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PR-PB-00050916/2020

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PROCURADORIA DA REPÚBLICA - PARAÍBA
Avenida Presidente Epitácio Pessoa, 1800, Expedicionários, João Pessoa/PB

OFÍCIO nº4416/2020/MPF/PR/PB/JGFC

João Pessoa, 1 de dezembro de 2020.

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A Sua Excelência o Senhor
João Azevêdo Lins Filho
Governador do Estado da Paraíba
Praça João Pessoa, s/n - Centro

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João Pessoa - PB, 58013-140
gabccg@casacivil.pb.gov.br

REF.: PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO Nº 1.24.000.000420/2020-51


(Fazer referência a este número na resposta)

Senhor Governador,
Cumprimentando-o cordialmente, rememoro que tramita nesta Procuradoria da
República o Procedimento Administrativo de Acompanhamento de Políticas Públicas em
epígrafe, instaurado com o objetivo de acompanhar e avaliar as medidas que têm sido
adotadas pelos órgãos públicos com o escopo de prevenir e monitorar os casos de
Coronavírus (COVID-19) no Estado da Paraíba. Esse trabalho vem sendo implementado em
conjunto com membros do Ministério Público do Trabalho e Ministério Público do Estado da
Paraíba, conforme diretrizes emanadas do Conselho Nacional do Ministério Público.
Os dados epidemiológicos divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado da
Paraíba (SES/PB), ao longo das últimas semanas, têm indicado um nítido movimento de
ascensão do número de casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus, a ponto de o
Conselho Regional de Medicina haver expedido nota pública de alerta para o risco de
descontrole dos níveis de contaminação no Estado e colapso da rede pública, notadamente
diante do avanço das taxas de ocupação de leitos da rede pública nos últimos dias. O
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Presidente da referida Autarquia buscou inclusive os Ministérios Públicos Federal, Estadual e
do Trabalho para reforçar tal alerta.
Nesse sentido, vale registrar que a própria SES/PB divulgou, no dia
28/11/2020, a 13ª avaliação do Plano Novo Normal, que analisa as condições da retomada
gradual e responsável das atividades durante a pandemia. A avaliação, que passou a vigorar a
partir do dia 30 de novembro, aponta um crescimento de municípios em bandeira amarela
(85%) e laranja (11%), e uma redução de quase metade do número de municípios em
bandeira verde (4%).
Note-se, assim, que a atual situação da epidemia parece instável e dinâmica,
com a possibilidade de modificação substancial em questão de horas, o que naturalmente
demanda dos Poderes Públicos tanto a adequada organização e planejamento de toda a sua
rede de serviço saúde pública voltada ao atendimento de pacientes infectados pelo novo
patógeno quanto a adoção de medidas capazes de mitigar a disseminação do vírus.

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Diante desse cenário, foi convocada reunião pelos Ministérios Públicos (MPF,
MP-PB e MPT), na última sexta-feira (27/11/2020), que contou com a participação dos
secretários de saúde do Estado da Paraíba e das duas maiores cidades desta unidade federativa
(João Pessoa e Campina Grande), para que estes apresentassem aos membros dos órgãos

