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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

Procuradoria-Geral de Justiça
Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção à Saúde Pública
Rua Mal. Deodoro, 1028, 5º andar, Curitiba - PR.

Ofício Circular nº 4/13-CAO-Saúde Curitiba, 15 de outubro de 2013.

Prezada(o) Colega,

Cumprimentando-a(o), cabe-nos cientificá-la(o) das deliberações emanadas


do 1º Encontro de Saúde Coletiva do Ministério Público do Estado do Paraná no último dia 11 de
outubro, em Foz do Iguaçu, no sentido de o parquet atuar uniformemente em face dos
municípios que vêm deixando de cumprir suas obrigações legais no combate à dengue, desde as
ações de prevenção e promoção de saúde para evitar a proliferação do mosquito vetor e epidemia
até a assistência médica resolutiva aos pacientes com suspeita de dengue, reconhecendo-se
sempre que todo óbito por dengue é tecnicamente evitável.
Para tanto, ajustou-se, respeitando a independência funcional dos membros
ministeriais e as peculiaridades locais, a instauração de procedimento preparatório (conforme
modelo de portaria de instauração ora sugerido – anexo 01), baseado nos dois últimos relatórios
de supervisão e avaliação de cada município enviados pela respectiva Regional de Saúde da
SESA-PR, com adoção das seguintes diligências:

a) imediata expedição de ofícios à Secretaria Municipal de Saúde e à correspondente


Regional de Saúde da SESA-PR, para que promovam a capacitação dos membros do
Conselho Municipal de Saúde no que tange às obrigações da gestão municipal do SUS no
combate à dengue desde vigilância até assistência, com prioridade para os representantes
dos usuários e dos trabalhadores da saúde, para qualificar sua atuação na formulação de
estratégias e assegurar efetivo controle social da execução da política de saúde atinente
ao controle da dengue, como prevê o art. 44 da Lei Complementar n. 141/2012, com
informações a respeito em trinta dias;
b) imediata expedição de recomendação administrativa ao Conselho Municipal de Saúde,
para envolvimento na mobilização contra a dengue e para maior cobrança da Secretaria
Municiplde Saúde nas prestações de contas sobre a atuação de prevenção da dengue e
assistência médica resolutiva e eficaz aos pacientes suspeitos de dengue, em especial para
que, quando do recebimento do próximo relatório quadrimestral de gestão, solicite
complementação à Secretaria Municipal de Saúde a respeito das ações e serviços de
vigilância no combate à dengue e de assistência aos pacientes suspeitos de dengue (vide
também modelo ora sugerido – anexo 02);
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
Procuradoria-Geral de Justiça
Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção à Saúde Pública
Rua Mal. Deodoro, 1028, 5º andar, Curitiba - PR.

c) imediata expedição de recomendação administrativa à Secretaria Municipal de Saúde,


para que se abstenha de conceder férias coletivas no final do ano para agentes de controle
de endemias e equipes da vigilância epidemiológica e equipes da vigilância sanitária
(modelo também aqui sugerido – anexo 03);
d) designação de reunião da Promotoria de Justiça com correspondente equipe de vigilância
epidemiológica da respectiva Regional de Saúde da SESA-PR para definir os principais
problemas do município no combate à dengue a serem priorizados em termo de
ajustamento de conduta ou recomendação administrativa, se necessário (recomenda-se
contato via telefônica);
e) celebração de termo de ajustamento de conduta, se possível, para adequação das
deficiências municipais no combate à dengue (modelo no anexo 04);
f) na eventualidade de não lavratura do termo de ajustamento, expedição de recomendação
administrativa (modelo no anexo 05).
g) em caso de descumprimento do termo de ajustamento ou da recomendação, possível
ajuizamento de ação civil pública para compelir a municipalidade a cumprir a legislação
e ordenamento jurídico de controle da dengue (modelo no anexo 06);
h) possível ajuizamento de ação civil pública por improbidade administrativa, dependendo
do caso concreto (modelo pdf na página do CAO);
i) eventual expedição de ofícios à Secretaria à Secretaria Municipal de Saúde, para
apuração e lavratura de autos/termos de infração ao art. 63, incisos XXXVII e/ou XLVII,
do Código de Saúde do Estado do Paraná, consoante hipóteses concretamente
enfrentadas, no decorrer da instrução do procedimento preparatório;
j) eventual expedição de ofícios requisitando lavratura de termos circunstanciados ou de
inquéritos policiais, por infrações, em tese, aos artigos 267 e 268 do Código Penal, ou ao
art. 54, caput e parágrafo 2º, V, da Lei n. 9605/98, consoante hipóteses concretamente
enfrentadas, no decorrer da instrução do procedimento preparatório;
k) possível futura expedição de ofício à correspondente Regional de Saúde da SESA, para
lavratura de autos/termos de infração ao art. 63, XLVII, do Código de Saúde do Estado
do Parana, em desfavor do município, consoante hipóteses concretamente enfrentadas, no
decorrer da instrução do procedimento preparatório.

Para subsidiar a atuação por parte dos(as) Colegas, em especial daqueles(as)


que não puderam se fazer presentes em Foz do Iguaçu, segue a apresentação elaborada por este
CAO sobre as principais obrigações do gestor municipal do SUS no combate à dengue, sem
prejuízo, é claro, de manter-se este órgão permanentemente à disposição para ulteriores
necessidades de intervenção.
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Na oportunidade, ratificamos-lhe nossa manifestação da mais elevada


consideração.

MARCO ANTONIO TEIXEIRA FERNANDA NAGL GARCEZ


Procurador de Justiça Promotora de Justiça

ANEXOS ABAIXO.
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
Procuradoria-Geral de Justiça
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Rua Mal. Deodoro, 1028, 5º andar, Curitiba - PR.

ANEXO 1

PORTARIA N.º MPPR-00.....13.

REPRESENTADO(S): SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE .....


REPRESENTANTE(S): MINISTÉRIO PÚBLICO
DESCRIÇÃO DOS FATOS: Apurar o descumprimento de obrigações do gestor
municipal do SUS no combate à dengue no município de ...........

CONSIDERANDO o contido nos dois últimos relatórios de


supervisão e avaliação do município de ......., por parte da Regional de Saúde da SESA-
PR (documentos anexos), apontando preocupantes dados técnicos, desde significativo
índice de infestação do mosquito Aedes aegypti, possíveis atrasos na medição desses
índices, na atualização de reconhecimento geográfico, nas inspeções e fiscalizações em
imóveis, déficit de recursos humanos nas equipes de vigilância em saúde, capacitação
insuficiente das equipes técnicas de vigilância e de assistência, integração insuficiente
entre equipes de vigilância e de assistência, possíveis deficiências na assistência médica
resolutiva, falta de publicidade e mobilização da comunidade por parte da gestão
municipal do SUS, além de outras possíveis falhas;
CONSIDERANDO que nos últimos anos o município de ....
enfrentou surtos e epidemias de dengue, o que pode ser decorrente dessas omissões ou
insuficiências administrativas;
CONSIDERANDO as deliberações do 1º Encontro de Saúde
Coletiva do Ministério Público do Estado do Paraná, no último dia 11 de outubro em Foz
do Iguaçu, no sentido de o parquet atuar uniformemente em face dos municípios que vêm
deixando de cumprir suas obrigações legais no combate à dengue, desde as ações de
prevenção e promoção de saúde para evitar a proliferação do mosquito vetor e epidemia,
até a assistência médica resolutiva aos pacientes com suspeita de dengue;
CONSIDERANDO que a saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação (art. 196 da CF/88), visando a apurar os fatos
acima descritos, o (a) PROMOTOR(A) DE JUSTIÇA DA COMARCA DE .............., no
uso de suas atribuições legais, com fulcro com fulcro no art. 129, III, da Constituição da
República de 1988, no art. 8º, § 1º, da Lei Federal n.º 7.347/1985, no art. 26, I, da Lei
Federal n.º 8.625/93 –Lei Orgânica Nacional do Ministério Público – no art. 2º, IV,
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alínea “a”, da Lei Orgânica do Ministério Público do Paraná (Lei Complementar Estadual
n.º 85/99), no art. 2º, §4º, da Resolução nº 23, do Conselho Nacional do Ministério
Público e art. 2º, §4º, da Resolução nº 1.928, da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado
do Paraná, instaura Procedimento Preparatório, devendo ser adotadas as seguintes
providências iniciais:
l) imediata expedição de ofício à Secretaria Municipal de Saúde de ........, para que
promova a capacitação dos membros do Conselho Municipal de Saúde no que
tange às obrigações da gestão municipal do SUS no combate à dengue desde
vigilância até assistência, com prioridade para os representantes dos usuários e dos
trabalhadores da saúde, para qualificar sua atuação na formulação de estratégias e
assegurar efetivo controle social da execução da política de saúde atinente ao
controle da dengue, como prevê o art. 44 da Lei Complementar n. 141/2012, com
informações a respeito em trinta dias;
m) imediata expedição de ofício à ....a Regional de Saúde da SESA-PR, para que
promova a capacitação dos membros do Conselho Municipal de Saúde de ...... no
que tange às obrigações da gestão municipal do SUS no combate à dengue desde
vigilância até assistência, com prioridade para os representantes dos usuários e dos
trabalhadores da saúde, para qualificar sua atuação na formulação de estratégias e
assegurar efetivo controle social da execução da política de saúde atinente ao
controle da dengue, como prevê o art. 44 da Lei Complementar n. 141/2012, com
informações a respeito em trinta dias;
n) imediata expedição de recomendação administrativa ao Conselho Municipal de
Saúde, para envolvimento na mobilização contra a dengue e para maior cobrança
da Secretaria Municipal de Saúde nas prestações de contas sobre a atuação de
prevenção da dengue e assistência médica resolutiva e eficaz aos pacientes
suspeitos de dengue, em especial para que, quando do recebimento do próximo
relatório quadrimestral de gestão, solicite complementação à Secretaria Municipal
de Saúde a respeito das ações e serviços de vigilância no combate à dengue e de
assistência aos pacientes suspeitos de dengue;
o) imediata expedição recomendação administrativa à Secretaria Municipal de Saúde,
para que se abstenha de dar férias coletivas no final do ano para agentes de
controle de endemias e equipes da vigilância epidemiológica e equipes da
vigilância sanitária;
p) Designa-se o dia ........ para reunião desta Promotoria de Justiça com a equipe de
vigilância epidemiológica da respectiva Regional de Saúde da SESA-PR para
definir os principais problemas do município de ..... no combate à dengue a serem
priorizados em termo de ajustamento de conduta ou recomendação administrativa
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– contacte-se a Regional por via telefônica;


q) Após essas definições, oficie-se à Secretaria Municipal de Saúde para comparecer
nesta Promotoria de Justiça, em dia e horário a ser posteriormente designado, para
tentativa de celebração de termo de ajustamento de conduta para adequação das
deficiências municipais no combate à dengue.

Registre-se e autue esta portaria, afixando-a no local de


costume, bem como no sítio eletrônico do Ministério Público na internet, nos termos do
parágrafo 2°, do artigo 7°, da Resolução n.° 1928/2008-PGJ, de 25 de setembro de 2008,
com a redação dada pelo art. 4o da Resolução n.° 452/2011-PGJ, de 23 de fevereiro de
2011.
Dê-se ciência ao Conselho Municipal de Saúde, enviando
cópia da presente.
Cumpra-se.
............, 15 de outubro de 2013.

....................
PROMOTOR DE JUSTICA
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ANEXO 2

RECOMENDAÇÃO ADMINISTRATIVA Nº .........../2013

CONSIDERANDO o contido nos autos de Inquérito Civil Público


sob n. ........, com as fartas informações advindas da Secretaria de Estado da Saúde,
dando conta de que o Município de ........ permanece na precariedade no programa
municipal de controle e combate à dengue, desde as providências de cunho preventivo
da vigilância epidemiológica como na esfera da gestão e da assistência à saúde, com
índice de infestação predial de risco e dificuldade de contratação e manutenção de
agentes de controle de endemia, sem o comprometimento desejável para a situação;
CONSIDERANDO algumas dessas irregularidades, que
compromete a saúde públicas local, em síntese:
Preocupante índice de infestação predial no Município;
Atraso na reavaliação desse índice, com LIRAa feito tardiamente;
Falta de agentes de controle de endemia (ACEs) em desproporção com o número de
imóveis municipais, com agentes cedidos para outros órgãos;
Falta de fornecimento de materiais básicos e equipamentos de proteção individual
(EPIs) aos ACEs;
Atraso na atualização do reconhecimento geográfico (RG) para planejamento das
ações de controle vetorial;
Alto índice de pendências, com poucas providências adotadas para o resgate das
pendências;
Baixa qualidade nas ações de campo, inclusive de remoção de criadouros;
Falta de capacitação dos ACEs;
Falta de notificação de todos os casos suspeitos de dengue;
Falta ou atraso na investigação dos casos suspeitos para detecção no local provável de
infecção;
Bloqueios do vetor com atrasos;
Deficiências no envio de dados sobre as notificações de casos suspeitos e confirmados
nos sistemas informatizados do SUS;
Falta de capacitação suficiente da rede municipal de saúde para diagnóstico e
tratamento rápido e eficaz ao tratamento ao paciente em caso suspeito ou confirmado;
Falta de integração suficiente entre as equipes de vigilância em saúde e as equipes do
Programa de Saúde da Família e das UBSs nas atividades de controle vetorial;
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Falta de organização suficiente da rede de atenção básica municipal para assistência


terapêutica integral ao paciente com suspeita de dengue (unidade de saúde referência,
local de dispensação de medicamentos, leitos de referência e o respectivo fluxo de
atendimento);
Falta de triagem e/ou classificação de risco na recepção ao usuário do SUS com
suspeita de dengue;
Falta de disponibilização do Cartão de Acompanhamento do Paciente com Suspeita de
Dengue, como previsto nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da
Dengue, do MS
Não instituição de Comitê Gestor Intersetorial ou Comitê de Mobilização para
prevenção e combate à dengue;
Divulgações insuficientes para as comunidades locais dos índices de infestação
predial, dos números de casos suspeitos e confirmados;
Mobilização insuficiente das entidades da sociedade organizada para cooperação no
enfrentamento à dengue e
Insuficiente articulação junto ao Conselho Municipal de Saúde para cooperação no
enfrentamento à dengue.

CONSIDERANDO, assim, que as atividades de controle do vetor


Aedes aegypti em ................... estão prejudicadas, comprometendo a eficácia na
prestação desse serviço público, o que por certo causou os históricos índices locais
preocupantes de infestação pelo vetor e leva ao atual risco de epidemia, em prejuízo
de toda a população local;
CONSIDERANDO que isso denota insuficiente adoção de
medidas preventivas para combate ao vetor da dengue em ..............., de forma a
favorecer as condições para proliferação do mosquito Aedes aegypti, constituindo
infração sanitária, tipificada no art. 63, XLVII, do Código de Saúde do Estado do
Paraná (Lei Estadual n. 13331, de 23 de novembro de 2001):
Art. 63. Constituem infrações sanitárias as condutas tipificadas abaixo:
(...)
XLVII - não adotar medidas preventivas de controle ou favorecer as condições para
proliferação de vetores de interesse à saúde pública.

CONSIDERANDO que a Constituição Federal dá prioridade às


ações preventivas em seu art. 198:
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As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e


hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
(...)
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais;

CONSIDERANDO que a Lei nº 8080/90 atribuiu competência aos


Municípios para execução das ações de vigilância epidemiológica no art. 18 da Lei
Federal n° 8.080/90:
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) compete:
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir
e executar os serviços públicos de saúde;
II - participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada e
hierarquizada do Sistema Único de Saúde (SUS), em articulação com sua direção
estadual;
III - participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições e
aos ambientes de trabalho;
LV - executar serviços: a) de vigilância epidemiológica;”

CONSIDERANDO que, igualmente, a Portaria do Ministério da


Saúde MS/GM n° 1378/2013, ao regulamentar as ações de vigilância epidemiológica,
define as competências municipais estritamente de acordo com a Constituição Federal
e a Lei Federal n° 8.080/90:
Art. 11. Compete às Secretarias Municipais de Saúde a
coordenação do componente municipal dos Sistemas Nacionais de Vigilância em
Saúde e de Vigilância Sanitária, no âmbito de seus limites territoriais, de acordo com
a política, diretrizes e prioridades estabelecidas, compreendendo:
I - ações de vigilância, prevenção e controle das doenças
transmissíveis, a vigilância e prevenção das doenças e agravos não transmissíveis e
dos seus fatores de risco, a vigilância de populações expostas a riscos ambientais
em saúde, gestão de sistemas de informação de vigilância em saúde em âmbito
municipal que possibilitam análises de situação de saúde, as ações de vigilância
da saúde do trabalhador, ações de promoção em saúde e o controle dos riscos
inerentes aos produtos e serviços de interesse a saúde;
II - coordenação municipal e execução das ações de vigilância;
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V - coordenação e alimentação, no âmbito municipal, dos


sistemas de informação de interesse da vigilância, incluindo:
a) coleta, processamento, consolidação e avaliação da qualidade
dos dados provenientes das unidades notificantes dos sistemas de base nacional, de
interesse da vigilância, de acordo com normalização técnica;
b) estabelecimento e divulgação de diretrizes, normas técnicas,
rotinas e procedimentos de gerenciamento dos sistemas, no âmbito do Município, em
caráter complementar à atuação das esferas federal e estadual; e
c) retroalimentação dos dados para as unidades notificadoras;
VI - coordenação da preparação e resposta das ações de
vigilância, nas emergências de saúde pública de importância municipal;
VII - coordenação, monitoramento e avaliação da estratégia de
Vigilância em Saúde sentinela em âmbito hospitalar;
VIII - desenvolvimento de estratégias e implementação de
ações de educação, comunicação e mobilização social;
IX - monitoramento e avaliação das ações de vigilância em seu
território;
X - realização de campanhas publicitárias de interesse da
vigilância, em âmbito municipal;
XI - promoção e execução da educação permanente em seu
âmbito de atuação;
XII - promoção e fomento à participação social nas ações de
vigilância;
XIII - promoção da cooperação e do intercâmbio técnicocientífico
com organismos governamentais e não governamentais de âmbito municipal,
intermunicipal, estadual, nacional e internacional;
XIV - gestão do estoque municipal de insumos de interesse
da Vigilância em Saúde, incluindo o armazenamento e o transporte desses
insumos para seus locais de uso, de acordo com as normas vigentes;
XV - provimento dos seguintes insumos estratégicos:
a) medicamentos específicos, para agravos e doenças de
interesse da Vigilância em Saúde, nos termos pactuados na CIT;
b) meios de diagnóstico laboratorial para as ações de
Vigilância em Saúde nos termos pactuados na CIB;
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c) insumos de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças


sexualmente transmissíveis, indicados pelos programas, nos termos pactuados na CIB;
e
d) equipamentos de proteção individual - EPI - para todas as
atividades de Vigilância em Saúde que assim o exigirem, em seu âmbito de
atuação, incluindo vestuário, luvas e calçados;
XVI - coordenação, acompanhamento e avaliação da rede de
laboratórios públicos e privados que realizam análises essenciais às ações de
vigilância, no âmbito municipal;
XVII - realização de análises laboratoriais de interesse da
vigilância, conforme organização da rede estadual de laboratórios pactuados na
CIR/CIB;
XVIII - coleta, armazenamento e transporte adequado de
amostras laboratoriais para os laboratórios de referência;

CONSIDERANDO que, embora seja importante a participação da


população na eliminação de criadouros, de forma alguma se pode atribuir apenas a ela
o controle de vetor: só o poder público pode mantê-lo nos índices aceitáveis,
monitorando o índice de infestação predial, fiscalizando a existência de
potenciais criadouros em macrofocos ou pontos estratégicos (cemitérios,
borracharias, praças públicas, terrenos baldios e outros) e nos domicílios, educando a
população para eliminação dos focos, o que só pode ser realizado de maneira eficiente
mediante as visitas previstas no Programa Nacional de Combate à Dengue e
Manual de Normas Técnicas;
CONSIDERANDO a notícia de que o Município de .......... detém
número agentes de controle de endemia (ACEs) em desproporção com a
quantidade atual de imóveis municipais, com agentes cedidos para outros
órgãos;
CONSIDERANDO que as Diretrizes Nacionais do Ministério da
Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue preconizam como ideal a
disponibilidade de um agente de controle de endemias para cada 800 a 1.000 imóveis,
critério que não está sendo observado no Município de ........................;
CONSIDERANDO que há apenas ............... agentes de controle
de endemias em efetivo trabalho de campo no Município de .................., número
insuficiente de profissionais para eficaz execução de ações de controle do vetor, o
que causou os atuais índices de infestação pelo vetor e levou ao surto e ao risco de
epidemia, colocando em risco a população local;
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CONSIDERANDO que os cargos de agentes de controle de


endemia (ACEs) devem ser providos pela própria Municipalidade com cargos e
provimento por concurso público ou processo seletivo público, visto que não há
autorização constitucional para a contratação temporária de profissionais para executar
ações de vigilância epidemiológica e controle do vetor, pois não há excepcionalidade
nestas ações;
CONSIDERANDO assim que a contratação para exercer
funções de controle ordinário à dengue e outras doenças transmitidas por
vetores (durante todo o ano), não tem determinabilidade temporal, já que o
controle à dengue e outras doenças transmitidas por vetores precisa ser permanente;
CONSIDERANDO que a Emenda Constitucional nº 51, de 2006,
que acrescentou os §§ 4º, 5º e 6º ao art. 198 da Constituição Federal, regulamenta no
seu art. 2º a forma de admissão dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de
combate às endemias:
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão
admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de
processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate
às endemias.
CONSIDERANDO que a lei federal mencionada no § 5o do art.
198, da Constituição, de nº 11.350, de 05 de outubro de 2006, dispõe sobre o regime
jurídico e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente
de combate às endemias:
Art. 2o O exercício das atividades de Agente Comunitário de
Saúde e de Agente de Combate às Endemias, nos termos desta Lei, dar-se-á
exclusivamente no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, na execução das
atividades de responsabilidade dos entes federados, mediante vínculo direto entre os
referidos Agentes e órgão ou entidade da administração direta, autárquica ou
fundacional.
[...]
Art. 8o Os Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de
Combate às Endemias admitidos pelos gestores locais do SUS e pela Fundação
Nacional de Saúde - FUNASA, na forma do disposto no §4o do art. 198 da
Constituição, submetem-se ao regime jurídico estabelecido pela Consolidação das Leis
do Trabalho - CLT, salvo se, no caso dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
lei local dispuser de forma diversa .
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Art. 9o A contratação de Agentes Comunitários de Saúde e de


Agentes de Combate às Endemias deverá ser precedida de processo seletivo público
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para o exercício das atividades, que atenda aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos ou entes da administração
direta dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios certificar, em cada caso, a
existência de anterior processo de seleção pública, para efeito da dispensa referida no
parágrafo único do art. 2o da Emenda Constitucional no 51, de 14 de fevereiro de 2006,
considerando-se como tal aquele que tenha sido realizado com observância dos
princípios referidos no caput.
[..]
Art. 16. Fica vedada a contratação temporária ou terceirizada de
Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às Endemias, salvo na
hipótese de combate a surtos endêmicos, na forma da lei aplicável.

CONSIDERANDO que a contratação para manutenção de 1 ACE


para cada 800/1000 imóveis e um supervisor para cada 10 ACEs (recomendação
mínima do PNCD), é o mínimo obrigatório para prevenção permanente (o ano
todo), em quaisquer Municípios (mesmo não em surtos endêmicos).
CONSIDERANDO que somente é considerado tecnicamente risco
de surto Município quando o índice LirAa for acima de 3,9, é de se concluir que só é
admissível manutenção de contratação temporária de ACEs para o reforço das equipes
de ACEs já existentes naquela proporção;
CONSIDERANDO então que no Município de ......... deverá existir
a seleção por processo público e correspondente contratação pelo regime celetista ou
a seleção por concurso público e respectiva contratação por regime estatuário, para o
número de ACEs faltantes pela quantia de imóveis hoje existentes;
CONSIDERANDO que a contratação para manutenção de 1 ACE
para cada 800/1000 imóveis e um supervisor para cada 10 ACEs (recomendação
mínima do PNCD), como mínimo obrigatório para prevenção permanente (o ano todo),
deve ser feita com estabilidade e eficiência;

CONSIDERANDO ainda que os ACEs não têm atribuições


somente no controle do vetor da dengue, mas de controle e prevenção de várias
outras doenças, inclusive aquelas de transmissões de outras formas (como raiva,
leishmaniose, tuberculose, etc), como se infere pelo contido no art. 4º da Lei
11.350/2006:
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Art. 4o O Agente de Combate às Endemias tem como atribuição o


exercício de atividades de vigilância, prevenção e controle de doenças e promoção da
saúde, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do
gestor de cada ente federado.

CONSIDERANDO então que falta de ACEs pode indicar que a


prevenção e o controle de inúmeras outras doenças também podem estar sendo
prejudicados, colocando em potencial risco a saúde pública local;
CONSIDERANDO que, não bastasse isso, além de poucos, há
agentes de controle de endemia em ............................ que estão em desvio de função,
sem comprometimento da Municipalidade na execução dos serviços públicos de
prevenção e combate à dengue;
CONSIDERANDO que a noticiada manutenção desses servidores
públicos em exercício de funções estranhas às do cargo de origem configura violação
aos princípios de legalidade e eficácia, previstos no caput do art. 37 da Constituição
Federal de 1988, visto que inexiste previsão legal para tanto, além de que isso
compromete a eficácia na prestação originária dos serviços públicos de saúde que tais
agentes deveriam estar prestando;
CONSIDERANDO que a tolerância de servidores públicos em
desvio de finalidade, sobretudo em flagrante prejuízo à saúde pública, pode, em tese,
configurar o ato de improbidade administrativa previsto no art. 11, I, da Lei n.
8429/92;

CONSIDERANDO que o rendimento normal previsto nas


Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias
de Dengue para o trabalho de cada ACE é de 20 a 25 imóveis/agenda/dia, rendimento
esse que não está sendo alcançado no Município de ........., visto que há ACEs estão
em exercício de outras funções;
CONSIDERANDO que em ................. a Secretaria Municipal de
Saúde ainda não está fornecendo os materiais básicos e equipamentos de
proteção individual (EPIs) aos ACEs;
CONSIDERANDO que, pela Portaria GM/MS n. 1378/2013, que
regulamenta as atribuições das Secretarias de Saúde em vigilância em saúde, em
combinação com as Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS
(à disposição na internet), cabe aos Municípios disponibilizar todo o material individual
necessário para o trabalho de cada agente de combate às endemias:
bolsa de uso individual com material para o trabalho, com: i) Álcool 70% para remessas
de larvas ao laboratório; ii) Algodão; iii) Apontador; iv) Bacia plástica pequena; v)
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Localizador (bandeira); vi) Mapas das áreas a serem trabalhadas no dia; vii)
Calculadora; viii) Cola plástica; ix) Pesca-larvas água limpa; x) Pesca-larvas água suja;
xi) Escova pequena; xii) Espelho pequeno; xiii) Flanela; xiv) Fita ou escala métrica; xv)
Formulários para registros de dados; xvi) Inseticida em quantidade suficiente para o
dia; xvii) Lâmpada de foco sobressalente; xviii) Lápis grafite com borracha; xix) Lápis
de cera, azul ou preto ou tinta; xx) Lanterna; xxi) Manual de instruções; xxii) Medidas
para uso de inseticidas (colher de sopa e de café); xxiii) Pasta com elástico para
guarda de papéis; xxiv) Prancheta; xxv) Pipeta tipo conta-gotas; xxvi) Sacos plásticos
com capacidade de 1 kg para guardar os pesca-larvas; xxvii) Tubitos para
acondicionamento de larvas; xxviii) Pipetão; xxix) Barbante; xxx) Concha; xxxi) Protetor
solar; xxxii) Repelente;
uniforme de trabalho completo (camiseta, calça e bota com bico de aço) com
bolsa/mochila de lona, crachá de identificação, bandeira para localização, formulários
específicos, croqui e mapas das áreas a serem trabalhadas, caderno de capa dura ou
caderneta, lápis, borracha e apontador, pasta com elástico, prancheta, lápis tipo
estaca, cola plástica e lixa, calça; blusa, calçado, boné ou similar e capa de chuva ou
guarda-chuva.
os seguintes equipamentos de proteção individual:
EPIs para uniformes e vestimentas; EPIs para proteção para aplicação de
inseticidas/biolarvicidas; Máscaras faciais completas para nebulização com UBV costal
e máscaras semi-faciais para aplicação de inseticidas em superfície em áreas com
ação residual e máscaras respiratórias com filtros de proteção.
CONSIDERANDO que também se noticia que em ................ os
agentes de controle de endemia (ACEs) no momento não detém capacitação
técnica suficiente;
CONSIDERANDO que, para a atuação eficaz dos ACEs no
trabalho de campo, tanto para identificação dos potenciais criadouros, quanto para
remoção de criadouros, é decisiva a capacitação técnica dos ACEs, obrigação da
gestão municipal do SUS;
CONSIDERANDO que esse dever é decorrente do princípio
constitucional da eficiência no serviço público (art. 37, caput, da CF/88), bem como do
princípio da resolutividade nas ações e serviços de saúde (art. 7º, XII, da Lei n.
8080/90), por si só já impõem ao gestor municipal do SUS o dever de capacitar
permanentemente seus ACEs e demais profissionais da vigilância epidemiológica
(obrigação especificada ainda no art. 23, XX, da Portaria GM/MS n. 3252/09).
CONSIDERANDO que as Regionais da SESA em regra oferecem,
disponibilizam ou encaminham os Municípios para cursos e atividades rápidas de
atualização de ACEs e outros profissionais, de sorte que há variada gama de
possibilidades imediatas para capacitação dos agentes de combate à dengue;
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CONSIDERANDO que o documento Diretrizes Nacionais para


Prevenção e Controle da Dengue, do MS (à disposição na internet) contêm todas as
ordenações técnicas para tanto, cabendo ao gestor municipal capacitar seus ACEs
para que sigam essas regras técnicas;

CONSIDERANDO que ainda se evidencia da documentação


anexa que o Município de ............. registra atraso na reavaliação do LIRAa, feito
tardiamente;
CONSIDERANDO que as Diretrizes Nacionais do Ministério da
Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue (especificamente nos
itens 5.3.7 e 5.3.8, no Anexo X, item 5, e Anexo XX), recomendam a todos os
Municípios medição desse índice, inclusive através do LIRAa (índice de
levantamento rápido), pelo menos nos meses de janeiro e março, e a cada três
meses, quando há registro de infestações na última avaliação (o que é o caso
de .........................., Município infestado);
CONSIDERANDO que, neste caso, como o município de ............
não vem fazendo as medições de acordo com as determinações do Ministério da
Saúde e, o que é ainda pior, o índice de infestação predial se encontra muito elevado,
conclui-se o seguinte: muita infestação de mosquito, mas poucas vistorias/inspeções
nos imóveis locais e pouca medição dos patamares de infestação do vetor.

CONSIDERANDO que tal conjunção sugere situação perigosa,


pois assim não há como saber com exatidão os verdadeiros dados relativos a
estes indicadores – a infestação na realidade pode ser superior ao registrado;

CONSIDERANDO que em .............. o reconhecimento


geográfico (RG) está desatualizado;
CONSIDERANDO que não é possível que as ações visando
combater a proliferação da dengue e também de outras doenças sejam feitas sem o
reconhecimento geográfico, consistente na identificação e numeração de quarteirões,
bem como a especificação de cada tipo de imóvel, detectando aqueles pontos
estratégicos - aqueles com perfil de maior potencialidade para produzir criadouros do
mosquito (depósitos de pneus, cemitérios, oficinas mecânicas, etc).
CONSIDERANDO que a atualização deve ser feita sempre no
final de cada ciclo de medição do LIRAa (uma vez que o trabalho desenvolvido pelos
ACEs se baseia no mapeamento da cidade), como recomendam as Diretrizes
Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue
do MS;
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CONSIDERANDO que o atraso no reconhecimento geográfico


prejudica a eficiência dos serviços de saúde pública e não permite que eles sejam
desenvolvidos com resolutividade, contrariando os dispositivos constitucionais e legais
atinentes à espécie, sendo salutar atualização dos reconhecimentos geográficos, com
visitação e inspeção dos pontos estratégicos atualizadamente detectados;

CONSIDERANDO que os imóveis tidos como pontos


estratégicos em ................. não estão sendo visitados dentro de 15 dias, sem
atacar nessa periodicidade os principais pontos onde se encontram criadouros do vetor
da dengue;
CONSIDERANDO que o planejamento das ações visando
combater a proliferação da dengue e também de outras doenças pressupõe manter
atualizada a visitação com inspeção dos pontos estratégicos do município: aqueles
imóveis com perfil de maior potencialidade para produzir criadouros do mosquito
(depósitos de pneus, cemitérios, oficinas mecânicas, etc)
CONSIDERANDO o alto índice de pendências em ............ , com
poucas providências adotadas para o resgate das pendências, o que pode ser
consequência da própria falta de ACEs em número suficiente, da falta de capacitação
destes ou até mesmo da insuficiência de materiais e EPIs;
Considerando que, diante da dificuldade dos agentes de
endemias em visitar determinados imóveis para fazer a averiguação, o Ministério da
Saúde elaborou o Programa Nacional de Controle da Dengue: Amparo Legal à
Execução das Ações de Campo – Imóveis Fechados, Abandonados ou com Acesso
não Permitido pelo Morador, guia de amparo aos gestores locais, inclusive contendo
um modelo de decreto municipal para que sejam fixados os procedimentos a serem
adotados pelos Agentes de Combate a Endemias frente a recusa ou a inexistência de
proprietário no local.

CONSIDERANDO que para diminuir essas pendências também


pode ser aplicada a Portaria MS/GM 2.142/2008, que recomenda que os municípios
adotem estratégias para orientar e para que sejam verificadas as infrações cometidas
pelos proprietários de imóveis no que tange a necessidade do combate a dengue.
CONSIDERANDO que, de acordo com o artigo 63, XXXVII do
Código de Saúde do Estado do Paraná “obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das
autoridades sanitárias competentes, no exercício de suas funções” é infração
sanitária, com pena de advertência e/ou multa,
CONSIDERANDO assim caber ao gestor municipal de saúde
tomar as medidas necessárias para fazer valer tais dispositivos legais,
determinando à vigilância sanitária local, em necessária integração com os
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agentes de controle de endemias, que lavre os autos/termos de infração em face


dos proprietários de imóveis que apresentem resistência na remoção de criadouros ou
mesmo em franquear acesso aos ACEs para as vistorias.

CONSIDERANDO a noticiada baixa qualidade nas ações de


campo, inclusive de remoção de criadouros, em ...............;
CONSIDERANDO que a execução do controle do mosquito é
tarefa que cabe primordialmente aos Municípios, em consonância com o art. 18, IV, “a”,
da Lei Federal n. 8080/90, e com o descrito art. 11, da Portaria GM/MS 1378/2012, que
impõem tal obrigação aos Municípios, desde captura de vetores, identificação e
levantamento de índices de infestação, registro e captura de animais, eliminação
mecânica de potenciais criadouros até ações de controle químico e biológico
(inseticidas), sempre priorizando-se o controle mecânico.
CONSIDERANDO as diversas iniciativas de controle mecânico
em larga escala que AINDA NÃO FORAM incorporadas pela administração municipal
em ................., dentre as quais:
• reforço na coleta de resíduos sólidos, com destino final
adequado, em áreas com altos índices de infestação;
• coleta, armazenamento e destinação adequada de pneumáticos,
atividade que tem amparo legal na Resolução CONAMA N. 258, e que deve ser
executada em parceria entre a iniciativa privada e os Municípios, com a implantação de
Ecopontos (www.reciclanip.com.br) e
• vedação de depósitos de armazenamento de água, com a
utilização de capas e tampas.
CONSIDERANDO que a destruição dos criadouros deve ser
prioritariamente realizada de forma mecânica, pelo próprio morador ou responsável
pelo imóvel, com supervisão e fiscalização direta do ACE no domicílio;
CONSIDERANDO que, ante a falta de ACEs em atividade
em ................, os bloqueios estão sendo feitos tardiamente;
CONSIDERANDO que o bloqueio de transmissão consiste na
aplicação de inseticida por meio da nebulização – tratamento a UBV, pelo uso de
equipamentos portáteis (costal) ou pesados (acoplados em veículos), em, pelo menos,
uma aplicação, iniciando no quarteirão de ocorrência e continuando nos adjacentes,
considerando um raio de 150m.
CONSIDERANDO que essa atividade deve ser desencadeada o
quanto antes, já que se trata de uma ação imediata para combate do vetor,
preferencialmente em 24h, visto se tratar de ............... de Município INFESTADO;
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CONSIDERANDO o princípio constitucional da eficiência no


serviço público (art. 37, caput, da CF/88), bem como o princípio da resolutividade nas
ações e serviços de saúde (art. 7º, XII, da Lei n. 8080/90), por si só já impõem ao
gestor municipal do SUS o dever de atuar de forma coordenada, para que o serviço de
saúde seja prestado da forma mais eficiente e reslutiva possível. Sendo assim, as
atividades de combate à dengue devem ser organizadas, principalmente visitando os
pontos estratégicos da cidade para combater o vetor da doença.

