía, e oferecer ao visitante, oportunidades para
aprendizagem, relaxamento, recreação e aventuras ao ar livre, impactando o turismo.

O Inea retomará o serviço de monitoramento da balneabilidade das praias, da qualidade da água e dos
sedimentos, buscando o rateio de custo com empresas e municípios. Realizará o monitoramento dos
recursos pesqueiros da baía, com participação dos pescadores, para conhecer a situação dos estoques
e propor o ordenamento da pesca.

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Serão realizados ainda:

• Cadastro e a avaliação da situação ambiental de todas as ilhas, manguezais e do litoral continental,


empregando a metodologia de inventário ecológico rápido;
• Diagnóstico ambiental e oceanográfico do ecossistema da Baía de Sepetiba, incluindo a
caracterização dos usos múltiplos e modelagem hidrodinâmica;
• Inventário da biodiversidade da Baía de Sepetiba semelhante ao realizado na Baía da Ilha Grande
pela UERJ e instituições parceiras;
• Consolidação de todos os dados sobre contaminação por metais pesados dos sedimentos e biota
aquática, para conhecer de fato qual a situação real e o risco.

O Inea organizará, em seu Portal, informações geográficas, ambientais e econômicas sobre o


ecossistema da Baía de Sepetiba, integrando, ainda, dados sobre a gestão e um perfil dos poluidores e
degradadores, e promoverá atividades educativas nas escolas insulares e litorâneas.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SEMA/RJ. Macroplano de Saneamento e Gestão Ambiental da Bacia da Baia de Sepetiba. Rio de
Janeiro, Ecologus Engenharia, 1998.

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ANEXO
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE O ECOSSISTEMA DA BAÍA DE SEPETIBA

A região da Baía de Sepetiba é formada pela bacia hidrográfica e pelo ecossistema marinho da Baía de
Sepetiba.

a) A Bacia Hidrográfica

A bacia hidrográfica compreende cerca de 2.711 km2, incluindo-se neste valor a área da restinga de
Marambaia e das ilhas no interior da baía. Os principais rios da bacia são o Guandú, da Guarda, Canal
Guandú, Mazomba, Piraquê, Piracão, Portinho, Ingaíba, São Bráz, do Saco e Saí, com destaque para o
rio Guandú. As cotas altimétricas da bacia variam de 0 a 1.800 metros, ponto culminante na serra do
Couto. A bacia abrange o território de 12 municípios fluminenses. Itaguaí, Seropédica, Mangaratiba,
Queimados, Japeri e Paracambi encontram-se integralmente incluídos na área da bacia, enquanto Rio
de Janeiro, Nova Iguaçu, Paulo de Frontin, Miguel Pereira, Piraí e Rio Claro tem apenas parte de seu
território nela englobada.

Município Área Total Área Incluída na Bacia Atividades Sede Municipal


km2 km2 % do % da Bacia Econômicas
Municipio
EngºP. de Frontin 139,4 57,6 41,3 2,1 Ind. e Com. Dentro da bacia
Itaguaí 292,3 292,3 100,0 10,8 Ind. e Com. Dentro da bacia
Japeri 82,9 82,9 100,0 3,1 Comércio Dentro da bacia
Mangaratiba 360,7 360,7 100,0 13,3 Com. e Serv. Dentro da bacia
Miguel Pereira 288,1 252,4 87,6 9,3 Agrop.Com e Serviços. Fora da bacia
Nova Iguaçu 566,6 245,8 43,4 9,1 Ind. e Com. Parcialmente na bacia
Paracambi 179,3 179,3 100,0 6,6 Com. e Serv. Dentro da bacia
Piraí 583,7 116,9 20,0 4,3 Comércio Fora da bacia
Queimados 78,0 78,0 100,0 2,9 Ind. e Com. Dentro da bacia
Rio Claro 843,5 318,7 37,8 11,8 Agropec. Fora da bacia
Rio de Janeiro 1255,3 459,7 36,6 17,0 Ind., Com. e Serviços Parcialmente na bacia
Seropédica 253,6 253,6 100,0 9,4 Agrop.e Com. Dentro da bacia
Vassouras 553,8 12,9 2,3 0,5 Fora da bacia

b) A Baía de Sepetiba

A Baía de Sepetiba está situada no sul do Estado do Rio de Janeiro, a cerca de 50 km do centro da
capital. É um corpo de águas salinas e salobras com cerca de 520 km² de superfície e perímetro de
170,5 km. A costa norte é limitada pelas montanhas da serra do Mar, com um litoral caracterizado por
pequenas praias e estuários separados por pontas rochosas. À leste é limitada por uma extensa
planície quaternária que é drenada pelos rios, que são responsáveis pela maior contribuição de água
doce. Ao sul tem por limite a restinga e o morro da Marambaia.