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ministeriais o panorama geral a respeito da atual situação epidemiológica relativa aos casos
de infecção pelo patógeno pandêmico, bem como acerca das medidas que têm sido adotadas
diante desse movimento de recrudescimento de casos confirmados.
Ao final do encontro foi lavrada a Ata nº 226/2020, cuja cópia segue anexa e
da qual é possível observar que todas as autoridades sanitárias presentes foram uníssonas ao
afirmar que, em face do hodierno cenário epidemiológico, é imperativa a necessidade de
adoção de medidas que contenham a propagação do vírus pandêmico, o que envolve não
apenas o cumprimento das normas sanitárias pelos administrados, mas também uma efetiva
atuação por parte dos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização de tais diretrizes.
Nesse sentido, durante a reunião, sobrelevou-se a importância de que o Estado
da Paraíba e os municípios paraibanos atuem em consonância ao definirem as estratégias
sanitárias, para que fique claro à população o porquê e a necessidade de cada
restrição. Afinal, de acordo com o Supremo Tribunal Federal, durante a pandemia, deve
sobressair o dever de articulação entre os entes federados no movimento de retomada das
atividades econômicas e sociais, não se podendo ser privilegiada determinada política local,
em detrimento de todo o planejamento regional (v. STF, Suspensão de Tutela Provisória nº
442, Min. Dias Toffoli, julgado em 09/07/2020; e STF, Suspensão de Tutela Provisória nº
449, Min. Dias Toffoli, julgado em 13/07/2020).
Ocorre que, a despeito dessas diretrizes, tem sido frequentes os casos em que
gestões municipais têm editado atos normativos em dissonância com o plano de retomada
"Novo Normal" definido no Decreto Estadual nº 40.304, de 12 de junho de 2020, o que
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parece que não tem sido acompanhado da adoção de medidas mais robustas por parte do
Estado da Paraíba no sentido de garantir a prevalência de seu ato normativo.
Muito embora reconheçamos todos os esforços até aqui envidados,
acreditamos que as medidas necessárias para impedir a disseminação do vírus demandam
maior coerência e uniformidade entre as normas de regência, sob pena de provocar uma
sensação de confusão e insegurança na população, especialmente, na atual conjuntura, em que
é mais do que necessária a adesão do cidadão às medidas restritivas propostas.
Por exemplo, constata-se que o próprio Estado já autorizou a realização de
eventos no Centro de Convenções que gerencia, com até 200 pessoas, conforme Decreto nº
40.635, de 13 de outubro de 2020, embora os eventos estejam proibidos na bandeira amarela
estabelecida pelo referido plano "Novo Normal" para o Município de João Pessoa, o qual, por
sua vez, já liberou por decreto municipal eventos em locais fechados com até 400 pessoas.
Seria então o caso de se buscar a uniformização de critérios e protocolos, quanto a esses

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equipamentos, definindo-se em conjunto com autoridades municipais o melhor regramento
para a atual fase da pandemia, em consonância com o plano estadual.
Por essas razões, ao tempo em que lhe encaminhamos cópia da Ata nº
226/2020, solicitamos a V.Exª., com base no art. 8º, II, da Lei Complementar nº 75/93, que,

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no prazo de 5(cinco) dias, a contar do recebimento deste, preste-nos esclarecimentos a
respeito das providências que estão (ou serão) adotadas por seus órgãos em face dos
municípios paraibanos que não têm observado as diretrizes estabelecidas no Decreto Estadual
nº 40.304, de 12 de junho de 2020; bem como se manifeste, se for o caso, acerca de eventuais
ajustes ainda cabíveis no plano nele veiculado.
Contamos com o empenho de V. Exª. no sentido de atender a presente
solicitação no prazo ora indicado, de modo a não prejudicar o andamento do procedimento
investigatório em tela.
Informamos, por fim, que a resposta a este expediente deverá ser encaminhada
por meio do Sistema de Peticionamento Eletrônico do MPF, disponível na página
"https://apps.mpf.mp.br/spe/login", consoante o art. 9º da Portaria PGR/ MPF n.º 1.213/2018.
Atenciosamente,

(Assinado eletronicamente)
JOSÉ GUILHERME FERRAZ DA COSTA
Procurador da República

(Assinado eletronicamente)
JANAÍNA ANDRADE DE SOUSA
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Procuradora da República

(Assinado eletronicamente)
CARLOS EDUARDO DE AZEVEDO LIMA
Procurador do Trabalho

(Assinado eletronicamente)
MARCOS ANTÔNIO FERREIRA DE ALMEIDA
Procurador do Trabalho

(Assinado eletronicamente)

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MARCELA DE ALMEIDA MAIA ASFORA
Procuradora do Trabalho

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(Assinado eletronicamente)
JOVANA MARIA SILVA TABOSA
Promotora de Justiça

(Assinado eletronicamente)
ADRIANA AMORIM DE LACERDA
Promotora de Justiça

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Assinatura/Certificação do documento PR-PB-00050916/2020 OFÍCIO nº 4416-2020

Signatário(a): JANAINA ANDRADE DE SOUSA


Data e Hora: 02/12/2020 17:34:01
Assinado com login e senha

Signatário(a): JOSE GUILHERME FERRAZ DA COSTA


Data e Hora: 02/12/2020 17:49:27
Assinado com login e senha

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PR-PB-00050618/2020
MINUTA

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PROCURADORIA DA REPÚBLICA - PARAÍBA

REF.: PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO Nº 1.24.000.000420/2020-51


PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO Nº 003.2020.001470 (MP-PB)
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO Nº 1.24.004.000012/2020-69 (PRM-MO)
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO Nº 1.24.001.000071/2020-67 (PRM-CG)