CONSIDERANDO também as deficiências no envio de dados


sobre as notificações de casos suspeitos e confirmados nos sistemas
informatizados do SUS, por parte do Município de ................;
CONSIDERANDO que todos os casos de suspeita de dengue
devem ser notificados à Vigilância Epidemiológica Estadual, através do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan), mediante preenchimento de:
a) Ficha Individual de Notificação (FIN) – onde constam dados
básicos (pessoa, tempo e lugar) sobre o paciente
b) Ficha Individual de Investigação (FII) – além dos dados da
notificação, dados completos sobre a doença, tais como local provável de infecção,
exames laboratoriais, evolução do caso, classificação final, manifestações clínicas dos
casos graves, entre outros dados.

CONSIDERANDO que esses documentos devem ser preenchidos


nas unidades de saúde (ou resultantes da busca ativa da Vigilância Epidemiológica
municipal) e digitadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação,
transmitidos para a Vigilância Epidemiológica Estadual e, desta, para o Ministério da
Saúde.
CONSIDERANDO que, pelas Diretrizes Nacionais do Ministério
da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, é necessário
investigar TODOS os casos notificados de suspeita (e não de confirmação), e no
menor prazo possível;
CONSIDERANDO que se recomenda que a própria unidade de
saúde realize a investigação e encaminhe as informações para a vigilância
epidemiológica. Essa investigação deve ser feita quando da consulta do paciente,
mediante análise dos prontuários médicos, ou ainda por busca ativa (quando equipe
técnica vai à residência ou domicílio do paciente suspeito para entrevista e no local
provável de infecção). Para tanto, deve ser preenchida a ficha de investigação de
dengue e encerrado o caso em até 60 dias após a data de notificação.
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CONSIDERANDO que os dados entomológicos (relativos a


suspeita ou confirmação de contaminação de paciente por vírus transmitidos por
vetores insetos) devem ser enviados à vigilância epidemiológica estadual no menor
prazo possível, como as Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e
Controle de Epidemias de Dengue recomendam:
Em período de epidemias, quando a unidade de saúde não utilizar o aplicativo
Sinan/net e ter acesso a internet, ou não dispuser de recolhimento diário das fichas, ou
o número de casos ultrapassar a capacidade de digitação, o número de casos
suspeitos na semana epidemiológica correspondente deve ser informado por meios de
comunicação rápida (via telefone, fax, e-mail etc), de maneira a informar
oportunamente a vigilância epidemiológica da SMS. Ressalta-se que todos os casos
devem ser incluídos no Sinan o mais breve possível. Essa mesma estratégia pode ser
adotada para repasse de informações para os níveis estadual e nacional. Os casos
graves devem ser informados imediatamente a esfera subseqüente.
* Sistema de Informação de Agravos de Notificação

CONSIDERANDO que o número de hipóteses suspeitas deve ser


enviado também para a vigilância entomológica da SMS igualmente no menor prazo
possível, para possibilitar que se desencadeiem as ações de bloqueio do vetor o
quanto antes;

CONSIDERANDO a noticiada falta de integração das equipes


de vigilância em saúde com os profissionais da área de assistência médica no
Município de .........................;
CONSIDERANDO que deve haver integração entre a vigilância
sanitária municipal e as equipes do Programa de Saúde da Família nas atividades de
controle vetorial, o que é decisivo no combate à dengue, cabendo ao gestor municipal
desencadear as providências necessárias, no que tange aos fluxos de funcionamento
dos serviços da vigilância epidemiológica (mormente dos ACEs), da vigilância sanitária
e da atenção primária na assistência médica (unidades básicas de saúde e/ou
estratégia Programa Saúde da Família), para que os três estejam sintonizados e com
constante troca de informações.

CONSIDERANDO o art. 7, II, da Lei Orgânica da Saúde:


Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou
conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de
acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo
ainda aos seguintes princípios:
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II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das


ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para
cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema.
CONSIDERANDO que, pelo princípio da integralidade, a lei
exige articulação contínua entre os serviços preventivos (vigilâncias epidemiológica e
sanitária) e curativos (assistência médica), de sorte que assim o art. 13, II, do Decreto
Federal n. 7508 estabelece:
Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário e ordenado às ações e
serviços de saúde do SUS, caberá aos entes federativos, além de outras atribuições
que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores:
II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de saúde.
CONSIDERANDO que, como corolário desses princípios e regras,
os incisos X e XI, do art. 11 da Portaria GM/MS n. 1378/2012, prevêem que cabe ao
Município “desenvolvimento de estratégias e implementação de ações de educação,
comunicação e mobilização social” e “promoção e execução da educação permanente
em seu âmbito de atuação”;

CONSIDERANDO que se detectaram ainda significativas


fragilidades na assistência à saúde do paciente com suspeita ou confirmação de
dengue em ..................;
CONSIDERANDO que, na integração com as unidades básicas
de saúde e com a Estratégia Saúde da Família, todos os recursos humanos devem
deter capacidade técnica (dentro dos atributos de suas respectivas formações), para
reconhecer casos suspeitos e encaminhá-los com rapidez para diagnóstico e
tratamento;
CONSIDERANDO que, no mesmo sentido, cabe ao gestor
municipal capacitar os profissionais da atenção primária na assistência médica
(agentes comunitários de saúde, enfermeiros, auxiliares e/ou técnicos de enfermagem
e médicos) para reconhecimento de suspeita de dengue;
CONSIDERANDO que as Diretrizes Nacionais para Prevenção e
Controle da Dengue, do MS (à disposição na internet) contém todas as orientações
técnicas para tanto, cabendo ao gestor municipal do SUS exigir que todos os
profissionais de saúde sigam essas regras;
CONSIDERANDO que deve haver organização da rede de
atenção básica municipal para assistência terapêutica integral ao paciente com
suspeita de dengue (unidade de saúde referência, local de dispensação de
medicamentos, leitos de referência e o respectivo fluxo de atendimento);
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CONSIDERANDO que a atenção básica precisa estar organizada


para atendimento ao paciente em suspeita de dengue, para que a assistência médica
devida seja feita com a resolutividade necessária, no menor prazo de tempo possível;
CONSIDERANDO que todos os profissionais de saúde, mormente
da assistência médica, além de estar capacitados para reconhecer rapidamente
suspeita de dengue, devem saber qual unidade municipal é referência para o
atendimento médico ao paciente em suspeita, bem como onde esse usuário
deverá retirar a medicação prescrita, e onde ele deverá ser internado em caso de
evolução da doença, o que não parece ainda ocorrer no Município de ...................;
CONSIDERANDO que o princípio da integralidade pressupõe
“conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade
do sistema” (art. 7º, II, da LOS);
CONSIDERANDO que o documento Diretrizes Nacionais para
Prevenção e Controle da Dengue, do MS (à disposição na internet) contém todas as
orientações técnicas a respeito, cabendo ao gestor municipal do SUS estabelecer os
respectivos fluxos e fazê-los serem de conhecimento de todos profissionais de saúde
do Município. É o que prevê o art. 13, II, do Decreto Federal n. 7508/11;

CONSIDERANDO que no Município de ........... a classificação


de risco dos pacientes do SUS com suspeita de dengue é deficitária;

CONSIDERANDO a rápida evolução da doença, para


resolutividade do tratamento médico necessário com a eficiência que se espera do
serviço público de saúde, o protocolo de reconhecimento de classificação de risco de
urgência e emergência no atendimento ao paciente em suspeita de dengue, previsto no
documento Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS, deve
ser adotado em todas as unidades de saúde municipais (próprias e da rede privada
contratada/conveniada), em primeiro momento pelos profissionais que fazem o
acolhimento/recepção dos pacientes e em seguida pelos profissionais médicos,
cabendo ao gestor municipal do SUS adotá-lo e capacitar as respectivas equipes
técnicas a manejá-lo (art. 7, II, da Lei Orgânica da Saúde; art. 13, II, do Decreto Federal
n. 7508, e art. 11, da Portaria GM/MS n. 1.378/2013).

CONSIDERANDO que o município de ............. não está


fornecendo o “cartão de acompanhamento do paciente com suspeita de dengue”,
documento previsto nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do
MS, e de suma importância, pois através dele é que se faz o acompanhamento mais
célere e eficaz da evolução da doença no paciente.
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CONSIDERANDO que o uso de tal documento permite


assistência médica mais resolutiva (princípio da resolutividade, do art. 7º, XII, da LOS),
eficaz (princípio da eficiência, do art. 37, caput, da CF/88) e contínua (princípio da
integralidade, art. 7, II, da LOS) ao paciente com suspeita de dengue, pois se possibilita
que, a partir do estabelecimento da situação de risco, todas as providências técnicas
em seu tratamento sejam adotadas (e registradas no Cartão) o quanto antes, em todos
os níveis de complexidade da assistência médica (desde a estratégia Saúde da Família
até eventual internação hospitalar) e em quaisquer portas de entrada (da atenção
básica ou em urgência/emergência).

CONSIDERANDO que, não obstante o atual índice de infestação


local ser de alerta, ................. ainda não criou seu Comitê Gestor Intersetorial de
Combate à dengue;
CONSIDERANDO que essa é a melhor forma de mobilização da
sociedade civil, sobretudo para auxiliar a reduzir o atual índice de pendências, pois tal
fórum, quase como forma complementar de controle social, fomenta a discussão sobre
eficácia das ações das vigilâncias sanitária e epidemiológica, sobre a qualidade da
própria assistência médica na atenção básica, e, sobretudo, sobre a responsabilidade
social no controle do vetor;
CONSIDERANDO que a instituição desse comitê também é
importante recomendação das Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da
Dengue, do Ministério da Saúde;
CONSIDERANDO que combater o Aedes aegypti demanda o
envolvimento articulado de diversos setores – como educação, saneamento, limpeza
urbana e segurança pública – assim como o envolvimento de parceiros do setor
privado e da sociedade organizada, sobretudo porque é grande a responsabilidade
comunitária no controle dos criadouros de mosquito em residências e imóveis
comerciais e industriais;
CONSIDERANDO que, se a população não tem acesso
permanente aos dados sobre o índice de infestação predial e do número de
casos suspeitos e confirmados do bairro onde mora, não se sente mobilizada
nem incentivada a contribuir para a eliminação de focos do vetor.
CONSIDERANDO que a mobilização deve ser compreendida
como suporte para as ações de gestão do SUS, utilizando-se das ferramentas da
comunicação e da educação para fazer chegar à comunidade o papel de cada um no
combate a essa doença;
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CONSIDERANDO que, nesse sentido, é decisiva a articulação


com o Conselho de Saúde, visto que esse órgão consubstancia a participação da
comunidade no SUS (art. 198, III, da CF/88), representado tanto pelo segmento dos
gestores da saúde, quanto dos trabalhadores e prestadores em saúde, quanto pelo
segmento dos usuários do Sistema. É cenário que abarca quase todos os atores
sociais responsáveis pelo combate à dengue. Ademais, possibilita maior cobrança
efetiva das ações de combate ao vetor por parte da vigilância epidemiológica e das
ações de assistência médica.
CONSIDERANDO ser salutar, pois, a mobilização da sociedade
civil organizada local, sobretudo para auxiliar a reduzir o inaceitável atual índice de
pendências e também diminuir o preocupante o índice de infestação predial. Isso
porque tais fóruns, quase como forma complementar de controle social, fomentam a
discussão sobre eficácia das ações das vigilâncias sanitária e epidemiológica, sobre a
própria assistência médica na atenção básica, e, sobretudo, sobre a responsabilidade
social no controle do vetor.
CONSIDERANDO que cabe à Secretaria Municipal de Saúde,
seguindo as orientações contidas nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle
da Dengue, do Ministério da Saúde, expedir ato administrativo formal para instituir
esse comitê, indicando os órgãos públicos e entidades da sociedade civil local a
serem convidados, com seus respectivos representantes, dando ampla
publicidade a respeito das datas, horários e locais das reuniões (sobretudo nas
rádios locais, para possibilitar maior acesso popular).
CONSIDERANDO a força dos Conselhos de Saúde na
mobilização social ser decisiva na prevenção e no combate à dengue, como se observa
das atribuições previstas nos incisos XX e XXIII, da 5ª Diretriz da Resolução n.
453/2012, do Conselho Nacional de Saúde:
XX - estimular articulação e intercâmbio entre os Conselhos de
Saúde, entidades, movimentos populares, instituições públicas e privadas para a
promoção da Saúde;
XXIII - estabelecer ações de informação, educação e
comunicação em saúde, divulgar as funções e competências do Conselho de Saúde,
seus trabalhos e decisões nos meios de comunicação, incluindo informações sobre as
agendas, datas e local das reuniões e dos eventos;

CONSIDERANDO que ............. não está preparado(a) para


enfrentar uma possível epidemia de dengue, pois, além de todas essas
deficiências, a Municipalidade não detém espaço físico adequado para as
atividades de combate à dengue e também não ofertou veículos automotores.
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CONSIDERANDO ser urgente que a Secretaria Municipal de


Saúde promova imediata adequação de suas atividades aos parâmetros legais
para que as ações e serviços de saúde – de prevenção, promoção e assistência,
que são considerados de grande relevância (art. 197 da CF/88), sejam prestados
de forma eficiente (art. 37, caput da CF/88), resolutiva, integral e contínua (art. 7º
da Lei Orgânica da Saúde);
CONSIDERANDO que, se todos os municípios,
inclusive .............., tivessem executado as ações e serviços de saúde (desde
prevenção e promoção, pela vigilância, e até a assistência) que lhe cabiam no combate
à dengue, muito se teria feito para evitar os óbitos acontecidos (todos evitáveis) e para
reduzir a quantidade de pessoas acometidas pelo agravo no Paraná – e em
especial em ..........., cujos números atingem até hoje denominadores finais que são
inconcebíveis;

CONSIDERANDO sobretudo que cabe ao gestor local do SUS a


cada quatro meses prestar contas da gestão em relatório, nos termos do art. 36 da Lei
Complementar n. 141/2012:
Art. 36. O gestor do SUS em cada ente da Federação elaborará
Relatório detalhado referente ao quadrimestre anterior, o qual conterá, no mínimo,
as seguintes informações:
I - montante e fonte dos recursos aplicados no período;
II - auditorias realizadas ou em fase de execução no período e
suas recomendações e determinações;
III - oferta e produção de serviços públicos na rede
assistencial própria, contratada e conveniada, cotejando esses dados com os
indicadores de saúde da população em seu âmbito de atuação.

CONSIDERANDO então que, ao avaliar este Relatório


Quadrimestral de Gestão (RQG), ante a evidenciada situação de risco de surto de
dengue, sem o efetivo combate ao vetor nos termos ora evidenciados, o Conselho
de Saúde pode (deve) exigir que a Secretaria de Saúde, se necessário,
COMPLEMENTE esse Relatório, incluindo a oferta e a produção dos serviços no
combate à dengue, cotejando esses dados com os índices de saúde nesse período,
para que o gestor informe para que informar pelo menos (sem prejuízo de outros dados
considerados importantes pelo Conselho):
a) quantos ACEs em trabalho de campo, qual a vinculação com a municipalidade, qual
a carga horária, qual produtividade diária, se estão com todos os EPIs e material de
trabalho, se há supervisores;
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b) qual a proporção de ACEs (para trabalho de campo) para a quantia de imóveis


existentes no Município;
c) se há providências para contratação de mais ACEs ou não;
d) quantos imóveis vistoriados, especificando quais deles são os pontos estratégicos
visitados e não visitados;
e) qual o índice de pendências e quais as providências para diminuí-lo;
f) qual o atual índice de infestações;
g) quando foi realizado o último LIRAa e o último reconhecimento geográfico (RG), e,
em caso de atraso, as razões para tanto;
h) quantos bloqueios por UBV costal foram feitos, em que locais;
i) quantos casos suspeitos notificados ou não;
j) quantos casos confirmados;
k) quantos óbitos;
l) se está sendo feita realização das visitas em 100% dos imóveis a cada dois meses,
e, em caso negativo, as razões para tanto;
m) se os bloqueios de casos notificados estão sendo feito no prazo de 24 horas a partir
da identificação de cada caso de suspeita de dengue e, em caso negativo, as razões
para tanto;
n) se há veículo automotor e local adequado para a parte administrativa da execução
municipal do Plano Nacional de Combate à Dengue (PNCD), com equipamento de
informática, telefone, fax e acesso à internet e, em caso negativo, as razões para tanto;
o) se há integração das equipes de vigilância em saúde com os profissionais da área
de assistência médica e, em caso negativo, as razões para tanto;
p) se há capacitação permanente de todos os profissionais de saúde para reconhecer
rapidamente qualquer suspeita de dengue e, em caso negativo, as razões para tanto;
q) se foi ou não adotado o protocolo de reconhecimento de classificação de risco de
urgência e emergência no atendimento ao paciente em suspeita de dengue, previsto
nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS, em todas as
unidades de saúde municipais (próprias e da rede privada contratada/conveniada) e,
em caso negativo, as razões para tanto;
r) se está sendo fornecido o “cartão de acompanhamento do paciente com suspeita de
dengue”, a toda a pessoa que for atendida em quaisquer unidades de saúde próprias,
contratadas ou conveniadas, com diagnóstico de suspeita de dengue e, em caso
negativo, as razões para tanto;
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s) se foi instituído e se em funcionamento efetivo o Comitê Gestor Intersetorial


Municipal de Combate à dengue e, em caso negativo, as razões para tanto.

CONSIDERANDO que, detendo o Conselho de Saúde esses


dados sobre a produção dos serviços de vigilância em saúde cotejados com os
indicadores da população no período, pode assim a cada quatro meses comparar a
evolução das ações de vigilância e assistência e o que vai havendo de melhora para os
usuários no período, para bem exercer suas funções previstas no art. 41 da Lei
Complementar n. 141/2012:
Art. 41. Os Conselhos de Saúde, no âmbito de suas atribuições,
avaliarão a cada quadrimestre o relatório consolidado do resultado da execução
orçamentária e financeira no âmbito da saúde e o relatório do gestor da saúde sobre a
repercussão da execução desta Lei Complementar nas condições de saúde e na
qualidade dos serviços de saúde das populações respectivas e encaminhará ao Chefe
do Poder Executivo do respectivo ente da Federação as indicações para que sejam
adotadas as medidas corretivas necessárias.
CONSIDERANDO também que o gestor local do SUS deverá
publicar na internete os relatórios referidos e também a avaliação do Conselho sobre
essas prestações de contas:
Art. 31. Os órgãos gestores de saúde da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios darão ampla divulgação, inclusive em meios
eletrônicos de acesso público, das prestações de contas periódicas da área da
saúde, para consulta e apreciação dos cidadãos e de instituições da sociedade, com
ênfase no que se refere a:
I - comprovação do cumprimento do disposto nesta Lei
Complementar;
II - Relatório de Gestão do SUS;
III - avaliação do Conselho de Saúde sobre a gestão do SUS
no âmbito do respectivo ente da Federação.

CONSIDERANDO, em conclusão, que o Conselho de Saúde


detém significativas atribuições que podem somar esforços na fiscalização das
ações de combate à dengue, bem como para mobilizar as comunidades locais
para eliminação dos potenciais focos de proliferação do vetor, o que não pode
ser desprezado;
CONSIDERANDO o disposto nos artigos 1º, incisos II e III; e 3º,
inciso IV, ambos da Constituição Federal, que impõem, respectivamente, como
fundamentos da República Federativa do Brasil, "a cidadania" e a "dignidade da pessoa
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humana" e como seu objetivo primeiro, a promoção do “bem de todos, sem


preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de discriminação";
CONSIDERANDO o disciplinado no artigo 196, da Constituição
Federal, que preconiza ser “a saúde direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação”;
CONSIDERANDO o contido no artigo 197, também da
Constituição Federal, ao dispor que "são de relevância pública as ações e serviços de
saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação,
fiscalização e controle”;
CONSIDERANDO o contido no artigo 127, da Constituição
Federal da República, que dispõe que “o Ministério Público é instituição permanente,
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica,
do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis";
CONSIDERANDO o disposto nos artigos 129, II, da Magna Carta,
e 120, II, da Constituição do Estado do Paraná, que atribuem ao Ministério Público a
função institucional de “zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços
de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as
medidas necessárias a sua garantia”;
CONSIDERANDO a disposição do art. 27, parágrafo único, IV, da
Lei Federal n.º 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, o qual faculta ao Ministério Público
expedir recomendação administrativa aos órgãos da administração pública federal,
estadual e municipal, requisitando ao destinatário adequada e imediata divulgação e a
disposição do art. 200, da Lei Complementar Estadual nº 85/99, que salienta caber ao
Ministério Público a expedição de recomendações visando a melhoria dos serviços
públicos e de relevância pública,
o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, através da
Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública da Comarca de ................., no uso
de suas atribuições legais, expede a presente

RECOMENDAÇÃO ADMINISTRATIVA

ao Conselho Municipal de Saúde de ......................, na pessoa de


seu presidente Sr. ......................., para que, em cumprimento às disposições legais
mencionadas, e em vista das circunstâncias ora apuradas, adote todas as providências
necessárias para:
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1) ao receber o próximo Relatório Quadrimestral de Gestão


de que trata o art. 36 da Lei Complementar n. 131/2012, o Conselho Municipal de
Saúde solicite da Secretaria Municipal de Saúde a COMPLEMENTAÇÃO desse
Relatório, incluindo a oferta e a produção dos serviços no combate à dengue,
cotejando esses dados com os índices de saúde nesse período, para que informar
pelo menos (sem prejuízo de outros dados considerados importantes pelo Conselho):
a) quantos ACEs em trabalho de campo, qual a vinculação com a municipalidade, qual
a carga horária, qual produtividade diária, se estão com todos os EPIs e material de
trabalho, se há supervisores;
b) qual a proporção de ACEs (para trabalho de campo) para a quantia de imóveis
existentes no Município;
c) se há providências para contratação de mais ACEs ou não;
d) quantos imóveis vistoriados, especificando quais deles são os pontos estratégicos
visitados e não visitados;
e) qual o índice de pendências e quais as providências para diminuí-lo;
f) qual o atual índice de infestações;
g) quando foi realizado o último LIRAa e o último reconhecimento geográfico (RG), e,
em caso de atraso, as razões para tanto;
h) quantos bloqueios por UBV costal foram feitos, em que locais;
i) quantos casos suspeitos notificados ou não;
j) quantos casos confirmados;
k) quantos óbitos;
l) se está sendo feita realização das visitas em 100% dos imóveis a cada dois meses,
e, em caso negativo, as razões para tanto;
m) se os bloqueios de casos notificados estão sendo feito no prazo de 24 horas a partir
da identificação de cada caso de suspeita de dengue e, em caso negativo, as razões
para tanto;
n) se há veículo automotor e local adequado para a parte administrativa da execução
municipal do Plano Nacional de Combate à Dengue (PNCD), com equipamento de
informática, telefone, fax e acesso à internet e, em caso negativo, as razões para tanto;
o) se há integração das equipes de vigilância em saúde com os profissionais da área
de assistência médica e, em caso negativo, as razões para tanto;
p) se há capacitação permanente de todos os profissionais de saúde para reconhecer
rapidamente qualquer suspeita de dengue e, em caso negativo, as razões para tanto;
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q) se foi ou não adotado o protocolo de reconhecimento de classificação de risco de


urgência e emergência no atendimento ao paciente em suspeita de dengue, previsto
nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS, em todas as
unidades de saúde municipais (próprias e da rede privada contratada/conveniada) e,
em caso negativo, as razões para tanto;
r) se está sendo fornecido o “cartão de acompanhamento do paciente com suspeita de
dengue”, a toda a pessoa que for atendida em quaisquer unidades de saúde próprias,
contratadas ou conveniadas, com diagnóstico de suspeita de dengue e, em caso
negativo, as razões para tanto;
s) se foi instituído e se em funcionamento efetivo o Comitê Gestor Intersetorial
Municipal de Combate à dengue e, em caso negativo, as razões para tanto.

2) Ao receber essas informações em complementação do


Relatório, em caso de dúvidas ou necessidades de esclarecimentos para a devida
avaliação de que trata o art. 41 da Lei Complementar n. 141/2012, se necessário for,
solicitar a presença de técnicos da equipe de Vigilância Epidemiológica da .....a
Regional de Saúde, para que, em reunião ordinária ou extraordinária do Conselho
Municipal de Saúde, esses técnicos informem todas as obrigações da gestão local do
SUS no combate à dengue previstas no documento “Diretrizes Nacionais do Ministério
da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue”, as consequências
para a população no descumprimento de cada qual e outros dados solicitados pelos
Conselheiros de Saúde;
3) Após os eventuais esclarecimentos prestados sobre a
complementação do Relatório Quadrimestral de Gestão, a avaliação do Conselho
seja fundamentada, com encaminhamento, com prevê a parte final do art. 141 da
Lei Complementar n. 141/2012, ao Prefeito Municipal, das indicações do
Conselho Municipal de Saúde das medidas corretivas consideradas necessárias
para melhoria no combate à dengue e para resguardar a população de risco de
epidemia;
4) Após a remessa desse documento, fiscalizar se a
Secretaria Municipal de Saúde está dando cumprimento ao art. 31 da Lei
Complementar n. 141/2012, com “ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de
acesso público, das prestações de contas periódicas da área da saúde, para consulta e
apreciação dos cidadãos e de instituições da sociedade, com ênfase no que se refere
a” “avaliação do Conselho de Saúde sobre a gestão do SUS no âmbito do respectivo
ente da Federação”, comunicando oportunamente o Ministério Público e o
Tribunal de Contas em caso de descumprimento;
5) Efetiva participação do Conselho Municipal de Saúde nas
reuniões ordinárias e extraordinárias do C Comitê Gestor Intersetorial Municipal
de Combate à Dengue.
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Assina-se o prazo de 10 (dez) dias para que a autoridade


mencionada comunique ao Ministério Público quanto à adoção ou não das providências
adotadas na espécie.

Assevera-se que o não cumprimento da presente, sem


justificativas formais, poderá levar ao ajuizamento das ações cabíveis.

Dê-se ciência, por ofício, à Secretaria Municipal de Saúde


de .............., à Câmara de Vereadores do Município de .............. e à ...............ª
Regional da Secretaria de Estado da Saúde.

..............., ............ de outubro de 2013

............
PROMOTOR DE JUSTIÇA
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ANEXO 3

RECOMENDAÇÃO ADMINISTRATIVA Nº .........../2013

CONSIDERANDO o contido nos autos de Inquérito Civil Público


sob n. ........, com as graves informações advindas da Secretaria de Estado da Saúde,
dando conta de que o município de ........ permanece com deficiências no programa
municipal de controle e combate à dengue, com índice de infestação predial de risco;
CONSIDERANDO, assim, que as atividades de controle do vetor
Aedes aegypti em ................... não podem ser prejudicadas com eventual concessão
de férias coletivas aos servidores públicos municipais, o que poderia comprometer a
eficácia na prestação desse serviço público, o que poderia ensejar até risco de
epidemia, em prejuízo de toda a população local;
CONSIDERANDO que a Constituição Federal dá prioridade às
ações preventivas em seu art. 198:
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
(...)
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais;

CONSIDERANDO que a Lei nº 8080/90 atribuiu competência aos


municípios para execução das ações de vigilância epidemiológica no art. 18 da Lei
Federal n° 8.080/90:
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) compete:
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir
e executar os serviços públicos de saúde;
(...);
LV - executar serviços: a) de vigilância epidemiológica;”

CONSIDERANDO que a execução do controle do mosquito


Aedes aegypti é tarefa que cabe primordialmente aos municípios, em consonância com
o art. 18, IV, “a”, da Lei Federal n. 8080/90, e com o descrito art. 11, da Portaria
GM/MS 1378/2012, que lhes impõem tal obrigação, desde captura de vetores,
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identificação e levantamento de índices de infestação, registro e captura de animais,


eliminação mecânica de potenciais criadouros até ações de controle químico e
biológico (inseticidas), sempre priorizando-se o controle mecânico;
CONSIDERANDO que, embora seja importante a participação da
população na eliminação de criadouros, de forma alguma se pode atribuir apenas a ela
o controle de vetor: só o poder público pode mantê-lo nos índices aceitáveis,
monitorando permanentemente o índice de infestação predial, fiscalizando a
existência de potenciais criadouros em macrofocos ou pontos estratégicos
(cemitérios, borracharias, praças públicas, terrenos baldios e outros) e nos domicílios,
educando a população para eliminação dos focos, o que só pode ser realizado de
maneira eficiente mediante as visitas CONSTANTES e ROTINEIRAS previstas no
Programa Nacional de Combate à Dengue e Manual de Normas Técnicas,
especialmente pelos agentes de controle de endemias (ACEs);
CONSIDERANDO que as funções de controle ordinário à
dengue e outras doenças transmitidas por vetores (durante todo o ano), não tem
determinabilidade temporal, pois a vigilância em saúde precisa ser permanente;
CONSIDERANDO ainda que os ACEs não detém atribuições
somente no controle do vetor da dengue, mas de controle e prevenção de várias
outras doenças, inclusive aquelas de transmissões de outras formas (como raiva,
leishmaniose, tuberculose, etc), como se infere pelo contido no art. 4º da Lei
11.350/2006:
Art. 4o O Agente de Combate às Endemias tem como atribuição o
exercício de atividades de vigilância, prevenção e controle de doenças e promoção da
saúde, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do
gestor de cada ente federado.

CONSIDERANDO que eventual suspensão dos trabalhos dos


ACEs em férias coletivas para festividades de final de ano poderia comprometer a
prevenção e o controle de inúmeras doenças, colocando em potencial risco a saúde
pública local, especialmente em face da dengue, ante o favorecimento das condições
climáticas dos meses de dezembro e janeiro;
CONSIDERANDO que paralisação das atividades desses agentes
redundaria em atrasos nas visitações dos imóveis, sobretudo dos pontos estratégicos
(PEs), nas medições dos índices de infestações, na remoção de potenciais criadouros
do mosquito vetor, nas ações de bloqueios de transmissão sem aplicação então de
inseticidas por UBV costal, tudo aumentando de forma significativa o risco de
infecções de pessoas;
CONSIDERANDO que concessão de férias coletivas às equipes
de vigilância em saúde, especialmente dos ACEs, poderia denotar insuficiente adoção
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de medidas preventivas para combate ao vetor da dengue em ..............., de forma a


favorecer as condições para proliferação do mosquito Aedes aegypti, constituindo até
mesmo, em tese, infração sanitária, tipificada no art. 63, XLVII, do Código de Saúde do
Estado do Paraná (Lei Estadual n. 13331, de 23 de novembro de 2001):
Art. 63. Constituem infrações sanitárias as condutas
tipificadas abaixo:
(...)
XLVII - não adotar medidas preventivas de controle ou
favorecer as condições para proliferação de vetores de interesse à saúde
pública.

CONSIDERANDO que as ações e serviços de saúde, de


qualquer natureza, não podem ser paralisados ou interrompidos, muito menos
em face de festividades;
CONSIDERANDO que eventual previsão de férias coletivas
a os servidores públicos municipais com aprazamento em texto de lei local deve
ser manejado pelo gestor do SUS de forma a não ferir o interesse juridicamente
prevalente no presente âmbito, qual seja, o interesse público; ou seja: caso
ocorram situações dilemáticas, há sempre que prevalecer o interesse superior
da saúde coletiva, em detrimento de direitos individuais que, aparentemente,
com aquele colidam;
CONSIDERANDO que o artigo 197 da Constituição Federal
dispõe que “são de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo
ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação,
fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através
de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado”;
CONSIDERANDO o disposto nos artigos 1º, incisos II e III,
da Constituição Federal, que impõem, como fundamentos da República
Federativa do Brasil, "a cidadania" e a "dignidade da pessoa humana";
CONSIDERANDO que o artigo 196 da Constituição Federal
expressa que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação”;
CONSIDERANDO que a Lei Federal n.º 8080/90 (LOS), em
seu artigo 2.º, preconiza que “a saúde é um direito fundamental do ser humano,
devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”;
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CONSIDERANDO o contido no inciso III, do artigo 5.º, da


Lei Federal nº8080/90:
“são objetivos do Sistema Único de Saúde SUS – a
assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e
recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais
e das atividades preventivas”;
CONSIDERANDO que o artigo 7º, II, da LOS, estabelece
traça como diretriz do SUS a “integralidade de assistência, entendida como
conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis
de complexidade do sistema”;
CONSIDERANDO que os serviços de vigilância em saúde
podem ser considerados serviços ou atividades essenciais, de acordo com o art.
10 da Lei Federal nº 7.783/89; e que o parágrafo único do mesmo dispositivo
conceitua:
“São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas
que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a
segurança da população’;
CONSIDERANDO o princípio da continuidade dos serviços
públicos essenciais, especificado no art. 22 da Lei n.º 8.078/90, segundo o qual
“Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes,
seguros e, quanto aos essenciais, contínuos”;
CONSIDERANDO a Lei Estadual n.º 14.254/2003 que, em
seu artigo 2.º, inciso XXVIII,, expressa que
“São direitos dos usuários dos serviços de saúde no
Estado do Paraná:
“a assistência adequada, mesmo em períodos noturnos,
festivos, feriados ou durante greves profissionais”;
CONSIDERANDO o explicitado no Decreto-Lei nº 201/67,
que dispõe sobre a responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores, em seu art. 1º:
“São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipais,
sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do
pronunciamento da Câmara dos Vereadores”: (...)
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“XIV - Negar execução a lei federal, estadual ou municipal,


ou deixar de cumprir ordem judicial, sem dar o motivo da recusa ou da
impossibilidade, por escrito, à autoridade competente”;
(...)
“§1º Os crimes definidos neste artigo são de ação pública,
punidos os dos itens I e II, com a pena de reclusão, de dois a doze anos, e os
demais, com a pena de detenção, de três meses a três anos”;
§ 2º A condenação definitiva em qualquer dos crimes
definidos neste artigo, acarreta a perda de cargo e a inabilitação, pelo prazo de
cinco anos, para o exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de
nomeação, sem prejuízo da reparação civil do dano causado ao patrimônio
público ou particular”;

CONSIDERANDO que o Decreto-Lei mencionado prevê


ainda, no seu artigo 4º, que
“São infrações político-administrativas dos Prefeitos
Municipais sujeitas ao julgamento pela Câmara dos Vereadores e sancionadas
com a cassação do mandato:
X - Proceder de modo incompatível com a dignidade e o
decoro do cargo”;

CONSIDERANDO o contido na Lei Federal nº 8.429/92 (Lei


de Improbidade Administrativa), que prevê, no seu art. 11, que
“Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que
viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento
ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ofício”;”

CONSIDERANDO o contido no artigo 265, do Código


Penal, segundo o qual constitui crime atentar contra a segurança ou o
funcionamento de serviço de utilidade pública, no qual se insere, obviamente, a
saúde;
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CONSIDERANDO ainda que, em caso de eventual e ilícita


interrupção, suspensão, paralisação ou desativação de quaisquer ações ou
serviços de saúde de qualquer natureza, os respectivos recursos financeiros não
poderão ser utilizados para custeio de outras ações ou serviços, sob pena de se
incorrer na prática, em tese, do crime do art. 52 da Lei n. 8080/90:
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui
crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Penal, art.
315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) em
finalidades diversas das previstas nesta lei.

