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ATA DE REUNIÃO
Aos 03 (três) dias do mês de agosto do ano 2022, às 9h, reuniram-se, na Procuradoria da República em
Alagoas, as PROCURADORAS DA REPÚBLICA Júlia Wanderley Vale Cadete e Roberta Lima
Barbosa Bomfim; o DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL Diego Alves Bruno Martins; o
PROMOTOR DE JUSTIÇA Jorge Doria e os representantes de moradores dos Flexais, conforme
lista de presença anexa, para tratar de questões relativas ao caso dos bairros do Pinheiro, Mutange,
Bebedouro e Bom Parto, mais especificamente acerca da situação do bairro do Flexal.
Dando início aos trabalhos, a Dra. Júlia Cadete deu início à reunião cumprimentando os presentes e
agradecendo a presença de todos. Antes de dar início às explicações, expôs como se daria a dinâmica da
reunião, consistente em um primeiro bloco de fala dos representantes das instituições, com o propósito
O Dr. Diego Alves deu bom dia a todos, se apresentou como Defensor Público Federal e Defensor
Regional dos Direitos Humanos em Alagoas e destacou que tem contato direto com algumas pessoas do
Flexal. Salientou que as instituições estão atuando nessa questão dos Flexais para encontrar uma solução
desde janeiro de 2021. Afirmou que a partir daquele momento identificaram que havia um problema
grave no Flexal, mas que ainda não tinham encontrado uma solução. Reiterou que desde lá estão atuando
e que no momento esclarecerão aos atingidos qual o caminho que será trilhado pelas instituições a partir
de toda a instrução e de todos os elementos probatórios angariados. Afirmou que alguns já sabem do seu
posicionamento e o porquê do seu posicionamento, mas que compartilhará com todos. Pontuou que a
DPU, o MPF e o MPE estão em sintonia e entendem que não é cabível a realocação no caso dos Flexais.
Explicou que o posicionamento não é justificado pela resistência da Braskem com a realocação, fato que
só impediria um acordo extrajudicial. Ressaltou que se entendessem pela realocação, ajuizariam ação,
como já foi feito em outras frentes nesse caso com a Braskem. Explicou que entendem que não cabe a
realocação porque ela é inviável do ponto de vista jurídico, porque as chances de êxito no judiciário são
mínimas, tendo em vista que órgãos técnicos da maior estatura, tanto do Município, como da União,
seja Defesa Civil ou CPRM, concluíram, durante todo esse processo, que não há uma relação de
subsidência nos Flexais em decorrência do exercício da mineração. Enfatizou que as instituições não
são especialistas na matéria técnica e que para os órgãos técnicos que possuem a expertise para tratar
sobre o tema, que são as Defesas Civis e a CPRM, não há necessidade de evacuação. Salientou que
durante todo esse processo do caso Braskem estão acreditando e confiando nos servidores públicos que
são especialistas nessa matéria. Enfatizou que não estão confiando no que a Braskem está entregando,
mas sim na fé pública de servidores públicos qualificados para atuar nessa matéria. Reiterou que esses
órgãos técnicos concluíram que não há relação de risco geológico, de subsidência, no Flexal, que seja
decorrente da mineração. Salientou que para esses três órgãos o Flexal não reúne as características para
ser incluído no mapa de risco e essa inclusão é o que garantiu o direito dos moradores e comerciantes
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de ingressarem no PCF e receberem os benefícios decorrentes. Salientou que em razão disso não é
possível garantir a mesma resposta ou solução jurídica para os residentes na área de risco, do mapa, para
os moradores e comerciantes dos Flexais, fora do mapa. Afirmou que gostaria de dizer aos presentes
que uma das missões da Defensoria Pública, conforme a Lei Complementar nº 80/94, não é somente
patrocinar a defesa dos hipossuficientes, mas também a educação e a conscientização em direitos e no
ordenamento jurídico e que, para esse caso, entendem, como é fato incontroverso, que existe o ilhamento
socioeconômico, que gera dano ao Flexal, mas que a resposta jurídica não será através da realocação,
porque ela não terá êxito no Judiciário. Pontuou que os atingidos podem litigar por anos no judiciário e
não conseguirem êxito, com a situação sendo piorada a cada dia. Asseverou que precisa conscientizá-
los sobre essa posição. Aduziu que o Direito Ambiental preconiza que em caso de violação ao meio
ambiente, faz-se necessário garantir o retorno do status anterior, de forma que é necessário adotar as
medidas essenciais para que no caso do Flexal, de ilhamento socioeconômico, os equipamentos públicos
e sociais que eram referências e foram realocados porque estavam na área de risco, sejam reconstruídos
O Dr. Jorge Doria manifestou felicidade pelo momento de diálogo com a população, apesar de o
momento não ser de felicidade, porque estão vivendo juntos um problema inimaginável que pudesse
acontecer em Maceió. Salientou que esse famoso Caso Pinheiro foi um verdadeiro crime contra a
humanidade e que não tem precedentes no mundo e não existe na literatura jurídica uma coisa
semelhante para servir como comparação para que pudessem fazer análises. Destacou que foram vítimas
de uma agressão inaceitável contra a natureza, que foi o meio ambiente, o subsolo, a ordem urbanística
e principalmente contra as pessoas. Pontuou que esse crime cometido pela Braskem não afetou apenas
os moradores da área atingida, mas os moradores da cidade toda de Maceió, do Estado de Alagoas, do
Brasil e do mundo todo. Afirmou que essa grandiosidade e complexidade desse fato tem exigido dos
promotores, procuradores, defensores um trabalho e um sofrimento que não imaginam. Salientou que
estão no mesmo barco das angústias, do sofrimento, da indignação e da perplexidade de como é que
foram ser vítimas de uma tragédia dessa magnitude, onde vários bairros foram dizimados e as pessoas
expostas a esse sofrimento, cuja cura estão tentando minimizar, porque ela não existe na sua plenitude.