ATA DE REUNIÃO Nº 226/2020

Aos vinte e sete dias do mês de novembro de 2020, às 9h30, por meio da
plataforma de videoconferência CiscoWebex, reuniram-se GERALDO ANTÔNIO
DE MEDEIROS, Secretário de Saúde do Estado da Paraíba; DANIEL BELTRAMMI ,
Secretário-Executivo de Saúde do Estado da Paraíba; ADALBERTO FULGÊNCIO,
Secretário de Saúde do Município de João Pessoa; FELIPE PROENÇO DE OLIVEIRA,
Professor da UFPB; FELIPE REUL, Secretário de Saúde do Município de Campina Grande;
com as Procuradoras da República JOSÉ GUILHERME FERRAZ DA COSTA, ACÁCIA
SOARES PEIXOTO SUASSUNA e JANAÍNA ANDRADE DE SOUSA ; com os
Promotores de Justiça RANIERE DA SILVA DANTAS, ADRIANA AMORIM DE
LACERDA e JOVANA MARIA SILVA TABOSA ; e com o Procurador do Trabalho os
Procuradores do Trabalho CARLOS EDUARDO DE AZEVEDO LIMA, MARCELA DE
ALMEIDA MAIA ASFORA, RAULINO MARACAJÁ COUTINHO FILHO e
MARCOS ANTÔNIO FERREIRA DE ALMEIDA , para discutirem questões referentes
aos procedimentos administrativos de acompanhamento de políticas públicas (PA-PPB) em

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epígrafe.
MINUTA
Os membros do Ministério Pública abriram a reunião recepcionando os
convidados e rememorando que os procedimentos extrajudiciais em tela têm por objeto
acompanhar e avaliar as medidas que têm sido adotadas pelos órgãos públicos com o escopo
de prevenir e monitorar os casos de Coronavírus (COVID-19) no Estado da Paraíba.
Registrou-se inicialmente que a reunião foi convocada em razão da constatação
do aumento do número de contaminação por Covid-19 na Paraíba ao longo das últimas
semana, especialmente nas cidades de João Pessoa e Campina Grande, o qual tem sido
retratado nos boletins epidemiológicos divulgados pelas autoridades sanitárias locais.
Nesse sentido, justificou-se a convocação dos secretários de saúde do Estado
da Paraíba e das duas maiores cidades da unidade federativa (João Pessoa e Campina
Grande), para que estes apresentassem aos membros dos diferentes órgãos do Ministério
Público (MPF, MP-PB e MPT) o panorama geral a respeito da atual situação epidemiológica
relativa aos casos de infecção pelos patógeno pandêmicos, bem como acerca das medidas que
têm sido adotadas diante desse movimento de recrudescimento de casos confirmados.
Os debates foram iniciados pelo Secretário-Executivo de Saúde do Estado da
Paraíba Daniel Beltrammi, o qual foi responsável por apresentar um panorama geral a
respeito do hodierno quadro epidemiológico relativo à pandemia em todo o Estado da
Paraíba. De sua apresentação, destacam-se os seguintes dados:

(1) A Paraíba ultrapassou a marca de 140 mil casos confirmados; de 3 mil


óbitos confirmados; a taxa de 50% de ocupação dos leitos de UTI em todo o Estado da
Paraíba;

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MINUTA

(2) Mais de 85% dos municípios paraibanos se encontram na bandeira amarela,


tendo sido observado um movimento de redução do número de cidades na bandeira verde ao
longo do mês de novembro; nesse ponto, afirmou que uma nova avaliação epidemiológica
será divulgada no dia 28/11/2020; destacou, ainda, que, nas faixas amarelas, de acordo com o
plano de retomada estadual, as atividades educacionais não estão autorizadas, a despeito de os
protocolos já estarem elaborados; assinalou, também, que o inquérito sorológico para a
retomada das atividades educacionais está sendo elaborada, com previsão de divulgação dos
dados parciais na próxima semana.

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MINUTA

(4) Registrou que, atualmente, não se observa a situação do que se


tem denominado “segunda onda”, mas, sim, um recrudescimento de casos da mesma onda
observada no início da pandemia, tendo em vista que o número de casos confirmados não
regrediu o suficiente para que fosse possível considerar o atual movimento de aumento de
casos como uma “segunda onda”.