CONSIDERANDO o disposto no art. 129, II, da


Constituição Federal, bem como no art. 120, II, da Constituição do Estado do
Paraná, que atribuem ao Ministério Público a função institucional de “zelar pelo
efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos
direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a
sua garantia”;
CONSIDERANDO a disposição do artigo 27, parágrafo
único, inciso IV, da Lei Federal n.º 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, o qual
faculta ao Ministério Público expedir recomendação administrativa aos órgãos da
administração pública federal, estadual e municipal, o MINISTÉRIO PÚBLICO
DO ESTADO DO PARANÁ, ora representado pelo Promotor(a) de Justiça .... ,
no uso de suas atribuições legais, expede a presente
RECOMENDAÇÃO ADMINISTRATIVA

aos senhores ******, Prefeito Municipal de *******, *******,


Secretário de Saúde do Município de ******* a fim de que:
i) abstenham-se da prática de ato de concessão de férias
coletivas às equipes de vigilância em saúde, especialmente dos agentes de
controle de endemias (ACEs), ou de qualquer outro ato que de qualquer forma,
que, direta ou indiretamente, desative, paralise, interrompa, suspenda, restrinja,
diminua ou venha a prejudicar a oferta de ações e serviços de prevenção,
promoção e assistência à saúde disponibilizados aos munícipes;
ii)façam por cumprir a legislação e portarias acima
mencionadas, em vista das circunstâncias ora detectadas;

Assina-se o prazo de 10 (dez) dias para que a autoridade


mencionada comunique ao Ministério Público, fundamentadamente, quanto à adoção
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ou não das providências adotadas na espécie, inclusive indicando as razões técnicas e


jurídicas para não observância das diretrizes ora expostas e das medidas faltantes.

Assevera-se que o não cumprimento da presente, sem


justificativas formais, levará ao ajuizamento das ações cíveis cabíveis, inclusive para
responsabilização pelas omissões no combate à dengue, sem prejuízo da adoção
de outras providências pertinentes, sobretudo por eventual improbidade
administrativa.

Dê-se ciência, por ofício, à Câmara de Vereadores do Município


de .............., ao Conselho Municipal de Saúde de ............... e à ...............ª Regional da
Secretaria de Estado da Saúde.

..............., ............ de outubro de 2013

............
PROMOTOR DE JUSTIÇA
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ANEXO 4

TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA Nº .........../2013

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por


intermédio da Promotoria de Proteção de Defesa da Saúde Pública da Comarca de .....,
por seu representante adiante assinado, no uso de suas atribuições constitucionais e
legais, o MUNICÍPIO DE ......... (PR), representado pelo Prefeito Municipal, ....., o
Secretário Municipal de Saúde de ............, na qualidade de gestor municipal do
Sistema Único de Saúde em .........- PR, e a ........... 2ª REGIONAL DE SAÚDE DO
ESTADO DO PARANÁ, representada pelo seu Chefe ................... a teor do disposto
no art. 5º, § 6º, da Lei nº. 7.347/85, e
CONSIDERANDO o contido nos autos de Inquérito Civil Público
sob n. ........, com as fartas informações advindas da Secretaria de Estado da Saúde,
dando conta de que o Município de ........ permanece na precariedade no programa
municipal de controle e combate à dengue, desde as providências de cunho preventivo
da vigilância epidemiológica como na esfera da gestão e da assistência à saúde, com
índice de infestação predial de risco e dificuldade de contratação e manutenção de
agentes de controle de endemia;
CONSIDERANDO algumas dessas irregularidades, em síntese:
Preocupante índice de infestação predial no Município;
Atraso na reavaliação desse índice, com LIRAa feito tardiamente;
Falta de agentes de controle de endemia (ACEs) em desproporção com o número de
imóveis municipais, com agentes cedidos para outros órgãos;
Insuficiência no fornecimento de materiais básicos e equipamentos de proteção
individual (EPIs) aos ACEs;
Atraso na atualização do reconhecimento geográfico (RG) para planejamento das
ações de controle vetorial;
Alto índice de pendências;
Baixa qualidade nas ações de campo, inclusive de remoção de criadouros;
Falta de capacitação dos ACEs;
Falta de notificação de todos os casos suspeitos de dengue;
Falta ou atraso na investigação dos casos suspeitos para detecção no local provável de
infecção;
Bloqueios do vetor com atrasos;
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Deficiências no envio de dados sobre as notificações de casos suspeitos e confirmados


nos sistemas informatizados do SUS;
Capacitação não suficiente da rede municipal de saúde para diagnóstico e tratamento
rápido e eficaz ao tratamento ao paciente em caso suspeito ou confirmado;
Integração não suficiente entre as equipes de vigilância em saúde e as equipes do
Programa de Saúde da Família e das UBSs nas atividades de controle vetorial;
Organização não suficiente da rede de atenção básica municipal para assistência
terapêutica integral ao paciente com suspeita de dengue (unidade de saúde referência,
local de dispensação de medicamentos, leitos de referência e o respectivo fluxo de
atendimento);
Falta de triagem e/ou classificação de risco na recepção ao usuário do SUS com
suspeita de dengue;
Falta de disponibilização do Cartão de Acompanhamento do Paciente com Suspeita de
Dengue, como previsto nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da
Dengue, do MS
Não instituição de Comitê Gestor Intersetorial ou Comitê de Mobilização para
prevenção e combate à dengue;
Divulgações insuficientes para as comunidades locais dos índices de infestação
predial, dos números de casos suspeitos e confirmados;
Mobilização insuficiente das entidades da sociedade organizada para cooperação no
enfrentamento à dengue e
Insuficiente articulação junto ao Conselho Municipal de Saúde para cooperação no
enfrentamento à dengue.

CONSIDERANDO, assim, que as atividades de controle do vetor


Aedes aegypti em ................... estão prejudicadas, comprometendo a eficácia na
prestação desse serviço público, o que por certo pode ter causado os históricos índices
locais preocupantes de infestação pelo vetor e leva ao atual risco de epidemia;
CONSIDERANDO que isso denota insuficiente adoção de
medidas preventivas para combate ao vetor da dengue em ..............., de forma a
favorecer as condições para proliferação do mosquito Aedes aegypti, podendo até
constituir, em tese, infração sanitária, tipificada no art. 63, XLVII, do Código de Saúde
do Estado do Paraná (Lei Estadual n. 13331, de 23 de novembro de 2001):
Art. 63. Constituem infrações sanitárias as condutas tipificadas abaixo:
(...)
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XLVII - não adotar medidas preventivas de controle ou favorecer as condições para


proliferação de vetores de interesse à saúde pública.

CONSIDERANDO que a Constituição Federal dá prioridade às


ações preventivas em seu art. 198:
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
(...)
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais;

CONSIDERANDO que a Lei nº 8080/90 atribuiu competência aos


Municípios para execução das ações de vigilância epidemiológica no art. 18 da Lei
Federal n° 8.080/90:
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) compete:
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir
e executar os serviços públicos de saúde;
II - participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada e
hierarquizada do Sistema Único de Saúde (SUS), em articulação com sua direção
estadual;
III - participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições e
aos ambientes de trabalho;
LV - executar serviços: a) de vigilância epidemiológica;”

CONSIDERANDO que, igualmente, a Portaria do Ministério da


Saúde MS/GM n° 1378/2013, ao regulamentar as ações de vigilância epidemiológica,
define as competências municipais estritamente de acordo com a Constituição Federal
e a Lei Federal n°
8.080/90:
Art. 11. Compete às Secretarias Municipais de Saúde a
coordenação do componente municipal dos Sistemas Nacionais de Vigilância em
Saúde e de Vigilância Sanitária, no âmbito de seus limites territoriais, de acordo com
a política, diretrizes e prioridades estabelecidas, compreendendo:
I - ações de vigilância, prevenção e controle das doenças
transmissíveis, a vigilância e prevenção das doenças e agravos não transmissíveis e
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dos seus fatores de risco, a vigilância de populações expostas a riscos ambientais


em saúde, gestão de sistemas de informação de vigilância em saúde em âmbito
municipal que possibilitam análises de situação de saúde, as ações de vigilância
da saúde do trabalhador, ações de promoção em saúde e o controle dos riscos
inerentes aos produtos e serviços de interesse a saúde;
II - coordenação municipal e execução das ações de vigilância;
V - coordenação e alimentação, no âmbito municipal, dos
sistemas de informação de interesse da vigilância, incluindo:
a) coleta, processamento, consolidação e avaliação da qualidade
dos dados provenientes das unidades notificantes dos sistemas de base nacional, de
interesse da vigilância, de acordo com normalização técnica;
b) estabelecimento e divulgação de diretrizes, normas técnicas,
rotinas e procedimentos de gerenciamento dos sistemas, no âmbito do Município, em
caráter complementar à atuação das esferas federal e estadual; e
c) retroalimentação dos dados para as unidades notificadoras;
VI - coordenação da preparação e resposta das ações de
vigilância, nas emergências de saúde pública de importância municipal;
VII - coordenação, monitoramento e avaliação da estratégia de
Vigilância em Saúde sentinela em âmbito hospitalar;
VIII - desenvolvimento de estratégias e implementação de
ações de educação, comunicação e mobilização social;
IX - monitoramento e avaliação das ações de vigilância em seu
território;
X - realização de campanhas publicitárias de interesse da
vigilância, em âmbito municipal;
XI - promoção e execução da educação permanente em seu
âmbito de atuação;
XII - promoção e fomento à participação social nas ações de
vigilância;
XIII - promoção da cooperação e do intercâmbio técnicocientífico
com organismos governamentais e não governamentais de âmbito municipal,
intermunicipal, estadual, nacional e internacional;
XIV - gestão do estoque municipal de insumos de interesse
da Vigilância em Saúde, incluindo o armazenamento e o transporte desses
insumos para seus locais de uso, de acordo com as normas vigentes;
XV - provimento dos seguintes insumos estratégicos:
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a) medicamentos específicos, para agravos e doenças de


interesse da Vigilância em Saúde, nos termos pactuados na CIT;
b) meios de diagnóstico laboratorial para as ações de
Vigilância em Saúde nos termos pactuados na CIB;
c) insumos de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças
sexualmente transmissíveis, indicados pelos programas, nos termos pactuados na CIB;
e
d) equipamentos de proteção individual - EPI - para todas as
atividades de Vigilância em Saúde que assim o exigirem, em seu âmbito de
atuação, incluindo vestuário, luvas e calçados;
XVI - coordenação, acompanhamento e avaliação da rede de
laboratórios públicos e privados que realizam análises essenciais às ações de
vigilância, no âmbito municipal;
XVII - realização de análises laboratoriais de interesse da
vigilância, conforme organização da rede estadual de laboratórios pactuados na
CIR/CIB;
XVIII - coleta, armazenamento e transporte adequado de
amostras laboratoriais para os laboratórios de referência;

CONSIDERANDO que, embora seja importante a participação da


população na eliminação de criadouros, de forma alguma se pode atribuir apenas a ela
o controle de vetor: só o poder público pode mantê-lo nos índices aceitáveis,
monitorando o índice de infestação predial, fiscalizando a existência de
potenciais criadouros em macrofocos ou pontos estratégicos (cemitérios,
borracharias, praças públicas, terrenos baldios e outros) e nos domicílios, educando a
população para eliminação dos focos, o que só pode ser realizado de maneira eficiente
mediante as visitas previstas no Programa Nacional de Combate à Dengue e
Manual de Normas Técnicas;
CONSIDERANDO a notícia de que o Município de .......... detém
número agentes de controle de endemia (ACEs) em desproporção com a
quantidade atual de imóveis municipais, com agentes cedidos para outros
órgãos;
CONSIDERANDO assim que a contratação para exercer
funções de controle ordinário à dengue e outras doenças transmitidas por
vetores (durante todo o ano), não tem determinabilidade temporal, já que o
controle à dengue e outras doenças transmitidas por vetores precisa ser permanente;
CONSIDERANDO que a Emenda Constitucional nº 51, de 2006,
que acrescentou os §§ 4º, 5º e 6º ao art. 198 da Constituição Federal, regulamenta no
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seu art. 2º a forma de admissão dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de
combate às endemias:
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão
admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de
processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate
às endemias.
CONSIDERANDO que a lei federal mencionada no § 5o do art.
198, da Constituição, de nº 11.350, de 05 de outubro de 2006, dispõe sobre o regime
jurídico e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente
de combate às endemias:
Art. 2o O exercício das atividades de Agente Comunitário de
Saúde e de Agente de Combate às Endemias, nos termos desta Lei, dar-se-á
exclusivamente no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, na execução das
atividades de responsabilidade dos entes federados, mediante vínculo direto entre os
referidos Agentes e órgão ou entidade da administração direta, autárquica ou
fundacional.
[...]
Art. 8o Os Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de
Combate às Endemias admitidos pelos gestores locais do SUS e pela Fundação
Nacional de Saúde - FUNASA, na forma do disposto no §4o do art. 198 da
Constituição, submetem-se ao regime jurídico estabelecido pela Consolidação das Leis
do Trabalho - CLT, salvo se, no caso dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
lei local dispuser de forma diversa .
Art. 9o A contratação de Agentes Comunitários de Saúde e de
Agentes de Combate às Endemias deverá ser precedida de processo seletivo público
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para o exercício das atividades, que atenda aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos ou entes da administração
direta dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios certificar, em cada caso, a
existência de anterior processo de seleção pública, para efeito da dispensa referida no
parágrafo único do art. 2o da Emenda Constitucional no 51, de 14 de fevereiro de 2006,
considerando-se como tal aquele que tenha sido realizado com observância dos
princípios referidos no caput.
[..]
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Art. 16. Fica vedada a contratação temporária ou terceirizada de


Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às Endemias, salvo na
hipótese de combate a surtos endêmicos, na forma da lei aplicável.

CONSIDERANDO que há agentes de controle de endemia


em ............................ que estão em desvio de função;

CONSIDERANDO que a necessidade de que o rendimento


normal previsto nas Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e
Controle de Epidemias de Dengue para o trabalho de cada ACE seja de 20 a 25
imóveis/agenda/dia, rendimento esse que pode não estar sendo alcançado no
Município de ........., visto que há ACEs em exercício de outras funções;
CONSIDERANDO que em ................. a Secretaria Municipal de
Saúde ainda não está fornecendo os materiais básicos e equipamentos de
proteção individual (EPIs) aos ACEs exigidos pela Portaria GM/MS n. 1378/2013,
que regulamenta as atribuições das Secretarias de Saúde em vigilância em saúde, em
combinação com as Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS

CONSIDERANDO que também se noticia que em ................ os


agentes de controle de endemia (ACEs) precisam de atualização técnica para
capacitação;
CONSIDERANDO que, para a atuação eficaz dos ACEs no
trabalho de campo, tanto para identificação dos potenciais criadouros, quanto para
remoção de criadouros, é decisiva a capacitação técnica dos ACEs;
CONSIDERANDO que esse dever é decorrente do princípio
constitucional da eficiência no serviço público (art. 37, caput, da CF/88), bem como do
princípio da resolutividade nas ações e serviços de saúde (art. 7º, XII, da Lei n.
8080/90), por si só já impõem ao gestor municipal do SUS o dever de capacitar
permanentemente seus ACEs e demais profissionais da vigilância epidemiológica
(obrigação especificada ainda no art. 23, XX, da Portaria GM/MS n. 3252/09).

CONSIDERANDO que ainda se evidencia da documentação


anexa que o Município de ............. registra atraso na reavaliação do LIRAa, feito
tardiamente;
CONSIDERANDO que as Diretrizes Nacionais do Ministério da
Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue (especificamente nos
itens 5.3.7 e 5.3.8, no Anexo X, item 5, e Anexo XX), recomendam a todos os
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Municípios medição desse índice, inclusive através do LIRAa (índice de


levantamento rápido), pelo menos nos meses de janeiro e março, e a cada três
meses, quando há registro de infestações na última avaliação (o que é o caso
de .........................., Município infestado);

CONSIDERANDO que em .............. o reconhecimento


geográfico (RG) está desatualizado;
CONSIDERANDO que não é possível que as ações visando
combater a proliferação da dengue e também de outras doenças sejam feitas sem o
reconhecimento geográfico, consistente na identificação e numeração de quarteirões,
bem como a especificação de cada tipo de imóvel, detectando aqueles pontos
estratégicos - aqueles com perfil de maior potencialidade para produzir criadouros do
mosquito (depósitos de pneus, cemitérios, oficinas mecânicas, etc).
CONSIDERANDO que a atualização deve ser feita sempre no
final de cada ciclo de medição do LIRAa (uma vez que o trabalho desenvolvido pelos
ACEs se baseia no mapeamento da cidade), como recomendam as Diretrizes
Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue
do MS;

CONSIDERANDO que os imóveis tidos como pontos


estratégicos em ................. não estão sendo visitados dentro de 15 dias;
CONSIDERANDO que com o o planejamento das ações visando
combater a proliferação da dengue e também de outras doenças é manter atualizada a
visitação com inspeção dos pontos estratégicos do município: aqueles imóveis com
perfil de maior potencialidade para produzir criadouros do mosquito (depósitos de
pneus, cemitérios, oficinas mecânicas, etc)
CONSIDERANDO o alto índice de pendências em ............;
Considerando que, diante da dificuldade dos agentes de
endemias em visitar determinados imóveis para fazer a averiguação, o Ministério da
Saúde elaborou Programa Nacional de Controle da Dengue: Amparo Legal à
Execução das Ações de Campo – Imóveis Fechados, Abandonados ou com
Acesso não Permitido pelo Morador, guia de amparo aos gestores locais, inclusive
contendo um modelo de decreto municipal para que sejam fixados os procedimentos a
serem adotados pelos Agentes de Combate a Endemias frente a recusa ou a
inexistência de proprietário no local.

CONSIDERANDO que para diminuir essas pendências também


pode ser aplicada a Portaria MS/GM 2.142/2008, que recomenda que os municípios
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adotem estratégias para orientar e para que sejam verificadas as infrações cometidas
pelos proprietários de imóveis no que tange a necessidade do combate a dengue.
CONSIDERANDO que, de acordo com o artigo 63, XXXVII do
Código de Saúde do Estado do Paraná “obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das
autoridades sanitárias competentes, no exercício de suas funções” é infração
sanitária, com pena de advertência e/ou multa,
CONSIDERANDO assim caber ao gestor municipal de saúde
tomar as medidas necessárias para fazer valer tais dispositivos legais,
determinando à vigilância sanitária local, em necessária integração com os
agentes de controle de endemias, que lavre os autos/termos de infração em face
dos proprietários de imóveis que apresentem resistência na remoção de criadouros ou
mesmo em franquear acesso aos ACEs para as vistorias.

CONSIDERANDO a noticiada insuficiente qualidade nas


ações de campo, inclusive de remoção de criadouros, em ...............;
CONSIDERANDO que a execução do controle do mosquito é
tarefa que cabe primordialmente aos Municípios, em consonância com o art. 18, IV, “a”,
da Lei Federal n. 8080/90, e com o descrito art. 11, da Portaria GM/MS 1378/2013, que
impõem tal obrigação aos Municípios, desde captura de vetores, identificação e
levantamento de índices de infestação, registro e captura de animais, eliminação
mecânica de potenciais criadouros até ações de controle químico e biológico
(inseticidas), sempre priorizando-se o controle mecânico.
CONSIDERANDO as diversas iniciativas de controle mecânico
em larga escala que AINDA NÃO FORAM incorporadas pela administração municipal
em ................., dentre as quais:
• reforço na coleta de resíduos sólidos, com destino final
adequado, em áreas com altos índices de infestação;
• coleta, armazenamento e destinação adequada de pneumáticos,
atividade que tem amparo legal na Resolução CONAMA N. 258, e que deve ser
executada em parceria entre a iniciativa privada e os Municípios, com a implantação de
Ecopontos (www.reciclanip.com.br) e
• vedação de depósitos de armazenamento de água, com a
utilização de capas e tampas.

CONSIDERANDO que a destruição dos criadouros deve ser


prioritariamente realizada de forma mecânica, pelo próprio morador ou responsável
pelo imóvel, com supervisão e fiscalização direta do ACE no domicílio;
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CONSIDERANDO que em ................ os bloqueios estão sendo


feitos tardiamente;
CONSIDERANDO que o bloqueio de transmissão consiste na
aplicação de inseticida por meio da nebulização – tratamento a UBV, pelo uso de
equipamentos portáteis (costal) ou pesados (acoplados em veículos), em, pelo menos,
uma aplicação, iniciando no quarteirão de ocorrência e continuando nos adjacentes,
considerando um raio de 150m.
CONSIDERANDO que essa atividade deve ser desencadeada o
quanto antes, já que se trata de uma ação imediata para combate do vetor,
preferencialmente em 24h, visto se tratar de ............... de Município INFESTADO;

CONSIDERANDO também as deficiências no envio de dados


sobre as notificações de casos suspeitos e confirmados nos sistemas
informatizados do SUS, por parte do Município de ................;
CONSIDERANDO que todos os casos de suspeita de dengue
devem ser notificados à Vigilância Epidemiológica Estadual, através do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan), mediante preenchimento de:
a) Ficha Individual de Notificação (FIN) – onde constam dados
básicos (pessoa, tempo e lugar) sobre o paciente
b) Ficha Individual de Investigação (FII) – além dos dados da
notificação, dados completos sobre a doença, tais como local provável de infecção,
exames laboratoriais, evolução do caso, classificação final, manifestações clínicas dos
casos graves, entre outros dados.

CONSIDERANDO que esses documentos devem ser preenchidos


nas unidades de saúde (ou resultantes da busca ativa da Vigilância Epidemiológica
municipal) e digitadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação,
transmitidos para a Vigilância Epidemiológica Estadual e, desta, para o Ministério da
Saúde.
CONSIDERANDO que, pelas Diretrizes Nacionais do Ministério
da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, é necessário
investigar TODOS os casos notificados de suspeita (e não de confirmação), e no
menor prazo possível;
CONSIDERANDO que se recomenda que a própria unidade de
saúde realize a investigação e encaminhe as informações para a vigilância
epidemiológica. Essa investigação deve ser feita quando da consulta do paciente,
mediante análise dos prontuários médicos, ou ainda por busca ativa (quando equipe
técnica vai à residência ou domicílio do paciente suspeito para entrevista e no local
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provável de infecção). Para tanto, deve ser preenchida a ficha de investigação de


dengue e encerrado o caso em até 60 dias após a data de notificação.
CONSIDERANDO que os dados entomológicos (relativos a
suspeita ou confirmação de contaminação de paciente por vírus transmitidos por
vetores insetos) devem ser enviados à vigilância epidemiológica estadual no menor
prazo possível, como as Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e
Controle de Epidemias de Dengue recomendam:
Em período de epidemias, quando a unidade de saúde não utilizar o aplicativo
Sinan/net e ter acesso a internet, ou não dispuser de recolhimento diário das fichas, ou
o número de casos ultrapassar a capacidade de digitação, o número de casos
suspeitos na semana epidemiológica correspondente deve ser informado por meios de
comunicação rápida (via telefone, fax, e-mail etc), de maneira a informar
oportunamente a vigilância epidemiológica da SMS. Ressalta-se que todos os casos
devem ser incluídos no Sinan o mais breve possível. Essa mesma estratégia pode
ser adotada para repasse de informações para os níveis estadual e nacional. Os casos
graves devem ser informados imediatamente a esfera subseqüente.
* SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação

CONSIDERANDO que o número de hipóteses suspeitas deve ser


enviado também para a vigilância entomológica da SMS igualmente no menor prazo
possível, para possibilitar que se desencadeiem as ações de bloqueio do vetor o
quanto antes;

CONSIDERANDO a possível falta de integração das equipes


de vigilância em saúde com os profissionais da área de assistência médica no
Município de .........................;
CONSIDERANDO que deve haver integração entre a Vigilância
Sanitária Municipal e as equipes do Programa de Saúde da Família nas atividades de
controle vetorial, o que é decisivo no combate à dengue, cabendo ao gestor municipal
desencadear as providências necessárias, no que tange aos fluxos de funcionamento
dos serviços da vigilância epidemiológica (mormente dos ACEs), da vigilância sanitária
e da atenção primária na assistência médica (unidades básicas de saúde e/ou
estratégia Programa Saúde da Família), para que os três estejam sintonizados e com
constante troca de informações.

CONSIDERANDO o art. 7, II, da Lei Orgânica da Saúde:


Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou
conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de
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acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo


ainda aos seguintes princípios:
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das
ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para
cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema.
CONSIDERANDO que, pelo princípio da integralidade, a lei
exige articulação contínua entre os serviços preventivos (vigilâncias epidemiológica e
sanitária) e curativos (assistência médica), de sorte que assim o art. 13, II, do Decreto
Federal n. 7508 estabelece:
Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário e ordenado às ações e
serviços de saúde do SUS, caberá aos entes federativos, além de outras atribuições
que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores:
II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de saúde.
CONSIDERANDO que, como corolário desses princípios e regras,
os incisos X e XI, do art. 11 da Portaria GM/MS n. 1378/2012, preveem que cabe ao
Município “desenvolvimento de estratégias e implementação de ações de educação,
comunicação e mobilização social” e “promoção e execução da educação permanente
em seu âmbito de atuação”;

CONSIDERANDO que se detectaram ainda fragilidades na


assistência à saúde do paciente com suspeita ou confirmação de dengue
em ..................;
CONSIDERANDO que, na integração com as unidades básicas
de saúde e com a Estratégia Saúde da Família, todos os recursos humanos devem
deter capacidade técnica (dentro dos atributos de suas respectivas formações), para
reconhecer casos suspeitos e encaminhá-los com rapidez para diagnóstico e
tratamento;
CONSIDERANDO que as Diretrizes Nacionais para Prevenção e
Controle da Dengue, do MS (à disposição na internet) contém todas as orientações
técnicas para tanto, cabendo ao gestor municipal do SUS exigir que todos os
profissionais de saúde sigam essas regras;
CONSIDERANDO que deve haver organização da rede de
atenção básica municipal para assistência terapêutica integral ao paciente com
suspeita de dengue (unidade de saúde referência, local de dispensação de
medicamentos, leitos de referência e o respectivo fluxo de atendimento);
CONSIDERANDO que a atenção básica precisa estar organizada
para atendimento ao paciente em suspeita de dengue, para que a assistência médica
devida seja feita com a resolutividade necessária, no menor prazo de tempo possível;
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CONSIDERANDO que todos os profissionais de saúde, mormente


da assistência médica, além de estar capacitados para reconhecer rapidamente
suspeita de dengue, devem saber qual unidade municipal é referência para o
atendimento médico ao paciente em suspeita, bem como onde esse usuário
deverá retirar a medicação prescrita, e onde ele deverá ser internado em caso de
evolução da doença;
CONSIDERANDO que o documento Diretrizes Nacionais para
Prevenção e Controle da Dengue, do MS (à disposição na internet) contém todas as
orientações técnicas a respeito, cabendo ao gestor municipal do SUS estabelecer os
respectivos fluxos e fazê-los serem de conhecimento de todos profissionais de saúde
do Município. É o que prevê o art. 13, II, do Decreto Federal n. 7508/11;

CONSIDERANDO que no Município de ........... a classificação


de risco dos pacientes do SUS com suspeita de dengue parece ser deficitária;

CONSIDERANDO a rápida evolução da doença, para


resolutividade do tratamento médico necessário com a eficiência que se espera do
serviço público de saúde, o protocolo de reconhecimento de classificação de risco de
urgência e emergência no atendimento ao paciente em suspeita de dengue, previsto no
documento Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS, deve
ser adotado em todas as unidades de saúde municipais (próprias e da rede privada
contratada/conveniada), em primeiro momento pelos profissionais que fazem o
acolhimento/recepção dos pacientes e em seguida pelos profissionais médicos,
cabendo ao gestor municipal do SUS adotá-lo e capacitar as respectivas equipes
técnicas a manejá-lo (art. 7, II, da Lei Orgânica da Saúde; art. 13, II, do Decreto Federal
n. 7508, e art. 11, da Portaria GM/MS n. 1.378/2013).

CONSIDERANDO que o município de ............. ainda não está


fornecendo o “cartão de acompanhamento do paciente com suspeita de dengue”,
documento previsto nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do
MS, e de suma importância, pois através dele é que se faz o acompanhamento mais
célere e eficaz da evolução da doença no paciente.

CONSIDERANDO que o uso de tal documento permite


assistência médica mais resolutiva (princípio da resolutividade, do art. 7º, XII, da LOS),
eficaz (princípio da eficiência, do art. 37, caput, da CF/88) e contínua (princípio da
integralidade, art. 7, II, da LOS) ao paciente com suspeita de dengue, pois se possibilita
que, a partir do estabelecimento da situação de risco, todas as providências técnicas
em seu tratamento sejam adotadas (e registradas no Cartão) o quanto antes, em todos
os níveis de complexidade da assistência médica (desde a estratégia Saúde da Família
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até eventual internação hospitalar) e em quaisquer portas de entrada (da atenção


básica ou em urgência/emergência).

CONSIDERANDO que, o Município de ................. ainda não


criou seu Comitê Gestor Intersetorial de Combate à dengue;
CONSIDERANDO que essa é a melhor forma de mobilização da
sociedade civil, sobretudo para auxiliar a reduzir o atual índice de pendências, pois tal
fórum, quase como forma complementar de controle social, fomenta a discussão sobre
eficácia das ações das vigilâncias sanitária e epidemiológica, sobre a qualidade da
própria assistência médica na atenção básica, e, sobretudo, sobre a responsabilidade
social no controle do vetor;
CONSIDERANDO que a instituição desse comitê também é
importante recomendação das Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da
Dengue, do Ministério da Saúde;
CONSIDERANDO que combater o Aedes aegypti demanda o
envolvimento articulado de diversos setores – como educação, saneamento, limpeza
urbana e segurança pública – assim como o envolvimento de parceiros do setor
privado e da sociedade organizada, sobretudo porque é grande a responsabilidade
comunitária no controle dos criadouros de mosquito em residências e imóveis
comerciais e industriais;
CONSIDERANDO que se a população não tem acesso
permanente aos dados sobre o índice de infestação predial e do número de
casos suspeitos e confirmados do bairro onde mora, não se sente mobilizada
nem incentivada a contribuir para a eliminação de focos do vetor.
CONSIDERANDO que a mobilização deve ser compreendida
como suporte para as ações de gestão do SUS, utilizando-se das ferramentas da
comunicação e da educação para fazer chegar à comunidade o papel de cada um no
combate a essa doença;

CONSIDERANDO que, nesse sentido, é decisiva a articulação


com o Conselho de Saúde, visto que esse órgão consubstancia a participação da
comunidade no SUS (art. 198, III, da CF/88), representado tanto pelo segmento dos
gestores da saúde, quanto dos trabalhadores e prestadores em saúde, quanto pelo
segmento dos usuários do Sistema. É cenário que abarca quase todos os atores
sociais responsáveis pelo combate à dengue. Ademais, possibilita maior cobrança
efetiva das ações de combate ao vetor por parte da vigilância epidemiológica e das
ações de assistência médica.
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CONSIDERANDO ser salutar, pois, a mobilização da sociedade


civil organizada local, sobretudo para auxiliar a reduzir o inaceitável atual índice de
pendências e também diminuir o preocupante o índice de infestação predial. Isso
porque tais fóruns, quase como forma complementar de controle social, fomentam a
discussão sobre eficácia das ações das vigilâncias sanitária e epidemiológica, sobre a
própria assistência médica na atenção básica, e, sobretudo, sobre a responsabilidade
social no controle do vetor.
CONSIDERANDO a força dos Conselhos de Saúde na
mobilização social ser decisiva na prevenção e no combate à dengue, como se observa
das atribuições previstas nos incisos XX e XXIII, da 5ª Diretriz da Resolução n.
453/2012, do Conselho Nacional de Saúde:
XX - estimular articulação e intercâmbio entre os Conselhos de
Saúde, entidades, movimentos populares, instituições públicas e privadas para a
promoção da Saúde;
XXIII - estabelecer ações de informação, educação e
comunicação em saúde, divulgar as funções e competências do Conselho de Saúde,
seus trabalhos e decisões nos meios de comunicação, incluindo informações sobre as
agendas, datas e local das reuniões e dos eventos;

CONSIDERANDO o disposto nos artigos 1º, incisos II e III; e 3º,


inciso IV, ambos da Constituição Federal, que impõem, respectivamente, como
fundamentos da República Federativa do Brasil, "a cidadania" e a "dignidade da pessoa
humana" e como seu objetivo primeiro, a promoção do “bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de discriminação";
CONSIDERANDO o disciplinado no artigo 196, da Constituição
Federal, que preconiza ser “a saúde direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação”;
CONSIDERANDO o contido no artigo 197, também da
Constituição Federal, ao dispor que "são de relevância pública as ações e serviços de
saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação,
fiscalização e controle”;
CONSIDERANDO o contido no artigo 127, da Constituição
Federal da República, que dispõe que “o Ministério Público é instituição permanente,
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica,
do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis";
CONSIDERANDO o disposto nos artigos 129, II, da Magna Carta,
e 120, II, da Constituição do Estado do Paraná, que atribuem ao Ministério Público a
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função institucional de “zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços
de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as
medidas necessárias a sua garantia”;
CONSIDERANDO a legitimidade do Ministério Público para firmar
termo de ajustamento de conduta, o qual tem força de título executivo extrajudicial, nos
termos do art. 5º, parágrafo 6º, da Lei n. 7.347/85, in verbis: “§ 6º. Os órgãos públicos
legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua
conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título
executivo extrajudicial. (Parágrafo acrescentado pelo artigo 113 da Lei nº. 8.078, de
11.09.1990)”;

CONSIDERANDO que no referido Inquérito Civil foram juntados


documentos indicativos do descumprimento da legislação sanitária (ainda que parcial),
pelo Município de ..........., no que concerne à prevenção e ao combate da DENGUE
naquela cidade, o que levou a situação como Município Infestado;
CONSIDERANDO, por fim, o teor da reunião realizada no dia ...
de outubro de 2013, às ..., no prédio dessa Promotoria de Justiça, conforme ata juntada
neste feito;

RESOLVEM

Celebrar o presente COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE


CONDUTA, com fulcro no Art. 5º, § 6º, da Lei 7347, de 24.07.85, mediante os
seguintes TERMOS:

Cláusula primeira: A fim de se adaptar à legislação sanitária


de regência compromete-se o Município de ...... (PR) a materializar as seguintes
diligências, com formal comunicação a essa Promotoria de Justiça acerca das
providências que foram adotadas:
1) no prazo de noventa dias, realização de concurso ou
processo seletivo público, na forma da legislação (inclusive com prévia remessa de
projeto de lei municipal para criação de tantos cargos de agentes de controle de
endemia, se necessário for) com nomeação e contratação dos profissionais aprovados
em concurso ou processo seletivo (nos termos da Lei nº 11.350, de 05 de outubro de
2006), em número mínimo equivalente de acordo com a proporção de imóveis no
Município, nos termos recomendados nas “Diretrizes Nacionais para Prevenção e
Controle da Dengue, do Ministério da Saúde”, e portanto então pelo menos .....
apenas para trabalhos de campo, para garantir a força de trabalho necessária
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adequada execução das ações de vigilância epidemiológica e controle do vetor Aedes


aegypti;
2) no prazo de quinze dias, contratação emergencial, de
forma temporária (até que se preencham os cargos públicos de ACEs por
concurso ou processo seletivo público), mediante teste seletivo, de .... ACEs para
trabalho de campo, nos moldes do Manual de Contratações “O SUS de A a Z” –
publicação do Ministério da Saúde disponível na página do MS na internet;
3) no prazo de dez dias, destinar veículo automotor e local
adequado para a parte administrativa da execução municipal do Plano Nacional
de Combate à Dengue (PNCD), com equipamento de informática, telefone, fax e
acesso à internet;
4) no prazo de dez dias, retorno de todos os atuais agentes
de controle de endemias (ACEs) que estiverem em disfunção, para o exercício de
suas funções, para garantir a força de trabalho necessária para eficaz execução das
ações de vigilância epidemiológica e controle do vetor Aedes aegypti;
5) no prazo de dez dias, designar e manter coordenador
e/ou supervisor para o PNCD para que este, com programação preestabelecida
realize, no prazo de cinco dias úteis a partir da nomeação, supervisão para controle de
qualidade dos trabalhos de campo dos ACEs,
6) no prazo de trinta dias, disponibilizar todo o material
individual necessário para o trabalho de cada agente de combate às endemias:
bolsa de uso individual com material para o trabalho, com: i) Álcool 70% para
remessas de larvas ao laboratório; ii) Algodão; iii) Apontador; iv) Bacia plástica
pequena; v) Localizador (bandeira); vi) Mapas das áreas a serem trabalhadas no dia;
vii) Calculadora; viii) Cola plástica; ix) Pesca-larvas água limpa; x) Pesca-larvas água
suja; xi) Escova pequena; xii) Espelho pequeno; xiii) Flanela; xiv) Fita ou escala
métrica; xv) Formulários para registros de dados; xvi) Inseticida em quantidade
suficiente para o dia; xvii) Lâmpada de foco sobressalente; xviii) Lápis grafite com
borracha; xix) Lápis de cera, azul ou preto ou tinta; xx) Lanterna; xxi) Manual de
instruções; xxii) Medidas para uso de inseticidas (colher de sopa e de café); xxiii) Pasta
com elástico para guarda de papéis; xxiv) Prancheta; xxv) Pipeta tipo conta-gotas; xxvi)
Sacos plásticos com capacidade de 1 kg para guardar os pesca-larvas; xxvii) Tubitos
para acondicionamento de larvas; xxviii) Pipetão; xxix) Barbante; xxx) Concha; xxxi)
Protetor solar; xxxii) Repelente;
uniforme de trabalho completo em quantia suficiente para desenvolvimento do
trabalho de rotina diário (camiseta, calça e bota com bico de aço) com bolsa/mochila
de lona, crachá de identificação, bandeira para localização, formulários específicos,
croqui e mapas das áreas a serem trabalhadas, caderno de capa dura ou caderneta,
lápis, borracha e apontador, pasta com elástico, prancheta, lápis tipo estaca, cola
plástica e lixa, calça; blusa, calçado, boné ou similar e capa de chuva ou guarda-chuva.
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os seguintes equipamentos de proteção individual: EPIs para proteção para


aplicação de inseticidas/biolarvicidas; Máscaras faciais completas para nebulização
com UBV costal e máscaras semi-faciais para aplicação de inseticidas em superfície
em áreas com ação residual e máscaras respiratórias com filtros de proteção.

