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Não se sabe como seria possível viver sem amor. O trânsito vira uma
loucura! Inclusive, para poder dirigir é preciso ser aprovado nos
frequentes e obrigatórios exames da polícia de tráfego. Com os níveis
de amor mensurados abaixo de determinado padrão, o condutor tem
seu carro apreendido. Não é óbvio? Sem amor, não se vê gentilezas.
Só se vê tragédias. O número de atropelamentos não socorridos
disparou aos ares.
Voilà! Eis meu segredo. Recente segredo. Espero que por mais algum
tempo, ainda secreto segredo. Descobri um modo de se fazer o amor!
Não sei se amor se faz. Tanto faz o termo. Que fique o que melhor
aprouver. Fazer amor, criar amor, gerar amor, enxergar amor... sei
lá. O que sei é que descobri como arranjar amor a partir de nós
próprios! Na verdade, foi bastante por um mero acaso. Estava
andando na rua (com muito cuidado por causa do trânsito ilegal dos
odiosos) quando um senhor de meia idade se esborrachou inteiro no
chão. Difícil foi tentar recordar-me de um tombo mais feio que o do
pobre coitado. Deu-se é que eu lhe estendi minhã mão. Simples
assim. Articulei desde minha escápula, ao úmero, pelo rádio à ulna e
ofereci-lha. O homem pegou-me no pulso e o levantei. Foi assim
quando senti o mesmo efeito que me produzia o amor que há muito
não comprava.