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MINUTA

(5) dados divulgados a partir de estudo elaborado em parceria com a UFPB


demonstra que os casos de síndrome respiratória grave e desconforto respiratório tem
alcançado o índice de média móvel está acima de 1, o que representa que os casos não estão
estáveis, mas recrudescendo.

(6) O número de regulações semanais, na central de regulação do estado, tem


aumentado desde o dia 04/11/2020, tendo sido registrado, na primeira semana de novembro,
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um total de 105 casos; na segunda semana, 114 caos; e, na terceira semana, 139 casos.
MINUTA

(8) A taxa de ocupação tem aumentado gradativamente ao longo do mês de


novembro.

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MINUTA

(9) Atualmente todo o Estado da Paraíba conta com 267 leitos de UTI COVID-
19, 494 leitos de enfermaria COVID-19, o que representa um total de 761 leitos destinados ao
tratamento de pacientes COVID-19.

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MINUTA

(10) A rede hospitalar privada também tem sido bastante pressionada também
com o aumento de casos de COVID-19 e desconforto pulmonar.

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MINUTA

Ato contínuo, o Secretário de Saúde do Estado da Paraíba Geraldo Medeiros


passou a tecer considerações acerca das atuais taxas de ocupação dos leitos do principal
hospital de referência ao tratamento de pacientes COVID-19 na Paraíba, qual seja, o Hospital
Metropolitano Dom José Maria Pires, as quais podem ser assim sintetizadas: a) 85% dos
leitos de UTI ocupados, sendo 20 leitos ao total, estando 17 ocupados; b) 80,6% dos leitos de
enfermaria, sendo 31 leitos ao total, estando 25 ocupados.
Afirmou que esses dados refletem um aumento dos casos de infecção por
COVID-19, o qual já havia sido alertado pela SES-PB há pelo menos quatro semanas, em
razão do aumento do índice da taxa de transmissibilidade, que aumentou de 0,8 para 1,3.
Declarou, nesse contexto, que dobrou o número de leitos de UTI no Hospital
das Clínicas, em Campina Grande, indicando que novos leitos serão abertos, caso seja
identificado um aumento da demanda. Registrou que houve necessidade de reversão dos
leitos de UTI Covid existentes no Hospital de Trauma de Campina Grande para UTI geral,
em virtude do aumento do número de acidentes, provocados -em alguma medida- pelo
retorno das atividades econômicas. Todavia, assinalou que, diante de uma eventual
assoberbamento do Hospital das Clínicas, o Hospital de Trauma poderá retomar os
atendimentos aos pacientes Covid-19.
Noticiou que mais seis leitos estão sendo abertos no Hospital Clementino
Fraga, o qual há dez dias se encontra com 100% dos leitos ocupados. Afirmou que há leitos

