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A História Social teve sua gênese na Escola dos Annales a partir de Marc Bloch e Lucien
Febvre, através da publicação do periódico francês Revue des Annales e incitou uma
revolução dentro do campo da História, propondo uma nova visão de processo histórico,
ampliando o conceito de fonte histórica e incorporando diversos métodos das Ciências Sociais
em suas análises. Esse campo da História se mantém em pleno desenvolvimento e discussão,
por publicações direcionadas a pesquisadores e ao público interessado em seus mais variados
temas. O presente trabalho tem o objetivo de apresentar o debate a respeito da
refutação/aceitação da utilização de modelos, teorias e métodos das Ciências Sociais na
História Social. Tais considerações remetem à utilização e alargamento de conceitos no
campo da história social, sobretudo ao de cultura, que surge como reação ao determinismo
econômico. Esta discussão consiste na delimitação de noções utilizadas em diversas áreas e
contribui para um melhor entendimento sobre a interdisciplinaridade. Os estudos que
circunscrevem e analisam a história social, serão objetos de discussão desta comunicação.
A história social foi analisada por diferentes autores2 de pontos de vista diferentes e
muitas vezes contraditórios, o presente trabalho tem por objetivo fomentar o debate sobre
alguns destes enfoques, visto que a discussão e as críticas, são meios de compreensão, análise
e entendimento e que resultam no enriquecimento e expansão dos campos históricos
pertinentes.
Para Ernest Labrousse3 o legado de March Bloch e Lucien Fevbre, junto com toda
formação da Escola dos Annales, nada mais é do que o legado da História social como
modalidade historiográfica de oposição em resposta a uma história linear e factual praticada
pelos historiadores até então, onde eram abordadas apenas visões, análises, personagens e
tendências relativas aos governos, aos heróis, à política hegemônica e aos “vencedores”. Esta
concepção foi criada por Bloch e Febvre no intuito de substituir a história positivista por uma
história-problema, onde o objeto de estudo seria a sociedade como um todo, a coletividade
humana em sua totalidade. Para tanto, a estratégia adotada foi a expansão do campo histórico
às outras ciências Sociais como a Geografia, a sociologia, a Antropologia, a Psicologia, dentre
outras que, poderiam contribuir de forma determinante nas análises a serem feitas da
sociedade. Grandes obras surgiram dessa nova abordagem, denominada de Nova História,
mostrando um novo caminho para se pesquisar a sociedade humana, propondo novos
métodos, novas fontes históricas, novos conceitos e novas abordagens que definiram uma
quebra de paradigma. Então a História Social, já inaugurada oficialmente e em pleno
desenvolvimento começa a receber contribuições cada vez maiores de outras áreas do
conhecimento, inflando seu arcabouço teórico-metodológico além de expandir cada vez mais
seu conceito de fontes históricas e de objeto de estudo. Podemos perceber na fala de Ernest
Labrousse4, pertencente à segunda geração de historiadores da Escola dos Annales, que a
1
Graduando do curso de História – Licenciatura da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
2
Trabalho baseado nas obas de
3
Camilo-Ernest Labrousse (1895-1988) foi um historiador francês que se especializou na história social e
econômica. Labrousse estabeleceu um modelo histórico centrado em três nós: econômico, social e cultural,
inventando a história quantitativa.
4
conceituação de história social, ainda que em busca de uma síntese, ainda se mostra com uma
abrangência que se aproxima de uma totalidade indesejada, porém intrinsecamente visível:
A verdade é que uma nova história social começa, em ligação com uma
história econômica renovada e com uma sociologia em pleno progresso. E
que o objeto dessa história, para além do estudo dos grupos sociais e das
suas relações, é o estudo das relações entre o econômico, o social e o
mental5.
Carlos,
Acho que você poderia fazer algo assim...
8
(E. P. Thompson, A História Vista a Partir de Baixo, p.65)