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I – DO OBJETO DE ANÁLISE
[Figura 01]: Detalhe para a área dos Flexais de Bebedouro atualmente em ILHAMENTO SOCIAL
As maiores drenagens estão em vales mais amplos, como a foz dos rios Paraíba do
Meio e Mundaú e em áreas colinosas, como nos Flexais, por vezes cortando de forma
perpendicular, ou a inclinações acima de 30% nas encostas íngremes das bordas dos
tabuleiros [figura 02].
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[Figura 02]: escala Interfluvial e detalhamento do nível de cadeia de vales na região estudada.
No seu inciso III do artigo 32º, o Plano Diretor de Maceió é claro e define encostas
ou grotas com declividade igual ou superior a 45° (quarenta e cinco graus), florestadas ou
não como ÁREAS “NON EDIFICANDI”, na borda lagunar a faixa de proteção deve ser de 30 m
(trinta metros) de cada lado das margens dos cursos d’água. É sabido também pelo regramento
jurídico federal, estadual e municipal, que "Relevos acidentados” e declividade das encostas com
ângulos acima de 30º são consideradas ÁREAS DE RISCO, esse ângulo é determinante para
que exista a eminência de movimentos de massa como os deslizamentos de encostas.
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A estabilidade dos materiais sobre terrenos inclinados é menor quanto maior for o ângulo
de inclinação. Associados a chuvas e outros fatores antrópicos as encostas dos flexais são
suscetíveis aos deslizamentos, especialmente porque nos FLEXAIS DE CIMA ESTÃO
DESPROVIDAS DE COBERTURA VEGETAL e há altas declividades nestes vales. [Figura 05].
Desta forma a área pela sua condição topográfica que isola a região é suscetível a
desestabilização do solo, associada aos fatores apontados legalmente pela legislação
municipal e federal como ÁREA DE RESTRIÇÃO URBANA devido a sua condição
geomorfológica. Tudo isso, faz com que exista a eminência de deslizamento do morro, a partir
da perca de coesão e estabilidade do solo. Há risco eminente que o morro desça até a base das
encostas onde estão as quebradas e Flexais de Baixo, o que reforça ainda mais a realocação
destas comunidades.
[Figura 03]: Nível de dissecamento do relevo e suas alturas, com detalhe para a área dos Flexais.
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[Figura 04]: área de RESTRIÇÃO URBANA, atualmente ocupada parcialmente, infringindo Leis ambientais vigentes de
uso do solo.
[Figura 05]: representação do relevo acima de 30°, com detalhe para a área dos Flexais.
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Encravado no vale, as regiões dos Flexais, do ponto de vista biótico ainda se caracteriza
como uma região preservada ambientalmente, principalmente em decorrência de suas
CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS QUE ISOLARAM A REGIÃO da cultura canavieira e
mesmo de plantio de coqueiral e de algodão no passado, preservando a originalidade do
meio biótico local. Já na região dos Tabuleiros, onde o custo ambiental é considerável, dada as
perdas de patrimônio natural no decorrer dos séculos (especialmente fauna e flora), o
comprometimento dos recursos hídricos, perdas de solos e áreas agricultáveis, e mais
recentemente, problemas ligados à especulação imobiliária e mineração que avança já
impactando 05 bairros na porção oeste da cidade de Maceió. Do ponto de vista biótico faz
mister observar que a região é ÁREA DE REMANESCENTE DE MATA ATLÂNTICA, várzeas
e longos manguezais ainda intactos e preservados, justamente pela sua SITUAÇÃO DE
ISOLAMENTO DO RESTANTE DA CIDADE, decorrente de sua configuração de estreito
vale. Apresentada em diversos mapas de geoprocessamento de diversos órgão como IBGE
Cidades, CPRM, essa caracterização biótica proporciona espécies bem diversificadas frangos-
d’água, tatus-bola, cágados-de-barbicha, preguiças, saguis, gaviões, falcões, jacarés, corujas e
tamanduás, dentre outros animais, além de extensa biodiversidade de avifauna, ictiofauna dentre
outros. Tudo isso só é possível dado os fragmentos REMANESCENTES DE MATA
ATLÂNTICA ISOLADOS, ao qual os Flexais se encontram. [Figuras 06, 07 e 08].