Afirmou que estão sendo chamados para eventos do Ministério Público, onde colegas procuram saber
como estão enfrentando essa questão. Salientou que possuem o precedente de Brumadinho e Samarco,
que ainda assim não é similar, mas que até hoje são objeto de muitas discussões e incompreensões.
Afirmou que estão, na medida do possível, a custa de muita reflexão, porque não existe parâmetro,
criando juntos as possíveis soluções. Afirmou que a seu ver não teriam como resolver definitivamente
o problema enfrentado pelos atingidos, nem com a realocação, considerando que mesmo quem está
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sendo indenizado no PCF não se sente completamente satisfeito, porque tiveram suas vidas modificadas.
Fez analogia com um caso de atropelamento que resulta em morte, de forma que a prisão do autor do
crime e o pagamento de indenização para a família da vítima não vai apagar a dor e trazer de volta a
vida perdida. Esclareceu que é com relação a isso que quer dizer que a justiça não tem como fazer essa
reparação que dê ao cidadão a plenitude de sua satisfação. Salientou que a situação se resolve
parcialmente do ponto de vista jurídico, mas que não tem juiz que possa aplacar o sofrimento das
pessoas. Salientou que também tem pessoas insatisfeitas com a solução dada para a área de criticidade
00, de forma a exemplificar que não existe essa plenitude de que resolveram completamente, porque
existem limitações impostas pela própria circunstância do fato e da ordem jurídica. Destacou que o fato
já aconteceu e a empresa está sendo responsabilizada e compelida a responder. Salientou que os acordos
são formas que buscam, após muita análise, encurtar a linha do tempo de uma demanda que poderia
durar 10, 20, 30 anos. Afirmou que é com essa preocupação, de como ficariam essas pessoas durante
esse tempo, que estão seguindo pelos caminhos juridicamente possíveis, para dar celeridade e minimizar
adequação da proposta. Salientou que não estão querendo justificar ou convencer os moradores, mas
explicar o porquê do caminho seguido. Ressaltou que estão imbuídos nesse propósito de buscar uma
solução que venha a garantir minimamente uma condição, senão ideal, mas que dê essa garantia de
alguma perspectiva de direito pros atingidos. Agradeceu a presença e afirmou que está à disposição de
todos, torcendo para que tudo seja feito da melhor forma.
A Dra Roberta Bomfim deu bom dia aos presentes e afirmou que os colegas explicaram o caminho
percorrido no procedimento, os elementos obtidos e a conclusão que chegaram durante esse um ano e
oito meses de trabalho. Salientou que lhe cabe expor um pouco mais e também tirar algumas dúvidas
que surgirem. Agradeceu a presença de todos e explicou que fizeram esse formato diferente das reuniões
anteriores, mas ressaltou que a comunidade sempre teve acesso às instituições e que sempre que havia
necessidade e desejo os recebiam. Destacou que as reuniões sempre foram feitas com segmentos
separados da comunidade, mas que nesse momento optaram por reunir ambas as posições em um único
O Dr. Diego Alves, a fim de acrescentar uma informação e dar mais transparência sobre o porquê
entendem que há inviabilidade jurídico no pleito de realocação, afirmou que no ano de 2021 ajuizaram
uma ação civil pública objetivando a liberação do FGTS para pessoas que residem no Flexal,
considerando o isolamento. Ressaltou que no ano de 2021 ainda não se existia definição sobre o
posicionamento de realocação ou revitalização, mas que já identificavam o prejuízo para a comunidade,
que precisava de apoio financeiro para fazer frente a dificuldades. Esclareceu que essa ação foi ajuizada
também para todos os bairros que estavam na área de risco e para todos esses bairros da área de risco o
juiz concedeu a liminar e o FGTS, que é um direito do trabalhador que exerce atividade na iniciativa
privada, foi liberado. No entanto, informou que o caso do Flexal foi emblemático e despertou a questão
da viabilidade jurídica da resposta que se quer dar para o isolamento, considerando que o juiz não
concedeu a liminar e o Tribunal não reverteu a situação do juiz. Ressaltou que é um direito do
trabalhador, que não vai gerar ônus para ninguém, mas que não foi concedido pelo juiz. Questionou,
então, se o juiz vai conceder eventual liminar pleiteada pelos moradores, através das instituições ou
A Dra. Roberta Bomfim salientou que a própria ação civil pública relacionada ao mapa de risco
demorou bastante tempo sem que qualquer decisão judicial tivesse. Reiterou que existia o mapa de risco,
uma região com evidências bem fortes de fissuras, trincas e buracos, e não houve decisão judicial
reconhecendo o direito de indenização naquela ocasião. Salientou que a ação foi ajuizada em abril ou
maio de 2019 e em dezembro de 2019 foi realizado o primeiro acordo de indenização dos moradores,
ocasião em que não havia nenhuma decisão judicial, seja para o pagamento de aluguel social, ajuda
humanitária ou mesmo que possibilitasse a saída dos moradores de uma região reconhecidamente de
risco e tampouco indenização. Afirmou que para cada problema, situação e questão que foram trazidos
pelos atingidos, foram pensadas soluções que pudessem reverter o problema. Salientou que a como a
UBS estava no Bebedouro e foi realocada para a Chã da Jaqueira, salvo engano, hoje existe um
deslocamento maior do que se tinha antes, de forma que a ideia é trazer de volta a 1) Unidade Básica
de Saúde porte I, com mobiliário e equipamento, para a região. Lembrou que existem deveres do
Município de Maceió em reorganizar os seus serviços públicos e que se essas situações tivessem sido
reorganizadas de forma mais célere, talvez a situação não estivesse tão gritante como está hoje, mas que
assim não foi e as instituições estão trabalhando com essa proposta. Destacou que outro ponto seria a
educação, de forma que, diante do deslocamento dos equipamentos, a ideia é a construção de uma 2)
unidade escolar e de uma creche, que é um acréscimo, porque Maceió tem um deficit de creches.