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de UTI disponíveis nos hospitais localizados em Patos, Pombal e Piancó.
MINUTA
Nesse cenário, afirmou que o Estado detém uma rede hospitalar robusta capaz
de atender todos os pacientes e que ampliará a sua capacidade na medida em que a demanda
for aumentando, na sistemática de onda automáticas, conforme estabelecido no início da
pandemia. Por outro lado, registrou que providências precisam ser adotadas para que o nível
de disseminação do vírus seja contido, para que, assim, a sociedade não seja penalizada com
o incremento de medidas de contenção social.
O Procurador da República José Guilherme questionou o Secretário de Saúde
do Estado se a questão da ocupação dos leitos dos hospitais municipais já havia sido
solucionada, tendo em vista que, em contraste com o nível de ocupação dos hospitais
estaduais e do HULW, os municipais apresentavam baixas taxas de ocupação. Em resposta, o
secretário assinalou afirmativamente, contudo, não soube esclarecer porque os leitos dos
hospitais municipais não estavam sendo liberados até então.
Diante do atual quadro epidemiológico, o Secretário de Saúde foi indagado a
respeito da possibilidade de realização de eventos no Estado da Paraíba e, em caso afirmativo,
com qual capacidade. Em resposta, foi indicado que, atualmente, na visão da SES/PB, não se
revela adequada a autorização de eventos, tendo em vista que, nessas situações, especialmente
durante as festividades do final do ano, as pessoas ingerem bebidas alcoólicas e, por essa
razão, muito possivelmente não observarão as medidas de distanciamento social. Afirmou,
assim, que eventos não essenciais e com grande aglomeração de pessoas não devem ser
realizados pelo menos até o mês de março de 2021.
Com essas considerações, os membros dos órgãos ministeriais questionaram se
a Vigilância Sanitária do Estado da Paraíba poderia contribuir, em parceria com as equipes de
vigilância sanitária dos municípios, no processo de fiscalização e penalização dos
responsáveis por eventos dessa natureza, especialmente, ao longo das próximas semanas em
que se prevê a possibilidade de aumento do número de casos. Em resposta, o Secretário de
Saúde do Estado noticiou que já tem tratado dessas parcerias com o Secretário de Saúde João
Pessoa.
A Procuradora da República Janaína Andrade registrou o esforço da gestão do
município de Campina Grande em acatar a recomendação expedida no dia 26/11/2020 e
questionou o Secretário-executivo de Saúde do Estado da Paraíba a respeito da existência de
um perfil específico dos pacientes que têm sido internados nos hospitais privados em
decorrência da infecção por Covid-19.
Em resposta, o Secretário-executivo de Saúde do Estado da Paraíba afirmou
que o cenário atual se assemelha ao começo da pandemia, em que as classes média, média-
alta e alta têm apresentado o maior do número de casos. Declarou que, na verdade, os
extremos das classes sociais têm apresentado o maior de número de infecções, em virtude do
relaxamento das medidas de distanciamento social pelas classes mais abastadas e da
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necessidade de retorno às atividades profissionais pelas classes menos favorecidas, que
MINUTA
tiveram uma redução do auxílio emergencial.
A Promotora de Justiça Adriana Amorim questionou os secretários a respeito
do plano de retomada dos leitos COVID-19 que foram fechados. Em resposta, o Secretário de
Saúde do Estado da Paraíba reiterou que há possibilidade de reativação dos leitos. Contudo,
assinalou que será mais difícil, pois, com a ampla retomada das atividades econômicas, a
demanda em alguns setores, como a parte traumatológica, tem aumentado. Ressaltou que, no
rol de dificuldades para a retomada dos leitos COVID-19, se encontram também a carência de
pessoal e de medicamentos. Por isso, pontuou novamente a importância da adoção de
medidas para a contenção da disseminação do vírus.
A Promotora de Justiça Jovana Tabosa teceu considerações acerca da
necessidade de adoção de medidas que contenham a propagação do patógeno pandêmico,
tendo em vista que, em João Pessoa, se encontra em vigor um decreto municipal que autoriza
a realização de eventos com até 400 pessoas ou com capacidade de até 50% da lotação, fato
que gera sérios riscos para a população.
A Promotora de Justiça Maria das Graças, ao mencionar dados apresentados
pelo Conselho Regional de Medicina da Paraíba, registrou a necessidade de esclarecimento
pelas autoridades sanitárias presentes a respeito da subnotificação de casos no município de
João Pessoa causada por uma possível ausência de testes rápidos e PCR.
O Secretário de Saúde do Município de João Pessoa registrou que,
diferentemente das avaliações do CRM-PB, as estratégias estabelecidas pela SMS-PB são
formuladas por especialistas em saúde pública. Na sequência, o professor da UFPB Felipe
Proenço apresentou um panorama geral acerca da evolução dos dados epidemiológicos na
capital paraibana, tendo afirmado que o cenário epidemiológico, na capital paraibana, em sua
visão, se apresenta estável, a despeito das altas registradas nas últimas semanas. Ressaltou
que a SMS tem utilizado como indicadores para decisões sobre retomada, ocupação de leitos
(85% como limite de alerta), taxa de transmissão, número de óbitos, pressão nas UPAS
Questionado sobre parâmetro adotado de 85% de ocupação de leitos (que pode
chegar rapidamente a 100%), justificou que se trata do máximo alcançado no auge da difusão
inicial dos casos no primeiro semestre. Sobre influencia de medidas adotadas em outros
municípios vizinhos, esclareceu que podem repercutir sim na situação em João Pessoa.
Questionado acerca da carência de testes Covid-19, os representantes da SMS-
JP afirmaram que há estoque suficiente no momento, tendo indicado que as coletas dos
materiais para os exames diagnósticos têm sido realizadas diariamente pelas equipes das
UBSs e hospitais de referências, inclusive, nos domicílios de pacientes. Questionado sobre
notícias de que há estoques desses testes no Ministério da Saúde sem destinação e próximo de
prazo de vencimento, acrescentaram que há processo de compra em curso e que já haviam
solicitado abastecimento anteriormente ao Ministério da Saúde.
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Indagados sobre a regularidade no encaminhamento e na consolidação dos
MINUTA
dados epidemiológicos ao Ministério da Saúde, os representantes da SMS-JP declararam que
as intercorrências identificadas em semanas anteriores foram devidamente sanadas.
A Procuradora do Trabalho Marcela Asfora questionou se a SMS-JP estava
levando em consideração a desmobilização de leitos nos percentuais de acompanhamento das
taxas de ocupação, tendo os representantes da SMS-JP afirmado que tanto os valores
percentuais quanto absolutos são analisados.
Perguntado a respeito do posicionamento acerca da manutenção dos termos do
Decreto n° 9.608/2020, de 05 de novembro de 2020, que autoriza o funcionamento de
auditórios e os teatros para eventos corporativos e artísticos, com ocupação limitada a 50%
(cinquenta por cento) da capacidade do local, público limitado a 400 (quatrocentas) pessoas, o
Secretário de Saúde de João Pessoa indicou que os dados epidemiológicos atuais justificam a
autorização registrada no ato normativo, não havendo necessidade de alteração em seus
termos, mas, sim, de fiscalização quanto ao seu cumprimento.
Registrou que os eventos oficiais do governo municipal foram cancelados e
que uma força-tarefa entre diversos órgãos municipais e estaduais será organizada para
realizar fiscalizações ao longo do mês de dezembro.
Os membros do Ministério Público registraram a necessidade de que os
municípios atuem em consonância com as estratégias definidas pela autoridade sanitária
estadual, tendo em vista, inclusive, a determinação do Supremo Tribunal Federal, segundo a
qual não se pode privilegiar determinada política local, em detrimento de todo o planejamento
regional.
Além disso, os membros pontuaram que, além da necessidade premente de se
incrementar o número de fiscalizações, é igualmente relevante aplicar multas àqueles que
descumprirem as medidas sanitárias definidas pelas Poderes Públicos. Sobre esse ponto, o
Secretário de Saúde de João Pessoa declarou que já foram feitas 80(oitenta) notificações, as
quais deram ensejos à instauração de processos administrativos que se encontram em
tramitação, mas não soube informar se foi aplicada alguma multa.
A Procuradora da República Acácia Suassuna registrou a necessidade de que
as medidas sanitárias definidas pelas autoridades sanitárias estadual e municipais guardem
coerência, para que fique claro à população o porquê e a necessidade de cada restrição. Nesse
ponto, registrou a necessidade de se buscar uma adequação das bandeiras, de acordo com o
cenário atual, pois o importante seria o cumprimento de protocolos com intensificação de
fiscalização para aplicação das sanções cabíveis em caso de descumprimento, destacando o
papel do próprio Estado da Paraíba, por meio de seus órgãos, notadamente, a sua
procuradoria, em adotar as providências administrativas e judicias que se fizerem necessárias
a fim de garantir o cumprimento das diretrizes definidas.