A restinga da Marambaia é uma imensa barragem de areia que, apesar de seus poucos metros acima
do nível do mar, funciona como um dique, isolando a baía. A ligação com o oceano Atlântico é feita
através de passagens e canais existentes entre o continente e as ilhas de Itacuruçá, Jaguanum e
Pombeba. O canal mais importante fica entre a ponta dos Castelhanos, na ilha Grande, e a ponta
Grossa, na ilha da Marambaia. Na extremidade leste da baía há pequenos canais (Pau Torto, Pedrinho
e Bacalhau) com baixas profundidades que estabelece a ligação desta com o oceano, através da barra
de Guaratiba.

A Baía de Sepetiba tem de 2 a 12 m de profundidade, exceto nos canais, onde é maior.


Aproximadamente 50% de sua área é inferior a 6 metros. O maior aporte de sedimentos se dá pelos
rios. A taxa de sedimentação da baía é estimada entre 0,30 a 1,0 cm por ano. Possui cerca de 60
praias continentais e 40 insulares e aproximadamente 49 ilhas e ilhotas. A Baía de Sepetiba e sua
região litorânea apresentam uma gama de ecossistemas tais como ilhas, costões rochosos, restingas,
praias, mangues e lameiros intertidais. A baía de Sepetiba é um ecossistema estratégico para o
desenvolvimento sócio-econômico, não somente dos municípios do entorno, mas também do Estado do
Rio de Janeiro e o Brasil, devido às potencialidades turísticas, de lazer, de pesca, maricultura e
navegação e pelas excelentes condições para empreendimentos portuários.

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c) Turismo na Baía

Fluxo de Visitantes

A Baía de Sepetiba constitui um dos mais importantes destinos de turismo e recreação do Estado do
Rio de Janeiro. Seus principais visitantes provêem da cidade do Rio de Janeiro, e da porção oeste dos
municípios que integram a Baixada Fluminense. Não há informações sobre o fluxo anual de visitantes,
mas é provável que ele ultrapasse a casa de 1 milhão. Os meses de maior visitação (alta temporada)
são de dezembro a março. Os meses de baixa temporada são maio, junho e setembro. A região
apresenta, também, uma grande oferta de serviços turísticos, como hospedagens, restaurantes,
agências de turismo, condomínios de veraneio etc, que se caracterizam como uma importante fonte de
postos de trabalho.

Atrações Naturais e Culturais

A baía reúne paisagens belíssimas graças ao contraste entre o mar, as montanhas, o céu, o verde da
floresta e a cor das águas, oferecendo centenas de atrativos naturais, pequenas enseadas, praias,
manguezais, águas com grande transparência e cenários submersos perfeitos para mergulho. Destinos
populares na baia de Sepetiba são principalmente as ilhas de Itacuruçá, a segunda maior do estado,
Jaguanum e outras menores do entorno, com praias belíssimas, costões rochosos e florestas,
rodeadas de águas transparentes.

Seguem algumas praias continentais importantes: Muriqui, Grande, Saí, Ibicuí, Itaoca, Sitio Bom e São
Brás. A região é bem servida de estradas e de infra-estrutura de apoio a visitação como agências de
turismo, serviços de passeio guiado, hotéis e pousadas, restaurantes, meios de transporte, hospitais e
postos de saúde e unidades do corpo de bombeiros para eventuais buscas e salvamentos.

As seguintes atividades podem ser praticadas na baía: banho de mar, esportes náuticos e iatismo,
mergulho, caminhadas nas ilhas, apreciação de vistas panorâmicas, contemplação e relaxamento,
fotografia da natureza, apreciação de floresta insulares, observação da fauna (birding), acampamento
ao ar livre e degustação gastronômica local.

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RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO
ECOSSISTEMA MARINHO DA BAÍA DE SEPETIBA