7) no prazo de dez dias, solicitar à ..............ª REGIONAL DE


SAÚDE mediante ofício a realização de reciclagem dos agentes de controle de
endemias (ACEs) já em atuação, e capacitação e treinamento dos demais
contratados no prazo máximo de trinta dias contados da data de nomeação;
8) no prazo de trinta dias, aumento em ......% da produção
das ações de campo, a serem analisadas mediante supervisão da ..............ª Regional
da SESA, do registro de visitas pelos boletins dos ACEs, especialmente de remoção
mecânica de criadouros, mediante reforço na coleta de resíduos sólidos, com destino
final adequado e vedação de depósitos de armazenamento de água, com a utilização
de capas e tampas;
9) no prazo de noventa dias, realizar as fiscalizações para
identificação e remoção de potenciais criadouros, em todos os imóveis do
Município, mantendo a realização das visitas em 100% dos imóveis a cada dois
meses, enquanto o Município apresentar índice de infestação IIP acima do
preconizado pelo Ministério da Saúde, até 1%,
10) no prazo de noventa dias, reduzir os índices de
pendências para até 10%, inclusive realizando atividades de recuperação nos finais
de semana e feriados;
11) no prazo de sessenta dias, realização do LIRAa, com
renovação de tal medição a cada três meses, conforme preconiza o Ministério da
Saúde, enquanto houver infestações no Município;
12) no prazo máximo de dez dias após a realização de cada
LIRAa, atualização do Reconhecimento Geográfico (RG) dos Imóveis do Município;
13) realizar os bloqueios de casos notificados no prazo de
até 24 horas a partir da identificação de cada caso de suspeita de dengue;
14) no prazo de trinta dias, adequação da comunicação das
notificações de casos suspeitos de dengue à Vigilância Epidemiológica Estadual,
através de alimentação correta e tempestiva do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (Sinan), mediante
15) no prazo de dez dias, preenchimento de Ficha Individual
de Notificação (FIN) e/ou Ficha Individual de Investigação (FII), em que constem
todos os dados de notificação de TODOS OS CASOS DE SUSPEITA, tendo todos
dados da ficha preenchidas de forma completa sobre a suspeita (local provável de
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infecção, exames laboratoriais, evolução do caso, classificação final, manifestações


clínicas dos casos graves, etc), nas unidades de saúde (ou resultantes da busca ativa
da Vigilância Epidemiológica municipal), e
16) no prazo de dez dias, digitação de todos esses dados no
Sistema de Informação de Agravos de Notificação, transmitidos para a Vigilância
Epidemiológica Estadual, nos termos recomendados pelo Manual das Diretrizes
Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue
ainda recomendam:
17) adequada investigação de TODOS OS CASOS
SUSPEITOS no menor prazo possível, quando da consulta do paciente, mediante
análise dos prontuários médicos, ou ainda por busca ativa, com preenchimento da ficha
de investigação de dengue e encerramento de cada investigação em até 60 dias após
a data de notificação;
18) no prazo de dez dias, envio dos dados entomológicos à
vigilância epidemiológica estadual no menor prazo possível, como as Diretrizes
Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue
recomendam;
19) imediata comunicação de todos os casos suspeitos, por
parte das unidades básicas de saúde, à vigilância epidemiológica da SMS, para
possibilitar que se desencadeiem as ações de bloqueio do vetor;
20) no prazo de trinta dias, integração das equipes de
vigilância em saúde com os profissionais da área de assistência médica;
21) no prazo de quinze dias, adequação da assistência à
saúde do paciente com suspeita ou confirmação de dengue, sobretudo com
capacitação urgente e permanente de todos os profissionais de saúde para
reconhecer rapidamente qualquer suspeita de dengue, para saber qual unidade
municipal é referência para o atendimento médico ao paciente em suspeita, bem como
onde o usuário deverá retirar a medicação prescrita, e onde ele deverá ser internado
em caso de evolução da doença;
22) no prazo de dez dias, adotar o protocolo de
reconhecimento de classificação de risco de urgência e emergência no
atendimento ao paciente em suspeita de dengue, previsto nas Diretrizes
Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS, em todas as unidades de
saúde municipais (próprias e da rede privada contratada/conveniada), em primeiro
momento pelos profissionais que fazem o acolhimento/recepção dos pacientes e em
seguida pelos profissionais médicos, com adequado treinamento das respectivas
equipes técnicas a manejá-lo;
23) no prazo de dez dias, fornecer “cartão de
acompanhamento do paciente com suspeita de dengue”, a toda a pessoa que for
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atendida em quaisquer unidades de saúde próprias, contratadas ou conveniadas, com


diagnóstico de suspeita de dengue;
24) no prazo de cinco dias, expedição de ato administrativo
formal para instituição de Comitê Gestor Intersetorial Municipal de Combate à
dengue, indicando os órgãos públicos e entidades da sociedade civil local a serem
convidados, com seus respectivos representantes, dando ampla publicidade a respeito
das datas, horários e locais das reuniões, com integração com o Conselho Municipal
de Saúde dando ampla publicidade a respeito das datas, horários e locais das
reuniões no mínimo mensais (sobretudo nas rádios locais, para possibilitar maior
acesso popular).

Cláusula Segunda: Para o caso de descumprimento de quaisquer das obrigações aqui


estabelecidas pelo Município de ............, ficará o inadimplente obrigado ao pagamento
de uma multa diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), que será destinada ao
FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE, numerário que não poderá ter origem em qualquer
respectiva verba do orçamento da saúde e do próprio Fundo Municipal de Saúde, sem
prejuízo de outras eventuais responsabilizações no âmbito administrativo, civil e/ou
criminal que couberem.

Cláusula Terceira: O Município de ..., por intermédio do Secretário Municipal de


Saúde e do Prefeito Municipal, deverá comunicar formalmente essa Promotoria de
Justiça no prazo de trinta dias a contar dessa data, acerca das providências adotadas
para cumprimento de todas as cláusulas deste Termo de Ajustamento de Conduta –
TAC, justificando fundamentadamente eventuais itens que não foram cumpridos
(devendo conter as razões do não cumprimento e o nome dos responsáveis pela
resolutividade do item).

Cláusula Quarta: A fiscalização a respeito do cumprimento das cláusulas ora


avençadas ficará a cargo da ..............ª REGIONAL DA SECRETARIA DE ESTADO DA
SAÚDE DO DO PARANÁ, que se compromete a apresentar ao Ministério Público
relatórios mensais sobre o cumprimento do presente termo, sem prejuízo de
fiscalizações ordinárias por parte dos demais órgãos de controle interno e externo do
Sistema Único de Saúde (Conselhos de Saúde, Tribunal de Contas e outros).

O presente Termo de Ajuste produz eficácia a contar da sua assinatura por todas as
partes.

Por fim, por estarem compromissados, firmam este TERMO DE AJUSTAMENTO DE


CONDUTA em 04 (quatro) vias de igual teor, que terá eficácia de título executivo
extrajudicial, na forma da lei, com cópias ao Conselho Municipal de Saúde, à Câmara de
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Vereadores, à respectiva Comissão Regional Intergestores e à Comissão Intergestores


Bipartite do Paraná.

....., de outubro de 2013.


...
Promotor de Justiça

.................
Prefeito Municipal de ....

.....
Secretário Municipal de Saúde de .............

.....
....ª Regional de Saúde
ANEXO 5
RECOMENDAÇÃO ADMINISTRATIVA Nº .........../2013

CONSIDERANDO o contido nos autos de Inquérito Civil Público


sob n. ........, com as fartas informações advindas da Secretaria de Estado da Saúde,
dando conta de que o Município de ........ permanece na precariedade no programa
municipal de controle e combate à dengue, desde as providências de cunho preventivo
da vigilância epidemiológica como na esfera da gestão e da assistência à saúde, com
índice de infestação predial de risco e dificuldade de contratação e manutenção de
agentes de controle de endemia, sem o comprometimento desejável para a situação;
CONSIDERANDO algumas dessas irregularidades, que
compromete a saúde públicas local, em síntese:
Preocupante índice de infestação predial no Município;
Atraso na reavaliação desse índice, com LIRAa feito tardiamente;
Falta de agentes de controle de endemia (ACEs) em desproporção com o número de
imóveis municipais, com agentes cedidos para outros órgãos;
Falta de fornecimento de materiais básicos e equipamentos de proteção individual
(EPIs) aos ACEs;
Atraso na atualização do reconhecimento geográfico (RG) para planejamento das
ações de controle vetorial;
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Alto índice de pendências, com poucas providências adotadas para o resgate das
pendências;
Baixa qualidade nas ações de campo, inclusive de remoção de criadouros;
Falta de capacitação dos ACEs;
Falta de notificação de todos os casos suspeitos de dengue;
Falta ou atraso na investigação dos casos suspeitos para detecção no local provável de
infecção;
Bloqueios do vetor com atrasos;
Deficiências no envio de dados sobre as notificações de casos suspeitos e confirmados
nos sistemas informatizados do SUS;
Falta de capacitação suficiente da rede municipal de saúde para diagnóstico e
tratamento rápido e eficaz ao tratamento ao paciente em caso suspeito ou confirmado;
Falta de integração suficiente entre as equipes de vigilância em saúde e as equipes do
Programa de Saúde da Família e das UBSs nas atividades de controle vetorial;
Falta de organização suficiente da rede de atenção básica municipal para assistência
terapêutica integral ao paciente com suspeita de dengue (unidade de saúde referência,
local de dispensação de medicamentos, leitos de referência e o respectivo fluxo de
atendimento);
Falta de triagem e/ou classificação de risco na recepção ao usuário do SUS com
suspeita de dengue;
Falta de disponibilização do Cartão de Acompanhamento do Paciente com Suspeita de
Dengue, como previsto nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da
Dengue, do MS
Não instituição de Comitê Gestor Intersetorial ou Comitê de Mobilização para
prevenção e combate à dengue;
Divulgações insuficientes para as comunidades locais dos índices de infestação
predial, dos números de casos suspeitos e confirmados;
Mobilização insuficiente das entidades da sociedade organizada para cooperação no
enfrentamento à dengue e
Insuficiente articulação junto ao Conselho Municipal de Saúde para cooperação no
enfrentamento à dengue.

CONSIDERANDO, assim, que as atividades de controle do vetor


Aedes aegypti em ................... estão prejudicadas, comprometendo a eficácia na
prestação desse serviço público, o que por certo causou os históricos índices locais
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preocupantes de infestação pelo vetor e leva ao atual risco de epidemia, em prejuízo


de toda a população local;
CONSIDERANDO que isso denota insuficiente adoção de
medidas preventivas para combate ao vetor da dengue em ..............., de forma a
favorecer as condições para proliferação do mosquito Aedes aegypti, constituindo
infração sanitária, tipificada no art. 63, XLVII, do Código de Saúde do Estado do
Paraná (Lei Estadual n. 13331, de 23 de novembro de 2001):
Art. 63. Constituem infrações sanitárias as condutas tipificadas abaixo:
(...)
XLVII - não adotar medidas preventivas de controle ou favorecer as condições para
proliferação de vetores de interesse à saúde pública.

CONSIDERANDO que a Constituição Federal dá prioridade às


ações preventivas em seu art. 198:
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
(...)
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais;

CONSIDERANDO que a Lei nº 8080/90 atribuiu competência aos


Municípios para execução das ações de vigilância epidemiológica no art. 18 da Lei
Federal n° 8.080/90:
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) compete:
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir
e executar os serviços públicos de saúde;
II - participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada e
hierarquizada do Sistema Único de Saúde (SUS), em articulação com sua direção
estadual;
III - participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições e
aos ambientes de trabalho;
LV - executar serviços: a) de vigilância epidemiológica;”
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CONSIDERANDO que, igualmente, a Portaria do Ministério da


Saúde MS/GM n° 1378/2013, ao regulamentar as ações de vigilância epidemiológica,
define as competências municipais estritamente de acordo com a Constituição Federal
e a Lei Federal n°
8.080/90:
Art. 11. Compete às Secretarias Municipais de Saúde a
coordenação do componente municipal dos Sistemas Nacionais de Vigilância em
Saúde e de Vigilância Sanitária, no âmbito de seus limites territoriais, de acordo com
a política, diretrizes e prioridades estabelecidas, compreendendo:
I - ações de vigilância, prevenção e controle das doenças
transmissíveis, a vigilância e prevenção das doenças e agravos não transmissíveis e
dos seus fatores de risco, a vigilância de populações expostas a riscos ambientais
em saúde, gestão de sistemas de informação de vigilância em saúde em âmbito
municipal que possibilitam análises de situação de saúde, as ações de vigilância
da saúde do trabalhador, ações de promoção em saúde e o controle dos riscos
inerentes aos produtos e serviços de interesse a saúde;
II - coordenação municipal e execução das ações de vigilância;
V - coordenação e alimentação, no âmbito municipal, dos
sistemas de informação de interesse da vigilância, incluindo:
a) coleta, processamento, consolidação e avaliação da qualidade
dos dados provenientes das unidades notificantes dos sistemas de base nacional, de
interesse da vigilância, de acordo com normalização técnica;
b) estabelecimento e divulgação de diretrizes, normas técnicas,
rotinas e procedimentos de gerenciamento dos sistemas, no âmbito do Município, em
caráter complementar à atuação das esferas federal e estadual; e
c) retroalimentação dos dados para as unidades notificadoras;
VI - coordenação da preparação e resposta das ações de
vigilância, nas emergências de saúde pública de importância municipal;
VII - coordenação, monitoramento e avaliação da estratégia de
Vigilância em Saúde sentinela em âmbito hospitalar;
VIII - desenvolvimento de estratégias e implementação de
ações de educação, comunicação e mobilização social;
IX - monitoramento e avaliação das ações de vigilância em seu
território;
X - realização de campanhas publicitárias de interesse da
vigilância, em âmbito municipal;
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XI - promoção e execução da educação permanente em seu


âmbito de atuação;
XII - promoção e fomento à participação social nas ações de
vigilância;
XIII - promoção da cooperação e do intercâmbio técnicocientífico
com organismos governamentais e não governamentais de âmbito municipal,
intermunicipal, estadual, nacional e internacional;
XIV - gestão do estoque municipal de insumos de interesse
da Vigilância em Saúde, incluindo o armazenamento e o transporte desses
insumos para seus locais de uso, de acordo com as normas vigentes;
XV - provimento dos seguintes insumos estratégicos:
a) medicamentos específicos, para agravos e doenças de
interesse da Vigilância em Saúde, nos termos pactuados na CIT;
b) meios de diagnóstico laboratorial para as ações de
Vigilância em Saúde nos termos pactuados na CIB;
c) insumos de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças
sexualmente transmissíveis, indicados pelos programas, nos termos pactuados na CIB;
e
d) equipamentos de proteção individual - EPI - para todas as
atividades de Vigilância em Saúde que assim o exigirem, em seu âmbito de
atuação, incluindo vestuário, luvas e calçados;
XVI - coordenação, acompanhamento e avaliação da rede de
laboratórios públicos e privados que realizam análises essenciais às ações de
vigilância, no âmbito municipal;
XVII - realização de análises laboratoriais de interesse da
vigilância, conforme organização da rede estadual de laboratórios pactuados na
CIR/CIB;
XVIII - coleta, armazenamento e transporte adequado de
amostras laboratoriais para os laboratórios de referência;

CONSIDERANDO que, embora seja importante a participação da


população na eliminação de criadouros, de forma alguma se pode atribuir apenas a ela
o controle de vetor: só o poder público pode mantê-lo nos índices aceitáveis,
monitorando o índice de infestação predial, fiscalizando a existência de
potenciais criadouros em macrofocos ou pontos estratégicos (cemitérios,
borracharias, praças públicas, terrenos baldios e outros) e nos domicílios, educando a
população para eliminação dos focos, o que só pode ser realizado de maneira eficiente
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mediante as visitas previstas no Programa Nacional de Combate à Dengue e


Manual de Normas Técnicas;
CONSIDERANDO a notícia de que o Município de .......... detém
número agentes de controle de endemia (ACEs) em desproporção com a
quantidade atual de imóveis municipais, com agentes cedidos para outros
órgãos;
CONSIDERANDO que as Diretrizes Nacionais do Ministério da
Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue preconizam como ideal a
disponibilidade de um agente de controle de endemias para cada 800 a 1.000 imóveis,
critério que não está sendo observado no Município de ........................;
CONSIDERANDO que há apenas ............... agentes de controle
de endemias em efetivo trabalho de campo no Município de .................., número
insuficiente de profissionais para eficaz execução de ações de controle do vetor, o
que causou os atuais índices de infestação pelo vetor e levou ao surto e ao risco de
epidemia, colocando em risco a população local;
CONSIDERANDO que os cargos de agentes de controle de
endemia (ACEs) devem ser providos pela própria Municipalidade com cargos e
provimento por concurso público ou processo seletivo público, visto que não há
autorização constitucional para a contratação temporária de profissionais para executar
ações de vigilância epidemiológica e controle do vetor, pois não há excepcionalidade
nestas ações;
CONSIDERANDO assim que a contratação para exercer
funções de controle ordinário à dengue e outras doenças transmitidas por
vetores (durante todo o ano), não tem determinabilidade temporal, já que o
controle à dengue e outras doenças transmitidas por vetores precisa ser permanente;
CONSIDERANDO que a Emenda Constitucional nº 51, de 2006,
que acrescentou os §§ 4º, 5º e 6º ao art. 198 da Constituição Federal, regulamenta no
seu art. 2º a forma de admissão dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de
combate às endemias:
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão
admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de
processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate
às endemias.
CONSIDERANDO que a lei federal mencionada no § 5o do art.
198, da Constituição, de nº 11.350, de 05 de outubro de 2006, dispõe sobre o regime
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jurídico e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente


de combate às endemias:
Art. 2o O exercício das atividades de Agente Comunitário de
Saúde e de Agente de Combate às Endemias, nos termos desta Lei, dar-se-á
exclusivamente no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, na execução das
atividades de responsabilidade dos entes federados, mediante vínculo direto entre os
referidos Agentes e órgão ou entidade da administração direta, autárquica ou
fundacional.
[...]
Art. 8o Os Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de
Combate às Endemias admitidos pelos gestores locais do SUS e pela Fundação
Nacional de Saúde - FUNASA, na forma do disposto no §4o do art. 198 da
Constituição, submetem-se ao regime jurídico estabelecido pela Consolidação das Leis
do Trabalho - CLT, salvo se, no caso dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
lei local dispuser de forma diversa .
Art. 9o A contratação de Agentes Comunitários de Saúde e de
Agentes de Combate às Endemias deverá ser precedida de processo seletivo público
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para o exercício das atividades, que atenda aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos ou entes da administração
direta dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios certificar, em cada caso, a
existência de anterior processo de seleção pública, para efeito da dispensa referida no
parágrafo único do art. 2o da Emenda Constitucional no 51, de 14 de fevereiro de 2006,
considerando-se como tal aquele que tenha sido realizado com observância dos
princípios referidos no caput.
[..]
Art. 16. Fica vedada a contratação temporária ou terceirizada de
Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às Endemias, salvo na
hipótese de combate a surtos endêmicos, na forma da lei aplicável.

CONSIDERANDO que a contratação para manutenção de 1 ACE


para cada 800/1000 imóveis e um supervisor para cada 10 ACEs (recomendação
mínima do PNCD), é o mínimo obrigatório para prevenção permanente (o ano
todo), em quaisquer Municípios (mesmo não em surtos endêmicos).
CONSIDERANDO que somente é considerado tecnicamente risco
de surto Município quando o índice LirAa for acima de 3,9, é de se concluir que só é
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admissível manutenção de contratação temporária de ACEs para o reforço das equipes


de ACEs já existentes naquela proporção;
CONSIDERANDO então que no Município de ......... deverá existir
a seleção por processo público e correspondente contratação pelo regime celetista ou
a seleção por concurso público e respectiva contratação por regime estatuário, para o
número de ACEs faltantes pela quantia de imóveis hoje existentes;
CONSIDERANDO que a contratação para manutenção de 1 ACE
para cada 800/1000 imóveis e um supervisor para cada 10 ACEs (recomendação
mínima do PNCD), como mínimo obrigatório para prevenção permanente (o ano todo),
deve ser feita com estabilidade e eficiência;

CONSIDERANDO ainda que os ACEs não têm atribuições


somente no controle do vetor da dengue, mas de controle e prevenção de várias
outras doenças, inclusive aquelas de transmissões de outras formas (como raiva,
leishmaniose, tuberculose, etc), como se infere pelo contido no art. 4º da Lei
11.350/2006:
Art. 4o O Agente de Combate às Endemias tem como atribuição o
exercício de atividades de vigilância, prevenção e controle de doenças e promoção da
saúde, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do
gestor de cada ente federado.

CONSIDERANDO então que falta de ACEs pode indicar que a


prevenção e o controle de inúmeras outras doenças também podem estar sendo
prejudicados, colocando em potencial risco a saúde pública local;
CONSIDERANDO que, não bastasse isso, além de poucos, há
agentes de controle de endemia em ............................ que estão em desvio de função,
sem comprometimento da Municipalidade na execução dos serviços públicos de
prevenção e combate à dengue;
CONSIDERANDO que a noticiada manutenção desses servidores
públicos em exercício de funções estranhas às do cargo de origem configura violação
aos princípios de legalidade e eficácia, previstos no caput do art. 37 da Constituição
Federal de 1988, visto que inexiste previsão legal para tanto, além de que isso
compromete a eficácia na prestação originária dos serviços públicos de saúde que tais
agentes deveriam estar prestando;
CONSIDERANDO que a tolerância de servidores públicos em
desvio de finalidade, sobretudo em flagrante prejuízo à saúde pública, pode, em tese,
configurar o ato de improbidade administrativa previsto no art. 11, I, da Lei n.
8429/92;
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CONSIDERANDO que o rendimento normal previsto nas


Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias
de Dengue para o trabalho de cada ACE é de 20 a 25 imóveis/agenda/dia, rendimento
esse que não está sendo alcançado no Município de ........., visto que há ACEs estão
em exercício de outras funções;
CONSIDERANDO que em ................. a Secretaria Municipal de
Saúde ainda não está fornecendo os materiais básicos e equipamentos de
proteção individual (EPIs) aos ACEs;
CONSIDERANDO que, pela Portaria GM/MS n. 1378/2013, que
regulamenta as atribuições das Secretarias de Saúde em vigilância em saúde, em
combinação com as Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS
(à disposição na internet), cabe aos Municípios disponibilizar todo o material individual
necessário para o trabalho de cada agente de combate às endemias:
bolsa de uso individual com material para o trabalho, com: i) Álcool 70% para remessas
de larvas ao laboratório; ii) Algodão; iii) Apontador; iv) Bacia plástica pequena; v)
Localizador (bandeira); vi) Mapas das áreas a serem trabalhadas no dia; vii)
Calculadora; viii) Cola plástica; ix) Pesca-larvas água limpa; x) Pesca-larvas água suja;
xi) Escova pequena; xii) Espelho pequeno; xiii) Flanela; xiv) Fita ou escala métrica; xv)
Formulários para registros de dados; xvi) Inseticida em quantidade suficiente para o
dia; xvii) Lâmpada de foco sobressalente; xviii) Lápis grafite com borracha; xix) Lápis
de cera, azul ou preto ou tinta; xx) Lanterna; xxi) Manual de instruções; xxii) Medidas
para uso de inseticidas (colher de sopa e de café); xxiii) Pasta com elástico para
guarda de papéis; xxiv) Prancheta; xxv) Pipeta tipo conta-gotas; xxvi) Sacos plásticos
com capacidade de 1 kg para guardar os pesca-larvas; xxvii) Tubitos para
acondicionamento de larvas; xxviii) Pipetão; xxix) Barbante; xxx) Concha; xxxi) Protetor
solar; xxxii) Repelente;
uniforme de trabalho completo (camiseta, calça e bota com bico de aço) com
bolsa/mochila de lona, crachá de identificação, bandeira para localização, formulários
específicos, croqui e mapas das áreas a serem trabalhadas, caderno de capa dura ou
caderneta, lápis, borracha e apontador, pasta com elástico, prancheta, lápis tipo
estaca, cola plástica e lixa, calça; blusa, calçado, boné ou similar e capa de chuva ou
guarda-chuva.
os seguintes equipamentos de proteção individual:
EPIs para uniformes e vestimentas; EPIs para proteção para aplicação de
inseticidas/biolarvicidas; Máscaras faciais completas para nebulização com UBV costal
e máscaras semi-faciais para aplicação de inseticidas em superfície em áreas com
ação residual e máscaras respiratórias com filtros de proteção.
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CONSIDERANDO que também se noticia que em ................ os


agentes de controle de endemia (ACEs) no momento não detém capacitação
técnica suficiente;
CONSIDERANDO que, para a atuação eficaz dos ACEs no
trabalho de campo, tanto para identificação dos potenciais criadouros, quanto para
remoção de criadouros, é decisiva a capacitação técnica dos ACEs, obrigação da
gestão municipal do SUS;
CONSIDERANDO que esse dever é decorrente do princípio
constitucional da eficiência no serviço público (art. 37, caput, da CF/88), bem como do
princípio da resolutividade nas ações e serviços de saúde (art. 7º, XII, da Lei n.
8080/90), por si só já impõem ao gestor municipal do SUS o dever de capacitar
permanentemente seus ACEs e demais profissionais da vigilância epidemiológica
(obrigação especificada ainda no art. 23, XX, da Portaria GM/MS n. 3252/09).
CONSIDERANDO que as Regionais da SESA em regra oferecem,
disponibilizam ou encaminham os Municípios para cursos e atividades rápidas de
atualização de ACEs e outros profissionais, de sorte que há variada gama de
possibilidades imediatas para capacitação dos agentes de combate à dengue;
CONSIDERANDO que o documento Diretrizes Nacionais para
Prevenção e Controle da Dengue, do MS (à disposição na internet) contêm todas as
ordenações técnicas para tanto, cabendo ao gestor municipal capacitar seus ACEs
para que sigam essas regras técnicas;

CONSIDERANDO que ainda se evidencia da documentação


anexa que o Município de ............. registra atraso na reavaliação do LIRAa, feito
tardiamente;
CONSIDERANDO que as Diretrizes Nacionais do Ministério da
Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue (especificamente nos
itens 5.3.7 e 5.3.8, no Anexo X, item 5, e Anexo XX), recomendam a todos os
Municípios medição desse índice, inclusive através do LIRAa (índice de
levantamento rápido), pelo menos nos meses de janeiro e março, e a cada três
meses, quando há registro de infestações na última avaliação (o que é o caso
de .........................., Município infestado);
CONSIDERANDO que, neste caso, como o município de ............
não vem fazendo as medições de acordo com as determinações do Ministério da
Saúde e, o que é ainda pior, o índice de infestação predial se encontra muito elevado,
conclui-se o seguinte: muita infestação de mosquito, mas poucas vistorias/inspeções
nos imóveis locais e pouca medição dos patamares de infestação do vetor.
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CONSIDERANDO que tal conjunção sugere situação perigosa,


pois assim não há como saber com exatidão os verdadeiros dados relativos a
estes indicadores – a infestação na realidade pode ser superior ao registrado;

CONSIDERANDO que em .............. o reconhecimento


geográfico (RG) está desatualizado;
CONSIDERANDO que não é possível que as ações visando
combater a proliferação da dengue e também de outras doenças sejam feitas sem o
reconhecimento geográfico, consistente na identificação e numeração de quarteirões,
bem como a especificação de cada tipo de imóvel, detectando aqueles pontos
estratégicos - aqueles com perfil de maior potencialidade para produzir criadouros do
mosquito (depósitos de pneus, cemitérios, oficinas mecânicas, etc).
CONSIDERANDO que a atualização deve ser feita sempre no
final de cada ciclo de medição do LIRAa (uma vez que o trabalho desenvolvido pelos
ACEs se baseia no mapeamento da cidade), como recomendam as Diretrizes
Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue
do MS;
CONSIDERANDO que o atraso no reconhecimento geográfico
prejudica a eficiência dos serviços de saúde pública e não permite que eles sejam
desenvolvidos com resolutividade, contrariando os dispositivos constitucionais e legais
atinentes à espécie, sendo salutar atualização dos reconhecimentos geográficos, com
visitação e inspeção dos pontos estratégicos atualizadamente detectados;

CONSIDERANDO que os imóveis tidos como pontos


estratégicos em ................. não estão sendo visitados dentro de 15 dias, sem
atacar nessa periodicidade os principais pontos onde se encontram criadouros do vetor
da dengue;
CONSIDERANDO que o planejamento das ações visando
combater a proliferação da dengue e também de outras doenças pressupõe manter
atualizada a visitação com inspeção dos pontos estratégicos do município: aqueles
imóveis com perfil de maior potencialidade para produzir criadouros do mosquito
(depósitos de pneus, cemitérios, oficinas mecânicas, etc)
CONSIDERANDO o alto índice de pendências em ............ , com
poucas providências adotadas para o resgate das pendências, o que pode ser
consequência da própria falta de ACEs em número suficiente, da falta de capacitação
destes ou até mesmo da insuficiência de materiais e EPIs;
Considerando que, diante da dificuldade dos agentes de
endemias em visitar determinados imóveis para fazer a averiguação, o Ministério da
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Saúde elaborou o Programa Nacional de Controle da Dengue: Amparo Legal à


Execução das Ações de Campo – Imóveis Fechados, Abandonados ou com Acesso
não Permitido pelo Morador, guia de amparo aos gestores locais, inclusive contendo
um modelo de decreto municipal para que sejam fixados os procedimentos a serem
adotados pelos Agentes de Combate a Endemias frente a recusa ou a inexistência de
proprietário no local.

CONSIDERANDO que para diminuir essas pendências também


pode ser aplicada a Portaria MS/GM 2.142/2008, que recomenda que os municípios
adotem estratégias para orientar e para que sejam verificadas as infrações cometidas
pelos proprietários de imóveis no que tange a necessidade do combate a dengue.
CONSIDERANDO que, de acordo com o artigo 63, XXXVII do
Código de Saúde do Estado do Paraná “obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das
autoridades sanitárias competentes, no exercício de suas funções” é infração
sanitária, com pena de advertência e/ou multa,
CONSIDERANDO assim caber ao gestor municipal de saúde
tomar as medidas necessárias para fazer valer tais dispositivos legais,
determinando à vigilância sanitária local, em necessária integração com os
agentes de controle de endemias, que lavre os autos/termos de infração em face
dos proprietários de imóveis que apresentem resistência na remoção de criadouros ou
mesmo em franquear acesso aos ACEs para as vistorias.

CONSIDERANDO a noticiada baixa qualidade nas ações de


campo, inclusive de remoção de criadouros, em ...............;
CONSIDERANDO que a execução do controle do mosquito é
tarefa que cabe primordialmente aos Municípios, em consonância com o art. 18, IV, “a”,
da Lei Federal n. 8080/90, e com o descrito art. 11, da Portaria GM/MS 1378/2012, que
impõem tal obrigação aos Municípios, desde captura de vetores, identificação e
levantamento de índices de infestação, registro e captura de animais, eliminação
mecânica de potenciais criadouros até ações de controle químico e biológico
(inseticidas), sempre priorizando-se o controle mecânico.
CONSIDERANDO as diversas iniciativas de controle mecânico
em larga escala que AINDA NÃO FORAM incorporadas pela administração municipal
em ................., dentre as quais:
• reforço na coleta de resíduos sólidos, com destino final
adequado, em áreas com altos índices de infestação;
• coleta, armazenamento e destinação adequada de pneumáticos,
atividade que tem amparo legal na Resolução CONAMA N. 258, e que deve ser
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executada em parceria entre a iniciativa privada e os Municípios, com a implantação de


Ecopontos (www.reciclanip.com.br) e
• vedação de depósitos de armazenamento de água, com a
utilização de capas e tampas.
CONSIDERANDO que a destruição dos criadouros deve ser
prioritariamente realizada de forma mecânica, pelo próprio morador ou responsável
pelo imóvel, com supervisão e fiscalização direta do ACE no domicílio;
CONSIDERANDO que, ante a falta de ACEs em atividade
em ................, os bloqueios estão sendo feitos tardiamente;
CONSIDERANDO que o bloqueio de transmissão consiste na
aplicação de inseticida por meio da nebulização – tratamento a UBV, pelo uso de
equipamentos portáteis (costal) ou pesados (acoplados em veículos), em, pelo menos,
uma aplicação, iniciando no quarteirão de ocorrência e continuando nos adjacentes,
considerando um raio de 150m.
CONSIDERANDO que essa atividade deve ser desencadeada o
quanto antes, já que se trata de uma ação imediata para combate do vetor,
preferencialmente em 24h, visto se tratar de ............... de Município INFESTADO;
CONSIDERANDO o princípio constitucional da eficiência no
serviço público (art. 37, caput, da CF/88), bem como o princípio da resolutividade nas
ações e serviços de saúde (art. 7º, XII, da Lei n. 8080/90), por si só já impõem ao
gestor municipal do SUS o dever de atuar de forma coordenada, para que o serviço de
saúde seja prestado da forma mais eficiente e reslutiva possível. Sendo assim, as
atividades de combate à dengue devem ser organizadas, principalmente visitando os
pontos estratégicos da cidade para combater o vetor da doença.