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A Procuradora do Trabalho Marcela Asfora reforçou os pontos destacados pelo
MINUTA
membro do MPF, acrescentando que, desde a publicação do decreto estadual, não tem sido
observado um alinhamento entre as medidas estabelecidas pela autoridade sanitária estadual e
as definidas pelos gestores municipais.
O Procurador da República José Guilherme Ferraz da Costa reiterou os pontos
destacados pelos membros referidos anteriormente, destacando que o Governador do Estado
da Paraíba, quando da publicação do decreto estadual, afirmou que as medidas lá
estabelecidas deveriam ser observadas por todos os municípios paraibanos, ressaltando que,
quando necessário, adotaria as providências judiciais pertinentes.
Nesse ponto, o aludido procurador questionou o Secretário de Saúde do Estado
da Paraíba a respeito da alteração formal do decreto estadual para autorizar a retomada das
atividades de bares e restaurantes nos municípios de bandeira amarela, tendo em vista que, até
onde se sabe, a indicação de autorização consta somente em uma nota técnica publicada pela
SES/PB.
Em resposta, o secretário da SES-PB afirmou simplesmente que as bandeiras
não podem ser alteradas e que a aludida nota técnica foi publicada quando índice de
transmissibilidade estava em 0,8, destacando que tudo seria mais fácil, caso os municípios
paraibanos observassem as diretrizes estaduais.
Os membros do Ministério Público questionaram, então, por qual motivo o
Estado da Paraíba não tem adotado as providências cabíveis em face dos municípios que
têm inobservado essas diretrizes. Em resposta, o secretário da SES-PB declarou que a
Procuradoria Geral do Estado da Paraíba ainda não se manifestou a respeito da matéria.
Ato contínuo, o Secretário de Saúde do Município de Campina Grande se
pronunciou acerca dos temas debatidos na reunião, tendo declarado que a
gestão municipal seguiu a recomendação dos Ministérios Públicos para não autorizar os
eventos nem para realizar os eventos do 'Natal Iluminado' com apresentações artísticas,
ressaltando que tal matéria já é ponto pacífico na gestão do município de Campina Grande.
Ao final, os Secretários de Saúde foram questionados acerca da implementação
de leitos intermediários nas UPAs, no caso de João Pessoa, e nos hospitais estaduais, no caso
do Estado da Paraíba, destinados a pacientes com suspeita de COVID-19, tendo em vista que,
no relatório do CRM-PB, foram destacadas irregularidades nesse sentido. Em resposta, ambos
o secretário estadual afirmou que os leitos foram implementados, mas o Secretario Municipal
disse ser inviável a separação de pacientes com síndrome respiratória aguda nas UPAs que
não são exclusivas para pacientes de covid-19, mas que está sendo efetivado o devido manejo
de leitos para minimizar riscos de contaminação.
Após os questionamentos e debates realizados pelos presentes acerca do atual
panorama relativo ao objeto dos autos, foram firmados os seguintes compromissos