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Afirmou que tem a situação das unidades que foram realocadas, que fica aquele cenário de guerra, que
já tem a solução prevista no acordo socioambiental, mas as instituições estão batalhando para que se
tenha a 3) execução prioritária da demolição dessas unidades na entrada e na saída do Flexal,
porque isso auxiliaria na questão da limpeza, da segurança e do bem-estar da população em não mais se
deparar constantemente no seu dia a dia com aquele cenário. Salientou que buscam a implementação de
4) programa de limpeza e conservação da área, que já se tentou fazer de forma emergencial, mas
enfrentou percalços. Pediu que tenham tolerância para a execução dessas medidas para que o ambiente
possa se tornar saudável. Explicou que consistiria em ações de limpeza, pintura, iluminação pública,
vigilância, dentre outras que sempre foram queixas da comunidade desde janeiro, ações estas que são
direitos de todos e dever do poder público. Esclareceu que seriam adotadas ações de 5) vigilância
solidária, com rondas de veículo e moto, a fim de melhorar e reforçar a segurança da região, tendo
consciência de que a segurança pública é uma política pública que cabe ao Estado de Alagoas, de forma
que essas ações jamais substituiriam ou substituirão a política pública, o dever do Estado, de prestar
que há uma juventude na região, que é muito marcada por profissionais autônomos, de forma que o
programa de capacitação serviria para melhorar ou incrementar alguma habilidade, em parceria com
instituições de ensino profissionalizante. Destacou a previsão de estudo de viabilidade econômica para
a região, que eventualmente pode indicar, por exemplo, a isenção de imposto na região para fixar os
comerciantes, custeada pela Braskem. Mencionou a elaboração de projeto e instalação de 17) centro
comercial de serviços básicos, que sempre foi uma queixa da comunidade, de forma que a ideia é que
esses pequenos serviços voltem a ser acessíveis para a comunidade do Flexal, como loteria, farmácia,
padaria, mercadinho. Asseverou que essas medidas terão previsão de início e finalização e contam com
o custeio e execução pela Braskem, a não ser que se trate de efetivo serviço público que uma empresa
privada não possa substituir. Esclareceu que foi isso que foi concebido pelas instituições, a partir de
longas discussões, durante todo esse tempo, sempre partindo das queixas e necessidades apresentadas
pela comunidade. Salientou que algumas delas possuem potencialidade de serem aplicadas rápida e
efetivamente, como a limpeza, a 18) iluminação pública e o transporte público e o escolar, enquanto
A Dra. Julia Cadete iniciou o bloco de manifestação de cidadãos e passou a palavra aos presentes de
acordo com a ordem dos inscritos.
A Sra. Abilene Lourenço Costa deu bom dia a todos e afirmou que é moradora dos Flexais há 59 anos
e que independente do que está acontecendo, está aqui em busca da solução. Salientou que do seu ponto
de vista não ficaria no Flexal, porque tem duas crianças que precisa educar. Informou que teve cinco
filhos e o mais velho está com 36 anos, mas que não vê como educar seus dois filhos de 9 e 10 anos
naquele bairro. Pontuou que se tivesse carro ou renda fixa poderia ficar, mas afirmou que vive do seu
negócio. Ressaltou que tem 36 anos de comércio e que não tem como mantê-lo no Flexal. Destacou que
seu filho tem um centro de jiu jitsu que também não dá para manter no bairro. Afirmou que está levando
o centro de jiu jitsu do seu filho e o seu negócio para outro bairro. Informou que seu comércio não está
dando para sustentar a sua família. Asseverou que está providenciando a realocação, porque quer educar
as suas crianças do mesmo jeito que educou seus outros cinco filhos. Reiterou que não dá para sobreviver
no Flexal, independente do que vier.