CONSIDERANDO também as deficiências no envio de dados


sobre as notificações de casos suspeitos e confirmados nos sistemas
informatizados do SUS, por parte do Município de ................;
CONSIDERANDO que todos os casos de suspeita de dengue
devem ser notificados à Vigilância Epidemiológica Estadual, através do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan), mediante preenchimento de:
a) Ficha Individual de Notificação (FIN) – onde constam dados
básicos (pessoa, tempo e lugar) sobre o paciente
b) Ficha Individual de Investigação (FII) – além dos dados da
notificação, dados completos sobre a doença, tais como local provável de infecção,
exames laboratoriais, evolução do caso, classificação final, manifestações clínicas dos
casos graves, entre outros dados.
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CONSIDERANDO que esses documentos devem ser preenchidos


nas unidades de saúde (ou resultantes da busca ativa da Vigilância Epidemiológica
municipal) e digitadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação,
transmitidos para a Vigilância Epidemiológica Estadual e, desta, para o Ministério da
Saúde.
CONSIDERANDO que, pelas Diretrizes Nacionais do Ministério
da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, é necessário
investigar TODOS os casos notificados de suspeita (e não de confirmação), e no
menor prazo possível;
CONSIDERANDO que se recomenda que a própria unidade de
saúde realize a investigação e encaminhe as informações para a vigilância
epidemiológica. Essa investigação deve ser feita quando da consulta do paciente,
mediante análise dos prontuários médicos, ou ainda por busca ativa (quando equipe
técnica vai à residência ou domicílio do paciente suspeito para entrevista e no local
provável de infecção). Para tanto, deve ser preenchida a ficha de investigação de
dengue e encerrado o caso em até 60 dias após a data de notificação.
CONSIDERANDO que os dados entomológicos (relativos a
suspeita ou confirmação de contaminação de paciente por vírus transmitidos por
vetores insetos) devem ser enviados à vigilância epidemiológica estadual no menor
prazo possível, como as Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e
Controle de Epidemias de Dengue recomendam:
Em período de epidemias, quando a unidade de saúde não utilizar o aplicativo
Sinan/net e ter acesso a internet, ou não dispuser de recolhimento diário das fichas, ou
o número de casos ultrapassar a capacidade de digitação, o número de casos
suspeitos na semana epidemiológica correspondente deve ser informado por meios de
comunicação rápida (via telefone, fax, e-mail etc), de maneira a informar
oportunamente a vigilância epidemiológica da SMS. Ressalta-se que todos os casos
devem ser incluídos no Sinan o mais breve possível. Essa mesma estratégia pode ser
adotada para repasse de informações para os níveis estadual e nacional. Os casos
graves devem ser informados imediatamente a esfera subseqüente.
* Sistema de Informação de Agravos de Notificação

CONSIDERANDO que o número de hipóteses suspeitas deve ser


enviado também para a vigilância entomológica da SMS igualmente no menor prazo
possível, para possibilitar que se desencadeiem as ações de bloqueio do vetor o
quanto antes;
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CONSIDERANDO a noticiada falta de integração das equipes


de vigilância em saúde com os profissionais da área de assistência médica no
Município de .........................;
CONSIDERANDO que deve haver integração entre a vigilância
sanitária municipal e as equipes do Programa de Saúde da Família nas atividades de
controle vetorial, o que é decisivo no combate à dengue, cabendo ao gestor municipal
desencadear as providências necessárias, no que tange aos fluxos de funcionamento
dos serviços da vigilância epidemiológica (mormente dos ACEs), da vigilância sanitária
e da atenção primária na assistência médica (unidades básicas de saúde e/ou
estratégia Programa Saúde da Família), para que os três estejam sintonizados e com
constante troca de informações.

CONSIDERANDO o art. 7, II, da Lei Orgânica da Saúde:


Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou
conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de
acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo
ainda aos seguintes princípios:
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das
ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para
cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema.
CONSIDERANDO que, pelo princípio da integralidade, a lei
exige articulação contínua entre os serviços preventivos (vigilâncias epidemiológica e
sanitária) e curativos (assistência médica), de sorte que assim o art. 13, II, do Decreto
Federal n. 7508 estabelece:
Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário e ordenado às ações e
serviços de saúde do SUS, caberá aos entes federativos, além de outras atribuições
que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores:
II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de saúde.

CONSIDERANDO que, como corolário desses princípios e regras,


os incisos X e XI, do art. 11 da Portaria GM/MS n. 1378/2012, prevêem que cabe ao
Município “desenvolvimento de estratégias e implementação de ações de educação,
comunicação e mobilização social” e “promoção e execução da educação permanente
em seu âmbito de atuação”;
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CONSIDERANDO que se detectaram ainda significativas


fragilidades na assistência à saúde do paciente com suspeita ou confirmação de
dengue em ..................;

CONSIDERANDO que, na integração com as unidades básicas


de saúde e com a Estratégia Saúde da Família, todos os recursos humanos devem
deter capacidade técnica (dentro dos atributos de suas respectivas formações), para
reconhecer casos suspeitos e encaminhá-los com rapidez para diagnóstico e
tratamento;
CONSIDERANDO que, no mesmo sentido, cabe ao gestor
municipal capacitar os profissionais da atenção primária na assistência médica
(agentes comunitários de saúde, enfermeiros, auxiliares e/ou técnicos de enfermagem
e médicos) para reconhecimento de suspeita de dengue;
CONSIDERANDO que as Diretrizes Nacionais para Prevenção e
Controle da Dengue, do MS (à disposição na internet) contém todas as orientações
técnicas para tanto, cabendo ao gestor municipal do SUS exigir que todos os
profissionais de saúde sigam essas regras;
CONSIDERANDO que deve haver organização da rede de
atenção básica municipal para assistência terapêutica integral ao paciente com
suspeita de dengue (unidade de saúde referência, local de dispensação de
medicamentos, leitos de referência e o respectivo fluxo de atendimento);
CONSIDERANDO que a atenção básica precisa estar organizada
para atendimento ao paciente em suspeita de dengue, para que a assistência médica
devida seja feita com a resolutividade necessária, no menor prazo de tempo possível;

CONSIDERANDO que todos os profissionais de saúde, mormente


da assistência médica, além de estar capacitados para reconhecer rapidamente
suspeita de dengue, devem saber qual unidade municipal é referência para o
atendimento médico ao paciente em suspeita, bem como onde esse usuário
deverá retirar a medicação prescrita, e onde ele deverá ser internado em caso de
evolução da doença, o que não parece ainda ocorrer no Município de ...................;
CONSIDERANDO que o princípio da integralidade pressupõe
“conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade
do sistema” (art. 7º, II, da LOS);
CONSIDERANDO que o documento Diretrizes Nacionais para
Prevenção e Controle da Dengue, do MS (à disposição na internet) contém todas as
orientações técnicas a respeito, cabendo ao gestor municipal do SUS estabelecer os
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respectivos fluxos e fazê-los serem de conhecimento de todos profissionais de saúde


do Município. É o que prevê o art. 13, II, do Decreto Federal n. 7508/11;

CONSIDERANDO que no Município de ........... a classificação


de risco dos pacientes do SUS com suspeita de dengue é deficitária;

CONSIDERANDO a rápida evolução da doença, para


resolutividade do tratamento médico necessário com a eficiência que se espera do
serviço público de saúde, o protocolo de reconhecimento de classificação de risco de
urgência e emergência no atendimento ao paciente em suspeita de dengue, previsto no
documento Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS, deve
ser adotado em todas as unidades de saúde municipais (próprias e da rede privada
contratada/conveniada), em primeiro momento pelos profissionais que fazem o
acolhimento/recepção dos pacientes e em seguida pelos profissionais médicos,
cabendo ao gestor municipal do SUS adotá-lo e capacitar as respectivas equipes
técnicas a manejá-lo (art. 7, II, da Lei Orgânica da Saúde; art. 13, II, do Decreto Federal
n. 7508, e art. 11, da Portaria GM/MS n. 1.378/2013).

CONSIDERANDO que o município de ............. não está


fornecendo o “cartão de acompanhamento do paciente com suspeita de dengue”,
documento previsto nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do
MS, e de suma importância, pois através dele é que se faz o acompanhamento mais
célere e eficaz da evolução da doença no paciente.

CONSIDERANDO que o uso de tal documento permite


assistência médica mais resolutiva (princípio da resolutividade, do art. 7º, XII, da LOS),
eficaz (princípio da eficiência, do art. 37, caput, da CF/88) e contínua (princípio da
integralidade, art. 7, II, da LOS) ao paciente com suspeita de dengue, pois se possibilita
que, a partir do estabelecimento da situação de risco, todas as providências técnicas
em seu tratamento sejam adotadas (e registradas no Cartão) o quanto antes, em todos
os níveis de complexidade da assistência médica (desde a estratégia Saúde da Família
até eventual internação hospitalar) e em quaisquer portas de entrada (da atenção
básica ou em urgência/emergência).

CONSIDERANDO que, não obstante o atual índice de infestação


local ser de alerta, ................. ainda não criou seu Comitê Gestor Intersetorial de
Combate à dengue;
CONSIDERANDO que essa é a melhor forma de mobilização da
sociedade civil, sobretudo para auxiliar a reduzir o atual índice de pendências, pois tal
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fórum, quase como forma complementar de controle social, fomenta a discussão sobre
eficácia das ações das vigilâncias sanitária e epidemiológica, sobre a qualidade da
própria assistência médica na atenção básica, e, sobretudo, sobre a responsabilidade
social no controle do vetor;
CONSIDERANDO que a instituição desse comitê também é
importante recomendação das Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da
Dengue, do Ministério da Saúde;
CONSIDERANDO que combater o Aedes aegypti demanda o
envolvimento articulado de diversos setores – como educação, saneamento, limpeza
urbana e segurança pública – assim como o envolvimento de parceiros do setor
privado e da sociedade organizada, sobretudo porque é grande a responsabilidade
comunitária no controle dos criadouros de mosquito em residências e imóveis
comerciais e industriais;
CONSIDERANDO que, se a população não tem acesso
permanente aos dados sobre o índice de infestação predial e do número de
casos suspeitos e confirmados do bairro onde mora, não se sente mobilizada
nem incentivada a contribuir para a eliminação de focos do vetor.
CONSIDERANDO que a mobilização deve ser compreendida
como suporte para as ações de gestão do SUS, utilizando-se das ferramentas da
comunicação e da educação para fazer chegar à comunidade o papel de cada um no
combate a essa doença;

CONSIDERANDO que, nesse sentido, é decisiva a articulação


com o Conselho de Saúde, visto que esse órgão consubstancia a participação da
comunidade no SUS (art. 198, III, da CF/88), representado tanto pelo segmento dos
gestores da saúde, quanto dos trabalhadores e prestadores em saúde, quanto pelo
segmento dos usuários do Sistema. É cenário que abarca quase todos os atores
sociais responsáveis pelo combate à dengue. Ademais, possibilita maior cobrança
efetiva das ações de combate ao vetor por parte da vigilância epidemiológica e das
ações de assistência médica.
CONSIDERANDO ser salutar, pois, a mobilização da sociedade
civil organizada local, sobretudo para auxiliar a reduzir o inaceitável atual índice de
pendências e também diminuir o preocupante o índice de infestação predial. Isso
porque tais fóruns, quase como forma complementar de controle social, fomentam a
discussão sobre eficácia das ações das vigilâncias sanitária e epidemiológica, sobre a
própria assistência médica na atenção básica, e, sobretudo, sobre a responsabilidade
social no controle do vetor.
CONSIDERANDO que cabe à Secretaria Municipal de Saúde,
seguindo as orientações contidas nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle
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da Dengue, do Ministério da Saúde, expedir ato administrativo formal para instituir


esse comitê, indicando os órgãos públicos e entidades da sociedade civil local a
serem convidados, com seus respectivos representantes, dando ampla
publicidade a respeito das datas, horários e locais das reuniões (sobretudo nas
rádios locais, para possibilitar maior acesso popular).
CONSIDERANDO a força dos Conselhos de Saúde na
mobilização social ser decisiva na prevenção e no combate à dengue, como se observa
das atribuições previstas nos incisos XX e XXIII, da 5ª Diretriz da Resolução n.
453/2012, do Conselho Nacional de Saúde:
XX - estimular articulação e intercâmbio entre os Conselhos de
Saúde, entidades, movimentos populares, instituições públicas e privadas para a
promoção da Saúde;
XXIII - estabelecer ações de informação, educação e
comunicação em saúde, divulgar as funções e competências do Conselho de Saúde,
seus trabalhos e decisões nos meios de comunicação, incluindo informações sobre as
agendas, datas e local das reuniões e dos eventos;

CONSIDERANDO que ............. não está preparado(a) para


enfrentar uma possível epidemia de dengue, pois, além de todas essas
deficiências, a Municipalidade não detém espaço físico adequado para as
atividades de combate à dengue e também não ofertou veículos automotores.
CONSIDERANDO ser urgente que a Secretaria Municipal de
Saúde promova imediata adequação de suas atividades aos parâmetros legais
para que as ações e serviços de saúde – de prevenção, promoção e assistência,
que são considerados de grande relevância (art. 197 da CF/88), sejam prestados
de forma eficiente (art. 37, caput da CF/88), resolutiva, integral e contínua (art. 7º
da Lei Orgânica da Saúde);
CONSIDERANDO que, se todos os municípios,
inclusive .............., tivessem executado as ações e serviços de saúde (desde
prevenção e promoção, pela vigilância, e até a assistência) que lhe cabiam no combate
à dengue, muito se teria feito para evitar os óbitos acontecidos (todos evitáveis) e para
reduzir a quantidade de pessoas acometidas pelo agravo no Paraná – e em
especial em ..........., cujos números atingem até hoje denominadores finais que são
inconcebíveis;
CONSIDERANDO o disposto nos artigos 1º, incisos II e III; e 3º,
inciso IV, ambos da Constituição Federal, que impõem, respectivamente, como
fundamentos da República Federativa do Brasil, "a cidadania" e a "dignidade da pessoa
humana" e como seu objetivo primeiro, a promoção do “bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de discriminação";
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CONSIDERANDO o disciplinado no artigo 196, da Constituição


Federal, que preconiza ser “a saúde direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação”;
CONSIDERANDO o contido no artigo 197, também da
Constituição Federal, ao dispor que "são de relevância pública as ações e serviços de
saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação,
fiscalização e controle”;
CONSIDERANDO o contido no artigo 127, da Constituição
Federal da República, que dispõe que “o Ministério Público é instituição permanente,
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica,
do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis";
CONSIDERANDO o disposto nos artigos 129, II, da Magna Carta,
e 120, II, da Constituição do Estado do Paraná, que atribuem ao Ministério Público a
função institucional de “zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços
de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as
medidas necessárias a sua garantia”;
CONSIDERANDO a disposição do art. 27, parágrafo único, IV, da
Lei Federal n.º 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, o qual faculta ao Ministério Público
expedir recomendação administrativa aos órgãos da administração pública federal,
estadual e municipal, requisitando ao destinatário adequada e imediata divulgação e a
disposição do art. 200, da Lei Complementar Estadual nº 85/99, que salienta caber ao
Ministério Público a expedição de recomendações visando a melhoria dos serviços
públicos e de relevância pública,
o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, através da
Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública da Comarca de ................., no uso
de suas atribuições legais, expede a presente

RECOMENDAÇÃO ADMINISTRATIVA

aos senhores .................... Prefeito Municipal de ....................


e ............................., Secretario Municipal de Saúde do Município de ......................,
para que, em cumprimento às disposições legais mencionadas, e em vista das
circunstâncias ora apuradas, adote todas as providências necessárias para,:
1) no prazo de noventa dias, realização de concurso ou
processo seletivo público, na forma da legislação (inclusive com prévia remessa de
projeto de lei municipal para criação de tantos cargos de agentes de controle de
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endemia, se necessário for) com nomeação e contratação dos profissionais aprovados


em concurso ou processo seletivo (nos termos da Lei nº 11.350, de 05 de outubro de
2006), em número mínimo equivalente de acordo com a proporção de imóveis no
Município, nos termos recomendados nas “Diretrizes Nacionais para Prevenção e
Controle da Dengue, do Ministério da Saúde”, e portanto então pelo menos .....
apenas para trabalhos de campo, para garantir a força de trabalho necessária
adequada execução das ações de vigilância epidemiológica e controle do vetor Aedes
aegypti;
2) no prazo de quinze dias, contratação emergencial, de
forma temporária (até que se preencham os cargos públicos de ACEs por
concurso ou processo seletivo público), mediante teste seletivo, de .... ACEs para
trabalho de campo, nos moldes do Manual de Contratações “O SUS de A a Z” –
publicação do Ministério da Saúde disponível na página do MS na internet;
3) no prazo de dez dias, destinar veículo automotor e local
adequado para a parte administrativa da execução municipal do Plano Nacional
de Combate à Dengue (PNCD), com equipamento de informática, telefone, fax e
acesso à internet;
4) no prazo de dez dias, retorno de todos os atuais agentes
de controle de endemias (ACEs) que estiverem em disfunção para o exercício de
suas funções, para garantir a força de trabalho necessária para eficaz execução das
ações de vigilância epidemiológica e controle do vetor Aedes aegypti;
5) no prazo de dez dias, designar e manter coordenador
e/ou supervisor para o PNCD para que este, com programação preestabelecida
realize, no prazo de cinco dias úteis a partir da nomeação, supervisão para controle de
qualidade dos trabalhos de campo dos ACEs,
6) no prazo de trinta dias, disponibilizar todo o material
individual necessário para o trabalho de cada agente de combate às endemias:
bolsa de uso individual com material para o trabalho, com: i) Álcool 70% para
remessas de larvas ao laboratório; ii) Algodão; iii) Apontador; iv) Bacia plástica
pequena; v) Localizador (bandeira); vi) Mapas das áreas a serem trabalhadas no dia;
vii) Calculadora; viii) Cola plástica; ix) Pesca-larvas água limpa; x) Pesca-larvas água
suja; xi) Escova pequena; xii) Espelho pequeno; xiii) Flanela; xiv) Fita ou escala
métrica; xv) Formulários para registros de dados; xvi) Inseticida em quantidade
suficiente para o dia; xvii) Lâmpada de foco sobressalente; xviii) Lápis grafite com
borracha; xix) Lápis de cera, azul ou preto ou tinta; xx) Lanterna; xxi) Manual de
instruções; xxii) Medidas para uso de inseticidas (colher de sopa e de café); xxiii) Pasta
com elástico para guarda de papéis; xxiv) Prancheta; xxv) Pipeta tipo conta-gotas; xxvi)
Sacos plásticos com capacidade de 1 kg para guardar os pesca-larvas; xxvii) Tubitos
para acondicionamento de larvas; xxviii) Pipetão; xxix) Barbante; xxx) Concha; xxxi)
Protetor solar; xxxii) Repelente;
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uniforme de trabalho completo em quantia suficiente para desenvolvimento do


trabalho de rotina diário (camiseta, calça e bota com bico de aço) com bolsa/mochila
de lona, crachá de identificação, bandeira para localização, formulários específicos,
croqui e mapas das áreas a serem trabalhadas, caderno de capa dura ou caderneta,
lápis, borracha e apontador, pasta com elástico, prancheta, lápis tipo estaca, cola
plástica e lixa, calça; blusa, calçado, boné ou similar e capa de chuva ou guarda-chuva.
os seguintes equipamentos de proteção individual: EPIs para uniformes e
vestimentas; EPIs para proteção para aplicação de inseticidas/biolarvicidas; Máscaras
faciais completas para nebulização com UBV costal e máscaras semi-faciais para
aplicação de inseticidas em superfície em áreas com ação residual e máscaras
respiratórias com filtros de proteção.

7) no prazo de dez dias, solicitar à ..............ª REGIONAL DE


SAÚDE mediante ofício a realização de reciclagem dos agentes de controle de
endemias (ACEs) já em atuação, e capacitação e treinamento dos demais
contratados no prazo máximo de trinta dias contados da data de nomeação;
8) no prazo de trinta dias, aumento em ......% da produção
das ações de campo, a serem analisadas mediante supervisão da ..............ª Regional
da SESA, do registro de visitas pelos boletins dos ACEs, especialmente de remoção
mecânica de criadouros, mediante reforço na coleta de resíduos sólidos, com destino
final adequado e vedação de depósitos de armazenamento de água, com a utilização
de capas e tampas;
9) no prazo de noventa dias, realizar as fiscalizações para
identificação e remoção de potenciais criadouros, em todos os imóveis do
Município, mantendo a realização das visitas em 100% dos imóveis a cada dois
meses, enquanto o Município apresentar índice de infestação IIP acima do
preconizado pelo Ministério da Saúde, até 1%;
10) no prazo de noventa dias, reduzir os índices de
pendências para até 10%, inclusive realizando atividades de recuperação nos
finais de semana e feriados;
11) no prazo de sessenta dias, realização do LIRAa, com
renovação de tal medição a cada três meses, conforme preconiza o Ministério da
Saúde, enquanto houver infestações no Município;
12) no prazo máximo de dez dias após a realização de cada
LIRAa, atualização do Reconhecimento Geográfico (RG) dos Imóveis do Município;
13) realizar os bloqueios de casos notificados no prazo de 24
horas a partir da identificação de cada caso de suspeita de dengue;
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14) no prazo de trinta dias, adequação da comunicação das


notificações de casos suspeitos de dengue à Vigilância Epidemiológica Estadual,
através de alimentação correta e tempestiva do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (Sinan), mediante
15) no prazo de dez dias, preenchimento de Ficha Individual
de Notificação (FIN) e Ficha Individual de Investigação (FII), em que constem
todos os dados de notificação de TODOS OS CASOS DE SUSPEITA, tendo todos
dados da ficha preenchidas de forma completa sobre a suspeita (local provável de
infecção, exames laboratoriais, evolução do caso, classificação final, manifestações
clínicas dos casos graves, etc), nas unidades de saúde (ou resultantes da busca ativa
da Vigilância Epidemiológica municipal), e
16) no prazo de dez dias, digitação de todos esses dados no
Sistema de Informação de Agravos de Notificação, transmitidos para a Vigilância
Epidemiológica Estadual, nos termos recomendados pelas DERANDO que as
Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias
de Dengue ainda recomendam:
17) adequada investigação de TODOS OS CASOS
SUSPEITOS no menor prazo possível, quando da consulta do paciente, mediante
análise dos prontuários médicos, ou ainda por busca ativa, com preenchimento da ficha
de investigação de dengue e encerramento de cada investigação em até 60 dias após
a data de notificação;
18) no prazo de dez dias, envio dos dados entomológicos à
vigilância epidemiológica estadual no menor prazo possível, como as Diretrizes
Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue
recomendam;
19) imediata comunicação de todos os casos suspeitos, por
parte das unidades básicas de saúde, à vigilância epidemiológica da SMS, para
possibilitar que se desencadeiem as ações de bloqueio do vetor o quanto antes;
20) no prazo de trinta dias, integração das equipes de
vigilância em saúde com os profissionais da área de assistência médica;
21) no prazo de quinze dias, adequação da assistência à
saúde do paciente com suspeita ou confirmação de dengue, sobretudo com
capacitação urgente e permanente de todos os profissionais de saúde para
reconhecer rapidamente qualquer suspeita de dengue, para saber qual unidade
municipal é referência para o atendimento médico ao paciente em suspeita, bem como
onde o usuário deverá retirar a medicação prescrita, e onde ele deverá ser internado
em caso de evolução da doença;
22) no prazo de dez dias, adotar o protocolo de
reconhecimento de classificação de risco de urgência e emergência no
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atendimento ao paciente em suspeita de dengue, previsto nas Diretrizes


Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS, em todas as unidades de
saúde municipais (próprias e da rede privada contratada/conveniada), em primeiro
momento pelos profissionais que fazem o acolhimento/recepção dos pacientes e em
seguida pelos profissionais médicos, com adequado treinamento das respectivas
equipes técnicas a manejá-lo;
23) no prazo de dez dias, fornecer “cartão de
acompanhamento do paciente com suspeita de dengue”, a toda a pessoa que for
atendida em quaisquer unidades de saúde próprias, contratadas ou conveniadas, com
diagnóstico de suspeita de dengue;
24) no prazo de cinco dias, expedição de ato administrativo
formal para instituição de Comitê Gestor Intersetorial Municipal de Combate à
dengue, indicando os órgãos públicos e entidades da sociedade civil local a serem
convidados, com seus respectivos representantes, dando ampla publicidade a respeito
das datas, horários e locais das reuniões, com integração com o Conselho Municipal
de Saúde dando ampla publicidade a respeito das datas, horários e locais das
reuniões no mínimo mensais (sobretudo nas rádios locais, para possibilitar maior
acesso popular).

Assina-se o prazo de 10 (dez) dias para que a autoridade


mencionada comunique ao Ministério Público, fundamentadamente, quanto à adoção
ou não das providências adotadas na espécie, inclusive indicando as razões técnicas e
jurídicas para não observância das diretrizes ora expostas e das medidas faltantes.

Assevera-se que o não cumprimento da presente, sem


justificativas formais, levará ao ajuizamento das ações cíveis cabíveis, inclusive para
responsabilização pelas omissões no combate à dengue, sem prejuízo da adoção
de outras providências pertinentes, sobretudo por eventual improbidade
administrativa.

Dê-se ciência, por ofício, à Câmara de Vereadores do Município


de .............., ao Conselho Municipal de Saúde de ............... e à ...............ª Regional da
Secretaria de Estado da Saúde.

..............., ............ de outubro de 2013


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............
PROMOTOR DE JUSTIÇA
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ANEXO 6

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DA FAZENDA


PÚBLICA DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE
CURITIBA

O Ministério Público do Estado do Paraná, por seu


Promotor(a) de Justiça signatário (a), usando das atribuições que lhes são conferidas
pelos artigos 127, caput e 129, III, da Constituição da República, e também amparado
pelo art. 120, III, da Constituição do Estado do Paraná, e fundamentados no art. 25, IV,
alínea “a”, da Lei Federal n.º 8.625, de 12-2-1993, em combinação com os artigos 57,
IV, alínea “b”, da Lei Complementar Estadual n.º 85, de 27-12-1999; 3º, 5º, 11, 12 e 19,
todos da Lei Federal n.º 7.347, de 24-7-1985; e artigos 282 e 461, caput, e parágrafos
3º e 4º do Código de Processo Civil Brasileiro, e demais disposições pertinentes
mencionadas ao longo desta petição, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, e com base no incluso procedimento preparatório/inquérito civil nº ............,
propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA


com pedido de antecipação de tutela

Contra o MUNICÍPIO DE ......., pessoa jurídica de direito


público interno, ora representado pelo Procurador-Geral do Município, doutor .........,
com endereço na Rua ......., nesta cidade e Comarca; pelas razões fáticas e jurídicas
que, a seguir, deduz.
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A presente ação busca garantir o direito à saúde da


população de ................., mediante a adequada execução de políticas
públicas de controle da dengue, previstas no Programa Nacional de
Controle da Dengue e Manual de Normas Técnicas, do Ministério da
Saúde.

De acordo com o Ministério da Saúde, dengue é


uma moléstia infecciosa aguda e possui 4 sorotipos (DENV-1, DENV-2,
DENV-3 e DENV-4). É transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti.
Ocorre principalmente em áreas tropicais e subtropicais do mundo,
inclusive no Brasil. As epidemias geralmente ocorrem durante ou
imediatamente após períodos chuvosos.

O quadro clínico é amplo, apresentando desde uma


síndrome febril inespecífica até situações graves como hemorragia,
choque e às vezes óbito.

É uma doença de notificação compulsória e


IMEDIATA.

A forma clínica mais comum clássica é conhecida


como dengue clássica ou febre da dengue e a forma grave, febre
hemorrágica da dengue.

Não há tratamento específico para o paciente com


dengue. No caso de dengue clássica, o médico apenas trata dos sintomas,
como as dores de cabeça e no corpo, com analgésicos e antitérmicos
(paracetamol e dipirona).

Os pacientes com Febre Hemorrágica da Dengue


(FHD) devem ser observados cuidadosamente para identificação dos
primeiros sinais de choque, como a queda de pressão. O período crítico
ocorre durante a transição da fase febril para a sem febre, geralmente
após o 3º dia da doença. A pessoa deixa de ter febre e isso leva a uma
falsa sensação de melhora, mas em seguida o quadro clínico do paciente
piora e pode levar rapidamente à morte.
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Ainda não existe vacina para a dengue, mas a


comunidade científica internacional e brasileira está trabalhando firme
nesse propósito. Estimativas indicam que deveremos ter um imunizante
contra a dengue em 5 anos. A vacina contra a dengue é mais complexa
que as demais. A dengue, com 4 vírus identificados até o momento, é um
desafio para os pesquisadores. Será necessário fazer uma combinação de
todos os vírus para que se obtenha um imunizante realmente eficaz contra
a doença.

A moléstia ainda ocorre no Brasil pois as condições


do meio ambiente, aliadas a características urbanas, favorecem o
desenvolvimento e a proliferação do mosquito transmissor, o Aedes
aegypti. Mais de 100 países em todos os continentes, exceto a Europa,
registram a presença do mosquito e casos da doença.

É inegável a repercussão pública relacionada à


ocorrência da dengue, considerando a oscilação preocupante que a
moléstia vem experimentando ano a ano no país, inclusive no Paraná.
Apresenta vítimas em número que tende a crescer, o que é agravado, em
certos casos, pelo caráter potencialmente letal da doença.

Nesse contexto, não resta dúvida do dever estatal


de garantir o direito à saúde na execução de políticas públicas de
prevenção de doenças, a partir da Carta Magna de 1988:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do


Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.
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A política pública de combate à dengue já foi


definida pelo Ministério da Saúde, a quem cabe a direção nacional do
SUS, e o que se busca na presente ação civil pública é a sua execução
das ações previstas para Município.

A inexecução das ações previstas para o controle


da dengue pelo Município de .............. coloca em risco o direito à saúde da
população (parte dela já infectada e adoentada), o que só poderá ser
restabelecido pela tutela judicial, pois todas as medidas de cunho
administrativo adotadas pelo Ministério Público para compelir a
administração municipal para cumprir suas atribuições legais foram
ineficazes, não restando outra alternativa, senão socorrer-se do
Poder Judiciário, quando se enfrenta novo surto com risco de mais
uma epidemia.

PRELIMINARMENTE
LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A Carta da República, ampliando o campo de atuação do


Ministério Público, atribuiu-lhe a incumbência da defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art.127), ao mesmo
tempo em que, dentre outras funções institucionais, confiou-lhe o zelo pelo efetivo
respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos nela
assegurados, promovendo as necessárias medidas a sua garantia (art. 129, II e III). No
mesmo sentido é o art. 120, inciso II, da Constituição do Estado do Paraná.
Ora, a saúde é o único bem dito de relevância pública
expresso na Carta Magna (v. artigo 197 da Constituição Federal).
Diante desse contexto constitucional, extrai-se que o
parquet, de modo genérico, pode e deve promover todas as medidas necessárias –
administrativas e/ou jurídicas – para a restauração do respeito dos poderes públicos
aos direitos constitucionalmente assegurados aos cidadãos – mormente os direitos
fundamentais – mesmo que no plano individual, desde que se trate de direito
indisponível.
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Diante do contexto constitucional e infraconstitucional, extrai-


se que o Ministério Público, pode e deve promover todas as medidas necessárias –
administrativas e/ou jurídicas - para a restauração do respeito dos poderes públicos
aos direitos constitucionalmente assegurados aos cidadãos – mormente os direitos
fundamentais.

III. O DIREITO APLICADO À ESPÉCIE

A atual Constituição Federal e a Lei Orgânica de Saúde


consagraram a prevalência de determinados direitos fundamentais, dentre eles o direito
à vida e à saúde, que no caso concreto foram flagrantemente vulnerados.
A mera leitura dos dispositivos constitucionais que seguem,
em confronto com a hipótese dos autos adiante descrita, revela de pronto a lesão em
causa:

Art. 1.° A República Federativa do Brasil, (...), constitui se


em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:
II a dignidade da pessoa humana

Art. 5.° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida (...)
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,


garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperaçã .

Nesse contexto fundamental, que defende a vida, dignidade,


a saúde das pessoas e visando o atendimento integral nessa área, a Constituição
Federal impõe que as ações e serviços públicos de saúde constituam um sistema
único, onde adquirem prioridade os serviços de prevenção e promoção.
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Por seu turno, a Lei Orgânica da Saúde (Lei Federal n°


8.080, de 19 de setembro de 1990) estabelece:
Artigo 2°. A saúde é um direito fundamental do ser humano,
devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
§ 1°. O dever do Estado de garantir a saúde consiste na
formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de
riscos de doença e de outros agravos e no estabelecimento de condições que
assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua
promoção, proteção e recuperação

Artigo 5º. São objetivos do Sistema Único de Saúde – SUS:


III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de
promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações
assistenciais e das atividades preventivas;
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IV – SITUAÇÃO DO CONTROLE DA DENGUE NO MUNICÍPIO


DE ............. APURADA NO INQUÉRITO CIVIL/PROCEDIMENTO
PREPARATÓRIO MP/PR n. .................

Segundo recomendações da Organização Mundial


de Saúde e do Ministério da Saúde através do “Programa Nacional de
Controle da Dengue – PNCD”, atualizado nas “Diretrizes Nacionais para a
Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue”, quando o índice de
infestação predial do mosquito Aedes aegypti (vetor dos vírus da dengue)
é superior a 1,0 e a população é suscetível ao sorotipo de dengue que está
circulando, o risco de epidemias é maior.

Uma das formas de apuração desse índice é


através do Levantamento Rápido de Infestação Predial por Aedes
Aegypti – LirAa , cujo último resultado em ................, datado de ..............
de 2012 ou 2013, apurou que o índice de infestação predial geral do
município de ........ era de ......... portanto, com risco de surto.

Isso com certeza foi causado por inúmeras


ineficiências da gestão municipal do SUS em ................, para cuja
adequação esta Promotoria de Justiça buscou a celebração de termo de
ajustamento de conduta com o Município réu, para o que a municipalidade
requerida não se dispôs.

Esta Promotoria então expediu de uma


recomendação por parte do Ministério Público, em ... de outubro de 2013,
nos termos abaixo (fls. ...../......):

“CONSIDERANDO o contido nos autos de


Inquérito Civil Público sob n. ........, com as fartas informações advindas da
Secretaria de Estado da Saúde, dando conta de que o Município de ........
permanece na precariedade no programa municipal de controle e combate à
dengue, desde as providências de cunho preventivo da vigilância epidemiológica
como na esfera da gestão e da assistência à saúde, com índice de infestação
predial de risco e dificuldade de contratação e manutenção de agentes de controle
de endemia, sem o comprometimento desejável para a situação;
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CONSIDERANDO algumas dessas


irregularidades, que compromete a saúde públicas local, em síntese:
Preocupante índice de infestação predial no
Município;
Atraso na reavaliação desse índice, com
LIRAa feito tardiamente;
Falta de agentes de controle de endemia
(ACEs) em desproporção com o número de imóveis municipais, com agentes
cedidos para outros órgãos;
Falta de fornecimento de materiais básicos e
equipamentos de proteção individual (EPIs) aos ACEs;
Atraso na atualização do reconhecimento
geográfico (RG) para planejamento das ações de controle vetorial;
Alto índice de pendências, com poucas
providências adotadas para o resgate das pendências;
Baixa qualidade nas ações de campo, inclusive
de remoção de criadouros;
Falta de capacitação dos ACEs;
Falta de notificação de todos os casos
suspeitos de dengue;
Falta ou atraso na investigação dos casos
suspeitos para detecção no local provável de infecção;
Bloqueios do vetor com atrasos;
Deficiências no envio de dados sobre as
notificações de casos suspeitos e confirmados nos sistemas informatizados do
SUS;
Falta de capacitação suficiente da rede
municipal de saúde para diagnóstico e tratamento rápido e eficaz ao tratamento
ao paciente em caso suspeito ou confirmado;
Falta de integração suficiente entre as equipes
de vigilância em saúde e as equipes do Programa de Saúde da Família e das
UBSs nas atividades de controle vetorial;
Falta de organização suficiente da rede de
atenção básica municipal para assistência terapêutica integral ao paciente com
suspeita de dengue (unidade de saúde referência, local de dispensação de
medicamentos, leitos de referência e o respectivo fluxo de atendimento);
Falta de triagem e/ou classificação de risco na
recepção ao usuário do SUS com suspeita de dengue;
Falta de disponibilização do Cartão de
Acompanhamento do Paciente com Suspeita de Dengue, como previsto nas
Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS
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Não instituição de Comitê Gestor Intersetorial


ou Comitê de Mobilização para prevenção e combate à dengue;
Divulgações insuficientes para as
comunidades locais dos índices de infestação predial, dos números de casos
suspeitos e confirmados;
Mobilização insuficiente das entidades da
sociedade organizada para cooperação no enfrentamento à dengue e
Insuficiente articulação junto ao Conselho
Municipal de Saúde para cooperação no enfrentamento à dengue.

CONSIDERANDO, assim, que as atividades


de controle do vetor Aedes aegypti em ................... estão prejudicadas,
comprometendo a eficácia na prestação desse serviço público, o que por certo
causou os históricos índices locais preocupantes de infestação pelo vetor e leva
ao atual risco de epidemia, em prejuízo de toda a população local;
CONSIDERANDO que isso denota
insuficiente adoção de medidas preventivas para combate ao vetor da dengue
em ..............., de forma a favorecer as condições para proliferação do mosquito
Aedes aegypti, constituindo infração sanitária, tipificada no art. 63, XLVII, do
Código de Saúde do Estado do Paraná (Lei Estadual n. 13331, de 23 de novembro
de 2001):
Art. 63. Constituem infrações sanitárias as
condutas tipificadas abaixo:
(...)
XLVII - não adotar medidas preventivas de
controle ou favorecer as condições para proliferação de vetores de interesse à
saúde pública.