Origem e Formada na última regressão do nível do mar, há cerca de 3.500 anos, quando a restinga da Marambaia se
Formação: constituiu.
Restinga da É uma imensa barragem de areia que, apesar de seus poucos metros acima do nível do mar, funciona como
Marambaia: um dique, isolando a baía. Tem 40 km de extensão e largura máxima de 5 km.
Superfície: 520 km² Perímetro: 170,5 km.
Largura máxima: 12,5 (norte-sul) Comprimento máximo: 25,0 (leste – oeste)
Volume: 3,5 x 10 9 m³
Possui de 2 a 12 m de profundidade, exceto nos canais, onde é maior. Aproximadamente 50% de sua área é
inferior a 6 metros. A baía possui três canais no seu setor oeste. O primeiro na entrada, entre a ilha Guaíba e
Batimetria: a ilha da Marambaia, com máximo de 31 metros de profundidade, que é uma via de acesso ao Porto de
Sepetiba. O segundo e principal, entre as ilhas de Itacuruçá e Jaguanum, utilizado também como acesso ao
porto de Sepetiba, possui profundidade máxima de 24 metros. O terceiro, entre a ilha de Itacuruçá e o
continente, atinge 5 metros de profundidade.
Regime de maré: Do tipo semi-diurno, com desigualdade diurna, apresentando-se assim com duas preamares e duas
baixamares de diferentes alturas.
Penetração de Pequena ou desprezível. As ondas no interior da baía são geradas pelos ventos incidentes sobre o corpo
Ondas Oceânicas: líquido, basicamente os de leste, sudeste e nordeste, que provocam as perturbações na superfície da água.
Cerca de 99% das ocorrência são de ondas com altura abaixo de 0,75 m, com período compreendido entre 3
a 5 segundos, com raras ocorrências de ondas com alturas entre 1,3 e 1,0 m.
A entrada de água do mar se dá através de passagens e canais existentes entre o continente e as ilhas de
Itacuruçá, Jaguanum e Pombeba. O canal mais importante fica entre a ponta dos Castelhanos, na ilha
Grande, e a ponta Grossa, na ilha da Marambaia. Na extremidade leste da baía, há pequenos canais (Pau
Ligação com o Torto, Pedrinho e Bacalhau), com baixas profundidades, que estabelecem a ligação desta com o oceano,
Oceano, Circulação através da “Barra de Guaratiba”. Considera-se em ordem crescente de importância, as seguintes áreas de
e Renovação da entrada de correntes na baía: canais em Barra de Guaratiba; área entre a ilha Grande e o Morro da
Água Marambaia e a iIha Juaguanum, e, a região entre as ilhas de Jaguanum e Itacuruçá e o continente. A
circulação de água na baía é regida pelo fluxo e refluxo da maré. Como na maioria das baías e estuários, a
onda de maré na Baía de Sepetiba é do tipo estacionária, não dependem tanto da profundidade, mas sim da
amplitude e de outros fatores físicos, como ventos, morfologia de fundo e configuração de canais. No caso da
Baía de Sepetiba, os fatores determinantes da circulação são: a maré, as morfologias costeiras e de fundo e
o vento. O padrão de circulação da Baía de Sepetiba resulta em um pequeno tempo de residência da água,
O (4,17 dias), uma grande mistura da coluna d’água e a ausência de estratificação.
Corpo de águas salinas e salobras semi-euclausurado. A invasão das águas do mar pelas correntes de maré
Qualidade da Água e o aporte fluvial do canal de São Francisco e do rio Piracão tem uma influência significativa na distribuição
e Salinidade da salinidade dentro da baía. De forma geral, a salinidade está compreendida entre 20% e 34%, sendo que o
fundo da baía e as áreas costeiras apresentam salinidade inferior a 30%. Na parte central, e próximo ao
cordão rochoso da ilha de Jaguanum a salinidade varia entre 30% e 34%.
São compostos de bancos arenosos, siltosos e argilosos. Os sedimentos dominantes são representados
pelos clásticos finos, argilo-sílticos e areno-sílticos. Em alguns trechos, os sedimentos são arenosos e mais
grosseiros, principalmente ao longo da restinga, próximo às áreas onde se faz a ligação com o mar e junto à
Sedimentos foz do canal de São Francisco, onde se forma pequeno delta e atuam processos fluviais. Cerca de 70 % da
área de distribuição dos sedimentos são compostos de silte e argila, característica apresentada também em
áreas circunvizinhas à ilha da Madeira e, principalmente, no interior do Saco da Coroa Grande, bem como na
Baía da Marambaia. A taxa de sedimentação da baía é estimada entre 0,30 a 1,0 cm por ano.
Número de Praias: 55 praias continentais e 40 insulares.
Ilhas: 49 ilhas e ilhotas, sendo as principais as de Itacuruçá, Madeira, Jaguanum, Guaíba, Furtada, Martins,
Cutiatá-Acú, Vigia Grande, Bonita, Saracura e Jardins.
Fonte: SEMADS. Macroplano de Gestão e Saneamento Ambiental, 1998