O Dr. Diego Alves acrescentou que uma das frentes da negociação envolve indenização para as pessoas
- os moradores e os comerciantes. Afirmou que a indenização para os moradores tem como fato gerador,
a causa da indenização e o valor da indenização, o rebaixamento da qualidade de vida por conta do
ilhamento socioeconômico, considerando que em razão dos prejuízos sentidos a Braskem tem o dever
de indenizar. Informou que o valor é de no mínimo 25 mil e que quem não concordar com esse valor
pode contestar judicialmente. Afirmou, ainda, que envolve possível compensação adicional para os
comerciantes. Esclareceu que não são juízes, mas sim trabalham na defesa e com o manejo de ações. No
entanto, afirmou que, com sua experiência de trabalhar na Justiça Federal, pode dizer como os juízes
costumam fazer a fixação dos danos morais. Destacou que quem achar pouco tem o direito de acessar a
justiça e pedir mais, diante da particularidade do seu caso e o juiz pode dar mais ou entender que os 25
mil é suficiente. Reiterou que possuem experiência em casos semelhantes e que os juízes federais dão
tratamento diferente da justiça estadual para fixação de danos morais. Afirmou que tem conhecimento
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de juízes estaduais que concedem 5 mil reais para o caso de negativação indevida, mas que, por
experiência, sabe que os juízes federais são mais rígidos. Esclareceu que se forem contestar
judicialmente 25 mil reais será o valor mínimo a ser fixado. Informou que na proposta inicial da empresa
não tinha previsão de indenização para os moradores e que, em seguida, apresentaram um valo ínfimo,
tendo as instituições lutado para estabelecer esse valor. Ressaltou que é importante entender que um
acordo coletivo não consegue detalhar a pretensão de todos, de acordo com a particularidade de cada
um. Destacou que entendem que os atingidos do Flexal possuem direito à indenização e que o fato
gerador desse ano não é o mesmo do acordo indenizatório do mapa de risco, que contou com dois fatos
geradores, que foi a desocupação forçada e a perda da propriedade, e, por isso, ficava 20 mil reais para
o proprietário e 20 mil reais para o inquilino. Reiterou que o fato gerador é o rebaixamento da qualidade
de vida por conta do ilhamento socioeconômico e que não indenizarão o valor da casa. Ressaltou que
também conta no bojo do acordo um possível valor adicional para os comerciantes, consistente nos
lucros cessantes dos comerciantes formais e informais. Reiterou que a Braskem tem o dever de indenizar
A Sra. Joselma Evaristo Valério afirmou que compareceu à reunião achando que ouviria uma resposta
positiva. Destacou que depositou a confiança de cuidarem da sua segurança, mas que infelizmente está
muito nervosa. Asseverou que não sabe como vai continuar morando nessa casa toda rachada. Salientou
que conseguiu outro imóvel pelo programa minha casa minha vida, mas que ainda continuaram residindo
A Dra. Julia Cadete afirmou que gostaria de esclarecer três pontos do pacote de ações. Primeiro,
afirmou que há previsão de recursos para assessoria técnica, que consistirá na visita das casas para
identificar casas que precisam de reparos, nas casas em que o reparo é viável. Salientou que é certo que
determinadas casas podem não ter reparos possível e que a solução pontual para esse imóvel, que não é
recuperável, possa passar pela realocação. Asseverou que também há previsão de que caso haja
atualização do mapa e o Flexal passe a compor o mapa de risco, haverá possibilidade de realocação e
outros benefícios do PCF, como a indenização de 40 mil reais, sem que haja compensação de valores já
pagos. Esclareceu que isso regulamenta a situação do Flexal de hoje, mas que havendo modificação da
situação atual, também haverá modificação da situação jurídica.
O Dr. Diego Alves afirmou que se solidariza particularmente com a dor da Dra. Joselma, porque a sua
avó mora em Murici e pela segunda vez perdeu sua casa, com oitenta anos. No entanto, afirmou que não
pode criar uma expectativa ilegítima e dizer que a Braskem será obrigada a realocá-la, assim como não
pode chegar para sua avó e dizer que ela terá direito de ser reparada pelo Estado. Salientou que estão
fazendo um esforço enorme para entregar uma solução viável, para que os atingidos tenham
efetivamente acesso ao direito.
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A Sra. Josirlene Maria do Nascimento Silva deu bom dia a todos e afirmou que veio com uma
expectativa diferente para a reunião. Informou que é moradora do Flexal há 15 anos, mas que foi nascida
e criada em Bebeduoro. Asseverou que Bebedouro era um bairro alegre e histórico, mas que hoje não é
fácil passar todos os dias por um bairro fantasma. Afirmou que se emociona, porque tinham uma vida,
uma família e tudo foi tirado. Destacou que a maior indignação é essa, questionando porque tiraram tudo
se era pra eles ficarem. Afirmou que tudo o que as instituições falaram hoje é lindo, mas que devia ser
tudo pra ontem. Questionou se vai acontecer. Ressaltou que o apelo pra sair é porque não acreditam.