CONSIDERANDO que a Constituição


Federal dá prioridade às ações preventivas em seu art. 198:
As ações e serviços públicos de saúde
integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
(...)
II - atendimento integral, com prioridade para
as
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

CONSIDERANDO que a Lei nº 8080/90


atribuiu competência aos Municípios para execução das ações de vigilância
epidemiológica no art. 18 da Lei Federal n° 8.080/90:
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Art. 18. À direção municipal do Sistema de


Saúde (SUS) compete:
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as
ações e os serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde;
II - participar do planejamento, programação
e organização da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde
(SUS), em articulação com sua direção estadual;
III - participar da execução, controle e
avaliação das ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho;
LV - executar serviços: a) de vigilância
epidemiológica;”

CONSIDERANDO que, igualmente, a


Portaria do Ministério da Saúde MS/GM n° 1378/2013, ao regulamentar as ações
de vigilância epidemiológica, define as competências municipais estritamente de
acordo com a Constituição Federal e a Lei Federal n°
8.080/90:
Art. 11. Compete às Secretarias Municipais de
Saúde a coordenação do componente municipal dos Sistemas Nacionais de
Vigilância em Saúde e de Vigilância Sanitária, no âmbito de seus limites
territoriais, de acordo com a política, diretrizes e prioridades estabelecidas,
compreendendo:
I - ações de vigilância, prevenção e controle
das doenças transmissíveis, a vigilância e prevenção das doenças e agravos não
transmissíveis e dos seus fatores de risco, a vigilância de populações expostas a
riscos ambientais em saúde, gestão de sistemas de informação de vigilância em
saúde em âmbito municipal que possibilitam análises de situação de saúde, as
ações de vigilância da saúde do trabalhador, ações de promoção em saúde e o
controle dos riscos inerentes aos produtos e serviços de interesse a saúde;
II - coordenação municipal e execução das
ações de vigilância;
V - coordenação e alimentação, no âmbito
municipal, dos sistemas de informação de interesse da vigilância, incluindo:
a) coleta, processamento, consolidação e
avaliação da qualidade dos dados provenientes das unidades notificantes dos
sistemas de base nacional, de interesse da vigilância, de acordo com
normalização técnica;
b) estabelecimento e divulgação de diretrizes,
normas técnicas, rotinas e procedimentos de gerenciamento dos sistemas, no
âmbito do Município, em caráter complementar à atuação das esferas federal e
estadual; e
c) retroalimentação dos dados para as
unidades notificadoras;
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VI - coordenação da preparação e resposta


das ações de vigilância, nas emergências de saúde pública de importância
municipal;
VII - coordenação, monitoramento e avaliação
da estratégia de Vigilância em Saúde sentinela em âmbito hospitalar;
VIII - desenvolvimento de estratégias e
implementação de ações de educação, comunicação e mobilização social;
IX - monitoramento e avaliação das ações de
vigilância em seu território;
X - realização de campanhas publicitárias de
interesse da vigilância, em âmbito municipal;
XI - promoção e execução da educação
permanente em seu âmbito de atuação;
XII - promoção e fomento à participação
social nas ações de vigilância;
XIII - promoção da cooperação e do
intercâmbio técnicocientífico com organismos governamentais e não
governamentais de âmbito municipal, intermunicipal, estadual, nacional e
internacional;
XIV - gestão do estoque municipal de insumos
de interesse da Vigilância em Saúde, incluindo o armazenamento e o transporte
desses insumos para seus locais de uso, de acordo com as normas vigentes;
XV - provimento dos seguintes insumos
estratégicos:
a) medicamentos específicos, para agravos e
doenças de interesse da Vigilância em Saúde, nos termos pactuados na CIT;
b) meios de diagnóstico laboratorial para as
ações de Vigilância em Saúde nos termos pactuados na CIB;
c) insumos de prevenção, diagnóstico e
tratamento de doenças sexualmente transmissíveis, indicados pelos programas,
nos termos pactuados na CIB; e
d) equipamentos de proteção individual - EPI
- para todas as atividades de Vigilância em Saúde que assim o exigirem, em seu
âmbito de atuação, incluindo vestuário, luvas e calçados;
XVI - coordenação, acompanhamento e
avaliação da rede de laboratórios públicos e privados que realizam análises
essenciais às ações de vigilância, no âmbito municipal;
XVII - realização de análises laboratoriais de
interesse da vigilância, conforme organização da rede estadual de laboratórios
pactuados na CIR/CIB;
XVIII - coleta, armazenamento e transporte
adequado de amostras laboratoriais para os laboratórios de referência;
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CONSIDERANDO que, embora seja


importante a participação da população na eliminação de criadouros, de forma
alguma se pode atribuir apenas a ela o controle de vetor: só o poder público pode
mantê-lo nos índices aceitáveis, monitorando o índice de infestação predial,
fiscalizando a existência de potenciais criadouros em macrofocos ou pontos
estratégicos (cemitérios, borracharias, praças públicas, terrenos baldios e outros)
e nos domicílios, educando a população para eliminação dos focos, o que só pode
ser realizado de maneira eficiente mediante as visitas previstas no Programa
Nacional de Combate à Dengue e Manual de Normas Técnicas;
CONSIDERANDO a notícia de que o
Município de .......... detém número agentes de controle de endemia (ACEs) em
desproporção com a quantidade atual de imóveis municipais, com agentes
cedidos para outros órgãos;
CONSIDERANDO que as Diretrizes Nacionais
do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue
preconizam como ideal a disponibilidade de um agente de controle de endemias
para cada 800 a 1.000 imóveis, critério que não está sendo observado no
Município de ........................;
CONSIDERANDO que há apenas ...............
agentes de controle de endemias em efetivo trabalho de campo no Município
de .................., número insuficiente de profissionais para eficaz execução de
ações de controle do vetor, o que causou os atuais índices de infestação pelo vetor
e levou ao surto e ao risco de epidemia, colocando em risco a população local;
CONSIDERANDO que os cargos de agentes
de controle de endemia (ACEs) devem ser providos pela própria Municipalidade
com cargos e provimento por concurso público ou processo seletivo público,
visto que não há autorização constitucional para a contratação temporária de
profissionais para executar ações de vigilância epidemiológica e controle do
vetor, pois não há excepcionalidade nestas ações;
CONSIDERANDO assim que a contratação
para exercer funções de controle ordinário à dengue e outras doenças
transmitidas por vetores (durante todo o ano), não tem determinabilidade
temporal, já que o controle à dengue e outras doenças transmitidas por vetores
precisa ser permanente;
CONSIDERANDO que a Emenda
Constitucional nº 51, de 2006, que acrescentou os §§ 4º, 5º e 6º ao art. 198 da
Constituição Federal, regulamenta no seu art. 2º a forma de admissão dos
agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às endemias:
§ 4º Os gestores locais do sistema único de
saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às
endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e
complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime
jurídico e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e
agente de combate às endemias.
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CONSIDERANDO que a lei federal


mencionada no § 5o do art. 198, da Constituição, de nº 11.350, de 05 de outubro
de 2006, dispõe sobre o regime jurídico e a regulamentação das atividades de
agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias:
Art. 2o O exercício das atividades de Agente
Comunitário de Saúde e de Agente de Combate às Endemias, nos termos desta
Lei, dar-se-á exclusivamente no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, na
execução das atividades de responsabilidade dos entes federados, mediante
vínculo direto entre os referidos Agentes e órgão ou entidade da administração
direta, autárquica ou fundacional.
[...]
Art. 8o Os Agentes Comunitários de Saúde e
os Agentes de Combate às Endemias admitidos pelos gestores locais do SUS e
pela Fundação Nacional de Saúde - FUNASA, na forma do disposto no §4o do
art. 198 da Constituição, submetem-se ao regime jurídico estabelecido pela
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, salvo se, no caso dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, lei local dispuser de forma diversa .
Art. 9o A contratação de Agentes
Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às Endemias deverá ser
precedida de processo seletivo público de provas ou de provas e títulos, de acordo
com a natureza e a complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para
o exercício das atividades, que atenda aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos ou entes
da administração direta dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
certificar, em cada caso, a existência de anterior processo de seleção pública,
para efeito da dispensa referida no parágrafo único do art. 2o da Emenda
Constitucional no 51, de 14 de fevereiro de 2006, considerando-se como tal
aquele que tenha sido realizado com observância dos princípios referidos no
caput.
[..]
Art. 16. Fica vedada a contratação temporária
ou terceirizada de Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às
Endemias, salvo na hipótese de combate a surtos endêmicos, na forma da lei
aplicável.

CONSIDERANDO que a contratação para


manutenção de 1 ACE para cada 800/1000 imóveis e um supervisor para cada 10
ACEs (recomendação mínima do PNCD), é o mínimo obrigatório para prevenção
permanente (o ano todo), em quaisquer Municípios (mesmo não em surtos
endêmicos).
CONSIDERANDO que somente é considerado
tecnicamente risco de surto Município quando o índice LirAa for acima de 3,9, é
de se concluir que só é admissível manutenção de contratação temporária de
ACEs para o reforço das equipes de ACEs já existentes naquela proporção;
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CONSIDERANDO então que no Município


de ......... deverá existir a seleção por processo público e correspondente
contratação pelo regime celetista ou a seleção por concurso público e respectiva
contratação por regime estatuário, para o número de ACEs faltantes pela quantia
de imóveis hoje existentes;
CONSIDERANDO que a contratação para
manutenção de 1 ACE para cada 800/1000 imóveis e um supervisor para cada 10
ACEs (recomendação mínima do PNCD), como mínimo obrigatório para
prevenção permanente (o ano todo), deve ser feita com estabilidade e eficiência;
CONSIDERANDO ainda que os ACEs não têm
atribuições somente no controle do vetor da dengue, mas de controle e prevenção
de várias outras doenças, inclusive aquelas de transmissões de outras formas
(como raiva, leishmaniose, tuberculose, etc), como se infere pelo contido no art.
4º da Lei 11.350/2006:
Art. 4o O Agente de Combate às Endemias tem
como atribuição o exercício de atividades de vigilância, prevenção e controle de
doenças e promoção da saúde, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes
do SUS e sob supervisão do gestor de cada ente federado.

CONSIDERANDO então que falta de ACEs


pode indicar que a prevenção e o controle de inúmeras outras doenças também
podem estar sendo prejudicados, colocando em potencial risco a saúde pública
local;
CONSIDERANDO que, não bastasse isso,
além de poucos, há agentes de controle de endemia em ............................ que
estão em desvio de função, sem comprometimento da Municipalidade na execução
dos serviços públicos de prevenção e combate à dengue;
CONSIDERANDO que a noticiada
manutenção desses servidores públicos em exercício de funções estranhas às do
cargo de origem configura violação aos princípios de legalidade e eficácia,
previstos no caput do art. 37 da Constituição Federal de 1988, visto que inexiste
previsão legal para tanto, além de que isso compromete a eficácia na prestação
originária dos serviços públicos de saúde que tais agentes deveriam estar
prestando;
CONSIDERANDO que a tolerância de
servidores públicos em desvio de finalidade, sobretudo em flagrante prejuízo à
saúde pública, pode, em tese, configurar o ato de improbidade administrativa
previsto no art. 11, I, da Lei n. 8429/92;
CONSIDERANDO que o rendimento normal
previsto nas Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e
Controle de Epidemias de Dengue para o trabalho de cada ACE é de 20 a 25
imóveis/agenda/dia, rendimento esse que não está sendo alcançado no Município
de ........., visto que há ACEs estão em exercício de outras funções;
CONSIDERANDO que em ................. a
Secretaria Municipal de Saúde ainda não está fornecendo os materiais básicos e
equipamentos de proteção individual (EPIs) aos ACEs;
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CONSIDERANDO que, pela Portaria GM/MS


n. 1378/2013, que regulamenta as atribuições das Secretarias de Saúde em
vigilância em saúde, em combinação com as Diretrizes Nacionais para Prevenção
e Controle da Dengue, do MS (à disposição na internet), cabe aos Municípios
disponibilizar todo o material individual necessário para o trabalho de cada
agente de combate às endemias:
bolsa de uso individual com material para o
trabalho, com: i) Álcool 70% para remessas de larvas ao laboratório; ii)
Algodão; iii) Apontador; iv) Bacia plástica pequena; v) Localizador (bandeira);
vi) Mapas das áreas a serem trabalhadas no dia; vii) Calculadora; viii) Cola
plástica; ix) Pesca-larvas água limpa; x) Pesca-larvas água suja; xi) Escova
pequena; xii) Espelho pequeno; xiii) Flanela; xiv) Fita ou escala métrica; xv)
Formulários para registros de dados; xvi) Inseticida em quantidade suficiente
para o dia; xvii) Lâmpada de foco sobressalente; xviii) Lápis grafite com
borracha; xix) Lápis de cera, azul ou preto ou tinta; xx) Lanterna; xxi) Manual de
instruções; xxii) Medidas para uso de inseticidas (colher de sopa e de café); xxiii)
Pasta com elástico para guarda de papéis; xxiv) Prancheta; xxv) Pipeta tipo
conta-gotas; xxvi) Sacos plásticos com capacidade de 1 kg para guardar os
pesca-larvas; xxvii) Tubitos para acondicionamento de larvas; xxviii) Pipetão;
xxix) Barbante; xxx) Concha; xxxi) Protetor solar; xxxii) Repelente;
uniforme de trabalho completo (camiseta,
calça e bota com bico de aço) com bolsa/mochila de lona, crachá de
identificação, bandeira para localização, formulários específicos, croqui e mapas
das áreas a serem trabalhadas, caderno de capa dura ou caderneta, lápis,
borracha e apontador, pasta com elástico, prancheta, lápis tipo estaca, cola
plástica e lixa, calça; blusa, calçado, boné ou similar e capa de chuva ou guarda-
chuva.
os seguintes equipamentos de proteção
individual:
EPIs para uniformes e vestimentas; EPIs para
proteção para aplicação de inseticidas/biolarvicidas; Máscaras faciais completas
para nebulização com UBV costal e máscaras semi-faciais para aplicação de
inseticidas em superfície em áreas com ação residual e máscaras respiratórias
com filtros de proteção.
CONSIDERANDO que também se noticia que
em ................ os agentes de controle de endemia (ACEs) no momento não detém
capacitação técnica suficiente;
CONSIDERANDO que, para a atuação eficaz
dos ACEs no trabalho de campo, tanto para identificação dos potenciais
criadouros, quanto para remoção de criadouros, é decisiva a capacitação técnica
dos ACEs, obrigação da gestão municipal do SUS;
CONSIDERANDO que esse dever é decorrente
do princípio constitucional da eficiência no serviço público (art. 37, caput, da
CF/88), bem como do princípio da resolutividade nas ações e serviços de saúde
(art. 7º, XII, da Lei n. 8080/90), por si só já impõem ao gestor municipal do SUS o
dever de capacitar permanentemente seus ACEs e demais profissionais da
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vigilância epidemiológica (obrigação especificada ainda no art. 23, XX, da


Portaria GM/MS n. 3252/09).
CONSIDERANDO que as Regionais da SESA
em regra oferecem, disponibilizam ou encaminham os Municípios para cursos e
atividades rápidas de atualização de ACEs e outros profissionais, de sorte que há
variada gama de possibilidades imediatas para capacitação dos agentes de
combate à dengue;
CONSIDERANDO que o documento Diretrizes
Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS (à disposição na
internet) contêm todas as ordenações técnicas para tanto, cabendo ao gestor
municipal capacitar seus ACEs para que sigam essas regras técnicas;
CONSIDERANDO que ainda se evidencia da
documentação anexa que o Município de ............. registra atraso na reavaliação
do LIRAa, feito tardiamente;
CONSIDERANDO que as Diretrizes
Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de
Dengue (especificamente nos itens 5.3.7 e 5.3.8, no Anexo X, item 5, e Anexo
XX), recomendam a todos os Municípios medição desse índice, inclusive através
do LIRAa (índice de levantamento rápido), pelo menos nos meses de janeiro e
março, e a cada três meses, quando há registro de infestações na última
avaliação (o que é o caso de .........................., Município infestado);
CONSIDERANDO que, neste caso, como o
município de ............ não vem fazendo as medições de acordo com as
determinações do Ministério da Saúde e, o que é ainda pior, o índice de
infestação predial se encontra muito elevado, conclui-se o seguinte: muita
infestação de mosquito, mas poucas vistorias/inspeções nos imóveis locais e
pouca medição dos patamares de infestação do vetor.
CONSIDERANDO que tal conjunção sugere
situação perigosa, pois assim não há como saber com exatidão os verdadeiros
dados relativos a estes indicadores – a infestação na realidade pode ser superior
ao registrado;
CONSIDERANDO que em .............. o
reconhecimento geográfico (RG) está desatualizado;
CONSIDERANDO que não é possível que as
ações visando combater a proliferação da dengue e também de outras doenças
sejam feitas sem o reconhecimento geográfico, consistente na identificação e
numeração de quarteirões, bem como a especificação de cada tipo de imóvel,
detectando aqueles pontos estratégicos - aqueles com perfil de maior
potencialidade para produzir criadouros do mosquito (depósitos de pneus,
cemitérios, oficinas mecânicas, etc).
CONSIDERANDO que a atualização deve ser
feita sempre no final de cada ciclo de medição do LIRAa (uma vez que o
trabalho desenvolvido pelos ACEs se baseia no mapeamento da cidade), como
recomendam as Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e
Controle de Epidemias de Dengue do MS;
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CONSIDERANDO que o atraso no


reconhecimento geográfico prejudica a eficiência dos serviços de saúde pública e
não permite que eles sejam desenvolvidos com resolutividade, contrariando os
dispositivos constitucionais e legais atinentes à espécie, sendo salutar atualização
dos reconhecimentos geográficos, com visitação e inspeção dos pontos
estratégicos atualizadamente detectados;
CONSIDERANDO que os imóveis tidos como
pontos estratégicos em ................. não estão sendo visitados dentro de 15 dias,
sem atacar nessa periodicidade os principais pontos onde se encontram
criadouros do vetor da dengue;
CONSIDERANDO que o planejamento das
ações visando combater a proliferação da dengue e também de outras doenças
pressupõe manter atualizada a visitação com inspeção dos pontos estratégicos do
município: aqueles imóveis com perfil de maior potencialidade para produzir
criadouros do mosquito (depósitos de pneus, cemitérios, oficinas mecânicas, etc)
CONSIDERANDO o alto índice de pendências
em ............, com poucas providências adotadas para o resgate das pendências, o
que pode ser consequência da própria falta de ACEs em número suficiente, da
falta de capacitação destes ou até mesmo da insuficiência de materiais e EPIs;
Considerando que, diante da dificuldade dos
agentes de endemias em visitar determinados imóveis para fazer a averiguação, o
Ministério da Saúde elaborou o Programa Nacional de Controle da Dengue:
Amparo Legal à Execução das Ações de Campo – Imóveis Fechados,
Abandonados ou com Acesso não Permitido pelo Morador, guia de amparo aos
gestores locais, inclusive contendo um modelo de decreto municipal para que
sejam fixados os procedimentos a serem adotados pelos Agentes de Combate a
Endemias frente a recusa ou a inexistência de proprietário no local.
CONSIDERANDO que para diminuir essas
pendências também pode ser aplicada a Portaria MS/GM 2.142/2008, que
recomenda que os municípios adotem estratégias para orientar e para que sejam
verificadas as infrações cometidas pelos proprietários de imóveis no que tange a
necessidade do combate a dengue.
CONSIDERANDO que, de acordo com o
artigo 63, XXXVII do Código de Saúde do Estado do Paraná “obstar ou dificultar
a ação fiscalizadora das autoridades sanitárias competentes, no exercício de
suas funções” é infração sanitária, com pena de advertência e/ou multa,
CONSIDERANDO assim caber ao gestor
municipal de saúde tomar as medidas necessárias para fazer valer tais
dispositivos legais, determinando à vigilância sanitária local, em necessária
integração com os agentes de controle de endemias, que lavre os autos/termos
de infração em face dos proprietários de imóveis que apresentem resistência na
remoção de criadouros ou mesmo em franquear acesso aos ACEs para as
vistorias.
CONSIDERANDO a noticiada baixa
qualidade nas ações de campo, inclusive de remoção de criadouros,
em ...............;
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CONSIDERANDO que a execução do


controle do mosquito é tarefa que cabe primordialmente aos Municípios, em
consonância com o art. 18, IV, “a”, da Lei Federal n. 8080/90, e com o descrito
art. 11, da Portaria GM/MS 1378/2012, que impõem tal obrigação aos
Municípios, desde captura de vetores, identificação e levantamento de índices de
infestação, registro e captura de animais, eliminação mecânica de potenciais
criadouros até ações de controle químico e biológico (inseticidas), sempre
priorizando-se o controle mecânico.
CONSIDERANDO as diversas iniciativas de
controle mecânico em larga escala que AINDA NÃO FORAM incorporadas pela
administração municipal em ................., dentre as quais:
• reforço na coleta de resíduos sólidos, com
destino final adequado, em áreas com altos índices de infestação;
• coleta, armazenamento e destinação
adequada de pneumáticos, atividade que tem amparo legal na Resolução
CONAMA N. 258, e que deve ser executada em parceria entre a iniciativa privada
e os Municípios, com a implantação de Ecopontos (www.reciclanip.com.br) e
• vedação de depósitos de armazenamento de
água, com a utilização de capas e tampas.
CONSIDERANDO que a destruição dos
criadouros deve ser prioritariamente realizada de forma mecânica, pelo próprio
morador ou responsável pelo imóvel, com supervisão e fiscalização direta do ACE
no domicílio;
CONSIDERANDO que, ante a falta de ACEs
em atividade em ................, os bloqueios estão sendo feitos tardiamente;
CONSIDERANDO que o bloqueio de
transmissão consiste na aplicação de inseticida por meio da nebulização –
tratamento a UBV, pelo uso de equipamentos portáteis (costal) ou pesados
(acoplados em veículos), em, pelo menos, uma aplicação, iniciando no quarteirão
de ocorrência e continuando nos adjacentes, considerando um raio de 150m.
CONSIDERANDO que essa atividade deve
ser desencadeada o quanto antes, já que se trata de uma ação imediata para
combate do vetor, preferencialmente em 24h, visto se tratar de ............... de
Município INFESTADO;
CONSIDERANDO o princípio constitucional
da eficiência no serviço público (art. 37, caput, da CF/88), bem como o princípio
da resolutividade nas ações e serviços de saúde (art. 7º, XII, da Lei n. 8080/90),
por si só já impõem ao gestor municipal do SUS o dever de atuar de forma
coordenada, para que o serviço de saúde seja prestado da forma mais eficiente e
reslutiva possível. Sendo assim, as atividades de combate à dengue devem ser
organizadas, principalmente visitando os pontos estratégicos da cidade para
combater o vetor da doença.
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CONSIDERANDO também as deficiências no


envio de dados sobre as notificações de casos suspeitos e confirmados nos
sistemas informatizados do SUS, por parte do Município de ................;
CONSIDERANDO que todos os casos de
suspeita de dengue devem ser notificados à Vigilância Epidemiológica Estadual,
através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), mediante
preenchimento de:
a) Ficha Individual de Notificação (FIN) –
onde constam dados básicos (pessoa, tempo e lugar) sobre o paciente
b) Ficha Individual de Investigação (FII) –
além dos dados da notificação, dados completos sobre a doença, tais como local
provável de infecção, exames laboratoriais, evolução do caso, classificação final,
manifestações clínicas dos casos graves, entre outros dados.
CONSIDERANDO que esses documentos
devem ser preenchidos nas unidades de saúde (ou resultantes da busca ativa da
Vigilância Epidemiológica municipal) e digitadas no Sistema de Informação de
Agravos de Notificação, transmitidos para a Vigilância Epidemiológica Estadual
e, desta, para o Ministério da Saúde.
CONSIDERANDO que, pelas Diretrizes
Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de
Dengue, é necessário investigar TODOS os casos notificados de suspeita (e não
de confirmação), e no menor prazo possível;
CONSIDERANDO que se recomenda que a
própria unidade de saúde realize a investigação e encaminhe as informações para
a vigilância epidemiológica. Essa investigação deve ser feita quando da consulta
do paciente, mediante análise dos prontuários médicos, ou ainda por busca ativa
(quando equipe técnica vai à residência ou domicílio do paciente suspeito para
entrevista e no local provável de infecção). Para tanto, deve ser preenchida a
ficha de investigação de dengue e encerrado o caso em até 60 dias após a data de
notificação.
CONSIDERANDO que os dados
entomológicos (relativos a suspeita ou confirmação de contaminação de paciente
por vírus transmitidos por vetores insetos) devem ser enviados à vigilância
epidemiológica estadual no menor prazo possível, como as Diretrizes Nacionais
do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue
recomendam:
Em período de epidemias, quando a unidade
de saúde não utilizar o aplicativo Sinan/net e ter acesso a internet, ou não
dispuser de recolhimento diário das fichas, ou o número de casos ultrapassar a
capacidade de digitação, o número de casos suspeitos na semana epidemiológica
correspondente deve ser informado por meios de comunicação rápida (via
telefone, fax, e-mail etc), de maneira a informar oportunamente a vigilância
epidemiológica da SMS. Ressalta-se que todos os casos devem ser incluídos no
Sinan o mais breve possível. Essa mesma estratégia pode ser adotada para
repasse de informações para os níveis estadual e nacional. Os casos graves
devem ser informados imediatamente a esfera subseqüente.
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Procuradoria-Geral de Justiça
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* Sistema de Informação de Agravos de


Notificação
CONSIDERANDO que o número de hipóteses
suspeitas deve ser enviado também para a vigilância entomológica da SMS
igualmente no menor prazo possível, para possibilitar que se desencadeiem as
ações de bloqueio do vetor o quanto antes;

CONSIDERANDO a noticiada falta de


integração das equipes de vigilância em saúde com os profissionais da área de
assistência médica no Município de .........................;
CONSIDERANDO que deve haver integração
entre a vigilância sanitária municipal e as equipes do Programa de Saúde da
Família nas atividades de controle vetorial, o que é decisivo no combate à
dengue, cabendo ao gestor municipal desencadear as providências necessárias,
no que tange aos fluxos de funcionamento dos serviços da vigilância
epidemiológica (mormente dos ACEs), da vigilância sanitária e da atenção
primária na assistência médica (unidades básicas de saúde e/ou estratégia
Programa Saúde da Família), para que os três estejam sintonizados e com
constante troca de informações.
CONSIDERANDO o art. 7, II, da Lei
Orgânica da Saúde:
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e
os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único
de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art.
198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios:
II - integralidade de assistência, entendida
como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de
complexidade do sistema.
CONSIDERANDO que, pelo princípio da
integralidade, a lei exige articulação contínua entre os serviços preventivos
(vigilâncias epidemiológica e sanitária) e curativos (assistência médica), de sorte
que assim o art. 13, II, do Decreto Federal n. 7508 estabelece:
Para assegurar ao usuário o acesso universal,
igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, caberá aos entes
federativos, além de outras atribuições que venham a ser pactuadas pelas
Comissões Intergestores:
II - orientar e ordenar os fluxos das ações e
dos serviços de saúde.
CONSIDERANDO que, como corolário
desses princípios e regras, os incisos X e XI, do art. 11 da Portaria GM/MS n.
1378/2012, prevêem que cabe ao Município “desenvolvimento de estratégias e
implementação de ações de educação, comunicação e mobilização social” e
“promoção e execução da educação permanente em seu âmbito de atuação”;
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CONSIDERANDO que se detectaram ainda


significativas fragilidades na assistência à saúde do paciente com suspeita ou
confirmação de dengue em ..................;
CONSIDERANDO que, na integração com as
unidades básicas de saúde e com a Estratégia Saúde da Família, todos os
recursos humanos devem deter capacidade técnica (dentro dos atributos de suas
respectivas formações), para reconhecer casos suspeitos e encaminhá-los com
rapidez para diagnóstico e tratamento;
CONSIDERANDO que, no mesmo sentido,
cabe ao gestor municipal capacitar os profissionais da atenção primária na
assistência médica (agentes comunitários de saúde, enfermeiros, auxiliares e/ou
técnicos de enfermagem e médicos) para reconhecimento de suspeita de dengue;
CONSIDERANDO que as Diretrizes
Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS (à disposição na
internet) contém todas as orientações técnicas para tanto, cabendo ao gestor
municipal do SUS exigir que todos os profissionais de saúde sigam essas regras;
CONSIDERANDO que deve haver
organização da rede de atenção básica municipal para assistência terapêutica
integral ao paciente com suspeita de dengue (unidade de saúde referência, local
de dispensação de medicamentos, leitos de referência e o respectivo fluxo de
atendimento);
CONSIDERANDO que a atenção básica
precisa estar organizada para atendimento ao paciente em suspeita de dengue,
para que a assistência médica devida seja feita com a resolutividade necessária,
no menor prazo de tempo possível;
CONSIDERANDO que todos os profissionais
de saúde, mormente da assistência médica, além de estar capacitados para
reconhecer rapidamente suspeita de dengue, devem saber qual unidade
municipal é referência para o atendimento médico ao paciente em suspeita, bem
como onde esse usuário deverá retirar a medicação prescrita, e onde ele deverá
ser internado em caso de evolução da doença, o que não parece ainda ocorrer
no Município de ...................;
CONSIDERANDO que o princípio da
integralidade pressupõe “conjunto articulado e contínuo das ações e serviços
preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos
os níveis de complexidade do sistema” (art. 7º, II, da LOS);
CONSIDERANDO que o documento
Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS (à disposição
na internet) contém todas as orientações técnicas a respeito, cabendo ao gestor
municipal do SUS estabelecer os respectivos fluxos e fazê-los serem de
conhecimento de todos profissionais de saúde do Município. É o que prevê o art.
13, II, do Decreto Federal n. 7508/11;
CONSIDERANDO que no Município
de ........... a classificação de risco dos pacientes do SUS com suspeita de dengue
é deficitária;
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CONSIDERANDO a rápida evolução da


doença, para resolutividade do tratamento médico necessário com a eficiência
que se espera do serviço público de saúde, o protocolo de reconhecimento de
classificação de risco de urgência e emergência no atendimento ao paciente em
suspeita de dengue, previsto no documento Diretrizes Nacionais para Prevenção e
Controle da Dengue, do MS, deve ser adotado em todas as unidades de saúde
municipais (próprias e da rede privada contratada/conveniada), em primeiro
momento pelos profissionais que fazem o acolhimento/recepção dos pacientes e
em seguida pelos profissionais médicos, cabendo ao gestor municipal do SUS
adotá-lo e capacitar as respectivas equipes técnicas a manejá-lo (art. 7, II, da Lei
Orgânica da Saúde; art. 13, II, do Decreto Federal n. 7508, e art. 11, da Portaria
GM/MS n. 1.378/2013).
CONSIDERANDO que o município
de ............. não está fornecendo o “cartão de acompanhamento do paciente com
suspeita de dengue”, documento previsto nas Diretrizes Nacionais para
Prevenção e Controle da Dengue, do MS, e de suma importância, pois através
dele é que se faz o acompanhamento mais célere e eficaz da evolução da doença
no paciente.
CONSIDERANDO que o uso de tal documento
permite assistência médica mais resolutiva (princípio da resolutividade, do art. 7º,
XII, da LOS), eficaz (princípio da eficiência, do art. 37, caput, da CF/88) e
contínua (princípio da integralidade, art. 7, II, da LOS) ao paciente com suspeita
de dengue, pois se possibilita que, a partir do estabelecimento da situação de
risco, todas as providências técnicas em seu tratamento sejam adotadas (e
registradas no Cartão) o quanto antes, em todos os níveis de complexidade da
assistência médica (desde a estratégia Saúde da Família até eventual internação
hospitalar) e em quaisquer portas de entrada (da atenção básica ou em
urgência/emergência).
CONSIDERANDO que, não obstante o atual
índice de infestação local ser de alerta, ................. ainda não criou seu Comitê
Gestor Intersetorial de Combate à dengue;
CONSIDERANDO que essa é a melhor forma
de mobilização da sociedade civil, sobretudo para auxiliar a reduzir o atual
índice de pendências, pois tal fórum, quase como forma complementar de controle
social, fomenta a discussão sobre eficácia das ações das vigilâncias sanitária e
epidemiológica, sobre a qualidade da própria assistência médica na atenção
básica, e, sobretudo, sobre a responsabilidade social no controle do vetor;
CONSIDERANDO que a instituição desse
comitê também é importante recomendação das Diretrizes Nacionais para
Prevenção e Controle da Dengue, do Ministério da Saúde;
CONSIDERANDO que combater o Aedes
aegypti demanda o envolvimento articulado de diversos setores – como educação,
saneamento, limpeza urbana e segurança pública – assim como o envolvimento de
parceiros do setor privado e da sociedade organizada, sobretudo porque é grande
a responsabilidade comunitária no controle dos criadouros de mosquito em
residências e imóveis comerciais e industriais;
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CONSIDERANDO que, se a população não


tem acesso permanente aos dados sobre o índice de infestação predial e do
número de casos suspeitos e confirmados do bairro onde mora, não se sente
mobilizada nem incentivada a contribuir para a eliminação de focos do vetor.
CONSIDERANDO que a mobilização deve
ser compreendida como suporte para as ações de gestão do SUS, utilizando-se
das ferramentas da comunicação e da educação para fazer chegar à comunidade
o papel de cada um no combate a essa doença;
CONSIDERANDO que, nesse sentido, é
decisiva a articulação com o Conselho de Saúde, visto que esse órgão
consubstancia a participação da comunidade no SUS (art. 198, III, da CF/88),
representado tanto pelo segmento dos gestores da saúde, quanto dos
trabalhadores e prestadores em saúde, quanto pelo segmento dos usuários do
Sistema. É cenário que abarca quase todos os atores sociais responsáveis pelo
combate à dengue. Ademais, possibilita maior cobrança efetiva das ações de
combate ao vetor por parte da vigilância epidemiológica e das ações de
assistência médica.
CONSIDERANDO ser salutar, pois, a
mobilização da sociedade civil organizada local, sobretudo para auxiliar a
reduzir o inaceitável atual índice de pendências e também diminuir o
preocupante o índice de infestação predial. Isso porque tais fóruns, quase como
forma complementar de controle social, fomentam a discussão sobre eficácia das
ações das vigilâncias sanitária e epidemiológica, sobre a própria assistência
médica na atenção básica, e, sobretudo, sobre a responsabilidade social no
controle do vetor.
CONSIDERANDO que cabe à Secretaria
Municipal de Saúde, seguindo as orientações contidas nas Diretrizes Nacionais
para Prevenção e Controle da Dengue, do Ministério da Saúde, expedir ato
administrativo formal para instituir esse comitê, indicando os órgãos públicos e
entidades da sociedade civil local a serem convidados, com seus respectivos
representantes, dando ampla publicidade a respeito das datas, horários e locais
das reuniões (sobretudo nas rádios locais, para possibilitar maior acesso
popular).
CONSIDERANDO a força dos Conselhos de
Saúde na mobilização social ser decisiva na prevenção e no combate à dengue,
como se observa das atribuições previstas nos incisos XX e XXIII, da 5ª Diretriz
da Resolução n. 453/2012, do Conselho Nacional de Saúde:
XX - estimular articulação e intercâmbio entre
os Conselhos de Saúde, entidades, movimentos populares, instituições públicas e
privadas para a promoção da Saúde;
XXIII - estabelecer ações de informação,
educação e comunicação em saúde, divulgar as funções e competências do
Conselho de Saúde, seus trabalhos e decisões nos meios de comunicação,
incluindo informações sobre as agendas, datas e local das reuniões e dos eventos;
CONSIDERANDO que ............. não está
preparado(a) para enfrentar uma possível epidemia de dengue, pois, além de
todas essas deficiências, a Municipalidade não detém espaço físico adequado
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para as atividades de combate à dengue e também não ofertou veículos


automotores.
CONSIDERANDO ser urgente que a
Secretaria Municipal de Saúde promova imediata adequação de suas atividades
aos parâmetros legais para que as ações e serviços de saúde – de prevenção,
promoção e assistência, que são considerados de grande relevância (art. 197 da
CF/88), sejam prestados de forma eficiente (art. 37, caput da CF/88), resolutiva,
integral e contínua (art. 7º da Lei Orgânica da Saúde);
CONSIDERANDO que, se todos os
municípios, inclusive .............., tivessem executado as ações e serviços de saúde
(desde prevenção e promoção, pela vigilância, e até a assistência) que lhe cabiam
no combate à dengue, muito se teria feito para evitar os óbitos acontecidos (todos
evitáveis) e para reduzir a quantidade de pessoas acometidas pelo agravo no
Paraná – e em especial em ..........., cujos números atingem até hoje
denominadores finais que são inconcebíveis;
CONSIDERANDO o disposto nos artigos 1º,
incisos II e III; e 3º, inciso IV, ambos da Constituição Federal, que impõem,
respectivamente, como fundamentos da República Federativa do Brasil, "a
cidadania" e a "dignidade da pessoa humana" e como seu objetivo primeiro, a
promoção do “bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer formas de discriminação";
CONSIDERANDO o disciplinado no artigo
196, da Constituição Federal, que preconiza ser “a saúde direito de todos e dever
do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”;
CONSIDERANDO o contido no artigo 197,
também da Constituição Federal, ao dispor que "são de relevância pública as
ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei,
sobre sua regulamentação, fiscalização e controle”;
CONSIDERANDO o contido no artigo 127,
da Constituição Federal da República, que dispõe que “o Ministério Público é
instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-
lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis";
CONSIDERANDO o disposto nos artigos 129,
II, da Magna Carta, e 120, II, da Constituição do Estado do Paraná, que atribuem
ao Ministério Público a função institucional de “zelar pelo efetivo respeito dos
Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia”;
CONSIDERANDO a disposição do art. 27,
parágrafo único, IV, da Lei Federal n.º 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, o qual
faculta ao Ministério Público expedir recomendação administrativa aos órgãos da
administração pública federal, estadual e municipal, requisitando ao destinatário
adequada e imediata divulgação e a disposição do art. 200, da Lei Complementar
Estadual nº 85/99, que salienta caber ao Ministério Público a expedição de
recomendações visando a melhoria dos serviços públicos e de relevância pública,
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o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO