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ORLAS MUNICIPAIS
Estensão de Orla (km)
Restinga e Morro da
Município Marambaia Litoral Orla na Orla Oceânica (8)
Orla Orla Restante Baía de Sepetiba e da Baía de Sepetiba
Interna Oceânica (3)
(1) (2)
Rio de Janeiro 13 10 34 (4) 47 57
Itaguaí 19 18 16 (5) 35 53
Mangaratiba 33,5 15 50 (6) 83,5 98.5
Angra dos Reis ---- ---- 5 (7) 5 5
T O T A L 65,5 43 105 170,5 213,5
Notas: (1) de Pedra de Guaratiba até a ponta Grossa da Marambaia; (2) da Ponta Grossa da Marambaia até Pedra de Guaratiba;
(3) de Pedra de Guaratiba (Rio de Janeiro) até a ponta do Gambelo, em Angra dos Reis ; (4) de Pedra de Guaratiba até a foz do
rio da Guarda; (5) - da foz do rio da Guarda até o limite oficial com Mangaratiba; (6) - do limite oficial com Itaguaí até o limite com
Angra dos Reis; (7) - do limite com Mangaratiba até a ponta do Gambelo; (8) - correspondente a restinga da Marambaia.

USOS DOS RECURSOS NATURAIS DA BAÍA DE SEPETIBA E FAIXA LITORÂNEA


Uso Características
Atividades A restinga e o Morro da Marambaia constituem campos de provas e de treinamento militar, sendo partilhadas pelas
Militares três Forças Armadas. A Aeronáutica dispõe de um aeroporto em Santa Cruz, chamado de Bartolomeu de Gusmão.
Em Itacuruçá, encontra-se uma delegacia da Capitania dos Portos (Comando da Marinha).
Atividades Ao longo da costa nordeste, encontram-se estabelecido o Distrito Industrial de Santa Cruz e outras indústrias, dentre
Industriais as quais se destaca a Ingá Mercantil, hoje em concordata. Na bacia de drenagem há diversas outras indústrias.
Contabilizam-se no total cerca de 400 estabelecimentos industriais.
Ocupação Diversas áreas urbanas encontram-se as margens da Baía de Sepetiba e nas ilhas, dentre as quais se destacam
Urbana e Barra de Guaratiba, Pedra de Guaratiba e Sepetiba (Rio de Janeiro); Coroa Grande (Itaguaí); Itacuruçá, Muriquí,
Edificações Ibicuí, Saí, Praia Brava e Conceição de Jacareí (Mangaratiba). Nestas áreas urbanas, em praias afastadas e nas
de Lazer maiores ilhas, estão as edificações para lazer, caracterizadas por pousadas, hotéis, casas de veraneio isoladas,
loteamentos e condomínios de segunda residência.
Atividades Nos últimos quinze anos, diversas empresas iniciaram a exploração em escala comercial do potencial turístico da
Turísticas e Baía de Sepetiba. Vários hotéis e restaurantes encontram situados nas maiores ilhas e ao longo das praias na costa
de Lazer norte. Além disso, dezenas de saveiros operam na baía, tendo como principal ponto de apoio a localidade de
Itacuruçá.
Atividades A pesca na Baía de Sepetiba abrange dois segmentos: a pesca artesanal e a pesca industrial. A primeira é realizada
Pesqueiras por pequenas embarcações de até 10m, providas de remo, ou motor de baixa potência, atuando no interior da baía.
A segunda é feita por embarcações com tonelagem de arqueação bruta superior a 20 t., que executam a pesca de
arrsasto.
Atividades Dois tipos de navegação ocorrem na baía. A primeira, que não depende dos canais de navegação, inclui o
de deslocamento de produtos e pessoas do continente para as ilhas, passeios turísticos de barco e o trânsito de barcos
Navegação de pesca. A maior rota regular de transporte se dá entre a ilha Grande e Mangaratiba, e é operada pela BARCAS
e Infra- SA, com embarcações com capacidade para 500 passageiros. O segundo tipo de navegação engloba os navios e
Estrutura rebocadores envolvidos nas atividades portuárias.
Portuária

Atividades Além do Centro Tecnológico do Exército, que desenvolve pesquisas com armamentos militares, as margens da Baía
de de Sepetiba, encontram-se instalações de pesquisa da Fundação Instituto Estadual da Pesca – FIPERJ (Estação
Pesquisa Experimental de Guaratiba) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRJ (Estação de Biologia Marinha
de Itacuruçá).
Espaços Espaços territorais protegidos existentes na Baía de Sepetiba são a Reserva Biológica e Arqueológica de Guaratiba,
Territoriais Área de Proteção Ambiental de Mangaratiba, Reserva Ecológica do Saco da Coroa Grande, manguezais, praias,
Protegidas costões rochosos e a restinga da Marambaia. Em 17 de novembro de 1976, a extinta SUDEPE, atual IBAMA,
mediante a Portaria n° 20, declarou a área compreendida entre o litoral e a profundidade de 6 metros como um
espaço proibido à pesca de arrasto visando à proteção dos criadouros do camarão-branco. A determinação ainda
permanece válida.

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