Salientou que em uma reunião na procuradoria o Dr. Ronnie ficou “mangando” de uma senhora que
disse que não tinha tempo. Aduziu que o bairro conta com pessoas idosas e doentes, que não tem mais
tempo. Asseverou que se tivesse condições já tinha saído do bairro. Salientou que não é contra quem
quer ficar, mas que tem sua mãe que faz hemodiálise e que já teve muitas perdas, morou 50 anos em
uma residência e foi para o aluguel. Reiterou que compareceu á reunião porque acreditava que fosse
O Dr. Jorge Doria compartilhou a dor de todos. Afirmou que entende essa necessidade de resposta
objetiva de realocação, mas que queria reforçar que as instituições não possuem o poder de realocar
pessoas. Salientou que essa possibilidade de realocação, pelas razões já expostas, não é uma opção que
as instituições dispõem. Afirmou que, pela experiência das instituições, o caminho da realocação como
solução dificilmente será concedido pelo Poder Judiciário. Assim, deixou claro que não existem duas
opções. Salientou que a Braskem deixou claro que não concorda em realocar e que em negociações e
acordos não podem impor nada para a outra parte. Destacou que isso só significa que esgota o limite da
negociação e que o caminho que resta é ação na justiça. No entanto, as instituições não submeterão os
atingidos ao risco de entrar com uma ação nesse sentido, porque faltam elementos jurídicos para
subsidiar o pleito de realocação. Destacou que se houvesse um laudo sequer, seja municipal ou nacional,
que apontasse a necessidade de realocação, essa opção seria imediatamente encampada. Por fim,
agradeceu pela presença de todos.
A Sra. Josirlene Maria do Nascimento Silva afirmou que em uma reunião com a prefeitura, o Ronnie
afirmou que se acontecesse a revitalização e depois a justiça determinasse a realocação, a Braskem
deixaria a realocação de lado e pagaria outra indenização por danos morais de novo e o valor da casa.
Assim, perguntou ao Dr. Diego se isso é verdade. Salientou que na sua cabeça não é viável que uma
empresa vai gastar o que foi apresentado nesta reunião e depois ainda vai repor o dano.
O Dr. Diego Alves respondeu que isso deu muito trabalho nas negociações, mas esclareceu que o acordo
que está em tratativa estabelece danos morais para os moradores e para os comerciantes e que essa
indenização será imediata. Asseverou que a Braskem fará o cadastro das pessoas que residem no local
e o valor será pago em, no máximo, 60 dias. Esclareceu que o que pode acontecer é que, durante esse
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processo de revitalização, que tem prazo máximo de dois anos, com várias etapas, pode haver uma
atualização no mapa que inclua o Flexal. Aduziu que se isso acontecer, uma cláusula prevê que a
Braskem vai interromper a revitalização e a área será incluída para compensação, naquele acordo
indenizatório. Explicou os 25 mil reais recebidos pelo rebaixamento da qualidade de vida não serão
abatidos dos valores que forem calculados em eventual indenização pela inclusão na área de risco.
Enfatizou que se amanhã o Flexal for incluído na área de risco, esses 25 mil reais não serão deduzidos
do valor que será recebido pelo PCF. Destacou que os dados técnicos da Defesa Civil do Município, da
Nacional e da CPRM identificam que houve regressão da movimentação da região. Salientou que tem
uma parte do Flexal que foi incluída na área de risco em dezembro de 2020, mas que se o mapa fosse
elaborado hoje não estaria mais na área de risco, porque houve regressão da subsidência vinculada à
Braskem. Pontuou que essa é a razão da Braskem se confiar tanto, porque os dados técnicos estão
indicando que o fenômeno está em regressão. Questionou porque a Braskem não está querendo realocar
o Flexal, respondendo que sempre terá um entorno, sempre terá um limite e que se o Município deixar
A Sra. Mirelle Celiane Sarmento Paz deu bom dia a todos e afirmou que é estudante de engenharia
civil da UFAL. Destacou que gostaria de pontuar uma fala do Dr. Diego, que comparou o caso de sua
avó que perdeu sua casa com a enchente, porque apesar de se solidarizar, entende que é uma situação
totalmente diferente e não podem comprar um desastre natural ao que está acontecendo no Flexal.
Pontuou que a Dra. Julia mencionou que casas pontuais podem precisar de reparos e perguntou porque
nas casas do Pinheiro não foi feito reparo. Afirmou que não é algo pontual, que são várias casas com
rachaduras que não são pequenas e que fica abismada como estão fechando os olhos para o que está
acontecendo. Aduziu que tem medo de andar no seu bairro e que não sabe como revitalizarão uma
história que foi perdida. Salientou que a igreja que congregava hoje é só escombros. Afirmou que deseja
começar a sua vida que está totalmente parada por conta disso e que veio com esperança para essa
reunião, mas que foi totalmente perdida, porque percebeu que o entendimento é algo firmado e que não
sabe porque estão participando da reunião, porque as instituições ouvirão para não fazer nada depois.