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voluntários:
MINUTA
1 – A Secretaria de Saúde do Município de João Pessoa divulgará que os
cidadãos poderão contatar a ouvidoria do órgão municipal, caso identifiquem a ausência de
testes para o diagnóstico de infecção por Covid-19, bem como fornecer cópia dos ofícios com
pedidos de testes ao Ministério da Saúde, no prazo de 48(quarenta e oito) horas.
2 – A Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba, no prazo de 5(cinco) dias,
apresentará o posicionamento do Estado da Paraíba acerca dos ajustes cabíveis no decreto
estadual sobre bandeiras do novo normal, já que bares restaurantes e academias -pelo que
apresentou a SES na reunião e no seu próprio site- já deveriam constar como autorizadas na
bandeira amarela, devendo avaliar e justificar ainda se caberia uniformizar tratamento de
cinemas, teatros e congêneres, em relação a normativos dos Municípios de João Pessoa e
Campina Grande, ambos classificados na bandeira amarela. Deverá esclarecer ainda, no
mesmo prazo, sobre providências que serão adotadas por seus órgãos em face dos municípios
paraibanos que têm inobservado as diretrizes estabelecidas no Decreto Estadual nº 40.304, de
12 de junho de 2020.
3 - O Ministério Público do Estado da Paraíba expedirá recomendação à
Secretaria de Saúde do Município de João Pessoa relativa à autorização para o funcionamento
de auditórios e de teatros para eventos corporativos e artísticos, bem como de eventos em
locais abertos ou semiabertos, ajuizando, eventualmente, ação diante da gravidade da situação
epidemiológica.
Nada mais havendo a tratar, deu-se por findo a presente ata que, lida e achada
conforme, vai devidamente assinada.

JOSÉ GUILHERME FERRAZ DA COSTA


Procurador da República

ACÁCIA SOARES PEIXOTO SUASSUNA


Procuradora da República

JANAÍNA ANDRADE DE SOUSA


Procuradora da República

RANIERE DA SILVA DANTAS


Promotor de Justiça
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MINUTA ADRIANA AMORIM DE LACERDA
Promotora de Justiça

JOVANA MARIA SILVA TABOSA


Promotora de Justiça

CARLOS EDUARDO DE AZEVEDO LIMA


Procurador do Trabalho

MARCELA DE ALMEIDA MAIA ASFORA


Procuradora do Trabalho

MARCOS ANTÔNIO FERREIRA DE ALMEIDA


Procurador do Trabalho

RAULINO MARACAJÁ COUTINHO FILHO


Procurador do Trabalho

GERALDO ANTÔNIO DE MEDEIROS


Secretário de Saúde do Estado da Paraíba

DANIEL BELTRAMMI
Secretário-Executivo de Saúde do Estado da Paraíba

ADALBERTO FULGÊNCIO
Secretário de Saúde do Município de João Pessoa

FELIPE PROENÇO DE OLIVEIRA


Professor da UFPB

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FELIPE REUL
MINUTA
Secretário de Saúde do Município de Campina Grande

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