[Figura 07]: Apresentação do vale com detalhe para a área dos Flexais e vale com alta declividade florestada com
remanescente de mata atlântica nativa. POPULAÇÃO GEOGRAFICAMENTE ISOLADA entre as encostas do Tabuleiro,
área de preservação florestal nativa, mangues com preamar de alagamento (30m) e Laguna Mundaú.
[Figura 08]: Níveis florísticos da Região da região lagunar e suas áreas de Preservação, note-se o isolamento natural
da região devido o vale ao Norte dos Flexais, ISOLANDO A REGIÃO da cidade de Maceió.
Além dos aspectos ambientais citados, a Lei de Proteção da Vegetação Nativa (lei
federal n. 12.651/12), conhecida como novo Código Florestal, regulamenta o uso e a
proteção de florestas e demais tipos de vegetação nativa dos imóveis rurais privado, o
que se configura nos Flexais como área de preservação.
Segundo o Plano Diretor de Maceió (lei municipal nº 5486 de 30/12/2005) toda a área
dos Flexais nem deveriam ter sido ocupadas pois trata-se claramente de uma ÁREA SENSÍVEL
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[Figura 09]: Condição urbana de ILHAMENTO DA REGIÃO da região do Flexais em relação a área desocupada.
[Figura 10]: Condição urbana de INCLUSÃO NA ÁREA AFETADA da região do Flexais em relação a área desocupada.
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[Figura 11]: Condição urbana de ILHAMENTO DA REGIÃO e seus limitantes de vegetação nativa que isolam ainda
mais a área em relação aos bairros desocupados.
Tal fato reforça que o Projeto Integração Urbana e Desenvolvimento dos Flexais não
considerou nas suas intervenções essa restrição geológica da CPRM. Tal RISCO DE
DESLIZAMENTO, atualmente associado a subsidência do solo na região e as patologias
encontradas em diversas edificações, reforçando o laudo do laudo da Defesa Civil do Município
de Maceió e de especialistas, como o engenheiro civil especialista em geotécnica e geologia,
Abel Galindo e o Engenheiro Lucas Mattar Protasio Nunes reforçam não apenas o risco da
mineração, apontam para risco de desmonte de encostas por deslizamento do solo. O Serviço
Geológico do Brasil – CPRM, classifica ainda a área dos Flexais de Cima com RISCO DE
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Município MACEIÓ
Número Setor AL_MACEIO_SR_11_CPRM
Local Flexal de Cima
Tipologia Geral 1 Deslizamento
Tipologia Específica 1 Deslizamento não especificado
COBRADE 1 1.1.3.2.1
Grau de Vulnerabilidade Alto
Grau de Risco Muito alto
Órgão Executor Serviço Geológico do Brasil
Descrição Setor de risco de deslizamentos em área urbana, em área de ocupação
irregular.
Sugestão Intervenção Estudos Geotecnicos para implantação de obra de contenção.
Data de Setorização 8/1/2017 9:00 PM
Quantidade de Edificações 700
Quantidade de Pessoas 2.800
[Quadro 01] – Análise de Risco de Vulnerabilidade a desastres por deslizamento na região dos Flexais de Cima,
classificando a região como de ALTO RISCO DE DESLIZAMENTO de encosta
https://geoportal.sgb.gov.br/desastres/.
[Figura 13] – Mapa de Risco de Vulnerabilidade a desastres por deslizamento na região dos Flexais de Cima com de
ALTO RISCO DE DESLIZAMENTO de encosta
https://geoportal.sgb.gov.br/desastres/.
