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GERAIS
Eu provavelmente estou chovendo no molhado, mas não gostaria que certos recursos
fossem “overdone” (de uso exagerado), especialmente marcações de diálogos do tipo
“disse ele/ela”. Seria bom alternar com “ele disse”, “ela disse”— “ele/ela disse”
principalmente no começo de um diálogo, deixando “disse ele/ela” para respostas ou
para evitar a repetição exagerada de “disse” ao final da sentença, o que cria uma
cadência desagradável se aparecer mais do que umas duas vezes. Você pode jogar
também com essas inversões para evitar rimas involuntárias em “ou”, “eu”, “iu”, etc.,
quando for outro verbo relativo à fala do personagem, como “riu”, “respondeu”,
“perguntou”, “explicou”, etc.
Se o personagem que está falando cita outros, a fala do citado aparece entre aspas, e
nunca com travessão.
Evite comentar uma linha de diálogo com verbo, sujeito e advérbio. Isso é cacoete
infanto-juvenil, paternalista e indicativo, ao leitor mais experiente, de que o escritor não
tem um controle preciso da cena. Não há razão, por outro lado, para não fazer essas
marcações com sujeito e verbo — a forma verbo e sujeito é convencionalismo
exagerado. Além do mais, na maioria dos casos o advérbio ou locução adverbial tem
que ser separado por vírgula, o que torna a construção ainda mais estranha.
Por exemplo:
Conforme Amasa prosseguia, ele viu o palmeirim inclinar-se para continuar a esfregar as mãos de um
bebê. Amasa tentou se guiar pelos padrões das estrelas, mas não importasse em que direção corresse,
todas as estradas se dobravam na direção de uma única estrada, e essa estrada levava a um único portão. E
no portão a criança esperava por ele. Só que ela já não era mais uma criança. Seu corpo de um cinza de
ardósia tinha agora um busto pesado, e ela sorriu para Amasa e tomou-o em seus braços, recusando-se a
ser recusada.
— Sou Dalmanutha — murmurou —, e você segue a minha estrada. Sou Acrasia, e vou lhe ensinar a
felicidade.
O leitor já sabe que é a mulher quem murmura, não é preciso dizer “ela
murmurou” ou “murmurou ela”.
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Atenção quanto a excessos de espaços entre palavras ou sentenças. Sempre um
único espaço.
PONTUAÇÃO
“Não é à toa que o Flick mal se sustenta”, Ricardo refletiu, enquanto rumava para a rodoviária.
Cabe vírgula antes de “e” numa enumeração, quando muda a categoria dos seres
enumerados:
DIÁLOGOS
Usar sempre o travessão longo [—]. Mesmo quando esse travessão não indica
diálogo, mas uma ressalva dentro de um momento expositivo ou narrativo, dentro do
texto. Ex.: “Suas lembranças com freqüência corriam para os dias de serviço militar,
com uma nostalgia aguda nascida de uma encruzilhada de sensações — aventuras de
menino, mas sérias o bastante para gravarem-se na memória como dores nos ossos.” No
meu teclado: control + alt + “-” do teclado numérico.
Sempre:
Os servos murmuraram:
— Veja, a borboleta fala ao novato, o que veio nu.
Nunca:
Os servos murmuraram: — Veja, a borboleta fala ao novato, o que veio nu.
2
Por outro lado, se o personagem que está falando cita outros, a fala do citado
aparece entre aspas, e nunca com travessão.
Expressões como “sorri”, “estranha”, etc. NÃO são verbos dissentes e não devem ser
usados para rubricar diálogos.
Nunca:
— Porque você era o mais santo, — disse — eu o trouxe até aqui.
Ou
— Porque você era o mais santo — disse, — eu o trouxe até aqui.
Sempre:
— Não pretendo ir — disse ela. Como poderia? Não sabia como chegar ao salão
onde aconteceria o ritual. — Escolho me ausentar desta vez. Haverá outro, daqui a sete
anos.
Nunca:
— Não pretendo ir. — Disse ela. Como poderia? Não sabia como chegar ao salão
onde aconteceria o ritual — Escolho me ausentar desta vez. Haverá outro, daqui a sete
anos.
Um modo de entender isso melhor é lembrar como eram feitas as marcações antigas:
— Não pretendo ir, disse ela. Como poderia? Não sabia como chegar ao salão onde
aconteceria o ritual. Escolho me ausentar desta vez. Haverá outro, daqui a sete anos.
O travessão marca sempre a alternância de quem fala. Desse modo, quando a fala de
um mesmo personagem é paragrafada, é preciso representar com aspas os parágrafos
seguintes àquele primeiro marcado com travessão:
— Às vezes, quando estou quieto em mim, como agora, vêm-me visões de cousas que não entendo, e
que habitam indistintas os dois lados da vida e da morte. Cousas que falam do passado e do amanhã, e
outras que falam da ordem das cousas no mundo, e que não estão relatadas nos livros sagrados de muitos
povos, mas que tenho por verdadeiras.
3
“Quando aqui entrastes, vi que fundo em teu coração és livre, e que em breve teu corpo também o
será. Também vi que não és serva do rei, mas de um homem de alma escura. Agora digo-te o que farás,
não como ordem recebida de um homem livre, mas como um pedido apenas. Contarás ao teu senhor tudo
o que te contei aqui, sobre mim próprio. É para isto que vieste, e é o que te peço que faças por mim.”
Sendo que apenas o último parágrafo da fala do personagem tem o “fecha aspas”.
Evite, igualmente, expressões do tipo “de qualquer forma” ou “desta forma”, dando
preferência a “de qualquer modo” ou “de qualquer maneira”, ou “deste modo” ou “desta
maneira”, etc.
FORMATAÇÃO:
Evite espaços extra entre palavras, pontuação ou entre um ponto final e o início de
uma nova sentença. Essas coisas acabam entrando no texto impresso e são sinais de
amadorismo e descuido editorial.
Evite colocar números e outros símbolos dentro de diálogos, tipo “nenhuma alma
nunca conseguiu ficar 100 anos seguidos sem enlouquecer”, mas “nenhuma alma nunca
conseguiu ficar cem anos seguidos sem enlouquecer”. Assim se preserva mais a ilusão
de que se trata de uma vocalização.
SIGLAS, ETC.
Siglas devem sempre vir em versalete: OTAN, e não OTAN. Subtítulos também: A
MÚSICA DAS ESFERAS e não A MÚSICA DAS ESFERAS.
CITAÇÕES
Capítulo de livros, história ou poema em antologia ou coletânea, sempre entre aspas.
Título de livro, álbum de música, filme, sempre em itálico.
Trechos de outro autor ou autores: no corpo do texto, sempre usar apenas aspas. Se
houver ocorrência de aspas dentro do texto citado, usar aspas simples dentro do entre
aspas normal. Se o trecho for mais longo do que três linhas, destacá-lo do corpo do
texto pulando uma linha e apresentando um recuo diferente de parágrafo, e talvez uma
fonte um ponto ou meio ponto menor. Neste caso, não é preciso utilizar aspas.
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As iniciais das palavras principais (substantivos, adjetivos, advérbios de modo) dos
títulos devem vir em maiúscula:
Nunca:
O jogo do exterminador
Tempo fechado
Anjos, mutantes e dragões
Sempre:
O Jogo do Exterminador
Tempo Fechado
Anjos, Mutantes e Dragões
Atenção: nestes casos, artigos, preposições, conectivos, numerais, devem vir com inicial
minúscula (a menos que eles ocorram no início do título).