A Sra. Joseane Amancio Hilario reafirmou as palavras da Sra. Mirelle. Asseverou que é mãe de dois
filhos, de 20 e 14 anos e que seus filhos se encontram na mesma situação que ela. Salientou que as
dificuldades são imensas e que a sua casa perdeu valor financeiro. Afirmou que deseja vender sua casa,
mas que ninguém vai querer comprar. Salientou que tem um salão de beleza que está praticamente falido,
porque suas clientes não vão mais lá, uma vez que o lugar é feio e com escombros. Agradeceu as
instituições, afirmou que respeita os vizinhos que querem ficar lá, mas que, como mãe e
microempreendedora que é, mesmo diante dessa proposta de revitalização, entende que estão buscando
o melhor para a comunidade, mas que não esperava que as instituições tivesse limitação para essa
empresa criminosa. Asseverou que por mais que a Defesa Civil e a CPRM digam que não há subsidência,
tudo o que estão passando seria suficiente para a empresa ser punida. Afirmou que gostaria de ter direito
de decidir o seu futuro e recomeçar a sua vida em outro local. Salientou que entende que o que as
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instituições estão planejando requer tempo e que sua vida está quase parada há dois anos. Destacou que
sua filha ia andando para a escola e que hoje a distância é de quase 5km e que seu esposo, assalariado,
tem que levá-la e buscá-la todo dia, o que ocasionou um prejuízo financeiro de quase 500 reais por mês
para levar a filha na escola. Pontuou que esses benefícios que vão chegar não servirão para sua filha,
que estuda em escola privada. Agradeceu o esforço e a boa vontade, mas afirmou que não sairá com
sentimento de satisfação de justiça. Reiterou que gostaria de poder decidir o seu futuro e sair do Flexal
recebendo o valor de sua residência, para poder comprar outra em outro bairro e recomeçar sua vida em
um bairro digno. Afirmou que não se trata de deficiência apenas de serviços públicos, mas de uma
história de um bairro. Pontuou que sabe que as instituições estão fazendo o que entendem como melhor,
mas que gostaria que a Braskem fosse punida e que mesmo não havendo subsidência, pagasse pelo dano
integralmente para que todos pudessem sair dali. Reiterou que pensou que poderiam ter a opção de sair.
Informou que vai sair do Flexal e morar de aluguel, porque o seu salão está falido e nenhuma cliente vai
querer ir para aquele local.
O Dr. Diego Alves enfatizou mais uma vez que não é o laudo antropológico e nem a situação dos
pescadores que determinaram a ideia e o avanço na questão da revitalização. Afirmou que por parte da
DPU o laudo antropológico não é meio de prova para garantir a revitalização, assim como a situação
dos pescadores, mas sim o fato de que ilhamento socioeconômico não tem força jurídica de
argumentação para garantir a realocação. Pediu que não confundam o que está exposto no laudo
antropológico, que possui visão antropológica e não jurídica, com a roupagem jurídica que foi dada.
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Afirmou que as associações possuem legitimidade para ajuizar ação civil pública e que não estão
obrigando os atingidos a aceitarem o seu argumento, aduzindo que não é o argumento da autoridade que
importa, mas sim a autoridade do argumento. Asseverou que objetivaram expor os argumentos jurídicos
e não o seu argumento como autoridade. Reiterou que o laudo antropológico e a questão dos pescadores
não foi determinante para não garantir a realocação, mas sim o fato de que as chances de conseguir êxito
na justiça, fundamentando-se no ilhamento, são mínimas. Afirmou que não recebeu nenhum e-mail da
CPRM como informado pelo Sr. Maurício.
A Dra. Julia Cadete afirmou que todos tem liberdade de expressão, mas não pode deixar passar a fala
do Sr. Maurício no sentido de que as instituições se curvaram ao poder econômico da empresa. Destacou
que processaram a Brasem anteriormente e que se chegarem a necessidade novamente assim o farão.
Sobre a pergunta da Sra. Mirelle, respondeu que as residências incluídas no mapa sofrem ordem de
evacuação pela Defesa Civil, por isso não passaram por reparos. Esclareceu que não existe, hoje, ordem
O Dr. Diego Alves esclareceu que a Lei Federal nº 11.888/08 trata da assistência técnica e que quando
estavam discutindo com a empresa perceberam que não adiantaria revitalizar e deixar as casas das
pessoas rachadas, porque as pessoas não teriam de volta o seu bem-estar. Enfatizou que as fissuras e
A Dra. Roberta Bomfim pontuou que todos sabem que as instituições vem ouvindo a comunidade ao
longo desse um ano e oito meses, de forma que não lhe parece adequado mencionar que a reunião de
hoje é uma “coisa pronta”. Explicou que hoje as instituições encerraram a cadeia de elementos e estão
apresentando para a comunidade. Afirmou que na última reunião com a comunidade foi apresentado
que os moradores teriam elementos técnicos e que iriam apresentar para as instituições. Asseverou que
receberam a documentação, que não veio acompanhada da manifestação do Prof. Abel Galindo, que, na
verdade, foi expedido ofício ao Prof. Abel Galindo solicitando explicações, foi juntado aos autos o
documento do engenheiro Lucas, que conclui que existem patologias nas residências relacionadas ao
solo, mas não atrela à subsidência, considerando que estas podem ser as mais diversas. Explicou que as
instituições leram os documentos técnicos apresentados e, considerando que a comunidade afirmava que
a Defesa Civil Municipal não era suficiente, encaminharam para a Defesa Civil Municipal, para a Defesa
Civil Nacional e para a CPRM. Enfatizou que submeteram a esses órgãos técnicos a manifestação do
Prof. Abel Galindo e a análise do Engenheiro Lucas e perguntaram se com base nesses elementos havia
modificação no que foi produzido anteriormente ou se seria necessário algum estudo adicional e a
resposta obtida é de ciência de todos. Reiterou que a reunião foi agendada porque um ciclo foi encerrado
após o recebimento das respostas dos órgãos técnicos acerca dos documentos apresentados pela
comunidade a fim de reverter a questão da existência de risco atrelado à subsidência na região. Explicou
que precisavam devolver para a comunidade essa resposta e que havia solicitação de reunião pelo Sr.