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[Figura 15] – Macro Zoneamento Municipal e detalhe para a área do Flexais, consideradas no Plano Diretor de Maceió,
como área de MACRO ÁREA DE RESTRIÇÃO A OCUPAÇÃO.
II – no tabuleiro:
a) áreas de mananciais ou bacias de recarga cujas
condições ambientais exigem controle na ocupação e nas
atividades a serem implantadas;
b) áreas com restrições legais ou institucionais à
ocupação urbana;
Além disto o Plano Diretor é claro no seu § 2° do mesmo artigo, definindo que os bairros
de Pontal da Barra, Pescaria e Ipioca e parte dos bairros Bebedouro (entre eles os Flexais),
Fernão Velho, Rio Novo e Riacho Doce, integram a MACROZONA DE RESTRIÇÃO À
OCUPAÇÃO na planície costeira e flúvio-lagunar.
Dado o exposto, nota-se claramente que a área atual dos Flexais se enquadra como
área de RESTRIÇÃO A OCUPAÇÃO, devido a aspectos não apenas de ISOLAMENTO
SOCIAL E AMBIENTAL, porém por limitantes topográficas, ambientais e LIMITANTES
URBANAS, previsto na lei Municipal nº 5486 de 30/12/2005 que institui o Plano Diretor do
Município de Maceió e estabelece diretrizes gerais de política de desenvolvimento urbano na
capital alagoana. Tudo isso reforça a incompatibilidade do Projeto Integração Urbana e
Desenvolvimento dos Flexais, que pretende intensificar a urbanização na região, indo de
encontro ao regramento urbano atualmente vigente na cidade de Maceió.
VI – DA CONCLUSÃO DO PARECER
CONSIDERANDO, que o inciso III do artigo 32º do Plano Diretor de Maceió que define encostas
ou grotas com declividade igual ou superior a 45° (quarenta e cinco graus), florestadas ou não
como ÁREAS “NON EDIFICANDI;
CONSIDERANDO, que as patologias dos imóveis são semelhantes aos bairros do Mutange,
Pinheiro, Bom Parto e Bebedouro reforçando e classificando a região como ÁREA DE RISCO
associada a geomorfologia da região;
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CONSIDERANDO, que a condição topográfica dos Flexais que isola a região é suscetível a
desestabilização do solo, conforme relatório e mapas públicos da base de dados do Serviço
Geológico do Brasil – CPRM, que classifica a área dos Flexais como área de risco de
deslizamento de encostas;
CONSIDERANDO, que segundo dados do Serviço Geológico do Brasil – CPRM, antes mesmo
da identificação do acidente ambiental oriundo da mineração, foi identificado Setor de risco de
deslizamentos em área urbana, em área de ocupação irregular em 2017, sugerindo a
recomposição das encostas após estudos geotécnicos.
CONCLUI-SE que:
Outro fato é o pleno isolamento pelas limitantes expostas neste parecer, o que
torna a região com variáveis únicas em relação a outras áreas da cidade, que inclusive
possuem limites urbanos conectados com o restante da cidade, diferente dos Flexais que
possui um único acesso urbano, atualmente dentro da área de risco, ou seja, A POPULAÇÃO
ESTÁ ISOLADA DA CIDADE, não apenas em função do acidente, porém pela sua característica
urbana de ocupação de um vale.
Diante dos fatos e argumentos o nosso parecer é pela REALOCAÇÃO IMEDIATA DOS
FLEXAIS E RECOMPOSIÇÃO DE TODOS OS SEUS COMPONENTES AMBIENTAIS,
conforme preconiza as leis urbanísticas e ambientais vigentes.
Subscreve atenciosamente.
VI – FONTES CONSULTADAS:
SAMPAIO, Alec. LAUDO TÉCNICO DE INSPEÇÃO: Flexal de Baixo e Flexal de Cima. Maceió,
2020.