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HISTÓRIA SOCIAL: UM PANORAMA HISTORIOGRÁFICO SOBRE O DEBATE

ACERCA DE SEU OBJETO E METODOLOGIAS

CARLOS ALBERTO FLORES DE OLIVEIRA


(Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CCHS/DHI; graduando da 3ª série do curso de
História; realidaderelativa@hotmail.com)
Orientadora: Profa. Me. Thaís Leão Vieira (UFMS/CCHS/DHI)

A História Social teve sua gênese na Escola dos Annales a partir de Marc Bloch e Lucien
Febvre, através da publicação do periódico francês Revue des Annales e incitou uma
revolução dentro do campo da História, propondo uma nova visão de processo histórico,
ampliando o conceito de fonte histórica e incorporando diversos métodos das Ciências Sociais
em suas análises. Esse campo da História se mantém em pleno desenvolvimento e discussão,
por publicações direcionadas a pesquisadores e ao público interessado em seus mais variados
temas. O presente trabalho tem o objetivo de apresentar o debate a respeito da
refutação/aceitação da utilização de modelos, teorias e métodos das Ciências Sociais na
História Social. Tais considerações remetem à utilização e alargamento de conceitos no
campo da história social, sobretudo ao de cultura, que surge como reação ao determinismo
econômico. Esta discussão consiste na delimitação de noções utilizadas em diversas áreas e
contribui para um melhor entendimento sobre a interdisciplinaridade. Os estudos que
circunscrevem e analisam a história social, serão objetos de discussão desta comunicação.

Palavras-chave: história social – metodologia – Annales – apropriação teórica


HISTÓRIA SOCIAL: UM PANORAMA HISTORIOGRÁFICO SOBRE O DEBATE
ACERCA DE SEU OBJETO E METODOLOGIAS

Carlos Alberto Flores de Oliveira1

A história social foi analisada por diferentes autores2 de pontos de vista diferentes e
muitas vezes contraditórios, o presente trabalho tem por objetivo fomentar o debate sobre
alguns destes enfoques, visto que a discussão e as críticas, são meios de compreensão, análise
e entendimento e que resultam no enriquecimento e expansão dos campos históricos
pertinentes.
Para Ernest Labrousse3 o legado de March Bloch e Lucien Fevbre, junto com toda
formação da Escola dos Annales, nada mais é do que o legado da História social como
modalidade historiográfica de oposição em resposta a uma história linear e factual praticada
pelos historiadores até então, onde eram abordadas apenas visões, análises, personagens e
tendências relativas aos governos, aos heróis, à política hegemônica e aos “vencedores”. Esta
concepção foi criada por Bloch e Febvre no intuito de substituir a história positivista por uma
história-problema, onde o objeto de estudo seria a sociedade como um todo, a coletividade
humana em sua totalidade. Para tanto, a estratégia adotada foi a expansão do campo histórico
às outras ciências Sociais como a Geografia, a sociologia, a Antropologia, a Psicologia, dentre
outras que, poderiam contribuir de forma determinante nas análises a serem feitas da
sociedade. Grandes obras surgiram dessa nova abordagem, denominada de Nova História,
mostrando um novo caminho para se pesquisar a sociedade humana, propondo novos
métodos, novas fontes históricas, novos conceitos e novas abordagens que definiram uma
quebra de paradigma. Então a História Social, já inaugurada oficialmente e em pleno
desenvolvimento começa a receber contribuições cada vez maiores de outras áreas do
conhecimento, inflando seu arcabouço teórico-metodológico além de expandir cada vez mais
seu conceito de fontes históricas e de objeto de estudo. Podemos perceber na fala de Ernest
Labrousse4, pertencente à segunda geração de historiadores da Escola dos Annales, que a

1
Graduando do curso de História – Licenciatura da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
2
Trabalho baseado nas obas de
3
Camilo-Ernest Labrousse (1895-1988) foi um historiador francês que se especializou na história social e
econômica. Labrousse estabeleceu um modelo histórico centrado em três nós: econômico, social e cultural,
inventando a história quantitativa.
4
conceituação de história social, ainda que em busca de uma síntese, ainda se mostra com uma
abrangência que se aproxima de uma totalidade indesejada, porém intrinsecamente visível:

A verdade é que uma nova história social começa, em ligação com uma
história econômica renovada e com uma sociologia em pleno progresso. E
que o objeto dessa história, para além do estudo dos grupos sociais e das
suas relações, é o estudo das relações entre o econômico, o social e o
mental5.

Esta conceituação então adquiriu a propriedade “elástica” de se adaptar a diversas


vertentes historiográficas que se desenvolviam pelas academias e fora delas. Um fator
importante no quesito das mutações da história social em seu percurso pelo tempo, e ainda
dentro da Escola dos Annales, foi a influência do marxismo6 através de Labrousse, junção esta
que proporcionou uma visão mais estrutural e calcada na realidade material do mecanismo
social em análise.

Do ponto de vista metodológico, a história social, nas décadas de 1960 e


1970, esteve fortemente marcada, como de resto toda a historiografia, por
uma crescente sofisticação de métodos quantitativos para a análise das
fontes históricas. No Congresso de Ciências Históricas de Roma, em 1955,
sob o comando de Ernest Labrousse, lançaram-se as bases para uma
história social de base quantitativa, que frutificaria na França nas décadas
de 1960 e 19707.

Podemos abordar neste momento, quando tocamos na questão de uma historiografia


produzida fora da academia, a produção realizada pelos historiadores ingleses, principalmente
de E. P. Thompson e de Eric Hobsbawm, onde podemos notar o avanço das idéias socialistas
e o crescimento do movimento operário, levando ao desenvolvimento de uma história social
do trabalho, focada geralmente no desenvolvimento das classes trabalhadoras e sua relação
com a sociedade como um todo. Apesar do crédito ao legado francês as abordagens dos
historiadores britânicos tinham algo de específico e diferenciado, tornando a história social
mais densa, mais focada nos movimentos sociais, nos operários, imbuída de uma terminologia
marxista, mais crítica, porém ainda de conceituação abrangente.
Podemos ver logo abaixo uma citação que remete ao legado deixado pela Escola dos
Annales feita por Thompson.
5
(Labrousse, Ernest. A História Social - problemas, fontes e métodos. P.21).
6
O Marxismo é o conjunto de idéias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas primariamente
por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas mais tarde por outros seguidores. Baseado na concepção
materialista e dialética da História interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades
e das lutas de classes daí conseqüentes.
7
(Castro, Hebe Domínios da História – História Social p.49)
Os historiadores ingleses estão aprendendo com a historiografia francesa como
examinar distúrbios, e eles são agraciados com intérpretes como Rudé e Richard
Cobb8.

Porra to babando no teclado...não to conseguindo mais raciocinar...

Carlos,
Acho que você poderia fazer algo assim...

8
(E. P. Thompson, A História Vista a Partir de Baixo, p.65)

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