PARANÁ, através da Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública da
Comarca de ................., no uso de suas atribuições legais, expede a presente

RECOMENDAÇÃO ADMINISTRATIVA

aos senhores .................... Prefeito Municipal


de .................... e ............................., Secretario Municipal de Saúde do Município
de ......................, para que, em cumprimento às disposições legais mencionadas, e
em vista das circunstâncias ora apuradas, adote todas as providências
necessárias para,:
1) no prazo de noventa dias, realização de
concurso ou processo seletivo público, na forma da legislação (inclusive com
prévia remessa de projeto de lei municipal para criação de tantos cargos de
agentes de controle de endemia, se necessário for) com nomeação e contratação
dos profissionais aprovados em concurso ou processo seletivo (nos termos da Lei
nº 11.350, de 05 de outubro de 2006), em número mínimo equivalente de acordo
com a proporção de imóveis no Município, nos termos recomendados nas
“Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do Ministério da
Saúde”, e portanto então pelo menos ..... apenas para trabalhos de campo, para
garantir a força de trabalho necessária adequada execução das ações de
vigilância epidemiológica e controle do vetor Aedes aegypti;
2) no prazo de quinze dias,
contratação emergencial, de forma temporária (até que se preencham os cargos
públicos de ACEs por concurso ou processo seletivo público), mediante teste
seletivo, de .... ACEs para trabalho de campo, nos moldes do Manual de
Contratações “O SUS de A a Z” – publicação do Ministério da Saúde disponível
na página do MS na internet;
3) no prazo de dez dias, destinar
veículo automotor e local adequado para a parte administrativa da execução
municipal do Plano Nacional de Combate à Dengue (PNCD), com equipamento
de informática, telefone, fax e acesso à internet;
4) no prazo de dez dias, retorno de
todos os atuais agentes de controle de endemias (ACEs) que estiverem em
disfunção para o exercício de suas funções, para garantir a força de trabalho
necessária para eficaz execução das ações de vigilância epidemiológica e
controle do vetor Aedes aegypti;
5) no prazo de dez dias, designar e
manter coordenador e/ou supervisor para o PNCD para que este, com
programação preestabelecida realize, no prazo de cinco dias úteis a partir da
nomeação, supervisão para controle de qualidade dos trabalhos de campo dos
ACEs,
6) no prazo de trinta dias,
disponibilizar todo o material individual necessário para o trabalho de cada
agente de combate às endemias:
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bolsa de uso individual com material para o


trabalho, com: i) Álcool 70% para remessas de larvas ao laboratório; ii)
Algodão; iii) Apontador; iv) Bacia plástica pequena; v) Localizador (bandeira);
vi) Mapas das áreas a serem trabalhadas no dia; vii) Calculadora; viii) Cola
plástica; ix) Pesca-larvas água limpa; x) Pesca-larvas água suja; xi) Escova
pequena; xii) Espelho pequeno; xiii) Flanela; xiv) Fita ou escala métrica; xv)
Formulários para registros de dados; xvi) Inseticida em quantidade suficiente
para o dia; xvii) Lâmpada de foco sobressalente; xviii) Lápis grafite com
borracha; xix) Lápis de cera, azul ou preto ou tinta; xx) Lanterna; xxi) Manual de
instruções; xxii) Medidas para uso de inseticidas (colher de sopa e de café); xxiii)
Pasta com elástico para guarda de papéis; xxiv) Prancheta; xxv) Pipeta tipo
conta-gotas; xxvi) Sacos plásticos com capacidade de 1 kg para guardar os
pesca-larvas; xxvii) Tubitos para acondicionamento de larvas; xxviii) Pipetão;
xxix) Barbante; xxx) Concha; xxxi) Protetor solar; xxxii) Repelente;
uniforme de trabalho completo em quantia
suficiente para desenvolvimento do trabalho de rotina diário (camiseta, calça e
bota com bico de aço) com bolsa/mochila de lona, crachá de identificação,
bandeira para localização, formulários específicos, croqui e mapas das áreas a
serem trabalhadas, caderno de capa dura ou caderneta, lápis, borracha e
apontador, pasta com elástico, prancheta, lápis tipo estaca, cola plástica e lixa,
calça; blusa, calçado, boné ou similar e capa de chuva ou guarda-chuva.
os seguintes equipamentos de proteção
individual: EPIs para uniformes e vestimentas; EPIs para proteção para
aplicação de inseticidas/biolarvicidas; Máscaras faciais completas para
nebulização com UBV costal e máscaras semi-faciais para aplicação de
inseticidas em superfície em áreas com ação residual e máscaras respiratórias
com filtros de proteção.

7) no prazo de dez dias, solicitar


à ..............ª REGIONAL DE SAÚDE mediante ofício a realização de reciclagem
dos agentes de controle de endemias (ACEs) já em atuação, e capacitação e
treinamento dos demais contratados no prazo máximo de trinta dias contados da
data de nomeação;
8) no prazo de trinta dias, aumento em
......% da produção das ações de campo, a serem analisadas mediante supervisão
da ..............ª Regional da SESA, do registro de visitas pelos boletins dos ACEs,
especialmente de remoção mecânica de criadouros, mediante reforço na coleta
de resíduos sólidos, com destino final adequado e vedação de depósitos de
armazenamento de água, com a utilização de capas e tampas;
9) no prazo de noventa dias, realizar
as fiscalizações para identificação e remoção de potenciais criadouros, em todos
os imóveis do Município, mantendo a realização das visitas em 100% dos
imóveis a cada dois meses, enquanto o Município apresentar índice de infestação
IIP acima do preconizado pelo Ministério da Saúde, até 1%;
10) no prazo de noventa dias, reduzir os
índices de pendências para até 10%, inclusive realizando atividades de
recuperação nos finais de semana e feriados;
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11) no prazo de sessenta dias,


realização do LIRAa, com renovação de tal medição a cada três meses, conforme
preconiza o Ministério da Saúde, enquanto houver infestações no Município;
12) no prazo máximo de dez dias após a
realização de cada LIRAa, atualização do Reconhecimento Geográfico (RG) dos
Imóveis do Município;
13) realizar os bloqueios de casos
notificados no prazo de 24 horas a partir da identificação de cada caso de
suspeita de dengue;
14) no prazo de trinta dias, adequação da
comunicação das notificações de casos suspeitos de dengue à Vigilância
Epidemiológica Estadual, através de alimentação correta e tempestiva do
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), mediante
15) no prazo de dez dias, preenchimento de
Ficha Individual de Notificação (FIN) e Ficha Individual de Investigação (FII),
em que constem todos os dados de notificação de TODOS OS CASOS DE
SUSPEITA, tendo todos dados da ficha preenchidas de forma completa sobre a
suspeita (local provável de infecção, exames laboratoriais, evolução do caso,
classificação final, manifestações clínicas dos casos graves, etc), nas unidades de
saúde (ou resultantes da busca ativa da Vigilância Epidemiológica municipal), e
16) no prazo de dez dias, digitação de todos
esses dados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, transmitidos
para a Vigilância Epidemiológica Estadual, nos termos recomendados pelas
DERANDO que as Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e
Controle de Epidemias de Dengue ainda recomendam:
17) adequada investigação de TODOS OS
CASOS SUSPEITOS no menor prazo possível, quando da consulta do paciente,
mediante análise dos prontuários médicos, ou ainda por busca ativa, com
preenchimento da ficha de investigação de dengue e encerramento de cada
investigação em até 60 dias após a data de notificação;
18) no prazo de dez dias, envio dos dados
entomológicos à vigilância epidemiológica estadual no menor prazo possível,
como as Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle
de Epidemias de Dengue recomendam;
19) imediata comunicação de todos os casos
suspeitos, por parte das unidades básicas de saúde, à vigilância epidemiológica
da SMS, para possibilitar que se desencadeiem as ações de bloqueio do vetor o
quanto antes;
20) no prazo de trinta dias, integração das
equipes de vigilância em saúde com os profissionais da área de assistência
médica;
21) no prazo de quinze dias, adequação da
assistência à saúde do paciente com suspeita ou confirmação de dengue,
sobretudo com capacitação urgente e permanente de todos os profissionais de
saúde para reconhecer rapidamente qualquer suspeita de dengue, para saber qual
unidade municipal é referência para o atendimento médico ao paciente em
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suspeita, bem como onde o usuário deverá retirar a medicação prescrita, e onde
ele deverá ser internado em caso de evolução da doença;
22) no prazo de dez dias, adotar o protocolo
de reconhecimento de classificação de risco de urgência e emergência no
atendimento ao paciente em suspeita de dengue, previsto nas Diretrizes
Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS, em todas as unidades
de saúde municipais (próprias e da rede privada contratada/conveniada), em
primeiro momento pelos profissionais que fazem o acolhimento/recepção dos
pacientes e em seguida pelos profissionais médicos, com adequado treinamento
das respectivas equipes técnicas a manejá-lo;
23) no prazo de dez dias, fornecer “cartão de
acompanhamento do paciente com suspeita de dengue”, a toda a pessoa que for
atendida em quaisquer unidades de saúde próprias, contratadas ou conveniadas,
com diagnóstico de suspeita de dengue;
24) no prazo de cinco dias, expedição de ato
administrativo formal para instituição de Comitê Gestor Intersetorial Municipal
de Combate à dengue, indicando os órgãos públicos e entidades da sociedade
civil local a serem convidados, com seus respectivos representantes, dando ampla
publicidade a respeito das datas, horários e locais das reuniões, com integração
com o Conselho Municipal de Saúde dando ampla publicidade a respeito das
datas, horários e locais das reuniões no mínimo mensais (sobretudo nas rádios
locais, para possibilitar maior acesso popular).
Assina-se o prazo de 10 (dez) dias para que a
autoridade mencionada comunique ao Ministério Público, fundamentadamente,
quanto à adoção ou não das providências adotadas na espécie, inclusive
indicando as razões técnicas e jurídicas para não observância das diretrizes ora
expostas e das medidas faltantes.

Assevera-se que o não cumprimento da


presente, sem justificativas formais, levará ao ajuizamento das ações cíveis
cabíveis, inclusive para responsabilização pelas omissões no combate à dengue,
sem prejuízo da adoção de outras providências pertinentes, sobretudo por
eventual improbidade administrativa.
Dê-se ciência, por ofício, à Câmara de
Vereadores do Município de .............., ao Conselho Municipal de Saúde
de ............... e à ...............ª Regional da Secretaria de Estado da Saúde.

..............., ............ de outubro de 2013

............
PROMOTOR DE JUSTIÇA”
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Na verdade, o conteúdo dessa recomendação administrativa


abarca tão somente o cumprimento da lei e do dever legal de prestar ações de
prevenção, promoção e recuperação da saúde, o que não restou suficientemente
cumprido pelo Município réu.
Os relatórios de fls. ......................., da Vigilância
Epidemiologica da Secretaria de Estado da Saúde - ....a Regional, de ........., informam
que a situação de risco de surto no Município de ..................... desde então somente
piorou, com aumento de casos confirmados de dengue nos últimos dois meses.
Como tais documentos indicam, sem sequer disponibilizar o
material necessário aos agentes de controle de endemias (ACEs), sem rotina de
supervisão, sem acesso à internet, sem disponibilização de veículos destinados ao
combate à dengue, sem plano de contingência adequado, além de todas as demais
graves omissões abaixo relacionadas, por óbvio que tudo isso gera o
preocupante índice de infestação predial, o aumento na contaminação de
pessoas (cuja doença poderia ser evitada) com risco de morte desses pacientes:
Atraso na reavaliação da medição da infestação pelo LIRAa, feito tardiamente;
Falta de agentes de controle de endemia (ACEs) em desproporção com o número de
imóveis municipais, com agentes cedidos para outros órgãos;
Falta de fornecimento de materiais básicos e equipamentos de proteção individual
(EPIs) aos ACEs;
Atraso na atualização do reconhecimento geográfico (RG) para planejamento das
ações de controle vetorial;
Alto índice de pendências (de imóveis não vistoriados pelos ACEs), com poucas
providências adotadas para o resgate das pendências;
Baixa qualidade nas ações de remoção de criadouros do mosquito vetor;
Falta de capacitação dos ACEs;
Falta de notificação de todos os casos suspeitos de dengue;
Falta ou atraso na investigação dos casos suspeitos para detecção no local provável de
infecção;
Bloqueios do vetor com atrasos;
Deficiências no envio de dados sobre as notificações de casos suspeitos e confirmados
nos sistemas informatizados do SUS;
Falta de capacitação suficiente da rede municipal de saúde para diagnóstico e
tratamento rápido e eficaz ao tratamento ao paciente em caso suspeito ou confirmado;
Falta de integração suficiente entre as equipes de vigilância em saúde e as equipes do
Programa de Saúde da Família e das UBSs nas atividades de controle vetorial;
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Falta de organização suficiente da rede de atenção básica municipal para assistência


terapêutica integral ao paciente com suspeita de dengue (unidade de saúde referência,
local de dispensação de medicamentos, leitos de referência e o respectivo fluxo de
atendimento);
Falta de triagem e/ou classificação de risco na recepção ao usuário do SUS com
suspeita de dengue;
Falta de disponibilização do Cartão de Acompanhamento do Paciente com Suspeita de
Dengue, como previsto nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da
Dengue, do MS
Não instituição de Comitê Gestor Intersetorial ou Comitê de Mobilização para
prevenção e combate à dengue;
Divulgações insuficientes para as comunidades locais dos índices de infestação
predial, dos números de casos suspeitos e confirmados;
Mobilização insuficiente das entidades da sociedade organizada para cooperação no
enfrentamento à dengue e
Insuficiente articulação junto ao Conselho Municipal de Saúde para cooperação no
enfrentamento à dengue.

O Sistema Único de Saúde é um sistema organizado e


estruturado de ações e serviços públicos de saúde que integram uma rede
regionalizada e hierarquizada. Tendo como diretriz o princípio da descentralização,
previsto no art. 198, I, da Constituição Federal.
A Constituição Federal em seu art. 30, VII, atribui aos
municípios a competência para
“prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e
do Estado, serviços de atendimento à saúde da população”.

A Lei nº 8080/90 atribuiu competência aos Municípios para


execução das ações de vigilância epidemiológica no art. 18 da Lei Federal n° 8.080/90:
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS)
compete:
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os
serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde;
II - participar do planejamento, programação e organização
da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde (SUS), em
articulação com sua direção estadual;
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III - participar da execução, controle e avaliação das ações


referentes às condições e aos ambientes de trabalho;
LV - executar serviços: a) de vigilância epidemiológica;”

Na Constituição do Estado do Paraná prevê-se o seguinte:


Art. 169 As ações e serviços públicos de saúde integram
uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema estadual de saúde,
organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - municipalização dos recursos, serviços e ações, com
posterior regionalização dos mesmos, de forma a apoiar os Municípios;”

Desta forma, as ações de vigilância epidemiológica, entre as


quais se encontrama as ações de controle do mosquito vetor da dengue, são de
competência direta e primordial dos Municípios, e, complementarmente dos Estados.
Portanto, não há dúvidas de que a execução das ações de
vigilância epidemiológica cabe aos Municípios, apenas com a supervisão, a
avaliação e controle das ações e a fornecimento de alguns insumos por parte dos
Estados e da União, que já financiam parte das ações que diretamente devem ser
exercidas pelas secretarias municipais de saúde.
E a Portaria do Ministério da Saúde MS/GM n° 1378/2013,
ao regulamentar as ações de vigilância epidemiológica, enumera algumas das
atribuições municipais estritamente de acordo com as Constituições Federal e Estadual
e com a Lei Federal n° 8.080/90:

Art. 11. Compete às Secretarias Municipais de Saúde a


coordenação do componente municipal dos Sistemas Nacionais de Vigilância em
Saúde e de Vigilância Sanitária, no âmbito de seus limites territoriais, de acordo com a
política, diretrizes e prioridades estabelecidas, compreendendo:
I - ações de vigilância, prevenção e controle das
doenças transmissíveis, a vigilância e prevenção das doenças e agravos não
transmissíveis e dos seus fatores de risco, a vigilância de populações expostas a
riscos ambientais em saúde, gestão de sistemas de informação de vigilância em
saúde em âmbito municipal que possibilitam análises de situação de saúde, as ações
de vigilância da saúde do trabalhador, ações de promoção em saúde e o controle dos
riscos inerentes aos produtos e serviços de interesse a saúde;
II - coordenação municipal e execução das ações de
vigilância;
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V - coordenação e alimentação, no âmbito municipal, dos


sistemas de informação de interesse da vigilância, incluindo:
a) coleta, processamento, consolidação e avaliação da
qualidade dos dados provenientes das unidades notificantes dos sistemas de base
nacional, de interesse da vigilância, de acordo com normalização técnica;
b) estabelecimento e divulgação de diretrizes, normas
técnicas, rotinas e procedimentos de gerenciamento dos sistemas, no âmbito do
Município, em caráter complementar à atuação das esferas federal e estadual; e
c) retroalimentação dos dados para as unidades
notificadoras;
VI - coordenação da preparação e resposta das ações de
vigilância, nas emergências de saúde pública de importância municipal;
VII - coordenação, monitoramento e avaliação da estratégia
de Vigilância em Saúde sentinela em âmbito hospitalar;
VIII - desenvolvimento de estratégias e implementação de
ações de educação, comunicação e mobilização social;
IX - monitoramento e avaliação das ações de vigilância em
seu território;
X - realização de campanhas publicitárias de interesse da
vigilância, em âmbito municipal;
XI - promoção e execução da educação permanente em
seu âmbito de atuação;
XII - promoção e fomento à participação social nas ações de
vigilância;
XIII - promoção da cooperação e do intercâmbio
técnicocientífico com organismos governamentais e não governamentais de âmbito
municipal, intermunicipal, estadual, nacional e internacional;
XIV - gestão do estoque municipal de insumos de interesse
da Vigilância em Saúde, incluindo o armazenamento e o transporte desses insumos
para seus locais de uso, de acordo com as normas vigentes;
XV - provimento dos seguintes insumos estratégicos:
a) medicamentos específicos, para agravos e doenças de
interesse da Vigilância em Saúde, nos termos pactuados na CIT;
b) meios de diagnóstico laboratorial para as ações de
Vigilância em Saúde nos termos pactuados na CIB;
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c) insumos de prevenção, diagnóstico e tratamento de


doenças sexualmente transmissíveis, indicados pelos programas, nos termos
pactuados na CIB; e
d) equipamentos de proteção individual - EPI - para todas
as atividades de Vigilância em Saúde que assim o exigirem, em seu âmbito de atuação,
incluindo vestuário, luvas e calçados;
XVI - coordenação, acompanhamento e avaliação da rede
de laboratórios públicos e privados que realizam análises essenciais às ações de
vigilância, no âmbito municipal;
XVII - realização de análises laboratoriais de interesse da
vigilância, conforme organização da rede estadual de laboratórios pactuados na
CIR/CIB;
XVIII - coleta, armazenamento e transporte adequado de
amostras laboratoriais para os laboratórios de referência.

Não se pode admitir alegação de suposta falta de recursos


financeiros para que essas atribuições não tenham sido cumpridas a contento até
agora pelo Município réu.
Ressalte-se a amplitude das verbas federais e estaduais
recebidas pelo município de ....... nos últimos dois anos para combate à dengue e para
prevenção da saúde.
No relatório de pagamento de fls. ..............., constata-se que
o Município de ....... recebeu os seguintes valores do Ministério da Saúde:

PLANILHA 01 – MS - 2012
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
174.656,41 174.656,41 174.656,41 174.656,41 184.342,06
116.276,48 174.656,41 195.593,28 174.656,41 174.656,41 174.656,41

PLANILHA 02 – MS - 2013

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
801.844,42 280.548,81 189.548,81 280.548,81 235.048,81 199.558,01
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280.548,81 282.206,05 240.998,77 240.998,77 240.998,77 240.8,77

Não bastasse isso, o relatório de fls......... demonstra as


verbas recebidas pelo Município ....... da Secretaria de Estado da Saúde para financiar
ações de vigilância em saúde e combate à dengue:

PLANILHA 01 – SESA - 2012


JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
174.656,41 174.656,41 174.656,41 174.656,41 184.342,06
116.276,48 174.656,41 195.593,28 174.656,41 174.656,41 174.656,41

PLANILHA 02 – SESA - 2013

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
801.844,42 280.548,81 189.548,81 280.548,81 235.048,81 199.558,01
280.548,81 282.206,05 240.998,77 240.998,77 240.998,77 240.998,77

Assim, é de se concluir que nos anos de 2012 e 2013 o


município réu recebeu o total de R$ .......................... da União e dos Estados, para
complementar seu orçamento para financiar as ações e serviços de saúde municipais
de prevenção e promoção à saúde, especialmente no combate à dengue.

Mesmo que o Município não tivesse recebido esse


aporte de recursos, suposta escassez de verbas não poderia servir de pretexto
para a Secretaria Municipal de Saúde descuidar desse importante eixo da vigilância
epidemiológica, privilegiando apenas a assistência médica aos casos suspeitos e
confirmados.
Não é juridicamente admissível que se continue a médio e
longo prazo privilegiando as ações curativas aos infectados, cujo número naturalmente
só tende a aumentar, sem eficaz controle das infestações.
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A Constituição Federal de 1988 em seu art. 198, II,


determina sejam priorizadas as ações de prevenção e promoção de saúde.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram


uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de
acordo com as seguintes diretrizes:
(...)
II - atendimento integral, com prioridade para as
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

Não é o que vem sendo feito em .... no que tange à dengue:


a prevenção da moléstia (através do controle do vetor, com eliminação dos potenciais
criadouros em visitas domiciliares) está sendo prejudicada, ante a falta de mais de ....
ACEs e outras tantas omissões fartamente documentadas na documentação anexa,
dando-se prioridade para as ações curativas, de assistência médica aos casos
suspeitos e confirmados.

Ademais, essa inconstitucional opção do gestor municipal


da saúde pública de .... em priorizar o eixo curativo no combate à dengue a longo
prazo, com certeza, será muito mais custosa ao Fundo Municipal de Saúde, na medida
em que, sem eficaz controle da infestação, o número de casos suspeitos e/ou
confirmados que exijam retaguarda médica (inclusive dos distantes leitos
especializados de infectologia) só tende a aumentar, sendo evidente que é muito
mais cara a manutenção de equipamentos e recursos humanos para
funcionamento de todo esse aparato do que o investimento na prevenção da
epidemia, através do controle do vetor.
Por outro aspecto, como visto, o Município não custeia
sozinho a integralidade das ações previstas no Plano Nacional de Combate à
Dengue. O financiamento das ações e serviços de saúde na prevenção e combate à
moléstia é compartilhado pelos três entes federativos.
Além do já demonstrado co-financiamento da União e do
Estado do Paraná nos montantes já expostos, no eixo do controle do vetor, a União e
os Estados ainda fornecem aos Municípios equipamentos e inseticidas utilizados
pelos ACEs: as máscaras faciais completas para nebulização de inseticidas a Ultra
Baixo Volume (UBV), as máscara semifaciais para aplicação de inseticidas em
superfície com ação residual para combate ao vetor e ainda o óleo vegetal para
diluição do praguicida são de responsabilidade de aquisição e fornecimento pelo
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Estado aos Municípios (art. 9º, inciso XVIII, “f”, 1 e 2, e “g”, da Portaria GM/MS n.
1378/2013).
Todos os inseticidas, praguicidas e demais insumos
destinados ao controle de doenças transmitidas pelo vetor são de responsabilidade de
aquisição e fornecimento pela União (distribuídas aos Municípios através dos
respectivos Estados, nos termos do art. 6º, XIX, “e”, da mesma Portaria)
Equipamentos de aspersão de inseticidas são de
responsabilidade de aquisição e fornecimento pelo Estado aos Municípios (art. 9º,
XVIII, “e” da referida Portaria).
Ademais, no eixo da assistência médica também há
significativo financiamento da União e dos Estados.
Da União porque é sabido que os recursos financeiros para
pagamento das internações hospitalares aos pacientes com dengue (e quaisquer
outros usuários do SUS) advém diretamente do Fundo Nacional de Saúde, através do
pagamento das correspondentes AIHs (autorizações para internação hospitalar).
E o provimento de medicamentos específicos para
tratamento de dengue é de responsabilidade solidária dos três entes federativos (art.
6º, IXI, “a”, art. 9º, XVIII, “b”, e art. 11, XV, “a”, da Portaria GM/MS n. 1.378/13) e foram
pactuados na Comissão Intergestores Tripartite. Cabe ao gestor municipal apenas o
planejamento oportuno (com base nos dados da própria vigilância epidemiológica
municipal) para sua solicitação prévia à SESA-PR, de sorte a garantir a manutenção
contínua de estoque suficiente nas unidades de saúde municipais (art. 11, inciso XIV,
da Portaria GM/MS n. 1.378/13)
Enfim, não há justificativas para que até hoje em ..... o
número de agentes de controle de endemias (ACEs) esteja abaixo do
preconizado no Programa Nacional de Combate à Dengue (PNCD), do Ministério da
Saúde, que recomenda pelo menos um ACE para cada 800 a 1000 imóveis.
À luz dessa regra, a documentação anexa, da Secretaria de
Estado da Saúde do Paraná, informa que no Município de .... faltam .... agentes de
controle de endemias para o trabalho de campo (vistorias e fiscalizações nos imóveis,
sobre a existência de potenciais criadouros dos mosquitos, para correspondente
remoção mecânica ou química)
Sob outro aspecto, de igual relevância, é de se frisar que os
ACEs não têm atribuições somente no controle do vetor da dengue, mas de controle e
prevenção de várias outras doenças, inclusive aquelas de transmissões de outras
formas (como raiva, leishmaniose, tuberculose, etc), como se infere pelo contido no art.
4º da Lei 11.350/2006:
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Art. 4o O Agente de Combate às Endemias tem como


atribuição o exercício de atividades de vigilância, prevenção e controle de doenças e
promoção da saúde, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS e sob
supervisão do gestor de cada ente federado.

Portanto, a significativa falta de ACEs em .... indica que a


prevenção e o controle de inúmeras outras doenças também estão sendo
prejudicadas, colocando em potencial risco a saúde pública local.
Justamente por isso é que a equipe técnica da SESA-PR, ao
realizar avaliação do programa municipal de prevenção e combate à dengue de ......,
lançou como primeira recomendação “Manter as atividades das vigilâncias:
epidemiológica, sanitária, ambiental e controle do vetor no mesmo patamar de toda a
área de assistência (atenção primária, média e alta complexidade e, regulação)”, e
como recomendação seguinte “... incorporação de novos ACEs nas ESF/ACS
existentes para desenvolverem principalmente as atividades de visitas domiciliares” (fls.
......).
Os cargos de agentes de controle de endemia (ACEs)
devem ser providos pela própria Municipalidade por concurso público ou processo
seletivo público, pois inexiste autorização constitucional para a contratação temporária
de profissionais para executar ações de vigilância epidemiológica e controle do vetor,
porque não há excepcionalidade nestas ações.
A contratação para exercer funções de controle ordinário à
dengue e outras doenças transmitidas por vetores (durante todo o ano), não tem
determinabilidade temporal, já que o controle à dengue e outras doenças
transmitidas por vetores precisa ser permanente.
A Emenda Constitucional nº 51, de 2006, que acrescentou
os §§ 4º, 5º e 6º ao art. 198 da Constituição Federal, regulamenta no seu art. 2º a
forma de admissão dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às
endemias:
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão
admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de
processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para sua atuação.

§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a


regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate
às endemias.
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A lei federal mencionada no § 5o do art. 198, da


Constituição, de nº 11.350, de 05 de outubro de 2006, dispõe sobre o regime jurídico e
a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate
às endemias:
Art. 2o O exercício das atividades de Agente Comunitário de
Saúde e de Agente de Combate às Endemias, nos termos desta Lei, dar-se-á
exclusivamente no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, na execução das
atividades de responsabilidade dos entes federados, mediante vínculo direto entre os
referidos Agentes e órgão ou entidade da administração direta, autárquica ou
fundacional.
[...]
Art. 8o Os Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de
Combate às Endemias admitidos pelos gestores locais do SUS e pela Fundação
Nacional de Saúde - FUNASA, na forma do disposto no §4o do art. 198 da
Constituição, submetem-se ao regime jurídico estabelecido pela Consolidação das Leis
do Trabalho - CLT, salvo se, no caso dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
lei local dispuser de forma diversa .
Art. 9o A contratação de Agentes Comunitários de Saúde e
de Agentes de Combate às Endemias deverá ser precedida de processo seletivo
público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
de suas atribuições e requisitos específicos para o exercício das atividades, que atenda
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos ou entes da
administração direta dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios certificar, em
cada caso, a existência de anterior processo de seleção pública, para efeito da
dispensa referida no parágrafo único do art. 2o da Emenda Constitucional no 51, de 14
de fevereiro de 2006, considerando-se como tal aquele que tenha sido realizado com
observância dos princípios referidos no caput.
[..]
Art. 16. Fica vedada a contratação temporária ou
terceirizada de Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às
Endemias, salvo na hipótese de combate a surtos endêmicos, na forma da lei
aplicável.

E como apenas é considerado tecnicamente risco de surto


Município quando o índice LirAa for acima de 3,9, é de se concluir que só é admissível
manutenção de contratação temporária de ACEs para o reforço das equipes de ACEs
já existentes naquela proporção de um para cada 800 a 1000 imóveis.
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Portanto, no Município de ......... deverá existir a seleção por


processo público e correspondente contratação pelo regime celetista (ou a seleção por
concurso público e respectiva contratação por regime estatuário), para o número de
ACEs faltantes pela quantia de imóveis hoje existentes.
O rendimento normal previsto nas Diretrizes Nacionais do
Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue para o
trabalho de cada ACE é de 20 a 25 imóveis/agenda/dia, rendimento esse que não
pode ser alcançado no Município de ........., pela atual falta de ACEs.

E a Secretaria Municipal de Saúde ainda não está


fornecendo os materiais básicos e equipamentos de proteção individual (EPIs) aos
ACEs.
Pela Portaria GM/MS n. 1378/2013, que regulamenta as
atribuições das Secretarias de Saúde em vigilância em saúde, em combinação com as
Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS (à disposição na
internet e cópia parcial aqui anexa), cabe aos Municípios disponibilizar todo o material
individual necessário para o trabalho de cada agente de combate às endemias:
bolsa de uso individual com material para o trabalho, com: i) Álcool 70% para remessas
de larvas ao laboratório; ii) Algodão; iii) Apontador; iv) Bacia plástica pequena; v)
Localizador (bandeira); vi) Mapas das áreas a serem trabalhadas no dia; vii)
Calculadora; viii) Cola plástica; ix) Pesca-larvas água limpa; x) Pesca-larvas água suja;
xi) Escova pequena; xii) Espelho pequeno; xiii) Flanela; xiv) Fita ou escala métrica; xv)
Formulários para registros de dados; xvi) Inseticida em quantidade suficiente para o
dia; xvii) Lâmpada de foco sobressalente; xviii) Lápis grafite com borracha; xix) Lápis
de cera, azul ou preto ou tinta; xx) Lanterna; xxi) Manual de instruções; xxii) Medidas
para uso de inseticidas (colher de sopa e de café); xxiii) Pasta com elástico para
guarda de papéis; xxiv) Prancheta; xxv) Pipeta tipo conta-gotas; xxvi) Sacos plásticos
com capacidade de 1 kg para guardar os pesca-larvas; xxvii) Tubitos para
acondicionamento de larvas; xxviii) Pipetão; xxix) Barbante; xxx) Concha; xxxi) Protetor
solar; xxxii) Repelente;
uniforme de trabalho completo (camiseta, calça e bota com bico de aço) com
bolsa/mochila de lona, crachá de identificação, bandeira para localização, formulários
específicos, croqui e mapas das áreas a serem trabalhadas, caderno de capa dura ou
caderneta, lápis, borracha e apontador, pasta com elástico, prancheta, lápis tipo
estaca, cola plástica e lixa, calça; blusa, calçado, boné ou similar e capa de chuva ou
guarda-chuva.
os seguintes equipamentos de proteção individual:
EPIs para uniformes e vestimentas; EPIs para proteção para
aplicação de inseticidas/biolarvicidas; Máscaras faciais completas para nebulização
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com UBV costal e máscaras semi-faciais para aplicação de inseticidas em superfície


em áreas com ação residual e máscaras respiratórias com filtros de proteção.

Ora, não bastasse atuarem sem parte desse material e sem


equipamentos de proteção, os atuais poucos agentes de controle de endemia (ACEs)
em ................. no momento não detém capacitação técnica suficiente.
Para a atuação eficaz dos ACEs no trabalho de campo, tanto
para identificação dos potenciais criadouros, quanto para remoção, é decisivo
treinamento dos ACEs, obrigação da gestão municipal do SUS.
Esse dever é decorrente do princípio constitucional da
eficiência no serviço público (art. 37, caput, da CF/88), bem como do princípio da
resolutividade nas ações e serviços de saúde (art. 7º, XII, da Lei n. 8080/90), os quais
por si só já impõem ao gestor municipal do SUS o dever de capacitar
permanentemente seus ACEs e demais profissionais da vigilância epidemiológica
(obrigação especificada ainda no art. 11, da Portaria GM/MS n. 1.378/2013).
Ainda se evidencia da documentação anexa que o Município
de ............. registra atraso na reavaliação do LirAa, feito tardiamente.
As Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para
Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue (especificamente nos itens 5.3.7 e
5.3.8, no Anexo X, item 5, e Anexo XX), recomendam a todos os Municípios medição
do índice de infestações pelo mosquito Aedes aegypti, através do LirAa (índice de
levantamento rápido), pelo menos nos meses de janeiro e março, e a cada três meses,
quando há registro de infestações na última avaliação (o que é o caso do
réu .........................., Município infestado).
E como o município de ............ não vem fazendo as
medições nesses prazos e, o que é ainda pior, o índice de infestação predial se
encontra muito elevado, conclui-se o seguinte: muita infestação de mosquito, mas
poucas vistorias/inspeções nos imóveis locais e pouca medição dos patamares
de infestação do vetor.

Tal conjunção sugere situação perigosa, pois assim não há


como saber com exatidão os verdadeiros dados relativos a estes indicadores – a
infestação na realidade pode ser superior ao registrado.