Sassá e pelo Sr. Barcelos. Enfatizou que os órgãos técnicos não apontaram fato novo que modificasse o
que já estava produzido, razão pela qual estão nesse momento procedimental externando à comunidade,
considerando que o convencimento das instituições era um questionamento da comunidade, mas que
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aguardaram para externar após percorrer essa etapa de receber as respostas dos órgãos técnicos sobre os
documentos produzidos pela comunidade. Afirmou que não parece adequado dizer que possuem
limitações ou que estão curvados perante a empresa. Reiterou que não estão, não estiveram e nunca
estarão, porque fizeram um juramento lá atrás e possuem suas convicções internas. Afirmou que respeita
a divergência, mas que discursos ofensivos às instituições e aos servidores públicos devem ser
ponderados. Enfatizou que se submetem à Constituição Federal e à ordem jurídica e somente a isso.
Pediu respeito. Salientou que ouviram a comunidade durante todo esse tempo e que continuarão ouvindo
tantas vezes quanto demandem. Afirmou que respeita em absoluto a divergência, se solidariza com a
dor de cada um, mas ressaltou que pensar diferente é diferente de buscar atingir a honra das pessoas e
das instituições. Salientou que não estão atingindo a honra de nenhum movimento, associação ou de
nenhuma pessoa da comunidade. Enfatizou que dentro da convicção jurídica que possuem, estão
devolvendo à comunidade o resultado de todas as análises, que se iniciaram em janeiro de 2021.
Asseverou que são responsáveis e que todos conhecem a história das instituições, que não atuam
O Sr. Francisco Alves Barbosa Junior deu bom dia a todos e afirmou que o Sr. Maurício falou do
documento apresentado pelos moradores e que tem mais casas que estão do mesmo jeito que a casa da
Sra. Josirlene. Pediu que olhem melhor para esse documento, porque tiveram evidências que foram
mostradas.
O Sr. Paulo Rodrigo dos Santos deu boa tarde a todos e externou sua gratidão e respeito pelo MPF,
DPU e MPE. Afirmou que vem trabalhando como líder comunitário a fim de mitigar as consequências
do que aconteceu com o Bebedouro nesse caso da Braskem. Destacou que o isolamento, a deficiência
na infraestrutura e no comércio é grave. Afirmou que tem em sua posse todos os resultados dos trabalhos
que está realizando para atender a sua comunidade. Afirmou que domingo realizou um evento esportivo
e escolheu o park da lagoa, para proporcionar lazer aos moradores. Asseverou que atenderam mais de
700 e que todos os bairros foram beneficiados com os alimentos arrecadados. Afirmou que foi muito
prazeroso ver colegas que foram realocados presentes no evento. Aduziu que vem trabalhado sempre no
diálogo, conversando com as pessoas e tendo serenidade nas palavras, de acordo com os documentos e
laudos apresentados pelos órgãos competentes. Afirmou que sai da reunião com gratidão. Ressaltou que
na última reunião que esteve no MPF foi mencionada a possibilidade de indenização por dano moral e
que lembra que respondeu que a sua indenização moral é ver o seu bairro novamente reestruturado.
O Sr. Luiz Barcelos de Mendonça agradeceu a todos que fazem o ministério público e a defensoria,
em nome da Dra. Julia e de todos. Afirmou que apresentou o abaixo-assinado em abril do ano passado
no MPF, foi atendido e está sendo atendido até hoje, o que é um prazer. Salientou que mora em
bebedouro desde 1967 e que prestou muitos serviços ao bairro do Bebedouro, no transporte, na
pavimentação, na saúde. Asseverou que não quer ser expulso do seu bairro depois de tanto trabalho
prestado. Afirmou que arriscou sua vida salvando vidas, que é ex combatente e que em 1978 uma
barreira caiu na Marquês de Abrantes e matou oito pessoas, mas que só saiu de lá quando tiraram a Sra.
Josilene, com oito anos de idade. Salientou que não é agora que vai deixar o seu bairro a toa e que por
isso apresentou esse abaixo-assinado, com assinatura de mais de duzentas pessoas. Agradeceu mais uma
vez às instituições e pediu respeito para os que não querem sair. Asseverou que não aceitará que pessoas
com outros pensamentos queiram o convencer a sair da sua casa, onde escolheu viver até o fim de sua
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vida. Afirmou que é grato pela atenção e pediu que tudo o que foi retirado seja colocado de volta no
Flexal, como transporte, saúde, segurança, comércio. Agradeceu mais uma vez.
A Dra. Julia Cadete pontuou que o acordo prevê o investimento de mais de 60 milhões de reais para
serem aplicados na encosta, a fim de evitar danos futuros e viabilizar a estabilização. Pediu que se a
comunidade tiver algum ponto para contribuir com o projeto, encaminhem para o e-mail do MPF.
O Sr. José Dijair Aprígio de Menezes deu boa tarde a fotos e afirmou que mora no bebedouro há 45
anos. Asseverou que sempre gostou e gosta do bairro e que agradeceu pelo que foi apresentado. Afirmou
que respeitam a todos e sai satisfeito com o que foi apresentado, agradecendo a todos pelos trabalhos.
O Sr. Edson Willams Bulhões Lima deu boa tarde a todos e ressaltou que não se precisa ter formação
O Sr. Edson Willams Bulhões Lima perguntou como vão construir esses equipamentos se não se pode
construir na área com subsidência.
O Dr. Diego Alves respondeu que a comunidade precisa entender e diferenciar o que significa
subsidência, que é o afundamento do solo. Ressaltou que quando se fala em subsidência fazem uma
relação automática com a Braskem, mas que isso não é verdade. Salientou que de acordo com a Defesa
Civil Municipal o Flexal está em uma área naturalmente subsidente, porque tem uma bacia de
subsidência que vai até a Cambona. Reiterou que a comunidade precisa entender que subsidência não
significa realocação e que a subsidência do Flexal não tem relação com a mineração. Sobre a pergunta
de onde vai ser construído, esclareceu que será na região e que se houver necessidade de desapropriação,
imóveis serão desapropriados. Enfatizou que isso é uma questão administrativa.
A Dra. Julia Cadete ressaltou que, caso tenham contribuições a fazer, esse é o momento, porque o
acordo ainda não foi firmado. No entanto, esclareceu que caso haja assinatura estão previstos momentos
de contínuo diálogo e colaboração com a comunidade.
O Sr. Antônio Domingos dos Santos afirmou que faz parte da liderança comunitária dos Flexais e tem
várias ações na comunidade. Salientou que apesar de ter o pessoal que quer ficar, estão violando o direito
de moradia da comunidade previsto na constituição brasileira. Afirmou que quando teve a enchente
enviou vários vídeos para o MPF e que algumas casas tiveram os seus muros derrubados e que outras
pessoas perderam vários móveis. Informou que a prefeitura não recolheu o lixo e que estão facendo uma
peneira no auxílio chuva, que tinham dito que ia para todo mundo. Asseverou que a Defesa Civil
Municipal é inoperante e defensora da Braskem. Afirmou que o prefeito de Maceió também está sendo
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conivente com a situaçaõ até hoje. Aduziu que a Braskem e a Defesa Civil até hoje não deram uma
resposta sobre o tremor que aconteceu em novembro. Destacou que o Prof. Abelardo afirmou que o
Flexal está sendo puxado para a lagoa e perguntou porque não realocar. Afirmou que existem
aproximadamente 3500 pessoas e 800 moradias na região e que estão a quase dois anos nessa luta.
Destacou que é um lugar insalubre para morar. Afirmou que as rachaduras vão abrir de novo. Ressaltou
que não acredita que colocando quitandaria o pessoal terá como sobreviver, porque não tem um
empresário que empregue dinheiro no Bebedouro. Informou que perguntou isso ao Francisco Sales, que
respondeu que não investiria nem dinheiro e nem moradia no Flexal. Destacou que são uma comunidade
carente, humilde, mas que possui seus valores. Asseverou que tinham dignidade e não acha justo com
os moradores criar seus filhos nesse lugar. Salientou que foi dito que o Flexal é um lugar bonito de se
morar, mas que não vivem de beleza. Afirmou que pensou que fosse evoluir com os seus anseios, mas
viu que está regredindo. Pediu que seja feita uma investigação na colônia de pescadores, porque lá só
existem 22 pescadores oficiais. Perguntou a quem esse centro pesqueiro vai beneficiar, porque só
A Dra. Julia Cadete perguntou quanto a Sra. Ladiane desembolsou para custear esses estudos. A Sra.
Ladiane respondeu que não desembolsou nada, mas outros moradores o fizeram.
A Sra. Neirivane Nunes afirmou que querem justiça, querem dar um basta em toda omissão e
conivência em relação à Braskem. Asseverou que até então acreditam que as instituições devem estar
lutando em defesa dos direitos da população afetada e que não podem chegar na reunião e encontrar um
jogo de cartas marcadas. Defendeu que precisam que todas as instituições estejam em defesa dos direitos
das vítimas, porque o que estão presenciando é uma violação completa dos direitos humanos, individuais
e coletivos. Salientou que estão lutando para reparação integral de todos os danos no requerimento que
o MUVB apresentou a todas as instituições envolvidas com o caso Braskem. Questionou se foi feita
alguma consulta ao Conselho de engenharia, urbanismo, ou à Universidade, para saber se há condições
A Dra Julia Cadete encerrou a reunião agradecendo a presença de todos. Afirmou que espera que
tenham tirado as dúvidas existentes. Ressaltou que sabem que a solução não é a desejada pela maioria
dos moradores, mas que é a solução viável juridicamente para dar resposta aos problemas vivenciados.
Salientou que agora é a oportunidade de que, quem desejar, apresente contribuições para a possível
requalificação da área do Flexal, encaminhando para os órgãos através de e-mail.
O Sr. Maurício Sarmento da Silva solicitou o envio da ata da reunião para o seu e-mail.
Como encaminhamento ficou consignado que aqueles que desejarem encaminhar suas
contribuições para o projeto de requalificação, que poderá vir a ser implementado nos Flexais,
devem encaminhar e-mail para as instituições presentes, MPF, MPE ou DPU.
Nada mais havendo a discutir, foi encerrada a reunião às 13h lavrando-se a presente ata, que, digitada
pela Assessora Nível II Débora Freire de Carvalho Feitosa (Mat. 29.026), lida e achada conforme, vai
abaixo assinada.
(assinado digitalmente)
JÚLIA WANDERLEY VALE CADETE
Procuradora da República
(assinado digitalmente)
ROBERTA LIMA BARBOSA BOMFIM
Procuradora da República
(assinado digitalmente)
JORGE JOSÉ TAVARES DORIA
Promotor de Justiça
(assinado digitalmente)