Para piorar, o reconhecimento geográfico (RG) em ..... está


desatualizado.
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Não é possível que as ações visando combater a prolferação


da dengue e também de outras doenças sejam feitas sem o reconhecimento geográfico
(RG) do município.
Isso consiste na identificação e numeração de quarteirões,
bem como a especificação de cada tipo de imóvel, detectando aqueles pontos
estratégicos (PEs) - aqueles com perfil de maior potencialidade para produzir
criadouros do mosquito (depósitos de pneus, cemitérios, oficinas mecânicas, etc). A
atualização deve ser feita sempre no final de cada ciclo de medição (LirAa) (como
recomendam as Diretrizes de Prevenção e Combate à Dengue, do Plano Nacional de
Combate à Dengue do Ministério da Saúde), uma vez que o trabalho desenvolvido
pelos ACEs se baseia no mapeamento da cidade.
Porém, a Secretaria Municipal de Saúde de ..... não vem
mantendo o RG atualizado: a última atualização consta de ..... de 2012/2013, ou seja:
há mais de .... os registros de reconhecimento geográfico não são atualizados.
Isso prejudica a eficiência dos serviços de saúde pública e
não permite que eles sejam desenvolvidos com resolutividade e eficácia, contrariando
os dispositivos constitucionais e legais atinentes à espécie.
E os imóveis tidos como pontos estratégicos em .................
não estão sendo visitados dentro de 15 dias como previsto no PNCD, sem atacar
nessa periodicidade os principais pontos onde se encontram criadouros do vetor da
dengue.
Como adrede apontado, é de responsabilidade da gestão
municipal do SUS as ações de prevenção e promoção da saúde voltadas ao combate à
endemias. Portanto, o município deve atuar de forma coordenada, visando atacar os
principais pontos onde se encontram criadouros do vetor da dengue.
Passo decisivo para o planejamento das ações visando
combater a proliferação da dengue e também de outras doenças é manter atualizada
a visitação com inspeção dos pontos estratégicos do município: aqueles imóveis
com perfil de maior potencialidade para produzir criadouros do mosquito
(depósitos de pneus, cemitérios, oficinas mecânicas, etc).
O princípio constitucional da eficiência no serviço público
(art. 37, caput, da CF/88), bem como o princípio da resolutividade nas ações e serviços
de saúde (art. 7º, XII, da Lei n. 8080/90), por si só já impõem ao gestor municipal do
SUS o dever de atuar de forma coordenada, para que o serviço de saúde seja prestado
da forma mais eficiente e resolutiva possível. Sendo assim, as atividades de combate à
dengue devem ser organizadas, principalmente visitando os pontos estratégicos da
cidade para combater o vetor da doença.
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Por isso é que é alto índice de pendências em ............, com


poucas providências adotadas para o resgate, o que pode ser consequência da própria
falta de ACEs em número suficiente, da falta de capacitação destes ou até mesmo da
insuficiência de materiais e EPIs.
Deve ser esclarecido que a pendência ocorre quando o
agente de endemias não consegue entrar em uma residência ou ponto
estratégico, pelo fato de o local estar fechado ou porque o morador/responsável
tenha proibido a entrada do agente.
Mero contato verbal com o morador, sem adentrada no
imóvel com visitação e inspeção de todas as áreas, não pode ser admitida como uma
fiscalização feita pelo ACE, uma vez que é necessário que este adentre nos locais para
verificar se existem focos do mosquisto Aedes egypit.
De acordo com o que determina o Ministério da Saúde, cabe
aos agentes de endemias realizar pesquisa larvária em imóveis, para que sejam
levantados os índices e eliminados os criadouros, assim como proceder com a
aplicação de inseticidas, se for o caso.
É importante lembrar que o índice de pendências entre 10%
e 20% é considerado grave pelas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da
Dengue.
Diante da dificuldade dos agentes de endemias em visitar
determinados imóveis para fazer a averiguação, o Ministério da Saúde elaborou
Programa Nacional de Controle da Dengue: Amparo Legal à Execução das Ações de
Campo – Imóveis Fechados, Abandonados ou com Acesso não Permitido pelo
Morador. Trata-se de um guia que visa dar amparo para este tipo de situação, inclusive
contendo um modelo de decreto municipal para que sejam fixados os procedimentos a
serem adotados pelos Agentes de Combate a Endemias frente a recusa ou a
inexistência de proprietário no local.
Neste caso, o Município também poderia se valer da Portaria
MS/GM 2.142/2008 que recomenda que os municípios adotem estratégias para orientar
e para que sejam verificadas as infrações cometidas pelos proprietários de imóveis no
que tange a necessidade do combate a dengue.
Por fim, cabe esclarecer que, de acordo com o artigo 63,
XXXVII do Código de Saúde do Estado do Paraná “obstar ou dificultar a ação
fiscalizadora das autoridades sanitárias competentes, no exercício de suas funções” é
infração sanitária, com pena de advertência e/ou multa.
Sendo assim, cabe há muito tempo ao gestor municipal de
saúde do município ora réu tomar as medidas necessárias para fazer valer tais
dispositivos legais, determinando à vigilância sanitária local, em necessária integração
com os agentes de controle de endemias, que lavre os autos/termos de infração em
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face dos proprietários de imóveis que apresentem resistência na remoção de


criadouros ou mesmo em franquear acesso aos ACEs para as vistorias.
Mas nada (ou pouco disso) vem sendo feito.
A vigilância sanitária do município ....... não demonstra estar
autuando os proprietários ou responsáveis por imóveis com potenciais criadouros e em
franca resistência a removê-los, como se infere do anexo relatório da Vigilância
Epidemiológica Estadual, da .....a Regional de Saúde.
Ademais, há diversas iniciativas de controle mecânico em
larga escala que AINDA NÃO FORAM incorporadas pela administração municipal
em ................., dentre as quais:
• reforço na coleta de resíduos sólidos, com destino final
adequado, em áreas com altos índices de infestação;
• coleta, armazenamento e destinação adequada de
pneumáticos, atividade que tem amparo legal na Resolução CONAMA N. 258, e que
deve ser executada em parceria entre a iniciativa privada e os Municípios, com a
implantação de Ecopontos (www.reciclanip.com.br) e
• vedação de depósitos de armazenamento de água, com a
utilização de capas e tampas.

E a destruição dos criadouros deve ser prioritariamente


realizada de forma mecânica, pelo próprio morador ou responsável pelo imóvel, com
supervisão e fiscalização direta do ACE no domicílio.
Mas, ante a falta de ACEs em atividade em ................, sem
equipamentos e materiais e mal capacitados, os bloqueios estão sendo feitos
tardiamente.
O bloqueio de transmissão consiste na aplicação de
inseticida por meio da nebulização – tratamento a UBV, pelo uso de equipamentos
portáteis (costal) ou pesados (acoplados em veículos), em, pelo menos, uma aplicação,
iniciando no quarteirão de ocorrência e continuando nos adjacentes, considerando um
raio de 150m do local onde houve a provável contaminação.
O Ministério da Saúde recomenda que essa atividade de
bloqueio deva ser desencadeada o quanto antes, preferencialmente em 24h a partir
do momento em que o médico, em qualquer estabelecimento de saúde local, fizer
a notificação de ter atendido um caso suspeito de dengue.
Mas não assim que o Município réu vem agindo, o que se
infere do relatório anexo.
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Há também deficiências no envio de dados sobre as


notificações de casos suspeitos e confirmados nos sistemas informatizados do SUS,
por parte do Município de .................
O Programa Nacional de Combate à Dengue, do Ministério
da Saúde, estabelece que todos os casos de suspeita de dengue devem ser notificados
à Vigilância Epidemiológica Estadual, através do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (Sinan), mediante preenchimento de:
a) Ficha Individual de Notificação (FIN) – onde constam
dados básicos (pessoa, tempo e lugar) sobre o paciente
b) Ficha Individual de Investigação (FII) – além dos dados da
notificação, dados completos sobre a doença, tais como local provável de infecção,
exames laboratoriais, evolução do caso, classificação final, manifestações clínicas dos
casos graves, entre outros dados.

Esses documentos devem ser preenchidos nas unidades de


saúde (ou resultantes da busca ativa da Vigilância Epidemiológica municipal) e
digitadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, transmitidos para a
Vigilância Epidemiológica Estadual e, desta, para o Ministério da Saúde.
Se o Município assim não age, deixando de fazer tais
notificações, dificulta ou mesmo impede que o Estado exerça seu dever de atuar
complementarmente na vigilância epidemiológica, praticando as ações que lhe
cabem, bem como dificulta a gestão estadual do SUS melhor acompanhar e fiscalizar a
atuação municipal, e sobretudo adotar as providências necessárias a seu cargo.
Tais notificações não detém mero caráter formal, mas
possibilitam que o SUS, como Sistema Único, atue de forma articulada e contínua,
em todos os níveis de gestão, como prevê a Lei 8080/90 e a própria Constituição
Federal de 1988.
Ainda pelas Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para
Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, é necessário investigar TODOS os
casos notificados de suspeita (e não de confirmação), e no menor prazo possível.
A própria unidade de saúde deve realizar a investigação e
encaminhar as informações para a vigilância epidemiológica. Essa pesquisa deve ser
feita quando da consulta do paciente, mediante análise dos prontuários médicos, ou
ainda por busca ativa (quando equipe técnica vai à residência ou domicílio do paciente
suspeito para entrevista e no local provável de infecção). Para tanto, deve ser
preenchida a ficha de investigação de dengue e encerrado o caso em até 60 dias após
a data de notificação.
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E os dados entomológicos (relativos a suspeita ou


confirmação de contaminação de paciente por vírus transmitidos por vetores insetos)
devem ser enviados à vigilância epidemiológica estadual no menor prazo possível,
como as Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de
Epidemias de Dengue recomendam:
Em período de epidemias, quando a unidade de saúde não
utilizar o aplicativo Sinan/net e ter acesso a internet, ou não dispuser de recolhimento
diário das fichas, ou o número de casos ultrapassar a capacidade de digitação, o
número de casos suspeitos na semana epidemiológica correspondente deve ser
informado por meios de comunicação rápida (via telefone, fax, e-mail etc), de maneira a
informar oportunamente a vigilância epidemiológica da SMS. Ressalta-se que todos os
casos devem ser incluídos no Sinan o mais breve possível. Essa mesma estratégia
pode ser adotada para repasse de informações para os níveis estadual e nacional. Os
casos graves devem ser informados imediatamente a esfera subseqüente.
* Sistema de Informação de Agravos de Notificação

E o número de hipóteses suspeitas deve ser recebido (a


partir das notificações das equipes de assistência médica) pela vigilância entomológica
da SMS igualmente no menor prazo possível, para possibilitar que se desencadeiem as
ações de bloqueio do vetor o quanto antes.
Igualmente, em ......, a Secretaria Municipal de Saúde não
tem adotado suficientemente nenhuma dessas providências, como se infere da farta
documentação anexa.
Também não há integração suficiente das equipes de
vigilância em saúde com os profissionais da área de assistência à saúde no
Município de .........................
Deve haver integração entre a vigilância sanitária municipal
e as equipes do Programa de Saúde da Família nas atividades de controle vetorial, o
que é decisivo no combate à doença, cabendo ao gestor municipal desencadear as
providências necessárias, no que tange aos fluxos de funcionamento dos serviços da
vigilância epidemiológica (mormente dos ACEs), da vigilância sanitária e da atenção
primária na assistência médica (unidades básicas de saúde e/ou estratégia Programa
Saúde da Família), para que os três estejam sintonizados e com constante troca de
informações.

É como prevê o art. 7, II, da Lei Orgânica da Saúde:


Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços
privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS),
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são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição


Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios:
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto
articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e
coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema.

Por esse princípio da integralidade, a lei exige articulação


contínua entre os serviços preventivos (vigilâncias epidemiológica e sanitária) e
curativos (assistência médica), de sorte que assim o art. 13, II, do Decreto Federal n.
7508 estabelece:
Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário e
ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, cabe aos entes federativos, além de
outras atribuições que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores:
II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de
saúde.

Como corolário desses princípios e regras, os incisos X e XI,


do art. 11 da Portaria GM/MS n. 1378/2013, prevêem que cabe ao Município
“desenvolvimento de estratégias e implementação de ações
de educação, comunicação e mobilização social” e
“promoção e execução da educação permanente em seu
âmbito de atuação”.

Não bastasse isso tudo, ainda há significativas fragilidades


na assistência à saúde do paciente com suspeita ou confirmação de dengue
em ...................
Na integração com as unidades básicas de saúde e com a
Estratégia Saúde da Família, todos os recursos humanos deveriam deter
capacidade técnica (dentro dos atributos de suas respectivas formações), para
reconhecer casos suspeitos e encaminhá-los com rapidez para diagnóstico e
tratamento.
Cabe à Secretaria Municipal de Saúde de ......... capacitar os
profissionais da atenção primária na assistência médica (agentes comunitários de
saúde, enfermeiros, auxiliares e/ou técnicos de enfermagem e médicos) para
reconhecimento de suspeita de dengue, do que ainda se está longe no Município ora
requerido.
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A atenção básica no Município de ........ precisa estar


organizada para atendimento ao paciente em suspeita de dengue, para que a
assistência médica devida seja feita com a resolutividade necessária, no menor prazo
de tempo possível.
Todos os profissionais de saúde, mormente da assistência
médica, além de estar capacitados para reconhecer rapidamente suspeita de dengue,
devem saber qual unidade municipal é referência para o atendimento médico ao
paciente em suspeita, bem como onde esse usuário deverá retirar a medicação
prescrita, e onde ele deverá ser internado em caso de evolução da doença, o que ainda
não ocorre eficazmente no Município de ...................
Vale reiterar que o princípio da integralidade pressupõe
“conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do
sistema” (art. 7º, II, da LOS).
O documento Diretrizes Nacionais para Prevenção e
Controle da Dengue, do MS (à disposição na internet e cópia parcial aqui anexada)
contém todas as orientações técnicas a respeito, cabendo ao gestor municipal do SUS
estabelecer os respectivos fluxos e fazê-los serem de conhecimento de todos
profissionais de saúde do Município.
E no Município de ........... a classificação de risco dos
pacientes do SUS com suspeita de dengue é deficitário.
A dengue é doença de rápida evolução. A falta de
diagnóstico oportuno pode levar à morte do paciente em poucos dias.
Para resolutividade do tratamento médico necessário com a
eficiência que se espera do serviço público de saúde, o protocolo de reconhecimento
de classificação de risco de urgência e emergência no atendimento ao paciente em
suspeita de dengue, previsto no documento Diretrizes Nacionais para Prevenção e
Controle da Dengue, do MS, deve ser adotado em todas as unidades de saúde
municipais (próprias e da rede privada contratada/conveniada), em primeiro momento
pelos profissionais que fazem o acolhimento/recepção dos pacientes e em seguida
pelos profissionais médicos, cabendo ao gestor municipal do SUS adotá-lo e capacitar
as respectivas equipes técnicas a manejá-lo (art. 7, II, da Lei Orgânica da Saúde; art.
13, II, do Decreto Federal n. 7508, e art. 11, da Portaria GM/MS n. 1.378/2013).
E o município de ............ também não está fornecendo o
“cartão de acompanhamento do paciente com suspeita de dengue”, documento
previsto nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS, e de
suma importância, pois através dele é que se faz o acompanhamento mais célere e
eficaz da evolução da doença no paciente.
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O uso de tal documento, a ser entregue pelo paciente


quando de seu primeiro atendimento médico em que se suspeitar de dengue, permite
desde então assistência médica mais resolutiva (princípio da resolutividade, do art. 7º,
XII, da LOS), eficaz (princípio da eficiência, do art. 37, caput, da CF/88) e contínua
(princípio da integralidade, art. 7, II, da LOS), pois se possibilita que, a partir do
estabelecimento da situação de risco, todas as providências técnicas em seu
tratamento sejam adotadas (e registradas no Cartão) o quanto antes, em todos os
níveis de complexidade da assistência médica (desde a estratégia Saúde da Família
até eventual internação hospitalar) e em quaisquer portas de entrada (da atenção
básica ou em urgência/emergência).

Não obstante o atual índice de infestação local ser de


alerta, ................. ainda não criou seu Comitê Gestor Intersetorial de Combate à
Dengue.
Essa é a melhor forma de mobilização da sociedade civil,
sobretudo para auxiliar a reduzir o atual índice de pendências, pois tal fórum, quase
como forma complementar de controle social, fomenta a discussão sobre eficácia das
ações das vigilâncias sanitária e epidemiológica, sobre a qualidade da própria
assistência médica na atenção básica, e, sobretudo, sobre a responsabilidade social no
controle do vetor.
A instituição desse comitê também é importante
recomendação das Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do
Ministério da Saúde.

Combater o Aedes aegypti demanda o envolvimento


articulado de diversos setores – como educação, saneamento, limpeza urbana e
segurança pública – assim como o envolvimento de parceiros do setor privado e da
sociedade organizada, sobretudo porque é grande a responsabilidade comunitária no
controle dos criadouros de mosquito em residências e imóveis comerciais e industriais.
Se a população não tem acesso permanente aos dados
sobre o índice de infestação predial e do número de casos suspeitos e
confirmados do bairro onde mora, não se sente mobilizada nem incentivada a
contribuir para a eliminação de focos do vetor.
A mobilização deve ser compreendida como suporte para as
ações de gestão do SUS, utilizando-se das ferramentas da comunicação e da
educação para fazer chegar à comunidade o papel de cada um no combate a essa
doença.
É salutar, pois, a mobilização da sociedade civil organizada
local, sobretudo para auxiliar a reduzir o inaceitável atual índice de pendências e
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também diminuir o preocupante o índice de infestação predial. Isso porque tais fóruns,
quase como forma complementar de controle social, fomentam a discussão sobre
eficácia das ações das vigilâncias sanitária e epidemiológica, sobre a própria
assistência médica na atenção básica, e, sobretudo, sobre a responsabilidade social no
controle do vetor.
Cabe à Secretaria Municipal de Saúde de ............., seguindo
as orientações contidas nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da
Dengue, do Ministério da Saúde, expedir ato administrativo formal para instituir esse
comitê, indicando os órgãos públicos e entidades da sociedade civil local a serem
convidados, com seus respectivos representantes, dando ampla publicidade a respeito
das datas, horários e locais das reuniões (sobretudo nas rádios locais, para possibilitar
maior acesso popular).
A publicidade das ações do Município não é apenas um
princípio da Administração Pública, mas, no caso dos serviços de saúde, um direito
da população, sem a qual não poderão ter acesso aos serviços qualificados para a
prevenção da doença, e, para diagnóstico e tratamento da moléstia, e sem a qual não
será garantida uma das diretrizes constitucionais do SUS: a participação da
comunidade (art. 198, III)
Se é certo que a população desempenha um importante
papel na eliminação dos focos do vetor, cuidando dos reservatórios de água limpa em
sua residência ou local de trabalho, isto não exime o poder público da realização de
ações de educação e mobilização social.
Não se pode culpar a sociedade civil se o Poder Público não
realizou ações suficientes, não apenas para o controle do vetor, mas também para a
educação, comunicação e mobilização social da população.
Segundo o PNCD, “o principal objetivo desse componente é
fomentar o desenvolvimento de ações educativas para a mudança de comportamento e
a adoção de práticas para a manutenção do ambiente domiciliar preservado da
infestação por Aedesaegypti, observadas a sazonalidade da doença e as realidades
locais quanto aos principais criadouros. A comunicação social terá como objetivo
divulgar e informar sobre ações de educação em saúde e mobilização social para
mudança de comportamento e de hábitos da população, buscando evitar a presença e
a reprodução do Aedes aegypti nos domicílios, por meio da utilização dos recursos
disponíveis na mídia.”

O Município réu ainda não apresentou nenhum programa de


educação em saúde e mobilização social, contemplando estratégias para promover a
remoção de recipientes nos domicílios que possam se transformar em criadouros de
mosquitos, divulgar a necessidade de vedação dos reservatórios e caixas de água,
divulgar a necessidade de desobstrução de calhas, lajes e ralos, implantar ações
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educativas contra a dengue na rede de ensino básico e fundamental, incentivar a


participação da população na fiscalização das ações de prevenção e controle da
dengue executadas pelo Poder Público.
É importante ressaltar que as ações de educação também
são realizadas nas visitas aos domicílios, segundo o manual de instruções para o
pessoal de combate ao vetor, do PNCD:
“Em cada visita ou inspeção ao imóvel, o agente de saúde
deve cumprir sua atividade em companhia de moradores do imóvel visitado, de tal
forma que possa transmitir informações sobre o trabalho realizado e cuidados com a
habitação.”
Entre as atribuições dos agentes está a de orientar a
população com relação aos meios de evitar a proliferação dos vetores. Mas como no
Município réu há menos ACEs do que o necessário, e como os poucos em atividade de
campo estão mal equipados e mal capacitados, a educação em saúde em suas visitas
é muito aquém do necessário.
Sem prejuízo da implementação de um programa
permanente, é imperativo que o Município requerido amplie suas ações de educação,
comunicação e mobilização social enquanto perdurar o surto e risco de epidemia.
Isso tudo patenteia que o réu ........ ainda não está
preparado(a) para enfrentar uma possível epidemia de dengue, pois, além de
todas essas deficiências, a Municipalidade não detém nem espaço físico
adequado para as atividades de combate à dengue e também não ofertou
veículos automotores.
Esta Promotoria de Justiça buscou todas as formas
possíveis de sensibilizar o município réu para que promovesse imediata
adequação de suas atividades aos parâmetros legais para que as ações e
serviços de saúde – de prevenção, promoção e assistência, que são considerados de
grande relevância (art. 197 da CF/88), fossem prestados de forma eficiente (art. 37,
caput da CF/88), resolutiva, integral e contínua (art. 7º da Lei Orgânica da Saúde).
Reuniões foram feitas (fls. e fls. ).
Tentativas de celebração de termo de ajustamento de
conduta foram encetadas (fls. ).
Expediu-se a descrita recomendação administrativa
buscando tencionar a gestão do município réu a cumprir seus deveres. Pouco dela foi
observado.
Muito pouco se avançou.
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Mas o mosquito continua a se reproduzir dia-a-dia em ......


As notificações de casos suspeitos aumentam, e assim muito pouco o Município ..... faz
para evitar a contaminação de pessoas pelo vírus da dengue.
Aliás, se todos os municípios, inclusive .............., tivessem
executado as ações e serviços de saúde (desde prevenção e promoção, pela
vigilância, e até a assistência) que lhe cabiam, muito se teria feito para evitar os óbitos
acontecidos (todos evitáveis) e para reduzir a quantidade de pessoas acometidas pelo
agravo no Paraná – e em especial em ..........., cujos números atingem até hoje
denominadores finais que são inconcebíveis.
Embora seja importante a participação da população na
eliminação de criadouros, de forma alguma se pode atribuir a ela o controle do vetor:
só o poder público pode mantê-lo nos índices aceitáveis, monitorando o índice
de infestação predial, fiscalizando a existência de potenciais criadouros em
macrofocos ou pontos estratégicos (cemitérios, borracharias, praças públicas,
terrenos baldios) e nos domicílios, exercendo o poder de polícia com lavratura de
autos de infração sanitária quando necessário e educando a população para
eliminação dos focos, o que só pode ser realizado de maneira eficiente mediante
rigoroso cumprimento do Programa Nacional de Combate à Dengue e Manual de
Normas Técnicas.
No ano de 2002 o Ministério da Saúde criou o Programa
Nacional de Controle da Dengue – PNCD, que à época era coordenado pela Fundação
Nacional de Saúde - FUNASA e hoje é coordenado pela Secretaria de Vigilância em
Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (Portaria MS/GM nº 1933 de 9 de outubro de
2003).
Os objetivos do PNCD são:
1. reduzir a infestação pelo Aedes Aegypti;
2. reduzir a incidência da dengue;
3. reduzir a letalidade por febre hemorrágica de dengue
(FHD).

As metas são:
1. reduzir a menos de 1% a infestação predial;
2. reduzir em 25% o número de casos confirmados a cada
ano;
3. reduzir a letalidade por febre hemorrágica de dengue a
menos de 1%.
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Para o alcance das metas o PNCD prevê 10 componentes:


vigilância epidemiológica, combate ao vetor, assistência aos pacientes, integração com
a atenção básica, ações de saneamento ambiental, ações integradas de educação em
saúde, comunicação e mobilização social, capacitação de recursos humanos,
legislação, sustentação político-social, acompanhamento e avaliação do PNCD.
Portanto, é preciso que haja ações simultâneas, previstas
nos diferentes componentes, para que as metas sejam atendidas.
No PNCD foram definidas as atribuições e competências dos
gestores na execução das ações previstas nos dez componentes.
Como bem explicitado, os problemas atualmente
enfrentados pela população do .... são conseqüência da omissão nas ações de:
1) controle do vetor;
2) supervisão das ações de controle;
3) vigilância epidemiológica,
4) educação em saúde/capacitação de recursos humanos
5) comunicação e mobilização social, capacitação de
recursos humanos,
6) educação, comunicação e mobilização social;
7) assistência aos pacientes

IV - A NECESSIDADE DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA JURISDICIONAL

A concessão da tutela antecipada constitui-se em ferramenta


de extrema necessidade neste pleito, exigindo para tanto, a presença de dois requisitos
essenciais: prova inequívoca do alegado e verossimilhança da alegação.
Para a agilização da entrega da prestação jurisdicional, não
subsiste qualquer dúvida quanto à existência – mais do que provável na espécie – do
direito alegado, consoante se infere dos argumentos e dispositivos legais mencionados.
Ademais, tal afirmativa parte do reconhecimento de que prova inequívoca não é aquela
utilizada para o acolhimento final da pretensão, mas apenas o conjunto de dados de
convencimento capazes de, antecipadamente, através de cognição sumária, permitir a
verificação da probabilidade da parte requerente ver antecipados os efeitos da
sentença de mérito.
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Na hipótese vertente, a prova material inequívoca pode ser


inferida por meio de toda a documentação coligida e acostada ao presente petitório, e
pelas razões de direito supra invocadas.
Quanto à verossimilhança do direito pleiteado, entendida
como um juízo de probabilidade que, conjugada à necessidade de prova inequívoca,
conduz-nos à idéia de que se trata, em verdade, de uma probabilidade em grau
máximo – destaque-se, não uma certeza, embora, in casu, pelo material probatório
coligido, se pudesse dizer que ela existe, é possível concluir através dos documentos
apresentados.
O direito à promoção e prevenção à saúde e seu efetivo
atendimento são impostergáveis, inderrogáveis, irrenunciáveis, indisponíveis e
urgentes, porque deles dependem a própria existência humana com dignidade.
Com efeito, se a tutela pretendida for postergada para o
final da lide, quando da prolação da sentença, o dano à saúde das pessoas que
se encontrarem em ...... poderá ser irreversível, dado a imprescindibilidade da
imediata prevenção da proliferação do mosquito, bem como de aumento de
eficácia nas ações assistenciais, àqueles que precisarem dos serviços de saúde em
suspeita de dengue – para que não morram.
Ao persistir essa situação, viola-se o direito fundamental do
homem, que é o direito à vida e elimina-se a relevância pública das ações e serviços de
saúde pela simples continuidade de inércia do poder público municipal de ........ em de
fato assumir seus encargos.
A relevância do fundamento da lide está imanente, em última
análise, à manutenção da vida, da saúde e do bem estar das comunidades de .......,
que mais uma vez se encontram enfrentando casos de dengue, anos e anos seguidos.
É clara a necessidade da concessão da tutela antecipada
dentro de um prazo reduzido, porque quando se trata de saúde de um ser humano, o
tempo é algo fundamental.
Impõe-se a concessão de antecipação da tutela jurisdicional
liminarmente, dada à relevância dos fundamentos da presente ação, diante da urgente
necessidade de pessoal e recursos materiais para a execução de ações de vigilância
epidemiológica e controle do vetor, e de ações de educação e mobilização social,
diante do justificado receio de ineficácia do provimento final, pois caso não seja
concedida a tutela pleiteada antes do início do verão, determinando a execução
de ações previstas no PNCD, não haverá o suficiente controle ao vetor e
adequado atendimento à população, por conseguinte, aumentará o risco de surto
de dengue no município de ..... no início do ano de 2014 e até mesmo morte de
pessoas infectadas pelo vírus, sobretudo porque o Município réu detém recursos
financeiros suficientes para custear todas essas providências há tanto postergadas.
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V – PEDIDOS

Ante o exposto, requer o Ministério Público:

1 – seja proferida decisão antecipatória de tutela,


determinado ao Município de .........., por meio da Secretaria Municipal de Saúde
de ..................:

a) no prazo de quinze dias:


a1) contratação emergencial, de forma temporária (até que
se preencham os cargos públicos de ACEs por concurso ou processo seletivo público),
mediante teste seletivo, de .... ACEs para trabalho de campo, nos moldes do Manual de
Contratações “O SUS de A a Z” – publicação do Ministério da Saúde disponível na
página do MS na internet;
a2) destinação de pelo menos um veículo automotor e local
adequado para a parte administrativa da execução municipal do Plano Nacional de
Combate à Dengue (PNCD), com equipamento de informática, telefone, fax e acesso à
internet;
a3) retorno de todos os atuais agentes de controle de
endemias (ACEs) que estiverem em disfunção para o exercício de suas funções, para
garantir a força de trabalho necessária para eficaz execução das ações de vigilância
epidemiológica e controle do vetor Aedes aegypti;
a4) designação e manutenção de coordenador e/ou
supervisor para o PNCD para que este, com programação preestabelecida realize, no
prazo de cinco dias úteis a partir da nomeação, supervisão para controle de qualidade
dos trabalhos de campo dos ACEs,
a4) solicitação à ..............ª REGIONAL DE SAÚDE mediante
ofício a realização de reciclagem dos agentes de controle de endemias (ACEs) já em
atuação, e capacitação e treinamento dos demais contratados no prazo máximo de
trinta dias contados da data de nomeação;
a5) início de adequada investigação de TODOS OS CASOS
SUSPEITOS no menor prazo possível, quando da consulta do paciente, mediante
análise dos prontuários médicos, ou ainda por busca ativa, com preenchimento da ficha
de investigação de dengue e encerramento de cada investigação em até 60 dias após
a data de notificação;
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a6) início do envio dos dados entomológicos à vigilância


epidemiológica estadual no menor prazo possível, como as Diretrizes Nacionais do
Ministério da Saúde para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue recomendam;
a7) início de imediata comunicação de todos os casos
suspeitos, por parte das unidades básicas de saúde, à vigilância epidemiológica da
SMS, para possibilitar que se desencadeiem as ações de bloqueio do vetor o quanto
antes;
a8) adequação da assistência à saúde do paciente com
suspeita ou confirmação de dengue, sobretudo com capacitação urgente e permanente
de todos os profissionais de saúde para reconhecer rapidamente qualquer suspeita de
dengue, para saber qual unidade municipal é referência para o atendimento médico ao
paciente em suspeita, bem como onde o usuário deverá retirar a medicação prescrita, e
onde ele deverá ser internado em caso de evolução da doença;
a9) adoção do protocolo de reconhecimento de classificação
de risco de urgência e emergência no atendimento ao paciente em suspeita de dengue,
previsto nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do MS, em
todas as unidades de saúde municipais (próprias e da rede privada
contratada/conveniada), em primeiro momento pelos profissionais que fazem o
acolhimento/recepção dos pacientes e em seguida pelos profissionais médicos, com
adequado treinamento das respectivas equipes técnicas a manejá-lo;
a10) fornecimento do “cartão de acompanhamento do
paciente com suspeita de dengue”, a toda a pessoa que for atendida em quaisquer
unidades de saúde próprias, contratadas ou conveniadas, com diagnóstico de suspeita
de dengue;

b) no prazo de trinta dias:


b1) disponibilização de todo o seguinte material individual
necessário para o trabalho de cada agente de combate às endemias:
bolsa de uso individual com material para o trabalho, com: i)
Álcool 70% para remessas de larvas ao laboratório; ii) Algodão; iii) Apontador; iv) Bacia
plástica pequena; v) Localizador (bandeira); vi) Mapas das áreas a serem trabalhadas
no dia; vii) Calculadora; viii) Cola plástica; ix) Pesca-larvas água limpa; x) Pesca-larvas
água suja; xi) Escova pequena; xii) Espelho pequeno; xiii) Flanela; xiv) Fita ou escala
métrica; xv) Formulários para registros de dados; xvi) Inseticida em quantidade
suficiente para o dia; xvii) Lâmpada de foco sobressalente; xviii) Lápis grafite com
borracha; xix) Lápis de cera, azul ou preto ou tinta; xx) Lanterna; xxi) Manual de
instruções; xxii) Medidas para uso de inseticidas (colher de sopa e de café); xxiii) Pasta
com elástico para guarda de papéis; xxiv) Prancheta; xxv) Pipeta tipo conta-gotas; xxvi)
Sacos plásticos com capacidade de 1 kg para guardar os pesca-larvas; xxvii) Tubitos
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
Procuradoria-Geral de Justiça
Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção à Saúde Pública
Rua Mal. Deodoro, 1028, 5º andar, Curitiba - PR.

para acondicionamento de larvas; xxviii) Pipetão; xxix) Barbante; xxx) Concha; xxxi)
Protetor solar; xxxii) Repelente;
uniforme de trabalho completo (camiseta, calça e bota com
bico de aço) com bolsa/mochila de lona, crachá de identificação, bandeira para
localização, formulários específicos, croqui e mapas das áreas a serem trabalhadas,
caderno de capa dura ou caderneta, lápis, borracha e apontador, pasta com elástico,
prancheta, lápis tipo estaca, cola plástica e lixa, calça; blusa, calçado, boné ou similar e
capa de chuva ou guarda-chuva.
b2) execução da comunicação das notificações de casos
suspeitos de dengue à Vigilância Epidemiológica Estadual, através de alimentação
correta e tempestiva do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan),
mediante I) preenchimento de Ficha Individual de Notificação (FIN) e Ficha Individual
de Investigação (FII), em que constem todos os dados de notificação de TODOS OS
CASOS DE SUSPEITA, tendo todos dados da ficha preenchidas de forma completa
sobre a suspeita (local provável de infecção, exames laboratoriais, evolução do caso,
classificação final, manifestações clínicas dos casos graves, etc), nas unidades de
saúde (ou resultantes da busca ativa da Vigilância Epidemiológica municipal), e II)
digitação de todos esses dados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação,
transmitidos para a Vigilância Epidemiológica Estadual, nos termos recomendados
pelas DERANDO que as Diretrizes Nacionais do Ministério da Saúde para Prevenção e
Controle de Epidemias de Dengue ainda recomendam;
b3) integração das equipes de vigilância em saúde com os
profissionais da área de assistência médica;
b4) Aumento em ......% da produção das ações de campo,
do registro de visitas pelos boletins dos ACEs, especialmente de remoção mecânica
de criadouros, mediante reforço na coleta de resíduos sólidos, com destino final
adequado e vedação de depósitos de armazenamento de água, com a utilização de
capas e tampas;
c) no prazo de noventa dias, realização de concurso ou
processo seletivo público, na forma da legislação (inclusive com prévia remessa de
projeto de lei municipal para criação de tantos cargos de agentes de controle de
endemia, se necessário for) com nomeação e contratação dos profissionais aprovados
em concurso ou processo seletivo (nos termos da Lei nº 11.350, de 05 de outubro de
2006), em número mínimo equivalente de acordo com a proporção de imóveis no
Município, nos termos recomendados nas “Diretrizes Nacionais para Prevenção e
Controle da Dengue, do Ministério da Saúde”, e portanto então pelo menos ..... apenas
para trabalhos de campo, para garantir a força de trabalho necessária adequada
execução das ações de vigilância epidemiológica e controle do vetor Aedes aegypti;
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
Procuradoria-Geral de Justiça
Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção à Saúde Pública
Rua Mal. Deodoro, 1028, 5º andar, Curitiba - PR.

1.3 - para garantia da execução da tutela concedida


antecipadamente seja cominada à parte ré a pena de multa diária de R$ 10.000,00
(dez mil reais) conforme permitido pelo art. 12, nº § 2º, da Lei 7347/85 e artigo 461, do
CPC, a não serem originários do Fundo Municipal de Saúde de ...... ou de quaisquer
verbas de saúde, devendo a quantia auferida reverter em benefício do Fundo Municipal
da Saúde do Município de ........, com sujeição desse valores à atualização monetária e
juros;

2 – seja determinada a citação do réu;

3 – a produção de todas as provas admitidas em direito,


especialmente inquirição de testemunhas (abaixo arroladas), juntada de documentos e
exames periciais que se fizerem necessários;

4 - A dispensa do pagamento de custas, emolumentos e


outros encargos, nos termos do artigo 18, da Lei Federal nº 7.347/85;

5) ao final, a procedência do pedido, nos termos da


antecipação de tutela retro, com a condenação do réu Município de............................
às mesmas obrigações nesta constantes e aos ônus da sucumbência.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), ainda


que inestimável o objeto tutelado, apenas para fins de alçada.

....., de novembro de 2013.

......
Promotor de Justiça

Testemunhas:
1) ........., técnico em vigilância epidemiológica, servidor público estadual lotado e
em exercício na ....a Regional de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde,
situada na Rua......., na cidade de ...... .
2)

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